Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS


DOUTORADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

ANTE-PROJETO DE PESQUISA

A INTRUMENTALIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA SOBRE O


DÉFICIT DO ORÇAMENTO FEDERAL: Um estudo sobre o contexto
social e político quando da aprovação da Emenda Constitucional n. 103
de 2019 em face da ausência de debates sobre a auditoria da Dívida
Pública Interna Brasileira.

Projeto de Pesquisa, na Linha de Pesquisa


Instituições, Poder e Sociedade, objetivando a
classificação na Seleção Pública para o
Doutorado em Ciências Sociais da UFSM.

Felipe Stribe da Silva

Possíveis Orientadores:
Prof. Dr. Reginaldo Teixeira Perez
Tema de Pesquisa: Ciências Sociais e Direito;
Prof. Dr. José Carlos Martines Belieiro Júnior
Tema de Pesquisa: Mercado Versus Política;

Santa Maria - RS, dezembro de 2021 – janeiro de 2025.


RESUMO: A presente pesquisa pretende aprofundar as razões políticas e sociológicas
que permitiram uma massificação da opinião pública sobre o déficit orçamentário, quando
da aprovação da reforma da previdência em 2019. Utilizando-se de uma abordagem
dialética, partindo da compreensão do modelo político brasileiro e da crise de
legitimidade que ele vem sofrendo nas últimas décadas, aliando essa perspectiva à busca
de um debate público plural sobre temas econômicos que tenham um alto reflexo social,
como é o caso da restrição de políticas públicas para proteger um “desejado” equilíbrio
financeiro das contas públicas. A esta abordagem alia-se os procedimentos histórico e
comparativo que pretendem estabelecer as diretrizes sobre as quais aqueles que detém o
“capital cultural” e o capital social” visam afastar da população os reais interesses dos
detentores do “capital econômico”, utilizando-se assim do instrumental teórico
estabelecido por Pierre Bordieu para compreender esse momento específico da realidade
social e política brasileira.
Apresentação do tema e justificativa (Item 4.1.2.1.2 do Edital)
Após duas décadas de um regime ditatorial, em 1985 inicia-se um processo de
reabertura democrática no Brasil, cujo principal resultado histórico foi o texto
constitucional promulgado três anos depois, em 1988. Essa Constituição da República
surge de uma Assembleia Nacional Constituinte formada pelos mais diversos campos
ideológicos, políticos sociais e econômicos no Brasil naquele período.
Esse texto constitucional além de estabelecer um Estado Democrático de Direito
com fundamentos da Dignidade da Pessoa Humana e na Valorização do Trabalho (art. 1º)
ainda estabelecia como objetivos da República a redução das desigualdades sociais e a
promoção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º).
Ainda, a Constituição de 1988 trouxe a previsão de um título denominado “Da
Ordem Social”, que seria melhor definido como estrutura de promoção dos direitos
sociais, curiosamente a base dessa estrutura estava na valorização do trabalho humano e
na promoção da justiça e do bem-estar social – art. 193.
O eixo fundamental dessa estrutura de promoção social, vinculada diretamente
aos objetivos do Estado Democrático de Direito é a figura da Seguridade Social, formada
como um conjunto integrado de ações e iniciativas da sociedade e do estado atinente a
promoção dos direitos à Saúde, à Assistência e à Previdência Social – art. 194.
Durante a década de 90 a sociedade brasileira observou um processo de
Impeachment, sob argumentos que envolviam corrupção do primeiro presidente eleito
democraticamente pelo voto direto – Fernando Collor de Mello, além de uma
instabilidade econômica que vinha a duas décadas corroendo o poder de compra da moeda
nacional.
Após este processo o vice-presidente – Itamar Franco, assumiu o governo e iniciou
um Plano Econômico que estabeleceu uma nova moeda – o Real, e assim conseguiu
reduzir os impactos da inflação dos bens básicos de consumo e no salário mínimo do
trabalhador.
Ainda em 1994, ocorre a eleição de um presidente da república – Fernando
Henrique Cardoso, figura reconhecida no meio acadêmico, que adotou mecanismos e
políticas neoliberais ao mesmo tempo que estabeleceu estruturas administrativas
essenciais como a Lei de Responsabilidade Fiscal. Ainda, permitiu a reeleição em um
questionável processo de emenda à Constituição.
Em 2002, esse governo é sucedido por um reconhecido político e líder sindical –
Luis Inácio Lula da Silva que, como o seu próprio discurso apregoava pretendia trazer as
classes menos favorecidas para o orçamento público. Como afirmado durante dois
mandatos, esse governo com matriz ideológica original de esquerda, mas com uma prática
conciliatória entre capital e trabalho, passa a garantir a inclusão, pelo consumo, de
grandes parcelas da população além de, com isso, garantir uma ampliação das estruturas
econômicas para fazer frente a esses novos consumidores.
Em continuidade a esse governo em 2010 elege uma sucessora – Dilma Vana
Rousseff a primeira mulher presidente da república, que continua essa prática de aliar os
interesses econômicos e financeiros, garantindo altas taxas de juros, mas também
incluindo a população em novos níveis de consumo e acesso a bens e serviços.
Essa promoção de acesso a bens e serviços era garantida por programas
subsidiados pelos governos o que ocasionava um aumento cada vez maior dos níveis de
endividamento interno do Estado e, os atores do mercado financeiro utilizando-se do seu
extenso capital econômico atuaram como fiadores de todas essas políticas públicas, que
iam do acesso as universidades até a aquisição de moradias próprias.
Em 2010 é instaurada junto a Câmara dos Deputados uma Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) que visava investigar as razões da crescente dívida pública, no relatório
final destaca-se a atuação do Deputado Ivan Valente (PSOL), que encaminhou ao
Ministério Público Federal as informações da CPI para que ocorresse uma investigação
da legalidade e da legitimidade desse crescente endividamento.
A partir de 2013, um movimento político e ideológico capitaneado inicialmente
por membros de uma elite do funcionalismo estatal, de formação jurídica, procuradores e
juízes, passa a utilizar-se do seu “capital cultural”, como sujeitos isentos e cumpridores
das normas, para, de forma ilegal, atingir e desestabilizar as bases políticas e sociais
desses governos de origem popular.
E esse movimento ganha amplo apoio de uma população que, após muitos anos
de inclusão a novos bens e serviços, passava a sentir os efeitos deletérios da variação do
câmbio, das absurdas taxas de juros e da impossibilidade de novos avanços estatais,
estancados pelo endividamento público. Essa população revoltada ganhava apoio de
grande parte dos meios de comunicação que usava de seu “capital social” para demonstrar
que o grande problema nacional era exatamente a estrutura de Direitos Sociais que
impedia a sociedade brasileira de “avançar” rumo ao mercado globalizado e a tornar-se
moderna.
Essa revolta eclodiu uma grande aliança judicial-político-midiática que, em 2016,
para conseguir que a presidente sofresse uma acusação de crime de responsabilidade
orçamentário, revestida de verniz jurídico-constitucional, e acabasse perdendo o seu
mandato.
Com este segundo Impeachment assume o vice-presidente eleito – Michel Temer,
personagem conhecido da política nacional, que nunca havia concorrido a um cargo
majoritário e logo que assume percebe que, como eleito em conjunto com a antiga
mandatária, não poderia contar com o apoio dos seus eleitores e que não poderia assumir
os avanços sociais como de sua autoria, decide tomar para si uma visão ideológica dos
membros do grande capital financeiro.
Esse governo de transição consegue aprovar alterações centrais na legislação
trabalhista, afastando a lógica da valorização social do trabalho humano em prol da
lucratividade das diversas atividades econômicas, permite a flexibilização das relações de
trabalho formais e a completa precarização das demais relações até então informais, afasta
qualquer parâmetro legal e torna os direitos sociais dos trabalhadores totalmente
negociáveis por entidades sindicais cada vez mais enfraquecidas.
Em 2019, após tumultuado processo eleitoral, no âmbito federal assume o
Governo um político inexpressivo e inexperiente – Jair Messias Bolsonaro, que se
apregoava de viés conservador nas pautas de comportamento e abertamente ultraliberal
nas pautas econômicas, ainda defendia um rompimento do ciclo de ascensão social das
classes econômicas menos favorecidas que vinha ocorrendo das últimas décadas.
No início de 2019 os atores centrais dessa política ultraliberal passam a delimitar
a estrutura de Seguridade Social, sobretudo nos serviços de Assistencial Social e de
Previdência Social, como causadora do maior déficit nas contas públicas alegando
inclusive que se não ocorresse uma reforma constitucional urgente nessa área poderíamos
vivenciar uma completa falência das estruturas governamentais federais.
Em 21/02/2019 é apresentado o Projeto de Emenda à Constituição n. 06 de 2019
que “Modifica o sistema de previdência social, estabelece regras de transição e
disposições transitórias, e dá outras providências”. Esse projeto ganha apoio de todos os
principais meios de comunicação, além de ser defendido por atores políticos dos mais
diversos campos ideológicos.
O equilíbrio das contas públicas passa a ser a principal preocupação de toda a
sociedade brasileira. Todos os detentores de “capital cultural” e de “capital social”
conhecidos pela maioria da população defendiam que essa reforma da previdência por
mais injusta – pois condenava trabalhadores rurais, mulheres e professores a regras muito
mais rígidas, enquanto não tratava do oficialato das forças armadas, e inconstitucional –
pois não buscava objetivos de justiça e bem-estar sociais – art. 193, era urgente e essencial
para o país.
Haja vista a grande preocupação com as contas públicas verifica-se que ela
desconsiderou a destinação das despesas públicas do Estado, conforme dados da
associação “auditoria cidadã da dívida pública” em 2019 apenas 25,25 % (vinte e cinco
virgula cinco por cento) do orçamento público foi destinado a previdência social, por
outro lada 38,27% (trinta e oito virgula vinte e sete por cento) deste orçamento foi
destinado a Juros e Amortização da Dívida Pública, dívida está que, de forma clara e
acessível não se vincula a nenhum objetivo ou estrutura consolidada da Constituição, mas
cujos maiores beneficiados são aqueles que detém o “capital econômico”.
Diante do afirmado, o presente projeto pretende trazer como tema um estudo
político-sociológico sobre a opinião pública quanto a Orçamento Público no Brasil,
sobretudo a partir da posição dos atores detentores da maior parcela de Capital Cultural e
Social não se utilizam destes para esconder a acumulação desigual de capital econômico.
Tal tema encontra-se diretamente vinculado as áreas de ciências sociais sobretudo
considerando relacionar questões sociais, posicionamento dos meios de comunicação e
dos principais atores políticos que neste sentido se contrapõe aos interesses da maioria da
população, e políticas pois vincula-se diretamente as estruturas de políticas públicas e de
gestão financeira do Estado.
Neste sentido observa-se que este tema encontra-se vinculado a linha de pesquisa
“Instituições, Poder e Sociedade” do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da
Universidade Federal de Santa Maria (PPGS UFSM), sobretudo por tratar de
transformações jurídicas vinculando-se a “Ciências Sociais e Direito” e do conflito entre
interesses político-sociais e econômico-financeiros vinculando-se a “Mercado Versus
Política”.
Problema (Item 4.1.2.1.2 do Edital)
Questiona-se, considerando como metáfora o processo de reforma da previdência,
se em países com altas taxas de desigualdade como o Brasil não é possível afirmar que os
detentores de “capital cultural” e de “capital social” servem apenas como servos e
instrumentos para esconder os reais detentores do “capital econômico”, considerando que
grande parcela da população, informada exclusivamente por esses detentores, visualiza o
orçamento público como um fim em si mesmo desconsiderando tratar-se de instrumento
de redução das desigualdades e de inclusão social?
Hipótese 01 – Os detentores do capital cultural e social - jornalistas, economistas,
entre outros formadores de opinião. não conseguem se desvincular de valores
liberalizantes e reconhecer a injustiça desse processo de endividamento público.
Hipótese 02 – Estes mesmos detentores de capital cultural e social tem a intenção
clara de nublar e dificultar a compreensão dos reais detentores do “capital econômico”.
Hipótese 03 – Aqueles que detém estas outras formas de capital desconhecem os
meandros do endividamento público e pautam as suas discussões apenas por pautas que
lhes são impostas.
Discussão Teórica (Item 4.1.2.1.3 do Edital)
O Estado é resultado de um processo de concentração de diferentes tipos de
capital, capital de força física ou de instrumentos de coerção (exército, polícia), capital
econômico, capital cultural, ou melhor, de informação, capital simbólico, concentração
que, enquanto tal, constitui o Estado como detentor de uma espécie de metacapital, com
poder sobre os outros tipos de capital e sobre seus detentores. (1996, p. 100)
Portanto, a questão da legitimidade do imposto não pode deixar de ser colocada
(Norbert Elias tem razão ao observar que, no início, a cobrança de impostos apresenta-se
como uma espécie de extorsão). Só progressivamente se passa a ver no imposto um tributo
necessário às necessidades de um destinatário que transcende a pessoa do rei, isto é, esse
“corpo fictício” que é o Estado. (1996, p. 104)
Instaura-se assim, progressivamente, uma lógica econômica específica, fundada
sobre o imposto sem contrapartida, a redistribuição funcionando como princípio de
transformação do capital econômico em capital simbólico, primeiro concentrado na
pessoa do príncipe. (1996, p. 103)
A concentração do capital econômico vinculado à instauração de um fisco
unificado acompanha a concentração do capital de informação (do qual o capital cultural
é uma dimensão), ele próprio acompanhado da unificação do mercado cultural. (1996, p.
106)
A questão se torna ainda mais importante se considerarmos que a apropriação do
capital parece se tornar cada vez mais concentrada neste início do século XXI, isso dentro
do contexto de tendência de alta da relação capital / renda e de baixo crescimento. (2014.
p. 425)
Quando o dinheiro assume a forma de puro número, sua quantidade potencial
torna-se ilimitada. Isso nutre a ilusão de que o crescimento ilimitado e infinito do capital
em sua forma-dinheiro não é só possível, como também desejável. Contra isso, até mesmo
um exame informal das condições relativas ao desenvolvimento do trabalho social e ao
aumento de valor mostra que o crescimento exponencial sem fim é impossível. Essa
oposição, como veremos adiante, está na raiz de uma das três contradições mais perigosas
do capital: a do crescimento exponencial. (2016. p. 49)
A produção e difusão de imagens televisivas ter caído nas mãos de empresas e
empreiteiros que, conhecendo melhor do que ninguéns as aspirações à felicidadezinha
privada, ligado à imemorial ambição do património transmissível, conseguem confinar a
pequena burguesia das casas da periferia ao universo capcioso das publicidades
adulteradas dos produtos domésticos. (2006, p. 257)
Uma constatação básica é que enquanto fazer aplicações financeiras, especular
com mercados do futuro, praticar juros abusivos e outras práticas renderem mais do que
realizar investimentos produtivos, o dinheiro tenderá a se dirigir para mais aplicações
financeiras: o dinheiro atrai o dinheiro. (2017. p. 233)
A razão é simples: o controle dos recursos financeiros não é apenas controle sobre
dinheiro. Trata-se do controle sobre as capacidades de transformação que o acesso aos
recursos permite. Inclusive, o resgate dos processos democráticos que a submissão dos
recursos às necessidades do desenvolvimento equilibrado permite. Batalhar por juros
decentes e pela racionalidade do sistema financeiro nas suas diversas dimensões tornou-
se tão estratégico como batalhar por salários dignos. E combater o sistema de agiotagem
que tomou conta do país é uma condição básica de qualquer recuperação do processo de
desenvolvimento. (2017. p. 238)
O capital cultural, por exemplo, que signica basicamente incorporação pelo
indivíduo de conhecimento útil ou de prestígio, é o outro capital fundamental para as
chances de sucesso de qualquer um no mundo moderno. Isso porque é tão indispensável
para a reprodução do capitalismo quanto o econômico. Não apenas a justicação do
capitalismo é feita por elites que monopolizam certos tipos de capital cultural, como
também não existe nenhuma função de mercado ou no Estado que não o exija em alguma
proporção. (2019, p. 102)
Se pensarmos bem, veremos que o capital cultural, ou seja, a posse de
conhecimento útil e reconhecido em suas mais variadas formas, foi, inclusive, o único
capital que o capitalismo logrou, em grau muito variável – entre nós, no entanto, muito
circunscrito apenas à classe média –, efetivamente democratizar. (2019, p. 106)
O orçamento estatal, agora pago pela classe média e pelos pobres em sua maior
parte, deixa de ser usado em serviços essenciais para pagar de volta aos ricos, por meio
da “dívida pública”, o que eles deveriam ter pago como todos os outros cidadãos. (2019,
p. 186)
O capitalismo é um modelo que depende intrinsecamente da desinformação em
massa. Não haveria qualquer outra forma de um sistema tão cruel e injusto como ele
permanecer de pé que não fosse essa. A (falsa) esperança é, portanto, a base política do
capitalismo. (2019 p. 29)
Em princípio, a dívida pública não deveria ser algo nocivo, pois deveria estar
orientada unicamente a aportar recursos para melhorar a gestão pública; viabilizar o
cumprimento dos direitos sociais; possibilitar o desenvolvimento econômico sustentável,
assim como garantir investimentos de elevado impacto social. Ademais, a decisão de
contrair dívidas públicas deveria ser estipulada nas Constituições de cada país como um
processo transparente e, necessariamente, discutido com a sociedade que, afinal, é quem
as paga.”. (2013, p. 54)
Verificou-se que em muitos casos a dívida pública não foi gerada pelo ingresso
efetivo de recursos que deveriam ter sido utilizados para a satisfação de necessidades
sociais, mas sim pela. atuação e aplicação de uma série de mecanismos, condições
viciadas e medidas impostas pelos organismos internacionais, que provocam seu contínuo
crescimento e sua perenização. (2013, p. 97)
Um dos pioneiros na tentativa de conceituar opinião pública na sociedade
moderna foi Walter Lippman. Ele alertava para o fato de que o mundo onde vivemos é
muito vasto e complexo para que cada um de nós possa apreendê-lo sozinho, de forma
independente. Hoje, ao formarmos uma opinião sobre qualquer assunto, teremos
necessariamente que contar com informações produzidas e veiculadas por instituições e
não obtidas exclusivamente de nossa experiência individual, se é que existe experiência
exclusivamente pessoal. (1995, p. 177)
Método de Investigação: (Item 4.1.2.1.4 do Edital)
A presente pesquisa, por tratar de processos em constante modificação como o
cenário político, social e econômico do país, e como pretende comparar e reunir os
discursos sobre o déficit orçamentário que trazem em si diversas contradições irá adotar
uma abordagem dialética.
Ainda, como métodos de procedimento, utilizando-se daqueles permitidos
pelas ciências sociais, a presente pesquisa irá adotar o método histórico, que consiste em
investigar acontecimentos, processos e instituições anteriores para verificar a sua
influência nos discursos da época. Por outro lado, considerando o posicionamento da
Reforma da Previdência de 2019 como metáfora para a compreensão do papel do capital
cultural na formação da opinião pública, será utilizado o método monográfico.
Por fim, como técnicas de pesquisa serão utilizadas a pesquisa documental em
anais, relatórios e atas de audiências realizadas durante a reforma da previdência de 2019,
em cotejo com intensa pesquisa das principais reportagens publicadas na imprensa
durante esse processo, para demonstrar a forma como o discurso do déficit
exclusivamente previdenciário foi uma grande falácia argumentativa. Ainda, será
utilizada a pesquisa bibliográfica em autores clássicos e modernos da sociologia tais como
Max Weber, Pierre Bordieu, Norbert Elias, Darcy Ribeiro e Jessé Souza, aliado a autores
críticos ao neoliberalismo como Thomas Piketty, David Harvey, Ladislau Dowbor, entre
outros.
Referências: (Item 4.1.2.1.5 do Edital)
BORDIEU, Pierre. As Estruturas Sociais da Economia. Ed. Campo das Letras, São
Paulo, 2006.
__________. Razões práticas. Sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996
DOWBOR, Ladislau. A era do Capital Improdutivo. Ed. Outras Palavras & Autonomia
Literária, São Paulo, 2017.
FATTORELLI, Maria Lúcia. Auditoria Cidadã da Dívida Pública: Experiências e
Métodos. Brasília: Inove Editora, 2013
HARVEY, David, 1935-17 contradições e o fim do capitalismo. tradução Rogério
Bettoni. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2016
MOREIRA, Eduardo. O que os donos do poder não querem que você saiba. 1. ed. - Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019.
PIKETTY, Thomas. O Capital no Século XXI. Tradução Monica Baumgarten de
Boulle. Editora Intrínseca, Rio de Janeiro, 2014
SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da Escravidão a Bolsonaro. ed. - Rio de Janeiro:
Estação Brasil, 2019.
CERVELLINI, Sílvia; FIGUEIREDO, Rubens. Contribuições para o conceito de
opinião pública. Opinião Pública, Campinas, v. III, nº 3, p. 171-185, dez.
1995.Disponível
em:<http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/50629/mod_resource/content/1/figuere
do_cevellini.pdf>. Acesso em: 10 de agosto de 2021

Você também pode gostar