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PROFESSOR: TICYANO LAVOR

➢ Graduado pela Universidade Estadual do Ceará.


➢ Professor há mais de 24 anos de grandes escolas e cursinhos particulares de
Fortaleza: Concurso público, ensino Pré-Vestibular e Preparatório para o ENEM

➢ Experiência comprovada e reconhecida na preparação para concursos públicos em


todo o Brasil.
➢ Especialista em História, Geografia, Atualidades, Filosofia, Sociologia Ética no
Serviço Público e Direitos Humanos
Instagram: @prof_ticyano_lavor

Atenção:

Pelo direito de autor, o criador de uma obra intelectual (literária, artística ou científica)
deve ser recompensado pelo uso dessa produção. Sendo assim, fica proibida a reprodução
total ou parcial desse material. No Brasil, a Lei nº 9.610, de 1998 regula os direitos
autorais. Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os
direitos de autor e os que lhes são conexos.

Lei nº 9.610, de 1998

Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária,
artística ou científica.

Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por
quaisquer modalidades.

Art. 33. Ninguém pode reproduzir obra que não pertença ao domínio público, a pretexto
de anotá-la, comentá-la ou melhorá-la, sem permissão do autor.

Art. 104. Quem vender, expuser a venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depósito ou
utilizar obra ou fonograma reproduzidos com fraude, com a finalidade de vender, obter
ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem, será
solidariamente responsável com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes,
respondendo como contrafatores o importador e o distribuidor em caso de reprodução no
exterior.
Art. 108. (modificado) Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual,
deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do
autor e do intérprete, responderá por danos morais.

CONTEÚDO DESSA APOSTILA


NOÇÕES DE ÉTICA: Ética, Moral e Condição Humana. Ética e moral: dois pilares da
ação humana ante os dilemas da vida. Princípios éticos e valores. Ética e Cidadania no
mundo do trabalho. Ética profissional e ética da responsabilidade - Em busca do conceito
de cidadania. Ética e Conduta; O Trabalho, o Trabalhador e as Organizações no Mundo
Contemporâneo - O perfil profissional e as competências. O Futuro da Ética e da
Cidadania numa sociedade cheia de contradições. Lei Municipal nº 11.360, de 03 de
maio de 2023, que institui o Código de Ética, Conduta e Integridade da Administração
Pública Municipal de Fortaleza.

ÉTICA, MORAL E CONDIÇÃO HUMANA

O que é ética e o que é moral?


Primeiramente devemos saber que Ética e Moral são coisas diferentes, apesar de,
na prática, usarmos os dois termos, de maneira muito confusa, como se fossem sinônimos.
Na realidade, a comparação entre os dois não apresenta muita utilidade, pois eles não são
espécies de um mesmo gênero.
No nosso dia a dia costumamos comparar coisas para fazermos decisões e escolher
o que, para cada um de nós, é mais viável e esse tipo de comparação, de maneira geral, é
muito importante para nós na hora de tomarmos decisões, por exemplo: se você precisa
comprar um material escolar para fazer suas anotações de aula, você pode comparar um
caderno com um fichário, de maneira a avaliar as vantagens e desvantagens de cada
solução. Se você pretende comprar um veículo, poderá comparar um carro, uma moto e
uma bicicleta, de maneira a identificar as principais diferenças entre cada um deles e
escolher o que para você é mais viável. Perceba que essas comparações só fazem sentido
porque caderno e fichário são espécies do mesmo gênero: são material escolar para
anotações. Carro, moto e bicicleta são espécies do mesmo gênero: são veículos.
@prof_ticyano_lavor
O mesmo não ocorre com a Ética e a Moral. Elas não são espécies de um mesmo
gênero. Comparar Ética e Moral é o mesmo que comparar um caderno com uma bicicleta,
ou um fichário com uma motocicleta. Por outro lado, nós somos obrigados a fazer isso,
já que essa comparação, mesmo sem fazer muito sentido, é cobrada nas provas de
concurso.

MORAL

Deriva do latim: “morales” que pode significar: “relativo aos costumes”. Já a


palavra “costume” (ou modos) era, no latim, “mos”. E o plural, ou seja, “costumes”, era
“mores”.

Moral são regras sociais, normas, hábitos estabelecidos por uma sociedade e
que determinam o nosso comportamento por meio de um sistema de prescrição de
conduta. Podemos dizer também que moral é aquele “comportamento adequado de
alguém em uma sociedade”
Nós adotamos uma conduta ou outra com base num sistema de valores enraizado
em nossa consciência, envolvendo ideias pré-concebidas de certo e errado, que vão, ao
longo da vida, guiar nossa conduta. Essa é a ideia de moral. São regras sociais que
estabelecem o que é certo ou errado, próprio ou impróprio, aceitável ou não aceitável,
baseados no bem comum.

Mas, o que seria essa tal prescrição de conduta?


Seria “alguém” lhe dizendo como você deve se comportar. Assim como um
médico lhe prescreve uma receita e lhe diz como tomar tal remédio e o que você deve
fazer para ficar bom de uma determinada doença, entende?
Em outras palavras, a prescrição de conduta é um fenômeno que se manifesta
por meio da norma. Isso acontece quando alguém diz como outra pessoa deve se
comportar. Você provavelmente pensou nos seus pais dizendo para você não falar de boca
cheia, ou para tirar os cotovelos de cima da mesa, não é mesmo!? Este é um exemplo
válido de prescrição de conduta, mas o fenômeno prescritivo permeia toda a nossa vida.
A prescrição de conduta também acontece quando você lê um manual que explica
como montar um móvel novo que você comprou. Este é um exemplo de norma técnica,
enquanto a sua mãe lhe mandando se comportar na mesa traduz uma norma de etiqueta,
ou de trato social. Temos ainda a norma jurídica, que se manifesta quando uma lei,
decreto ou outra modalidade normativa determina como você deve se comportar, dizendo,
por exemplo, que você é obrigado a usar o cinto de segurança para dirigir, ou que você
não pode agredir uma outra pessoa. @prof_ticyano_lavor
A norma (regras) está presente no nosso dia a dia, e orienta nossa conduta em
praticamente tudo que fazemos. Pois bem, a moral é um fenômeno social de caráter
normativo (regras de como devemos nos comportar numa determinada sociedade),
orientando a nossa conduta no dia a dia. Essas regras variam, muda de acordo com a época
(tempo) e o lugar (espaço).
Assim, podemos definir ainda a moral como um conjunto de preceitos ou regras
para dirigir os atos humanos, ou seja, regras estabelecidas e aceitas pelas comunidades
humanas (o que é próprio ou impróprio você fazer) num determinado momento histórico.

A Moral varia

Existem diferentes visões acerca do conteúdo da Moral. Isso acontece porque as


ideias de certo e errado, de justo e injusto, variam histórica e geograficamente.
A Moral varia no tempo, a depender da conjuntura social. Até o Século XIX, por
exemplo, considerava-se perfeitamente normal que crianças trabalhassem muitas horas
por dia em fábricas. Naquela época isso era considerado certo, mas hoje é inadmissível
fazer crianças trabalharem.
Por outro lado, a Moral também varia no espaço. Em alguns países não se admite,
por exemplo, que mulheres andem com a cabeça descoberta, enquanto no Brasil é
perfeitamente normal e aceitável que mulheres cubram ou não a cabeça.

Resumindo MORAL:

➢ Do Latim: “morales”, dizer RELATIVO AOS COSTUMES (Regras sociais,


hábitos)

➢ Características inerentes à MORAL:


✓ A moral estabelece normas e regras de comportamento.

✓ A moral pertence, portanto, ao domínio da prática.


✓ A moral refere-se aos modos de se comportar já firmados em uma sociedade, aos quais
todos os indivíduos devem se adequar (caráter normativo) e com os quais acabam se
acostumando, ao passar a considerá-los como os mais corretos.

✓ Varia com o tempo e o espaço. O que é moral para alguns povos não o é para outros.
O que já foi imoral para nossos antepassados hoje pode não ser para nós. Até mesmo
em nossa história pessoal veremos transformações.

✓ A moral adquire caráter normativo

✓ A moral é “prática”, ou seja, está presente no nosso dia-a-dia. Está relacionada com os
costumes.

✓ A moral é algo subjetivo. O que pode ser impróprio para mim pode não ser para você.

✓ A moral consiste na percepção individual que cada um de nós temos acerca de qualquer
coisa. É aquilo que EU acho “certo” ou “errado”, “adequado” ou “inadequado”, “justo”
ou “injusto”. O que para mim “pode ser”, para você “pode não ser”. Como eu disse
acima.

✓ É mutável (as regras mudam ao longo do tempo/TEMPORAL, muda o tempo todo)

OBS: Ser moral ou imoral significa necessariamente seguir ou não seguir as regras
(normas) jurídicas? Não!
Imoral x Amoral: Qual a diferença?
• Imoral: Contraria a moral de uma sociedade sabendo o que está fazendo,
conscientemente. Exemplo: você sabe que na Índia a vaca é um animal sagrado? Pois,
se você sabe e mesmo assim pede em um restaurante, lá na Índia, para lhe servirem
maminha bovina, ou picanha, você está cometendo um ato imoral.

• Amoral: Aquele que desconhece a moral daquele local. Desobedece, “fere” a moral
de uma determinada sociedade, mas de forma inconscientemente. Veja o exemplo
acima da vaca lá na Índia. Se você pediu no restaurante para comer carne de vaca, sem
saber que lá existia essa regra, você quebrou a moral daquela sociedade? Sim! Mas foi
inconscientemente. Então foi um ato amoral.

ÉTICA
Vem do grego: “ethos” que quer dizer MODO DE SER ou MODO DE SER
(Está ligado ao CARÁTER que cada um constrói). Enquanto a Moral é o conjunto de
regras de comportamento adotadas por uma determinada sociedade (grupo social), a Ética
é o ramo da Filosofia que estuda, analisa a Moral. É a parte da Filosofia que se ocupa
do comportamento moral do homem. Engloba o estudo, a análise conjunto de regras e
preceitos de ordem valorativa, que estão ligados à prática do bem e da justiça, aprovando
ou desaprovando a ação do homem, de um grupo social ou de uma sociedade.
A Moral é um fenômeno normativo, enquanto a Ética é ciência, voltada para o
comportamento moral, e busca analisar e compreender a moral de uma sociedade. A ética
é científica.
A Ética, como tem caráter científico, por isso em geral podemos dizer que ela não
varia. Tome muito cuidado aqui, pois isso não quer dizer que a ética, ou seja, a forma de
estudar a moral, não varia de forma alguma. Os próprios critérios científicos variam ao
longo do tempo, mas não da mesma forma que a Moral. @prof_ticyano_lavor
Fique esperto! Essa abordagem acima sobre Ética é a mais comum de ser cobrada
em provas de concurso. No entanto, não esqueça: o conceito de ética sempre foi bastante
discutido e debatido ao longo dos séculos. É um conceito trabalhado por diferentes
autores, de diferentes formas. Sócrates (conhecido como o Pai da Filosofia), por
exemplo, na Grécia Antiga já dizia que Ética é o conhecimento que conduz o homem à
felicidade. Já Platão, também na Grécia Antiga, dizia que Ética é o saber que dirige a
conduta humana.

ÉTICA NORMATIVA AXIOLÓGICA


É o ramo da ética que analisa (análise ética) a origem (a natureza) das regras, dos
costumes morais(moral) de uma sociedade, reflete e questiona sobre essas regras morais
e as consequências de cumprirmos ou não essas regras.
A ética normativa axiológica emite juízo de valor sobre essas regras e costumes
morais (Bons/Ruins, Próprios/Impróprios).

* Obs: A ÉTICA NORMATIVA AXIOLÓGICA NÃO pretende ditar a forma como as


pessoas devem se comportar, mas apenas levar a uma análise ética, a uma reflexão, antes
de tomarmos uma decisão. Analisando as consequências de cumprirmos (mas também de
não cumprirmos) alguma regra moral. ISSO É CONSIDERADA UMA “CONDUTA
ÉTICA”.
Por exemplo: Uma pessoa está com seu filho muito mal, precisando de um
remédio, mas não tem o dinheiro. Como age a ética normativa axiológica aqui? Ela
leva você a refletir antes de tomar a decisão de roubar ou não. Vale roubar o remédio? Ou
não? Se eu roubar, quais serão as consequências? E se eu não roubar, quais serão as
consequências?
Somente a partir dessa “conduta ética” (análise) eu deveria tomar a minha decisão.
A ética espera de mim que seja a decisão “correta”, “justa” dentro da perspectiva dos
chamados princípios (que veremos mais adiante) tais como AMOR, JUSTIÇA,
LIBERDADE, SOLIDARIEDADE, LEGALIDADE, dentre outros. Lembrando que
esses princípios são universais. Quando falamos em princípios, são exatamente
“princípios éticos”, moldados a partir da análise, da reflexão dos valores morais, ou seja,
a Moral de uma sociedade. É como se a ética ficasse torcendo para que, na hora que eu
tiver que tomar a minha decisão (roubar ou não roubar), esses princípios (que são
inerentes à ética) possam me influenciar a tomar a decisão “certa”, “própria” (e não
imprópria) que seria NÃO ROUBAR, pois roubar é feio, é impróprio.
A ética (nesse sentido axiológico) indica caminhos para a procura e a prática de
uma boa maneira de ser e de agir, de acordo com o bem e contrária ao mal. Se a teoria
reflete sobre a prática, ela também a inspira, indicando possibilidades diferentes de ação.
Dependendo do conceito teórico de bem, mal, justo, injusto, felicidade, amor,
honestidade e outros, o caminho a ser tomado por uma pessoa pode ser diferente do
caminho de outra que tenha ideias diversas ou antagônicas sobre aqueles valores.
No entanto, podemos admitir que seria praticamente impossível ter de parar o
tempo todo para refletir antes de tomar qualquer tipo de decisão. Na realidade, em nosso
cotidiano e diante de muitas situações com as quais nos deparamos, não chegamos a sentir
qualquer dilema moral nem sequer pensamos em outras possibilidades de ação que não
sejam as mesmas de sempre. É como se tivéssemos um manual de comportamentos, ao
qual recorremos quase automaticamente. Isso é muito mais conveniente que ter de parar
o tempo todo para refletir antes de tomar qualquer tipo de decisão.
Você saberia dizer o que é ser MORALISTA?
Quando agimos sem analisarmos as consequências da nossa escolha, observando
apenas a obediência às regras morais, SEM FAZERMOS UMA ANÁLISE ÉTICA,
considerando a moral como algo absoluto, agimos de forma MORALISTA.
ÉTICA NORMATIVA DEONTOLÓGICA (Senso do dever)
- É esse ramo da Ética que é usado para criar os CÓDIGOS DE ÉTICA, como o
Código de Ética, Conduta e Integridade da Administração Pública Municipal
de Fortaleza (Lei 11.360/23), o seu código de ética, futuro servidor da AMC, e
que analisaremos mais adiante. @prof_ticyano_lavor
- É o ramo da ética que pega os padrões de comportamento já pré-estabelecidos
pela sociedade, faz uma análise, e tenta criar um padrão de comportamento,
estabelecendo o que é próprio ou impróprio na conduta de quem vai exercer uma
tal função
- Nesse sentido, AGIR ETICAMENTE seria agir de acordo com os padrões
morais estabelecidos para aquele local. Cumprir as regras convencionadas como
“certas”. SER ANTI-ÉTICO seria quebrar, ou não agir de acordo com tais
padrões estabelecidos.
- Aqui, na Deontológica, a ética (essa Ciência que estuda o comportamento moral)
é usada para se definir um padrão de comportamento e assim serem criados os
códigos de ética.
Importante!
Muitas profissões têm seu próprio código de ética formalmente estabelecido,
enquanto para outras ele é informal e introjetado, ou seja, interiorizado, enraizado.
No primeiro caso, há situações tão especiais em certas áreas ou funções que a
análise e a reflexão sobre como agir do ponto de vista da ética foram realizadas de maneira
formal e sistematizada por representantes das comunidades profissionais, os quais
publicaram e divulgaram normas e regras que devem ser rigorosamente observadas.
Aqueles que não as obedecerem são desclassificados ou expulsos da sua comunidade.
Exemplos disso são os códigos de ética do médico, do enfermeiro, do jornalista, do
professor e do advogado.
A formalização por escrito dos deveres e direitos das pessoas em suas atividades
profissionais ou postos de trabalho tem se mostrado cada vez mais necessária nos dias
atuais.
Cada profissão tem a liberdade para trabalhar com regras morais inerentes à sua
realidade, desde que respeitando as regras morais daquela sociedade.

Características inerentes à ética


(sempre que se falar apenas ÉTICA, considere na perspectiva da Ética Axiológica.
Como eu disse, a “outra” ética é aquela utilizada para a elaboração de um Código
de Ética)
✓ Enquanto a Moral pertence ao domínio da prática, a ética é a reflexão sobre a moral.
Como parte da filosofia, ela pertence ao campo da teoria.
✓ A ética (essa Ciência que estuda o comportamento moral), diferente da moral, é
objetiva, é direta, é coletiva, é teórica, é permanente. @prof_ticyano_lavor

✓ A ética não apenas FUNDAMENTA filosoficamente o que devemos fazer, mas ainda
ORIENTA como fazer, chamando-nos à responsabilidade perante os outros. Cuidado!
Como eu disse anteriormente, a não nos obriga, nem toma decisões por nós.

Importante!
Como vimos, moral são as regras que orientam os indivíduos no convívio diário na
sociedade, norteando suas ações e seus julgamentos sobre o que é certo ou errado, próprio ou
impróprio, ou seja, a Moral está ligada a comportamento. Repetindo o que já foi dito: moral
são regras sociais, normas, hábitos estabelecidos por uma sociedade e que determinam
o comportamento dos indivíduos por meio de um sistema de prescrição de conduta.
Percebe-se que a Moral se estabelece como condição da própria vida humana, uma
vez que participa das regulações e formulações da existência em sociedade. Esse conjunto de
regras é adquirido por meio da cultura, da educação, da tradição, até da religião e do cotidiano,
que passam a orientar o comportamento das pessoas e suas relações sociais.
Portanto, ao contrário dos animais, que vivem por instinto (impulso interior que faz
um animal executar inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência
própria, da sua espécie ou da sua prole), o ser humano é regulado também pelas regras definidas
pela moral, definindo seu modo de agir.
Entende-se que a moral está relacionada com os ditos “bons costumes, valores e
convenções” estabelecidos por uma cultura ou pela sociedade, a partir dos quais seus
integrantes devem agir, distinguindo o bem ou mal, certo ou errado, bom ou ruim, aceitável ou
inaceitável, próprio ou impróprio, bonito ou feio (o “bonito” ou “feio” aqui não é no sentido
estético, de beleza. Não! É no sentido de “você não deveria ter feito isso, isso foi feio”.
Entendeu?)
A condição humana está estabelecida na autonomia e na liberdade, uma vez que fazer
escolhas é parte da nossa própria existência. Temos que fazer escolhas, ainda que não
queiramos. Portanto, os esforços da filosofia em muito se propõem a orientar a sociedade sobre
como aprender a viver, pois consideram que as escolhas predizem atribuição de valor e que a
moral é a base dessas escolhas (você lembra da Ética Axiológica?), o gabarito através do qual
se viverá bem. @prof_ticyano_lavor
Embora não signifiquem a mesma coisa, ao nos referirmos tanto à moral quanto à
ética estamos sempre considerando as ações humanas do ponto de vista do bem e do mal,
e, consequentemente, avaliando-as como corretas ou não. Portanto, moral e ética
coincidem em muitos aspectos. Por exemplo:

As duas só se referem a ações humanas.

Os demais seres vivos não são morais, imorais, amorais, éticos ou antiéticos.
Não são passíveis de julgamento, pois suas ações são produtos de condicionamento
ou de determinismo biológico.

As duas só se referem a ações humanas que são livres, conscientes.

Só podem ser consideradas ações morais ou éticas aquelas que resultarem da


liberdade individual de definir o que é certo ou errado, de agir de uma ou outra maneira,
de aceitar ou mudar as regras – porque o sujeito não as considera coerentes com seus
valores – mesmo que, em algumas situações, tenha de enfrentar censuras, condenações e
perseguições.
Algumas ações violentas, mesmo contrariando as normas de comportamento
ético, não são nem mesmo consideradas criminosas ou são condenadas com penas leves,
se for reconhecido e ficar provado que a força da pressão sofrida pela pessoa, em
determinada situação-limite, foi maior do que a sua capacidade de resistência moral. São
exemplos dessas situações aquelas movidas por instinto de sobrevivência – no caso de
ameaça à vida ou à integridade física ou moral – ou por forte pressão psicológica –, ou
seja, ameaça por meio de chantagem, sequestro ou outras formas de violência muito
drásticas a si mesmo, a alguém da família, ao seu grupo ou a toda uma comunidade. No
entanto, muitos dos personagens históricos que foram consagrados como heróis ou santos
por alguns ou por muitos povos foram pessoas que resistiram a fortes pressões e não se
abateram, mantendo sua postura moral e suas convicções filosóficas, religiosas, políticas
ou sociais, como Joana d’Arc, Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Mandela e outros mais.

O QUE SÃO PRINCÍPIOS?


São preceitos, pressupostos universais pelos quais uma sociedade civilizada deve
se orientar para que a mesma seja uma sociedade justa. Geralmente são comuns a todos
os povos, culturas e religiões, quer você aceite ou não, concorde ou não. A base desses
princípios é plantada no seio da família. @prof_ticyano_lavor
- Exemplos: Liberdade, amor, felicidade, solidariedade, bondade, lealdade, legalidade.
CUIDADO!
Os princípios são GOVERNANTES e INCONTESTÁVEIS. Eles “existem”
independentemente de nós. Por exemplo: A felicidade existe, por mais que eu hoje esteja
triste, infeliz. Independentemente se eu estou ou não feliz, sou ou não uma pessoa feliz,
a felicidade ELA existe.
E OS VALORES, DO QUE SE TRATAM?
É aquilo que orienta a minha conduta. (ser ou não solidário é VALOR. A
solidariedade é PRINCÍPIO. Ser ou não bondoso, é VALOR. A bondade é PRINCÍPIO.
E por aí vai...ser ou não leal é VALOR. A lealdade é PRINCÍPIO. Agir ou não como a lei
permite é VALOR. A legalidade é PRINCÍPIO.
• “Valores” é uma coisa INDIVIDUAL. Esses valores vão fazer a diferença entre agir
de forma honesta ou agir de forma desonesta.

• É uma coisa INTERNA e SUBJETIVA, depende do caráter da pessoa.

• Os valores morais NÃO nascem com a gente, não são naturais, são sociais, adquridos.
CUIDADO!
Uma pessoa pode possuir os seus valores, mas não ter princípios. Muitas vezes
negligenciamos os princípios a favor dos valores que adquirimos na sociedade.
E para Aristóteles, o que seria um comportamento ético?
Seria um comportamento baseado na “justa medida”, ou seja, você deveria buscar
uma “mediana” para sua vida. Mas como assim? Eu explico: Suas atitudes deveriam se
pautar em buscar que não lhe falte aquilo que você espera, mas ao mesmo tempo não
exagerar nas relações que você venha a ter. Isso seria uma virtude, alcançada por meio
da moderação, a partir do controle pela razão. Para ele, ter virtude é saber estabelecer um
“meio termo” nas suas emoções. @prof_ticyano_lavor
A ética para Aristóteles está diretamente relacionada com a ideia de virtude (areté)
e da felicidade (eudaimonia). Para o filósofo, tudo tende para o bem e a felicidade é a
finalidade da vida humana. Entretanto, a felicidade não deve ser compreendida como
prazer, posse de bens ou reconhecimento. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa.
O ser humano, dotado de razão e capacidade de realizar escolhas, é capaz de perceber a
relação de causa e efeito de suas ações e orientá-las para o bem.

- Exemplo de virtude: TEMPERANÇA (domínio próprio): meio termo entre


INSENSIBILIDADE e a LIBESTINAGEM.
ÉTICA E MORAL: DOIS PILARES DA AÇÃO HUMANA ANTE OS DILEMAS
DA VIDA.

Você já se deparou com alguma situação na qual você teve que fazer uma escolha
e cada opção era igualmente desagradável (é o famoso “se correr o bicho pega, se ficar o
bicho come), ou onde as opções eram igualmente agradáveis, lhe causando aquela dúvida,
onde escolher uma opção significaria excluir outra? (é o famoso “você não pode ter
tudo”). Já se deparou com uma situação na qual você ficou na dúvida entre ter que mentir
ou ter que falar a verdade? Quem nunca, hein? Pois é, essa confusão é chamada
de dilema: uma situação que desafia uma solução agradável.
Na literatura, os dilemas formam o conflito central que muitos protagonistas
encontram. Na filosofia, existe uma definição de dilema que é mais ou menos assim:
“raciocínio que parte de premissas contraditórias e mutuamente excludentes, mas que
paradoxalmente terminam por fundamentar uma mesma conclusão”, sendo assim, em um
dilema, ocorre a necessidade de uma escolha entre alternativas opostas A e B, que
resultará em uma conclusão ou consequência C, que deriva necessariamente tanto de A
quanto de B.
Muitas pessoas enfrentam todos os tipos de dilemas na vida, e a escolha que fazem
pode ter impactos duradouros. Às vezes, esses dilemas até causaram mudanças na
sociedade e na história!

DILEMA CLÁSSICO

Um dilema clássico é uma escolha entre duas ou mais alternativas, em que os


resultados são igualmente indesejáveis ou igualmente favoráveis. O dilema normalmente
não envolve uma crise moral ou ética, mas a vida da pessoa pode mudar como resultado
de sua decisão. Como um jovem adulto, alguns exemplos de dilemas clássicos incluem:
• Onde ir no primeiro encontro
• Qual faculdade cursar
• Incerteza sobre qual oferta de emprego aceitar
• Querendo saber se deve ou não fazer a mudança para uma nova cidade

Os alunos mais jovens podem enfrentar diferentes dilemas clássicos. Alguns deles
podem incluir:

• Dois amigos estão fazendo uma festa de aniversário ao mesmo tempo, a qual você
vai?
• Qual esporte de outono jogar, futebol ou hóquei em campo
• Que camisa usar no dia da foto

Os dilemas clássicos são mais do que simples escolhas, porque geralmente levam
a pessoa a pensar sobre os resultados das escolhas.

DILEMA ÉTICO

Um dilema ético surge quando uma pessoa é forçada a decidir entre duas opções
moralmente sólidas, mas elas podem entrar em conflito com os limites estabelecidos de
uma empresa, de uma agência governamental ou da lei. Alguns dilemas éticos podem
envolver seguir a verdade versus ser leal a um amigo; seguir as leis ou regras versus
ter compaixão pela situação de um indivíduo; e preocupações sobre uma pessoa
individual versus o impacto maior em uma comunidade. Um dilema ético difere de um
dilema moral porque envolve muito mais seguir regras do que a própria consciência,
embora a consciência possa certamente levar um indivíduo a considerar quebrar as regras.
@prof_ticyano_lavor
Dilemas éticos são especialmente importantes nos campos da justiça médica e
criminal e em carreiras como serviço social e psicologia. Além disso, a maioria dos
servidores públicos precisa passar por treinamento de ética para lidar com dilemas
comuns que podem encontrar ao trabalhar com o público. @prof_ticyano_lavor

• Um contratado do governo descobre que as agências de inteligência estão


espionando seus cidadãos ilegalmente, mas é obrigado por contrato a manter sua
confidencialidade sobre a descoberta. E aí? Denuncia uma ilegalidade (o que seria
moralmente correto) ou cumpre o contrato? (que também seria moralmente
correto: honrar o contrato).

Veja: no exemplo acima, a pessoa está entre duas opções. Nas duas, temos dois
valores morais consolidados, mas qualquer uma das opções que a pessoa escolher, vai
acabar excluindo a outra, e um valor moral será quebrado. Na situação acima, a pessoa
pode confessar o que está acontecendo e agir para que a legalidade seja respeitada, mas
por outro lado vai está não honrando o contrato. Se ela decidir honrar o contrato, não vai
contribuir para que a verdade venha à tona a ilegalidade vai continuar sendo praticada.
No dilema ético, você “fere” um valor moral, mas “salva” outro.

DILEMA MORAL

Um dilema moral é uma situação em que uma pessoa está dividida e a escolha que
a pessoa faz pode deixá-la se sentindo sobrecarregada, culpada, aliviada ou questionando
seus valores. @prof_ticyano_lavor
Um dilema moral muitas vezes força o indivíduo a decidir com qual opção ele
pode viver, mas quaisquer resultados são extremamente desagradáveis, não importa o que
aconteça.
Dilemas morais são frequentemente usados para ajudar as pessoas a pensar no
raciocínio de suas crenças e ações, e são comuns em aulas de psicologia e filosofia.
Alguns exemplos de dilemas morais incluem:

• O clássico “dilema do bote salva-vidas”, onde há apenas 10 vagas no bote salva-


vidas, mas há 11 passageiros no navio afundando. Uma decisão deve ser tomada
sobre quem ficará para trás.
• Um trem com freios quebrados está acelerando em direção a uma bifurcação nos
trilhos. À esquerda, uma mulher atravessando com seus dois filhos; à direita, um
homem fazendo manutenção de rotina nos trilhos. O maquinista deve decidir para
qual lado apontar o trem em alta velocidade. @prof_ticyano_lavor

No caso do dilema moral é UM valor moral que está em jogo. Quebrar esse valor
moral implicaria em “salvar algo maior” ou ficar com a opção que você considere
“melhor”.
Os dilemas morais também nos fornecem tópicos sociais interessantes para
examinarmos em trabalhos de posição e pesquisa. Os tópicos comuns para essas
atribuições geralmente incluem:

1. A pena de morte (matar uma pessoa, pensando estar livrando a sociedade de um


bandido) @prof_ticyano_lavor
2. Suicídio assistido por médico (compactuar com uma morte, pensando está
fazendo algo certo que seria acabar com o sofrimento daquele paciente)
3. Aborto (interromper uma gestação, pensando em salvar a mãe)
4. Legalizando (ou descriminalizando) as drogas (liberar o uso de droga, que “faz
mal” à saúde pensando que isso possa combater o tráfico).

ÉTICA E CIDADANIA NO MUNDO DO TRABALHO.

O que é a ética profissional?

A ética profissional refere-se a princípios que regem o comportamento de um


trabalhador e da sua equipe no ambiente de trabalho.
São “caminhos” de como uma pessoa deve agir em relação a outras pessoas e
instituições, incluindo a própria empresa, órgão, entidade onde trabalha.
Todos os integrantes daquela empresa (ao ler empresa, considere também um órgão
público ou entidade, por exemplo) deverão respeitar os mesmos princípios éticos
profissionais, mesmo que cada um possua valores próprios.
Geralmente, esses princípios são reunidos no chamado “Código de Ética
Profissional”. Cada profissão costumar ter o seu próprio Código. No seu caso, que está se
preparando para o concurso da AMC, seu Código é a Lei 11.360 de 03 de maio de 2023.
Que veremos mais adiante. Há, no entendo, princípios éticos universais que se aplicam a
todas as profissões. Como a honestidade e o respeito. @prof_ticyano_lavor
Quando você demonstra atitudes éticas dentro do seu ambiente de trabalho, um
contrato de “confiabilidade” é criado entre você e o seu empregador, pois fica nítido o
seu profissionalismo.

Confira alguns exemplos de atitudes éticas:


• Responsabilidade para saber gerar seu próprio trabalho e cumprindo os prazos
estabelecidos. Muitas vezes, para um trabalho em grupo funcionar bem, é preciso
que todos façam a sua parte dentro do prazo;
• Gerenciamento de tempo para cumprir prazos, marcar compromissos ou
reuniões e, ainda, chegar pontualmente no ambiente de trabalho para iniciar o
expediente;
• Disciplina para gerenciar o seu tempo e ter foco para desenvolver as tarefas
solicitadas;
• Confiabilidade para manter em sigilo informações confidenciais da empresa;
• Honestidade para ser verdadeiro com os colegas e os gerentes, informando sobre
eventuais problemas e reconhecendo os erros, quando for necessário;
• Trabalho em equipe para conviver com os colegas e manter uma comunicação
eficiente;
• Respeito nas relações interpessoais, utilizando o bom senso e nunca apelar para
a violência.

Da mesma forma que os colaboradores (aqui entenda como funcionários de uma


empresa, empregados ou servidor) possuem “compromissos éticos” com a empresa (ou
órgão, ou entidade) que trabalham, as empresas também precisam desenvolver essa
relação com os seus colaboradores. @prof_ticyano_lavor

É compromisso da empresa:

• Garantir que as regras e regulamentos sejam iguais para todos, independente do


cargo;
• Comunicar as políticas internas de forma clara e transparente para os
colaboradores;
• Tratar todos os funcionários com respeito e cordialidade;
• Assegurar o direito de férias e respeitar os momentos de descanso (folgas / finais
de semana / feriados);
• Atribuir responsabilidades conforme o cargo e a experiência do colaborador;
• Pagar a remuneração e os benefícios em dia;
• Cumprir os direitos trabalhistas previstos pela Constituição Brasileira e
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), se for o caso, ou qualquer outro
regimento ao qual um agente público esteja submetido.

A ética no local de trabalho garante um ambiente positivo. Quando o ambiente é


organizado por princípios éticos, cria-se uma relação de lealdade e profissionalismo de
ambas as partes. Ter uma postura ética no ambiente de trabalho é um fator-chave para o
sucesso profissional.

ÉTICA PROFISSIONAL E ÉTICA DA RESPONSABILIDADE.

Imagine uma situação hipotética na qual um profissional apropriou-se


indevidamente de recursos financeiros da empresa na qual exerce um cargo importante.
Ao ser constatado o desvio de verba, abre-se uma sindicância e o “criminoso”
passa a ser procurado. @prof_ticyano_lavor
A psicoterapeuta que o atende ouviu dele sobre o desfalque na organização, mas
pelo código de sua profissão, deve manter sigilo.
Seu advogado para assuntos pessoais, que também é advogado da organização
onde ele trabalha, desconfiou, interrogou-o e ele confirmou ter sido o responsável.
A cúpula da administração teme a repercussão negativa que o “golpe” possa
provocar na opinião pública, entre seus clientes e entre os concorrentes. Sob o ângulo da
relação custo-benefício, não sabe o que seria melhor: levar adiante um processo ou abafar
o caso.
Diante da situação levantada podemos afirmar corretamente que no exposto estão
presentes questões não apenas relativas à ética profissional, mas também à ética da
responsabilidade. E aí, o que fazer?
Se nos colocarmos no lugar de cada uma das pessoas envolvidas, teremos ideia da
importância e da dimensão dos dilemas éticos com os quais podemos nos confrontar em
nossa vida profissional. Por isso, o julgamento sobre se a atitude de cada uma dessas
pessoas seria ética ou não é extremamente delicado e exige muita prudência de quem vai
formular o “veredicto final”. @prof_ticyano_lavor
Como se não bastasse o risco de elaborarmos julgamentos precipitados e injustos
sobre a participação individual das pessoas envolvidas em um caso aparentemente
incorreto, muitas vezes nossos julgamentos recaem sobre segmentos inteiros de uma
sociedade, como instituições, organismos, empresas, profissões etc.
No entanto, é preciso lembrar que em todos os setores da vida social há pessoas
que são éticas e outras que não são. Por isso, toda generalização implica injustiça ou
impropriedade em relação a muitos indivíduos, seja ela negativa ou positiva. Você deve
está se perguntando para que estudar isso para ser um Agente Público, não é mesmo? Pois
bem, você nunca percebeu como as pessoas no Brasil muitas vezes generalizam o serviço
público, ou os agentes públicos de forma negativa devido à mal conduta de alguns?
@prof_ticyano_lavor
Alguns motivos explicam por que as pessoas caem no caminho perigoso da
generalização, ao julgar todo um grupo tomando-se como referência a atitude de alguns
de seus membros que agem de forma antiética. Os motivos dessa generalização podem
estar relacionados ao fato de que os membros do grupo que agiram de forma errada fazem
parte de uma parcela:

✓ quantitativamente muito expressiva, ou seja, um percentual muito grande de membros


do grupo age incorretamente;

✓ qualitativamente mais destacada do que as outras, como a cúpula dirigente, a


liderança, ou o grupo mais notável;

✓ que é alvo de interesse maior dos meios de comunicação, por alguma razão;

✓ que se projetou mais, por causa de algumas experiências negativas ocorridas


com ela;

✓ que praticou ações de maior repercussão, pois acabaram afetando um número muito
grande de pessoas.

Também por causa desses motivos é que, quando participamos de um grupo,


temos duas grandes responsabilidades em relação aos seus membros: a de não
mancharmos sua imagem com algum comportamento reprovável e a de estarmos sempre
atentos para que os demais também não o façam.

EM BUSCA DO CONCEITO DE CIDADANIA.

Vamos agora analisar o conceito de cidadania


✓ O termo vem do latim: Civitas: “conjunto de direitos atribuídos ao cidadão”.
(direitos civis, direitos políticos e direitos sociais)
✓ Conforme diz Dalmo Dallari: “(…) expressa um conjunto de direitos que dá a
pessoa uma possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu
povo”.

✓ Originalmente, o termo “cidadania” foi utilizado na Roma Antiga para designar


a situação política de uma pessoa e os direitos que possuía ou que podia exercer
na cidade.
✓ Na Grécia Antiga o cidadão passou a ser aquele que podia participar da
“Democracia”.

É difícil encontrar um conceito de cidadania suficientemente abrangente que seja


aplicável a qualquer lugar, situação ou momento. Primeiro porque, como acontece com
outros conceitos ligados à evolução das sociedades humanas, ele é uma construção
histórica, ou seja, modifica-se por influência das transformações da história humana.
Além disso, ele reflete o ponto de vista e a condição social de quem o utiliza. Isso
porque o conceito de cidadania depende ainda do jogo de interesses de segmentos sociais
diferentes e dos conflitos entre os que estão no poder e os que estão fora dele.
Podemos partir de um ponto comum de referência para chegarmos à definição
adotada hoje pela maioria dos países:

* E o que seria “ser” CIDADÃO?

CUIDADO: Estamos nos referindo acima à Cidadania como um dos fundamentos do


Estado Brasileiro e não [apenas] à cidadania como gozo dos direitos políticos. Nesse
aspecto, no direito brasileiro, cidadão é o indivíduo que seja titular dos direitos de votar
e ser votado e suas consequências.
Uma definição bem simples de “Estado”
Tradicionalmente, podemos considerar o Estado como uma instituição,
organizada social, jurídica e politicamente, detentora de personalidade jurídica de
direito público e de poder soberano para, através de suas instituições e de um Governo,
dentro de uma área territorial, gerir os interesses de um povo. (Fernando Ferreira Baltar
Neto e Ronny Charles Lopes de Torres)
➢ Direitos civis: são direitos humanos fundamentais de 1ª geração (direitos de
liberdade).
✓ O direito de ir e vir, de dispor do próprio corpo, o direito à vida, à liberdade de
expressão e pensamento, à propriedade, à igualdade perante a lei, a não ser julgado
fora de um processo regular, a não ter o lar nem os bens violados. Esses Direitos
e garantias fundamentais estão disponíveis na CF/1988 do artigo 5º ao 17º.
✓ Ter os direitos civis garantidos, portanto, deveria significar que todos fossem
tratados em igualdade de condições perante as leis, o Estado e em qualquer
situação social, independentemente de raça, condição econômica, religião,
filiação, origem cultural, sexo, ou de opiniões e escolhas relativas à vida privada.

➢ Direitos políticos: TAMBÉM SÃO DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS


DE 1ª GERAÇÃO (Direitos de LIBERDADE), encontrados na CF/88 nos Artigos
14, 15 e 16. Aqui, são os direitos de decidir e influir sobre os destinos do Estado:
✓ Participação do cidadão no governo.
✓ Direito de eleger e de ser eleito.
✓ Realizar manifestações políticas

✓ Fundar partidos políticos.


CUIDADO!
- Os direitos civis não garantem os direitos políticos.
- Enquanto os direitos civis se referem a um espaço de liberdade dos indivíduos em
relação ao Estado, os direitos políticos abrangem a atuação dos
indivíduos no Estado e na vida social.
➢ Direitos sociais: SÃO DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DE 2ª
GERAÇÃO (Direitos de IGUALDADE)
✓ São mais passíveis de interpretação.
✓ Os direitos sociais são direitos criados para possibilitar que os cidadãos tenham
as necessidades básicas para uma vida digna garantidas.
✓ A função dos direitos sociais é reduzir ao máximo as desigualdades que existem
no país, sejam elas econômicas ou sociais.
✓ Esses direitos são entendidos como valores fundamentais do país e servem
para garantir mais igualdade entre os cidadãos.

✓ São exemplos de direitos sociais: educação, saúde, moradia, transporte, trabalho,


acesso ao lazer, etc.
O bom cidadão deve:
✓ Respeitar as normas: Leis e Códigos
✓ Respeitar o direito do outro

✓ Preservar o meio ambiente


✓ Preservar o patrimônio público
✓ Agir com amistosidade
✓ Agir com civilidade
✓ Ser cooperativo com todos
✓ Cultivar a bondade, a tolerância e a solidariedade
✓ Agir com compreensão diante dos erros dos outros

✓ Agir a favor do bem comum


✓ Evitar confrontos
✓ Respeitar as limitações do outro
TUDO ISSO AÍ ACIMA É UMA DEMOSNTRAÇÃO DE PREOCUPAÇÃO COM O
COLETIVO!

As obrigações do sujeito enquanto cidadão são no sentido de permitir e cuidar


para que todos obedeçam às regras estabelecidas, de forma que a vida em comum
transcorra em harmonia e respeito e que os interesses coletivos sempre predominem sobre
os particulares. Por isso, ser cidadão supõe desenvolver atitudes, assumir padrões de
comportamento e adquirir hábitos que favoreçam o bom convívio com os demais e
também que suas ações sejam pautadas pela ética do cuidado, do zelo pelo bem comum e
do respeito pela coisa pública. Ou seja, aquele contínuo estado de alerta, de observação
cuidadosa em relação à segurança, à dignidade e ao bem-estar do outro e que nos leva a
sempre respeitá-lo e a nos colocar de seu lado e defendê-lo quando alguém não o respeitar.
Por essas razões, é nosso dever apoiar e estimular a extensão dos direitos de cidadania a
todos, assumir responsabilidades coletivas e pressionar organizações e instituições que
podem promover a melhoria das nossas condições de vida. @prof_ticyano_lavor

Outras afirmativas que podem ser feitas acerca da cidadania


➢ Cidadania diz respeito à relação do indivíduo com o Estado, participando como
sujeito de direitos e obrigações.
➢ A cidadania (repito) constitui um dos fundamentos da República Federativa do
Brasil, por previsão expressa do art. 1.º, inciso II, da Constituição de 1988. Aqui
não refiro à cidadania “unicamente” como o gozo dos direitos políticos. Entenda
“fundamentos” aqui como “alicerce”, “estrutura”, os “pilares” de uma obra. No
caso da nossa CF/88, são cinco “pilares” bem definidos no texto: a soberania; a
cidadania, a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa e o pluralismo político.
➢ Cidadania é a qualidade ou condição de cidadão do nacional de um Estado.
➢ Não se confunde cidadania com nacionalidade, mas desta depende e a ela se une:
só pode adquirir e exercer a cidadania quem tem a nacionalidade, por nascimento
ou naturalização.
➢ Cidadania, como um dos Fundamentos da República Federativa do Brasil, diz
respeito aos direitos e deveres inerentes à participação da pessoa na vida do
Estado e vai, por conseguinte, bem mais além do votar e ser votado (no caso
aqui seriam os direitos políticos). Daí ser necessário distinguir cidadania como
fundamento do Estado Brasileiro de cidadania como gozo dos direitos políticos,
pois aquela tem significado mais abrangente do que esta, abrangendo também
os direitos civis, direitos sociais e os deveres.
➢ Cidadania, quer como fundamento da República Federativa do Brasil, quer como
expressão de gozo dos direitos políticos, implica sempre relacionamento
responsável, direitos e obrigações.

Mais uma dica:

A nossa Constituição de 1988 é conhecida como “Constituição Cidadã”.


Nenhuma outra Constituição da nossa História elevou tanto Direitos Humanos e
Cidadania em outra constituição brasileira.
No entanto cuidado! “Constituição Cidadã” não é apenas um “apelido” carinhoso.
Ser uma Constituição Cidadã é exigir um padrão de comportamento cidadão para todos
os inseridos no seu contexto. Por isso que a ética se relaciona sim com cidadania.

O conceito de “Cidadania Planetária”

Na atualidade, amplia-se o conceito de cidadania, ultrapassando a


responsabilidade social no âmbito de um Estado, para o conceito de cidadania planetária.

A cidadania planetária exige a “intersolidariedade” objetiva da humanidade.


Nesse sentido, há uma relação global na qual o destino do planeta “sobredetermina” os
destinos singulares das nações. A vida de uma nação, dos seus indivíduos e sociedades
está indissoluvelmente vinculada à vida de todo o planeta. Como consequência, ocorre
romper com o fechamento da ética às comunidades nacionais e pensar numa ética da
comunidade humana que respeite as éticas nacionais e as integre.

ÉTICA E CIDADANIA NO MUNDO DO TRABALHO.

Mundo do trabalho e cidadania organizacional

O ser humano não nasceu preparado para seguir normas de convivência e


sobreviver em uma sociedade tão complexa quanto a nossa. Para estabelecer relações
sociais e subsistir em nosso meio, precisamos de quem cuide de nós e nos eduque,
transmitindo-nos as características e valores culturais da sociedade a que pertencemos.
O processo de socialização começa logo depois do nascimento e segue um longo
caminho. Nessa jornada, cada um de nós precisa absorver conhecimentos e desenvolver
habilidades, além de conhecer e utilizar linguagens. Precisa também aprender a
desempenhar papéis sociais e a reconhecer a importância de contribuir com a
coletividade. Essa contribuição pode ser feita de várias maneiras: quando, por exemplo,
produzimos alguma coisa ou prestamos serviços, conservamos ou alteramos valores,
reproduzimos ou inovamos técnicas, defendemos a estrutura da dinâmica social ou
atuamos para alterá-la. O trabalho é uma dessas contribuições. Ele é necessário para
garantir nossa sobrevivência e, para executá-lo, mobilizamos nosso físico, nossa razão e
nossa vontade, utilizando para isso tanto os recursos naturais quanto elementos culturais.
@prof_ticyano_lavor
Sem os produtos do trabalho não há sobrevivência humana, cultura, organização
social, civilização e história. Em outras palavras, cada pessoa que nasce só alcança a
plenitude de sua condição humana se for cuidado e educado por outros, o que significa
muito mais do que o cuidado que os outros animais têm com suas crias por certo tempo.
Além disso, durante toda a nossa vida, precisamos do nosso trabalho e do trabalho
dos outros para a produção de bens e serviços que são demandados pelo viver e pelo
conviver em sociedade.
Em nosso dia a dia, contamos com o trabalho de muitas pessoas para garantir
nossa alimentação, higiene, locomoção, lazer, segurança. Nem sempre todo o trabalho
contido em um objeto ou serviço é evidente. Algumas etapas costumam ser esquecidas,
ou não são conhecidas. Isso porque nem todo trabalho é igualmente reconhecido e
valorizado. Alguns podem permanecer ocultos, ofuscados por outros, que são
supervalorizados em determinado momento histórico.
O dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956) aborda essa questão no
poema Perguntas de um trabalhador que lê. Entre outras coisas, ele questiona:

Quem construiu a Tebas de sete portas? Na noite em que o mar a tragou.


Nos livros estão os nomes de reis. O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Arrastaram eles os blocos de pedras? Sozinho?
E a Babilônia várias vezes destruída – César bateu os gauleses.
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em Não levava sequer um cozinheiro?
que casas Filipe da Espanha chorou, quando sua
Da Lima dourada moravam os Armada
construtores? Naufragou. Ninguém mais chorou?
Para onde foram os pedreiros, Frederico II venceu a Guerra dos Sete
na noite em que a muralha da China Anos.
ficou pronta? Quem venceu além dele?
A grande Roma está cheia de arcos de Cada página uma vitória.
triunfo. Quem cozinhava o banquete?
Quem os ergueu? Sobre quem A cada dez anos um grande homem.
Triunfaram os Césares? A decantada Quem pagava a conta?
Bizâncio Tantas histórias.
Tinha somente palácios para seus Tantas questões
habitantes? Mesmo (BRECHT, B. Poemas 1913 –1956.
na lendária Atlântida Seleção, tradução e posfácio de Paulo
Os que se afogavam gritavam por seus César Souza. São Paulo: Editora 34,
escravos 2000.)

Nos documentos relativos a monumentos históricos não há registro dos nomes de


todos os trabalhadores que os construíram. Apenas os dos governantes e ocasionalmente
dos chamados trabalhadores intelectuais e/ou administrativos. No Brasil, um
questionamento do tipo feito por Brecht, no poema citado, pode ser encontrado, em
linguagem mais direta e explícita, na letra da música Trabalhadores do Metrô,
composição de R. M. Santos e Walter Marques, interpretada pelo cantor Xangai no álbum
Dos Labutos, em 2005:

Vivendo na cidade grande Bate zabumba pro povo fazer fuá


Na força da mocidade Tristeza de catacumba
Tinha ofício de armador No forró não pode entrar
Armou do ferro da férrea necessidade
Pontes praças e pilares Precisaria de uma placa que seria
Bem do tamanho da Bahia
Riquezas não desfrutou
Armou do ferro da férrea necessidade Juazeiro a Salvador
Pontes praças e pilares Pra que coubesse
Riquezas não desfrutou O nome de quem merece
De quem vive construindo
Depois de tudo pronto Homem, mulher e menino
Tudo feito e tudo arrumado Que é tudo trabalhador
No bronze que foi lavrado
Só deu nome de doutor Precisaria de uma placa que seria
O do prefeito, o do secretariado Bem do tamanho da Bahia
E o do grande encarregado Juazeiro a Salvador
Seu nome não encontrou Pra que coubesse
O nome de quem merece
O do prefeito, o do secretariado
E o do grande encarregado De quem vive construindo
Seu nome não encontrou Homem, mulher e menino
Que é tudo trabalhador
Bate zabumba pro povo fazer fuá
Tristeza de catacumba
No forró não pode entrar

Reforçando a importância do trabalho

Podemos dizer que “o homem se faz pelo trabalho”. Ou seja, ao mesmo tempo
que produz coisas, torna-se humano, constrói a própria subjetividade. Para exemplificar,
imagine-se como vendedor em uma loja. Você precisa conhecer o material que está sendo
vendido e os procedimentos de atendimento ao público; aprende a se relacionar com os
colegas e com a chefia; exige de si mesmo a superação de dificuldades; ao receber o
salário, administra seus gastos e percebe a mudança que essa autonomia financeira
provoca nas relações com seus familiares. Enfrenta conflitos, quando seu desempenho é
avaliado por critérios injustos ou se ganha menos do que o merecido pelo esforço
despendido. Também acumula experiência e sente prazer em fazer com facilidade o que
antes lhe parecia um desafio intransponível. @prof_ticyano_lavor
Dessa forma, existe uma série de coisas que o trabalho propicia a quem o exerce:
ampliação de conhecimento, desenvolvimento da habilidade de se relacionar com outras
pessoas, de planejar ações, vencer desafios, de controlar gastos, de defender-se e outras.
Mas nem sempre o trabalho é visto tão positivamente assim. Isso porque não é em
qualquer uma de suas formas nem em todas as situações que o trabalhador se sente
edificado ou dignificado quando o exerce. Embora muita gente não saiba, a própria
palavra trabalho carrega, em sua origem, uma carga bem negativa.
A palavra trabalhar vem do latim tripaliare, que significa torturar por meio do
tripalium, instrumento formado por três (tri) paus (palium), onde eram atados os
condenados ou animais difíceis de ferrar. Essa carga negativa da palavra se deveu à
adoção do escravismo, pelos romanos, e à consequente oposição entre o trabalho
(socialmente desvalorizado, pois era exercido pelos escravos) e o ócio (socialmente
valorizado, pois era privilégio da classe dominante, proprietária de escravos). Poderemos
entender melhor como e por que certos tipos de trabalho são mais ou menos valorizados
e causam orgulho ou desprezo se pesquisarmos um pouco mais o seu significado e a sua
forma em diferentes períodos da história das sociedades.
Verificaremos, então, como ele passou da categoria de maldição (para os escravos
antigos e servos da gleba medievais) à categoria de talento, doação, ou sacrifício
voluntário (para os monges medievais e reformadores protestantes), chegando, por razões
diferentes, à sua valorização pela burguesia industrial e pelos socialistas, no século XIX,
até o modo como ele é encarado hoje.
Atualmente, trabalhar é considerado pela nossa sociedade não apenas condição
para que possamos sobreviver, mas, também, para crescermos, nos sentirmos úteis,
dignos, importantes e para que possamos retribuir, com o fruto do nosso labor, o que
recebemos de bom com o trabalho de outros que nos antecederam e dos que nos são
contemporâneos. @prof_ticyano_lavor
Em seu texto denominado Trabalho, que compõe um dos verbetes do Dicionário
crítico, trabalho e tecnologia, organizado por Antonio David Cattani, a socióloga
brasileira Elida Rubini Liedke utiliza as seguintes referências para conceituá-lo:

[...] Pressupondo-se exclusivamente o trabalho humano, como na acepção


de Marx em O capital [...], o trabalho é atividade resultante do dispêndio
de energia física e mental, direta ou indiretamente voltada à produção de
bens e serviços, contribuindo, assim, para a reprodução da vida humana,
individual e social [...] (LIEDKE apud CATTANI, 1997, p. 268-269).

Prestemos atenção ao fato de que, como diz a autora, o trabalho é considerado


condição para que os seres humanos se desenvolvam e as sociedades humanas continuem
a existir.
Mas esse é um conceito atual, difundido a partir do século XIX, na época da
Segunda Revolução Industrial, por Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels (1820-
1895) no livro O capital.
Acontece que o trabalho assumiu diferentes formas ao longo da História, de
acordo com os modos de produção e, sendo assim, a sua compreensão e entendimento
não foram os mesmos em todas as épocas.
Nas comunidades ancestrais e nas poucas que ainda se mantêm preservadas das
influências da modernidade, o trabalho sempre foi coletivo e solidário. Nas sociedades
que adotaram os modos de produção escravista, feudal e capitalista, o trabalho se tornou
alienado, conforme expressão dos teóricos marxistas.
Que o trabalho escravo e o trabalho servil não dignificam o trabalhador, isso é
muito claro, e com certeza o leitor tem conhecimento do que eles representaram em
diferentes fases da história da humanidade. Deve conhecer, principalmente, como foi a
escravidão dos negros africanos no Brasil, durante o Período Colonial e o Império.
Também deve se lembrar das várias formas como eles se rebelaram contra sua exploração
e de que, só após várias gerações de luta e resistência, conseguiram libertar-se da
opressão.
O que algumas pessoas talvez não saibam, ou talvez não se recordem, é que no
início da industrialização – segunda metade do século XVIII e primeira do XIX – foi
muito grande a resistência dos trabalhadores à transformação do trabalho em mercadoria,
à organização da produção em fábricas e à sua transformação em “mão de obra”.
Esse trabalhador havia sido artesão, dono da sua força de trabalho, dos seus
instrumentos e do seu tempo e, com a industrialização, passou a ter de se sujeitar a uma
nova e incompreensível realidade: às regras impostas nas fábricas, aos movimentos
corporais impostos pelas máquinas, ao controle do processo de produção externo a ele,
ao ritmo do tempo marcado pelo relógio e não mais pelos ciclos da natureza e pelas
necessidades de seu corpo; aos salários estipulados pelos proprietários dos meios de
produção etc.
Antes, no trabalho concreto, autônomo, ou seja, aquele executado para si próprio,
o trabalhador sabia o que iria produzir, o porquê e como faria para produzi-lo. Com a
industrialização, contudo, ele passava a trabalhar para outra pessoa: o capitalista,
proprietário dos meios de produção. A esse tipo de exploração do trabalho Karl Marx
chamou de trabalho alienado: ao vender sua força de trabalho, a pessoa perde a
possibilidade de projetar no produto as atividades do seu ato criador. É o empresário que
o assalaria quem define e organiza o trabalho a ser feito por ele e apropria-se da
mercadoria que ele gerou. @prof_ticyano_lavor
Durante a transição do modo feudal para o modo de produção capitalista, a
burguesia precisou criar uma ideologia de valorização do trabalho que convencesse o
indivíduo a operar nas fábricas e se adaptar às novas condições de produção.
Mas não foi com argumentos que se disciplinou o operário que resistia a esse
sistema de produção e sim com a perseguição e prisão para os que se recusavam a
trabalhar nos novos moldes, com a imposição de multas aos que transgrediam os severos
regulamentos da fábrica e a vigilância contínua de supervisores impiedosos, com um olho
nos trabalhadores e outro no cronômetro.
Não trabalhar significaria preguiça, irresponsabilidade, vadiagem. Em meio a esse
regime de opressão, foi se criando uma cultura de valorização do emprego. Este passou a
ter peso importante na construção da identidade pessoal e social do indivíduo. Como
consequência, o desemprego se tornou ameaça não só a sua sobrevivência física como a
sua situação psicossocial. @prof_ticyano_lavor
Atualmente, considerando o enfoque do capitalismo, a perspectiva sob a qual os
empresários são vistos mudou bastante: empresários são empreendedores que, abrindo
seus negócios, instalando suas empresas, fazendo-as crescer, criam oportunidades de
emprego e renda para os trabalhadores que contratam e promovem o desenvolvimento da
comunidade.
A partir de meados do século XX, a automação, a robótica, a microeletrônica e
outras tecnologias provocaram mudanças que interferiram também na constituição da
identidade e do perfil do trabalhador. Isso porque se passou a exigir que ele se atualize e
se adapte mais rapidamente às mudanças tecnológicas e às exigências do mercado.
O setor de serviços, que se amplia cada vez mais, exige melhor qualificação
profissional, enquanto o setor industrial valoriza trabalhadores mais participativos, que
tenham a visão de todo o processo produtivo, sejam proativos e capazes de tomar
decisões. Nos dois setores, estimula-se a “intelectualização” do trabalho e,
consequentemente, a escolaridade, a qualificação profissional e a formação continuada
do trabalhador. @prof_ticyano_lavor
Trabalhar é bom. Não poder trabalhar é o grande temor do nosso tempo, até
mesmo por conta das crises de desemprego que têm ocorrido nas últimas décadas, em
nível internacional. Daí o empenho das pessoas, atualmente, em se qualificarem
profissionalmente e se atualizarem constantemente com novas leituras, novos cursos,
novas graduações, ampliando, assim, seu potencial profissional e a sua competitividade
no mercado do trabalho e protegendo-se, dessa forma, das ondas de desemprego.

Ética, cidadania e os deveres do trabalhador

Se nos sentirmos desmotivados e com a autoestima em baixa, porque não somos


valorizados e nossos direitos não são respeitados, devemos utilizar os meios e aproveitar
as oportunidades para reverter tal situação, reivindicando, defendendo juridicamente
nossos direitos, aprimorando-nos ou procurando outras organizações que nos ofereçam
melhores condições de trabalho. Até mesmo, se houver oportunidade, abrir o nosso
próprio negócio. @prof_ticyano_lavor
Entretanto, o trabalhador cidadão também tem deveres. O que não podemos é agir
de forma descuidada em nossa vida profissional, pois somos responsáveis pelas
consequências de nossos descuidos, tanto sobre nós mesmos como sobre os outros. Por
isso, como trabalhadores, devemos estar sempre nos questionando e nos avaliando sob
determinados aspectos, de modo que nos comportemos sempre de acordo com os nossos
deveres, orientados pelos princípios da ética profissional e conforme os valores da
cidadania organizacional.
Assim, quando nos autoavaliamos, é preciso nos perguntar:

1. Como lidamos com os instrumentos e com os recursos físicos que usamos em nosso
trabalho, seja produzindo algo concreto ou prestando serviços?

➢ Somos cuidadosos, parcimoniosos, sensatos e prudentes ao usá-los?


➢ Compreendemos a importância de evitar desperdício, estrago e destruição desses
materiais?
➢ Temos consciência de que os recursos naturais podem se esgotar e de que economizar
nos custos permite a diminuição dos preços e o aumento dos salários?
➢ Sabemos que a qualidade do nosso trabalho depende também do bom estado e do
funcionamento dos instrumentos que utilizamos e da qualidade da matéria--prima com
que operamos?
➢ Passamos, por isso, a ficar atentos aos materiais de que esses instrumentos são feitos e
a seu funcionamento, para empregá-los de forma adequada?

2. Qual a atenção que damos à qualidade do que oferecemos aos consumidores,


clientes ou usuários?

➢ Sabemos que devemos tratá-los da mesma forma que gostaríamos de ser tratados?
➢ Sabemos que devemos ficar atentos às condições de higiene e de segurança necessárias
tanto para a preparação de um produto quanto para a prestação de um serviço?
➢ Seguimos as normas de qualidade na produção?
➢ Considerando o tipo de produto que oferecemos, nós caprichamos na sua durabilidade,
conforto, clareza, estética, aroma, som e sabor?
➢ Reparamos as falhas que encontramos ou informamos àqueles que devem fazê-lo, para
que o produto ou serviço corresponda ao seu protótipo?
➢ Sugerimos ou indicamos maneiras para melhorar a qualidade do que produzimos?
➢ Observamos se o trabalho realizado por outros, e do qual dependemos para fazer o
nosso com qualidade, está sendo desenvolvido com o mesmo cuidado?

3. Como nos comportamos, considerando a importância de nosso trabalho e sua


repercussão tanto no ambiente em que ele se desenvolve quanto na vida em
sociedade?

➢ Estamos conscientes de que tudo de que dispomos é resultado de trabalho coletivo e,


portanto, dos esforços de muitas outras pessoas que aplicaram suas energias,
competências, vontade e tempo para oferecer algo à comunidade?
➢ Temos consciência de que somos um elo nessa cadeia de energias e intenções que
permite a sociabilidade e garante a sobrevivência e continuidade de nossa espécie?
➢ Ao nos darmos conta disso, atuamos de forma responsável?
➢ Sabemos que, quando falhamos, podemos causar danos físicos ou morais, prejuízos
materiais, desconforto, descontentamento, comprometimento de patrimônio e da
imagem de pessoas, categorias profissionais, marcas e organizações?
➢ Respeitamos o ambiente, conservando a natureza e evitando a poluição?
➢ Exigimos o mesmo comportamento de todos?
➢ Reconhecemos a importância de aprender mais e nos atualizar para melhorar nossa
prática profissional e a dos que nos cercam?

4. Qual a nossa disposição para trabalhar em equipe de forma cooperativa,


oferecendo e recebendo ajuda, dividindo responsabilidades, respeitando direitos e
compartilhando poder e sucesso?

➢ Reconhecemos o valor da contribuição de cada um em nosso grupo?


➢ Expressamos esse reconhecimento elogiando esforços e talentos dos demais,
orientando-os e indicando caminhos que os façam melhorar?
➢ Solicitamos sua opinião e colaboração quando precisamos de ajuda?
➢ Divulgamos informações e conhecimentos que possam ajudá-los?
➢ Estimulamos seu desenvolvimento, sua autonomia e seu protagonismo?
➢ Ficamos atentos às condições de segurança e salubridade do ambiente que partilhamos
com os outros e também às maneiras de preservar nossa saúde e a dos demais?
➢ Ao tomarmos esses cuidados, exigimos que os outros também o façam, para que toda
a comunidade seja respeitada?
➢ A nossa interação com a realidade, através do trabalho, tem sido a favor da boa
qualidade de vida?

O TRABALHO, O TRABALHADOR E AS ORGANIZAÇÕES NO MUNDO


CONTEMPORÂNEO

Como sabemos, vivemos hoje em um mundo extremamente globalizado. Você


lembra o que é globalização? @prof_ticyano_lavor
Falar sobre globalização é algo que necessita entendimento, tempo e um pouco de
paciência. Porém, não é algo de difícil compreensão, pois a mesma é evidente em nossas
vidas, em nossa própria rotina diária. Apesar do fato não ser percebido por diversas
pessoas, possuímos práticas que nos adéquam a esse conceito diariamente.
De forma bem resumida, globalização seria o processo contínuo de aproximação
e interdependência entre as nações do globo, promovido pelo avanço das
telecomunicações e dos meios de transportes. Esse processo gerou e continuará gerando
transformações profundas, sobretudo:

➢ Nas relações entre os países:

A evolução desse fenômeno chamado globalização vai fazendo com que os


Estados mantenham uma aproximação cada vez maior e o contato cada vez mais intenso
gerando a necessidade de criar mecanismos que possam facilitar as relações comerciais,
o fluxo de mercadorias, capitais, tecnologias e pessoas entre eles. Dentro dessa
perspectiva, surge a ideia de Blocos Econômicos, tais como a União Europeia e o
MERCOSUL.

➢ Nas relações de trabalho e de consumo:

O mundo em que vivemos hoje está interligado por novos vínculos de trocas e
consumo: produtos são fabricados em todos os cantos do planeta e enviados a todos os
destinos possíveis. Esse intenso comércio, com o consumo que lhe é inerente, padroniza
os comportamentos, inibindo a variedade cultural entre as diferentes sociedades humanas.
@prof_ticyano_lavor
Há uma interdependência econômica mundial presente na vida contemporânea –
um circuito de produção e de consumo que busca a redução de custos e o aumento da
produtividade na fabricação de mercadorias. Dois ingredientes foram fundamentais para
a consolidação desse fenômeno: a queda de barreiras alfandegárias entre os países (típica
dos acordos de blocos econômicos) e a revolução tecnológica, em particular no campo da
informação – o que possibilita o mundo conectado em tempo real. A combinação desses
fatores provocou drásticas mudanças no processo produtivo, liderado por organizações
transnacionais, e alterou a forma como são feitos os investimentos mundiais.
@prof_ticyano_lavor
Um dos resultados do processo de globalização e da liberalização da economia
mundial foi a diminuição do poder de intervenção e controle dos Estados nacionais e a
difusão da crença do neoliberalismo (Estado mínimo) segundo a qual o mercado é capaz
de se autorregular.
Impulsionadas pela fé absoluta no mercado, as grandes corporações se
expandiram pelo mundo, em muitos casos buscando países com legislação mais tolerante
em relação a questões trabalhistas e ambientais. Um dos resultados dessa expansão foi a
globalização do consumo. Os mesmos produtos e serviços são comprados nos diferentes
países do planeta. Há uma produção massiva de objetos de curta duração destinados a
serem rapidamente substituídos por outros mais sofisticados.
O consumo excessivo propiciado pelo atual modelo econômico, instigado muitas
vezes por necessidades fictícias criadas pelo bombardeio incessante da propaganda é por
muitos, considerado pernicioso, por causa da exploração exaustiva dos recursos naturais
sem nenhuma visão de sustentabilidade. Paradoxalmente, vemos também a exclusão de
grande parcela da sociedade, que ainda hoje tem sérias dificuldades de acesso até mesmo
a bens essenciais, como água tratada e energia.

Livre circulação de quê?

Muito se associa o grau de globalização de hoje com a livre circulação de pessoas,


mercadorias, capital e serviços. No entanto, vale fazer uma reflexão: Neste mundo
globalizado, mercadorias, capitais e serviços têm circulação livre. Mas pessoas? Será que
têm mesmo? Imigrantes em busca de emprego, por exemplo, gozam mesmo dessa “livre
circulação” ou são barrados por verdadeiras muralhas?

O futuro do trabalho

O trabalho remunerado, atividade essencial ao engajamento econômico e social


do ser humano na sociedade, está em crise. O capitalismo global contemporâneo trocou
lealdade por produtividade imediata. @prof_ticyano_lavor
Ninguém mais tem emprego de longo prazo garantido na sua atual empresa. As
próprias capacidades individuais, adquiridas por estudo ou experiência, sucateiam a cada
oito a dez anos. O emprego será cada vez mais voltado para tarefas ou projetos de duração
definida.
É uma mudança radical em relação ao fim dos anos 1960, quando os indivíduos
eram enraizados em sólidas realidades institucionais nas suas corporações, que, por sua
vez, navegavam em mercados relativamente firmes. Na época dourada do capitalismo do
pós-guerra, quando matérias-primas entravam por uma ponta e automóveis saíam prontos
por outra, vigorava certa “ética social” que domava a luta de classes e garantia – mais na
Europa, mas também nos Estados Unidos – benefícios como educação, saúde e pensões
por aposentadoria, considerados então direitos universais.
A partir dos anos 1980, com a globalização dos mercados, as corporações e seus
investidores ficaram mais preocupados com os lucros a curto prazo e os empregos
começaram a cruzar rapidamente as fronteiras. E, com os avanços da tecnologia de
informação, tornou-se mais barato investir em máquinas do que pagar a pessoas para
trabalharem. @prof_ticyano_lavor
A partir dos anos 1980, com a expansão das multinacionais ou transnacionais e
com o acirramento da competição no mercado, as empresas iniciam processos de
reestruturação: investem pesadamente em tecnologia, não apenas para melhorar a
qualidade de produtos e serviços, mas para diminuir custos com mão de obra, aumentar a
produção e os lucros e, assim, garantir uma posição de destaque no mercado. Nesse
processo, muitas corporações deixaram em segundo plano a preocupação com o
ambiente, com os trabalhadores e até mesmo com a segurança dos consumidores.
Aumento do desemprego, da desigualdade e rebaixamento de salários ocorreram em
praticamente todos os lugares. @prof_ticyano_lavor
Nos anos 1990, os efeitos negativos da globalização evidenciam-se e parcelas cada
vez mais amplas da sociedade passam a questionar seus efeitos. Por pressão da sociedade,
começa a tomar vulto um movimento internacional que alerta para a necessidade de se
criar mecanismos de controle social sobre as ações dos grandes conglomerados
multinacionais e organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio
(OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM). As mais
diferentes formas de manifestações sociais se desenvolvem e buscam alternativas para
defender direitos trabalhistas, sociais e ambientais, tendo em vista que os países passam
a ter cada vez menos condições para impor limites às empresas.
Nesse cenário, o tema da responsabilidade social começa a surgir e muitas
empresas percebem que sua imagem e, consequentemente, suas vendas podem ser
seriamente abaladas diante de consumidores mais esclarecidos e exigentes. É no contexto
do aumento da exigência dos consumidores e do crescimento da competição entre as
empresas que nascem a bandeira da responsabilidade social e o objetivo de adequar suas
ações às necessidades socioambientais, às novas exigências da opinião pública ou de seu
mercado consumidor.
Nesse mesmo período, nos Estados Unidos, diante da necessidade de melhorar a
qualidade dos produtos e de aumentar a produtividade das empresas, um grupo de
especialistas analisou uma série de organizações bem-sucedidas, consideradas como
“ilhas de excelência”, em busca de características comuns que as diferenciassem das
demais. Essas características foram por eles identificadas e eram compostas de valores
organizacionais que podiam ser facilmente percebidos como parte da cultura das
organizações, sendo praticadas pelas pessoas que as compunham, desde os líderes que
ocupavam postos de mais responsabilidade até os empregados de escalões inferiores.
Os valores identificados nas organizações de sucesso foram considerados como
fundamentos para a formação de uma nova cultura de gestão empresarial, trazendo uma
série de consequências para o mundo do trabalho, para a ciência da administração de
empresas e para as escolas de administração.
Como princípio desse modelo, as empresas apresentam à sociedade sua missão,
sua visão e seus valores. Em resumo, podemos considerar:

• Missão: razão de ser de uma organização, as necessidades sociais a que ela atende e seu
foco fundamental de atividades.

• Visão: estado que a organização deseja atingir no futuro. A visão tem a intenção de
propiciar o direcionamento dos rumos de uma organização.
• Valor: grau de benefício obtido como resultado da utilização e das experiências vividas
com um produto. É a percepção do cliente e das demais partes interessadas sobre o grau
de atendimento de suas necessidades, considerando-se as características e atributos do
produto, seu preço, a facilidade de aquisição, de manutenção e de uso, ao longo de todo
seu ciclo de vida.

Para a construção da imagem de uma organização, torna-se essencial incorporar o


discurso da excelência do desempenho, da orientação para o futuro e a antecipação às
novas tendências do mercado, aos novos cenários, às novas necessidades dos clientes, aos
desenvolvimentos tecnológicos, aos requisitos legais, às mudanças estratégicas dos
concorrentes e aos anseios da sociedade. Nessa lógica, a organização com visão de futuro
seria aquela que planeja, pensa e aprende estrategicamente, buscando obter, dessa forma,
um sucesso sustentado e duradouro em suas atividades.

O PERFIL PROFISSIONAL E AS COMPETÊNCIAS

A partir dos anos 1990, com as mudanças no quadro econômico mundial, com o
advento do neoliberalismo e da globalização, o mundo do trabalho sofreu profundas
alterações. As mudanças nos circuitos de produção e na circulação de mercadorias, bem
como a readequação dos setores de prestação de serviços, imprimiram ao trabalho um
conceito de alta produtividade com menores custos. @prof_ticyano_lavor
A privatização de diferentes setores da economia, a terceirização de amplos
setores da produção e o crescimento do trabalho de caráter temporário são marcas deste
contexto altamente competitivo da economia global.
O conceito de emprego, tal como conhecemos ao longo de quase todo século XX,
já não é mais o mesmo. Entendia-se emprego como uma relação estável e mais ou menos
duradoura, que existe entre quem organiza o trabalho e quem o realiza. Emprego,
portanto, significava estabilidade e direitos. Hoje já não é mais assim, pelo menos não da
forma como nossos pais e avós conheceram no século XX.
A palavra trabalho desvincula-se de emprego; cada vez mais vemos a substituição
gradual do emprego fixo, de longa duração e em tempo integral, por outras
formas de prestação de serviços como o trabalho autônomo, o realizado por meio de
cooperativa ou da terceirização dos serviços, o trabalho temporário ou em tempo parcial,
aqueles feitos por projetos etc. As oportunidades de trabalho crescem, as de emprego se
restringem. @prof_ticyano_lavor
Para o trabalhador, essas mudanças têm um significado importante, pois dele se
exige uma formação contínua e uma grande capacidade de adaptação às diferentes
situações e novas competências.

As múltiplas competências e seus significados:

Competências pessoais e sociais

Pessoais e sociais são competências referentes a saber ser e a saber viver com
outros, as quais todos nós, independentemente de idade, gênero, nacionalidade, religião,
profissão, trabalho exercido etc., devemos desenvolver desde muito cedo e aprimorar
durante toda a nossa vida. As competências pessoais e sociais são as seguintes:

• Praticar a observação, a análise, a reflexão, o debate e a argumentação consistente diante


de situações-problema que demandam avaliações e opções, sem nos deixarmos conduzir
por preconceitos ou conceitos ultrapassados na escolha dos caminhos a serem percorridos.
• Analisar e avaliar si mesmo, pessoas, fatos e atos, interpretando-os do ponto de vista da
ética e da cidadania, ou seja: sob a luz de critérios de diferenciação entre o que é ou
expressa o bem e o mal e o que impede ou não que todos sejam tratados com os mesmos
direitos à igualdade, à liberdade, à autonomia e à felicidade, entre outros preceitos
universais.

• Interpretar e analisar costumes, regras, leis, sistemas, processos, organizações e


instituições sociais do ponto de vista dos diversos grupos envolvidos e situados no seu
tempo, espaço e cultura. Ou seja, compreender que, diferentemente dos outros animais,
os seres humanos são criativos tanto nas formas como se adaptaram à vida em espaços e
épocas diferentes quanto na forma de explicar sua existência e suas diferenças e também
de expressar ideias e sentimentos.

• Reconhecer e enfrentar situações-problema ocorridas no meio social, participando de


modo a intervir solidária e democraticamente na realidade, considerando que todos têm
direito a uma vida de boa qualidade, mas que nem todos têm as mesmas oportunidades
de consegui-las, o que faz de cada um de nós responsável pela garantia da justiça e da
equidade.

Competências profissionais

Além das competências pessoais e sociais, há outras especialmente importantes


no mundo do trabalho que se aplicam de forma geral a qualquer campo, profissão ou
função. A seguir, relacionamos algumas delas:

• Conscientizar-se da importância do valor e da responsabilidade no trabalho em relação


à qualidade do produto ou serviço a ser oferecido, às condições de higiene e segurança
tanto durante o processo de produção quanto no ambiente onde se atua, ao ambiente local
e global, ao patrimônio público e ao patrimônio da instituição ou organização onde se
trabalha.

• Reconhecer as regras básicas de convivência e respeitar as legislações que disciplinam


as ações da organização em que se trabalha.

• Trabalhar em equipe e cooperativamente, respeitando e valorizando a autonomia, a


contribuição e a diversidade de cada um.

• Guiar-se pela racionalidade e pela sustentabilidade no uso dos recursos materiais, pela
solidariedade no trato com as pessoas e pela prudência, sensatez e cuidado em ambos os
casos.

Competências corporativas ou organizacionais

As profissões específicas também requerem alguns cuidados especiais do ponto


de vista ético e que precisam ser tomados pelo profissional – seja ele o proprietário ou o
empregado. São cuidados, atitudes e comportamentos específicos e que devem ser
adequados ao tipo, à estrutura, à área de atuação e ao segmento de mercado ao qual se
dirige, da organização em que trabalha e aos tipos de relação que ele estabelece, enquanto
nela atua, com as pessoas, os materiais, o ambiente, as comunidades. Algumas dessas
competências corporativas mais importantes são as seguintes: @prof_ticyano_lavor
• Identificar e respeitar, na organização onde se atua, os direitos e deveres inerentes às
condições e às relações entre produtor e consumidor; empregador e empregado; parceiros
e colaboradores; representantes da organização e clientes; consumidores e fornecedores;
concorrentes e competidores; membros da comunidade interna e da comunidade externa;
a organização e o entorno onde está situada.

• Atualizar-se continuamente, incorporando conhecimentos, técnicas e atitudes


relacionadas ao seu desenvolvimento profissional e relacional.

• Estimular, no grupo que lidera ou com o qual colabora, a autonomia, a criatividade, a


proatividade e o protagonismo.

• Perceber o momento propício e a situação adequada e justa para oferecer ou pedir ajuda,
aprender ou ensinar, cooperar ou competir, sempre de acordo com os princípios da
responsabilidade e da solidariedade.

• Zelar para que sejam efetivamente praticadas as normas de qualidade na produção, no


atendimento ao público e ao cliente, na gestão de recursos humanos, na preservação do
meio ambiente e no respeito à sociedade em geral.

• Respeitar o sigilo quando for necessário e considerado justo.

• Preservar a boa imagem da profissão que exerce e da instituição onde trabalha.

Muitas profissões têm seu próprio código de ética formalmente estabelecido,


enquanto para outras ele é informal e introjetado, ou seja, interiorizado, enraizado. No
primeiro caso, há situações tão especiais em certas áreas ou funções que a análise e a
reflexão sobre como agir do ponto de vista da ética foram realizadas de maneira formal e
sistematizada por representantes das comunidades profissionais, os quais publicaram e
divulgaram normas e regras que devem ser rigorosamente observadas. Aqueles que não
as obedecerem são desclassificados ou expulsos da sua comunidade. Exemplos disso são
os códigos de ética do médico, do enfermeiro, do jornalista, do professor e do advogado.
No processo de seleção das empresas, as competências pessoais e sociais
reveladas são muito importantes para a contratação dos novos funcionários. Elas se
revelam nos currículos dos candidatos, durante as entrevistas realizadas com eles e no
modo como cada um se comporta nas dinâmicas de grupo. Esse tipo de avaliação não é
feito apenas durante o processo de seleção de recursos humanos, mas também com os
profissionais já contratados durante as ocasiões de apreciação da atuação e desempenho
de cada um, influenciando na sua promoção e em seu plano de carreira.

O FUTURO DA ÉTICA E DA CIDADANIA NUMA SOCIEDADE CHEIA DE


CONTRADIÇÕES.

Apenas quando realizamos um estudo da real conjuntura entre trabalho e


trabalhador poderemos nos capacitar a responder questões como:

➢ Como as organizações brasileiras atuais tratam a qualificação e a capacidade


profissional dos seus colaboradores?

➢ Existe hoje o trabalhador ideal para as organizações ideais ou é mera utopia?


➢ Podemos vislumbrar uma nova realidade para o trabalho e para o trabalhador
numa sociedade tão contraditória?
➢ Há um novo horizonte para um trabalho mais digno e em melhores condições?

E ainda, saindo das relações de trabalho para as relações sociais, outro exercício
que podemos fazer dentro desse tema é abordar outras questões importantes, como o
futuro das crianças e dos adolescentes submetidos a condições de extrema pobreza e
violência e como a sociedade tem lidado com os imigrantes que buscam melhores
condições de vida em outros países. Vale a reflexão: “eles estão sendo respeitados?”
A despeito de muitos considerarem que a solução para essas questões seja uma
utopia, podemos enxergar a utopia como sendo “uma realidade que ainda não aconteceu,
mas é possível de ser conquistada pela força da liberdade e da ação humana”. A utopia
pode ser vista uma necessidade humana, espécie de imaginação impulsionadora das
mudanças, potencialmente concretizadora, capaz de vislumbrar o que precisa ser mudado,
e mesmo que pareça algo muito distante do real, aproxima-o através de ideais objetivos.

DICAS IMPORTANTES PARA RESOLVER QUALQUER QUESTÃO SOBRE


QUALQUER CÓDIGO DE ÉTICA
• Cada profissão costuma ter o seu código de ética.
• Embora elaborados para profissões diferentes, há uma série de preceitos e
princípios que são aplicados, senão em todas, pelo menos na maioria delas.
• As diferenças entre os códigos de ética profissional existem por conta de
especificidades nas atividades que exercem, no tipo de relação com as pessoas e
objetos com os quais lidam, na interação com a natureza e com a cultura e no grau
de intervenção em sistemas e processos.
• O Código de Ética NÃO trata de normas técnicas nem científicas.
• O Código de Ética NÃO traz normas administrativas.

• O Código vai abordar a CONDUTA FUNCIONAL


• O código de ética tem como objetivo fixar a forma pela qual determinada classe
deve conduzir o seu exercício profissional, estabelecendo deveres e valores. Em
suma são “normas que servem como padrão de conduta “.
• O código de ética serve para “nortear” a sociedade sobre o que ela deve esperar e
exigir de determinada profissão.
• Um código de ética trás o comportamento que se espera daquele indivíduo,
naquele meio, naquele local de trabalho.
• Um código de ética já trabalha com normas e condutas, padrões de
comportamento já pré-estabelecidos, faz a sua análise ética e classifica esses
comportamentos como PRÓPRIOS ou IMPRÓPRIOS. O código de ética tem
como finalidade produzir no agente uma consciência de adesão à essas normas
preexistentes.
• Aqueles que elaboraram um código de ética, já estabeleceram quais os
PRINCÍPIOS que deverão reger a conduta daquele que ocupa o cargo público.
Tenta-se aqui estabelecer um PADRÃO.

• Um código de ética NÃO leva em consideração o interesse do indivíduo, mas sim


os interesses coletivos. O código é superior ao indivíduo. Como já foi dito aqui,
quando eu vivo individualmente, a minha moral me basta, mas quando eu passo a
viver coletivamente, é necessário definir um PADRÃO de comportamento.

• Um código de ética busca estabelecer o equilíbrio, a harmonia e a satisfação das


partes envolvidas naquele ambiente. Pensando no compromisso assumido
naquele ambiente.
• Como a MORAL é algo tão específico, individual, subjetivo, a gente não pode
querer que cada indivíduo vá para dentro do serviço público levando a sua moral.
• No Serviço público deve haver um PADRÃO. Logo, o que faz um código de
ética? Ele cria um PADRÃO MORAL, e atua como um NORMATIVO, ou seja,
se torna uma NORMA para todos que estão inseridos naquele “universo”.
• Um Código de Ética seria um documento que traz a moral numa forma
“positivada”.
• Assim por exemplo, o Poder Executivo Municipal cria um Código de Ética para
o Servidor (no caso a Lei 11.360/23) onde serão estipuladas algumas regras de
CONDUTA (COMPORTAMENTO) para todos os servidores minicipais.
Concordando ou não, você servidor terá que cumprir os “preceitos éticos”, ou seja,
as regras do seu Código de Ética.

• Uma das funções de um código de ética é preservar a imagem daquela instituição,


e a do próprio agente público perante a sociedade.
• O servidor tem que observar o Código de Ética também na sua vida particular.

• O CÓDIGO DE ÉTICA tem sim sua FORÇA JURÍDICA e sua FORÇA


COERCITIVA. Há sim SANÇÕES caso você o desobedeça.
• O Código de Ética é REGRA, é IMPOSIÇÃO.

• Os códigos de ética que já existem definem os limites da profissão, as normas


para o seu bom exercício, os princípios que devem prevalecer nas relações
interpessoais, o modo como direcionar as atividades para a promoção social
humana etc.

LEI Nº 11.360, DE 03 DE MAIO DE 2023

Institui o Código de Ética, Conduta e Integridade da Administração Pública


Municipal de Fortaleza. @prof_ticyano_lavor
Primeiramente, vamos analisar a estrutura do Código de Ética, Conduta e
Integridade da Administração Pública Municipal de Fortaleza:

❖ O Código é composto de 29 Artigos.

➢ Art. 1º vai trazer:

✓ Fica instituído o Código de ética...

✓ Quem deve se submeter às normas

✓ Qual o “caráter” dessas normas

➢ Em seguida temos:
Alguns conceitos de Direito Administrativo que serão úteis na leitura do Código de
Ética:
➢ CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS (toda e qualquer pessoa que
atua em nome do poder público, NÃO importa o vínculo):
• Agentes Políticos

- São aqueles os quais a competência do cargo está expressa na Constituição


Federal. São os que ocupam os cargos da estrutura fundamental do poder. São os
que ocupam os cargos que estão no topo de cada um dos três poderes.
@prof_ticyano_lavor

- Exemplos: Presidente da República / Governadores / Prefeitos / Deputados /


Senadores / Vereadores
- Há um entendimento de que Membros do Ministério Público e Juízes
também são Agentes Políticos
• Servidores Públicos (Presta serviço ao Estado)

- Servidores estatutários (carreira de caráter permanente/possui um vínculo com o


estado/regidos por uma lei - estatuto)
- Servidores Temporários (também é regime estatutário, apesar de independer de
concurso público)

- Empregados Públicos (contratados por empresas públicas e sociedade de


economia mista / são regidos pela CLT, e não por um estatuto)
• Militares
• Particulares em colaboração com o Poder Público

- Não há um vínculo, um regime jurídico próprio / não ocupam um cargo dentro da


estrutura da administração pública.
Exemplo: o dono de um cartório, que recebeu uma delegação do poder público
para prestar um serviço público. É um particular em colaboração com o poder
público. Outro exemplo: mesários
➢ ADMINISTRAÇÃO DIRETA X ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

De maneira ampla, a Administração Pública pode ser entendida como o conjunto de


órgãos, agentes e serviços prestados pelo Estado e é dividida em
administração direta e indireta.

Administração direta

A Administração Pública direta é o conjunto de órgãos ligados diretamente ao Poder


Executivo, em nível federal, estadual e municipal. Esses órgãos são subordinados ao
chefe do poder a que pertencem, isto é, existe uma hierarquia entre eles. Os órgãos da
administração direta são pessoas jurídicas de direito público e têm autonomia. Nesse
caso, os serviços públicos são prestados por seus próprios meios, ou seja, sem a criação
de nova personalidade jurídica.
Exemplos de órgãos da administração direta

• Nível federal: Presidência da República e seus ministérios, Congresso Nacional


e Supremo Tribunal Federal.

• Nível estadual: Governo estadual e suas secretarias, Assembleia legislativa,


Ministério Público Estadual e Tribunal de Justiça.

• Nível municipal: Prefeitura e suas secretarias, Câmara dos Vereadores e o


procurador do município.

Administração indireta

A administração indireta é o conjunto de órgãos que prestam serviços públicos e


estão vinculados a uma entidade da administração direta, mas possuem personalidade
jurídica própria, isto é, têm CNPJ próprio. A criação de organizações vinculadas ao
Estado, mas autônomas e descentralizadas dos entes federativos é resultado da
complexificação das funções estatais e da necessidade de fornecer flexibilidade na
prestação dos serviços públicos. Essa descentralização tem como objetivo aumentar a
eficiência e a eficácia das atividades administrativas e serviços de interesse coletivo.
No caso dos órgãos da administração indireta, embora não haja hierarquia ou controle
hierárquico, as entidades estão sujeitas ao controle e fiscalização do Estado.

As entidades da administração indireta são:

• Autarquias: instituídas por lei, têm autonomia administrativa e financeira, mas


estão sujeitas ao controle do Estado. São entidades de direito público e sua
atividade fim é de interesse público. Exemplos: Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Banco
Central do Brasil (BACEN).

• Fundações públicas: são criadas por lei e podem ser entidade de direito público
ou privado. Sua atividade fim deve ser de interesse público e essas organizações
não podem ter fins lucrativos. Exemplos: Fundação Nacional do Índio
(FUNAI).

• Empresas públicas: são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por


autorização legal e administradas pelo poder público. O capital das empresas
públicas é exclusivamente público. Essas empresas prestam serviço de interesse
coletivo e exercem atividades econômicas. Exemplos: Correios e Caixa
Econômica Federal.

• Sociedades de economia mista: pessoas jurídicas de direito privado, criadas


sob a forma de sociedade anônima e compostas por capital público e privado. A
maior parte das ações dessas empresas são do Estado. Assim como as empresas
públicas, prestam serviços públicos e exercem atividades
econômicas. Exemplos: Banco do Brasil e Petrobras.
LEI Nº 11.360, DE 03 DE MAIO DE 2023 (que institui o Código de Ética, Conduta e
Integridade da Administração Pública Municipal de Fortaleza) na íntegra, com
comentários do professor colocados entre [ ], ou dentro de moldura (borda), em
itálico e negrito.

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 2º - Para os fins deste Código, considera-se:

I - Alta Administração Municipal: os seguintes cargos e funções:

a) Prefeito, Vice-Prefeito, Secretário Municipal, Controlador-Geral do Município,


Procurador-Geral do Município, Secretário-Executivo, Secretário-Adjunto, Chefe de
Gabinete e seus equivalentes hierárquicos, nos órgãos da Administração Direta;

b) Superintendente, Presidente, Diretor-Geral, Diretor-Executivo e os equivalentes


hierárquicos nos órgãos e nas entidades da Administração Indireta.

II - Agentes Públicos: os ocupantes de cargos efetivos, em comissão ou de natureza


especial, bem como estagiários e quaisquer daqueles que prestam serviços de natureza
temporária.

Art. 3º - São objetivos do Código de Ética, Conduta e Integridade: [aqui, eu posso ver a
banca organizadora o querendo confundir, trocando na questão a palavra
OBJETIVOS por outra palavra, como PRINCÍPIOS, por exemplo, ou algo do tipo –
Comentário do professor].

I - estabelecer, no campo ético, normas específicas de conduta funcional;


II - orientar e difundir os princípios éticos, prevenindo condutas disfuncionais e
ampliando a confiança da sociedade na integridade das atividades desenvolvidas pela
Administração Pública Municipal;

III - reforçar um ambiente de trabalho ético que estimule o respeito mútuo entre os agentes
públicos e a qualidade dos serviços públicos;

IV - aperfeiçoar o relacionamento com os cidadãos e o respeito ao patrimônio público;

V - assegurar a clareza das normas de conduta, de modo que a sociedade possa exercer
sobre elas o controle social inerente ao regime democrático;

VI - amparar a Corregedoria-Geral do Município, as corregedorias setoriais e as


comissões de sindicância setoriais na apuração das condutas em desacordo com as normas
de ética, conduta e integridade funcionais.

Art. 4º - A conduta ética dos agentes públicos submetidos a este normativo reger-se-á,
especialmente, pelos seguintes princípios: [faço o mesmo comentário que fiz acima.
Aqui, eu posso ver a banca organizadora o querendo confundir, trocando na questão
a palavra PRINCÍPIOS por outra palavra, como OBJETIVOS, DIREITOS, por
exemplo, ou algo do tipo – Comentário do professor].

I - BOA-FÉ: agir em conformidade com o Direito, com lealdade, ciente da conduta


correta;
II - HONESTIDADE: agir com franqueza, realizando suas atividades sem uso de
mentiras ou fraudes;

III - FIDELIDADE AO INTERESSE PÚBLICO: realizar ações com o intuito de


promover o bem público, em respeito ao cidadão e ao patrimônio público;

IV - IMPESSOALIDADE: atuar com senso de justiça, sem perseguição ou proteção a


pessoas, grupos ou setores;

V - MORALIDADE: evidenciar perante o público retidão, compostura, justiça, ação e


dever em respeito aos costumes sociais;

VI - DIGNIDADE E DECORO no exercício de suas funções: manifestar decência em


suas ações, preservando a honra e os direitos de todos;

VII - LEALDADE ÀS INSTITUIÇÕES: defender os interesses da instituição à qual se


vincula;

VIII - CORTESIA: manifestar bons tratos a outros agentes públicos e aos cidadãos;

IX - TRANSPARÊNCIA: dar a conhecer o desempenho de seus atos de forma acessível


ao cidadão;

X - EFICIÊNCIA: exercer atividades da melhor maneira possível, atingindo os


resultados pretendidos e zelando pelo patrimônio público;

XI - PRESTEZA E TEMPESTIVIDADE: realizar atividades com agilidade;


XII - COMPROMISSO: comprometer-se com a missão e com os resultados
institucionais.

Minha esposa é boa e tem fé em Deus (BOA FÉ). Além de honesta (HONESTIDADE)
e fiel (FIDELIDADE). Ela é “impessionante” (eu queria dizer aqui
“impressionante”, mas a palavra a ser decorada é “IMPESSOALIDADE”). Além
de tudo, não gosta de uma iMORALIDADE pois tem DIGNIDADE, apesar de usar
roupas transparentes (TRANSPARÊNCIA) e um belo decote (DECORO). Mas o
importante é que ela é leal (LEALDADE). Ela é cortes (CORTESIA) e eficiente
(EFICIÊNCIA), “presta” para muita coisa e faz tudo que eu peço no tempo certo
(PRESTEZA e TEMPESTIVIDADE). Ela é assim pois assumiu um
COMPROMISSO comigo quando nos casamos.
Art. 5º - Considera-se conduta ética o conjunto habitual de atos fundamentados na
reflexão ordenada sobre a ação humana e seus valores universais e perenes, não se
confundindo com a obediência às normas disciplinares impostas pelo ordenamento
jurídico.

CAPÍTULO II
DA CONDUTA ÉTICA DA ALTA ADMINISTRAÇÃO

Seção I
Das Normas Éticas Fundamentais

Art. 6º - As normas fundamentais de conduta ética da Alta Administração Municipal


visam, especialmente, às seguintes finalidades:

I - possibilitar à sociedade aferir a lisura do processo decisório governamental;

II - contribuir para o aperfeiçoamento dos padrões éticos da Administração Pública


Municipal, a partir do exemplo dado pelas autoridades de nível hierárquico superior;

III - estabelecer regras básicas sobre conflitos de interesses públicos e privados e


limitações às atividades profissionais posteriores ao exercício de cargo público;

IV - reduzir a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o dever funcional das


autoridades públicas da Administração Pública Municipal;

V - criar mecanismos de consulta destinados a possibilitar o prévio e pronto


esclarecimento de dúvidas quanto à conduta ética do administrador;

VI - preservar a imagem e a reputação do administrador público cuja conduta esteja de


acordo com as normas éticas estabelecidas neste Código.

Art. 7º - Os padrões éticos expressos neste normativo são exigidos no exercício e na


relação entre suas atividades públicas e privadas, de modo a prevenir eventuais conflitos
de interesses.

Art. 8º - No exercício de suas funções, as autoridades públicas deverão pautar-se pelos


padrões da ética, submetendo-se especialmente aos deveres de legalidade, moralidade,
publicidade, eficiência, honestidade, boa-fé, transparência, impessoalidade, decoro e
submissão ao interesse público.
Seção II
Do Conflito de Interesses

Art. 9º - Ocorre conflito de interesses quando o interesse particular [interesse particular


do Agente Público – comentário do professor], seja financeiro ou pessoal, entra em
conflito com os deveres e as atribuições do agente público em seu cargo, emprego ou
função.
[O que seria esse “conflito de interesse” e “conduta aética”? Aqui é para evitar que no
exercício do cargo você exerça atividades privadas que venham a prejudicar a sua
imagem em público. Nesse caso a Comissão de Ética ela também atua no sentido de lhe
orientar, tirar dúvidas sobre uma possível situação que ´possa configurar conflito de
interesses. A Comissão de ética também tem o caráter instrutivo, de instruir. Você pode
chegar até a Comissão de ética e tirar uma dúvida sobre algo que está acontecendo, e
perguntar se configura ou não o conflito de interesses. As três situações as quais
configuram conflito de interesses são as que seguem abaixo. – Comentário do
professor]

§ 1º Configura conflito de interesses e conduta aética o investimento em bens cujo valor


ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a
autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou da função.

§ 2º Configura conflito de interesses e conduta aética aceitar custeio de despesas por


particulares de forma a permitir ocorrência de situação que venha a influenciar nas
decisões administrativas. [receber um valor de um particular para influenciar uma
determinada decisão que você vai tomar em nome do poder público - Comentário do
professor. Lembrando que isso também é crime e vai gerar também responsabilidade
penal].

§ 3º Considera-se conflito de interesses qualquer oportunidade de ganhos que possam ser


obtidos por meio ou em consequência das atividades desempenhadas pelo agente público
em seu cargo, emprego ou função, exceto aqueles aos quais o agente público tem direito
a título de remuneração, em benefício:

I - do próprio agente público;

II - de parente até o terceiro grau civil; [o famoso Nepotismo – Comentário do professor]

III - de terceiros com os quais o agente público mantenha relação de sociedade; e/ou

IV - de organização da qual o agente público seja sócio, diretor, administrador preposto


ou responsável técnico. [resumindo: o agente público não pode receber valores além
daqueles que ele tem direito, que seria o próprio salário - Comentário do professor].

Art. 10. No relacionamento com outros órgãos e entidades da Administração Pública, a


autoridade pública deverá esclarecer a existência de eventual conflito de interesses, bem
como comunicar [aos órgãos de controle - Comentário do professor]. qualquer
circunstância ou fato impeditivo de sua participação em decisão coletiva ou em órgão e
entidade colegiados. [a autoridade pode inclusive procurar a Comissão de Ética, da qual
falaremos no Capítulo IV dessa lei, para tirar qualquer dúvida sobre a situação-
Comentário do professor]
Art. 11. As autoridades regidas por este Código de Ética, ao assumir cargo, emprego ou
função pública, deverão firmar termo de compromisso de que, ao deixar o cargo, nos 6
(seis) meses seguintes [podemos chamar de quarentena ou de lapso temporal -
Comentário do professor], não poderão: [aqui é para caso de alguém que ocupa um alto
cargo – Alta Administração - e vai deixar a administração pública e está pensando em
se empregar em outra empresa, privada ou pública, seja o que for. Essa quarentena é
para evitar que esse “alto gestor” leve informações privilegiadas - Comentário do
professor]. @prof_ticyano_lavor

FIQUE ESPERTO: Caso deixe a Administração Pública, você não pode ocupar “lá
fora” qualquer atribuição privada caso a nova atividade que você for praticar “lá fora”
tenha alguma relação com a atividade pública que você praticava, isso por um período
de 6 meses (quarentena). Isso para evitar, por exemplo, que você leve informação
privilegiada. – Comentário do professor

I - atuar em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica, inclusive sindicato ou


associação de classe, em processo ou negócio do qual tenham participado, em razão do
cargo, nos 6 (seis) meses anteriores ao término do exercício de função pública;

II - prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclusive sindicato ou associação de


classe, valendo-se de informações não divulgadas publicamente a respeito de programas
ou políticas do órgão ou da entidade da Administração Pública Municipal a que estiveram
vinculados ou com que tenham tido relacionamento direto e relevante.

Art. 12. Os agentes públicos, incluídos os da Alta Administração, poderão prevenir a


ocorrência de conflito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou mais das
seguintes providências:

I - ao empreender atividade remunerada em paralelo [o agente público pode ter atividade


remunerada em paralelo ao serviço público? Sim, pode! Não havendo conflito de
interesse, não há nenhum impedimento. Você pode, por exemplo, ser um servidor
municipal, da AMC por exemplo, e exercer uma atividade privada remunerada na
condição de profissional liberal, por exemplo. Ministrar aulas em cursinho
preparatório, por exemplo, desde que seja fora do horário de trabalho, claro, e como
eu disse, não seja conflitante com o interesse público. O que você não pode, e isso
nenhum servidor no Brasil pode, é ser sócio/gestor de uma empresa, salvo cotista,
acionista ou comanditário, pois nesse caso há uma terceira pessoa comandando a
empresa e você vai se dedicar à sua atividade pública - Comentário do professor],
comunicar o fato ao seu superior hierárquico e à Controladoria e Ouvidoria Geral do
Município (CGM), por escrito; [somente para que tais órgãos tomem ciência,
acompanhem e verifiquem se de fato não há conflito - Comentário do professor]

II - as dúvidas dos agentes públicos com relação a qualquer tema tratado na presente lei
deverão ser encaminhadas à Controladoria e Ouvidoria Geral do Município (CGM); [aqui
é uma forma de prevenir o conflito de interesses. Muitas vezes você acha que tal
atividade não gera algum impedimento, mas pode ser que gere sim. Então, encaminhe
para os órgãos competentes que irão te orientar - Comentário do professor]

III - encerrar a atividade externa ou licenciar-se do cargo público ou da função pública,


enquanto perdurar a situação passível de suscitar conflito de interesses; [enquanto
perdurar a situação de conflito de interesse, é melhor tirar uma licença da atividade
dentro da administração pública, ou encerrar a atividade “lá fora”, para evitar um
processo de responsabilidade ética, já que estamos falando aqui do Código de Ética, e
para evitar também prejuízo à imagem pública - Comentário do professor]

IV – alienar [transferência do direito de propriedade de determinado bem - Comentário


do professor] bens e direitos que integram o seu patrimônio e cuja manutenção possa
suscitar conflito de interesses;

V - na hipótese de conflito de interesses específicos e transitórios, comunicar sua


ocorrência ao superior hierárquico ou aos demais membros de órgão colegiado de que
faça parte, em se tratando de decisão coletiva, abstendo-se de votar ou participar da
discussão do assunto.
[A banca pode cobrar esses cinco incisos como “as cinco providências para a prevenção
de conflito de interesses” - Comentário do professor]

Parágrafo único. Relacionamentos de ordem profissional que possam ser interpretados


como favorecimento, mesmo que apenas aparentem conflito de interesses, devem ser
evitados, sendo facultativa, nesses casos, a consulta à respectiva comissão de ética. [é
bom evitar esse tipo de relacionamento que aparentem conflito de interesse para evitar
“que pareça feio”, evitar que haja comentários. Logo, está com dúvida diante de uma
situação concreta? Consulte, por exemplo, a Comissão de Ética - Comentário do
professor]

CAPÍTULO III
DA CONDUTA ÉTICA DOS AGENTES PÚBLICOS

Seção I
Dos Deveres e das Obrigações do Agente Público

Art. 13. São deveres fundamentais do agente público:

I - agir com lealdade e boa-fé;

II - ser justo e honesto no desempenho de suas funções e em suas relações com os demais
agentes públicos, os superiores hierárquicos e os usuários do serviço;

III - atender prontamente às questões que lhe forem encaminhadas;

IV - ser ágil na prestação de contas de suas atividades;

V - aperfeiçoar o processo de comunicação e contato com o público;

VI - praticar a cortesia e a urbanidade [cumprimento das regras de boa educação e de


respeito no relacionamento entre cidadãos – Comentário do professor] nas relações do
serviço público e respeitar a capacidade e as limitações individuais dos usuários do
serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo,
nacionalidade, cor, idade, religião, preferência política, posição social e quaisquer outras
formas de discriminação;

VII - respeitar a hierarquia administrativa e representar contra atos ilegais ou imorais;


VIII - resistir às pressões de superiores hierárquicos, contratantes, interessados e outros
que visem a obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas, em decorrência de
ações ilegais ou imorais, denunciando sua prática;

IX - observar, no exercício do direito de greve, o atendimento às necessidades inadiáveis


em defesa da vida, da segurança pública e dos demais serviços públicos essenciais, nos
termos do § 1º do artigo 9º da Constituição federal de 1988;

X - ser assíduo e frequente ao serviço;

XI - comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato contrário ao


interesse público, exigindo as providências cabíveis;

XII - manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho;

XIII - participar dos movimentos e dos estudos que se relacionem com a melhoria do
exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum;

XIV - apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da função;

XV - manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a legislação


pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

XVI - facilitar as atividades de fiscalização pelos órgãos de controle interno e externo;

XVII - exercer a função, o poder ou a autoridade de acordo com as exigências da


Administração Pública, vedado o exercício contrário ao interesse público;

XVIII - observar os princípios e os valores da ética pública;

XIX - divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe a existência deste Código
de Ética, estimulando o seu integral cumprimento;

XX - zelar pela economia do material e pela conservação do patrimônio público;

XXI - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

Parágrafo único. Nas situações previstas nos incisos VIII, XI e XXI, a representação,
denúncia ou comunicação poderá ser feita diretamente à Controladoria e Ouvidoria Geral
do Município (CGM), instruída com provas, sendo assegurado o total sigilo dos dados do
denunciante.

Art. 14. O agente público deverá ficar atento às ordens legais de seus superiores,
atendendo-as, evitando, assim, conduta negligente e ato de prevaricação ou desídia.

§ 1º Considera-se negligente aquele que deixa de tomar uma atitude ou de apresentar uma
conduta que era esperada para a situação, que age com descuido, indiferença ou
desatenção, não adotando as devidas precauções.

§ 2º Considera-se prevaricação, crime previsto no Código Penal Brasileiro, o ato


praticado por funcionário público contra a Administração que consiste em retardar ou
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

§ 3º Considera-se desídia a ociosidade, a indolência, a preguiça e o desleixo, constituindo-


se como falta de diligência do agente público em relação à execução dos serviços que lhe
estão afetos, conduta esta proibida, conforme disposto no artigo 168, inciso XIV, da Lei
Municipal n.º 6.794, de 27 de dezembro de 1990 – Estatuto dos Servidores Públicos do
Município de Fortaleza.

Seção II
Dos Direitos e das Garantias do Agente Público

Art. 15. Como resultantes da conduta ética que deve imperar no ambiente de trabalho e
em suas relações interpessoais, são direitos do agente público:

I - liberdade de manifestação de pensamento, observado o respeito à imagem da


instituição e dos demais agentes públicos, respeitado o artigo 5º, inciso IV, da
Constituição federal de 1988;

II - manifestação sobre fatos que possam prejudicar seu desempenho ou sua reputação;

III - representação contra atos ilegais ou imorais;

IV - sigilo da informação de ordem não funcional;

V - atuação em defesa de interesse ou direito legítimo;

VI - ter ciência do teor da acusação e vista dos autos, quando estiver sendo apurada
eventual conduta aética;

VII - saneamento das dúvidas com relação a qualquer tema tratado na presente Lei por
meio da Controladoria e Ouvidoria Geral do Município (CGM).

Seção III
Das Vedações ao Agente Público

Art. 16. É vedado ao agente público:

I - utilizar-se de cargo, emprego ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e


influências, para obter qualquer favorecimento para si ou para outrem;

II - prejudicar deliberadamente a reputação de outros agentes públicos, de superiores


hierárquicos ou de cidadãos que deles dependam;

III - ser conivente com erro ou infração a este Código de Ética ou ao código de ética de
sua profissão, quando regulamentada;

IV - usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de direito por


qualquer pessoa;

V - deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu


conhecimento para atendimento do seu mister;
VI - permitir que perseguições ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
público ou com agentes públicos hierarquicamente superiores ou inferiores;

VII - pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda financeira,
gratificação, presente, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie para
si, seus familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão ou para
influenciar outro agente público para o mesmo fim, exceto aquelas a que o agente público
tem direito a título de remuneração;

VIII - aceitar presentes, benefícios ou vantagens de terceiros, salvo brindes que não
tenham valor comercial ou que sejam distribuídos a título de cortesia, propaganda,
divulgação habitual ou por ocasião de eventos especiais ou datas comemorativas;

IX - alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para providências;

X - iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em serviços


públicos;

XI - desviar agente público para atendimento a interesse particular;

XII - retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer documento,
livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

XIII - fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço,
em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

XIV - apresentar-se embriagado no serviço ou, habitualmente, fora dele;

XV - dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a honestidade
ou a dignidade da pessoa humana;

XVI - exercer atividade profissional antiética ou ligar o seu nome a empreendimentos que
atentem contra a moral pública;

XVII - permitir ou concorrer para que interesses particulares prevaleçam sobre o interesse
público;

XVIII - manter sob a sua chefia imediata cônjuge, companheiro ou pessoa com grau de
parentesco consanguíneo em linha reta ou em linha colateral, até o terceiro grau; e, por
afinidade, até o segundo grau;

XIX - praticar assédio moral, utilizando-se de palavras, gestos ou atitudes que submetam
outros servidores repetidamente a situações de constrangimento e humilhação, atingindo-
lhes a dignidade, a autoestima, a segurança, o profissionalismo ou a integridade física e
mental, independentemente da existência de relação hierárquica;

XX - praticar assédio sexual de qualquer natureza, ainda que por meio de gestos ou
insinuações, visando intimidar, chantagear, coagir ou constranger outros servidores
públicos com o objetivo de obter vantagens ou favorecimento sexual.

CAPÍTULO IV
DAS COMISSÕES E SANÇÕES ÉTICAS
Seção I
Das Comissões de Ética

Art. 17. Caberá ao titular do órgão, no âmbito da Administração Direta, e ao dirigente


máximo da entidade da Administração Indireta designar, por meio de portaria, membros
para compor a Comissão de Ética encarregada de apurar os atos e os fatos lesivos à
conduta ética do órgão ou da entidade municipal de sua competência.

Parágrafo único. Cabe à Comissão de Ética instaurar, de ofício, processo e sindicância


sobre fato ou ato lesivo de princípio ou regra de ética pública e, ainda, conhecer de
consultas, denúncias ou representações contra agente público, desde que oriundas da
iniciativa de autoridade, servidor, qualquer cidadão ou entidade associativa regularmente
constituída e identificada.

[A Comissão de Ética é aquela que vai apurar o possível comportamento do agente


público que possa configurar conduta aética com a “quebra” do Código de Ética,
instaurar uma sindicância (investigação) e definir ou não a responsabilização. No
entanto, ela NÃO aplica as sanções. Além disso, a Comissão de Ética também atua
como órgão consultivo, que pode ser procurado pelo agente público para orientá-lo,
esclarecê-lo sobre possíveis condutas inapropriadas. A Comissão de Ética atua no
sentido de lhe orientar, tirar dúvidas sobre uma possível situação que ´possa configurar
conflito de interesses. A Comissão de ética também tem o caráter instrutivo, de instruir.
Você pode chegar até a Comissão de ética e tirar uma dúvida sobre algo que está
acontecendo, e perguntar se configura ou não o conflito de interesses. A Comissão
também serve para manter um cadastro, registro de dados dos agentes públicos -
Comentário do professor] @prof_ticyano_lavor

Art. 18. A Comissão de Ética deverá ser integrada por 3 (três) servidores públicos, sendo,
pelo menos, 2 (dois) ocupantes de cargos efetivos, lotados no órgão ou na entidade
indicados pelo dirigente máximo, com mandato de 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado
por mais 2 (dois) anos, ao final do qual deverá ser designada nova composição.

Parágrafo único. A indicação dos membros da Comissão de Ética deverá ser pautada em
critérios de qualificação e reputação do agente público.

Art. 19. Incumbe à Comissão de Ética fornecer aos organismos encarregados da execução
do quadro de carreira dos servidores os requisitos sobre sua conduta ética, para o efeito
de instruir e fundamentar promoções e para os demais procedimentos próprios da carreira
do servidor público. [Mas cuidado, pois a Comissão de Ética não vai fornecer isso a
qualquer um não! Ela vai fornecer aos organismos encarregados da execução do
quadro de carreira dos servidores. Um agente que responde, que sofreu uma sanção
ética ele vai ter sim impedimento para ser promovido – Comentário do professor]
@prof_ticyano_lavor

Parágrafo único. A atividade exercida pelo membro da Comissão de Ética tem


preferência sobre outras que o servidor designado porventura acumule e é considerada
serviço público relevante, não sendo passível de remuneração.

Art. 20. Os procedimentos a serem adotados pela Comissão de Ética, para a apuração de
fato ou ato que, em princípio, se apresente contrário à ética pública, em conformidade
com este Código, terão o rito sumário, ouvidos apenas o denunciante e o
agente público, no prazo de 10 (dez) dias, ou apenas este, se a apuração decorrer de
conhecimento de ofício, sendo facultada ao investigado a produção de prova documental.

Art. 21. Dada a eventual gravidade da conduta do agente público ou sua reincidência,
poderá a Comissão de Ética encaminhar a sua decisão e o respectivo expediente:

I - à Comissão Permanente de Processo Disciplinar do respectivo órgão/entidade, se


houver, ou promover a abertura de processo de sindicância; e

II - cumulativamente, se for o caso, à entidade a que, por exercício profissional, esteja o


agente público ligado.

Parágrafo único. O retardamento dos procedimentos prescritos nesta norma implicará o


comprometimento ético da própria Comissão, cabendo à Controladoria e Ouvidoria Geral
do Município o seu conhecimento e providências.

Art. 22. As decisões da Comissão de Ética, na análise de qualquer fato ou ato submetido
à sua apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa com a omissão dos
nomes dos interessados, divulgadas no próprio órgão/entidade, bem como
remetidas às demais comissões de ética, criadas com o fato de formação da consciência
ética na prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. Uma cópia completa de todo o expediente deverá ser remetida à
Controladoria e Ouvidoria Geral do Município (CGM).

Art. 23. O superior hierárquico do órgão ou da entidade municipal deverá adotar as


medidas cabíveis ao pleno conhecimento deste Código de Ética, Conduta e Integridade
aos agentes públicos a ele subordinados.

Parágrafo único. No ato de posse, investidura em função pública ou celebração de


contrato de trabalho, a área de Gestão de Pessoas deve dar pleno conhecimento deste
Código de Ética e apresentar as regras nele estabelecidas e todos os valores morais que
se apliquem à Administração Pública.

Seção II
Das Sanções Éticas

Art. 24. A violação das normas estipuladas neste Código acarretará as seguintes sanções
éticas, sem prejuízo das demais sanções administrativas, civis e criminais aplicadas pelo
poder competente em procedimento próprio:

I - advertência ética, aplicável às autoridades e aos agentes públicos no exercício do cargo,


que deverá ser considerada quando da progressão ou da promoção desses, caso o infrator
ocupe cargo em quadro de carreira no serviço público municipal;

II - censura ética, aplicável às autoridades e aos agentes públicos que já tiverem deixado
o cargo.

Parágrafo único. As sanções previstas no caput serão aplicadas pelo Chefe do Executivo,
encerrado o processo de apuração pela Comissão de Ética. [Veja então que a Comissão
de Ética apura, analisa a conduta e emite um parecer recomendando o que fazer acerca
da conduta do agente público, mas ela não aplica as sanções - Comentário do
professor].

Art. 25. A pena aplicável [aqui, o cabível na realidade seria a palavra “definida”, pois
quem aplica não é a Comissão de Ética – Comentário do Professor] ao agente público
pela Comissão de Ética deverá ser devidamente fundamentada e constará no respectivo
parecer, assinado por todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. [Todos os
membros da Comissão de Ética deverão estar presentes no momento que se definir a
sanção ética. Se por um acaso, no momento que se definir a sanção ética, um dos
membros não esteve presente, ele terá que posteriormente “dar ciência” – Comentário
do Professor].

Parágrafo único. Fica facultado ao faltoso elaborar pedido de reconsideração à sanção


ética estabelecida pela Comissão. [o membro faltoso da Comissão pode sim pedir que a
decisão da Comissão seja revista. Mas a princípio a decisão já foi tomada e deverá ser
cumprida, no entanto repito: o membro da Comissão que faltou no momento de a
decisão ser tomada pode sim tentar fazer com que se reconsidere a decisão –
Comentário do Professor]. @prof_ticyano_lavor

Art. 26. As infrações às normas dispostas neste Código, quando cometidas por
colaboradores de vínculo terceirizado que prestam serviço para a Administração Pública
Municipal, deverão ser comunicadas pela área de Gestão de Pessoas competente à
empresa prestadora de serviços para que possam ser tomadas as medidas cabíveis.

CUIDADO!
Pela teoria da “Responsabilidade sêxtupla”, bastante adotada hoje pela doutrina
e muito cobrada em provas de Direito Administrativo, pela prática de um mesmo
ato ilícito, o agente público pode sofrer várias sanções, recaindo sobre ele mais de
uma responsabilidade. De acordo com essa teoria, existem seis espécies de
RESPONSABILIDADES independentes que recaem sobre o AGENTE
PÚBLICO o tornando passivo de sanções em cada uma dessas responsabilidades,
em casos de ilícitos cometidos: (responsabilidades independentes). E detalhe,
regra geral, a absolvição em uma dessas responsabilidades, não significa
absolvição em outra.
*Responsabilidade Administrativa (quando fere o seu Regime Jurídico,
VIOLAÇÃO DE UM DEVER FUNCIONAL. Essa responsabilidade trata apenas
“dentro das quatro paredes” da entidade ou órgão onde você atua)
*Responsabilidade Civil (reparação de dano)
*Responsabilidade Penal (apuração de crime)
* Improbidade Administrativa
* Responsabilidade política. É aquela perante ao Tribunal de Contas (para aquele
agente que recebe recurso público e tem que prestar contas desse recurso)
* Responsabilidade Ética ou comportamental (Aqui, diferentemente da
Responsabilidade Administrativa, ela é muito mais ampla. Ela aborda a violação
de um DEVER COMPORTAMENTAL, que extrapola a sua “vida pública”. A
responsabilidades Ética “entra” na sua “vida privada”, pois um ato praticado na
vida privada pode vir a influenciar na imagem da administração pública)
O CÓDIGO DE ÉTICA DETERMINA ESSA SEXTA
REPONSABILIDADE.

Fique esperto! Você quando se tornar servidor do município de Fortaleza,


terá que obedecer, tanto ao Código de Ética (Lei 11.360), quanto ao Estatuto
dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza (Lei Municipal nº 6.794,
de 27 de dezembro de 1990). Isso é claro!
No entanto, CUIDADO!

Enquanto o Estatuto trás regras "técnicas", "funcionais" e regula o regime


jurídico dos servidores municipais de Fortaleza, trazendo por exemplo regras
de provimento (que pode se dar por diversas formas como nomeação,
promoção, transferência, etc.), ou trás por exemplo os requisitos básicos para
a investidura em cargo da Administração Pública Municipal, o Código de
Ética NÃO! @prof_ticyano_lavor

O Código de Ética trás "regras de comportamento", de conduta.

Tanto é que, caso você descumpra o Estatuto, você estará sujeito à uma
Sanção dentro da Responsabilidade ADMINISTRATIVA.

Já se você descumprir o Código de Ética, você estará sujeito à uma Sanção


dentro da Responsabilidade ÉTICA.

SÃO RESPONSABILIDADES DIFERENTES E INDEPENDENTES!

CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 27. Os códigos de ética profissional existentes nos órgãos e nas entidades municipais
específicos mantêm a sua vigência nas disposições que não conflitem com o presente
normativo.

Art. 28. A Controladoria e Ouvidoria Geral do Município de Fortaleza (CGM) deverá


divulgar as normas contidas neste Código de modo a fornecer seu amplo conhecimento a
todos os agentes públicos dos órgãos e das entidades municipais.

Art. 29. O presente Código de Ética entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário, em especial a Lei Municipal n.º 7.800, de 11 de
outubro de 1995.

PAÇO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA, EM 03 DE MAIO DE


2023.

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