O documento discute a atual conjuntura política e econômica do Brasil, caracterizada pela dependência das campanhas eleitorais de doações de grandes empresas, crescente deslegitimação da classe política, e disputa de poder entre grupos políticos e judiciário que paralisou o governo. Também critica as medidas de austeridade que cortam gastos sociais mas não mexem nos juros bancários, e defende o engajamento popular para reformar o sistema político.
Descrição original:
A Atual Conjuntura Política, Econômica e Social Do Brasil
O documento discute a atual conjuntura política e econômica do Brasil, caracterizada pela dependência das campanhas eleitorais de doações de grandes empresas, crescente deslegitimação da classe política, e disputa de poder entre grupos políticos e judiciário que paralisou o governo. Também critica as medidas de austeridade que cortam gastos sociais mas não mexem nos juros bancários, e defende o engajamento popular para reformar o sistema político.
O documento discute a atual conjuntura política e econômica do Brasil, caracterizada pela dependência das campanhas eleitorais de doações de grandes empresas, crescente deslegitimação da classe política, e disputa de poder entre grupos políticos e judiciário que paralisou o governo. Também critica as medidas de austeridade que cortam gastos sociais mas não mexem nos juros bancários, e defende o engajamento popular para reformar o sistema político.
A atual conjuntura poltica, econmica e social do Brasil
Os gastos de campanha para a eleio de 2014 foram os maiores da histria. Uma
campanha para deputado federal, por exemplo, chegou a custar 8 milhes de reais. De onde vem tanto dinheiro? Uma pesquisa no site do TSE nos d a resposta. Dos 513 deputados eleitos, 214 receberam doaes de empreiteiras como a Odebrecht; 197 receberam dos bancos Bradesco e Ita; 162 receberam da JBS; 85 receberam da Vale e 76 receberam da Ambev. Boa parte desses deputados receberam doaes simultneas de vrias das empresas citadas. Em resumo, 70% da Cmara dos Deputados foi eleita com o apoio milionrio de um punhado de empresas, o suficiente para aprovar leis, emendas Constituio e mais do que suficiente para minar qualquer tentativa de reformar um sistema poltico que tanto favorece grandes empresas quanto velhos polticos, eleitos s custas de suas doaes milionrias. medida que cresce o interesse das empresas pelas campanhas eleitorais, o nmero de escndalos de corrupo s aumenta e o interesse da populao pela poltica s diminui. A quantidade de abstenes cresce a cada eleio, chegando a extremos como o da ltima eleio para a prefeitura de So Paulo (2016), onde o candidato Joo Dria, eleito j no primeiro turno, teve a votao superada pelo somatrio de abstenes e votos brancos e nulos. Esses dados demonstram a j velha conhecida e cada vez maior deslegitimao da classe poltica. Na esteira desse processo, o poder e o prestgio social perdidos pela classe poltica pouco a pouco so transferidos para o Poder Judicirio e o Ministrio Pblico, que atuam intensamente para acelerar ainda mais esse processo. Extrapolando suas atribuies jurdicas e agindo ostensivamente como agentes polticos, eles se apresentam como defensores da moralidade e do interesse pblico, mas que, na verdade com prises arbitrrias e vazamentos ilegais seletivos deturpam a prpria lei e os direitos e garantias constitucionais em prol de seus interesses corporativistas. Assim, fazendo uso de seu aparato jurdico-policial, tais agentes realizam operaes altamente miditicas e espetacularizadas para atacar seletivamente grupos polticos que esto, por hora, no poder. Quando tal grupo derrubado (PT), o foco das operaes se volta para o prximo grupo poltico a assumir o poder (PMDB). Desse modo, os alvos das operaes do Poder Judicirio e Ministrio Pblico so cuidadosamente decididos dentro de uma estratgia poltica para aumentar seu poder e influncia dentro do Estado e da sociedade. Esse cenrio catico de luta pelo poder paralisou o Governo Federal e o Congresso Nacional, sobretudo a partir de 2015, quando medidas econmicas anticrise j eram de extrema urgncia. Mergulhado numa crise econmica e poltica, o Pas assistiu movimentao de grupos polticos alinhados com grandes empresas, como as j citadas, sintonizados com o capital financeiro internacional, articulando um discurso de austeridade supostamente preocupado com as contas pblicas, mas que na verdade j comeavam a se aproveitar da crise econmica para viabilizar no Congresso medidas extremamente impopulares, mas altamente lucrativas, como cortes de gastos com sade, educao e previdncia social, alm da restrio de leis trabalhistas e a venda de ativos nacionais importantes como o Pr-Sal. Vocalizando tal discurso de austeridade, meia dzia de conglomerados de mdia, que compem a quase totalidade da imprensa no Brasil, tambm se apropriaram da crise econmica para manipular a populao. A recesso econmica, alm do cenrio adverso da prpria crise poltica, teve como principal motivao tanto o fim do ciclo das commodities, quanto a poltica desastrada do governo Dilma com isenes fiscais. Disfarando essas variveis fundamentais, a mdia repassou para a populao a falsa ideia de que a crise econmica foi causada por gastos excessivos com polticas sociais. Contudo, todos os relatrios oficiais de atividade econmica do governo desmentem tal falcia. Esse tipo de discurso combinado com uma poltica do medo, que ameaa a populao com ideias como: se os cortes no forem feitos, a crise vai piorar e o desemprego e a inflao vo aumentar, quando na verdade, at mesmo segundo o insuspeito FMI, polticas de extrema austeridade, juros altos e corte de gastos pblicos s aprofundam ainda mais a recesso econmica. Ademais, ao mesmo tempo em que cortam gastos pblicos fundamentais para a sociedade, como educao e sade, que consomem apenas uma pequena parcela do oramento estatal (menos de 10%), tais medidas tm o cuidado de deixar intocados os nossos gastos com juros, reconhecidamente os maiores do mundo, que consomem quase metade de todo o oramento pblico brasileiro e que garantem os lucros milionrios dos bancos, do capital financeiro internacional, dos fundos de investimento privado e de um punhado de famlias que compe a elite rentista do Brasil. Alm disso, o mesmo governo to preocupado em cortar gastos pblicos, teve o cuidado de garantir um reajuste de mais de 40% para os j elevados salrios do Poder Judicirio, cujo impacto em cascata no oramento avaliado em dezenas de bilhes de reais. Diante disso, a sada para a populao reavivar seu engajamento perdido desde as jornadas de junho de 2013, corrigindo suas falhas, tais como a negao da poltica, a pulverizao de reivindicaes e bandeiras e, principalmente, o seu aparelhamento por parte da mdia e de setores conservadores da sociedade, que acabaram desviando o foco das manifestaes e dividindo a populao numa luta partidria intil entre esquerda e direita. Tanto a apatia da populao quanto a sua fragmentao em movimentos sociais conflitantes enfraquecem a sociedade e contribuem para manter funcionando o sistema de representao eleitoral baseado no financiamento privado de campanha, que s beneficia a velha classe poltica e suas empresas patrocinadoras. O engajamento popular representa um movimento decisivo para desmontar esse sistema socialmente injusto. E somente com um discurso unificado em torno de, sobretudo, uma reforma poltica realmente comprometida com os interesses sociais, a populao poder construir uma base slida para conquistar outras reformas importantes, como a tributria, alm de alcanar os to sonhados avanos na educao e sade pblica.
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