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Escola Secundária Afonso Lopes Vieira – 2020/2021

Professor: Paulo Alcides Batista Ramalho


A moral é o conjunto das normas / regras que, sendo partilhadas por membros de uma dada sociedade ou grupo,
estabelecem o que é certo e errado e indicam como é que os seus membros devem e não devem agir. No âmbito de
uma sociedade é possível falarmos de uma moral dominante e não dominante.

 A moral dominante designa o conjunto das regras e normas que são partilhadas pela maioria e/ou totalidade dos
membros de uma dada sociedade o qual diz aos seus membros como devem e não devem agir, assim como, o que
é certo e errado.

 A moral não dominante designa o conjunto das regras e normas que são partilhadas por determinados grupos
dentro de uma sociedade o qual estabelece como é que os seus membros devem e não devem agir, assim, como,
o que é certo e errado. Por vezes, a moral dominante e não dominante são divergentes, i.e., estabelecem regras
diferentes acerca do que é certo e errado o que pode ter como resultado a mudança da moral dominante ou a
marginalização dos grupos da sociedade cujos estilos de vida divergem do que é estabelecido pela moral
dominante.

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As normas morais são regras que dizem aos membros de uma sociedade ou grupo como é que os seus membros devem e não devem agir, assim, como, o que é certo e
errado. Ao dizer aos membros de uma dada sociedade ou grupo como é que os seus membros devem e não devem agir as normas morais são normativas e prescritivas.
Por exemplo, nas sociedades cristãs podemos falar de uma moral cristã em que os dez mandamentos (e.g. “Não matarás”, “não mentirás”, etc.) constituem o conjunto de
normas morais que estabelecem o que é certo e errado e indicam como é que os seus membros (os cristãos) devem agir.

Acerca da moral e normas morais convém ter em atenção os seguintes aspetos:

(i) Por vezes, as normas morais de uma sociedade estão formalmente contempladas na lei jurídica. Outras vezes, fazem-se exercer, de um modo informal entre
os membros de uma dada sociedade. Se quisermos podemos dizer que toda a lei jurídica de uma sociedade tem implícita uma moral mas nem toda a moral está
incluída nas leis jurídicas. Por exemplo, na sociedade portuguesa nos anos 60, existia a norma moral “As mulheres não devem usar calças” / “É errado as mulheres
vestirem calças.”. Salvo em alguns trabalhos em que o uniforme das mulheres estava pré-estabelecido na lei esta norma moral não estava contemplada na lei jurídica;

(ii) A violação das normas morais de uma sociedade implica sanções. No seio de uma sociedade a violação de uma regra de como devemos ou não agir implica
sanções. Não se tratam de sanções semelhantes àquelas que decorrem das leis jurídicas, mas sim sanções sociais informais. Por exemplo, na moral actual
partilhamos a norma moral “Quando nos cruzamos com alguém conhecido devemos cumprimentá-lo.” / “É errado alguém não cumprimentar um conhecido quando se
cruza com ele.” Quando violamos esta norma moral podemos ser acusados de má educação;

(iii) Sociedades diferentes podem ter morais diferentes. As normas morais podem variar de sociedade para sociedade. Por exemplo, há sociedades que consideram a
poligamia como algo moralmente aceitável e por isso há homens que casam com várias mulheres sem que tal comportamento seja considerado errado. Por sua vez,
há sociedades em que a poligamia é socialmente censurada por não estar de acordo com o conjunto de regras que os seus membros partilham de um modo informal;

(iv) No interior de uma dada sociedade a moral dominante pode mudar. A moral dominante pode ser definida como o conjunto de regras morais que são partilhadas
pela maioria e até mesmo pela totalidade dos membros de uma dada sociedade. Ao serem produto e produtor de cultura os membros de uma sociedade podem fazer
com que o conjunto de regras que constituem uma moral dominante mude. Por exemplo, na sociedade portuguesa o conjunto de comportamentos das mulheres
considerados moralmente aceitáveis tem mudado ao longo do tempo. Hoje por exemplo, já não há praticamente nenhuma mulher que siga a norma moral “As mulheres
não devem vestir calças.” / “É errado as mulheres vestirem calças.”

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Em termos da convivência do homem com outros homens no seio das mais variadas instituições a moral tem um papel
extremamente importante. Um exercício interessante seria pensar que tipo de sociedade teríamos se os seus membros
não partilhassem quaisquer regras acerca de como os seus membros devem agir ou o que é certo e errado nessa
sociedade. Certamente que seria uma sociedade muito diferente da nossa. Numa sociedade desse tipo não saberíamos
nunca o que esperar dos outros, nem saberíamos como avaliar muitas das suas ações. Este é um exercício que permite
darmo-nos conta da importância da moral. No entanto, temos de perguntar:

 Será que a importância da moral, não justifica, por si só, todas as normas morais que uma dada sociedade
possa estabelecer.

A resposta a este problema leva-nos à importância da ética. De facto, por vezes, a moral (dominante e/ou não
dominante) de uma sociedade estabelece regras que, sendo seguidas por mero costume, não têm qualquer fundamento
e nessa situação há que fazer o esforço de as alterar para melhor. É neste contexto que podemos dizer que:

 Toda a moral requer um fundamento (uma ética) que não seja o mero “Eu sigo esta regra porque na
sociedade em vivo é assim que devo agir” ou “Eu sigo esta regra porque é a tradição da sociedade em que
vivo”.

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A ética é uma área da filosofia na qual se analisam criticamente os princípios e fundamentos da moral. São problemas
filosóficos de ética: “como devemos realmente agir?” ou “que princípios racionais devem orientar as nossas ações?” e
“o que é realmente certo e errado?” ou “o que é uma verdadeira acção moral?”

Neste contexto podemos dizer que parte do trabalho filosófico em ética consiste:

a) em analisar criticamente as normas morais da sociedade em que vivemos procurando verificar se as


mesmas têm, ou não, algum fundamento racional para além do costume e do hábito;

b) na procura de um fundamento racional acerca do modo como devemos, realmente, agir; acerca do que é,
realmente, certo ou errado e; dos princípios que devem, realmente, orientar as nossas ações.

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A importância da ética reside no facto dela nos permitir analisar as normas morais de uma sociedade as quais são
muitas vezes assumidas e seguidas por mero costume enquanto dogmas e preconceitos sem qualquer tipo de
fundamento racional (boas razões). Por vezes, esta análise crítica das normas e fundamentos da moral leva a que as
rejeitemos. Outras vezes não. No entanto, o que é importante é que as submetamos a uma análise crítica rigorosa e
que procuremos um fundamento sólido da moral que nos permita responder de um modo rigoroso aos problemas
filosóficos:

 Como devemos realmente agir?;


 O que é uma verdadeira cação moral?;
 Que princípios devem orientar as nossas ações?

Por exemplo, a nossa sociedade estabelece como norma moral “não mentir”. Neste caso, em ética analisa-se
criticamente os problemas de saber porque é que mentir é errado, em que fundamento se baseia tal norma e ainda se
tal norma moral deveria ser considerada universal e aplicável a todas as situações.

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Face ao problema “Por que razão havemos de ser morais?” ou “O que é uma ação moral?” podemos ser tentados a
defender a tese de que uma verdadeira ação moral é aquela que está de acordo com a moral dominante de uma dada
sociedade. Será? Procura avaliar criticamente as seguintes ideias / argumentos:
Argumento A:

Temos de seguir as normas morais dominantes da sociedade em que vivemos, uma vez que, se não o fizermos a
nossa vida em sociedade deixaria de ser pacífica e confortável.

Argumento B:

Dado que as normas morais levam determinados agentes a serem alvo de louvor e outros de condenação, então
temos de agir moralmente para não ficarmos mal vistos em sociedade.

Argumento C:

Devemos seguir as normas morais da sociedade em que vivemos, na medida em que, somos seres racionais que
vivemos em sociedade. Assim, enquanto seres racionais e sociais devemos seguir normas morais que ajudem à
nossa coexistência em sociedade. No entanto, também porque somos seres racionais e sociais, não devemos seguir
todas as normas morais de um modo cego e dogmático. Muitas normas morais carecem de um fundamento racional
sólido e, nessa medida, devemos manter o nosso espírito crítico alerta no sentido de as melhorar.
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OBJETIVOS:

- Ler descontraidamente as páginas do manual que se seguem.

- Tomar nota dos conceitos e ideias que não entendeste e levá-las para as aulas.

MANUAL ADOTADO:
LEONOR, André, RIBEIRO, Filipe, Ser no Mundo 10, Filosofia – 10º ano, Areal Editores.

- Intenção ética e norma moral.


- Valores e cultura: a diversidade e o diálogo de culturas.

PÁGINAS 117-131

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1. Tendo em conta a distinção entre ética e moral problematiza criticamente cada uma das seguintes teses.
Fundamenta a tua problematização.

a) É errado matar.
b) É errado mentir.
c) Não nos devemos preocupar com a qualidade de vida das gerações futuras.
d) A ética é dispensável.
e) Não é possível conviver em sociedade sem uma moral.
.. f) É errado fumar em locais fechados.
g) A moral sem ética pode ser perigosa.

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