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SOBREVIVENDO À PERDA

1
SUMÁRIO

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

Introdução ................................................................................................ 3

Perda e luto no contexto familiar .......................................................... 7


As Diferentes Fases da Elaboração do Luto .................................... 7

Processos do Luto .......................................................................... 10

Enfrentamento ................................................................................ 12

Possíveis Reações Frente ao Luto ................................................. 15

Sentido da Morte na Vida ................................................................... 19


A Importância da Comunicação no Processo de Luto e Perda .......... 24
Terapia do Luto .................................................................................. 28
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 33

1
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

Falar sobre “perda” implica mexer com a nossa própria intimidade. É


inevitável não parar e pensar em nossas próprias perdas: perdas que já tivemos,
as que vivenciamos hoje e as que ainda estão por vir. Evitamos falar sobre a
morte, mesmo sabendo que esta é uma das únicas certezas que possuímos na
vida; evitamos entrar em contato com nosso próprio sofrimento e agimos como
se fôssemos imortais. O maior medo, na realidade, não é da morte em si, mas
de como e quando ela vai chegar.

Conforme Lya Luft exemplifica em seu livro “Perdas e Ganhos” (2004),


não queremos nunca perder, porém vivenciamos uma alternância entre ganhos
e perdas constantemente em nossas vidas. A autora explica ainda porque não
gostamos de perder: simplesmente porque perder dói, de uma forma ou de outra.
A dor é importante, faz parte do processo de luto e precisamos de recursos
internos para enfrentar as dores e tragédias.

Consultando o Dicionário Aurélio (2004), encontramos diversas


significações para a palavra perder:

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As diversas interpretações para a mesma palavra refletem o amplo
significado que a perda possui em nossas vidas. De acordo com VIORST (2005),
a perda é uma condição permanente da vida humana, pois vivemos de perder e
abandonar. E a morte não é a única perda que possuímos na vida: perdemos
pessoas queridas, saúde, papéis, empregos, posições, nos separamos,
mudamos de casa, nossos filhos saem de casa e, junto com tudo isso, perdemos
também vários sonhos e expectativas.

Qualquer mudança em nossas vidas, mesmo que desejada, como por


exemplo, o nascimento de um bebê, um casamento ou ainda a aposentadoria,
requer uma perda. Para WALSH & McGOLDRICK (1998:28), “(...) todas as
perdas requerem um luto que reconheça a desistência e transforme a
experiência, para que possamos internalizar o que é essencial e seguir em
frente”, sendo necessário desistir ou alterar alguns papéis, planos e
possibilidades para termos outras mudanças.

Segundo MINUCHIN (1982:53), “o sentido de separação e de


individuação ocorre através da participação em diferentes subsistemas
familiares em diferentes contextos familiares, tanto quanto através da
participação em grupos extrafamiliares”. Desta forma, fica mais fácil
entendermos porque o ajustamento à morte parece ser o mais difícil dentre
outras transições de vida, devido à complexidade das relações e pelas profundas
conexões históricas existentes entre os membros de uma família.

Cada indivíduo se constitui como parte de um ou vários subsistemas


dentro do sistema familiar, que podem ser formados por geração, sexo, interesse
ou funções. Cada um, por sua vez, acaba pertencendo a diferentes subsistemas,
e dentro dos mesmos assume diferentes papéis e níveis de poder, adaptando-

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se às habilidades de relações diferenciadas, de acordo com as funções que
exerce. Como exemplo, podemos citar uma mulher, que pode possuir o papel de
irmã no subsistema fraternal, de esposa no subsistema conjugal, de mãe no
subsistema parental, dentre outras funções.

Quando algum membro da família morre, diferentes subsistemas são


afetados com a perda. MINUCHIN comenta que “o sistema mantém a si mesmo”
(1982:57), e a estrutura familiar deve ser capaz de se adaptar, quando as
circunstâncias mudam. As fronteiras, que são as regras que definem quem
participa, quando e de que forma em um subsistema, devem ser nítidas o
suficiente para que cada um desempenhe suas funções de responsabilidade e
autoridade, sem a interferência de outros membros em seu papel – por exemplo,
o papel de mãe, avó, filho, entre outros. A principal função das fronteiras é a de
proteção e diferenciação do sistema, para que ocorra o adequado
funcionamento/reajustamento da família. Desta forma, a hierarquia na família
será preservada, assim como a aglutinação de seus membros será impedida.

Os estresses na família são produzidos por inúmeros motivos, e a


morte de uma pessoa é compreendida como uma fonte de estresse, tendo como
consequência o desenvolvimento de novas linhas de diferenciação entre seus
membros. Por exemplo, com a perda do pai, o subsistema mãe-filhos deverá se
reorganizar e assumir novos papéis, para que continuem levando suas vidas
adiante.

Segundo MIERMONT (1994:179), períodos de tensão e conflitos


surgem periodicamente na vida de todas as famílias, e toda crise provoca uma
ruptura temporária na homeostase do sistema familiar. Desta forma, para que o
sistema se readapte, deve haver uma reorganização das relações e a descoberta
de novas regras de funcionamento familiar. O autor distingue as crises familiares
em dois tipos: as “previsíveis”, que são aquelas impostas pelos ciclos de vida
familiar, como por exemplo, a adolescência e a aposentadoria, e as
“imprevisíveis”, que são muito mais dramáticas por serem inesperadas, como
por exemplo, o falecimento de um dos membros da família, o desemprego, o
divórcio, as doenças, entre outras.

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Para PECK & MANOCHERIAN (1995:293), o divórcio vem em
segundo lugar na escala de eventos mais estressantes de vida e, assim como a
morte de um ente querido, requer grandes reajustes, com transições graduais.
Para VIORST (2005), o divórcio pode ser considerado uma “outra morte”, pois o
fim de um casamento é sofrido e lamentado com intensidade semelhante à
situação da perda de um dos cônjuges. A autora afirma ainda que o divórcio, por
ser opcional, acaba provocando muitas vezes mais raiva no cônjuge que não
tomou a decisão de se divorciar do que a morte.

O sofrimento, a falta que o outro faz e a saudade que se sente chegam


a ser intensamente proporcionais nas duas situações e, em alguns casos, a
morte pode ser algo menos doloroso do que o divórcio, uma vez que, neste
último, a sensação de abandono poderá ser maior pelo simples fato de que o
cônjuge não precisava deixar o outro, mas o fez por decisão própria. Desta
forma, o “preço do divórcio”, tanto físico quanto emocional, passa a ser maior
que o imposto pela morte de um dos cônjuges, assim como chegar ao fim do luto
também se torna algo mais difícil, pois ambos continuam vivos, envolvendo
discussões sobre filhos, lidando com ciúmes e com o fracasso da relação.

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Perda e luto no contexto familiar

A morte ou uma doença grave de qualquer membro de uma família podem


ser vivenciadas pelas pessoas de diferentes formas, dependendo da fase do
ciclo de vida que esta família se encontra, dos contextos culturais, sociais e
principalmente, dos vínculos afetivos estabelecidos.

As Diferentes Fases da Elaboração do Luto

Ao lidarmos com as perdas no decorrer de nossas vidas, geralmente


lamentamos por certo tempo; tempo este que vai depender do que foi perdido,
da importância do que perdemos tinha em nossas vidas, da idade em que
vivenciamos a perda, da nossa história de vida, se estamos ou não preparados
para isso, e do apoio externo que poderemos dispor. VIORST (2005) afirma que
assim como há um fim para muitas das coisas que amamos, há um fim também
para as nossas lamentações.

KÜBLER-ROSS (1996) aborda o luto como sendo um processo evolutivo.


A autora resume em fases distintas o que aprendeu em seu trabalho com
pacientes terminais, que estavam lidando com a própria morte. Os estágios
definidos pela autora são cinco, que descrevem a maneira como reagimos a
todas as perdas, sejam elas grandes ou pequenas, permanentes ou temporárias:

1. Negação,
2. Raiva,
3. Barganha,
4. Depressão e
5. Aceitação.

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A fase inicial, chamada de negação, funciona como um “para-choque”
logo após o recebimento de notícias inesperadas e chocantes, permitindo quem
recebeu a noticia se recuperar com o tempo. A negação pode ser considerada
uma defesa temporária e geralmente logo após é substituída por uma aceitação
parcial do fato. A dificuldade inicial em aceitar os fatos é algo comum no ser
humano, já que consciente ou inconscientemente afastamos a ideia da morte
com frequência, vivendo uma vida na qual esta é negada a todo o instante. A
frase que geralmente ouvimos nesta fase é “não, isto não pode estar
acontecendo comigo”, ou ainda “deve estar havendo algum engano”.

O segundo estágio, o da raiva, ocorre logo em substituição à negação,


quando ela não pode mais ser mantida. Esta fase envolve sentimentos
relacionados à injustiça, revolta, inveja e ressentimentos contra os médicos e
enfermeiras, ou ainda contra o destino. A frase característica costuma ser “por
que comigo?”.

A fase da barganha caracteriza-se pela presença de promessas e


negociações, na tentativa de “adiar o inevitável”. Estas negociações quase
sempre são feitas com Deus, geralmente são mantidas em segredo e almejam
um prolongamento da vida, ou ainda que a pessoa não sofra com a morte. Atos
de caridade e promessas são feitas nesta tentativa, que pode estar associada a
algum tipo de culpa ou remorso por erros cometidos no passado.

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A fase da depressão acaba surgindo quando as “fichas começam a cair”,
e a perda e a separação tornam-se cada vez mais evidentes. Este momento de
exteriorização do sofrimento e contato com a dor é a fase onde se começa a
aceitar a perda. De nada adianta pedir para uma pessoa que se encontra nesta
fase não ficar triste; estar junto a ela, mostrando-se presente neste momento de
dor, é algo que pode surtir um efeito muito mais significativo.

A quinta e última fase, chamada de aceitação, que não representa uma


fase de “cura”, felicidade ou fim do sofrimento, mas sim de aceitação dos fatos.
Geralmente as pessoas que conseguem chegar nesta etapa puderam “externar
seus sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios e sua raiva por aqueles que
não são obrigados a enfrentar a morte tão cedo” (KÜBLER-ROSS, 1996:125).

Ressalta a autora que nem todos passam por esses cinco estágios em
cada perda: algumas pessoas, por exemplo, acabam passando anos agarrados
à negação, não conseguindo entrar em contato com a sua própria dor. Estas
reações, mesmo que ocorram, nem sempre acontecem na mesma ordem, e
podemos passar mais de uma vez pelos estágios. KÜBLER-ROSS (2004:75)
afirma ainda que “as sucessivas perdas nos dão oportunidade de aprender a
lidar melhor com elas, o que nos torna mais bem preparados para enfrentar as
perdas que a vida inevitavelmente nos trará”.

BOWLBY (1985) descreve quatro fases de elaboração do luto muito


semelhantes às de Kübler-Ross: a fase de choque, que pode durar horas ou
semanas, e geralmente é acompanhada de raiva e desespero; a fase de desejo
e busca da figura perdida, que pode durar meses ou anos, a fase de
desorganização e desespero, e por fim a fase de alguma reorganização. Alguns
autores refutam estas ideias de classificar em estágios o processo de aceitação
da morte, alegando que não existe modo “certo” de morrer ou de aceitar a morte
de uma pessoa importante para nós.

Quando a família aceita a perda e as mudanças decorrentes desta, a dor


pode ser transformada em saudade, mantendo sempre ‘vivas’ as lembranças da
pessoa que se foi. A patologia na elaboração do luto muitas vezes vem
acompanhada de depressão, tristeza, choro, agressividade e culpa persistentes,
impedindo que a família se reorganize e planeje seu futuro após a perda.

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Segundo MIERMONT (1994:356), “a reação de luto é uma reação
psicossomática de cicatrização-restauração do comportamento de apego”, e
pode exigir vários anos para ser reabsorvida.

A forma e duração consideradas “normais” para o luto, diferem muito de


uma cultura para outra. McGOLDRICK et al. (1998), afirmam que em alguns
locais da Grécia e da Itália, por exemplo, as mulheres vestem preto pelo resto
de suas vidas após a morte de seus maridos. Na Índia, algumas viúvas se atiram
na pira funerária, como um sacrifício em nome dos seus maridos falecidos; na
cultura porto-riquenha espera-se que as mulheres expressem suas emoções na
forma de ataques; já nas sociedades do sudeste asiático, no ambiente privado
espera-se que as pessoas mantenham-se ‘compostas’, não demonstrando muito
os seus sentimentos.

Assim como no Brasil, a autora comenta que nos Estados Unidos os


rituais funerários foram ‘comercializados’ pela indústria funerária. A própria
‘licença’ permitida nos locais de trabalho em situações de luto limita o
desempenho de práticas de elaboração do luto em algumas culturas. No Brasil,
são permitidos dois dias de licença em caso de morte do cônjuge, pais, filhos e
irmãos. As mulheres geralmente assumem o papel principal nas tarefas
emocionais e de cuidados com os doentes e sobreviventes, enquanto os homens
se encarregam da parte administrativa – escolhem o caixão, pagam as taxas,
etc.

Processos do Luto

A família é um sistema dinâmico tendo como principal sustentáculo o


vínculo afetivo, uma vez rompido traz consequências que afetam todo o ciclo
familiar. A perda de um ente querido pode trazer mudanças significativas na

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família, bem como aparecimentos de sintomas referentes ao pesar, que implicam
no bem-estar físico, biológico, cognitivo, econômico e social da família.

De acordo com Parkes (1998) a morte de uma pessoa na família


acompanha vários fatores que implicam na relação que se tinha com a pessoa,
o parentesco, etc., cujas perspectivas em relação ao outro são definidas pelo
papel social que o mesmo desempenhava que se apoiava na existência dessa
pessoa para garantir sua validade, de repente passam a não ter valor algum.
Então para a maioria o mundo passa ser vazio e a vida sem sentido (PARKES,
1998).

Portanto, torna-se relevante reinventar um novo caminho na ausência da


pessoa que se foi, onde as mudanças se configuram em um arsenal de esforços,
dor e sofrimento. Segundo Parkes (1998, p.120) “... seu significado não é mais
o mesmo: família não é mais o mesmo objeto, assim como lar, e casamento
também não são. Até mesmo na velhice passa a ter agora um novo significado.”
Todas essas situações ameaçam a dinâmica da família, trazendo impactos na
saúde psíquica tanto de forma individual como coletiva.

A diferença de se perceber diante a perda de um ente querido, segundo


Parkes (1988) depende da visão de mundo que o enlutado presume, onde as
construções ao longo da vida definem a intensidade e a maneira de como será
sentida essa perda, sendo muito mais difícil processar as mudanças que se
seguem do que se faria com outras de menor valor, mas podem ser realizadas
com o tempo e oportunidades para ajustar as mudanças, tendo ajuda e apoio
social.

Já Freud (1917) em seus estudos na obra “Luto e Melancolia” apresentou


que no processo de perda a um desligamento pouco a pouco das representações
que se tinha ao objeto amado, dando lugar a um desvio de realidade. Por esse
motivo, o domínio da realidade do enlutado era restaurado de forma
fragmentada, o qual tornava o processo penoso e desconfortável, onde afetava
muitas vezes o bem-estar físico e mental da pessoa.

Por outro lado, Viorst (1999) apontou a crença de que a morte para alguns
pode ocorrer com toda dor e desespero, porém, a negação acompanha a
esperança de buscar a pessoa que se perdeu e é nesse estado que na grande

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maioria, o indivíduo sente-se entorpecido como se estivesse vivendo uma
realidade distante da sua própria.

A família passa a viver um processo de adaptação, a recomposição


familiar que é essencial para a readaptação da família na sociedade, depende
não apenas de fatores internos desses indivíduos, tais como a estrutura
psicológica, o histórico de perdas anteriores e suas próprias crenças, mas
também de fatores externos que incluem as circunstâncias do evento, a rede
social de apoio e os recursos da comunidade (BROMBERG, 1996).

Enfrentamento

Pesquisas apontam a complexidade de respostas referentes ao processo


de perda e ao fenômeno do luto nos mais diversos tipos de situação, é
fundamental que a equipe de saúde e outras redes de apoio investiguem acerca
das fases do processo de luto para identificar precocemente as situações de
risco, para que o fenômeno seja menos complicado e auxilie a família a retomar
vida.

Kóvacs (2003) enfatizou que o tipo de morte pode afetar a forma de


elaboração do luto. Suicídios e acidentes são as mais graves, pelos aspectos de
violência e culpa que provocam na família. As mortes que acontecem em longo
período, acrescidas de muito sofrimento, podem também ser desgastantes para
os membros da família. Entre os fatores complicadores desse processo, deve
ser considerada a relação anterior com o ente querido, principalmente a que
envolve ambivalência e dependência, problemas mentais e percepção da falta
de apoio social. O luto envolve múltiplos fatores que podem dificultar a sua
elaboração: perdas múltiplas (morte de várias pessoas da mesma família),
perdas invertidas (filhos e netos que morrem antes de pais e avós), presença de
corpos mutilados, desaparecimento de corpos e cenas de violência (FRANCO,
2008).

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Existem algumas variáveis que podem agir como facilitadores ou afetar
adversamente nos processos de luto das famílias. Franco (2008) descreve
fatores que podem interferir significativamente no processo de morte e luto, bem
como a natureza e significados relacionados com a perda. A escuta sensível à
dor do outro e o acolhimento são condições imprescindíveis para uma efetiva
intervenção da equipe de saúde, colaborando de forma positiva para o trabalho
do luto.

Parkes (1998) apontou que em casos de luto patológico, o enlutado deve


ser encaminhado para o tratamento psicoterápico, com objetivo de encorajá-lo a
expressar seu pesar e superar suas fixações ou bloqueios para que possa se
aperceber do que acontece e daí reaprender o mundo, por meio do
conhecimento do fenômeno, identificar as possibilidades de adaptação a uma
nova realidade.

Rando (1993) afirmou que para a elaboração do luto, é necessário o


reconhecimento da perda, a forma como a pessoa reage ao processo de
separação, externalizando experiências com a pessoa perdida, possibilitando
novas adaptações, bem como o reinvestimento em novas relações.

Segundo Parkes (1998), a perda de um ente querido pode ser entendida


como uma importante transição psicossocial, com impacto em todas as áreas de
influência humana. Diante da dificuldade que o sujeito tem em ressignificar a vida
frente ao momento de perda, a pessoa pode perder a vontade de trabalhar e ficar
desempregada, acarretando dificuldades financeiras que gerarão perdas na
qualidade de vida, e assim sucessivamente. Dessa forma, uma perda não
elaborada gera uma sucessão de novas perdas num processo cíclico de
autodestruição. O caos instalado de maneira abrupta precisa retornar a certo
grau de equilíbrio para que a pessoa siga sua vida da melhor maneira possível.
Mas, muitas vezes, a pessoa não consegue encontrar um ponto de reequilíbrio
e se perde dentro do processo de luto, ficando presa ao sofrimento. O luto deixa
de ser uma reação natural adaptativa e passa a ser uma prisão geradora de mais
dor e novas perdas. Parkes (1998) apresentou que uma avaliação cuidadosa é
necessária em todos os casos, já que muitos profissionais não estão preparados
para lidar com esse problema. De acordo com Rando (1993) há consequências
sérias quando não se cuida de pessoas que apresentam risco para processos

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de luto complicado, tornando necessário identificar fatores de risco para melhor
intervenção.

Para tanto, o conhecimento das fases de evolução do luto, seus fatores


de risco e sua complicação, são norteadores para equipe multidisciplinar,
envolvida aos cuidados direto com a família em situação de perda, iniciar
medidas profiláticas de apoio, principalmente ao mais prejudicado ou com
dificuldade de retomar a vida.

O plano de intervenção na estratégia Saúde da Família no contexto de


luto se faz necessário no ponto de vista multidisciplinar, possibilitando o
acompanhamento da família, atuando na realidade de vida atual e pregressa da
pessoa enlutada.

Polido (2014) enfatizou que diante da perda de um ente querido na família,


surgem alguns conflitos que afetam todo o ciclo familiar, potencializando ainda
mais o sofrimento, a exemplo das diferentes reações as necessidades de cada
membro, desde a escolha do cerimonial, até mesmo destino dos pertences,
podem gera discordâncias, diante das quais o mais adequado a fazer, por mais
doloroso que seja, é sempre conversar, já que, em se tratando de afeto, todos
têm o direito de ser ouvidos e de ter a sua dor respeitada. A doença muitas vezes
pode ser curada, mas a dor e o sofrimento precisam ser acolhidos.

Porém, para que todo esse potencial seja utilizado, os membros das
equipes precisam estar sensibilizados e ter seu olhar humano e acolhedor
preparado para o indivíduo enlutado, ao processo de luto e suas demandas,
considerando um trabalho setorial para conseguir informações mais precisas.
Todos da equipe de saúde, quando treinados para reconhecer e acompanhar o
luto, podem contribuir para alertar a equipe de Saúde da Família, em que os
olhares de cada membro poderão enriquecer muito a compreensão do todo.

Alguns princípios de como abordar o enlutado são determinantes para um


bom trabalho em nível de intervenção, por exemplo: deixar o sujeito falar sobre
a perda, ouvi-lo, confortá-lo, ao invés de tentar conformá-lo.

Para Frankl (2016), o sofrimento pode ser transformado em realização; a


culpa em mudança; e a transitoriedade no estímulo para atuação responsável.

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No processo de luto a superação depende diretamente no mundo presumido que
o enlutado faz diante das adversidades e da ressignificação que faz perante aos
desafios da vida, assumindo um papel de escolha mediante ao sofrimento, a dor
e a perda.

Possíveis Reações Frente ao Luto

O luto representa um processo de crise que exige um grande investimento


emocional. A intensidade desta crise e os riscos a ela associados explicam sua
importância na prática da clínica psicológica. Ela revela a considerável influência
que o luto exerce nos processos que culminam em estados de sofrimento
psíquico grave. (PARKES, 1998)

Alguns papéis desencadeiam funções que afetam toda dinâmica da


família. Quando se trata, por exemplo, de perdas relacionadas ao cônjuge,
segundo Parkes (1998), apontou que a maioria se sente inseguro
emocionalmente, solitário, tendo grande dificuldade de interação, bloqueando
qualquer tipo de relação que pode trazer a lembrança de quem se foi, devido à
persistência de se manter vinculado, trazendo portando a vulnerabilidade
emocional, ocasionando um sentimento de desproteção e desamparo.

Outro fator identificado por alguns pesquisadores referente à perda é a


ansiedade causada por lembranças da pessoa que se foi e pela solidão em razão
da falta de apoio, incluindo “sensação de choque”, crises de falta de ar e outras
expressões somáticas de medo. (PARKES, 1998).

O processo de luto pode ser interrompido tornando-se agravante e até


mesmo patológico, quando potencializado por determinados fatores ou
circunstâncias externas, e que esta interrupção pode ser capaz de acarretar
dificuldades futuras para os enlutados. A interrupção do trabalho de luto pode
trazer consequências, como a vivência adiada do luto ou mesmo certa impressão
de que a morte não ocorreu. Entre as circunstâncias mais comuns, pode-se citar
o adiamento ou a não participação no enterro, uma doença ou a preocupação
com algum familiar doente ou idoso, uma segunda morte na família. (PARKES,
1998).

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A descrição de Lindemann sobre o luto agudo apresentava um quadro
notavelmente uniforme, uma síndrome com sintomatologia composta de
elementos somáticos e psicológicos. Ele descreve pela primeira vez, em
detalhes, uma lista de reações que comumente se seguem a uma perda.

Algumas reações foram identificadas, em determinados casos, outras


reações, como insônia, falta de concentração, falha de memória,
comportamentos extremamente repetitivos (LINDEMANN, 1944). Estes
sintomas pareciam mais frequentes entre os enlutados por morte repentina. Não
era incomum que pessoas vivendo a fase aguda do luto expressassem
preocupação com seu estado mental, achando que estavam ficando loucas ou
que seu sofrimento apenas ficaria pior. Lindemann (1944) também pontuou que
os enlutados adoeciam com mais frequência, e que o luto representava uma
“porta aberta” para os mais diversos problemas de saúde.

Entre algumas das reações psicológicas comuns ao luto, Lindemann


(1944) elencou as preocupações com a imagem do falecido, a culpa, as reações
de intensa hostilidade, as alterações nos padrões de comportamento e a
despersonalização – experiência na qual os enlutados sentiam a si mesmos e
aos acontecimentos ao redor como algo irreal. Para este autor, devido à intensa
irritabilidade, é comum que o enlutado evite contatos sociais e que ocorram
grandes alterações no convívio com amigos e familiares. Lindemann identificou,
também, em alguns enlutados, a presença de tensão, agitação, insônia,
sentimentos de inutilidade e autoacusação. Além disso, ele frisou que, em
decorrência de sentimentos intensos de autoacusação, poderia surgir, no
enlutado, um forte desejo de punição que, por sua vez, poderia ser associado à
intensificação de ideação suicida entre alguns enlutados (MOURA 2006).

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A perda por morte gera reações adversas que vão da culpa a problemas
somáticos. O sofrimento visto de forma intensa traz na angústia o medo de ter
perdido muito mais que simplesmente alguém, mas a função que a existência
dessa pessoa tinha na vida do outro, a qual jamais será estabelecida, mesmo
que venha surgir outras relações, ainda sim, seria diferente, configurando um ser
que se foi alguém insubstituível (FREUD, 1914).

Já Kubler-Ross (1985) definiu fases emocionais que evidenciam o


processo de luto e as dificuldades encontradas pela equipe multiprofissional ao
lidar com o paciente, as notícias difíceis e os familiares, analisando as atitudes
diante da morte e do morrer afirmando que a sociedade é propensa a evitar a
morte, mas, sobretudo a ignorá-la, o que não é uma atitude saudável.

Kubler-Ross (1985) trouxe sua contribuição nos estágios vivenciados por


pacientes em fase terminal, traçando uma ponte para definir as mesmas reações
experimentadas pela família que a princípio não aceitam o diagnóstico ou mesmo
a morte dos seus entes queridos.

No primeiro momento há uma reação de negação e isolamento, que


geralmente faz com que tanto paciente como algumas pessoas mais próximas
tenham a mesma atitude e tentem provar de todas as formas que houve um
engano, necessitando de tempo para absorção do processo, configurando uma
fuga de realidade. Logo depois, o sentimento de raiva por conta da interrupção
de planos, da descontinuidade e a própria vida se mescla ao ressentimento e à
inveja daqueles que estão saudáveis. Há promessas de novas atitudes e de
mudanças de estilo de vida, na esperança de prolongar um pouco mais a
sobrevivência.

O profundo sentimento de impotência, marcada pela angústia configura a


depressão que decorre não somente do impacto da perda sobre o indivíduo, mas
sobre a família.

A última fase em que apontou foi de aceitação, que coincide com o


período de maior desgaste físico. Nele, parece ser mais difícil viver do que morrer
e os sentimentos desvanecem. Pode haver uma sobreposição desses estágios
e a autora afirma que em todos eles, mesmo para as pessoas mais realistas, há

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sempre esperança que não deve ser retirada com verdades cruéis ditas de forma
direta.

Por outro lado, de acordo com Bowlby (1993), os estágios do luto referem-
se a princípio com a fase de torpor ou aturdimento, a cognição se desorganiza
diante da complexidade do fato, da intensidade da dor. O enlutado encontra-se
desorganizado, sem direção. Em seguida aparece o anseio ou protesto e busca
da figura perdida, que implica emoções intensas, com muito sofrimento
psicológico e agitação física, o enlutado fica à procura da pessoa perdida. Da
mesma forma que o bebê chama e procura pela mãe, o enlutado clama pela
volta de quem se foi. São comuns nessa fase, relatos de encontros imaginários
com o morto. A pessoa relata ter visto a pessoa querida, sentido seu perfume,
enfim busca incansavelmente um objeto simbólico para internalizar a lembrança
da pessoa que partiu.

A fase do desespero inicia quando o enlutado reconhece a imutabilidade


da perda, o que torna esta fase ainda mais complexa e difícil, pois implica
desmotivação pela vida, apatia e depressão. É um processo lento e doloroso,
que pode levar ao isolamento social, desamparo, bem como a alguns distúrbios
psicossomáticos. É como se o morto morresse de novo. Porém, a readaptação
se faz necessário para o próximo estágio que direciona em uma possível
recuperação, restituição e reorganização: inicia-se com o aparecimento da
capacidade do enlutado naquilo que Freud chamou de investimento em outros
objetos. O lugar ocupado pela pessoa, agora morta, tem que ser reocupado no
sistema por uma ou mais pessoas, assim como papéis e funções, outrora por ela
desempenhados. A dor, quase insuportável nas fases anteriores, vai cedendo à
saudade. A saudade permite a construção da memória do morto, e do que será
escolhido para ser lembrado. O morto ocupará um lugar no sistema familiar, mas
como morto. O sistema familiar, transformado pela saída de um membro se
reorganiza em um novo formato. O movimento dos membros da família vai aos
poucos definindo um novo desenho. As pessoas estão novamente prontas para
investimentos emocionais e de outra ordem. Para a teoria do apego, o luto
saudável é a aceitação da modificação do mundo externo, onde agora a figura
perdida não mais está, e a consequente alteração do mundo interno e
representacional assim como a reorganização dos vínculos que permanecem.

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Para tanto, os aspectos afetados na dinâmica familiar com a perda,
reforça sempre a importância de os profissionais conhecerem o contexto em que
vivem essas famílias em situações de vulnerabilidade emocional, bem como os
fatores de risco provenientes nesse processo, pois o objetivo consiste na
preservação da saúde física e mental dos cuidadores principais, e das
vicissitudes que enfrentam.

Kubler-Ross (1985) em seus estudos e pesquisas sobre as reações frente


à morte deu ênfase a importância na comunicação entre os atores da situação,
o exercício da flexibilidade referente a diversas reações que podem ocorrer, pois
nem todos reagem iguais diante o luto. Relatando a necessidade que a equipe
precisa para compreender os prejuízos causados pela fragmentação do cuidado,
pela fragilidade dos vínculos e pela necessidade de reflexão constantes sobre
suas práticas e relações no âmbito dos mais diversos significados que a perda
de um ente querido tem no contexto familiar.

Sentido da Morte na Vida

São vários os significados da morte na vida, considerando aspectos


históricos, sociais, psicológicos, filosóficos e religiosos, evidenciando como esse
fenômeno exerce poder sobre a vida das pessoas, pois ao confrontar-se com
sua própria finitude, o sujeito vivencia a unipolaridade de se estabelecer como
ser limitado e vulnerável a própria vida (PARKES, 1998).

Segundo Marcuse (2012), apontou dois polos que se distinguem pela


ideologia de pensar que a morte faz parte da vida, sendo um fato natural,
pertencente ao homem como uma questão orgânica, por outro lado, a morte é
vista como o que dá sentido a vida, visto ser à pré-condição para “verdadeira”
vida do homem.

De acordo com Viorst (1988) as pessoas vivem de perder e abandonar, e


mais cedo ou mais tarde, com maior ou menor sofrimento, todos irão
compreender que a perda é, sem dúvida, uma condição permanente da vida
humana e a morte necessária no ponto de vista do ciclo da vida.

19
Existe uma série de mecanismos para mascarar o verdadeiro significado
da morte para o sujeito, sendo a raiva, a culpa, idealização e tentativas de
reparação, sugestões para admitir que na realidade a pessoa se foi. (VIORST,
1988). A conscientização da mortalidade pode enriquecer o amor pela vida sem
fazer da morte, algo aceitável, mas compreensível.

Portanto para humanidade, a morte se faz acompanhar de ritos funerários,


sendo a única a crer na sobrevivência ou no renascimento dos mortos, o que faz
da morte um dos traços mais culturais da espécie.

Segundo Walsh; McGoldrick (1998) apontou a morte como desafios


adaptativos partilhados e mudanças nas definições que a família tem da sua
identidade e objetivos. A capacidade de aceitar a perda está no cerne de todas
as competências nos sistemas familiares saudáveis. Pelo contrário, as famílias

20
muito disfuncionais demonstram os padrões menos adaptativos relativamente ao
lidar com as inevitáveis perdas, agarrando-se juntos na fantasia e negação para
ofuscar a realidade e para insistir na (in)temporalidade e perpetuação dos laços
nunca desfeitos.

Para, além disso, a adaptação não é equivalente a uma resolução no


sentido de ultrapassar completamente e de uma vez por todas a perda. Como
foi mencionado anteriormente, o luto e a adaptação não têm um tempo fixo ou
uma sequência linear.

Há, no entanto, desafios adaptativos cruciais na família que, se não forem


ultrapassados, deixam os familiares vulneráveis à disfunção e aumentam o risco
da dissolução da família. Existem, assim, duas tarefas principais que tendem a
promover a adaptação imediata e em longo prazo dos familiares e a fortalecer a
família como uma unidade funcional. (WALSH; MCGOLDRICK, 1998). A
consciência da morte não é algo inato e sim resultado de uma consciência que
capta o real, isto é, é só por experiência que o ser humano sabe que irá morrer
um dia. A morte humana, segundo Coelho (2000) é um conhecimento do
indivíduo que vem sempre do exterior, isto é, é um conhecimento aprendido, o
que favorece uma atitude surpresa diante de cada fim de uma vida.

Nesta perspectiva da morte como algo aprendido, Coelho (2000) ressaltou


que as pessoas dão a morte um sentido ocasional (doenças, infecções,
acidentes) para este fenômeno, o que revela uma tendência grupal de não
reconhecer a dimensão necessária que a perda apresenta como necessidade
para a continuação da espécie. É nesta perspectiva que o autor defende a
importância de se trabalhar mais temas considerados interditos (como é o caso
da morte e da sexualidade) em uma sociedade marcada por tabus, no intuito de
formar cidadãos mais críticos e pensadores dos problemas sociais e que saibam
articular diferentes culturas.

Na visão de Kovács (1992) em seus estudos sobre a morte, trouxe como


tema educacional para crianças e jovens, que o conhecimento da morte deve
aparecer desde a mais tenra infância. Para a autora, enganou-se quem
acreditava que a morte só é um problema no final da vida, por outro lado a autora
apontou também a forma como a perda é representada nos dias atuais na forma

21
de morte escancarada, onde as pessoas presenciam constantemente noticiários,
filmes e até exposições de pessoas mortas nas redes sociais, gerando estresse,
revolta e medo, reforçando o ocultar de falar sobre a morte.

Pode-se, é claro, tentar esquecer, ignorar ou mesmo fingir que a morte


não existe, mas tal comportamento é problemático, diz a autora, porque toda
experiência de morte que se adquire é fundamental para as nossas vidas. Por
este motivo, Kovács defende a importância da abordagem do tema com as
crianças e os adolescentes. Para ela, ao não falar com a criança, o adulto crê
estar a protegendo, como se essa proteção aliviasse a possível dor e mudasse
magicamente a realidade. Na verdade, afirma Kovács (1992), que a criança pode
se sentir confusa e desamparada por não ter com quem conversar.

Por tradição cultural, familiar ou mesmo por investigações pessoais, cada


uma das pessoas traz dentro de si sua própria representação de morte, afirma a
autora. Cada experiência desta, diz Kovács, é essencial na representação que
fazem de morte. A experiência mostra que o medo é a responsável psicológica
mais comum diante da morte. Nenhum ser humano está livre do medo da morte
e todos os demais medos existentes estão de alguma forma, relacionados a
perda (KOVÁCS, 1992).

Barreto (1992) apontou os tipos de expectativas em relação a iminência


da morte e de combinações possíveis de certeza e tempo, dando um significado
referente a análise na trajetória, para a família, bem como para equipe de saúde.

Segundo o autor há três tipos de trajetória que definem o processo de


morte: a prolongada, rápida esperada e rápida inesperada. A trajetória
prolongada, a vida vai se esmaecendo, perdendo o colorido lentamente e
gradualmente até a morte, tornando-se a morte social da pessoa precedente da
morte física, concreta, tornando-a não mais aceitável, mas apropriado. Cenas de
impaciência são possíveis ser observadas, ora nos médicos, ora nos familiares
quando acontecer se prolonga demais fora de uma previsibilidade, ocasionando
sofrimento e fatiga.

Há um período suficiente para que as pessoas se acostumassem á ideia,


fizessem planos, trabalhassem antigos conflitos e mal-entendidos e formassem,

22
talvez, pela primeira vez um sentimento maior daquela unidade microssocial
(BARRETO, 1992).

O autor traz também que o processo de perda de algum membro da


família traz grande vulnerabilidade emocional, ocasionando um grande impasse
na estrutura familiar.

A trajetória rápida esperada implica em fazer o que é possível, onde as


pessoas ficam entre a vida e a morte, onde o fim parece iminente e a corrida
parece ser mais rápida, a morte passa ser vista como um grande adversário a
ser vencido, mas a certeza de estar fazendo o que precisa.

Na trajetória rápida inesperada a morte se configura como um evento


surpreendente, inesperado e o sentido da vida passam como um “conto ligeiro”,
onde a família perplexa se confronta com a finitude, bem como a equipe. Então
a vida passa a ser uma passagem rápida marcada pela desesperança de
continuidade e na certeza que os homens são meros mortais (BARRETO, 1992).

A grande maioria frequenta escolas por mais de vinte anos de existência


e assim se preparam para a vida social da mesma forma, que deveria também
preparar, para o fim da existência humana. Essa educação envolve
comunicação, relacionamentos, perdas, situações-limite, nas quais reviravoltas
podem ocorrer durante a vida, como, por exemplo, fases do desenvolvimento,
perda de pessoas significativas, doenças, acidentes, até o confronto com a
própria morte (FRANCO, 2008).

Para tanto, o significado da morte depende diretamente da maneira que


as pessoas são educadas para esse momento, portanto, a educação para a
morte é um estudo fundamental sobre a possibilidade do desenvolvimento
pessoal de uma maneira mais integral, uma construção interior que se propõe
durante o existir, desenvolvimento que também pressupõe uma preparação para
a morte, dando um sentido à vida dentro dos limites impostos pela morte
(FRANKL,2016).

23
A Importância da Comunicação no Processo de Luto e
Perda

De acordo com BOWEN (1998), nenhum outro evento vital provoca nas
pessoas mais pensamentos dirigidos pela emoção e mais reações emocionais
nos envolvidos como a morte. Os conceitos de sistemas de relacionamentos
“abertos” e “fechados” abordados pelo autor são utilizados para descrever a
morte como um fenômeno familiar. Os relacionamentos “abertos” são definidos
como sendo aqueles nos quais os indivíduos se permitem comunicar uma grande
parte de seus sentimentos, pensamentos e fantasias para o outro, e o mesmo é
capaz de um comportamento recíproco. É importante ressaltar que nenhum de
nós possui um relacionamento completamente aberto com as outras pessoas,
mas podemos atingir um grau saudável de abertura. Já os relacionamentos
“fechados” são aqueles onde os indivíduos envolvidos acabam se sensibilizando
diante de questões que são consideradas “difíceis” para o outro, e evitam
conversar sobre estes assuntos.

Diversas vezes evitamos falar com as outras pessoas sobre determinados


assuntos, muitas vezes por medo da reação do outro frente ao tema, ou ainda
por medo das nossas próprias reações frente à ansiedade causada no outro.
Segundo WRIGHT & NAGY (1994), frequentemente a família e o paciente
tentam proteger um ao outro da ansiedade, deixando de se comunicar – o que
os torna mais distantes e tensos. A manifestação da ansiedade por sintomas não
é rara nestas situações, pois quanto maior o estresse da família, mais facilmente
a disfunção toma conta da situação.

Para BOWEN (1998), a morte se constitui num dos principais “assuntos-


tabu”, geralmente envolvendo três sistemas fechados: o paciente, que na grande
maioria das vezes tem plena consciência do que está acontecendo consigo
mesmo, porém não conversa com ninguém sobre o assunto a fim de evitar um
maior sofrimento e exacerbar conflitos na família; a família, que por sua vez
recebe as informações dos médicos, mas evita conversar abertamente com o
paciente para não frustrá-lo, “editando” o boletim médico a seu critério; e o
próprio médico e seu corpo clínico, muitas vezes influenciados pelas respostas

24
emocionais da família e pelo receio em dar “más notícias” ao paciente e aos
familiares.

Nestes casos, os profissionais da saúde acabam dando as notícias


rapidamente ou ainda utilizando-se de termos técnicos, afim de não entrar em
contato com os sentimentos provocados por suas crenças acerca da morte.
Desta forma, deixam de expressar o que realmente deve ser comunicado à
família neste momento difícil. O triângulo a seguir exemplifica os três sistemas
dos quais estamos falando, e as flechas representam a comunicação entre os
sistemas:

De acordo com BOWEN (1998), até meados dos anos 60 a maioria dos
médicos não contava aos próprios pacientes que estes possuíam uma doença
terminal. Apesar de esta ideia ter mudado muito nos dias de hoje, grande parte
dos profissionais ainda não aderiu a esta mudança de atitudes. O autor sugere
que os profissionais da área da saúde tomem consciência das dificuldades
existentes nesta relação triangular na comunicação entre “médico-família-
paciente”, ou ainda recorram à ajuda de um terapeuta para que o mesmo o
auxilie a lidar com suas próprias ressonâncias e fantasias frente à dor do outro
– algo que pode facilitar na comunicação entre os sistemas.

WRIGHT & NAGY (1994:131) comentam que “(...) com muita frequência
os profissionais da saúde não aproveitam o momento do diagnóstico como uma
oportunidade para iniciar uma discussão sobre a morte”, e que nesta situação os
profissionais confrontam-se com suas próprias crenças sobre a imortalidade.

25
Como terapeutas de família, devemos também tomar este cuidado, observando
se nossas próprias crenças não estão nos impedindo de abordar a morte com
as famílias.

Em seu trabalho na Unidade de Enfermagem Familiar da Universidade de


Calgary com famílias que experienciam dificuldades com problemas de saúde,
WRIGHT & NAGY (1994:129) constataram que a “crença sobre o problema é o
problema”, já que as mesmas moldam o modo como as famílias se adaptam às
perdas e doenças terminais. As autoras distinguem estas crenças em
“limitadoras” e “facilitadoras”, e comenta que a mudança ocorre quando se
mudam as crenças limitadoras, e a capacidade da família para a mudança
depende de sua capacidade para alterar suas crenças acerca do problema.

De acordo com BOWEN (1998:108): “(...) Uma unidade familiar está em


equilíbrio funcional quando está calma e cada membro está funcionando com
eficiência razoável naquele período. O equilíbrio da unidade é perturbado seja
pela chegada, seja pela perda de um membro. (...)”. Para o autor, as reações
emocionais dos envolvidos às perdas são reguladas pelo nível de funcionamento
e integração emocional na família, ou ainda pela significação da pessoa que foi
acrescentada ou perdida no sistema. As perdas que podem desequilibrar um
sistema familiar podem ser físicas, quando por exemplo, um filho sai de casa;
funcionais, quando algum membro importante na família morre ou tem uma
doença que o incapacita de continuar a exercer suas funções para o sustento da
família; e ainda emocionais, quando a família perde alguém que por exemplo
sempre organizava os eventos alegres e datas festivas na família.

26
As famílias que conseguem demonstrar mais facilmente seus sentimentos
e compartilhar suas angústias em relação à perda vivenciada, mais facilmente
conseguirão se adaptar às mudanças, enquanto as famílias menos integradas
podem demonstrar pouca reação no momento da perda, e manifestar
tardiamente seu sofrimento através de sintomas físicos ou emocionais. BOWEN
(1998) aprofunda estas questões referentes à integração emocional, explicando
a “onda de choque emocional”:

Segundo o autor, esta ‘onda de choque emocional’ não se refere às


reações normais de sofrimento perante a perda, mas à dependência emocional
que ocorre entre os membros de uma família, geralmente negada pelos mesmos.
É importante ressaltar que ela ocorre com muito mais frequência após a morte
de um membro significativo da família e pode ser desencadeada também por
uma morte ameaçada. Os sintomas da ‘onda’ podem ser diversificados,
englobando sintomas físicos (diabetes, câncer, gripes, etc.), emocionais
(depressão, fobias, etc.), ou ainda sociais (alcoolismo, problemas na escola,
etc.). Caso o terapeuta não se atente à estes dados, conectando-os com a perda,
a tendência é tratar todos os sintomas separadamente, deixando-se levar pelo
sistema de proteção da família, que geralmente nega as associações e
realmente acredita que estes sintomas nada tem a ver com a perda.

Algumas famílias podem tentar camuflar ainda mais a relação entre os


eventos seguintes com a perda, principalmente se perceber que o terapeuta está
buscando alguma relação entre eles. Já outras famílias podem se mostrar menos

27
reativas e chegar à terapia conectando os sintomas atuais com a perda recente,
tornando-se mais interessadas no fenômeno do que em reagir a ele com a
negação. PAPP (1992) comenta que muitas vezes a forma que a família encontra
para se equilibrar é desenvolvendo algum sintoma, e quando este se torna
inaceitável para eles e para a sociedade, causando um stress intolerável, a
família procura ajuda.

BROWN (1995:405) afirma que “muitas reações emocionais e


dificuldades de ajustamento a longo prazo relacionadas à morte se originam da
falta de franqueza no sistema familiar”. Por ‘franqueza’ entende-se a capacidade
de cada membro da família de comunicar aos outros seus sentimentos sem
esperar que os mesmos sejam influenciados por estes, e pela capacidade de
permanecer não reativo às emoções na família. Tanto o estresse familiar quanto
o nível de diferenciação, ou seja, de maturidade emocional, determinam o grau
de franqueza em uma família. Um indivíduo diferenciado é capaz de permanecer
não reativo às emoções das outras pessoas e define suas posições embasado
em ideias ou princípios, sabendo ouvir as outras pessoas e não reagindo
exageradamente às situações.

Terapia do Luto

28
Conforme já abordado no início, toda e qualquer perda requer que a
família se reorganize como um todo. Para auxiliar as famílias neste momento,
deve-se avaliar a família e seus contextos sociais, culturais e temporais.

De acordo com o Dicionário Aurélio (2004), adaptar significa ajustar,


acomodar, adequar. Portanto, adaptar não significa resolver, aceitar
completamente a perda, mas descobrir maneiras de seguir em frente com a vida,
não esquecendo das perdas e possuindo a capacidade de mantê-las em uma
outra perspectiva.

WALSH & McGOLDRICK (1998) comentam que seria um equívoco


impormos estágios fixos e pré-definidos para as famílias organizarem suas
perdas, porém as mesmas sugerem algumas tarefas adaptativas para a família,
que caso não forem realizadas, a probabilidade de desenvolverem disfunções
no sistema aumenta consideravelmente. São elas:

1. O reconhecimento compartilhado da realidade da morte e a


experiência comum da perda. A morte se torna mais fácil de ser elaborada
quando todos os membros da família, cada um a seu modo, confrontam a
realidade da perda, inclusive as crianças. Estas geralmente se machucam mais
com a ansiedade dos sobreviventes do que com a própria exposição à morte. As
informações claras e a comunicação aberta entre os membros da família
facilitam o processo de adaptação e o fortalecimento familiar.

2. A reorganização do sistema familiar e o reinvestimento em outras


relações e projetos de vida. A promoção da flexibilidade e união no sistema
familiar é essencial para sua reestabilização. As mudanças bruscas na rotina de
algumas famílias, como, por exemplo, a mudança de casa no momento em que
algum membro da família morre, podem piorar o processo. A paralisação em
antigos padrões não mais funcionais, como manter os pertences da pessoa

29
intactos, também perturba o processo de reorganização da família. Cada nova
estação, aniversário e momentos importantes do ciclo de vida da família podem
trazer de volta a perda.

Com algumas famílias com dificuldades de comunicação e elaboração da


perda, VIORST (2005) sugere ir além dos rituais normais, co-criando rituais
especiais a fim de conectar a família com o morto, oferecendo não somente um
fechamento simples, mas possibilitando a família envolver-se novamente com a
vida e com os que sobreviveram.

A principal questão a ser trabalhada com as famílias que estão


vivenciando a perda de um membro na família seria a prevenção de sintomas e
disfunções familiares após a morte. Para BOWEN (1998), a forma como a família
pode ou não reagir a uma perda, e as possibilidades da ocorrência de uma ‘onda
de choque emocional’ podem ser exploradas pelo terapeuta, avaliando a
importância e funções da pessoa que morreu no sistema, já que nem todas as
mortes possuem a mesma importância para uma família.

Para o autor as perdas que mais possuem probabilidade de gerar uma


‘onda de choque’ são aquelas onde os pais morrem prematuramente em uma
família jovem, um filho importante na família, um avô/avó que possui um papel
decisivo e figura central na estabilidade familiar, entre outros. As chances de
ocorrer a ‘onda de choque’ geralmente são bem menores quando ocorre a morte
já esperada de um membro da família, uma morte que vem a ser um “alívio” para
o sistema, uma morte de um membro disfuncional da família, ou ainda de algum
membro que possuía um papel mais periférico.

BROWN (1995:408) propõe algumas intervenções terapêuticas úteis para


lidar com o estresse na fase de elaboração do luto:

 Deve-se considerar a família em seu contexto, facilitando desta


forma a capacidade do terapeuta compreender o impacto da perda no sistema e
desenvolver hipóteses acerca da mesma;
 É importante que o terapeuta utilize terminologias francas e diretas.
Para a autora, utilizar palavras diretas como ‘morte’ mostra à família que o
terapeuta é capaz de ficar à vontade de conversar sobre o assunto, fazendo com
que a família também se sinta;

30
 Buscar o estabelecimento de pelo menos um relacionamento
franco no sistema familiar – ou seja, o terapeuta, ao invés de triangular a relação
com a família, deve incentivar cada pessoa a falar diretamente com as outras
sobre a morte, facilitando assim a comunicação no sistema;
 Respeitar a esperança de vida e de viver de cada família,
observando o timing de cada um para elaborar sua perda, aceitando o fato de
que as pessoas avançam e retrocedem algumas etapas até a aceitação da
perda;
 Não nos deixar levar pelas emoções no contexto terapêutico. Não
necessariamente precisamos ‘bloquear’ nossos sentimentos, mas sim
permanecermos calmos e pensando claramente, sempre conectado com os
pacientes e suas emoções, ajudando-os a lidarem uns com os outros;
 Lidar com os sintomas de estresse da família, prestando atenção
aos sintomas secundários à perda, aparentemente não conectados à ela;
 E por fim, reconhecer e encorajar as famílias a utilizarem seus
próprios costumes e rituais no momento da perda, questionando o manejo de
mortes anteriores, explorando o relacionamento da família com o membro que
faleceu e ainda aproveitando a oportunidade para conversar sobre a própria
mortalidade dos sobreviventes.

31
A terapia do luto pode ser considerada uma grande alavanca, no sentido
de auxiliar as questões relativas à estagnação da família, que muitas vezes fica
paralisada e confusa, devido à absorção dos novos papéis a serem
desempenhados e à tarefa da elaboração do processo do luto. Desta forma,
como terapeutas devemos focar na reorganização do sistema familiar e no
realinhamento das relações, assim como incentivar o investimento em outros
vínculos e o planejamento de projetos de vida para o presente e o futuro.

32
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