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Etapa Ensino Médio Língua

Portuguesa

Poema III

1ª série
Aula 7 – 2º bimestre
Conteúdos Objetivos
● Poema: análise e ● Compreender as relações
características entre o texto literário e o
estilísticas; contexto histórico, social,
político e cultural,
● Gêneros literários e
valorizando a literatura como
figuras de linguagem:
patrimônio cultural;
anáfora.
● Analisar um poema,
considerando suas
características estilísticas.
Para começar
Você já observou que, ao falarmos sobre poemas, já nos vem à
mente o tema amor?
- Mas será que todo poema fala só sobre amor?
- Você já leu poemas sobre outros temas?
Certamente, o amor é um tema clássico da poesia, mas não o
único.
- E quanto aos demais textos que não são poemas?
Sabia que eles podem ser classificados de acordo com sua estrutura,
seu conteúdo e seus objetivos?
Convido você a analisar alguns textos que não trazem a
temática amor. Vamos lá?
Foco no conteúdo
TEXTO 1 TEXTO 2
“[...] Deitado eternamente “[...] Da tribo pujante,
em berço esplêndido Que agora anda errante
Ao som do mar e à luz do Por fado inconstante,
céu profundo Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Fulguras, ó Brasil, florão da Sou filho do Norte;
América Meu canto de morte,
Iluminado ao sol do novo Guerreiros, ouvi. [...]”
mundo! [...]” (“I-Juca Pirama”, Gonçalves Dias)
(Hino Nacional)
Reflita e responda: quais são os temas dos textos 1 e 2?
Foco no conteúdo
TEXTO 3
“Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir
certos enojos: foram os dois morar juntos: e daí a um
mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela
e do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho,
formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e
vermelho, cabeludo, esperneador e chorão; o qual, logo depois que
nasceu, mamou duas horas seguidas sem largar o peito. E este
nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos
interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta
história. [...]”
(Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida)
Foco no conteúdo
TEXTO 4
CENA I
CHIQUINHA, MARICOTA e meninos.
CHIQUINHA — Meninos, não façam
tanta bulha…
LULU, saindo do grupo — Mana, veja O beijo de Judas
o Judas como está bonito! Logo Iscariotes.
quando aparecer a Aleluia, havemos Pintura anônima
de puxá-lo para a rua. do séc. XII,
Galeria Uffizi,
Florença, Itália.
Foco no conteúdo
TEXTO 4
CHIQUINHA — Está bom; vão para
dentro e logo venham.
LULU, para os meninos e moleques —
Vamos pra dentro; logo viremos,
quando aparecer a Aleluia. (Vão
todos para dentro em confusão.) O beijo de Judas
CHIQUINHA, para Maricota — Iscariotes.
Maricota, ainda não te cansou essa Pintura anônima
janela? do séc. XII,
Galeria Uffizi,
MARICOTA, voltando a cabeça — Não Florença, Itália.
é de tua conta. [...]
O QUE SÃO GÊNEROS
Foco no conteúdo LITERÁRIOS?
São famílias de textos
DISCUSSÃO E REFLEXÃO classificados de acordo
com sua estrutura, seu
Observe: conteúdo e seus objetivos.

● TEXTOS 1 e 2: escritos em versos, mas com conteúdos diferentes:


o primeiro (Hino Nacional) revela sentimentos de patriotismo e o
segundo (Juca-Pirama) narra feitos heroicos indígenas.
● TEXTO 3: a estrutura muda, é escrito em prosa (parágrafos). No
entanto, o conteúdo também é narrativo.
● TEXTO 4: o texto foi criado para encenação em palco. Trata-se de
um texto dramático, ou seja, de teatro.
Nenhuma obra pertence
Foco no conteúdo inteira e absolutamente a
um gênero: uma epopeia,
GÊNEROS LITERÁRIOS por exemplo, pode
apresentar trechos líricos;
um poema lírico pode
Os gêneros literários reúnem um conjunto
apresentar passagens
de obras que apresentam características
narrativas.
análogas de forma e conteúdo.
Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios
semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre
outros. Eles se dividem em três categorias básicas: gêneros
épico, lírico e dramático.
Nenhuma obra pertence
Foco no conteúdo inteira e absolutamente a
um gênero: uma epopeia,
GÊNEROS LITERÁRIOS por exemplo, pode
apresentar trechos líricos;
um poema lírico pode
● O gênero épico é representado por
apresentar passagens
textos em que um narrador conta as
narrativas.
façanhas de um herói em versos;
● Ao gênero lírico pertencem os textos em que predomina a
expressão do “eu”, em uma espécie de confissão plena de seus
sentimentos e emoções;
● O gênero dramático engloba os textos feitos para serem
encenados.
A palavra “lírico” vem
Foco no conteúdo de lira, instrumento que
acompanhava o canto
GÊNERO LÍRICO dos poemas.

● Manifestação de um eu lírico que expressa no texto seu


mundo interior, suas emoções, sentimentos, ideias
e impressões;
● Há predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa,
além da exploração da musicalidade das palavras;
● Apresenta-se, geralmente, na forma de poemas, Eu lírico: nome
mas pode ser narrativo. que se dá à voz
poética.
Nesta aula, vamos estudar apenas o GÊNERO
LÍRICO.
Foco no conteúdo
GÊNERO LÍRICO
Pertencem a essa categoria os seguintes grupos:
● Elegia: composição terna ou triste;
● Ode: cântico de tom entusiástico;
● Écloga: composição cuja temática é a vida campestre e bucólica;
● Soneto: composição de 14 versos, dividida em dois quartetos e
dois tercetos.
Nesta aula, vamos estudar apenas o GÊNERO LÍRICO.
Foco no conteúdo
GÊNERO LÍRICO
Veja esta estrofe de um famoso soneto do poeta
português Luís Vaz de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver,


é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer. [...]
Foco no conteúdo
GÊNERO LÍRICO
● Alcançando o cerne de um dos sentimentos mais
complexos que existem – o amor –, que nos
provoca tanto prazer e sofrimento ao mesmo
tempo, o eu lírico exprime a dualidade desse
sentimento de uma forma exemplar.
● Por meio da aproximação dos opostos, o eu lírico
nos traz uma série de afirmações sobre o amor que
parecem contraditórias, mas que são inerentes à
própria natureza do sentimento amoroso. Esse
recurso linguístico é chamado antítese.
Foco no conteúdo
GÊNERO LÍRICO
● Consideramos gênero lírico tudo que nos fala à alma e às emoções;
● Não confunda o gênero lírico com o que classificamos como
pertencente ao Romantismo;
● A subjetividade sempre foi temática literária porque há sentimentos
desde que os seres humanos estão sobre a face da Terra;
● Até o início do século XX, os poemas, em geral, obedeciam ao rigor
métrico. No entanto, mudanças históricas e culturais levaram a um
questionamento de ideais e padrões, o rigor formal foi questionado
e passaram a existir textos com inteira liberdade formal.
Foco no conteúdo
POEMA: “Flores no asfalto”, de Marcos Rohfe
Pétalas caídas,
sorrisos infantis
flores esquecidas
mãos inocentes
estradas perdidas...

Cantam poetas, pisam soldados


nas pétalas caídas, flores esquecidas…
drones sobrevoam estradas perdidas,
vento suave e eterno...
Foco no conteúdo
POEMA: “Flores no asfalto”, de Marcos Rohfe

À beira de monumentos humanos


tristemente perdidas
pétalas caídas, flores esquecidas
só um real moço, só um real...
Na prática
ATIVIDADE 1
De acordo com o que estudamos, podemos afirmar que a temática do
poema “Flores no asfalto” é:
a. Fores esquecidas que enfeitam as estradas.
b. Abandono infantil e necessidade de ser forte.
c. Mudanças climáticas e devastação do meio ambiente.
d. A fome e o desemprego existentes no Brasil.
Na prática Correção
De acordo com o que estudamos, podemos afirmar que a temática do
poema “Flores no asfalto” é:
a. Flores esquecidas que enfeitam as estradas.
b. Abandono infantil e necessidade de ser forte.
c. Mudanças climáticas e devastação do meio ambiente.
d. A fome e o desemprego existentes no Brasil.
O poema “Flores no asfalto” não fala de amor ou de sentimentos
pessoais. O eu lírico expressa uma crítica social mediante versos
sobre a realidade social: crianças em situações de rua, comparadas a
flores esquecidas e despedaçadas por uma sociedade que as
invisibiliza.
Na prática
ATIVIDADE 2
Releia a estrofe:
“[...] À beira de monumentos humanos
tristemente perdidas
pétalas caídas, flores esquecidas
só um real moço, só um real…”
Qualis os efeitos de sentido causados pela repetição da expressão “só
um real, moço… só um real…” e reticências, utilizadas no verso final
do poema?
Na prática Correção
Releia a estrofe:
“[...] À beira de monumentos humanos
tristemente perdidas
pétalas caídas, flores esquecidas
só um real moço, só um real…”
Qualis os efeitos de sentido causados pela repetição da expressão “só
um real, moço… só um real…” e reticências, utilizadas no verso final
do poema?
A repetição “só um real” pode ser considerada intencional com
a finalidade de intensificar o pedido da criança, aparentemente
em situação de rua.
Aplicando
O poema lido traz algumas repetições de versos:
“[...] Pétalas caídas/sorrisos infantis/flores
esquecidas/mãos inocentes/estradas perdidas [...]”
a. Ao citar os trechos destacados, o eu lírico faz uso da figura de
linguagem denominada anáfora. Por qual motivo?
b. Busque em outros poemas o uso da anáfora, transcrevendo os
versos em seu caderno.
Anáfora é a repetição da mesma palavra, que pode ter a mesma
ideia ou não, no início de cada frase. Muitos confundem sua definição
com o pleonasmo, porém, esta figura de linguagem é a repetição da
mesma ideia por meio de palavras diferentes em uma mesma frase.
Aplicando Correção
O poema lido traz algumas repetições de versos:
“[...] Pétalas caídas/sorrisos infantis/flores
esquecidas/mãos inocentes/estradas perdidas [...]”
a. Ao citar os trechos destacados, o eu lírico faz uso da figura de
linguagem denominada anáfora. Por qual motivo?
O uso de anáforas, como ocorre no poema, normalmente se
dá como recurso expressivo, enfatizando a comparação de
crianças com flores, no caso do poema.
Aplicando Correção
O poema lido traz algumas repetições de versos:
“[...] Pétalas caídas/sorrisos infantis/flores
esquecidas/mãos inocentes/estradas perdidas [...]”
b. Busque em outros poemas o uso da anáfora, transcrevendo os
versos no caderno.
Se você gritasse/ se você gemesse/ se você tocasse/ a
valsa vienense/ se você dormisse/ se você cansasse/ se
você morresse…/ Mas você não morre/ você é duro, José!
(“E agora, José?” – Carlos Drummond de Andrade)
Era uma estrela tão alta!/Era uma estrela tão fria!/Era uma
estrela sozinha/Luzindo no fim do dia. (“A estrela” – Manuel
Bandeira)
O que aprendemos hoje?
● Compreendemos as relações entre o texto
literário e o contexto histórico, social, político e
cultural, valorizando a literatura como
patrimônio cultural;
● Analisamos um poema, considerando suas
características estilísticas e o uso da anáfora
(figura de linguagem).
Referências
BUENO, F. S. Gramática da Silveira Bueno. 20ª ed. atualizada.
São Paulo: Global, 2014.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo em
Ação – Língua Portuguesa. São Paulo, 2022.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo
Paulista do Ensino Médio. São Paulo, 2020.
Slide 16 – Poema cedido pelo autor para uso neste material.
Material
Digital

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