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Reforma Política no Brasil – por uma discussão possível.

Resumo
Este texto tem o objetivo de discutir frente aos textos lidos e as discussões estabelecidas em aula pela
disciplina optativa APF 9110 – Sistemas Eleitorais, Partidários e Políticos, e discorrer sobre a
atualidade dos debates em torno da ideia de um projeto de Reforma Política para o Brasil e as
consequências para a sociedade contemporânea. Exporemos uma breve análise da proposta de um
novo sistema político – o sistema de semi-presidencialismo e suas implicações quanto a adequação aos
sistemas eleitoral e partidário do país.

Palavras-Chave: Reforma Política. Sistema Politico. Semi-Presidencialismo. Sociedade Brasileira.

Abstract
This text has the objective of discussing the texts read and the discussions established in class by the
optional discipline APF 9110 – Electoral, Partition and Political Systems, and to discuss the current
debates around the idea of a project of Political Reform for Brazil And the consequences for
contemporary society. We will present a brief analysis of the proposal for a new political system – the
Semi-Presidentialism system and its implications for the adequacy of the electoral and partisan
systems of the country.
Keywords: Political Reform. Political System. Semi-Presidentialism. Brazilian Society.

Introdução

A jovem democracia brasileira vem sofrendo constantes ataques aos seus fundamentos e a
representação política, um dos pilares de nossa política vive em um pandemônio sem
precedentes; os políticos que a priori foram elegidos para representar os interesses do povo e
dar respostas as demandas apresentadas por nossa sociedade complexa e plural estão cada vez
mais apartados do povo, o que coloca em xeque, a legitimidade de nosso sistema político e
partidário e a forma de como nossos processos eleitorais estão sendo conduzidos.
No caso brasileiro, vimos de camarote este cenário trágico acometer o último mandato da ex-
Presidenta Dilma Rousseff, mediante toda a crise política, a falta de governabilidade e a falta
de apoio total da bancada parlamentar cooperou para o acirramento da crise política e social, e
sendo agravada pela forte crise econômica (PIB retroativo, altas taxas de desemprego,
inflação alta e altas taxas de juros) demonstrou o quanto o sistema político brasileiro é frágil e
não resiste a crises internas e externas de grande impacto.
A crise de nosso sistema político se dá pelo fato de que ao ser eleito por uma massa, o
Presidente assume um compromisso para com povo, este personagem estará representando-a
na arena política e que suas ações estarão voltados ao bem público e de interesse da maioria,
ou dos seus eleitores na acepção final do fato. Este profissional político sabe “jogar o jogo” e
conhece muito bem as regras e bastidores, é altamente qualificado para isto, mas, ao não
atender as demandas de seus representados (ou pior atende demandas de interesses
particulares de grupos e corporações) coloca em questão a instituição política e a qualidade da
Democracia; o que dado os processos históricos e temporais, leva a grande maioria a pensar
que a política não serve para nada a não ser engordar as contas bancárias de seus atores.
Na realidade o que está em crise é o agente representativo figurado no papel do político
profissional e de nossas instituições fragilizadas; o problema está dado, a questão é quem é
este agente e qual o seu papel no jogo político e social, as quais interesses e quais as
prioridades que ele atende. Em tese o sistema político, os políticos profissionais e as
instituições deveriam estar inteiramente ligado aos processos sociais que se colocam em suas
agendas, mas, de fato isto, não tem ocorrido de forma coerente e que coloca em questão todo
o sistema político presidencialista e aflora a cada dia mais a crise de representação, a
corrupção e a importância de nossas instituições e regras estabelecidas.
A questão colocou em xeque a qualidade de nossa Democracia e de nossas instituições
políticas, e abriu mão para as discussões sobre os pilares democráticos de nosso país, ou seja,
a necessidade de se pensar sobre uma reforma política, no âmbito de alterações sobre o nosso
sistema eleitoral, político e partidário. A reforma política representa caminho essencial para
iniciar a extinção das mazelas herdadas de nosso passado cultural patrimonialista, clientelista
e patriarcalista e um passo ao rumo a construção de uma nação de fato democrática.
O Brasil é uma República, presidencialista, federativa, com representação
proporcional e multipartidarismo. O Poder Legislativo é bicameral: na
Câmara dos Deputados, eleita através do sistema proporcional de listas
abertas, se fazem representar os cidadãos, enquanto no Senado Federal,
eleito através do sistema majoritário, se fazem representar os estados da
Federação (três senadores para cada estado da Federação). Tais
características são, todas elas, tendentes à dispersão de poder entre os atores
relevantes, garantem a participação institucionalizada das minorias e
facultam a expressão da heterogeneidade e do pluralismo societais. Portanto,
no que se refere ao eixo método de constituição das instâncias decisórias, o
Brasil pode ser classificado como pertencente ao modelo consensual de
democracia. (ANASTASIA & AVRITZER, 2006, p. 22)

Atualmente, no que tange especificamente à questão da democracia representativa, os nossos


processos (políticos, partidários e eleitorais) precisam ser revistos e reformados, uma vez que
as nossas lideranças políticas, a mídia, os movimentos sociais e autoridades intelectuais
chamam atenção para as distorções e falta de correspondências existentes entre estes sistemas
e a realidade brasileira. Conforme nos cita Avelar e Cintra (2007) - “a democracia, que
idealmente é o sistema de governo de todos, depende da transparência de suas estruturas,
instituições e processos.”
Sistema Político Brasileiro

Em sua jovem jornada democrática, o Brasil já foi vítima de um golpe militar, que culminou
em uma dura e sangrenta ditadura – 21 anos de uma tirania sem precedentes em nossa história
e com um prejuízo humano e social incalculável. E para além disso, já presenciamos três
processos de impeachment, em 1955 com a destituição ao poder dos então presidentes Carlos
Luz e Café Filho; em 1995, pouco antes de ser validado o processo, o então presidente
Fernando Collor de Mello, renunciou ao seu mandato. E recentemente, em 2016, a presidenta
Dilma Rousseff foi cassada e destituída do poder pelo Congresso Nacional.
A questão colocou em xeque a qualidade de nossa Democracia e de nossas instituições
políticas, e abriu mão para as discussões sobre os pilares democráticos de nosso país, ou seja,
a necessidade de se pensar sobre uma reforma política, no âmbito de alterações sobre o nosso
sistema eleitoral, político e partidário. A reforma política representa caminho essencial para
estabelecermos uma nação de fato democrática e representativa. Apresentaremos nesta
proposta a possibilidade de ser pensado outra forma de sistema político – o Semi-
Presidencialismo e as implicações e mudanças necessárias que tal modelo pode causar nos
demais sistemas – eleitoral e partidário.

Mudança de Sistema Político: Do Presidencialismo para o regime de Semi-


presidencialismo; Relação Executivo/Legislativo; Distribuição de Poder – Chefe de
Estado e Chefe de Governo (Direitos e Responsabilidades).
Proposta: Discorreremos sobre a possibilidade de se pensar um sistema político alternativo
ao atual modelo adotado – o Presidencialismo. O Brasil terá que passar por um longo
processo de mudança em seu sistema político, ou seja, se tornar em primeira instância um
semi-presidencialismo, na qual terá um grande trabalho em dissolver toda a herança corrupta
e não-representativa do sistema político, partidário e eleitoral deficiente que tem dominado a
agenda dos governos nos últimos anos.
Justificativa: O semi-presidencialismo seria um sistema mais flexível para a implantação de
mudanças necessárias no nosso quadro político atual e proporcionar um projeto político e uma
carta constitucional que consolide uma democracia de fato no Brasil, pois em nosso país a
nossa cultura política é muito frágil e nosso sistema político fica refém de todas as mazelas
que a corrupção, os interesses exclusos e a cooptação tem provocado. O que vimos acontecer
recentemente foi um presidente perder o seu poder de governabilidade por falta de apoio
parlamentar nas casas legislativas – Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Segundo Giovanni Sartori (1994) em “um sistema semi-presidencialista o poder é dividido
entre um Chefe de Estado – o presidente eleito e um Chefe de Governo – Primeiro-Ministro”.
No caso o deste sistema o Presidente é eleito por voto popular para um período pré-
determinado de 06 anos, seu governo será subalterno e/ou cohabitado (mas com um certo
nível de poder, ou seja, poderá dissolver o parlamento ou gabinete da situação; nomear e/ou
demitir o Primeiro-Ministro; cuidar da política externa) com o Parlamento e não poderá
exercer o poder sozinho. “A estrutura do semi-presidencialismo é dual, um governo de duas
cabeças e precisa estabelecer uma diarquia” (SARTORI, 1994, p. 137), ou seja, o poder é
dividido entre o Presidente e o Primeiro-Ministro, e tal estrutura permite diferentes formas de
equilíbrios do poder e um cero dinamismo ao governo, mas como todo sistema político não é
ideal e pode desencadear enfrentamentos e como consequência paralisar as atividades do
Executivo por causas dos conflitos e cisões.
Enquanto por sua vez o “Primeiro-Ministro é escolhido por uma ampla maioria no Congresso
Nacional” (SARTORI, 1994, p. 149) e apesentado ao Presidente para a sua validação ou não;
o consenso da maioria parlamentar de quebra já resolve um dos problemas enfrentados pelos
atuais presidentes – a falta de apoio para governar, pois o seu governo só ganha legitimidade e
governabilidade mediante seu apoio parlamentar pela maioria ampla das casas legislativas.
Também compete ao Primeiro-Ministro escolher seu gabinete e assessores. Embora possa ser
dissolvido o governo pelo Presidente, “o Primeiro-Ministro e seu gabinete são independentes
do Presidente, porque dependem do Parlamento, e estão sujeitos ao voto de confiança ou ao
voto de censura, e ambos os casos requerem o apoio da maioria parlamentar (SARTORI,
1994, p. 149)”.
A proposta de se adotar um sistema político do semi-presidencialismo visa corrigir umas das
mazelas do comportamento de nossos parlamentares, ou seja, a falta de fidelidade e a
disciplina dos partidos políticos, pois a premissa para se manter um bom governo é a ter o
apoio da maioria parlamentar partidária. No sistema político do semi-presidencialismo a
estrutura de autoridade dual permite diferentes formas de equilíbrio de poder e permite a
variabilidade do poder dentro do Executivo, mantendo o potencial de autonomia de cada um
dos lados. A vantagem é a flexibilidade dentro do sistema e a governabilidade durante o
mandato, uma alternativa para a instabilidade que é gerada dentro dos sistemas
presidencialistas no mundo. Um governo forte permite aos seus governantes estabilidade para
encarar os duros desafios a que são submetidos os países no atual contexto de crises
econômicas e jogos de interesses instaurados pelas forças do Mercado e do Capitalismo.

Tempo de Mandato, Fim da Reeleição e Alternância do Poder


A presente proposta deste texto, coloca em pauta a discussão sobre alteração no tempo de
mandato dos elegíveis, que seria de 06 anos e fim das reeleições em todos os âmbitos
(Executivo e Legislativo nos campos – federal, estadual, municipal) e proporia também uma
pauta sobre alternância do Poder entre os partidos e/ou gabinetes elegidos para cargos
executivos.
Justificativa: A experiência democrática dos últimos anos nos leva a considerar a perspectiva
de suprimir as reeleições em todos os pleitos, uma vez que mostra a sua ineficiência e a falta
de integridade entre os projetos políticos da Nação e os projetos de poder (emparelhamento da
máquina pública) dos partidos com mandatos subsequentes. Outro ponto a considerar é que ao
ocorrer a reeleição, o empossado no cargo político é obrigado a suspender as suas obrigações
e focar em um novo processo eleitoral, deixando muitas vezes de lado as prioridades do
governo.
Outra questão é a proposição de se estabelecer um projeto político de longo prazo e retomar a
ideia da alternância do poder entre os partidos e/ou gabinetes, ou seja, um partido e/ou
gabinete não pode emparelhar a máquina estatal a seu serviço, como tem ocorrido em nosso
país. Em medida a tal proposta, um mandato único de 06 anos é um tempo considerável para
estabelecer um governo eficiente e promover um projeto político considerável.
A proposta visa a ideia da alternância entre os elegidos para os cargos executivos, uma vez
eleito e cumprido o mandato, o partido da situação ou gabinete poderá apenas ser novamente
empossado após 03 eleições subsequentes. Para os cargos legislativos, a proposta coloca uma
pauta para a suspensão das reeleições subsequentes e o elegível só poderá concorrer a novo
cargo após dois processos eleitorais subsequentes. A questão visa barrar o emparelhamento da
máquina pública por interesses privados ou de outra ordem, que não seja pelo bem público e a
defesa da Democracia.

Sistema Bicameral e distribuição das cadeiras no Legislativo (como o número de


deputados será distribuído entre os estados)
A presente proposta visa a qualificação da Democracia e de suas instituições, em um sistema
semi-presidencialista, cabendo aos gabinetes escolhidos a formação do governo e seus
ministros, mas não suprime o atual formato parlamentar de duas casas – Senado Federal e
Câmara dos Deputados. A proposta visa estabelecer o equilíbrio entre os poderes Legislativo e
Executivo, de uma forma que possa ter dinamicidade e governabilidade.
Justificativa: O sistema Bicameral permite o exercício pleno da Democracia e qualifica as
discussões em torno das propostas legislativas e leis em tramitação, tanto para atender as
demandas dos Estados da Federação (representados pelos Senadores), quanto as demandas de
indivíduos ou grupos sociais (representados pelos deputados). A permanência de duas casas
legislativas, segundo Llanos & Sánchez (2007) “leva a formação de maiorias estáveis no
Parlamento e garante a governabilidade”.
O sistema bicameral permite aos governos eleitos, pensando aqui, no sistema semi-
presidencialista, um contrapeso entre as casas, ou seja, seria um instrumento de fiscalização
entre os parlamentares, uma vez que para tal sistema político se sustentar, é necessário a
ampla maioria do Parlamento e a concordância entre os projetos, e a permanência de tal
estrutura visa combater a formação de oligarquias partidárias, ou a falta de representatividade
das minorias. Outro ponto é que os Senadores são os representantes dos Estados da Federação
e de seus governos estaduais, enquanto os deputados estaduais e federais, embora represente
também os Estados, muitas vezes, de acordo com a circunscrição que foi eleito, tendem a
representar as suas comunidades e localidades.

Instrumentos para a Democracia participativa e contestatória


Proposta: A proposta aqui apresenta algumas ideias para fortalecer os instrumentos
instituídos pela Constituição Federal de 1988, ou seja, permitir a participação popular no
processo decisório das discussões em torno dos bens públicos, de sanção de leis, reformas
sociais e de aprovação de políticas públicas. Coloca em pauta a necessidade de obrigar o
Legislativo a apresentar à sociedade, a cada dois anos, discussão de leis de interesse público
geral (Reformas da educação, aposentadoria, suspensão de direitos sociais, outros) no formato
de plebiscito e referendos; Obrigatoriedade de criação de mecanismos legais, de acesso
facilitado e instrumentos digitais para incentivar leis de participação popular; Instituição de
obrigatoriedade e decisões sobre o Orçamento Público participativo e transparência das
prestações de contas nas instâncias federais, estaduais e municipais. Obrigatoriedade de cotas
para a representação legislativa e executiva de mulheres, de afrodescendentes e representantes
indígenas.
Justificativa: A qualificação de um regime democrático perpassa pelas condições a que os
Estados permitem a participação de seus cidadãos nas decisões políticas do país. Em tese
nossa proposta visa estabelecer o melhoramento dos instrumentos e condições mínimas
necessárias que incentivem a população a serem mais engajadas nas decisões políticas do
cenário político do país e que condizem com suas demandas e qualifiquem as políticas
públicas.
A proposta a seguir propõe que o Congresso Nacional e seus representantes apresentem à
população a cada 02 anos, referendos e plebiscito para a tomada de decisões sobre pautas de
interesse da mesma. A necessidade de tal proposição se dá pelo fato de que desde a
implantação da Constituição de 1988 (O parágrafo único do art. 1º da Carta Política é
categórico nesse sentido: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”; O art. 14, por sua vez,
estabeleceu os meios de exercício da soberania popular, os quais, além do voto direto e
secreto, consistem no plebiscito, no referendo e na iniciativa popular), e desde a promulgação
da Carta, apenas foram realizados um referendo e um plebiscito, ou seja, em mais de 25 anos,
apenas duas consultas foram realizadas, diante das inúmeras questões a que estamos
submetidos e que são problemáticas (reforma agrária, reforma da previdência, reforma da
educação, entre outras).
Diante do cenário atual e da dinâmica social referente ao uso da tecnologia, principalmente
dos meios de comunicação em rede e da ampliação do acesso à internet em todo o país;
entendemos que é de suma importância que o Estado em suas instâncias federal, estadual e
municipal crie instrumentos digitais (aplicativos) para promover e facilitar as discussões e
votações sobre leis e políticas públicas de interesse geral. Que o atual Congresso reveja a
forma de coletas de assinaturas e permita o uso digital de assinaturas para que a população
possa encaminhar projetos de leis de iniciativa popular.
A proposta apresenta a proposição de que os Estados e Municípios promovam a
obrigatoriedade de se discutir o Orçamento Público participativo e vise a criação de
instrumentos legais para a apresentação e transparência das contas públicas. A seguinte
proposta solicita que seja criado projeto de lei que institua cotas (no mínimo de 30%) para a
distribuição de cadeiras para os cargos políticos, tanto na esfera do Legislativo como na esfera
do Executivo para que se estabeleça uma igualdade de condições políticas para a
representação de mulheres, de afrodescendentes e representantes indígenas no Congresso
Nacional.
Sistema Partidário Brasileiro

Uma democracia representativa se assenta no estabelecimento de um sistema partidário forte e


coeso, com um sistema eleitoral adequado e com o projeto político do país. A experiência
brasileira é um pouco complicada, dados os seus processos históricos. O Brasil desde a
Independência de Portugal, em 1822 não conseguiu assentar o seu sistema partidário, sempre
sofre com duras cisões e com mudanças que colocam em xeque a estrutura de nosso sistema
partidário. Robert Michels, em sua obra Sociologia dos Partidos Políticos (1982) coloca a
questão de que uma democracia não se sustenta sem uma organização bem estruturada e
coesa, ou seja, uma democracia só se assenta quando permite aos seus cidadãos a
possibilidade de se organizarem em partidos e organizações que lhe permitam lutar por seus
interesses e reconhecimento na sociedade.
Uma classe que desfralda diante da sociedade a bandeira de reivindicações
determinadas e aspira realizar um conjunto de ideologias ou de ideais a partir
das funções econômicas que exerce tem necessidade de uma organização.
Quer se trate, na realidade, de reivindicações econômicas ou políticas, a
organização se revela como único meio de crivar uma vontade coletiva. E, na
medida em que ela repouse sobre o princípio do menos esforço, isto é, da
maior economia de forças, a organização é, nas mãos dos fracos, uma arma
de luta contra os fortes (MICHELS, 1982, p. 15).

Para Sartori (1982) “os partidos são canais de expressão. Isto é, pertencem, em primeiro lugar
e principalmente aos meios de representação: são instrumentos, ou uma agência, de
representação do povo, expressando suas reivindicações (SARTORI, 1982, p. 48)”. Para além
da formação das organizações e da liberdade das massas de reivindicarem suas demandas por
meio da afiliação aos partidos políticos, é necessário estabelecer ao país uma estrutura
partidária coesa e bem estruturada que lhe permitam condições para exercerem a liberdade de
se organizarem e condições democráticas para as suas lutas e reivindicações. Giovani Sartori,
em sua obra Partidos e Sistemas Partidários (1982) nos alerta sobre a natureza de nosso
sistema partidário:
(…) não obstante, do ponto de vista deste livro, perdura a conclusão de que o
sistema partidário brasileiro (e, concretamente, sua sequência de sistemas)
não revela uma consolidação estrutural, e isso por duas razões conjuntas: os
partidos brasileiros não podem ser qualificados como um subsistema
autônomo e, segundo, eles não tiveram um desenvolvimento espontâneo
(SARTORI, 1982, p. 19)

Segundo David V. Fleischer (1981) “a estrutura do sistema partidário tem uma dimensão
temporal, ou seja, ela corta o tempo, em um movimento permanente de mudança. A
estruturação é, pois, um processo (FLEISCHER, 1981, p. 10)”. Segundo o autor é necessário
entender que estas estruturas mudam, são um processo, que precisa ser revisto de tempos em
tempos, são acúmulos de mudanças ocorridas no contexto social e político.
A reforma política aqui proposta é estabelecer um sistema partidário coeso e estruturado que
permita aos indivíduos estabelecer com clareza mecanismos que promovam de fato a
representação política, crie controles contra a corrupção e outros males, e, qualifique e
fortaleça a Democracia representativa e participativa.

Regras para ser um partido; Federações partidárias; Fim das coligações eleitorais e
inclusão da cláusula de barreira no processo eleitoral.

Visando qualificação da Democracia representativa e participativa, em nosso sistema político-


partidário, é aberto a qualquer agremiação e grupos de pessoas, independente de suas
ideologias, crenças e ideias (desde que não violem os Direitos Humanos (Carta da ONU) e a
Constituição Federal de 1988) a formação de partidos políticos que os represente. Salvo
ressalvas, que para a formação de novos partidos é necessário ao atendimento as normas
atualmente instituídas – O parágrafo 1º do art. 17 da Constituição Federal de 1988 e o artigo
3º da Lei nº 9.096/95 introduziram no ordenamento jurídico nacional a autonomia que é
assegurada ao partido político para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento.
De acordo com as instâncias homologadas do TSE:
Os requisitos para fundação de partidos políticos estão previstos na Lei nº
9.096/95 e na Resolução – TSE nº 23.465/15. O partido político, após
adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil, registrará seu estatuto
no Tribunal Superior Eleitoral. Só é admitido o registro do estatuto de
partido político que tenha caráter nacional, considerando-se como tal aquele
que comprove, no período de dois anos, o apoiamento de eleitores não
filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco
décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a Câmara
dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos
por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo
por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles.

Para se estabelecer um sistema político governável do tipo semi-presidencialista é necessário


que os partidos políticos eleitos sejam fortemente bem estruturados e coerentes com as
políticas do gabinete elegido, que as lideranças e seus representantes do governo da situação
estabeleçam uma ampla maioria no parlamento frente as representações da oposição.
O projeto prevê o fim das coligações eleitorais e, ainda no que se refere aos partidos políticos,
o projeto concorda com o Projeto de Lei – da Reforma Política em tramitação atualmente no
Congresso Nacional no que se refere a criação da figura das federações partidárias, em que
dois ou mais partidos que integram a federação atuarão como se fossem uma única
agremiação partidária, tanto no processo eleitoral e durante a atuação parlamentar, por todo
período do mandato do governo (caso ocorra o fim da Federação, todos os agremiados perdem
o direito à cadeira).
Nesta proposta inclui a determinação de cláusula de barreira (critério baseado em quantidades
de afiliados registrados nas prévias eleitorais para a formação partidária ou federação) de 7%
para os grandes partidos e/ou federações, 5% para os partidos médios e/ou federações, e 3%
para pequenos partidos ou federações, visando com a proposta a possibilidade de qualquer
representação ser atendida e visa qualificação das regras eleitorais e de uma justa competição
eleitoral. (Obs.: Caso um pequeno ou médio partido se associe a um grande partido, vale a
regra para a maior agremiação).
Justificativa: Em relação a proposta é uma saída para a falta de fidelidade partidária que
acomete os governos eleitos nos últimos anos, pois a coligações são eficientes nos processos
eleitorais, mas problemáticas na atuação parlamentar. A proposta é uma possibilidade que
assenta e permite a mudança para o sistema semi-presidencialista, uma vez que este sistema
político precisa de base parlamentar favorável para manter uma boa governabilidade.
Em relação à cláusula de barreira, dado aos inúmeros partidos atualmente constituídos, e
visando sempre a qualidade da Democracia e da representação de todas as instâncias da
sociedade, é obrigatório um mínimo de desempenho dos candidatos e partidos nos pleitos
eleitorais, independente de seu tamanho e influência.

Representação individual -> possibilidade ou não


Devido ao nosso passado histórico e cultural, a formação de patronagem ou clientelismo fica
vedado a representação individual, sendo que para ser candidato aos processos eleitorais e a
disputa de cargos políticos, o indivíduo precisa ser filiado a um partido político de acordo
com as normas atuais estabelecidas pela Constituição Federal e pelas normas do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral - Lei nº 9.096/95).
Justificativa: A qualidade da Democracia e a representação política no Brasil é um pouco
problemática, no que se refere a nossa cultura política. Desde a sua origem o nosso sistema
político, partidário e eleitoral sofre com as mazelas da corrupção, de acordos exclusos entre
indivíduos e empresas, de clientelismo e paternalismo. Diante de tal cultura política é inviável
no atual contexto permite que indivíduos tenham a possibilidade de normatizar a
representação individual no Parlamento, para além disso, em um sistema político semi-
presidencialista é pouco provável que tenha expressão na arena política. A proposta veta a
possibilidade também de formação de processos populistas.
Fragmentação do sistema (classificação de Sartori) e Grau de polarização.

Pela classificação Giovanni Sartori (1982), o sistema partidário brasileiro deve ser
classificado como pluralismo moderado, ou seja, multipartidarismo de baixa polarização
ideológica, alguns autores o classificam como um sistema pluripartidário fragmentado, e
também com baixa polarização ideológica, dado o fato de que uma vez que os partidos
políticos, no Brasil, ainda não funcionam como legítimo canal de comunicação entre a
sociedade e o Estado, mediante a apresentação de programas de governo que representem
diferentes ideias na forma e condução da coisa pública. Segundo Sartori (1982) o pluralismo
moderado é um misto de propriedades sistêmicas do modelo do bipartidarismo com o modelo
do pluralismo polarizado.
Face às propriedades do bipartidarismo, o principal traço marcante do
pluralismo moderado é o governo de coalização. Essa característica resulta
do fato de que os partidos relevantes são pelo menos três, que nenhum
partido alcança, geralmente, a maioria absoluta, e que parece absurdo
permitir que o partido maior ou dominante governe sozinho quando pode ser
obrigado a dividir o poder (SARTORI, 1982, p. 206).

De acordo com a proposta em se adotar um novo sistema político – do Semi-


Presidencialismo, que marcadamente é caracterizado por governos de ampla maioria no
Parlamento, o pluralismo moderado deverá ser mantido, pois o mesmo, permite a formação de
coalizões em prol do governo, e também, é possível manter coalizações alternativas. Outra
característica que válida o uso do pluralismo moderado, por exemplo frente ao bipartidarismo,
é que falta ao sistema de pluralismo moderado oposições bilaterais (partidos antissistema), ou
seja, todos os partidos se orientam para o governo. “Em particular, a estrutura do pluralismo
moderado continua sendo bipolar. Em lugar de apenas dois partidos, encontramos em geral
alinhamentos bipolares de coalizões alternativas (SARTORI, 1982, p. 207)”. Resumidamente,
o sistema caracteriza-se por: “(…) 1) uma distância ideológica relativamente pequena entre
seus partidos relevantes, 2) uma configuração de coalizão bipolar, e 3) competição centrípeta
(SARTORI, 1982, p. 207)”.
A falta de partidos antissistema torna o sistema do pluralismo moderado de caráter não-
polarizado. “Esse aspecto pode ser generalizado da maneira seguinte: se o número de partidos
aumenta e embora todos os partidos ainda pertençam ao ‘mesmo mundo’ - isto é, aceitam a
legitimidade do sistema político e seguem suas regras – então a fragmentação do sistema não
pode ser atribuída à polarização ideológica (SARTORI, 1982, p. 208)”. A fragmentação do
sistema se dá em grande medida devido ao formato de nossa sociedade complexa, ou seja,
uma sociedade plural, segmentada, poliétnica e multirreligiosa.
Sistema Eleitoral Brasileiro

Os sistemas eleitorais constituem o conjunto de regras jurídico-políticas necessárias ao


exercício da democracia e para a escolha daqueles que exercerão, em nome do povo, o poder
político por meio dos cargos públicos eletivos, responsáveis pela edição de leis e pela
definição e execução das políticas públicas. Os sistemas eleitorais são definidos conforme as
regras de apuração, contagem e agregação de votos, bem assim pela forma de conversão dos
votos em mandatos.
O sistema em vigor no Brasil oferece duas opções aos eleitores: votar em um
nome ou em um partido. As cadeiras obtidas pelos partidos (ou coligações
entre partidos) são ocupadas pelos candidatos mais votados de cada lista. É
importante sublinhar que as coligações entre os partidos funcionam como
uma única lista; ou seja, os mais votados da coligação, independentemente
do partido ao qual pertençam, elegem-se. Diferentemente de outros países
(Chile, Finlândia e Polônia) onde os eleitores têm que obrigatoriamente votar
em um nome da lista para ter o seu voto contado para o partido, no Brasil os
eleitores têm a opção de votar em um nome ou em um partido (legenda). O
voto de legenda é contado apenas para distribuir as cadeiras entre os
partidos, mas não tem nenhum efeito na distribuição das cadeiras entre os
candidatos. (NICOLAU, 2006, p. 692)

Atualmente o sistema eleitoral brasileiro é definido pelas seguintes regras: 1) As eleições para
presidente, governador, prefeito e senador são determinadas pelo sistema majoritário.
(Concatenar com referência teórica); 2) As eleições para deputados federais, estaduais,
distritais e vereadores são determinadas pelo sistema proporcional com lista aberta.
No sistema majoritário o que importa é o candidato que recebe o maior número de votos em
determinado distrito eleitoral – entendido “distrito eleitoral” como “circunscrição”, o espaço
geográfico delimitado em que se dá a eleição de um cargo eletivo. No sistema proporcional o
que importa é a proporção de votos recebidos pelo Partido, cuja parcela corresponderá ao
número de cadeiras que lhe será atribuído no Parlamento.
Numa definição mais precisa, sistema eleitoral constitui “o conjunto de técnicas e
procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a
representação do povo no território nacional” (ARAS, 2006, p. 326). Neste caso o sistema
eleitoral brasileiro aponta uma das tendências de Maurice Duverger: “o sistema majoritário
em dois turnos combinado com a representação proporcional tendem ao multipartidarismo”, o
que fato, é um fenômeno comprovado no caso brasileiro.
Forma de votação

A proposta em vigência visa em manter a forma atual das eleições para o pleito do Executivo,
ou seja, para os cargos executivos (Presidente, Governador e Prefeito) uso do sistema
majoritário em dois turnos e para Senado e suplente em apenas um turno; e salvo ressalva,
para a eleição de prefeitos em cidades com menos de 200.000 mil habitantes apenas em
primeiro turno. Em relação ao pleito para as vagas do Legislativo, a presente proposta, esta de
acordo com o Projeto de Lei apresentada recentemente ao Congresso Nacional e visa adotar
um sistema proporcional de lista flexível. A grande vantagem da lista flexível é o
fortalecimento dos partidos, mas permitindo ao eleitor o voto “personalizado”. Contudo, ela
poderia não resultar numa distribuição territorial equânime, já que os partidos poderiam
priorizar candidatos dos grandes centros, em detrimento das pequenas localidades.
Neste sistema, os partidos definem a ordem dos candidatos antes das
eleições, mas os eleitores podem votar em um determinado nome da lista. O
voto dado na legenda confirma o ordenamento dos candidatos definido pelos
partidos. Caso um candidato obtenha um número significativo de votos (os
critérios de contagem variam em cada país) ele pode mudar sua posição na
lista. Esse sistema é utilizado na Áustria, Holanda, Bélgica, Suécia,
Dinamarca e Noruega. Nestes países, em geral, o eleitor confirma a lista
partidária, por isso, é reduzido o contingente de candidatos que conseguem
mudar suas posições na lista (NICOLAU, 2006, p. 133)

Justificativa: Segundo Anastasia & Avritzer (2006) as eleições proporcionais quando não bem
definidas causam distorções na representação e precisam ser revistas e modificadas para
garantir de fato a observância do princípio de igualdade política entre os cidadãos. A atual
forma utilizada pelo sistema proporcional com lista aberta, tem demonstrado um mal que
precisa ser cortado do sistema eleitoral, pois permite que candidatos “puxadores de votos”
arrastem consigo candidatos que não foram bem votados, e não foram de consenso da
população, ou seja, privilegiam os partidos e não a opção eleitoral da população. Além disso,
é necessário validar a ideia de que para a proposição acima é uma garantia que de fato o voto
popular da maioria tem valor e importância na constituição de sua representação no
parlamento e de fato seu direito é respeitado na formação de uma sociedade política e
democrática. Para que tal sistema se sustente é necessário a realização de prévias partidárias
com consulta e exposição ao eleitorado, para que este tenha ciência da lista nominal da
composição de listas partidárias. A proposição deste sistema possibilita o fortalecimento de
mecanismos que combatam a formação de oligarquias partidárias e amplia a identificação dos
cidadãos com nossas instituições políticas e democráticas.
Regras para transformar votos em cadeiras nas casas legislativas

Nos sistemas de representação proporcional, um dos aspectos fundamentais para transformar


votos em cadeiras nas casas legislativas é a adoção de fórmulas que permitam distribuir de
forma igualitária e democrática tais cadeiras no Parlamento. No caso brasileiro tem-se
utilizado atualmente para a Votação e a distribuição de cadeiras no Parlamento, o quociente
eleitoral (Qe = votos válidos/nº de cadeiras em disputa) e o quociente partidário (Qp = votos
válidos (partido ou coligação)/Qe) e a distribuição das sobras adota-se o uso da fórmula do
Método d'Hondt (Tvp/Cp+1). No cálculo a fração será desprezada (se inferior a 0,5) ou
igualada a um (se igual ou maior que 0,5). Obs.: Só poderão concorrer à distribuição dos
lugares os partidos e coligações que tiverem obtido quociente eleitoral.
O uso de tais regras, aparentemente parece ser bem democrático (pois, garante em certa
medida a representação das minorias e a representatividade de um grande número de partidos)
ao sistema de representação proporcional, porém, no caso brasileiro, tem apresentado algumas
distorções que precisam ser corrigidas, por exemplo: distorções na proporcionalidade (sobre e
sub-representação); partidos grandes (PT e o PSDB), cuja base eleitoral concentra-se nas
regiões mais urbanizadas e industrializadas do Sul e Sudeste do país, acabam conquistando
proporcionalmente menos cadeiras do que obteriam se o critério de proporcionalidade fosse
plenamente respeitado; alta fragmentação (necessidade de coligações eleitorais),
inteligibilidade (sistema político não possuir mecanismos capazes de assegurar um grau
razoável de accountability) e volatilidade (facilita a migração partidária e a enfraquece as
bases partidárias) do sistema partidário.
A proposta visando estabelecer um sistema partidário que fortaleça as bases para a
implantação de um sistema político do Semi-Presidencialismo e que tenha uma distribuição
democrática e representativa no Parlamento. A ideia é manter as fórmulas de Qe e Qp, instituir
uma cláusula de barreira e utilizar para as sobras o uso da Série Sainte-Laguë de Divisores
Original. A justificativa para o uso de tal método é que facilita a representação dos partidos
pequenos, dificulta que um único partido consiga a maioria parlamentar, reduz ganhos
eleitorais derivados de coalizões ou fusões e estimula a fragmentação do sistema. Para que tal
sistema se equilibre com os princípios do sistema político proposto, de se formar uma boa
governabilidade é o consenso entre os partidos em prol do governo e não da disputa de poder
entre os mesmos.
Obrigatoriedade do voto

Com referência as últimas eleições, e visando o alto grau de abstenções, para se estabelecer
uma Democracia de fato representativa e que condiz com a opinião dos eleitores, colocamos
em pauta a proposta de discussão da obrigatoriedade ou não do voto, ou seja, da adoção do
voto facultativo.
Justificativa: Ao analisar as últimas eleições observa-se um aumento significativo da
abstinência dos eleitores em quase todos os distritos. Um cenário problemático, e que, coloca
em questão a qualidade dos candidatos e dos partidos. Acho que uma vez definido o voto
facultativo, o processo leva os candidatos a necessidade de qualificar a sua candidatura e suas
propostas, e força-os a conquistar de fato o eleitor. O processo exigiria dos candidatos e
partidos políticos prévias e a explicação dos seus projetos e pautas de governo, para além
disso, exigiria dos mesmos as defesas destes projetos nos atuais debates televisivos, e de fato,
qualificaria as propostas e levaria o eleitorado a uma conscientização de seu papel
fundamental na escolha.

Simultaneidade ou não das eleições


A seguinte propostas prevê o fim das eleições alternadas, ou seja, pela defesa de um único ano
eleitoral, na qual seria definido todos os cargos do Executivo e do Legislativo em todas as
instâncias (nacionais, estaduais e municipais).
Justificativa: Em um cenário econômico escasso e de grave crise econômica, e com a lei
recentemente aprovada do teto para os gastos públicos, temos que priorizar as demandas de
outras esferas apresentadas pela sociedade. As campanhas eleitorais precisam ser
equacionadas e customizadas, os gastos com tais processos precisam ser o mínimo possível.
Ao se juntar todos os processos eleitorais em apenas um período, economizaríamos e
comporíamos uma base governamental mais coesa e coerente, dado que exigiria qualidade e
conscientização dos candidatos e partidos políticos na competição eleitoral e da formação de
bases em todas as esferas.

Suplências de Senadores
A presente proposta visa definir que aos cargos de suplência para a vagas de Senadores seja
definido o nome do suplente no processo eleitoral.
Justificativa: Em relação a tal processo, a suplência atualmente é efetividade por agentes que
não são constituídos por votação, e geralmente tais cargos são preenchidas por indivíduos
indicados (parentes, amigos, outros), o que dá vazão a formação de patronatos e clientelismo e
fortalece os desvios de conduta e amplia a margem para a corrupção. Ao fortalecer a
necessidade de votação obrigatória, o eleitorado fica ciente de qual candidato e seu suplente
está em competição pelo cargo legislativo.

Tipo de financiamento de campanha (quem pode doar e como)

A presente proposta concorda com a adoção do financiamento público das campanhas, de ser
definido um teto para os gastos públicos com campanhas, regras para a prestação de contas,
regras para a formação de fundo nacional de arrecadação de doações individuais e de
empresas.
Justificativa: O importante é que o financiamento público ataca as causas da corrupção,
permite que os candidatos possam fazer campanha sem recorrer a relações que os tornam
vulneráveis, e facilita a fiscalização e punição das burlas. Ademais, a proposta também prevê
sanções de natureza para os candidatos e partidos que violarem as regras (sanções do tipo:
perda da candidatura, suspensão do partido por período determinado de 02 eleições
subsequentes), em caso eleito – suspensão do mandato).
Em relação a forma de arrecadação, poderá ser realizado por doações de pessoas físicas e
jurídicas, mas, apenas ao fundo nacional e pela manutenção do recurso destinado atualmente
ao fundo partidário; não há necessidade de criar outros mecanismos para arrecadação e estas
arrecadações só poderão ser realizadas durante o ano eleitoral, e toda a verba será
redistribuída igualmente para todos os partidos em competição durante as eleições, e caso haja
excedente, após as eleições, a verba será destinada a outras instâncias da esfera pública
(educação, saúde, outras) com a devida normatização dos processos.
A proposta prevê a legitimação e regras para estabelecer um teto para os gastos públicos com
o processo das campanhas durante o ano eleitoral e sanções graves para aqueles que violarem
o regimento.

Considerações Finais

No presente artigo procuramos debater sobre as possibilidades para serem pensados pontos e
pautas para um reforma política no Brasil, tendo como objetivo analisar as possíveis variáveis
que poderiam ser implantadas para melhorar a qualidade da representatividade e da
Democracia no país. A demanda atual dos movimentos sociais brasileiros, nada mais é, por
conseguinte, do que uma reivindicação por mais representação e vem, portanto, na forma de
aperfeiçoamento das regras das instituições representativas. Segundo Cintra (2007): “O
sistema político deve ser compreendido como um subsistema da sociedade no qual o
indivíduo pode desempenhar diferentes papéis, tais como cidadãos, eleitor, integrante de um
partido político ou de uma associação profissional, como parlamentar nos diversos níveis de
representação ou como manifestante, etc.”
Concluindo, é importante considerar que a maneira como são conformadas as estruturas
institucionais políticas de uma nação, interferem seriamente sobre suas possibilidades de
desenvolvimento do país. Em um Estado em que suas estruturas políticas e sociais são sólidas
e consolidadas permite à sua sociedade e aos indivíduos a conscientização dos ideais
democráticos e republicanos.

Referências Bibliográficas

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