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SÉRIE CONSTRUÇÃO CIVIL

QSMS -
QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Série construção Civil

QSMS -
qUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO Na
construção civil
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET


Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série construção civil

QSMS -
QUALIDADE, SAÚDE,
MEIO AMBIENTE E
SEGURANÇA DO
TRABALHO Na
construção civil
© 2012. SENAI – Departamento Nacional

© 2012. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI
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SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


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FICHA CATALOGRÁFICA

S491q

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


QSMS – Qualidade, saúde, meio ambiente e segurança do trabalho
na construção civil / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
Departamento Regional da Bahia. – Brasília: SENAI/DN, 2012.
116 p.: il. (Série Construção civil)
ISBN 0000000000000
1. QSMS. 2. Qualidade. 3. Saúde. 4. Meio Ambiente. 5. Segurança
do Trabalho. 6. Construção civil. I. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Nacional. II. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional da Bahia. III. Título. IV. Série.

CDU: 331.45.69

SENAI Sede

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Departamento Nacional 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  No Brasil, o voto obrigatório busca garantir a democracia............................................................17
Figura 2 -  Cidadania para todos...................................................................................................................................18
Figura 3 -  O respeito às diferenças é fundamental na sociedade....................................................................19
Figura 4 -  Rampa de acesso à calçada (adaptação para PNEs).........................................................................21
Figura 5 -  Inclusão social nas relações pessoais e de trabalho........................................................................23
Figura 6 -  Os diálogos familiares como formadores de valores éticos..........................................................25
Figura 7 -  Relações conflituosas no trabalho podem prejudicar as atividades no trabalho..................27
Figura 8 -  Bons materiais e mão de obra qualificada buscam garantir a qualidade da obra................32
Figura 9 -  O planejamento é essencial para a qualidade....................................................................................33
Figura 10 -  O sucesso é a participação fundamental para a qualidade.........................................................36
Figura 11 -  Ciclo PDCA.....................................................................................................................................................37
Figura 12 -  Selo de certificação ISO 9001.................................................................................................................40
Figura 13 -  Acidente de trabalho.................................................................................................................................44
Figura 14 -  Capacete de proteção tipo aba frontal...............................................................................................51
Figura 15 -  Óculos de segurança para proteção....................................................................................................51
Figura 16 -  Protetores auditivos...................................................................................................................................52
Figura 17 -  Máscaras de proteção...............................................................................................................................52
Figura 18 -  Luvas de proteção......................................................................................................................................53
Figura 19 -  Calçados de segurança.............................................................................................................................54
Figura 20 -  Vestimentas de segurança.......................................................................................................................54
Figura 21 -  Sinalização individual................................................................................................................................55
Figura 22 -  Proteção contra quedas em altura.......................................................................................................55
Figura 23 -  Construção civil e atividades perigosas..............................................................................................61
Figura 24 -  Risco ocupacional do carteiro: ser mordido por um cão..............................................................62
Figura 25 -  Alguns exemplos de posições certas e erradas...............................................................................65
Figura 26 -  Problemas de coluna afetam muitas pessoas na sociedade.......................................................66
Figura 27 -  3Rs: ciclo de melhoria contínua.............................................................................................................74
Figura 28 -  Entulhos ou escombros............................................................................................................................74
Figura 29 -  Entulhos nas ruas e calçadas, locais inadequados para depósito.............................................75
Figura 30 -  Big bag............................................................................................................................................................78
Figura 31 -  Baia móvel.....................................................................................................................................................78
Figura 32 -  Caçamba estacionária...............................................................................................................................79
Figura 33 -  Duto de transporte e coleta de entulho.............................................................................................79
Figura 34 -  Carrinho de mão.........................................................................................................................................80
Figura 35 -  Elevador de carga e grua, respectivamente......................................................................................80
Figura 36 -  Máquina transformando resíduos Classe A em agregados.........................................................81
Figura 37 -  Extração de petróleo, recurso não renovável...................................................................................83
Figura 38 -  Usina hidrelétrica........................................................................................................................................84
Figura 39 -  Energia da biomassa..................................................................................................................................85
Figura 40 -  Placas solares adaptadas a casa............................................................................................................86
Figura 41 -  Hélices responsáveis pela geração da energia eólica....................................................................86
Figura 42 -  Energia geotérmica....................................................................................................................................87
Figura 43 -  Energia maremotriz...................................................................................................................................88
Figura 44 -  Hidrogênio como combustível..............................................................................................................88
Figura 45 -  Projeto da obra............................................................................................................................................93
Figura 46 -  Diagrama dos processos da construção civil e suas relações.....................................................95
Figura 47 -  Layout de um canteiro de obras............................................................................................................99

Quadro 1 - Os 5S.................................................................................................................................................................38
Quadro 2 - Conceitos importantes...............................................................................................................................46
Quadro 3 - Condições inseguras na obra..................................................................................................................47
Quadro 4 - Doenças ocupacionais e suas causas....................................................................................................48
Quadro 5 - Cuidados com os EPIs.................................................................................................................................56
Quadro 6 - EPCs e suas finalidades..............................................................................................................................57
Quadro 7 - Normas Regulamentadoras do MTE: NRs e suas descrições........................................................58
Quadro 8 - Risco químico e suas ocorrências...........................................................................................................63
Quadro 9 - Doenças X agentes biológicos transmissores....................................................................................64
Quadro 10 - Quadro comparativo dos riscos, efeitos sobre a saúde e medidas preventivas.................67
Quadro 11 - Tipo de resíduo e exemplos...................................................................................................................73
Quadro 12 - Tipo de resíduo e seu acondicionamento inicial............................................................................77
Quadro 13 - Envolvidos no planejamento e os serviços desenvolvidos........................................................96

Tabela 1 - Exemplo de cronograma de obra.............................................................................................................98


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Cidadania e ética.............................................................................................................................................................15
2.1 Cidadania........................................................................................................................................................16
2.1.1 Conceito........................................................................................................................................16
2.1.2 Direitos sociais e humanos.....................................................................................................19
2.1.3 Inclusão social: PNE...................................................................................................................20
2.2 Ética...................................................................................................................................................................23
2.2.1 Conceito........................................................................................................................................23
2.2.2 Importância da ética para as relações familiares e profissionais..............................24
2.2.3 Crise ética na contemporaneidade e seus efeitos nas relações interpessoais.....27

3 Qualidade do trabalho..................................................................................................................................................31
3.1 Conceitos e procedimentos......................................................................................................................32
3.1.1 Conceito........................................................................................................................................32
3.1.2 Procedimentos ...........................................................................................................................33
3.2 Princípios de gestão da qualidade (satisfação do cliente, participação e produtividade)35
3.3 A qualidade no exercício do trabalho ..................................................................................................38
3.3.1 Organização, limpeza e desperdício...................................................................................38
3.3.2 Conformidade dos produtos gerados ou serviços prestados....................................39

4 Saúde, higiene e segurança do trabalho................................................................................................................43


4.1 Noções básicas..............................................................................................................................................44
4.2 Causas dos acidentes: ato inseguro e condições inseguras.........................................................46
4.3 Consequências dos acidentes do trabalho: trabalhador, empresa, país..................................49
4.4 Equipamentos de proteção individual e coletiva: tipos e aplicabilidade................................49
4.5 PCMAT, PCMSO e PPRA; CIPA; legislação e normas técnicas aplicáveis....................................58
4.6 Riscos ambientais no trabalho................................................................................................................60
4.6.1 Agentes físicos, químicos e biológicos...............................................................................61
4.6.2 Riscos ergonômicos..................................................................................................................65
4.6.3 Prevenção e redução de danos.............................................................................................68

5 Preservação do meio ambiente.................................................................................................................................71


5.1 Impactos ambientais da ação humana................................................................................................72
5.2 Segregação, descarte e reciclagem de resíduos...............................................................................73
5.3 Racionalização do uso dos recursos naturais e fontes de energia.............................................82
5.4 Preservação do meio, usos de tecnologias limpas de recursos renováveis e
desenvolvimento sustentável.........................................................................................................................83

6 Planejamento e organização do trabalho..............................................................................................................93


6.1 Planejamento, programação e controle no desenvolvimento de serviços.............................95
6.2 Levantamento dos recursos necessários.............................................................................................97
6.3 Elaboração de cronograma de trabalho..............................................................................................97
6.4 Organização de espaços............................................................................................................................99
6.5 Seleção de materiais, máquinas e equipamentos......................................................................... 100
6.6 Saúde, segurança e preservação ambiental na execução de serviços................................... 102

Referências

Minicurrículo dos Autores

Índice
Introdução

Bem-vindo ao universo das edificações! Estamos iniciando uma caminhada pelo proces-
so de aprendizagem técnica industrial na área da Construção Civil. Essa é a terceira unidade
curricular do curso de Técnico em Edificações e faz parte do módulo de Fundamentos para a
Construção de Edifícios. Esse módulo tem como objetivo geral conduzir a compreensão e a re-
flexão sobre a importância da adoção, no exercício do trabalho, de medidas de segurança para
prevenção de acidentes, como também para a preservação da saúde, com atenção à qualidade
dos serviços executados.
Para dar conta de tantas competências, nós aprenderemos a aplicar princípios de qualidade,
saúde, segurança do trabalho e ambientais. Também serão potencializadas as capacidades so-
ciais, organizativas e metodológicas descritas a seguir:
a) planejar e organizar o próprio trabalho;
b) atuar de forma ética;
c) aplicar princípios de qualidade, saúde, segurança do trabalho e ambientais;
d) avaliar o trabalho realizado, na perspectiva de melhoria contínua;
e) aplicar técnicas de comunicação oral e escrita.
Este livro didático trata a partir do seu segundo capítulo, da ética e da cidadania nas rela-
ções sociais, tanto pessoais quanto de trabalho. No capítulo seguinte, veremos a importância
da qualidade de um produto e a necessidade da satisfação dos clientes e participação de todos
os funcionários na busca pela melhoria contínua da produção e por uma maior produtividade
na empresa. O quarto e o quinto capítulos enfatizam que a busca pela qualidade requer uma
atenção especial à saúde, higiene e segurança no trabalho, características fundamentais para
evitar acidentes, diminuindo os riscos de eles acontecerem. A preservação ambiental aparece
como um cenário atual na indústria da construção civil, com foco para a minimização dos im-
pactos ambientais através da racionalização do uso dos recursos naturais, usos de tecnologias
limpas e gerenciamento dos resíduos gerados, em prol do Desenvolvimento Sustentável. Por
fim, o último capítulo aborda a necessidade do planejamento e organização no desenvolvi-
mento das atividades, etapa fundamental para a qualidade, saúde, meio ambiente e segurança
na execução de serviços.
Bons estudos!
Cidadania e Ética

Vamos começar o nosso livro abordando um pouco sobre a cidadania e a ética em nossa
sociedade, dois termos muito escutados nas nossas relações pessoais e de trabalho. Muitas
pessoas saem por aí dizendo que são cidadãs, mas nunca pararam para pensar sobre o que é
mesmo ser um cidadão.
É importante que possamos entender como essas relações pessoais e de trabalho podem
ser afetadas, de forma positiva ou negativa, por ações cotidianas dos indivíduos. O preconcei-
to, por exemplo, é uma ação que afeta, de forma negativa, as relações sociais.
Para uma melhor compreensão desse assunto, iremos abordar, separadamente, a cidadania
e a ética.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
16

1 equidade 2.1 Cidadania


Disposição para se
reconhecer imparcialmente
Entender o que é cidadania faz parte das lições básicas de cada indivíduo, na
o direito de cada um; infância. Na escola, aprendemos a respeitar a fila do lanche, por exemplo, e junto
equivalência; igualdade.
com ela, os nossos pais nos ensinam o respeito e os valores morais e éticos neces-
sários para a convivência social.
O indivíduo, em sociedade, deve exercer os seus deveres como cidadão e deve
2 DEMOCRACIA
ter os seus direitos garantidos. Vamos entender melhor o termo cidadania, atra-
Governo do povo. Regime vés do seu conceito e nossas reflexões.
político que se funda na
soberania popular, na
liberdade eleitoral, na
divisão de poderes e no
controle da autoridade. 2.1.1 Conceito

A cidadania é um conjunto de direitos e de deveres que permitem aos cida-


dãos participarem da vida pública e da vida política de seu país.
A cidadania permite que o indivíduo vote e seja votado e possa participar ati-
vamente na elaboração das leis ou exercer funções públicas na sociedade.
Um dos direitos de ser reconhecido como cidadão é a garantia de uma vida
digna, saudável e segura, com o atendimento às necessidades básicas como saú-
de e educação. Para que as pessoas exerçam a cidadania, é preciso que existam
condições relacionadas com: justiça, igualdade, equidade, democracia e partici-
pação dos cidadãos nas decisões sobre os rumos da sociedade.
A justiça possui relação com o que é correto, de acordo com as normas do país,
e diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. Podemos dizer que uma pessoa
que se adapte às regras existentes a uma situação concreta, possuindo critérios
de justiça e igualdade, está agindo com equidade1.
Todos os cidadãos são iguais perante as leis de um país democrático, como o
Brasil, e, por isso, têm os mesmos direitos e deveres na sociedade.
Há democracia2, quando as pessoas podem participar da vida política de seu
país, possuindo liberdade de expressão e manifestações de suas opiniões. Essa
participação pode ocorrer através de plebiscitos, referendos e eleições.
2 Cidadania e Ética
17

Figura 1 -  No Brasil, o voto obrigatório busca garantir a democracia


Fonte: Dreamstime ,2012.

O plebiscito ocorre quando os cidadãos, por meio do voto, aprovam ou não


uma questão importante para o país, antes da aprovação de uma lei. Já o referen-
do é uma consulta feita à população, depois da aprovação de uma lei.
Já as eleições ocorrem quando um grupo de pessoas escolhe um de seus in-
tegrantes para ocupar um cargo público por meio da votação. No Brasil, a eleição
mais importante é para o Presidente da República.
A escolha se dá através do voto nessas eleições que é garantido pela Consti-
tuição Brasileira de 1988. A constituição é a maior lei do país, servindo de base
para a formulação das demais leis e normas existentes em nosso território, sobre
as diversas temáticas, como a garantia dos direitos básicos da população e a pre-
servação do meio ambiente.

No Brasil, já tivemos um plebiscito onde o povo foi con-


VOCÊ sultado sobre a forma e o sistema de governo: Monar-
quia, República, Presidencialismo ou Parlamentarismo.
SABIA? Através dessa consulta, o povo brasileiro decidiu manter
a República Presidencialista.

A escola é um importante local de educação e construção desta cidadania. Ela


deve buscar ensinar, junto com a família, o que é a vida em sociedade além dos
direitos e deveres individuais e da população. Essa cidadania não deve existir ape-
nas para uma parcela da população, mas sim para todos que estejam inseridos na
sociedade modelo.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
18

3 valores morais

Conjunto de regras para


dirigir as ações do homem,
em sociedade. As leis da
Honestidade.

Figura 2 -  Cidadania para todos


Fonte: SENAI, 2012.

Todos devem ser educados para exercer ações cidadãs, em prol de uma socie-
dade mais justa e igualitária, visando a promover a cidadania pautada na demo-
cracia, na justiça, na igualdade, na equidade e na participação da sociedade nas
decisões sobre seus rumos.
Agir em sociedade é lidar com o conflito de idéias, a diversidade de pensamen-
tos, a influência da cultura de cada povo, e os sentimentos existentes nas relações
sociais.
Os valores morais3 de cada indivíduo dependem do ensino que lhe é passado,
através da educação recebida, pela escola e pela família, e das suas experiências
de vida, como a vivência profissional, por exemplo. A convivência no ambiente de
trabalho, assim como na família, na religião ou na escola, também influencia nos
valores de cada indivíduo como cidadão.
Sendo assim, a empresa deve construir espaços para diálogo e participação
dos trabalhadores nas suas atividades cotidianas e o respeito aos colegas é muito
importante para a manutenção da democracia.
Todos possuem direitos iguais, de acordo com a atual Constituição Brasileira, in-
dependentemente do papel que exerça na sociedade. Os donos da empresa, os ge-
rentes e os funcionários possuem direitos, como seres humanos, iguais perante a lei.

SAIBA Procure, nas bibliotecas da sua cidade ou escola, a Constitui-


ção Federal Brasileira. Saiba mais sobre a lei mais importante
MAIS do seu país e conheça os seus direitos.
2 Cidadania e Ética
19

2.1.2 Direitos sociais e humanos

Os Direitos Humanos são válidos para toda a humanidade e são fundamen-


tais aos indivíduos, pois, sem eles, a pessoa não consegue se desenvolver e viver
em sociedade. Esses direitos são considerados naturais, ou seja, são inerentes à
pessoa humana e estão fundamentados na liberdade e na dignidade.
Os principais direitos humanos são:
a) o direito à vida;
b) o direito à alimentação;
c) o direito ao afeto;
d) o direito à livre expressão da sexualidade.

Até um feto, na barriga de sua mãe, já possui Direitos Humanos!

Nenhum direito deve ser mais importante do que o outro e, para o exercício
da cidadania, deve haver a garantia desses direitos humanos, para cada cidadão.
Nenhum direito deve ser esquecido para que haja cidadania plena.
Não deve haver, na sociedade, discriminação de classe social, de cultura, de
etnia, de religião, de raça e de orientação sexual. Para que exista a igualdade de
direitos, é preciso que exista o respeito às diferenças.

Figura 3 -  O respeito às diferenças é fundamental na sociedade


Fonte: Dreamstime, 2012.

A igualdade é fundamental para o desenvolvimento da humanidade e para


tornar os Direitos Humanos mais reais. Nas relações de trabalho, por exemplo, a
discriminação pode afetar a realização das tarefas, por parte do discriminado, in-
fluenciando na qualidade do produto ofertado ou serviço prestado. Outro ponto
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
20

que é influenciado é a saúde desse indivíduo, a depender de como ele enfrente a


situação. Logo, a discriminação causa situações desagradáveis a todos.

O respeito aos direitos fundamentais dos seres huma-


nos se originou da Declaração Universal dos Direitos
VOCÊ Humanos (DUDH), da Organização das Nações Unidas
(ONU). Pois é! E a ONU ainda publicou 03 (três) dimen-
SABIA? sões dos direitos humanos: as liberdades individuais, ou
o direito civil; os direitos sociais; e os direitos coletivos
da humanidade.

Assim como os direitos humanos, os direitos sociais são fundamentais para


a cidadania. O direito humano está relacionado com o direito do indivíduo, e o
direito social com os direitos de um grupo de pessoas, de toda a coletividade.

FIQUE O seu direito de liberdade individual está associado ao de-


ALERTA ver para com a sociedade em que vive!

A nossa atual Constituição Federal estabelece oito direitos sociais:


a) à educação;
b) à saúde;
c) ao trabalho;
d) ao lazer;
e) à segurança;
f) à previdência social;
g) à proteção à maternidade e à infância;
h) à assistência aos desamparados e a moradia. 
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Os Direitos
sociais são, de acordo com a nossa constituição, algo próprio de todo brasileiro.

2.1.3 Inclusão social: PNE

As diferenças na sociedade representam grandes oportunidades de aprendi-


zado e não devem ser absorvidas sob a forma de preconceito e discriminação.
2 Cidadania e Ética
21

Todos nós, seres humanos, independente da raça, nacionalidade, religião, cul-


tura ou classe socioeconômica a que pertençamos, devemos estar incluídos na
sociedade.
Não deve haver exclusão, de nenhuma forma, já que somos todos iguais pe-
rante a lei. Possuidores de direitos humanos e sociais, todas as nossas necessida-
des fundamentais são garantidas por lei e é, nesse contexto, que a inclusão social
das Pessoas com Necessidades Especiais (PNE) se enquadra.
Todo indivíduo deve ser participante da vida política, econômica e social, mes-
mo que possua alguma necessidade especial, como usar cadeira de rodas. E, além
disso, tem o direito de se locomover em sua cidade, que deve possuir espaços
adaptados.
Logo, perceba que a inclusão não está somente relacionada com a aceitação
dessas pessoas, pela sociedade. Os espaços públicos e privados, a depender do
serviço oferecido, devem possuir meios que insiram o PNE e auxiliem a sua loco-
moção e a sua comodidade.
Esses espaços adaptados são de extrema importância para a inclusão social do
portador de determinadas necessidades já que, por exemplo, o usuário de cadei-
ra de rodas não consegue atravessar a rua, sem ajuda, se não houver rampas de
acesso da rua para a calçada.

Figura 4 -  Rampa de acesso à calçada (adaptação para PNEs)


Fonte: SENAI, 2012.

As empresas também devem oferecer empregos a pessoas portadoras de ne-


cessidades especiais, e devem estar adaptada para que esta pessoa desenvolva
suas atividades sem pôr em risco a sua segurança e a segurança dos demais tra-
balhadores.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
22

A inclusão social está relacionada com o respeito às diferenças e com o apoio


mútuo entre as pessoas. Por isso, em 1975, a ONU criou uma declaração, conten-
do os direitos das pessoas com deficiências.
É importante que você saiba que essa declaração defende a cidadania e o
bem-estar das pessoas portadoras de necessidades especiais, através de direitos
como:
a) independente da origem, natureza e gravidade de suas incapacidades, o
PNE tem os mesmos direitos que os outros cidadãos, o que implica no direito
de uma vida decente, tão normal quanto possível;
b) o PNE tem os mesmos direitos civis e políticos dos demais Indivíduos;
c) o direito de desenvolver capacidades que as tornem, tanto quanto possível,
autoconfiantes;
d) o direito ao tratamento médico e psicológico, visando a sua reabilitação,
bem como o acesso a serviços que as habilitam a desenvolver atividades
voltadas à integração ou reintegração social;
e) o direito à segurança social econômica, tendo direito a emprego remune-
rado;
f) o direito a que suas necessidades especiais sejam incluídas no planejamento
econômico e social;
g) o direito de viver com sua família e de participar das atividades sociais; den-
tre outros.
Devemos sempre buscar estratégias que melhorem as condições de vida para
a população, na igualdade de oportunidades para todos os seres humanos, e
ações inclusivas adotadas no local de trabalho podem ajudar a construir valores
éticos desejáveis.
O poder público deve enfrentar as exclusões, em prol da cidadania, e a em-
presa deve estar comprometida com essa convivência democrática, em busca de
melhores condições de trabalho e relações mais amistosas entre os trabalhadores.
2 Cidadania e Ética
23

Figura 5 -  Inclusão social nas relações pessoais e de trabalho


Fonte: SENAI, 2012.

Para este enfrentamento das exclusões, garantia de direitos à população e


busca da cidadania, é necessário que você saiba o que é a ética.

2.2 Ética

Viver em sociedade é lidar com a realidade e as várias normas sociais e morais


que nela existem. Neste contexto, podemos citar as relações familiares e as rela-
ções profissionais.
O ser humano, que vive em sociedade e convive com outros seres, deve sem-
pre buscar pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os
outros?”.
Esta resposta está relacionada à moral e aos diversos tipos de ações em socie-
dade, como levantar no ônibus para dar lugar a um idoso e respeitar uma fila em
uma loja, por exemplo.
Agora, para entender melhor o que é a ética, vamos conhecer o seu conceito.

2.2.1 Conceito

A ética é o estudo geral do que é bom ou mau, certo ou errado, justo ou injus-
to, adequado ou inadequado. Ela está relacionada com a reflexão sobre a moral
humana e busca regular das relações dos homens com o mundo em que vivem.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
24

A ética e a moral devem ajudar uma pessoa a analisar as ações do seu dia a dia,
buscando adequar a convivência com outras pessoas, através de princípios que
agreguem valores pessoais e coletivos.

VOCÊ Ética é diferente de moral. Pois é! A moral quer dizer


costume, ou conjunto de normas ou regras adquiridas
SABIA? com o passar do tempo.

Os princípios e valores são adquiridos na convivência e auxiliam a população


a separar o que pode e o que não pode ser feito sozinho ou em grupo. A ideia é
sempre de buscar um mundo melhor para todos, já que cada um é responsável
pela realidade social a sua volta.
As relações necessárias à convivência em sociedade estão relacionadas com
a família e com a vida profissional de cada indivíduo, sendo a ética de extrema
importância para garantir relações amistosas entre as pessoas.

2.2.2 Importância da ética para as relações familiares e


profissionais

Buscar sempre agir de forma ética no seu ambiente familiar e de trabalho é es-
sencial para a construção da cidadania efetiva, e ações devem ser desenvolvidas
para enfrentar e prevenir as possíveis exclusões, preconceitos e discriminações,
em prol, por exemplo, de uma sociedade que inclua socialmente as pessoas com
necessidades especiais.
É nas relações familiares que você aprende a viver em sociedade, e onde os
valores de seus parentes são agregados aos seus conhecimentos.
2 Cidadania e Ética
25

Figura 6 -  Os diálogos familiares como formadores de valores éticos


Fonte: Dreamstime, 2012.

Os laços afetivos na família visam a manter os membros unidos, através da


moral e dos bens materiais, durante as suas gerações.
Dessa forma, a família costuma ser a principal responsável pela formação da
consciência cidadã entre os seus membros e suas adaptações à vida em sociedade.
Na vida de um indivíduo, tão importante quanto essas relações familiares es-
tão as relações profissionais. Às vezes, a pessoa fica mais tempo no trabalho do
que com a própria família, não sabendo conciliar estas relações.
Em toda a formação profissional, aprender competências e habilidades refe-
rentes à prática do trabalho deve estar associado às reflexões éticas da profissão.
Ao completar a formação, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e
comprometimento com a categoria profissional na qual está ingressando.
A ética, na profissão, é uma adesão voluntária a um conjunto de regras estabele-
cidas como sendo as mais adequadas para o exercício das atividades profissionais.
Isso não significa que você não tenha que obedecer às normas de uma profis-
são que não tenha escolhido voluntariamente. Ao pertencer a uma classe traba-
lhadora, mesmo que temporariamente, você já tem deveres a cumprir.
Um jovem que, por exemplo, exerce a atividade de auxiliar administrativo du-
rante o dia e, à noite, faz curso de Edificações, certamente estará pensando sobre
seu futuro em outra profissão, mas não deve deixar de refletir sobre a sua prática
na atividade atual.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
26

Não se deve esquecer que algumas atitudes são comuns a todas as atividades
profissionais, como a cooperação no trabalho em equipe para melhorar o seu tra-
balho e o dos demais colegas.
Essas atitudes não estão descritas nos códigos de conduta das profissões, mas
estão por traz das boas relações entre os colegas e melhores desempenhos no
trabalho.

CASOS E RELATOS

Ademir foi contratado por uma empresa de construção civil para exercer
um papel muito importante: coordenar a descarga dos materiais para o
canteiro de obras e ordená-los de forma a manter o material em seu local
adequado. Ele também dava suporte à equipe de limpeza.
 Ademir sempre ficava chateado com seus colegas de trabalho que, ao ter-
minar o café da manhã no canteiro, jogavam restos de comida, papéis e
copos descartáveis no chão da obra.  Ao relatar ao técnico de segurança de
trabalho seu incômodo ao ver os colegas se comportando daquela forma,
eles resolveram fazer uma palestra de conscientização sobre ética e cida-
dania no ambiente de trabalho. Foram abordados o respeito ao próximo, a
importância de uma atitude cidadã dentro do trabalho, e as consequências
de atitudes, como jogar copos plásticos no chão e os prejuízos ao meio
ambiente que estes acarretam.
Agora, os colegas de Ademir entendem que, ao agir com ética e respeito
aos colegas e ao seu local de trabalho, o desempenho de suas atividades
melhora; seja em atividades individuais ou em equipe, além de tornar a sua
vida e a das outras pessoas mais agradável.

Fazer a coisa certa no trabalho demonstra que o profissional está agindo com
ética. O engenheiro que utiliza o material mais indicado para construção de um
edifício; o pedreiro que mantém seu ambiente de trabalho organizado e ajuda a
organizar os demais, para evitar acidentes; e o auxiliar de obras que descarrega
os materiais e se preocupa com a limpeza do local são exemplos de ações etica-
mente corretas.
Fique atento às leis de sua profissão. Se houver algo que possa mudar em bus-
ca de relações profissionais mais éticas, busque fazê-lo.
2 Cidadania e Ética
27

2.2.3 Crise ética na contemporaneidade e seus efeitos nas


relações interpessoais

Atualmente, falar sobre os diversos problemas existentes no país e não men-


cionar a ética é muito difícil.
As crises sociais têm trazido muitos questionamentos referentes à ética e à
moral, como por exemplo, a insegurança pública e privada que vivemos e os des-
vios de verbas públicas por governantes eleitos pelo voto com o intuito de defen-
der os nossos direitos.
As pessoas não se sentem mais satisfeitas pelos atos honestos que praticam
e a sociedade gira em torno dos que mais têm poder e dinheiro. Muitos desses
detentores de poder não agem de acordo com os princípios morais e as conse-
quências são percebidas nas próprias relações entre as pessoas na sociedade.
A busca pela felicidade individual e o egoísmo presente em diversas famílias
agravam essas relações interpessoais, cada vez mais frias, com pessoas que não
se preocupam com os outros, demonstrando maus comportamentos e desfazen-
do laços de convívio social.
No ambiente de trabalho, a existência de profissionais não éticos pode prejudicar
o andamento das atividades e causar prejuízos à empresa e a seus colaboradores.

Figura 7 -  Relações conflituosas no trabalho podem prejudicar as atividades no trabalho


Fonte: Dreamstime, 2012.

Não se esqueça de que a ética trata de princípios e não de mandamentos. Bus-


que agir com justiça e garanta o bem de todos ao seu redor, sem exclusões ou
discriminações.
A preocupação com os demais e não apenas consigo mesmo é um bom com-
portamento e a ética é um constante pensar, refletir e agir.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
28

A tarefa de manter e desenvolver os valores éticos e morais é de toda a socie-


dade. Não deixe de fazer a sua parte em busca da qualidade de vida para você e
para os demais ao seu redor.

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, que a cidadania é um conjunto de deveres e direitos


que permitem que cada cidadão participe da vida pública e da vida política
de seu país, permitindo que haja democracia através do voto e da partici-
pação da população nas decisões sobre sua nação.
A constituição brasileira garante, a cada cidadão, uma vida digna, segura
e saudável, com o atendimento às necessidades básicas a toda população,
como o direito social à saúde e à educação.
A família e a escola são importantes na construção da cidadania em so-
ciedade, que se reflete na vivência profissional de cada indivíduo. Saber
conciliar estas relações profissionais com as relações familiares é muito im-
portante e irá refletir no bom desempenho das atividades e nas relações
cotidianas.
Vimos ainda que não devem existir diferenças na sociedade e todos têm o
direito a tratamento igualitário, perante a lei, não devendo haver exclusão,
de nenhuma forma, inclusive para os Portadores de Necessidades Especiais
(PNE), que além de direitos, também devem possuir os espaços públicos
adaptados para a sua locomoção.
Os valores morais e éticos são adquiridos na convivência e auxiliam a popu-
lação a separar o que pode e o que não pode ser feito. A ética é importante
para garantir relações amistosas entre as pessoas.
Por fim, não devemos esquecer que a crise ética atual é agravada pelo
egoísmo presente, cada vez mais, nas relações interpessoais. Logo, deve-
mos sempre buscar a melhor convivência em sociedade, em busca de qua-
lidade de vida para todos, sem discriminações e exclusões sociais.
2 cidadania e ética
29

Anotações:
Qualidade do Trabalho

Um produto ou um serviço, para satisfazer as necessidades do cliente, deve ser de qualida-


de. É de costume escutar esta frase ou exigirmos essa qualidade dos produtos que compramos,
seja esse produto uma televisão, um carro ou até um imóvel.
As empresas têm se preocupado, cada vez mais, em adequar seus produtos às exigências
dos seus clientes e das leis. E não é para menos! Um cliente insatisfeito ou um produto fora das
normas pode prejudicar a empresa e os seus funcionários, porque, se uma empresa declara
falência, por exemplo, devido a produtos sem qualidade e péssimas vendas no mercado, todos
serão prejudicados. A qualidade deve vir associada, também, à:
a) economia de insumos e de energia;
b) proteção à saúde;
c) integridade física dos trabalhadores;
d) preservação da natureza.
Logo, entender os conceitos e procedimentos relacionados a essa qualidade é imprescindí-
vel para a venda do produto, para a competitividade da empresa no mercado e para a satisfa-
ção dos seus clientes.
Neste capítulo, você estudará os princípios de uma gestão de qualidade e como esta quali-
dade se insere no exercício do trabalho na Indústria da Construção Civil (ICC).
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
32

1 retrabalho 3.1 Conceitos e procedimentos


Atividades relacionadas E você, sabe o que é Qualidade? Vamos buscar entender melhor o termo atra-
ao ato de refazer as tarefas
que não foram realizadas vés do seu conceito.
dentro dos requisitos de
qualidade, ou seja, as
principais características da
obra, estabelecidos entre a
empresa e o seu cliente. 3.1.1 Conceito

Qualidade é o conjunto de propriedades de um bem ou de um serviço que


satisfaça as necessidades dos seus clientes e esteja devidamente associado aos
cuidados com a segurança de todos e com o meio ambiente.
Em outras palavras, qualidade é fazer o trabalho correto da 1ª vez, sabendo o
que ele precisa e atendendo às exigências do mercado e das leis e normas.
É possível implantar a qualidade em qualquer setor produtivo, seja relaciona-
do a bens ou a serviços.
A qualidade nas obras, por exemplo, envolve bons projetos, que descrevam
corretamente as características da construção, com bons equipamentos e mate-
riais, processos padronizados de trabalho e pessoal devidamente treinado para
executar cada tarefa.

Figura 8 -  Bons materiais e mão de obra qualificada buscam garantir a qualidade da obra
Fonte: Dreamstime, 2012.

Mas, como a empresa pode obter e manter a qualidade do seu produto?


3 QUALIDADE DO TRABALHO
33

Para responder a esta pergunta, vamos primeiro conhecer alguns dos princi-
pais procedimentos envolvidos no processo de produção e entrega do produto
ao cliente.

3.1.2 Procedimentos

O planejamento das atividades dá início a uma série de procedimentos que


a empresa deve realizar para obter produtos com qualidade. Junto a este plane-
jamento, deve haver uma análise das atividades, como a análise das etapas e os
processos de treinamentos da mão de obra.

Figura 9 -  O planejamento é essencial para a qualidade


Fonte: Dreamstime, 2012.

O trabalho planejado, feito de forma correta, evita desperdícios de materiais e


retrabalhos1 que interferem no orçamento e no prazo de entrega da obra.

CASOS E RELATOS

Na obra de um edifício residencial, o técnico de edificações Pedro percebeu


que os estribos da viga v2 estão espaçados a cada 14 cm, mas, no projeto
original, o espaçamento que deve ser respeitado é de 12 cm. Isso demons-
trou uma grave não-conformidade para os padrões da qualidade.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
34

Ao perguntar a Sr. José, que era novo na função de armador e não havia
passado por treinamento, qual foi o gabarito utilizado para marcar o espa-
çamento, este afirmou que foi o mesmo especificado nos documentos da
obra que era de 14 cm.
Pedro percebeu que houve um erro no entendimento do Sr. José referente
ao trabalho. Ele trocou os gabaritos ao utilizar o gabarito da viga v3, que era
de 14 cm, com o da viga v2 de 12cm, achando que eram de medidas iguais.
Foram tomadas algumas ações, para corrigir a falha de forma preventiva,
como o treinamento do senhor José e de outros colaboradores.
Apesar de todo retrabalho e dos prejuízos ao cronograma que o treina-
mento inadequado causou, todos aprenderam que a qualidade, no exercí-
cio do trabalho, é de total importância para a conclusão da obra.

Logo após o planejamento, têm-se os procedimentos de aquisições de mate-


riais, equipamentos e mão de obra; procedimentos de desenvolvimento do pro-
jeto; dentre outros.
Como exemplos de procedimentos, a empresa deve buscar:
a) o controle do produto, através de inspeções das atividades e melhoria con-
tínua;
b) o controle das ações, através do plano de ações;
c) o controle das não conformidades nos produtos, através das comparações
com o projeto. Dizemos que um produto possui não-conformidade sempre
que ele não cumprir com os requisitos especificados.
Agora que abordamos os procedimentos, como responderia à pergunta: como
a empresa pode obter e manter a qualidade do seu produto?
Se sua resposta foi a de que deve existir uma equipe de pessoas comprometi-
das com o bom resultado dos seus procedimentos, em busca de um produto com
qualidade, ou seja, conforme o solicitado pelo cliente, você respondeu certo!
O trabalho de cada um, elaborado de forma correta, traz a conformidade de-
sejada do produto.
Na construção civil, a ideia da qualidade deve estar envolvida em todos os
processos, desde a ideia de desenvolver um edifício, até a sua entrega ao cliente,
passando pelos processos de comercialização e produção do empreendimento.
Todos esses processos construtivos são auxiliados por processos menores, como
o sistema de qualidade, auditorias e gestão de pessoas.
3 QUALIDADE DO TRABALHO
35

Vamos analisar melhor a qualidade através dos princípios necessários para


uma gestão de qualidade.

3.2 Princípios de gestão da qualidade (satisfação do cliente,


participação e produtividade)

Os princípios da gestão de qualidade são as regras fundamentais em uma em-


presa, na melhoria contínua dos seus processos quanto em um melhor desempe-
nho a longo prazo, visando a atender às necessidades de seus clientes.
Dentre os princípios de gestão da qualidade, abordaremos os seguintes:
a) satisfação do cliente;
b) participação;
c) produtividade.
Antes de conceituá-los, é importante que você compreenda o que é gestão da
qualidade.
A gestão da qualidade é o modo de gestão utilizado pela empresa, na qual
é implementada a política de qualidade e os objetivos definidos para alcançá-la.
Perceba que, para entender melhor este conceito, você precisa entender que a
política de qualidade é aquela que contém as orientações gerais da empresa, rela-
cionadas com a qualidade de seu produto, ou seja, contém as principais diretrizes
relacionadas à qualidade.

Procure conhecer a política de qualidade da empresa na qual


SAIBA você trabalha. É importante que esteja ciente das diretrizes e
MAIS dos objetivos da gestão de qualidade e possa realizar as ativida-
des de forma correta, evitando desperdícios e retrabalhos.

A gestão de qualidade é importante para a empresa porque visa à satisfação


dos seus clientes, a participação dos trabalhadores na gestão e a produtividade
nos negócios.
A satisfação dos clientes é o primeiro princípio e uma necessidade atual de qual-
quer empresa. Os clientes têm exigido sempre mais qualidade nos produtos adquiri-
dos e as empresas que não buscam aprimorar seus produtos têm ficado para traz nas
negociações, porque acabam afastando o interesse de compra da população.
O segundo princípio citado, o da participação, visa a garantir que os trabalha-
dores assegurem a qualidade do produto. Essa participação tem sido essencial e
todos devem se envolver no trabalho de modo a colaborar com a equipe. Se não
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
36

2 otimização houver participação, a qualidade pretendida pode não se alcançada e o cliente


não ficará satisfeito.
Processo que busca sempre
a melhoria, até o máximo.

Figura 10 -  O sucesso é a participação fundamental para a qualidade


Fonte: Dreamstime, 2012.

Aliado aos princípios da satisfação do cliente e da participação, pode-se citar


a produtividade. Esta possui relação direta com o tempo gasto para a fabricação
de um produto. Quanto melhor a otimização2 do tempo, maior a produtividade,
e vice-versa. Em resumo, a produtividade é a relação da atividade realizada com o
resultado desta atividade. É muito comum ouvirmos falar, na construção civil, de
hh/m² (homem hora por metro quadrado), ou melhor, quanto tempo de trabalho
foi necessário para levantar tantos metros quadrados de determinado material.
Se um trabalhador consegue realizar uma atividade em um tempo menor do
que o especificado, ele conseguirá produzir mais em seu dia de trabalho. Com
isso, todos ganham:
a) ganha a empresa, porque a obra é entregue no prazo, e o cliente fica satis-
feito;
b) ganha o cliente, que recebe um produto melhor e de acordo com o especi-
ficado;
c) ganha o trabalhador, que com melhores condições de trabalho tem os ris-
cos de acidentes diminuídos, com o aumento da segurança na realização de
suas atividades.
Percebeu que juntos, os princípios da gestão da qualidade buscam garantir o
sucesso da empresa no mercado e que a implantação dessa gestão garante maior
3 QUALIDADE DO TRABALHO
37

organização nos processos e procedimentos dessa empresa? Pois é! E outros be-


nefícios também podem ser percebidos, como: proteção à saúde dos trabalhado-
res e do meio ambiente, assuntos que abordaremos nos próximos capítulos.
Na construção civil, a gestão da qualidade tem vindo acompanhada da noção
de racionalização3. A racionalização tem relação com o círculo contínuo da quali-
dade, também conhecido como PDCA, do inglês Plan, Do, Check e Act, traduzidos
para: planejar, fazer, checar e corrigir.

Act Plan
Corrigir Planejar

A P
C D
Check Do
Checar Fazer

Figura 11 -  Ciclo PDCA


Fonte: BLOGG PEEGG, 2011. (Adaptado)

O PDCA busca a melhoria contínua dos processos, visando a torná-los mais


simples e eficientes.
Essas ações de planejamento, execução, controle e correções devem ser con-
tinuadas, por isso a ideia de círculo contínuo. Estas ações relacionam-se com o
processo de racionalização visando, com eficiência, tornar os bens ou serviços
mais baratos, do ponto de vista econômico.
Qualquer que seja o setor produtivo, é sempre possível haver a racionaliza-
ção dos processos; a economia de insumos; e desenvolvimento do produto com
qualidade, independentemente da tecnologia utilizada. Contudo, a inserção de
novas tecnologias nos processos de produção tem trazido bons resultados, com
altos ganhos, inclusive os ambientais.
Na construção civil, problemas na obra podem acarretar desperdícios, geran-
do outras perdas e impactos associados, como os impactos ao meio ambiente e
à saúde da comunidade e do trabalhador. O planejamento e a organização são
indispensáveis neste sentido.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
38

3 racionalização 3.3 A qualidade no exercício do trabalho


Tornar mais eficaz e menos
custoso um processo de
Entender a importância da qualidade no exercício do trabalho de um profis-
produção. sional da construção civil requer entender sobre vários princípios como aqueles
que estudaremos a seguir.

3.3.1 Organização, limpeza e desperdício

a) Organização e limpeza:
A organização e limpeza nas atividades inseridas na construção civil são essen-
ciais na busca pela qualidade. Se os canteiros estiverem sujos, com entulhos ou
obstruídos, podem acarretar inúmeros acidentes, comprometendo a saúde dos
trabalhadores e o uso dos materiais, causando desperdícios e reflexos negativos
na produtividade;
b) Desperdício:
O desperdício vem sendo muito demonstrado através do conhecido método dos
5S. Cada “S”, no total de cinco. Veja, na tabela abaixo, cada senso e seu significado:

senso função como fazer

Seiri Senso de Utilização Verificar o que pode ser utilizado.

Seiton Senso de Ordenação Manter organizado o ambiente de trabalho.

Seisou Senso de Limpeza Manter limpo o ambiente de trabalho.

Seiketsu Senso de Saúde Buscar cuidar da saúde dentro e fora do local de trabalho.

Shitsuke Senso de Disciplina Realizar corretamente as atividades, buscando aperfeiçoá-las.

Quadro 1 - Os 5S
Fonte: SENAI, 2012.

O método reflete a necessidade de relacionar o uso eficiente dos recursos na-


turais nas construções, juntamente com a devida arrumação desses recursos em
um canteiro ou uma fábrica.
Então, a aplicação dos 5S pode evitar desperdícios, liberar áreas, melhorar rela-
cionamentos no trabalho, facilitar as atividades no canteiro e melhorar a localiza-
ção de recursos utilizados. Tem sido uma excelente ferramenta para implantação
da qualidade nas empresas.
Os desperdícios são considerados resíduos da produção e, para que estes resí-
duos não venham a afetar o meio ambiente, devemos buscar o constante aperfei-
3 QUALIDADE DO TRABALHO
39

çoamento nas atividades, adotando-se ações que foquem no controle do que vai
ser utilizado na produção, visando a evitar sobras, ou minimizando, ao máximo, o
que não puder ser evitado.
Não adianta ter muitos recursos se não souber utilizá-los, ordená-los, limpá-los
e conservá-los. O maior controle na captação dos recursos gera maior otimização
e higiene.
A falta dessas ações resultará em desperdícios de materiais mal utilizados que
necessitarão de local correto para descarte, caso não haja possibilidade de reuso
ou reciclagem. Por isso, que minimizar o uso de recursos é muito importante.

3.3.2 Conformidade dos produtos gerados ou serviços


prestados

Os bens ou serviços, dentro deste conceito de qualidade e sua gestão, buscam


a conformidade, através ou não de certificação.
A certificação é quando uma organização autorizada, em um processo de au-
ditoria4, visita uma empresa e confere se seu sistema de gestão está de acordo
com a norma especificada. Se sim, emite certificado comprovando a conformida-
de, ou seja, que os procedimentos da empresa estão de acordo com esta norma.
A norma ISO 9001, por exemplo, possui requisitos para a implantação de um
sistema de gestão de qualidade na empresa. Isso quer dizer que empresa que
possuir essa certificação produz ou presta serviços com qualidade.

A ISO, do inglês International Organization for Standar-


VOCÊ dization, traduzida para Organização Internacional de
Normalização, é uma organização não-governamental,
SABIA? que tem o intuito de promover a normalização de pro-
dutos e de serviços.

As empresas que adotam as normas da Organização Internacional de Norma-


lização (ISO) – ganham vantagens como a credibilidade, a produtividade e uma
maior competitividade decorrente da satisfação do cliente com relação aos pro-
dutos ofertados ou aos serviços prestados.
Essa organização possui muitas normas que abrangem os diferentes ramos da
sociedade, como a já citada ISO 9001, referente à qualidade e a norma ISO 14001,
referente à implantação do Sistema de Gestão Ambiental na empresa. Na organi-
zação, cada norma está inserida em uma família. A 9001 está inserida na família
ISO 9000, que compreende, além da já citada, as normas ISO 9002, 9003 e 9004.
Todas as normas desta família abordam o gerenciamento e a garantia da qualida-
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
40

4 auditoria de na empresa, apesar de as abrangências serem diferentes, para cada uma. A ISO
9001 é a mais completa e visa a implantar e controlar um sistema de qualidade
Processo de avaliação
da eficiência da gestão em todas as fases de produção.
administrativa e dos
resultados alcançados.

PRESA

EM

A
AD
ER
TIFIC
C
Figura 12 -  Selo de certificação ISO 9001
Fonte: SENAI, 2012.

Se a empresa que você trabalha estiver iniciando o pro-


cesso de certificação, é bom ficar atento ao que a norma
FIQUE estabelece. Cada empresa possui necessidades específicas,
ALERTA e esta norma deve ser adaptada a estas necessidades, que
vão variar de acordo com o produto desenvolvido ou ser-
viço prestado.

E a conformidade sem certificação?


A conformidade pode também não vir acompanhada de certificação, caso a
empresa não tenha este interesse. Neste caso, há verificação de conformidade à
norma por parte da própria empresa, relacionada à busca por melhorias ou até
auditorias internas, antes da certificação.
Portando, a conformidade é o atendimento de um produto ou serviço a uma
determinada especificação. Esta conformidade deve ser buscada por todas as
partes envolvidas no processo, visando à satisfação do cliente e a diferenciação
do bem ou serviço no mercado.
Uma melhor qualidade no trabalho deve estar relacionada a uma maior otimi-
zação das atividades, diante de menores desperdícios e maior limpeza.
Para alcance dessa qualidade, a empresa deve buscar não somente a otimiza-
ção, mas também a higiene e a segurança em seu ambiente de trabalho, em prol
da saúde de seus trabalhadores.
3 QUALIDADE DO TRABALHO
41

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos que um produto ou um serviço com qualidade é


aquele que satisfaz as necessidades do cliente e atende às exigências das
normas e das leis específicas. Fazer um trabalho com qualidade é, antes de
tudo, fazê-lo correto na 1ª vez, evitando, assim, desperdícios e retrabalhos.
A qualidade tem sido um fator determinante para a competitividade das
empresas no mercado. Nas obras, por exemplo, essa qualidade envolve
bons projetos, bons equipamentos e materiais, pessoal devidamente trei-
nado para executar cada tarefa, dentre outros. Cada processo deve possuir
procedimentos específicos realizados com qualidade, para que o produto
seja entregue em conformidade!
A gestão da qualidade é o modo de gestão utilizado pela empresa para im-
plantar a sua política de qualidade e os objetivos definidos para alcançá-la.
A política de qualidade possui as orientações gerais com as principais dire-
trizes relacionadas ao alcance ou manutenção da qualidade na empresa.
Não podemos esquecer que os princípios da satisfação do cliente e da par-
ticipação dos trabalhadores são fundamentais para a qualidade e influen-
ciam positivamente na produtividade.
Vimos, ainda, que a racionalização tem se inserido na gestão da qualidade
e busca tornar o processo de produção mais eficaz e menos custoso. Racio-
nalizar acarreta menos desperdícios, que, por sua vez, ajuda a minimizar os
impactos ao meio ambiente e à saúde do trabalhador e da comunidade.
Juntos, a organização, a limpeza, o não desperdício e a entrega de produtos
conforme o solicitado pelo cliente trazem a melhoria, a certificação e o reco-
nhecimento da empresa, diante de um mercado cada dia mais competitivo.
Saúde, Higiene
e Segurança do Trabalho

Saúde, Higiene e Segurança no trabalho são essenciais para atingir a gestão da qualidade
nas empresas, em conjunto com a participação dos trabalhadores e a satisfação do cliente,
princípios essenciais a essa gestão, que devem ser vistos como um investimento, em busca de
retornos no que tange à qualidade.
Os retornos podem ser percebidos de diversas maneiras, como, por exemplo:
a) diminuição dos riscos e consequentes custos dos acidentes no trabalho;
b) satisfação de trabalhar em um ambiente seguro;
c) maiores vantagens competitivas da empresa.
Para entender melhor sobre esta abordagem, vamos iniciar este capítulo buscando com-
preender algumas noções básicas sobre higiene, saúde e segurança no ambiente de trabalho.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
44

4.1 Noções básicas

A higiene é fundamental para a empresa e seus trabalhadores e, quando uma


produção ocorre em local limpo e organizado, tende a possuir maior qualidade.
O ambiente de trabalho não deve ocasionar nenhum dano à saúde do traba-
lhador e todos os cuidados são necessários para evitar situações de perigo.
A construção civil encontra-se entre as atividades econômicas que mais estão
relacionadas a acidentes de trabalho. Por isso, a segurança é um aspecto tão im-
portante quanto à higiene e à saúde.
Todos, na empresa, devem estar atentos às normas de segurança. Se houver
descuido de um trabalhador, com relação a estar seguro na realização de suas
atividades, os outros colegas podem, também, ser colocados em perigo.
Para evitar acidentes, é necessário que os envolvidos, como pedreiros, ajudan-
tes, engenheiros, ou até visitantes, sigam as medidas corretas de segurança no
ambiente de trabalho.
Mas, você sabe o que é um acidente? Para compreender melhor a ideia de saú-
de, higiene e segurança do trabalho, contextualizada no decorrer deste capítulo,
você deve estar atento a conceitos importantes, como os abordados a seguir.
Vamos começar com a definição de acidente:
O acidente é algo que acontece, de forma não esperada, e que pode causar
danos pessoais, materiais e até financeiros para o trabalhador e para a empresa.
Os acidentes sempre são indesejados, e as suas ocorrências estão relacionadas
a não valorização da vida, da saúde e da integridade física dos trabalhadores, por
parte da empresa, expondo-os a situações perigosas, com riscos à saúde.
O acidente de trabalho é aquele que acontece no trabalho, em função do
serviço realizado pelo trabalhador, para a empresa. Pode provocar lesão corporal,
doenças e até a morte do trabalhador, a depender de sua gravidade.

Figura 13 -  Acidente de trabalho


Fonte: SENAI, 2012.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
45

Nos momentos destinados a refeições ou descansos, por exemplo, no local de


trabalho ou durante este, o trabalhador é considerado a serviço da empresa em
função de acidentes de trabalho.
Se um acidente ocorrer com o trabalhador no percurso do trabalho para casa
ou vice-versa, este é considerado como acidente de trajeto, não importando o
meio de transporte usado para locomoção: carro próprio, transporte coletivo ur-
bano, a pé ou até transporte empresarial.

CASOS E RELATOS

Antônio, um dos técnicos em Edificações da Empresa SA Construções, em


seu dia de folga, foi assistir ao jogo de futebol de seu time, no estádio de
sua cidade, onde a sua empresa está fazendo uma obra de reparos na fa-
chada.
Neste dia, a quantidade de pessoas excedeu a lotação máxima do estádio
e a estrutura das arquibancadas cedeu, causando um grave acidente. Para
Antônio, este acidente não foi caracterizado de trabalho, pois ele não esta-
va a serviço de sua empresa no dia.
Contudo, outra vítima da queda das arquibancadas foi o técnico Lúcio, que
presta serviços a mesma empresa e estava fazendo a vistoria no mesmo
momento do acidente. Para ele, ao contrário de Antônio, este acidente foi
considerado de trabalho, pois isto ocorreu em horário do seu expediente.
Os dois tiveram toda a assistência médica necessária, Antônio pelos res-
ponsáveis pelo jogo e pelo estádio, e Lúcio pela empresa em que trabalha.

Às vezes, em determinadas situações, não chega a ocorrer um acidente de tra-


balho, e sim um incidente, que é quando ocorre um evento indesejado, mas este
não causa danos ao trabalhador e à empresa.
Muitos conceitos, não é mesmo? Para não se confundir, veja a síntese desses
termos no quadro a seguir:
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
46

TERMO conceito

Algo que acontece, de forma não esperada, e pode causar danos pessoais,
Acidente
materiais e financeiros para o trabalhador, empresa e país.

Acidente que acontece no trabalho e em função do serviço realizado pelo


Acidente de trabalho
trabalhador, para a empresa.

Acidente que acontece com o trabalhador no percurso entre a casa e o


Acidente de trajeto
trabalho.

Evento perigoso que ocorre, mas não causa danos à empresa e ao traba-
Incidente
lhador.

Ocorrência inesperada que, por pouco, não se transformou em um incidente


Quase-acidente
ou acidente.

Quadro 2 - Conceitos importantes


Fonte: SENAI, 2012.

Percebeu que o conceito de quase-acidente foi incluído ao quadro. Pois é! E é


aprendendo com os erros e buscando a melhoria contínua e a segurança em suas
atividades que você evita e combate acidentes!
Mas você ainda deve estar se perguntando: quais as causas dos acidentes de
trabalho? Ou melhor, que atos e condições inseguras podem estar envolvidos em
um acidente?

4.2 Causas dos acidentes: ato inseguro e condições


inseguras

Algumas condições são consideradas inseguras no ambiente de trabalho e po-


dem se tornar mais graves, a depender da empresa e de como o trabalhador está
cuidando da segurança, individual e em grupo.
Também os atos inseguros, como a não utilização de equipamentos de segu-
rança nos trabalhos em altura e a falta do uso de capacetes nas atividades colo-
cam em risco a vida do trabalhador e a segurança dos demais colegas.
Veja, no Quadro 2, as condições ou atos inseguros relacionados a algumas si-
tuações existentes em uma obra:
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
47

SITUAÇÕES NA OBRA CONDIÇÕES INSEGURAS

Na construção do canteiro de Áreas pequenas; pisos escorregadios; falta de limpeza; desorgani-


obras zação dos materiais; falta de sinalização.

Máquinas com defeito; localização inadequada; máquinas em


Com o maquinário
manutenção ou estado precário.

SITUAÇÕES NA OBRA ATOS INSEGUROS

Proteção inadequada, insuficiente ou ausente, como não utilizar


Na proteção do trabalhador o capacete de proteção contra impactos na cabeça ou não usar o
cinto de segurança quando estiver trabalhando em altura.

Ocorrência inesperada que, por pouco, não se transformou em um


Quase-acidente
incidente ou acidente.

Quadro 3 - Condições inseguras na obra


Fonte: SENAI, 2012.

Essas condições e atos inseguros, combinados ou não, desencadeiam os aci-


dentes de trabalho, podendo ser considerados como suas causas diretas.
Evitar a prática de atos inseguros, como a instalação elétrica com fios desen-
capados e sem luvas de proteção, e corrigir condições inseguras, como a falta
de manutenção de maquinário, é indispensável para a segurança e saúde dos
trabalhadores.
E além de acidentes, existem as doenças que podem afetar a saúde do tra-
balhador na realização de suas atividades, que acontecem devido a condições
inadequadas no ambiente de trabalho: as doenças ocupacionais.

Doenças ocupacionais

Aqui no Brasil, as doenças ocupacionais se igualam, em condições e benefí-


cios, a um acidente de trabalho, podendo até levar ao afastamento do trabalha-
dor, a depender do grau da doença.
É importante que o trabalhador esteja atento aos pequenos sintomas relacio-
nados às suas atividades. Procurar o médico da empresa pode garantir que, caso
haja algum problema de saúde, ele seja rapidamente detectado e tratado.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
48

1 decibéis
As doenças respiratórias e de pele são as doenças ocupa-
Unidade que indica VOCÊ cionais mais comuns. A Dermatite de contato, por exem-
a proporção de uma SABIA? plo, é uma Inflamação da pele provocada pelo contato
quantidade física de com substâncias químicas, como o cal.
intensidade, em relação
a um nível de referência
especificado.
Na construção civil, as principais doenças ocupacionais são:

DOENÇA OCUPACIONAL CAUSA

Surdez Exposição prolongada a ruídos acima de 85 dB (decibéis)1 .

LER (Lesões por Esforço Repetitivo) Trabalhos repetitivos e por longos períodos.

Trabalhos embaixo d’água, com permanência ou equipa-


Embolia gasosa
mentos indevidos.

Reumatismo Exposição à umidade excessiva.

Lombalgia Carregamento de peso de forma inadequada.

Insolação Exposição prolongada ao calor do sol.

Quadro 4 - Doenças ocupacionais e suas causas


Fonte: SENAI, 2012.

No trabalho, a Higiene Ocupacional busca prevenir a incidência de doenças


ocupacionais através do reconhecimento do ambiente, avaliação da situação e
controle dos agentes ambientais físicos, químicos e biológicos, realizando ações
e medidas preventivas.
Não esqueça que tanto o acidente de trabalho quanto as doenças ocupacio-
nais estão relacionadas à forma como o trabalhador exerce suas atividades.
É importante trabalhar em ambientes seguros, com atos planejados e ações
realizadas de forma correta. Condições e atos inseguros têm relação com um am-
biente de trabalho mal organizado e péssimas condições de higiene, que põem
em risco a saúde do trabalhador, uma das mais prejudicadas quando ocorre um
acidente.
Porém, há também prejuízos para a empresa e para a nação, reafirmando a
ideia de que, com o acidente, todos perdem.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
49

4.3 Consequências dos acidentes do trabalho: trabalhador,


empresa, país

Tão importante quanto às causas de um acidente, são as suas consequências.


O trabalhador pode precisar se ausentar da empresa, em caso de acidente,
por apenas pouco tempo, que é o que chamamos de acidente sem afastamento,
como um corte superficial no braço, por exemplo, que não o impeça de realizar
as suas atividades.
Pode também, a depender da gravidade, ficar impedido de exercer a sua fun-
ção, por dias, meses, ou até de forma definitiva, que é o que chamamos de inca-
pacidade ou invalidez para o trabalho.
As principais perdas, associadas aos graves acidentes de trabalho, são:
a) ao trabalhador: morte ou ocorrência de graves problemas à sua saúde, com
incapacitação total ou parcial, e até a suspensão permanente de suas ativi-
dades economicamente ativas;
b) à família: ter o seu padrão de vida afetado, e sua estrutura fragilizada;
c) às empresas: perdas de mão de obra, materiais, equipamentos e até da pro-
dutividade, influenciando nos custos e reduzindo os lucros; sem contar seus
custos com medicamentos, tratamentos e até cirurgias;
d) ao país: que precisará atender a um número crescente de pessoas inválidas
e dependentes da Previdência Social.
Com todos esses efeitos negativos de um acidente, os prejuízos se estendem
para a sociedade como um todo. Por isso, é importante ficar atento às medidas
preventivas que devem ser adotadas em um ambiente de trabalho, com ênfase
para os equipamentos de proteção individual e coletiva, que são indispensáveis
ao trabalhador na realização de suas atividades.

4.4 Equipamentos de proteção individual e coletiva: tipos e


aplicabilidade

Dizemos que uma medida é preventiva quando ela visa a evitar que uma ou
várias pessoas sofram vivências desagradáveis, adoeçam ou se contaminem em
seu ambiente de trabalho. Medidas preventivas fazem parte das ações de segu-
rança do trabalhador porque evitam a ocorrência de acidentes.
Como uma medida preventiva, podemos citar o uso dos equipamentos de
segurança individual – EPIs e coletivos, obrigatórios e contínuos, que possuem
extrema importância na prevenção de acidentes.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
50

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

A Norma Regulamentadora nº 06 (NR-6), é uma norma do Ministério do Tra-


balho e Emprego (MTE), que define que o EPI deve proteger o trabalhador contra
possíveis riscos relacionados à saúde e segurança no trabalho.
Todo EPI deve estar em perfeito estado de conservação e funcionamento, e
possuir:
a) Certificado de Aprovação (CA);
b) Registro do Fabricante (CRF);
c) Registro de Importador (CRI).
A empresa deve fornecer ao empregado, sem cobrança, o EPI adequado à ati-
vidade a ser realizada.

Tipos e aplicabilidades dos EPIs

O tipo e o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) – vão variar a


depender da atividade desenvolvida ou dos riscos que ameacem a segurança e a
saúde do trabalhador.
Os EPIs são subdivididos em:
a) proteção da cabeça;
b) proteção dos olhos e faces;
c) proteção auditiva;
d) proteção respiratória;
e) proteção de membros superiores;
f) proteção de membros inferiores;
g) vestimentas de segurança;
h) sinalização;
i) proteção contra quedas com diferença de nível.
Vamos aprender sobre os tipos e as aplicabilidades de cada um deles? Veja
como são importantes!
a) Proteção da cabeça
O capacete de proteção tipo aba frontal protege o trabalhador contra agen-
tes que possam atingir a parte da cabeça, seja em trabalhos a céu aberto ou em
locais fechados;
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
51

Figura 14 -  Capacete de proteção tipo aba frontal


Fonte: Dreamstime, 2012.

O capacete, na obra, possui cor diferenciada para cada fun-


SAIBA ção. Procure saber qual a cor relacionada à sua, mas não
MAIS esqueça: as cores por função podem variar de região para
região.

b) Proteção de olhos e faces


Os óculos de segurança para proteção protegem os olhos e a face contra
impactos de objetos.
Podem possuir dois tipos de lente: incolores e escuras;

Figura 15 -  Óculos de segurança para proteção


Fonte: Dreamstime, 2012.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
52

c) Proteção auditiva
Os protetores auriculares protegem os ouvidos em atividades que apresen-
tem ruídos excessivos.
Apresentam-se em dois tipos: protetor auditivo tipo concha e tipo inserção (plug);

Figura 16 -  Protetores auditivos


Fonte: Dreamstime, 2012.

d) Proteção respiratória
A proteção respiratória protege as vias respiratórias (nariz e boca) em locais
e atividades que apresentem essa necessidade.
Dentre os tipos de respiradores, destacam-se a máscara descartável e a más-
cara com filtro;

Figura 17 -  Máscaras de proteção


Fonte: Dreamstime, 2012.

e) Proteção dos membros superiores


O par de luvas é um dos equipamentos individuais mais importantes na cons-
trução civil.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
53

Vários tipos de luvas podem ser encontrados no mercado e vão variar de acor-
do com o produto que será manuseado ou o serviço que será executado. A esco-
lha correta da luva, para cada atividade específica, é essencial para a segurança e
saúde dos trabalhadores nas obras.
As luvas protegem as mãos e os braços do trabalhador em suas atividades de
trabalho.
Alguns tipos de luvas merecem ser destacados:
a) luva isolante de borracha: protege contra choques em atividades com
circuitos elétricos energizados;
b) luva de proteção em raspa: protege contra agentes abrasivos e esco-
riantes;
c) luva de proteção condutiva: auxilia os trabalhos que exigem maior uti-
lização de força;
d) luva de proteção em PVC: protege contra recipientes contendo óleo,
graxa e solvente, por exemplo.

Figura 18 -  Luvas de proteção


Fonte: Dreamstime, 2012.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
54

f) Proteção dos membros inferiores


Calçados apropriados às atividades protegem os trabalhadores contra torções,
escoriações, derrapagens, umidade, agentes químicos abrasivos e objetos cortan-
tes e perfurantes.
Sapatos, botas e perneiras aumentam a segurança no ambiente de trabalho e
são obrigatórios em uma obra. Alguns exemplos:

Figura 19 -  Calçados de segurança


Fonte: Dreamstime, 2012.

g) Vestimentas de segurança
As vestimentas de segurança protegem os membros superiores e inferiores
do trabalhador contra chuva, umidade e produtos químicos.
As vestimentas mais comuns são: blusão e calça em tecido impermeável;

Figura 20 -  Vestimentas de segurança


Fonte: GLC, 2012.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
55

h) Sinalização
A sinalização individual facilita a visualização do trabalhador em suas ativida-
des, evitando acidentes indesejados;

Figura 21 -  Sinalização individual


Fonte: Dreamstime, 2012.

i) Proteção contra quedas de alturas


A proteção contra queda de alturas é muito importante para os trabalhadores
em uma obra.
Os cinturões de segurança tipo pára-quedas e os dispositivos trava-quedas
são muito importantes contra as quedas de níveis mais elevados.

Figura 22 -  Proteção contra quedas em altura


Fonte: Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de SP - 2012.

Todos esses equipamentos, relacionados aos riscos ambientais no trabalho,


devem sempre ser utilizados para auxiliar os trabalhadores no quesito segurança.
E agora que você já sabe quais são e para que servem os equipamentos de pro-
teção individual, é preciso saber também que todo material deve ser conservado.
Ao receber seu equipamento, você se torna responsável por ele e é importan-
te que tome os devidos cuidados para preservá-lo, como demonstra o quadro a
seguir:
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
56

EPI COMO CUIDAR E PRESERVAR

Evite derrubar, jogar, pintar ou perfurar o seu capacete; lave o sistema de


Capacete
suspensão mensalmente.

Mantenha as luvas longe da luz e das temperaturas muito elevadas; evite


Luvas de proteção
locais com excesso de umidade para guardá-la.

Máscara descartável Troque sempre de máscaras a cada uso.

Sapatos Se o calçado estiver úmido, seque-o antes de usar.

Quadro 5 - Cuidados com os EPIs


Fonte: SENAI, 2012.

É papel de cada trabalhador conservar os seus equipamentos individuais e aju-


dar na conservação dos equipamentos coletivos.

Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs)

Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) servem para tornar mais se-


guro o local do trabalho para um grupo de pessoas, ou seja, devem proteger mais
de uma pessoa ao mesmo tempo e são utilizados para prevenir acidentes.
Juntos aos EPIs, os EPCs devem ser usados para garantir maior segurança aos
trabalhadores da obra, em conjunto com melhores condições de trabalho, inclu-
sive as higiênicas, como manutenção do ambiente sempre limpo e atos seguros
na realização de cada atividade.
Veja, no quadro a seguir, alguns EPCs e suas finalidades:
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
57

EPc para que serve

ATENÇÃO
USO Alertar o trabalhador sobre riscos existentes e a necessidade
OBRIGATÓRIO
de proteção.
DESTES EPI’S

Placa de sinalização

Sinalizar a área de trabalho em obras em vias públicas.

Cone

Delimitar e isolar locais de trabalho.

Fita de isolamento

Impedir que detritos ou ferramentas caiam das obras


podendo vir a atingir alguma pessoa.

Tela de proteção

Auxiliar para que o trabalhador possa alcançar locais mais


altos na obra.

Andaime

Quadro 6 - EPCs e suas finalidades


Fonte: SENAI, 2012.

A sinalização na obra é essencial e garante um bom andamento das atividades


executadas por cada trabalhador.
A utilização correta dos EPIs e EPCs deve vir associada a orientações e treina-
mentos para a realização das atividades em segurança.
Esse conjunto de ações, por sua vez, está relacionado com legislações, nor-
mas técnicas e programas que visam a garantir condições de trabalho e manter
a segurança dos trabalhadores nas empresas, como por exemplo: Programa de
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
58

Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT);


Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO); e Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

4.5 PCMAT, PCMSO e PPRA; CIPA; legislação e normas técnicas


aplicáveis

O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da


Construção (PCMAT) é uma exigência do Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE), através da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18).
A NR 18 objetiva implementar medidas preventivas de segurança que redu-
zam os acidentes e a incidência de doenças ocupacionais na indústria da cons-
trução.
Veja as principais Normas Regulamentadoras do MTE, voltadas para a constru-
ção civil:

NORMA
DESCRIÇÃO
REGULAMENTADORA
Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do
NR 4
trabalho

NR 5 Comissão Interna de prevenção de acidentes (CIPA)

NR 6 Equipamento de proteção individual

NR 7 Programa de controle médico e saúde ocupacional (PCMSO)

NR 9 Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA)

Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da


NR 18
Construção Civil (PCMAT)

NR-23 Proteção contra incêndios

NR 24 Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

NR 25 Resíduos industriais

NR 26 Sinalização de segurança

Quadro 7 - Normas Regulamentadoras do MTE: NRs e suas descrições


Fonte: SENAI, 2012.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
59

O PCMAT busca a segurança no trabalho, através da melhoria das condições


no ambiente, preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores e
deve estar articulado com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-
cional (PCMSO), previsto na Norma Regulamentadora nº 07 (NR 7) conforme de-
monstra o quadro anterior.
O PCMSO busca avaliar e controlar a ocorrência de riscos ambientais no local
de trabalho, através:
a) do prévio reconhecimento dos agentes causadores de riscos;
b) da implementação de ações voltadas à higiene ocupacional;
c) do controle médico dos trabalhadores;
d) da constante prevenção dos riscos ambientais em prol da saúde dos traba-
lhadores, em suas diferentes ocupações.
Todos os tipos de cargos e de trabalhadores devem constar nesse programa,
sejam eles contratados ou com atividades temporárias.
A saúde dos funcionários deve possuir tanta prioridade quanto a segurança.
Por isso, é importante que você conheça o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA), que também é uma exigência para as empresas, de acordo
com a NR 9.

Que empresas que não possuem o PCMAT, PCMSO e PPRA


VOCÊ são as que mais possuem trabalhadores acidentados, ex-
SABIA? postos a riscos e com uma menor qualidade nos serviços
prestados?

O PPRA deve propor e implementar ações como a de minimização a exposição


de um trabalhador a ruídos, evitando a surdez, por exemplo.
Através de medidas preventivas, pode-se evitar e reduzir os riscos ambientais
no trabalho, e a implementação da CIPA é uma delas.

A CIPA

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) tem por objetivo ob-


servar e relatar a existência de riscos ambientais no trabalho, sendo sua principal
ação solicitar medidas para reduzir ou até eliminar os riscos percebidos. A Norma
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que regulamenta a CIPA é a NR 5.
A CIPA é formada por um grupo de pessoas encarregadas de prevenir aciden-
tes no ambiente de trabalho e possui representantes eleitos pelos empregados
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
60

e indicados pela própria empresa. O representante da CIPA é conhecido como


Cipista e as suas atribuições são:
a) estar sempre atento às condições de risco nos ambientes de trabalhos;
b) investigar e analisar acidentes ocorridos para solicitar medidas que previ-
nam acidentes semelhantes;
c) realizar, periodicamente, reunião com todos os membros da CIPA;
d) orientar os outros trabalhadores sobre como prevenir acidentes;
e) solicitar medidas para reduzir ou eliminar os riscos existentes;
f) buscar se atualizar no que diz respeito à prevenção de acidentes;
g) participar dos treinamentos para membros da CIPA, toda vez que ele ocorrer;
h) buscar ajudar outros membros da CIPA, se necessário.
A prevenção de riscos recebe a ajuda da CIPA, mas depende também do apoio
da empresa e da conscientização dos trabalhadores, através da higiene e controle
da saúde ocupacional.
Lembre-se de que nem todos os que trabalham na obra são conscientes dos
riscos a que estão susceptíveis e, por isso, é importante que se realize, conforme a
NR 5, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT).
Na SIPAT, são realizadas palestras, concursos, gincanas, cursos e até treina-
mentos, visando a despertar o interesse dos trabalhadores para o assunto da pre-
venção de acidentes e doenças ocupacionais.
Perceba que esta cultura de segurança, prevenção de doenças e de riscos am-
bientais está associada a condições seguras no ambiente de trabalho, que traz a
vantagem de uma maior qualidade nos produtos, através da melhoria contínua.
Aproveitando este foco de melhoria e buscando compreender melhor as con-
dições ambientais, vamos estudar os riscos ambientais no trabalho ou os riscos
ocupacionais.

4.6 Riscos ambientais no trabalho

As atividades relacionadas à construção civil são consideradas perigosas, pois


expõem seus trabalhadores a riscos ocupacionais, que podem ser maiores ou me-
nores, a depender do tipo e do tamanho da construção.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
61

Figura 23 -  Construção civil e atividades perigosas


Fonte: Dreamstime, 2012.

Mas, somente levar em conta o tipo e porte da construção é suficiente para


que o trabalhador esteja seguro em seu ambiente de trabalho?
Se você respondeu não, muito bem! Como já estudamos, a forma que a em-
presa conduz as ações contidas nos programas de segurança e saúde no trabalho
também são importantes na segurança do local. Logo, o PPRA deve estar associa-
do ao PCMAT e ao PCMSO que, através do controle, conscientização e participa-
ção dos trabalhadores, trazem a redução de riscos ambientais no trabalho.
Neste capítulo, você irá estudar os riscos ocupacionais, sua classificação, e os
agentes associados a cada tipo de risco.

4.6.1 Agentes físicos, químicos e biológicos

Agentes físicos, químicos e biológicos, existentes no ambiente de trabalho,


influenciam na existência de riscos ambientais. Além da presença desses agentes,
é importante perceber que as suas concentrações e o tempo de exposição do
trabalhador a determinado agente, também interfere nesses riscos.
Os riscos ambientais, ou melhor, os seus agentes, podem causar danos à saúde
e à integridade física do trabalhador.
Esses agentes físicos, químicos e biológicos, relacionados ao ambiente de tra-
balho, podem ser percebidos nos riscos conhecidos como ocupacionais.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
62

2 radiação Riscos ocupacionais


Forma de energia
que se transmite pelo
Além dos riscos de acidentes, abordados anteriormente neste capítulo, que
espaço, como ondas têm as condições e atos inseguros como causas principais de sua ocorrência, te-
eletromagnéticas, e podem
causar lesões quando mos também os chamados riscos ocupacionais.
absorvidas pelo organismo.
Os riscos ocupacionais são aqueles que surgem da organização, dos equipa-
mentos, das máquinas, dos processos e das relações existentes no ambiente de
trabalho, podendo comprometer a segurança e a saúde dos trabalhadores.
O risco ocupacional de um carteiro, por exemplo, tem sido demonstrado ao
longo dos filmes e histórias em quadrinho, que é ele ser perseguido e até mordi-
do por um cão. A mordida do animal, neste funcionário dos Correios, na execução
de sua função, caracteriza um acidente de trabalho.

Figura 24 -  Risco ocupacional do carteiro: ser mordido por um cão


Fonte: SENAI, 2012.

Os riscos ocupacionais são classificados em quatro categorias:


a) riscos físicos;
b) riscos químicos;
c) riscos biológicos;
d) riscos ergonômicos.
Estes riscos estão associados a determinados agentes, que você, a seguir, as-
sim como a associação de cada agente com o risco específico:
a) Agentes físicos
Os principais agentes classificados, nesta categoria, são o ruído, a temperatura
e as radiações.
Na construção de edificações, o ruído, ou o som indesejado, está muito presen-
te nas máquinas como a furadeira e a lixadeira e pode prejudicar a saúde do tra-
balhador, ocasionando problemas como perda auditiva e desequilíbrio ao sono.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
63

Para ambientes com nível de ruídos de 85 dB, a exposição


FIQUE máxima diária deve ser de 8 horas de trabalho. Se não fo-
rem tomados os cuidados específicos, como o uso do EPI
ALERTA adequado para a atividade, os prejuízos à saúde podem
ser ainda maiores.

Assim como a permanência em locais com sons elevados ou barulhos, a expo-


sição do trabalhador à umidade, calor e frio, também representam riscos à saúde.
Estes elementos estão relacionados à temperatura, e podem ocasionar transtor-
nos à saúde do trabalhador, como:
a) doenças das vias respiratórias, rachaduras e feridas na pele, em caso de
locais úmidos ou frios;
b) erros de raciocínio e até desidratação, em caso de locais muito quentes.
Outro agente físico de risco é a radiação2 que, apesar de invisível aos olhos,
pode causar alterações na pele, como queimaduras. As ondas eletromagnéticas
de uma solda, por exemplo, causam radiações. Por isso, o uso do EPI é fundamen-
tal à segurança do trabalhador contra os riscos físicos no trabalho.
Assim como os riscos físicos, os riscos químicos e seus agentes também trazem
transtornos à segurança e saúde do trabalhador;
b) Agentes químicos
Os agentes químicos são aqueles que interagem com os tecidos existentes no
corpo humano, provocam alterações na sua estrutura e penetram no organismo
tanto pela ingestão e inalação de poeiras, fumos, fumaça, gases e vapores, quanto
pelo contato com a pele.
Veja, no quadro abaixo, alguns riscos químicos e exemplos de suas ocorrências:

RISCO QUÍMICO OCORRÊNCIAS

Poeiras Trabalhos com cal, cimento, gesso, varrição e corte de madeiras

Fumaças Soldagens

Vapores orgânicos Desprendidos das tintas e solventes

Produtos corrosivos Utilização de produtos químicos para limpeza

Quadro 8 - Risco químico e suas ocorrências


Fonte: SENAI, 2012.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
64

3 Protozoário É bom ficar atento às substâncias que causem irritações, como amônia, soda
cáustica e cloro; e que sejam asfixiantes, como o hidrogênio, nitrogênio, metano
São seres que possuem
uma única célula, mas e monóxido de carbono. Elas podem irritar as vias aéreas do trabalhador, causan-
diferente das bactérias, do fortes dores de cabeça, náuseas, convulsões e até a morte, a depender de sua
possuem sistemas mais
complexos de reprodução, composição química.
locomoção, digestão,
dentre outros. Os órgãos mais atingidos pelos agentes químicos são: fígado, rins e sistema
nervoso, além da circulação sanguínea.
E assim como os riscos físicos e químicos, os riscos biológicos preocupam as
4 Riscos ergonômicos empresas e os trabalhadores;
A Ergonomia é uma ciência c) Agentes biológicos
que estuda as relações
entre o homem e seu
ambiente de trabalho.
Os agentes biológicos são microrganismos que, em contato com o homem,
através da pele, via respiratória ou com a ingestão de alimentos contaminados,
podem causar doenças e infecções de diversos tipos. Os vírus, bactérias, protozo-
ários, fungos, bacilos e parasitas, são os agentes biológicos mais comuns e podem
penetrar no corpo humano pelas vias: cutânea, digestiva e respiratória.
Veja, no quadro abaixo, alguns exemplos de doenças e seus agentes biológi-
cos transmissores:

DOENÇA AGENTE TRANSMISSOR

Bacilo de Koch, que se propaga por vias aéreas, através da inalação de gotí-
Tuberculose culas contaminadas de saliva, expelidas pela tosse ou pelo diálogo próximo
à pessoa contaminada.

Mosquito Aedes aegypti, que transmite o vírus de uma pessoa para outra
Dengue
através de sua picada.

Malária Mosquito infectado que, através de sua picada, transmite o protozoário3 .

Febre amarela Mosquito infectado que, através de sua picada, transmite o vírus.

Quadro 9 - Doenças X agentes biológicos transmissores


Fonte: SENAI, 2012.

Algumas situações, no canteiro, favorecem os riscos biológicos, como:


a) abertura de poços;
b) serviços em tubulações de esgoto;
c) recipientes sem tampa;
d) entulhos e materiais desorganizados no canteiro de obras.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
65

E não esqueça! A minimização dos riscos ambientais deve ser sempre tratada
com prioridade. Por isso, a higiene ocupacional é importante. Ela busca reduzir,
por exemplo, os riscos biológicos provocados por animais que vivem em ambien-
tes sujos, como os ratos. Neste caso, reduz também a incidência de algum traba-
lhador ser infectado por Leptospirose.
Conhecemos os riscos físicos, químicos e biológicos, contudo um tipo de risco,
fundamental aos nossos conhecimentos, ainda não foi abordado: o risco ergonô-
mico.

4.6.2 Riscos ergonômicos

Os riscos ergonômicos4 referem-se à adaptação das condições de trabalho às


características fisiológicas e mentais do trabalhador, relacionadas ao seu ambien-
te de trabalho e como se dá a organização desse ambiente.
O ritmo acelerado da produção, a falta de pausas e revezamentos nas ativida-
des e a duração excessiva da jornada diária de trabalho podem ser fatores que
desencadeiem problemas ergonômicos.
O indivíduo deve manter posturas adequadas no trabalho e nas situações co-
tidianas, evitando, portanto, a permanência, por período prolongado, em uma
determinada posição.

Figura 25 -  Alguns exemplos de posições certas e erradas


Fonte: SENAI, 2012.

Os riscos ergonômicos podem gerar vários distúrbios que comprometem:


a) a produtividade;
b) a saúde;
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
66

c) a segurança do trabalhador.
Os distúrbios mais comuns são: dores musculares, fraquezas, doenças nervo-
sas, tensão, medo, ansiedade, gastrite, hipertensão arterial, úlcera e problemas
de coluna.

Figura 26 -  Problemas de coluna afetam muitas pessoas na sociedade


Fonte: SENAI, 2012.

Algumas informações são importantes para a prevenção de riscos ergonômicos:


a) busque melhores condições de higiene no local de seu trabalho;
b) converse com os encarregados sobre a modernização de máquinas e equi-
pamentos;
c) escolha as ferramentas adequadas para cada atividade;
d) altere o ritmo de suas tarefas;
e) mantenha a postura adequada.
Veja, no quadro a seguir, a relação entre os agentes ambientais de risco, as
fontes causadoras, seus efeitos sobre a saúde e possíveis medidas preventivas.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
67

AGENTES
MEDIDAS
AMBIENTAIS FONTE CAUSADORA EFEITO
PREVENTIVAS
(TIPO DE RISCO)
Utilização de EPI, adoção
Stress físico Carga e descarga de Dor lombar, de práticas coletivas,
(ergonômico) materiais desconforto local como: revezamento, pau-
sas e treinamentos.

Postura inadequada Movimentação Dor lombar, Adoção de revezamento,


(ergonômico) de materiais desconforto local pausas e treinamentos.

Utilização de EPI, adoção


Tanques com água
Dermatite, câimbras de revezamento, pausas,
Calor aquecida para cura
por calor e descon- treinamentos e ingestão
(físico) das peças
forto térmico de líquidos durante a
pré-moldadas
jornada de trabalho.

Realização de ginástica no
O vibrador pneumático
Vibração Câimbras por calor e local de trabalho, também
utilizado na quebra
(físico) desconforto local conhecida como ginástica
de piso
laboral.

Utilização de EPI, sinaliza-


Poeiras minerais Mistura de massas e Irritação das vias
ção de segurança, utiliza-
(químico) lixamento de peças respiratórias
ção de água e exaustores.

Treinamentos, sinalização
Máquinas e
Processo de fabricação Lesões de segurança, uso de EPI,
equipamentos
das peças, materiais e escoriações inspeções nas máquinas e
(acidentes)
equipamentos.

Quadro 10 - Quadro comparativo dos riscos, efeitos sobre a saúde e medidas preventivas
Fonte: SENAI, 2012.

As medidas preventivas, ou medidas de prevenção e redução de danos, de-


vem estar contidas nos planos e programas voltados para a qualidade, saúde,
meio ambiente e segurança na empresa.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO Na construção civil
68

4.6.3 Prevenção e redução de danos

Cada trabalhador deve manter limpo e organizado o seu ambiente de traba-


lho, realizando ações cotidianas de prevenção e redução de danos.
O comportamento do trabalhador, na realização de suas atividades, deve sem-
pre buscar diminuir a possibilidade de sofrer algum dano, correr riscos para de-
sempenhar determinada função ou se envolver em situações perigosas.
O principal objetivo da prevenção de danos é a redução da incidência de aci-
dentes de trabalho!
Se cada um fizer a sua parte, teremos um local mais seguro, com condições
adequadas de trabalho, e poderemos refletir melhor sobre os impactos ambien-
tais de nossas atividades e a constante necessidade da preservação do meio am-
biente, abordagens essenciais para a qualidade das empresas.

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, que a higiene, saúde e segurança do trabalhador são


aspectos fundamentais na empresa e auxiliam a melhoria contínua e a bus-
ca pela qualidade nos processos.
Os conceitos de acidente, acidente de trabalho, acidente de trajeto, inci-
dente e quase-acidente foram incorporados ao texto para auxiliar a com-
preensão da necessidade de incluir os aspectos fundamentais nos planos e
programas da empresa.
Vimos, ainda, que as causas diretas dos acidentes são as condições e os atos
inseguros no ambiente de trabalho, como os pisos escorregadios e o não
uso dos EPIs, respectivamente. Além dos acidentes, as doenças ocupacio-
nais também podem afetar a saúde do trabalhador, como a surdez, a LER e
a insolação.
As consequências de acidentes e doenças atingem não somente a vida do
trabalhador, mas também a de sua família, da empresa que trabalha e da
sociedade como um todo. Por isso, medidas preventivas devem ser coloca-
das em prática, e o uso de EPIs e EPCs são essenciais nesse contexto. Além
do mais, os cuidado com os equipamentos de segurança, tanto individuais
quanto coletivos, em conjunto com treinamentos e orientações para práti-
cas seguras, diminuem os riscos ambientais.
Os programas: PCMAT, PCMSO e PPRA são exigências do Ministério do Tra-
balho e Emprego (MTE) – e também visam a reduzir os riscos ambientais.
4 SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO
69

As Normas Regulamentadoras do MTE exigem a inserção de programas e a


adoção de ações mais conscientes e seguras na empresa.
No contexto do PPRA, aparece a CIPA: grupo de pessoas encarregadas pela
prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. O cipista ajuda a com-
bater os riscos ocupacionais que podem ser causados por agentes físicos,
químicos, biológicos e ergonômicos. Como exemplos de riscos associados
a esses agentes, podemos citar, respectivamente: exposição à radiações;
contatos com produtos corrosivos; transmissão do vírus da dengue e pos-
turas inadequadas no ambiente de trabalho.
Por isso, antes de concluir, não podemos esquecer que a redução e a pre-
venção dos danos são medidas fundamentais na empresa e objetivam au-
mentar a proteção à saúde do trabalhador, diminuindo os agentes causa-
dores de risco ocupacionais.
Preservação do Meio Ambiente

Neste capítulo, você irá estudar sobre os principais impactos da ação humana, mais especi-
ficamente na Indústria da Construção Civil e a importância da preservação do meio ambiente
para a sociedade, das atuais e futuras gerações.
Neste contexto, surgem:
a) a importância do gerenciamento de resíduos da construção e demolição;
b) o controle na captação de recursos renováveis na fonte;
c) o uso de tecnologias limpas no processo de produção;
d) o tão almejado Desenvolvimento Sustentável.
Atualmente, essa relevância das questões ambientais para a sociedade tem refletido nas
empresas, na forma como produzem e os impactos por elas gerados, através de seus processos
de produção. Vamos entender melhor sobre estes impactos ambientais?
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
72

5.1 Impactos ambientais da ação humana

O setor da Construção Civil possui grande importância para o país, pois ele aju-
da no crescimento da economia e no desenvolvimento da população, gerando
trabalho e emprego.
Contudo, esse setor vem consumindo uma quantidade muito grande dos re-
cursos naturais do planeta, como a areia, por exemplo. Além disso, as edificações
são responsáveis por:
a) consumo de energia elétrica;
b) consumo de água doce potável;
c) eliminação dos gases que contribuem para o efeito estufa;
d) geração de resíduos.
Ao longo das obras, o responsável pelo projeto deve especificar materiais que
não agridam o meio ambiente, privilegiando fornecedores que possuam certifi-
cados de qualidade e empresas que tenham implantado Sistema de Gestão Am-
biental (SGA), com certificação ISO 14001.

A ISO 14001 é uma norma que possui requisitos para a im-


plantação do SGA nas empresas, devendo, portanto, trazer
VOCÊ benefícios para a sociedade com relação à preservação
SABIA? ambiental. As empresas também ganham porque, com
o prestígio da certificação, aumenta a confiança de seus
clientes e a competitividade no mercado.

A construção civil é considerada, dentre as atividades econômicas, uma das


que mais desperdiça materiais. Também, seus resíduos gerados são de tipos va-
riados, como tijolos, concreto, rocha, vidros, telhas, pavimento asfáltico, plásticos,
dentre outros, e podem poluir de diversas maneiras.
Esses desperdícios causam vários impactos ao meio ambiente, como a polui-
ção de rios e córregos, caso os resíduos sejam lançados de forma incorreta na
natureza.
Veja, a seguir, como esses resíduos são classificados, segundo a Resolução no
307 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA):
5 Preservação do Meio Ambiente
73

TIPO DO
O QUE É EXEMPLOS
RESÍDUO

Resíduo que pode ser reutilizado


Classe A Tijolos, blocos, telhas e placas de cerâmica.
ou reciclado como agregado.

Classe B Resíduo reciclável para outros fins. Vidro, papel/papelão, madeiras, gesso.

Resíduo sem tecnologia economi- Atualmente não há materiais que se en-


Classe C
camente viável para reciclagem. quadrem nesta classe.

Utilização de produtos químicos


Classe D Tinta e solvente.
para limpeza.

Quadro 11 - Tipo de resíduo e exemplos


Fonte: SENAI, 2012.

O CONAMA é um órgão relacionado ao Ministério do Meio Ambiente que pos-


sui resoluções que tratam da questão ambiental e que falam sobre as obrigações
que as empresas devem ter com os seus resíduos. São elas:
a) Resolução no 307, publicada no ano de 2002, que estabelece diretrizes, pro-
cedimentos e critérios para a gestão dos resíduos sólidos da construção civil;
b) Resolução no 431, publicada em 2011, que modificou a classificação do ges-
so de Classe C, para Classe B.
Ou seja, com a resolução no 431, o gesso passa a ser um resíduo que possui
tecnologia viável para a empresa, com relação a sua reciclagem. Pode ser moído
e agregado ao concreto, retardando a sua pega e até ser utilizado na fabricação
de um novo gesso.
Essa gestão dos resíduos envolve procedimentos como a segregação, o des-
carte e a reciclagem dos resíduos da construção, assunto que você verá a seguir.

5.2 Segregação, descarte e reciclagem de resíduos

Essas resoluções do CONAMA são medidas que buscam fazer com que as em-
presas não gerem ou minimizem a geração de seus resíduos, oriundos da constru-
ção, através de ações voltadas para os 3Rs: Redução, Reutilização e Reciclagem.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
74

Reduzi
r

3Rs

r
la
cic
Re
Reu
tiliz
ar
Figura 27 -  3Rs: ciclo de melhoria contínua
Fonte: SENAI, 2012.

Os resíduos da construção civil não são somente os da construção, mas também


os da demolição, mais conhecidos como entulhos ou escombros, que devem possuir
planos para a sua reutilização, reciclagem ou descarte em local correto e seguro.

Figura 28 -  Entulhos ou escombros


Fonte: Dreamstime, 2012.

Para isso, devem existir os Eco-Pontos nas cidades, também conhecidos como
Postos de Descarga de Entulhos (PDEs). Esses postos são locais específicos, em
áreas públicas, destinados à colocação de resíduos da construção civil recicláveis,
até 2m³. Passando dessa quantidade, deve procurar os locais ou empresas que
cobram para receber e até buscar os resíduos no local da obra.

SAIBA Busque conhecer os PDEs de sua cidade. É muito importante


que conheçamos esses locais e divulguemos onde deve ser
MAIS feita a destinação de entulho onde moramos.
5 Preservação do Meio Ambiente
75

E essa preocupação não é para menos! Esses Resíduos da Construção e Demo-


lição (RCD) representam a maioria dos resíduos sólidos urbanos produzidos nas
cidades. Nas ruas, muitas vezes nos deparamos com esses resíduos que impedem,
inclusive, o trânsito dos pedestres e dos carros, podendo causar graves acidentes.

Figura 29 -  Entulhos nas ruas e calçadas, locais inadequados para depósito


Fonte: Dreamstime, 2012.

As empresas que não possuem essa responsabilidade de descarte adequado


podem responder por crimes ambientais e até perder a confiança do seu cliente
e de toda a sociedade.
As construções e demolições que não são legalizadas, ou seja, informais ou
clandestinas, também geram muitos resíduos e os colocam em locais não adequa-
dos, como ruas, contêineres para lixo doméstico, terrenos baldios, dentre outros.
Veja quais impactos podem ser causados ao meio ambiente, devido a essa
destinação final incorreta dos RCD:
a) degradação da paisagem urbana;
b) degradação das áreas próximas a rios ou protegidas por legislações am-
bientais;
c) entupimento de galerias e sarjetas, importantes para o sistema de drenagem;
d) proliferação de agentes transmissores de doenças, como os ratos e o mos-
quito da dengue.
Muitos desses RCD são perigosos, como os materiais Classe D, e se despejados
de forma incorreta, geram riscos a toda a sociedade. Como exemplos desses ma-
teriais, temos:
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
76

1 Acondicionamento a) tinta;

Colocação de um material b) amianto;


em um recipiente ou local.
c) óleos;
d) solventes; dentre outros.

2 Bombonas Mas, as empresas não devem estar sozinhas neste gerenciamento dos RCD.
As prefeituras municipais precisam estar atentas para as ações das empresas e
Recipiente de plástico
utilizado como dispositivo também da sociedade, devido às construções informais. A fiscalização deve ser
de coleta de materiais.
efetiva e estar incluída em um plano maior de gerenciamento de resíduos, em
conjunto com os órgãos relacionados, como os responsáveis pela limpeza públi-
ca, por exemplo.
3 Ráfia

Espécie de palmeira que


possui grandes folhas e
frutos escamosos. Suas CASOS E RELATOS
fibras são utilizadas na
fabricação de sacos.

Uma empresa, ao reformar uma casa, jogou os entulhos, clandestinamente,


em uma área de preservação ambiental, localizada nos arredores da casa
que estava sendo reformada. A localidade, que possui áreas remanescentes
de Mata Atlântica, rios e córregos importantes para o abastecimento da ci-
dade, começou a ser degradada, e algumas espécies nativas da flora foram
prejudicadas.
Uma denúncia dos moradores, ao perceberem a movimentação e destina-
ção inadequada dos resíduos gerados, trouxe órgãos responsáveis pela fis-
calização ambiental ao local, e os trabalhadores foram pegos em flagrante
jogando entulhos.
Logo, a empresa foi responsabilizada por crime ambiental; pagou multas
por causa da degradação causada; teve que realizar toda a limpeza do local;
foi obrigada a reflorestar, com mudas nativas da região, a área degradada;
e ainda teve seu nome manchado por esta destinação irresponsável dos
seus resíduos.

Outra questão importante sobre os resíduos, e que envolve a segurança dos


trabalhadores, é a organização dos mesmos. No canteiro de obras, deve haver o
acondicionamento1 inicial dos resíduos, que pode ser feito através de:
a) bombonas2;
b) pilhas próximas ao local onde está sendo desenvolvida a atividade ou pró-
ximas a locais de transporte interno de materiais;
5 Preservação do Meio Ambiente
77

c) sacos de ráfia3;
d) sacos das próprias embalagens.
O quadro, a seguir, demonstra o tipo de resíduo e como este deve ser inicial-
mente acondicionado, ou seja, colocado em local seguro até o seu acondiciona-
mento final na obra:

TIPO DE RESÍDUO Acondicionamento Inicial

Pilhas formadas próximas aos locais de transporte


Argamassa, tijolos, blocos de concreto
interno, nos respectivos pavimentos.

Bombonas ou pilhas formadas nas proximidades


Madeira de bombonas ou dos dispositivos de transporte
vertical.

Papelão e papéis Bombonas.

Plásticos Bombonas.

Metal como ferro, aço, fiação e arame Bombonas.

Serragem Sacos de ráfia próximos aos locais de geração.

Solos Pilhas imediatas para remoção.

Sacos da própria embalagem do gesso ou sacos


Gesso
de ráfia próximos aos locais da geração.

Resíduos perigosos presentes em embalagens Manuseio com os cuidados descritos pelo fabri-
plásticas, instrumentos como pincéis, broxas e cante. Deve ser transportado imediatamente para
outros materiais como panos, estopas, dentre o local de acondicionamento final na obra, antes
outros. do descarte.

Quadro 12 - Tipo de resíduo e seu acondicionamento inicial


Fonte: LÔRDELO; EVANGELHISTA; FERRAZ, 2007.

Após o acondicionamento inicial, como citado no quadro anterior, deve-se fa-


zer o acondicionamento final antes da reutilização, reciclagem ou descarte. Esse
processo é feito em big bags, baias móveis ou fixas e caçambas estacionárias.
Os big bags são grandes sacos para acondicionar papéis, plásticos e materiais
leves, como luvas e botas, por exemplo. Devem ficar localizados em ambientes
protegidos da chuva, para evitar molhar os materiais recicláveis. Cada big bag
deve possuir identificação do tipo de material que está acondicionando.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
78

Figura 30 -  Big bag


Fonte: PowerBag, 2012.

As baias são compartimentos, móveis ou fixos, utilizados para acondiciona-


mento de resíduos pesados, como os metais e as madeiras, por exemplo. Podem
variar de peso e tamanho, a depender do volume a ser acondicionado. Uma baia,
de acordo com Lôrdelo, Evangelista e Ferraz (2007), geralmente é feita de madei-
ra e se adapta ao espaço disponível no canteiro de obras.

Figura 31 -  Baia móvel


Fonte: SENAI, 2012.

Já as caçambas estacionárias são usadas de acordo com as necessidades de


cada obra e têm capacidade para até 5m³ de resíduo.
5 Preservação do Meio Ambiente
79

Figura 32 -  Caçamba estacionária


Fonte: Palmeira Ambiental, 2012.

A Resolução no 275 do CONAMA estabelece padrões de


cores específicos, usados internacionalmente, para a si-
nalização dos locais de acondicionamento de materiais.
FIQUE Nos canteiros de obras, adesivos são colados nesses locais
ALERTA para identificar que tipo de material pode ser colocado.
A cor azul, por exemplo, sinaliza o depósito de papel ou
papelão, a cor vermelha de plástico, a amarela de metal e
a preta para madeira.

Essas caçambas facilitam o transporte de resíduos na obra, principalmente se


estiver associada a dutos de transporte interno, que despejam o resíduo do pavi-
mento direto para a caçamba.

Figura 33 -  Duto de transporte e coleta de entulho


Fonte: Dreamstime, 2012.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
80

O transporte interno também deve fazer parte do gerenciamento de resíduos


na obra. Os meios convencionais de transporte horizontal são:
a) carrinhos de mão;
b) transporte manual;
c) jericas; dentre outros.

Figura 34 -  Carrinho de mão


Fonte: Dreamstime, 2012; JS Metalurgia, 2012.

Para o transporte vertical, são usados, principalmente, elevadores de carga e gruas.

Figura 35 -  Elevador de carga e grua, respectivamente


Fonte: Dreamstime, 2012.
5 Preservação do Meio Ambiente
81

Um bom transporte dos resíduos, na obra, aumenta a segurança dos trabalha-


dores e evita acidentes!
Você percebeu que organizar, separar e descartar os resíduos é muito impor-
tante para a melhoria contínua da produção e segurança dos trabalhadores? Pois
é! E o descarte dos resíduos deve estar relacionado com a correta destinação dos
mesmos.
A Resolução no 307 do CONAMA estabelece que o gerador também é respon-
sável pela destinação final do seu resíduo, caso não haja reuso ou reciclagem do
mesmo (LÔRDELO; EVANGELISTA; FERRAZ, 2007).
Por sua vez, a reciclagem ou a minimização de resíduos tem sido uma boa
alternativa para a gestão dos RCD. Além de diminuir os resíduos que serão des-
cartados no meio ambiente, ela também traz lucros para a empresa. Isso mesmo!
A empresa pode reciclar seus resíduos Classe A, transformando-os em agregados,
a serem utilizados na própria obra, ou em outras que a empresa estiver executan-
do, como material de construção.
Para isso, a empresa precisa possuir, na obra, as máquinas responsáveis para
esta reciclagem. A máquina pode pertencer à própria ou ser alugada de alguma
empresa específica que preste esse serviço.

Figura 36 -  Máquina transformando resíduos Classe A em agregados


Fonte: Dreamstime, 2012.

Contudo, não esqueça! A não geração e a minimização de resíduos, pelo con-


trole na fonte e atividades focadas no não desperdício, ainda continuam sendo as
melhores opções.
Os cuidados com o meio ambiente são tão importantes quanto os cuidados
com a segurança e a saúde dos trabalhadores.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
82

Nas empresas, o gerenciamento dos RCD precisa ser pensado e tratado com
prioridade, já que os desperdícios gerados causam prejuízos a toda a sociedade.
Neste contexto, é muito importante que você compreenda a ideia de racionaliza-
ção do uso dos recursos naturais.

5.3 Racionalização do uso dos recursos naturais e fontes de


energia

A introdução de novas tecnologias construtivas mais limpas e a implementa-


ção de novos equipamentos é importante ao processo de racionalização. Mas, ao
contrário do que muitos pensam, nem sempre a racionalização requer um inves-
timento muito grande por parte da empresa. Ações simples, como alterações na
rotina de trabalho e maior organização do canteiro de obras podem aumentar a
produtividade e a qualidade do produto, com economia real de tempo, mão de
obra e material, aliada a uma minimização ou não geração de resíduos.
Logo, a racionalização do trabalho tem relação com a redução dos desperdí-
cios na produção e pode trazer para as empresas bons resultados econômicos,
com aumento dos lucros, e resultados sociais e ambientais para a população.
De acordo com Lôrdelo, Evangelista e Ferraz (2007), a racionalização visa a,
principalmente:
a) melhorar as interrelações entre trabalhadores;
b) melhorar o fluxo de materiais e de produtos;
c) melhorar o fluxo das informações;
d) melhorar a organização do processo produtivo.
Para que o processo de racionalização surta efeito e se instale de forma perma-
nente na empresa, é necessário que haja o comprometimento e participação de
todos os empregados, desde o engenheiro até o servente.
A base da racionalização é a ferramenta PDCA, ou seja: Planejar, Fazer, Avaliar
e Agir, como você estudou no capítulo 3 deste livro.
Pensando nisso, é possível construir com o uso de materiais e tecnologias que
melhorem a condição de vida do morador e não agridam tanto o meio ambiente.
Um exemplo é a existência de blocos e tijolos fabricados com resíduos da própria
construção. Desde forma, como vimos, os detritos gerados na obra podem retor-
nar para ela, sem desperdícios, como agregados construtivos.
A escolha de materiais e tecnologias a serem utilizados, aliada a um menor
desperdício, é a proposta da Construção Sustentável. Este tipo de construção
objetiva preservar o meio ambiente, com qualidade de vida para os seus usuários
e para as gerações futuras.
5 Preservação do Meio Ambiente
83

As construções sustentáveis podem trazer benefícios para a sociedade, dentre


os quais:
a) o melhor aproveitamento dos recursos naturais, como a iluminação natural
e a ventilação;
b) a eficiência energética mediante o aproveitamento de fontes de energia re-
nováveis como a eólica (vento) e a solar (sol);
c) a economia de água, através de sistemas de aproveitamento de água da
chuva e reuso da água.
O termo Desenvolvimento Sustentável influencia esse tipo de construção, que
busca preservar os recursos e fontes de energias existentes no planeta. Essas
fontes proporcionam energia para a produção de novos edifícios e para a vida
cotidiana de seus moradores. Vamos conhecer um pouco mais sobre essas fontes
de energia e sobre o Desenvolvimento Sustentável?

5.4 Preservação do meio, usos de tecnologias limpas, de


recursos renováveis e desenvolvimento sustentável

A preservação do meio ambiente tem sido algo bastante discutido nos últimos
anos. No planeta, temos recursos não-renováveis e recursos renováveis.
Os recursos não-renováveis são aqueles que, como o próprio nome já diz, não
conseguem se renovar na natureza, após a sua extração. Como exemplos desses re-
cursos, podemos citar os combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o petróleo.

Figura 37 -  Extração de petróleo, recurso não renovável


Fonte: Dreamstime, 2012.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
84

4 Biocombustíveis As reservas destes recursos têm se esgotado, já que as demandas de produção


são muito aceleradas, se comparadas à sua formação natural.
Combustível de origem
biológica, ou seja, que não Já os recursos renováveis são aqueles que se renovam continuamente na na-
é de origem fóssil.
tureza, como a água por exemplo.
A água vem sendo utilizada pelo homem desde os nossos primeiros ances-
trais. Ela é um bem de uso público, coletivo e essencial à vida na Terra. Contu-
do, a crescente demanda por este bem tem causado preocupações aos cientistas
de todo o mundo. Estas preocupações demonstram que, apesar da abundância,
deve haver cuidados necessários para a sua preservação, como o uso consciente
e a não poluição.
Nesse contexto, podemos citar a necessidade das fontes de energia limpas e
renováveis. Veja, a seguir, os tipos de energias renováveis, suas características e
informações importantes:
a) Energia hidráulica
a) é a energia obtida a partir do movimento e da força das águas;
b) a energia é produzida através das usinas hidrelétricas;
c) no Brasil, a energia hidráulica ainda é a mais utilizada na produção de
energia elétrica.

Figura 38 -  Usina hidrelétrica


Fonte: Dreamstime, 2012.
5 Preservação do Meio Ambiente
85

b) Energia da biomassa
a) energia obtida através da utilização de matérias orgânicas, seja de ori-
gem animal ou vegetal;
b) na transformação de resíduos orgânicos, é possível obter biocombustí-
veis4, como: biogás, bioálcool e o biodiesel;
c) as plantas, através do processo da fotossíntese, armazenam, a curto pra-
zo, a energia solar sob a forma de carbono, que pode ser transformada
em calor, eletricidade ou combustível;
d) o Biogás é o gás liberado na decomposição de elementos orgânicos,
como o lixo, esterco, palha, dentre outros. Um biodigestor transforma o
gás em eletricidade. A produção de biogás é interessante, porque dimi-
nui a quantidade de resíduos no ambiente;
e) o álcool pode ser extraído de diversos vegetais, como: cana-de-açúcar,
beterraba, cevada, batata, mandioca, girassol, eucalipto, dentre outros.

Figura 39 -  Energia da biomassa


Fonte: SENAI, 2012.

O álcool é uma tecnologia brasileira! Pois é! E o Brasil


VOCÊ importa os seus conhecimentos sobre o desenvolvi-
mento e uso dessa energia para outros países, como os
SABIA? Estados Unidos, por exemplo. O principal uso do álcool
é como combustível.

c) Energia solar
a) gerada através das radiações solares ou do calor;
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
86

5 Energia cinética b) as placas solares permitem a geração de energia, no mesmo local de


consumo, através da integração da arquitetura;
Energia que está
relacionada ao movimento c) reduz as perdas ligadas ao transporte de energia, que representam per-
de determinado corpo no
espaço. da significativa do total da energia gerada.

6 Gêiseres

Águas quentes que saem


do interior da Terra e
também podem gerar
energia geotérmica.

Figura 40 -  Placas solares adaptadas a casa


Fonte: Dreamstime, 2012.

d) Energia eólica
a) obtida pela ação do vento, ou seja, através da utilização da energia ciné-
tica5 gerada pelas correntes aéreas;
b) a sua implantação é mais comum em locais abertos, pois necessitam de
espaço para a movimentação das hélices e geração de energia;
c) a Bahia é um dos estados brasileiros que mais produzem energia eólica,
devido a suas características geográficas e climáticas.

Figura 41 -  Hélices responsáveis pela geração da energia eólica


Fonte: Dreamstime, 2012.
5 Preservação do Meio Ambiente
87

e) Energia geotérmica
a) é a energia obtida do interior da Terra e consiste no aproveitamento de
águas quentes e vapores para a produção de eletricidade e calor;
b) países como o Japão, Itália e Estados Unidos produzem energia geotér-
mica, devido à existência de vulcões ativos;
c) em países como a Islândia, os gêiseres6 também são aproveitados para
a obtenção de energia.

Figura 42 -  Energia geotérmica


Fonte: Dreamstime, 2012.

f) Energia maremotriz
a) a energia dos mares é a energia obtida através do movimento das ondas
e pela diferença de altura das marés (alta e baixa);
b) requer alto custo para a implantação da central de geração de energia, pois
necessita de equipamentos mais resistentes à corrosão da água salgada;
c) os equipamentos podem exercer influência sobre a fauna, a flora e a
qualidade das águas marítimas.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
88

Figura 43 -  Energia maremotriz


Fonte: Dreamstime, 2012.

g) Energia do hidrogênio
a) é a energia que se obtém da combinação do hidrogênio com o oxigê-
nio, produzindo vapor de água e liberando energia que é convertida em
eletricidade;
b) existem alguns veículos que são movidos a hidrogênio;
c) requer cuidados na sua utilização, pois o hidrogênio é um elemento de
grande instabilidade e, se não for bem manuseado, pode gerar acidentes.

Figura 44 -  Hidrogênio como combustível


Fonte: Dreamstime, 2012.

Com exceção da energia hidráulica, principal fonte de energia renovável no


Brasil, as outras fontes são consideradas alternativas à geração de energia, devido
à capacidade ainda reduzida dessa geração.
As fontes alternativas de energia, aos poucos, têm ganhado espaço na pro-
dução energética e os países têm investido em pesquisas para melhor utilizar os
recursos renováveis do planeta, sem prejudicar a sua qualidade e renovação.
5 Preservação do Meio Ambiente
89

Na construção de uma casa em área urbana, além da energia hidráulica, po-


dem-se utilizar duas formas para o aproveitamento de recursos naturais na gera-
ção de energia: a solar e a eólica.
Para obter eletricidade de maneira natural, o sistema baseado na luz solar capta
a energia do sol através de uma capa de silício (placa fotovoltaica). Essa energia se
acumula numa bateria e seu custo depende da demanda de carga elétrica da casa.
A energia solar se adapta mais às construções do que a eólica, já que é movida
por placas solares e podem ser colocadas até em cima de uma casa. Para se obter
eletricidade de maneira natural, o sistema baseado na luz solar capta a energia do
sol através de uma capa de silício (placa fotovoltaica). Essa energia se acumula numa
bateria e seu custo depende da demanda de carga elétrica da casa (Figura 40).
A energia eólica adapta-se bem nas cidades litorâneas e montanhosas, onde
o vento é suficiente para girar as hélices do aerogerador, que converte a energia
mecânica em energia elétrica. O inconveniente é que, por possuir grandes hélices
e que devem ser implantadas em locais com grande espaço e fluxo de ventos, sua
instalação deve ser distante das edificações (Figura 41).
Essas boas ideias de preservação ambiental, como uso racional dos recursos
naturais, estão relacionadas com o Desenvolvimento Sustentável e o seu objetivo
é buscar o crescimento econômico do planeta, juntamente com o desenvolvi-
mento da sua população e a preservação do meio ambiente.
Preservar os recursos, hoje, para que as próximas gerações possam usufruir
desses recursos no futuro é o lema principal do Desenvolvimento Sustentável.
Nesse contexto, as empresas têm adotado em seus processos de produções
novas tecnologias, com o intuito de tornar mais limpo estes processos, ou seja:
a) com menor geração de resíduos;
b) reuso e reciclagem do que foi gerado;
c) destinação final adequada.
Na construção civil, podemos destacar as próprias construções sustentáveis,
que têm expressado o desejo dos clientes que buscam viver mais em harmonia
com a natureza.
Essas tecnologias devem ser inseridas no processo de produção, para torná-
-lo mais limpo que o convencional. Segundo o Programa Ambiental das Nações
Unidades, a Produção Mais Limpa (P+L) é a “aplicação contínua de uma estraté-
gia ambiental integrada aos processos, produtos e serviços para aumentar a eco-
-eficiência e reduzir os impactos para os seres humanos e o ambiente. Prioriza os
esforços dentro de cada processo [...]”.
Alguns países têm adotado medidas focadas nos 3Rs e na P+L, como a Dina-
marca, por exemplo, que elevou o custo dos seus aterros, fazendo com que as
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
90

empresas invistam na não-geração de resíduos. Na Alemanha, o gerador de em-


balagens é responsável pela sua coleta e reciclagem ou destinação final.
Aqui no Brasil, já existem medidas, em alguns municípios, voltadas para uma
produção mais limpa, como é o caso de Ribeirão Preto. Este município investe na
reciclagem dos resíduos da construção civil e utiliza este material na recuperação
de estradas sem pavimentação. Outro exemplo é Londrina, que possui uma Cen-
tral para moer os entulhos, que são utilizados na fabricação de tijolos destinados
à construção de casas populares, calçamentos de praças e logradouros públicos.
Aos poucos, vão surgindo novas práticas que, aliadas ao processo de produ-
ção, buscam associar as ideias do desenvolvimento sustentável.
Essas boas práticas vêm a combater o desperdício e devem estar planejadas
e pautadas na busca contínua da redução dos custos econômicos e ambientais,
pelo uso mais eficiente de materiais e energia.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, vimos que são muitos os impactos ambientais causados


pela indústria da construção civil. Estes impactos vão desde a extração dos
materiais na fonte, que consome uma quantidade muito grande dos recur-
sos naturais do planeta, até o consumo de energia e de água no uso das
edificações.
Os resíduos gerados pelas construções, por sua vez, têm sido uma das
maiores preocupações do setor, no que tange à realização de suas ativida-
des. Esses resíduos gerados devem ser separados, de acordo com as suas
classificações: Classe A, Classe B, Classe C e Classe D.
Os resíduos Classe A são aqueles que podem ser reutilizados ou reciclados e
são usados como agregado nas obras; os Classe B são resíduos recicláveis para
outros fins; os Classe C não possuem tecnologia viável para sua reciclagem; e
os Classe D são resíduos perigosos, oriundos do processo de produção.
No que se refere a esse processo de produção de um edifício, a resolução
no 307 do CONAMA estabelece obrigações para os geradores de resíduos
que devem aplicar os 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Desse modo, as em-
presas devem buscar não gerar ou reduzir a geração, reutilizar o que for
possível e reciclar ou mandar reciclar o que for reciclável.
Os municípios devem fiscalizar as empresas e a sociedade, e a empresa ou
o cidadão que for pego destinando seus resíduos de forma inadequada irá
responder por crimes ambientais, podendo pagar multas e até ser preso, a
depender da gravidade dos impactos causados ao meio ambiente.
5 Preservação do Meio Ambiente
91

A destinação final deve ser feita de forma responsável e, se o volume dos


resíduos for de até 2m³, pode se colocado nos Postos de Descarte de Entu-
lhos, os (PDEs).
No canteiro de obras, antes da destinação final, deve haver o acondiciona-
mento inicial, através das bombonas e dos sacos de ráfia, por exemplo, e
o acondicionamento final, através de big bags, baias ou caçambas estacio-
nárias. Estas ações mantêm o local de trabalho organizado, limpo e seguro
para os trabalhadores.
A empresa deve sempre buscar a racionalização em seus processos produ-
tivos, através do controle na fonte, da minimização de resíduos, da execu-
ção de atividades focadas no não desperdício e uso de fontes renováveis e
limpas de energia, como a energia hidráulica, solar, eólica e da biomassa,
em substituição às fontes de energia não-renováveis, como os combustí-
veis fósseis.
Vimos ainda algumas ações que têm sido adotadas pelo setor da constru-
ção civil, em busca da preservação do meio ambiente e do desenvolvimen-
to sustentável, as quais:
a) reuso da água em edifícios;
b) utilização de iluminação e ventilação natural;
c) reuso e reciclagem de resíduos;
d) racionalização dos processos produtivos;
e) implantação das normas da família ISO 14000 – a busca pela Produção mais
Limpa.
A P+L possui vantagens ambientais que não são percebidas no processo
de produção convencional. A primeira delas, e mais importante, é de fato
não gerar, com o intuito de prevenir a poluição. Essa não geração tem mais
vantagem ambiental, por exemplo, que a reciclagem, que é uma medida
para amenizar o que já foi gerado.
Por fim, vimos que muitas ações têm sido adotadas, por alguns municí-
pios, para amenizar a poluição causada pela geração de resíduos, como a
implantação de uma central para moer entulhos, utilizando os agregados
para construção de casas populares e a reciclagem de resíduos para a cons-
trução de estradas.
As novas práticas sustentáveis têm ganhado relevância no setor, devido às
constantes pressões das legislações e da sociedade, para adequação am-
biental das empresas.
Planejamento
e Organização do Trabalho

O planejamento e a organização das atividades são fundamentais nas ações voltadas para a
Qualidade, Saúde, Meio ambiente e Segurança (QSMS) no trabalho.
O Planejamento é a etapa onde a empresa estabelece os objetivos e a forma de realizá-los,
em busca dos resultados especificados. Estes objetivos são expressos nos projetos desenvol-
vidos pela empresa e cada projeto deve possuir um plano de execução, de modo que seja
cumprido o que estiver especificado, dentro do prazo, do custo estipulado e dos padrões de
qualidade e de segurança predefinidos.
Para executar o que foi planejado, deve haver um plano de execução que:
a) identifique as atividades a serem executadas e as suas especificações;
b) ordene as atividades, em função dos métodos definidos na fase de projeto;
c) determine a duração de cada atividade;
d) determine o prazo de execução das atividades e da obra;
e) aloque os recursos necessários, como materiais, equipamentos e mão de obra;
f) controle a realização das atividades nos prazos;
g) determine como será feito o controle no desenvolvimento dos serviços.

Figura 45 -  Projeto da obra


Fonte: Dreamstime, 2012.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
94

Este plano deve buscar executar o que foi instituído em prol de um bom re-
sultado, com relação à qualidade do produto da empresa. Assim, é importante
que todos os processos estejam incluídos neste planejamento, desde a ideia de
desenvolver uma edificação até a sua entrega final.
Isso significa que o planejamento deve buscar englobar todos os aspectos re-
lacionados à construção, onde podemos identificar diversos processos. Dentre
eles, se destacam:
a) processo de projetos;
b) processo de comercialização;
c) processo de venda;
d) processo de produção;
e) processo de entrega do produto.
Vamos conhecer melhor esses processos relacionados à construção civil?
O processo de projetos é onde são definidas todas as características do edi-
fício. Neste processo, há vários projetistas envolvidos, como: Arquiteto, Projetis-
ta de Estruturas e Instalações, Engenheiro Estruturalista, Engenheiro Eletricista e
Engenheiro Hidrossanitário, Incorporador, Construtor, e são tomadas as decisões
que irão influenciar a venda e a construção do edifício.
O processo de comercialização (venda), por sua vez, recebe as informações
do processo de projeto e tem como resultado final a venda das unidades (aparta-
mentos, salas, dentre outros) para clientes.
O processo de venda também tem influência na obra. Por exemplo, são nes-
tes processos que são definidas modificações que os clientes querem executar
nas suas unidades. Isso acontece na entrega ou após a mesma.
No processo de produção do empreendimento, a partir das informações dos
processos de projeto e venda dos materiais, são executados todos os serviços,
assim como é feita a aquisição de materiais, ferramentas e equipamentos neces-
sários. Podemos dividir o processo de produção em vários sub-processos como:
execução de fundações, estruturas, vedações verticais, instalações, dentre outros.
Por fim, temos o processo de entrega do produto ao cliente, de acordo com
o que foi solicitado.
Além destes processos, há vários outros que auxiliam a execução do edifício
como o processo do sistema de qualidade, auditorias, gestão de pessoas, dentre
outros.
Veja, no diagrama a seguir, um exemplo da relação entre esses processos:
6 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
95

Figura 46 -  Diagrama dos processos da construção civil e suas relações


Fonte: SENAI, 2012.

O planejamento e o controle são essenciais a esses processos e devem estar re-


lacionados a todas as atividades especificadas no projeto. Da mesma forma, nesta
fase de planejamento, é importante que a empresa busque:
a) levantar os recursos necessários;
b) elaborar o cronograma de trabalho;
c) organizar os espaços;
d) selecionar materiais, máquinas e equipamentos;
e) tomar os cuidados necessários com a saúde e a segurança do trabalhador e
com o meio ambiente.
Todas estas atividades fazem parte do planejamento, programação e controle,
relacionados ao desenvolvimento do serviço.

6.1 Planejamento, programação e controle no


desenvolvimento de serviços

O planejamento determina o objetivo maior que deve ser seguido. Quando


o planejamento de um projeto é colocado em prática, ele passa a ser conhecido
como programação.
Enquanto o planejamento diz respeito às tarefas mais abrangentes, a progra-
mação está relacionada ao detalhamento deste planejamento.
O controle, por sua vez, permite avaliar a qualidade do que foi planejado e
programado para o desenvolvimento do serviço.
O Planejamento, Programação e o Controle (PPC) – são complementares
e podem ser consideradas atividades de racionalização, focadas na minimização
dos resíduos e melhor forma de utilização dos recursos naturais, assim como me-
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
96

1 Alocados lhor escolha e organização dos materiais. Essas ações são importantes para a pre-
servação do meio ambiente, já que buscam evitar a não geração de resíduos e os
Colocado em um
determinado local, desperdícios, como preconizam as leis e diretrizes.
temporária ou
permanentemente. O planejamento visa a tomar as decisões com antecipação, enquanto que o
controle visa a conhecer e corrigir os desvios que venham a ocorrer em relação ao
que foi planejado.
A execução de um projeto pode sofrer mudanças no decorrer da sua implanta-
ção, sendo o planejamento necessário para evitar erros nesta execução. Contudo,
caso ocorram erros, é necessário que haja o controle do que foi estabelecido no
projeto com os objetivos estabelecidos no plano de execução. A partir daí, deve-
-se tomar as devidas providências para que as atividades posteriores atendam ao
objetivo maior.
Algumas empresas fogem do planejamento por acharem ser mais fácil dirigir
o presente do que pensar no futuro, já que o planejamento é pensar em longo
prazo. Dessa maneira, por exemplo, os serviços passam a ter muitos improvisos,
saindo de uma programação ou de um cronograma previamente elaborado para
a obra, podendo até causar prejuízos para a empresa e seus clientes.
Uma obra sem planejamento gera incerteza de prazo, de custo e de garantia
da qualidade final do produto. Cabem à empresa planejar e controlar todas as ati-
vidades relacionadas à entrega do edifício construído, de acordo com o projeto.
Para que essa entrega ocorra com qualidade, custos especificados e no prazo
estabelecido, é necessário que todos os envolvidos, como o empreendedor ou
incorporador, o projetista e o construtor, por exemplo, estejam desenvolvendo
bem as suas atividades.
Veja, no quadro a seguir, exemplos dos envolvidos no planejamento e os ser-
viços por eles desenvolvidos:

ENVOLVIDOS NO PLANEJAMENTO SERVIÇOS DESENVOLVIDOS

- Expressar, de forma clara, os objetivos que deverão ser


Empreendedor ou Incorporador atingidos;
- Formular diretrizes e parâmetros de controle.

- Traduzir os objetivos propostos pelo incorporador,


com desempenho semelhante;
Projetista
- Selecionar a alternativa relacionada a uma maior
racionalização do processo de produção.

- Construir o produto de acordo com o que foi projeta-


Construtor
do, com a qualidade esperada.

Quadro 13 - Envolvidos no planejamento e os serviços desenvolvidos


Fonte: SENAI, 2012.
6 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
97

Se cada ator possuir sua responsabilidade bem definida, desenvolvendo ativi-


dades que prezem pela qualidade da produção, os resultados serão os melhores
para a empresa.

FIQUE O planejamento e o controle de produção devem decidir


sobre o melhor emprego dos recursos, para que tudo seja
ALERTA executado como previsto.

6.2 Levantamento dos recursos necessários

Levantar os recursos materiais e humanos necessários para a construção do


edifício é de fundamental importância e deve ser incluído no planejamento da
empresa.
Além disso, os recursos humanos alocados1 devem receber treinamentos ade-
quados para a realização de suas atividades. Isso porque a falta de treinamento e de
incentivos ao trabalhador pode afetar a qualidade do serviço prestado e a produti-
vidade, aumentando o tempo de execução das atividades e os custos envolvidos.
Os treinamentos também aumentam a segurança e ajudam na prevenção de
acidentes, com focos para a gestão e redução dos riscos, como vimos no capítulo 3.
Por isso, a empresa que não realiza o planejamento de suas atividades tem
suas metas comprometidas e pode ter dificuldades para se firmar no mercado.
Um planejamento correto está associado a cronogramas e orçamentos, ou
melhor, o orçamento deve ser elaborado atendendo à necessidade do cronogra-
ma, dentro da realidade estimada de acordo com as especificidades da obra.

6.3 Elaboração de cronograma de trabalho

O cronograma em uma obra é usado para a programação das atividades que


foram planejadas, de acordo com o prazo estabelecido para cada uma delas. No
cronograma, devem constar prazos para cada atividade a ser realizada.

VOCÊ O Quadro de Cálculo Efetivo de Mão de obra (QCEMO),


juntamente com o quadro de levantamento de serviços,
SABIA? são a base para a elaboração do cronograma de trabalho?

O planejador pode formar equipes para executar os serviços necessários e de-


terminar os prazos de execução de cada serviço. Não se esqueça! A produtividade
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
98

2 Layout é a quantidade de trabalho que cada homem ou equipe produz por unidade de
tempo, normalmente hh/m² (homem hora por metro quadrado).
Esboço que mostra como
cada equipamento e Veja um exemplo de cronograma de trabalho:
material ficará distribuído
no canteiro, assim como
os seus tamanhos e
informações necessárias, cronograma de obra
vinculado a figuras ou
gráficos.

Término da Obra

Produtividade
Início da Obra

Quantidade

de Medida

01/03/2010
Duração
Unidade

Término
21/04/10
Equipe

Início
Nome
Ítem

1 Serviços Indiretos
1.1 Canteiro de Obras

Instalação de
Tapume
Instalação dos
1.1.1 1,00 m2 1,0, 1,00 1,00 01/03/10 02/03/10
Conteineres
1.1.2 2,00 und 5,00 1,00 0,40 03/03/10 03/03/10
Instalações
1.1.3 1,00 und 2,00 1,00 0,50 03/03/10 03/03/10
Provisórias
1.1.4 3,00 - 1,00 2,00 1,50 03/03/10 05/03/10
Ligação Provisória
1.1.5 3,00 - 1,00 2,00 1,50 03/3/10 05/03/10
de Água
Ligação Provisória
de Energia

1.2 Serviços Técnicos

Topografia e
1.2.1 Marcação da Obra 1,00 - 1,00 1,00 1,00 03/0310 02/03/10
1.2.2 Controle Tecnológico 1,00 - 1,00 1,00 1,00 04/03/10 05/03/10
do Concreto

Serviços Diretos
2
Movimento de
2.1
Terra

Movimento de
2.1.1 20,00 m3 10,00 1,00 2,00 02/03/10 01/03/10
Terra

Tabela 1 - Exemplo de cronograma de obras


Fonte: SENAI, 2012.

Se for necessário realizar a limpeza de um terreno de 400m2, por exemplo, e


cada operário for capaz de limpar 10m2 por dia, em um prazo for de 5 dias, serão
necessárias, para a realização do trabalho, quatro equipes com dois operários cada.
6 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
99

Os cronogramas permitem acompanhar o desenvolvimento dos serviços, efe-


tuando previsões de quantitativo de mão de obra, materiais e equipamentos. A
mão de obra é um fator muito importante para o dimensionamento correto dos
prazos de execução das atividades.
O cronograma de trabalho tem como escala de tempo os dias corridos, ajusta-
das às datas do calendário. Devem-se indicar as datas de início e término de cada
atividade e também da execução do serviço e entrega do produto.
Ajustado o cronograma de realização dos trabalhos, as atividades podem ser
executadas, de acordo com o que foi programado, e a organização dos espaços
possui grande relevância para obter qualidade na produção.

6.4 Organização de espaços

A realização dos serviços, de forma eficiente, depende da existência de um


layout2 do canteiro, que tenha como objetivos:
a) assegurar a utilização máxima do espaço;
b) proporcionar maior eficiência na movimentação de materiais;
c) proporcionar a estocagem mais econômica, em relação às despesas com o
equipamento, espaços livres e distâncias até a mão de obra.

Brita Areia Central de Central de


Ar. E Conc. Armação

Refeitório Almoxarifado Inst. Sanitárias


e vestiário

Figura 47 -  Layout de um canteiro de obras


Fonte: SENAI, 2012.

É de fundamental importância para a execução dos serviços que seja feita uma
simulação das várias situações percebidas no planejamento da obra, como:
a) Acesso de veículos
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
100

Deve-se planejar e organizar os espaços para estacionamentos; cargas e des-


cargas; armazenamento de materiais;
b) Vias de circulação
É importante que sejam destinados espaços tanto para a circulação de pesso-
as, quanto equipamentos;
c) Local para equipamentos fixos
Deve-se planejar o local mais adequado e seguro para localizar equipamentos
como: a betoneira, grua, bancada de serra e desbobinadeira;
d) Local para a engenharia e apoio
Deve-se planejar o local mais adequado e seguro para localizar alojamentos,
vestiários, sanitários, cozinha e refeitório, almoxarifado, ferramentaria, adminis-
tração e portaria.
Um espaço mal organizado pode causar acidentes ou ocasionar doenças ocu-
pacionais aos trabalhadores.

6.5 Seleção de materiais, máquinas e equipamentos

A seleção dos materiais, máquinas e equipamentos é uma das principais tare-


fas relacionadas ao planejamento.
A qualidade do produto final irá depender desta adequada seleção e deverá es-
tar relacionado a cada processo e sub-processos, dentro das etapas de construção.
A seleção dos materiais construtivos está relacionada com a análise de seu
ciclo de vida, ou seja, o tempo de duração de um produto, assim como a capaci-
dade de reaproveitá-lo, se houver demolição, os custos com o seu transporte e as
condições, seguras ou não, de uso.

Saiba mais sobre os materiais construtivos que estiver utili-


SAIBA zando nas suas atividades. Eles podem oferecer risco à sua
MAIS saúde e segurança. Verifique a qualidade do produto e os
dados do fornecedor.

O fluxo de materiais no canteiro irá depender do planejamento e você não


deve esquecer que o processo de racionalização ajuda a escolher e dimensionar,
de forma correta, os materiais necessários à obra, que tenham relação, de prefe-
rência, com a não geração de resíduos.
6 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
101

A seleção das máquinas também é importante para o processo de produção, e


os quesitos mais relevantes para essa seleção são o tamanho, a potência e o custo
por hora.
Cada máquina atende a uma especificidade dentro da obra e, por isso, deve
ser supervisionada, focando na segurança dos trabalhadores.
Já a seleção dos equipamentos deve atentar para os mais modernos do mer-
cado, com alta eficiência energética. Equipamentos mais antigos tendem a con-
sumir mais energia. Outras informações importantes para a escolha dos equipa-
mentos são:
a) verificação do suporte do fornecedor;
b) verificação da assistência técnica e manutenção;
c) verificação da evolução do produto no mercado; dentre outros.

CASOS E RELATOS

César é comprador da empresa SA Construções e estava responsável pela


aquisição dos materiais necessários para a execução das atividades no can-
teiro de obras. Realizou a cotação, para a compra com várias empresas, e
preferiu escolher aquela que oferecia os menores preços, visando a reduzir
os custos.
Com a chegada dos materiais e início das atividades, os trabalhadores co-
meçaram a reclamar da durabilidade dos mesmos. O técnico André fez um
relatório informando que estavam acontecendo perdas significativas na
obra. Inclusive, algumas atividades ficaram prejudicadas e houve muito
retrabalho, aumentando os custos e levando a necessidade de uma nova
cotação para que a compra daqueles produtos viessem a atender as espe-
cificações recomendadas no que diz respeito aos critérios de qualidade e
durabilidade.
Com isso, César aprendeu que nem sempre o mais barato é mais viável.

Outro fator importante na seleção dos materiais, máquinas e equipamentos


tem relação com a menor produção de ruídos, que, a depender dos decibéis,
pode prejudicar a saúde do trabalhador, causando doenças ocupacionais.
QSMS - qUALIDADE, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA construção civil
102

6.6 Saúde, segurança e preservação ambiental na execução


de serviços

A execução dos serviços estipulados, no cronograma, deve ser feita com total
segurança, para que não ocorram acidentes de trabalho e doenças ocupacionais
na empresa.
Aliada a essa busca contínua pela qualidade, segurança e saúde na empresa,
está também a busca pela preservação ambiental.
Essa preservação, garantida nas legislações, como a resolução no 307 do CO-
NAMA, visa a assegurar que não hajam impactos ambientais causados pelas ativi-
dades desenvolvidas pela construção civil, desde a extração de matéria-prima até
a entrega do edifício.
O trabalhador deve estar sempre atento às especificações que garantam a sua
segurança e a de seus colegas na execução de suas atividades.
Estar seguro, com saúde e preservando o meio ambiente deve ser tão impor-
tante quanto a execução correta de suas tarefas diárias.
A produção com qualidade requer cuidados com o trabalhador e com o am-
biente natural, até porque, o uso descontrolado dos recursos pode ocasionar o
seu esgotamento, causando maiores problemas futuros para a população e para
a própria empresa.
A prática nos mostra que, sem planejamento, há maiores impactos ao meio
ambiente, como também à saúde e segurança dos trabalhadores.
Uma gestão de qualidade envolve o planejamento em todas as suas etapas,
e o controle dessa qualidade garante que a obra construída saia de acordo com
o que foi planejado, para garantir a satisfação do cliente e a competitividade da
empresa no mercado.

RECAPITULANDO

Vimos, neste capítulo, a importância do planejamento e da organização


dos materiais para as atividades relacionadas com a Qualidade, Saúde,
Meio Ambiente e Segurança (QSMS) dos trabalhadores nas atividades e
processos da construção civil.
O planejamento, a programação e o controle são essenciais a esses proces-
sos de projeto, comercialização, venda, produção e entrega do produto ao
6 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
103

cliente, devendo estar relacionados a todas as atividades especificadas em


cada processo.
Uma obra sem planejamento está mais susceptível a erros, possui prazos e
custos incertos, e interfere na qualidade final do produto.
Vimos, ainda, que cada envolvido no processo de planejamento possui im-
portância no desenvolvimento dos serviços e a definição de responsabili-
dades busca garantir que a obra saia como o planejado. Os cronogramas e
orçamentos auxiliam esse processo e a organização dos espaços garante
uma melhor execução das atividades, de acordo com as especificidades
dos projetos e layouts.
É importante levantar os recursos humanos necessários ao desenvolvimen-
to das atividades, e a realização de treinamentos aumenta a segurança dos
trabalhadores.
A seleção dos materiais, máquinas e equipamentos devem possuir relação
direta com a durabilidade, confiabilidade, eficiência energética e maior
produtividade.
Por fim, vimos que a falta de planejamento pode interferir na saúde e se-
gurança do trabalhador, no que tange à ocorrência de acidentes e doenças
ocupacionais, e que a gestão de qualidade não pode estar desvinculada do
planejamento e da organização no ambiente de trabalho.
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MINICURRÍCULO Da AUTORa
Luciana Silveira de Melo é Bacharel em Urbanismo desde 2007, quando concluiu sua graduação
pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). No ano de 2011 ao completar com êxito a pós-gradu-
ação stricto sensu, ela também recebeu o título de Mestre em Engenharia Ambiental e Urbana, pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Profissional atuante no mercado, Luciana leciona no Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE)
como professora na área de Gestão Ambiental e no sistema Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI) como professora visitante na área de Gestão Ambiental.
Índice
A
Acondicionamento 76, 77, 79, 91
Alocados 97
Auditoria 34, 40, 94

B
Biocombustíveis 85
Bombona 76, 77, 91

D
Decibéis 48, 101
Democracia 16, 17, 18, 28

E
Energia cinética 86
Equidade 16, 18

G
Gêiseres 87

L
Layout 99, 103

O
Otimização 36, 39

P
Protozoário 64

R
Racionalização 13, 37, 41, 82,91, 95, 96, 100
Radiação 63
Ráfia 77, 91
Retrabalhos 33, 35, 41
Riscos ergonômicos 62, 65, 66

V
Valores morais 16, 18, 28
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Luciana Silveira de Melo


Elaboração

Sergio Soares Batista Filho


Revisão Técnica

Carla Carvalho Simões


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto

Monique Ramos Quintanilha


Design Educacional

Iranildes Cerqueira
Revisão Ortográfica e Gramatical
Antônio Ivo
Natália Coelho
Rodrigo Lemos
Vanessa Guimarães
Vinícius Vidal
Revisão de arte e Fechamento de arquivo

Valdiceia de Jesus Cardoso Pinheiro


Normalização

FabriCO
Diagramação e Ilustrações

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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