Você está na página 1de 4

Prova de Política Brasileira - Unidade 2

1) A luz do material sobre corrupção faça uma análise do que a imprensa tem
divulgado sobre a Operação Lava Jato.

A Operação Lava Jato é um grande esquema de desvio e lavagem de dinheiro, que


ocorre há cerca de 10 anos, envolvendo a maior estatal do Brasil, a Petrobrás,
grandes empreiteiras e políticos. Nesse esquema, grandes empreiteiras organizadas
em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e outros agentes
públicos. Simulavam uma concorrência para adquirirem os contratos da Petrobrás,
mas o fato era que as cartas já estavam marcadas. Em reuniões secretas, se definia
quem ganharia o contrato e qual seria o preço, sendo este inflado em benefício
privado e em prejuízo dos cofres da estatal. Funcionários da estatal eram cooptados
para facilitarem as negociações, vazar informações sigilosas, omitir sobre o cartel e
restringir convidados, incluindo a empresa ganhadora do contrato entre os
participantes. Agentes políticos também estavam envolvidos, pois recebiam propina
para indicarem e manterem diretores da Petrobrás.

Deflagrada em março de 2014, o esquema teve e ainda tem grande espaço na


mídia, principalmente pela quantidade de dinheiro envolvida – mais de dois bilhões
de reais – e por ter outro escândalo envolvendo o Partido dos Trabalhadores (PT),
atualmente no Poder Executivo. Como a nomeação dos cargos à direção da
Petrobrás é de responsabilidade do(a) presidente(a), e no caso, os diretores da
estatal estavam envolvidos no esquema, a imprensa dá grande destaque aos
políticos e partidos incluídos no escândalo. Em contrapartida, dão pouca
repercussão às empresas privadas envolvidas, o que gera uma impressão de que a
corrupção ocorre apenas no setor público. No entanto, a corrupção pode acontecer
tanto na área pública, quanto na área privada e a própria Operação Lava Jato prova
isso.

A abertura de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra políticos de


seis partidos – PT, PMDB, PSDB, PP, SD e PTB - e a prisão de empresários e
outros envolvidos, demonstra que a impunidade nos crimes de corrupção está
mudando. Afinal, se existe o risco de punição e ela está acontecendo para os
envolvidos na Operação Lavo Jato, além da imensa divulgação do caso na mídia,
isso significa que, atualmente, há maior probabilidade de sofrer penalidades se
envolver-se em tais esquemas, independentemente de classe social ou poder
político.

2- Aécio tem razão quando diz que para acabar com a corrupção basta tirar o
PT do poder? Por que?

Não, pois a corrupção é um mau universal, sem preferência ideológica ou


econômica, que atinge países desenvolvidos e subdesenvolvidos, democráticos ou
autoritários. Pode também ocorrer tanto em setores públicos quanto privados. Dessa
maneira, retirar um partido do poder, não eliminará a corrupção, que é um mal que
sobrevive ao longo da história da humanidade.

3- O que é presidencialismo de coalizão e como ele funciona atualmente?

O sistema de governo do Brasil é o presidencialista, no qual o Presidente é eleito


diretamente pelos cidadãos e possui mandato independente do Parlamento. Depois
de eleito, o(a) presidente(a) busca formar uma coalizão, ou seja, negocia e forma
alianças com partidos durante seu mandato (em troca de cargos políticos dentro do
Executivo, como ministérios/secretarias, ou de dinheiro) para facilitar a aprovação de
seus projetos no Congresso Nacional. Forma-se, assim, o denominado
presidencialismo de coalizão.
Pela Constituição de 1988, é de responsabilidade do(a) presidente(a) nomear (ou
demitir) livremente os ministros do Estado. A formação ministerial no Brasil, possui
critérios partidários e regionais. O primeiro critério se refere a como o presidente
pretende se relacionar com o Congresso. Já o segundo, diz respeito a como o chefe
do Executivo planeja lidar com as forças políticas das unidades federativas. O
critério partidário é mais importante e decisivo. Sendo assim, o presidente pode
nomear ministros de diferentes partidos para agradar sua base aliada. No entanto, é
fundamental trazer técnicos e especialistas da área para os ministérios para não
correr o risco de comprometer a capacidade gerencial do Estado.

Assim, um dos maiores desafios dos chefes do Executivo ao nomear seus ministros,
é alcançar um equilíbrio entre a reunião de apoio parlamentar para superar
problemas inerentes a um Congresso fragmentado e alcançar um patamar mínimo
de conhecimento técnico a respeito das áreas públicas.
4- Como funciona o financiamento de campanhas no Brasil atualmente? A
proibição do financiamento de empresas privadas acaba com a corrupção?

No Brasil, o financiamento de campanhas eleitorais é fiscalizado pela Justiça


Eleitoral. A lei eleitoral obriga que os partidos informem qual é o valor máximo que
será gasto na campanha, junto com o registro dos candidatos. Escolhidos estes, os
partidos deverão formar os comitês financeiros, que arrecadarão fundos para o
financiamento das campanhas. É obrigatório também que cada partido abra uma
conta bancária, a fim de registrar toda a movimentação de recursos financeiros dos
partidos e dos candidatos.
Poderão doar para as campanhas, as pessoas físicas, com o limite de 10% dos
rendimentos brutos obtidos no ano anterior ao das eleições e as pessoas jurídicas,
com limite de 2% do faturamento bruto do ano anterior às eleições.
Dessa forma, a proibição do financiamento de empresas privadas às campanhas
não acabará com a corrupção.

5- Como podemos explicar o sistema de pesos e contrapesos proposto por


Montesquieu no que se refere aos nossos poderes executivo, legislativo e
judiciário?

No Brasil, o sistema de pesos e contrapesos proposto por Montesquieu não é muito


equilibrado. A estrutura constitucional brasileira permite uma centralidade do Poder
Executivo, pois este além de ter um preponderante papel no desenvolvimento
econômico do país, possui um controle da agenda do legislativo por meio de direitos
de iniciativa legislativa e o poder de emitir decretos – incluindo as Medidas
Provisórias, que são decretos que tem força de lei assim que são publicadas no
Diário Oficial da União. Comandando não apenas ministérios, mas também grandes
empresas estatais, o Poder Executivo se torna o mais influente órgão de Estado na
política brasileira.
Por outro lado, os contrapesos ao Executivo, como nos mostrou Octavio Amorim
Neto, é o sistema partidário e a Federação, forçam o presidente, ao formar seu
ministério, a acomodar uma grande diversidade de forças políticas e o Poder
Judiciário.

Você também pode gostar