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PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: importância e desempenho

Edna Vaz de Andrade

O ato de pesquisar, movido pela curiosidade, tem sido capaz de abrir novas fronteiras
do conhecimento, de tornar a humanidade mais sábia e de, no longo prazo, gerar valor e mais
qualidade de vida para o ser humano.
Pesquisar é um tipo de ação que transpõe a curiosidade a um empreendimento para
conhecer ou descobrir algo. Para tanto, são necessárias atitudes e atividades que aproximam
o pesquisador à possíveis respostas às suas indagações iniciais. Demo (2006) acredita que a
Pesquisa pode significar condição de consciência crítica e cabe com o componente necessário
de toda proposta emancipatória. Para não ser mero objeto de pressões alheias, é mister
encarar a realidade com espírito crítico, tornando-a palco de possível construção social
alternativa. Aí, já não se trata de copiar a realidade, mas de reconstruí-la conforme nossos
interesses e esperanças. É preciso construir a necessidade de construir caminhos, não receitas
que tendem a destruir o desafio de construção.
Sobre pesquisa, Demo (2006) reconhece que deve ser um princípio educativo, uma
“conquista” e não uma “domesticação”. Salienta a diferença entre pesquisa como princípio
científico e a pesquisa como princípio educativo:
Pesquisa como princípio científico e educativo faz parte de todo processo
emancipatório, no qual se constrói o sujeito histórico autossuficiente, crítico e
autocrítico, participante e capaz de reagir contra a situação de objeto e de não
cultivar o outro como objeto. Pesquisa como diálogo é processo cotidiano
integrante do ritmo de vida, produto e motivo de interesses sociais em
confronto, base da aprendizagem que não se restrinja a mera reprodução; na
acepção mais simples, pode significar conhecer, saber, informar-se para
sobreviver, para enfrentar a vida de modo consciente (DEMO, 2006. P.42-43).

Além disso, o citado autor acredita que deve haver desmitificação entre a
separação ensino e pesquisa. Esta cria uma divisão entre professores que apenas ensinam
e professores que apenas pesquisam. Considerando que o saber está naturalmente ligado
a interesses sociais, o autor sustenta que pesquisar implica influenciar a prática, ou seja,
quem ensina deve pesquisar.
Nesse sentido, corrobora-se na premissa de que ensino e pesquisa são – ou
deveriam ser concomitantes objetos do fazer pedagógico de todos os docentes. A mesma
ênfase que é dada ao ensino, deve ser adotada para a pesquisa, considerando que,
curiosidade sobre o mundo é, também, inerente às crianças.
A prática da pesquisa científica pode resultar em melhor desenvolvimento
cognitivo, social e emocional de todo ser humano, bem como no progresso das
sociedades. No Brasil, a partir da proposta de ampliação da oferta do Ensino Superior
(Meta 12 do Plano Nacional de Educação/2014), essa prática tornou-se mais difundida e
rápida devido à inserção de um maior contingente de estudantes no ensino superior e na
pós-graduação. Portanto, o que o jovem estudante precisa saber para se tornar um
pesquisador?
Toda pesquisa científica deve seguir uma trajetória que a qualifica como tal. Pitta
e Castro (2006) reconhecem que a pergunta que se quer responder é o primeiro passo de
uma pesquisa científica. Segundo esses autores, a pesquisa apresenta três fases: o
planejamento, composta por cinco itens: a) ideia brilhante (a pergunta da pesquisa); b)
plano de intenção (o resumo do projeto de pesquisa); c) revisão da literatura; d) teste de
instrumentos e de procedimentos; e) projeto de pesquisa.
A partir da brilhante ideia (a pergunta da pesquisa) o pesquisador realiza o seu
plano da pretensa pesquisa e busca na literatura autores que se aproximam ou que já
tenham trabalhado com a sua pergunta ou similar. A revisão da literatura é importante
para que o pesquisador conheça o “estado da arte” do seu campo de estudo. É o momento
em que o pesquisador conhecerá o que se tem produzido na área de estudo. Os trabalhos
de revisão são definidos por Noronha e Ferreira (2000, p. 191)
como estudos que analisam a produção bibliográfica em determinada área
temática, dentro de um recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um
relatório do estado-da-arte sobre um tópico específico, evidenciando novas
ideias, métodos, subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na
literatura selecionada (NORONHA; FERREIRA, 2000, p. 191).

Trata-se, portanto, de um tipo de texto que reúne e discute informações produzidas


na área de estudo. Lakatos e Marconi (2003, p. 48) recomendam fichar as fontes de
referência, com “o máximo de exatidão e cuidado”. Os fichamentos permitem “a
ordenação do assunto” e “uma seleção constante da documentação e de seu
ordenamento”.

REFERÊNCIA

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo: Cortez, 2006, 128p.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. -
São Paulo: Atlas 2003.
NORONHA, D. P.; FERREIRA, S. M. S. P. Revisões de literatura. In: CAMPELLO, B. S.;
CONDÓN, B. V.; KREMER, J. M. (org.) Fontes de informação para pesquisadores e
profissionais. Belo Horizonte: UFMG, 2000.

OBSERVATÓRIO OPNE. Plano Nacional de Educação 2014-2024. Lei n. 13.005, de 25 de


junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. 2014.
Disponível em: < https://www.observatoriodopne.org.br/meta/educacao-superior >. Acesso
em: 11 set. 2021.

PITTA, G.B.; CASTRO, A.A. A Pesquisa Científica. J Vasc Bras, 2006, Vol. 5, Nº4

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