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• TRANSCRIÇÃO DE PARECER/CONJUR

PARECER Nº 009/07 – CONJUR/DV


INTERESSADO: Diretor de Pessoal
ANEXO: Ofício n°. 054/07 - DP/3 e seus anexos (Ofício n°. 0093/2007 – GS/DSP e cópia do Ofício n°.
2706/PGE-GAB).
EMENTA: Insubsistência legal do ato administrativo que concede o auxílio natalidade – Lacuna na
Legislação Militar - Portaria n° 060/2005-GAB CMDO, publicada no BG n° 233 de 14 de dezembro de 2005 – matéria
deve ser regulada por lei - inconsistência da portaria para tratar o caso – necessidade de anulação.
SENHOR COMANDANTE GERAL,
Considerando o contido no documento em referência, o qual pleiteia a manifestação desta Consultoria
Jurídica, no sentido de apreciar a viabilidade de revogação de ato administrativo, in specie: Portaria n° 060/2005-
GAB CMDO, publicada no BG n° 233 de 14 de dezembro de 2005, tendo em vista o parecer exarado pela
Procuradoria Geral do Estado, asseveramos o seguinte:
DOS FATOS
A Administração Pública Policial Militar, por meio da Portaria n°. 060/2005-GAB CMDO, definiu os critérios
para concessão do beneficio “auxílio-natalidade” no âmbito da PMPA, face à admissibilidade por parte da Secretária
Executiva de Administração (SEAD).
No entanto, aquela Secretária, por intermédio do Oficio n° 093/2007 – GS/DSP, informou ao Comandante
da PMPA, tendo em vista o parecer consignado pela Procuradoria Geral do Estado, que os militares não fazem jus à
concessão de auxílio-natalidade, face ao carecimento de amparo legal, face à inconsistência da forma utilizada para
embasar o ato administrativo que concede o beneficio, não sendo o Decreto Estadual n° 2.397/94 a via legítima para
suscitar aumento de remuneração ou concessão de beneficio nos termos do art. 37, X, da Constituição Federal.
DO DIREITO
Ab initio, ressalta-se, que o douto parecer exarado pela Procuradoria Geral do Estado, equivocou-se quanto
à fundamentação legal, vez que, por força do que dispõe o art.142, § 3º, VIII da lei ápice, o art.37, X, da Constituição
Federal, não se aplica aos militares.
Ocorre, porém, que na seara administrativa, vigora o Principio Constitucional da Legalidade, estando a
Administração Pública subordinada a lei, isto é, toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei,
mormente quando versar sobre aumento de remuneração ou concessão de beneficio, neste sentido:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – ARTIGO 57 DA LEI COMPLEMENTAR Nº 4 DO
ESTADO DO MATO GROSSO – SERVIDORES PÚBLICOS – ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS DE
TRABALHO – VIOLAÇÃO DO ARTIGO 61, § 1º, II, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL – ARTIGO 69, CAPUT E §§,
DA LEI COMPLEMENTAR Nº 4. FIXAÇÃO DE DATA PARA O PAGAMENTO DE VENCIMENTOS – CORREÇÃO
MONETÁRIA EM CASO DE ATRASO – CONSTITUCIONALIDADE – 1. A celebração de convenções e acordos
coletivos de trabalho constitui direito reservado exclusivamente aos trabalhadores da iniciativa privada. A negociação
coletiva demanda a existência de partes detentoras de ampla autonomia negocial, o que não se realiza no plano da
relação estatutária. 2. A Administração Pública é vinculada pelo princípio da legalidade. A atribuição de
vantagens aos servidores somente pode ser concedida a partir de projeto de Lei de iniciativa do Chefe do
Poder Executivo, consoante dispõe o artigo 61, § 1º, inciso II, alíneas "a" e "c", da Constituição do Brasil,
desde que supervenientemente aprovado pelo Poder Legislativo. Precedentes. 3. A fixação de data para o
pagamento dos vencimentos dos servidores estaduais e a previsão de correção monetária em caso de atraso não
constituem aumento de remuneração ou concessão de vantagem. Pedido julgado parcialmente procedente para
declarar inconstitucional a expressão "em acordos coletivos ou em convenções de trabalho que venham a ser
celebrados", contida na parte final do artigo 57, da Lei Complementar nº 4, de 15 de outubro de 1990, do Estado do
Mato Grosso. (STF – ADI 559 – MT – TP – Rel. Min. Eros Grau – DJU 05.05.2006 – p. 3) (GRIFEI)
Neste diapasão, perquirindo-se minuciosamente o Estatuto dos Policiais Militares da Polícia Militar do Pará,
LEI N 5.251 DE 31 DE JULHO DE 1985, bem como a LEI N° 4.491, DE 28 DE NOVEMBRO DE 1973, que regula a
remuneração dos policiais militares, constata-se que, o “auxilio - natalidade”, não foi legalmente previsto nas
legislações supra mencionadas;
Importa salientar que, o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, das
Autarquias e das Fundações Públicas do Estado do Pará, LEI N° 5.810, DE 24 JAN 1994, expressamente prevê, no
art.160, inciso I, alínea c, a concessão de auxílio-natalidade, mas, citado dispositivo legal, não se aplica aos Policiais
Militares:
Art. 160 - Além das demais vantagens previstas nesta lei, será concedido:
I - Ao servidor:
c) auxílio-natalidade, correspondente a um salário mínimo, após a apresentação da certidão de nascimento
para a inscrição do dependente; (Grifei).
Nesse sentir, deve a Administração Pública sanar a ilegalidade, vez que pode anular seus próprios atos,
quando inquinados de ilegalidade ou por conveniência ou oportunidade com supedâneo jurídico na Súmula 473 da
Corte Suprema:
STF - SÚMULA 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
DO PARECER
Ex positis, entendemos que a Administração deve providenciar a anulação da Portaria n° 060/2005-GAB
CMDO, publicada no BG n° 233 de 14 de dezembro de 2005.
Ao mesmo tempo, recomendamos que todas as solicitações concernentes a auxílio-natalidade sejam de
pronto, indeferidas, tendo em vista as fundamentações de direito alhures delineadas.
Por derradeiro, deve a Administração Pública Policial Militar, engendrar esforços com escopo de alicerçar o
Chefe do Poder Executivo Estadual, no sentido de apresentar projeto de Lei de sua iniciativa privativa, de tal sorte a
suprir referida lacuna na legislação militar.
É o Parecer
Ad Referendum
Belém - PA, 5 de fevereiro de 2007.
José Messias Gomes de Melo - TEN CEL QOPM RG 11898
Consultor Chefe
DESPACHO:
1 - Homologo o parecer;
2 - Ao Chefe de Gabinete: providenciar a anulação da Portaria 060/2005 – GAB. CMDO.
3 - Ao Consultor Chefe: verificar solução jurídica para o caso;
4 – Ao Aj. Geral: publicar.
BG 043/07

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