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Propósito
O conhecimento da ética profissional e do papel do biomédico na sociedade são os pilares que devem
nortear a atuação profissional diária, orientar as tomadas de decisão e ajudar o biomédico a navegar no
mercado de trabalho de forma produtiva para ele e para a sociedade.
Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Introdução
As mais diferentes sociedades humanas, que viveram em eras passadas ou que existem na
atualidade, possuem (ou possuíam) um código de conduta: aquilo que é aceitável ou reprovável,
respeitável ou abominável. Embora a maioria das sociedades reconheça alguns atos como certos —
por exemplo, ajudar alguém que precise — ou errados — como roubar ou matar —, alguns aspectos
cruciais podem diferir entre culturas, de acordo com a época e com os costumes da comunidade.
A Filosofia tenta explorar, discutir e entender como as sociedades regem seus costumes e hábitos a
partir do estudo da ética. Ligada com a moralidade das ações, a ética articula os costumes e hábitos
sociais e aquilo que é considerado certo ou errado — bem ou mal — nas sociedades. Seu estudo
busca, no processo ético, a melhoria da própria sociedade. Nesse ponto, todas as profissões devem
ter princípios éticos de atuação para que o desenvolvimento de sociedades melhores e mais justas
possa ser alcançado.
Neste conteúdo, vamos explorar como a ética profissional orienta as ações do biomédico no
mercado de trabalho e contribui com o desenvolvimento profissional e seu impacto na sociedade
como um todo.
1 - Direitos e deveres do profissional
biomédico
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a importância
da ética, da moral, dos direitos e deveres do profissional biomédico
pautados no código de ética da profissão.
Desde a antiguidade até os tempos atuais, pensadores têm ponderado na formação, condução e
mentalidade das sociedades. Apesar de as sociedades anteriores terem tido seus próprios sábios e líderes
intelectuais e exibirem regras de conduta claras, os gregos foram os pensadores mais conhecidos e,
dedicados à expansão do conhecimento humano sobre os mais diversos temas, dos sociais aos medicinais,
por assim dizer, fundaram o que atualmente estudamos como Filosofia.
O termo “Filosofia” tem origem no grego antigo e significa amor (philos) e sabedoria (sophia) e pode,
portanto, ser livremente traduzida como o amor pela sabedoria.
A princípio, tanto gregos como outros filósofos extraíam da religião e da mitologia os parâmetros de
conduta social, tendo como os maiores exemplos de regras sociais entrelaçadas com religiões:
Código de Hamurabi
Os dez mandamentos
Com o passar dos séculos, e em especial a partir e decorrente da filosofia grega antiga, vimos emergir um
padrão de pensamento que busca se basear no mundo natural e na racionalidade, e não no sobrenatural e
na espiritualidade, para explicar as razões e os comportamentos humanos individuais e coletivos.
Além disso, o nascimento da filosofia grega antiga alicerçou o surgimento de correntes de pensamento
sobre os costumes sociais que, em última instância, significaram o nascimento do estudo filosófico da
ética.
Um dos primeiros filósofos gregos a estudar a ética como objeto filosófico e a desdobrá-la para além da
descrição e análise dos costumes sociais foi Sócrates. Séculos antes do início da Era Comum — cerca de
2.500 anos atrás — Sócrates fundamentou a ética como o estudo do certo ou errado, ou “virtuoso ou
vicioso”.
Atualmente, quando pensamos em ética, é a visão socrática que nos vem à mente: questionamos sobre a
conduta humana e sobre as regras sociais baseadas em códigos morais (ou condutas morais).
Enquanto o termo ética deriva da palavra grega que pode significar “a natureza dos costumes”, a moral
deriva do termo latim que reflete “maneiras ou costumes”. Dessa forma, a ética se relaciona intimamente
com a moral, podendo inclusive haver intercâmbio dos termos em diversas situações e por vários autores.
Ao longo dos séculos — especialmente no estudo da ética moderna e contemporânea — tanto a moral
quanto a ética passaram a representar não apenas o conjunto de comportamentos sociais, mas também os
padrões de conduta social certa ou errada. Em outras palavras, os conceitos de ética e moral se sobrepõem
e, atualmente, incluem valores de juízo: uma ação, um comportamento ou até mesmo uma pessoa podem
ser considerados bons ou maus, de acordo com o julgamento valorativo efetuado com base nesse conjunto
de regras sociais, comunitárias e humanitárias.
Conseguimos ver que, apesar de as sociedades serem extremamente plurais quanto aos costumes e quanto
às práticas culturais, existe uma série de regras fundamentais que são comuns à maioria delas. Tais regras,
quando quebradas, são passíveis de punições sociais variáveis de perda de status a encarceramento.
Desse conjunto de regras sociais, portanto, derivam as leis impostas à sociedade, como forma de garantir a
aplicação dos aspectos morais mais fundamentais àquela comunidade. Com isso, vemos que a ética tem
um aspecto prático na sua aplicação no mundo real e concreto.
Para tornar mais claros os conceitos de ética e moral, vamos a um exemplo? expand_more
Todos esses costumes fazem parte da moral dessa parcela fundamentalista da sociedade, ou seja,
estão relacionados aos costumes, à cultura, à religião, ao modo de vida, ao acesso que parte da
sociedade tem à informação e ao uso que as pessoas de determinado recorte social fazem da
informação. É importante relatar que a moral, ou seja, os costumes de uma sociedade, muda em
relação ao tempo. Voltando ao exemplo das mulheres afegãs, em 2001, depois da queda do Talibã,
elas puderam escrever, sair sozinhas na rua, ser atletas e estudar, trabalhar, dirigir, chegar ao poder e
tudo isso sem nenhuma represália. Isto é, os costumes e as práticas morais da sociedade mudaram
nos últimos 20 anos. Por isso, boa parte dos afegãos vê seus direitos adquiridos ameaçados.
Comentário
Vale lembrar que, conforme a Convenção de Genebra, forçar mulheres à escravidão sexual sobre pretexto de
um casamento forçado com guerrilheiros é um crime de guerra e contra a humanidade. Assim, quando a
população mundial se preocupa com esse golpe e tenta ajudar a sociedade afegã, ela está indo contra a
moral daquele regime, mas agindo de forma eticamente correta.
A importância dos códigos de ética
profissionais
Como podemos perceber, a ética — especialmente sua faceta filosófica relacionada com a moral — permeia
nossas atividades cotidianas. A conduta ética vai além da simples obediência a leis e estatutos, por vezes
punitivos. Como mencionado antes, as leis solidificam aspectos morais cruciais da sociedade. No entanto,
existem inúmeras situações em que pode ser considerado legal agir de certa forma, mas não ser ético. Por
exemplo, legalmente você não é obrigado a ajudar alguém em óbvia dificuldade física ou financeira, mas é
virtuoso (ou moralmente correto) fazê-lo. Em outras situações, pode ser necessário ignorar a lei para atingir
um bem maior — por exemplo, não parar em um sinal amarelo para evitar a morte de alguém que você esteja
levando no carro.
Diversos dilemas éticos são propostos, usualmente seguindo esse princípio do pragmatismo (ou da
praticidade) em que a ética e a moral devem buscar o bem e a virtude maiores e em última instância, por
vezes às custas de outros valores sociais mais inflexíveis e, até mesmo, de cunho pessoal.
As profissões não escapam à regra da ética social. Cada carreira tem seu próprio conjunto de valores
morais, geralmente relacionados à atuação profissional e ao impacto da sua carreira na sociedade. Na
maioria dos casos, a profissão tem por objetivo servir à sociedade como um todo, ou a um grupo dentro da
sociedade.
Talvez o exemplo mais conhecido, e antigo, seja o juramento hipocrático efetuado na Medicina (ou no qual
os códigos de ética em Medicina se baseiam), notadamente o juramento de praticar a medicina
honestamente, nunca com intenção de causar dano ou mal a alguém (RESOLUÇÃO CFM nº 1931/2009).
Diversos outros conjuntos de regras morais foram definidos para cada profissão. Na Bioética, temos a
proposição de princípios éticos fundamentais aplicados à vida: a autonomia, a beneficência, a não
maleficência e a justiça.
Para ajudar a orientar os profissionais na atuação mais virtuosa possível, a ética das profissões surge, a
princípio, como uma indicação dos deveres dos profissionais daquela carreira. Claramente, valores sociais
universais como honestidade, justiça, respeito, entre outros, permeiam os fundamentos éticos de diferentes
profissões.
A ética profissional vai além dos valores morais que naturalmente são encontrados na sociedade e busca
aperfeiçoar a atuação profissional, direcionando quais condutas são adequadas, esperadas, certas e
louváveis em situações profissionais práticas, de forma generalizada ou especificamente.
O exemplo do juramento de Hipócrates que mencionamos acima tem sido aplicado no exercício da
Medicina há séculos, em diversas regiões de vários países. Ao longo desse tempo, ele foi debatido e
melhorado para abranger de forma mais plena os aspectos dessa ciência em contínua evolução.
Atualmente, temos o Código de Ética Médica. De forma semelhante, outras profissões também
desenvolveram seus códigos de ética baseados em conceitos sociais, morais e focados no exercício
profissional.
O CFBM foi fundado em 1979, juntamente com o Conselho Federal de Biologia (CFBio) e seus respectivos
conselhos regionais que, no caso da Biomedicina, só foram criados de fato no final da década de 1980.
Depois de anos de luta dos profissionais biomédicos, bem como das instituições de formação e
empregadoras de biomédicos, em trabalho intenso junto ao Poder Legislativo da época, o CFBM foi criado
após a aprovação, anos antes, do projeto que regulamentava as duas profissões.
Brasão do CFBM.
Ao longo dos anos, tivemos grandes avanços na formação acadêmica e no espectro de participação
profissional do biomédico. Vimos, portanto, o nascimento de uma profissão com alta demanda científica,
acadêmica e de ensino florescer em áreas especializadas da saúde no apoio à Medicina.
A fundação do CFBM veio para regulamentar a atuação profissional do biomédico. Um dos princípios
norteadores da atividade biomédica é seu caráter de serviço à saúde humana, animal e à coletividade. Cabe
ao Conselho a orientação, a disciplina e o zelo em favor da atividade biomédica, sob o escopo legal,
administrativo, técnico e ético.
Em 5 de novembro de 2020, o CFBM instituiu a Resolução nº 330, para consolidar a conduta biomédica em
um código de ética revisado e moderno. O Código de Ética do Profissional Biomédico é dividido em 12
capítulos, são eles:
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Código de ética da profissão biomédica
Neste vídeo, a especialista apresenta definições sobre o que é ética e o que é moral dentro do contexto da
profissão biomédica, o novo código de ética da profissão e como o profissional pode usar esse regulamento
durante sua prática.
Vamos, a partir de agora, estudar com maior riqueza de detalhes esses capítulos. Você vai perceber, ao
longo do texto, que muitas vezes os artigos não serão citados. Isso foi uma opção para tornar a leitura e o
entendimento do conteúdo mais dinâmico.
Dica
Lembre-se de que é essencial sempre consultar e estudar o Código de Ética de forma mais detalhada. Ele
será fundamental para seu exercício profissional.
(BRASIL, 2020)
Para exercer as atividades inerentes à Biomedicina, é obrigatória a graduação em curso reconhecido pelo
Ministério da Educação, inscrição no conselho regional e apresentação de todos os documentos que
provam a habilitação na área (como estágio, cursos de especialização). O biomédico só pode realizar as
atividades em área que tenha formação específica comprovada e cadastrada no conselho regional, caso
contrário é configurada a prática ilegal da profissão.
Atenção!
A prática irregular da profissão acarreta punições e, para o caso do exercício ilegal, o indivíduo é passível de
punição criminal de acordo com a legislação penal. Biomédicos respondem pelos atos que praticam ou
pelos que autorizam durante o exercício da profissão.
Na verdade, esses deveres são regras éticas que dispõem sobre a forma de conduta profissional e pessoal
do biomédico de forma prestigiosa, íntegra e proativa que foram solidificadas em regulamentos.
Resumidamente, podemos categorizar os deveres do biomédico em três grandes responsabilidades, como
vemos a seguir:
Comunicação ao CRBM (em que se está inscrito), ao CFBM ou às autoridades competentes (quando
for o caso), em virtude de: quaisquer impedimentos no exercício da profissão; em casos de
funcionários, autoridades ou empresas que descumpram o bom exercício e os deveres da profissão,
ou em vistas a fatos que contradigam o código de ética da profissão, incluindo danos ao meio
ambiente decorrente da atividade profissional — vale destacar que a comunicação ou denúncia deve
ser acompanhada de fundamentação; informar vínculos profissionais, afastamentos de cargos de
responsabilidade técnica, transferência de Conselho Regional, e documentação que comprovem
habilitações adquiridas; manter em dia seu pagamento ao Conselho Regional de Biomedicina no qual
inscrito, para ajudar na manutenção das funções de fiscalização e na ampliação da visibilidade da
profissão, além da defesa dos direitos já alcançados.
Guarda do sigilo profissional, quando aplicável, alinhando-se a normas determinadas por outros
conselhos profissionais, como o de Medicina.
No quesito zelo profissional, podemos destrinchar uma série de comportamentos e práticas que o
profissional deve observar, seja para fazê-los, seja para evitá-los.
Devemos executar com o máximo de diligência, competência e dedicação todas as atribuições que nos forem conferidas no exercício
profissional.
O zelo do biomédico também permeia sua atividade profissional no respeito à dignidade da vida e na
proteção do meio ambiente, bem como da saúde pública e individual dos usuários e seus serviços. Fazemos
isso desempenhando boas práticas profissionais, como a ética em pesquisa, seguindo regulamentações
ambientais, e defendendo o uso de técnicas científicas adequadas e comprovadas, sem ultrapassar os
limites dos métodos científicos e dos resultados obtidos por experimentação.
Em outras palavras, somos responsáveis e responsabilizáveis por nossa atuação profissional, pela nossa
divulgação de dados e informações, e pelas conclusões a que chegamos. Além disso, inclui (por mais óbvio
que seja) a proibição da participação do biomédico em experimentos com ética repreensível ou
questionável, antiéticos ou imorais, como, por exemplo, no desenvolvimento bélico (podemos discutir nesse
ponto o desenvolvimento de armas químicas e biológicas), eugenistas (que visem ao melhoramento
genético de parcelas sociais), ou qualquer outro tipo de conduta que fira os direitos inalienáveis à vida e à
dignidade humana.
É importante destacar que, quando ocorrem danos físicos, morais ou psicológicos a usuário de serviço
decorrentes da atuação do biomédico que possam ser caracterizados como imperícia, negligência ou
imprudência, punições variadas podem ser aplicadas, como veremos mais à frente.
Atenção!
Todas as práticas suspeitas, irregulares, ilícitas e ilegais que o profissional tiver fundamentação do ocorrido
podem e devem ser denunciadas aos órgãos competentes, seja na esfera do Conselho Federal de
Biomedicina, Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), polícia, entre outros.
Outros direitos são mais específicos do exercício da profissão, como o direito a receber remuneração
apropriada e condigna de sua função, seu cargo e suas responsabilidades, e a liberdade de indicar falhas e
erros nas instituições em que trabalhe.
melhores condições de trabalho. Podemos, quando o Código de Ética não estiver sendo corretamente
observado, redigir reclamações formais ao Judiciário, para que os regulamentos sejam cumpridos.
Também temos o direito (e o dever) de ter o sigilo profissional resguardado, incluindo a prevenção ao
acesso de nossas informações, arquivos, correspondências, comunicações e do nosso próprio local de
trabalho — a não ser que autorização judicial para tal tenha sido expedida.
Podemos, além de usar os símbolos profissionais, requerer desagravo público do Conselho Regional em
defesa do biomédico, o que significa que podemos pedir ao Conselho que apresente nota pública em nossa
defesa caso tenhamos sido publicamente (e injustamente) ofendidos em função do exercício da função.
Caso nossa integridade física, honra e nossa própria vida estejam iminentemente e gravemente ameaçadas,
temos o direito de, em defesa própria, revelar segredos que, de outra forma, são completamente protegidos
pelo sigilo profissional.
Finalmente, temos o direito de não sermos usados, coagidos ou submetidos a exploração profissional de
qualquer teor, juntamente com o de trabalhar com dignidade e receber remuneração condizente com a
profissão (respeitando o piso salarial estabelecido pelo Conselho Regional) e de exercer a profissão em
mais de uma região (ou jurisdição), desde que regularmente inscritos nas mesmas, todos garantidos pelo
nosso Código de Ética.
Curiosidade
O biomédico tem como direito atuar em duas jurisdições diferentes, ou seja, em um local que seja
respaldado pelo Conselho Regional de Biomedicina da primeira região e outro da segunda, por exemplo.
Mas atenção: você tem que estar inscrito nos dois conselhos!
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
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Os deveres do biomédico
play_arrow 3min8s
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MÓDULO 1
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Os deveres do biomédico
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está relacionada com o conceito de moral, avaliando ações como boas ou ruins de acordo
A
com o costume social e cultural.
C é derivada do sistema legal de forma que algo só pode ser ético se for amparado por leis
C é derivada do sistema legal, de forma que algo só pode ser ético se for amparado por leis.
é a principal motivação das ações ilícitas, pois seguir a ética leva necessariamente à
D
legalidade.
deve sempre ser considerada de forma absoluta, inflexível e inegociável, uma vez que o
E
certo é certo em qualquer situação.
a Biomedicina deve ser praticada com o bem maior próprio em vista, de forma que seja
A
enaltecida sobre outras profissões.
o biomédico deve prezar pela saúde pública, pelo meio ambiente e pela saúde individual
C
dos usuários de seus serviços.
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Ética do biomédico
Como aprendemos, o biomédico deve comportar-se de forma louvável frente à sociedade e promover o
respeito e prestígio da profissão. Nossa conduta pessoal e profissional deve estar em harmonia com o
prestígio e a honra que caracterizam a Biomedicina em seu trabalho de ensino e promoção da saúde,
incluindo a saúde pública e animal, e a proteção e preservação do meio ambiente.
É responsabilidade do biomédico prezar por relações dignas, respeitosas e civilizadas com colegas
biomédicos ou de outras profissões. A ciência, o ensino e a saúde são áreas vastas, ricas, com grande
transdisciplinaridade, possível apenas com a articulação de diversas profissões e conhecimentos. Tais
contatos devem sempre ser orientados pelo respeito e pela dignidade humana e solidariedade profissional.
Outra relação que devemos manter é aquela estabelecida com os Conselhos de Biomedicina (Federal e
Regionais), que nos ajudam regulando a profissão e lutando para que nossa atuação seja garantida e
protegida diante da lei. É nosso dever apoiar e cumprir nossas obrigações e compromissos junto ao
Conselho Federal e Regional de Biomedicina, conforme dita o Código de Ética.
Tendo todos esses caráteres da Biomedicina em mente, o profissional deve promover seus serviços à
sociedade e, consequentemente, à própria Biomedicina, em consonância e harmonia com os preceitos
ditados no Código de Ética do Profissional Biomédico.
Você já se deparou com uma propaganda enganosa? Já foi induzido a entender que determinado produto ou
serviço promovia certo benefício ou resultado, apenas para descobrir depois de pagar por ele que o
resultado não é garantido, ou que o produto entregue não é o publicado?
Diversos exemplos de má conduta profissional em diferentes carreiras ligadas à saúde podem causar danos
graves aos usuários ou pacientes, como ocasionalmente vemos nos noticiários. Muitas vezes, uma das
formas mais eficazes de combatermos a má prática profissional é evitar que maus profissionais atuem,
impedindo que publicidade reprovável seja veiculada.
Tendo em vista que, por vezes, a publicidade mal-intencionada pode flertar com a desinformação e a
indução de entendimentos errôneos sobre o produto ou serviço oferecidos, é dever do Conselho e do
Código de Ética delinear limites do uso da propaganda e publicidade. Os objetivos podem ser vários, e
podemos destacar que a proteção da sociedade, da saúde pública e dos usuários de serviços biomédicos
ou pacientes contra má prática profissional está no centro das preocupações.
Atenção!
O biomédico é responsável por qualquer divulgação da atividade profissional exercida ou promovida por ele
ou pela empresa de serviços biomédicos em que trabalhe. Isso é especialmente verdadeiro caso o
biomédico seja o administrador, o representante legal ou o responsável técnico da empresa. Portanto, o
biomédico deve informar seus dados profissionais na publicidade ou propaganda.
Devido à grandeza de nossa profissão e das responsabilidades a nós atribuídas, devemos prezar pela
aplicação dos princípios éticos em toda e qualquer matéria publicitária ou de divulgação. Para isso,
devemos nos embasar em evidências científicas e priorizar a educação da coletividade a respeito dos
serviços.
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É proibida a autopromoção e, obviamente, qualquer prática considerada enganosa, abusiva ou que contrarie
os direitos do consumidor.
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É autorizada a divulgação de títulos, cursos e habilitações que tenham sido incluídas no Conselho, assim
como o uso de mídias eletrônicas, contanto que cumpridas as exigências legais e éticas estabelecidas
acima.
Como exemplo, podemos citar a plataforma LinkedIn, uma rede de profissionais de mais de 756 milhões de
usuários distribuídos pelo mundo. Lá você consegue procurar empregos ou estágios, encontrar pessoas que
você conhece, compartilhar conhecimentos, aprender novas competências profissionais. Mas, ao cadastrar
seu currículo (títulos, cursos e habilitações) e divulgar resultados e dados, lembre-se de ter cuidado e seguir
o Código de Ética profissional.
Saiba mais
Segundo o artigo 9º do Código de Ética do Profissional Biomédico (2020), “na propaganda, publicidade ou
anúncio individual ou coletiva, deverão constar:
c) títulos do profissional;
Você certamente já viu a divulgação de procedimentos estéticos nas redes sociais, os famosos “antes” e
“depois” para divulgação dos procedimentos realizados pelos biomédicos estetas. Mas será que isso é legal
pelo Código de Ética?
Para utilização de sua imagem e, especialmente, da imagem dos usuários de seus serviços, os pacientes
e/ou clientes devem autorizar expressamente o uso de imagem mediante assinatura de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Caso publique resultados de procedimentos com a autorização mediante TCLE de seu usuário, o biomédico
deve obrigatoriamente declarar os dizeres legais: “Esta imagem não representa, em hipótese alguma,
garantia de resultado. Cada ser humano tem características anatômicas e fisiológicas únicas”, prescritos no
Código de Ética.
Assim, imagens de “antes” e “depois” são permitidas, mas ainda devem vir acompanhadas pelos dizeres de
“Divulgação autorizada pelo usuário”, autorização essa expressamente contida no TCLE.
Além disso, toda atividade passível de autorização do usuário (como a utilização de imagem do paciente
após procedimento estético, por exemplo) deverá ser obrigatoriamente encaminhada ao respectivo
conselho pela via digital, sob responsabilidade exclusiva do Responsável Técnico – RT.
A seguir, um exemplo de uma publicidade de serviços estéticos não permitida segundo o Código de Ética do
Profissional Biomédico.
Publicidade não permitida, conforme o Código de Ética do Profissional Biomédico.
Jamais devemos divulgar imagens que identifiquem equipamentos e outros materiais com intuito de
autopromoção, divulgar imagens e vídeos de procedimentos técnicos para sujeitos leigos, fazer afirmações
ou alegações sem embasamento científico ou por órgãos oficiais, divulgar valores de procedimentos,
pacotes promocionais ou formas de pagamento.
Veja a seguir simulações de publicações retirada de rede social de um biomédico esteta — Dr. Estética.
Publicações nas redes sociais sobre o volume e os locais de aplicação da toxina botulínica no rosto.
Você acha que estas publicações estão de acordo com o nosso código de ética? expand_more
Não! Conforme já vimos, o Código de Ética determina que os biomédicos não podem realizar
publicações e divulgar imagens que contenham marca de produtos para se autopromover, a exemplo
da publicação com frascos de toxina botulínica, nem dilvulgar imagens sobre procedimentos
técnicos para leigos, com aconteceu na publicação sobre o volume e o local de aplicação da mesma
toxina.
Também é contrário ao Código de Ética do Profissional Biomédico oferecer a terceiros vantagens e
benefícios financeiros por retribuições ou trocas de serviços, negar informações científicas de qualidade e
confiáveis sobre procedimentos.
Finalmente, divulgar título que não possua, publicar artigos e trabalhos científicos dos quais não tenha
participado ou excluir os demais participantes do trabalho e plagiar os trabalhos de outros também são
ações antiéticas e expressamente vetadas ao biomédico.
Atenção!
O plágio em trabalhos acadêmicos, além de antiético, também é crime segundo a Lei nº 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998. De acordo com o artigo 184 do Código Penal, a confirmação de plágio gera uma multa ou
até mesmo detenção de três meses a um ano, e o plagiador pode perder títulos e ter o diploma cassado, o
que prejudica a imagem do profissional no meio acadêmico e no mercado de trabalho!
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Exercício da Biomedicina na Saúde
Neste vídeo, a professora Camila Baez irá relacionar o exercício da Biomedicina na área da Saúde e quais
são os preceitos éticos para a utilização da publicidade na profissão.
Também participamos na saúde coletiva e comunitária — incluindo a saúde animal e ambiental — e no meio
acadêmico em que, por vezes, todas essas facetas convergem com o ensino, a extensão (ou seja, o serviço
focado na comunidade fora da instituição) e a pesquisa científica.
Recomendação
Caso queira conhecer mais sobre os campos de atuação do biomédico e como obter a habilitação para o
exercício legal, recomendamos que acesse a seção Explore+.
É imprescindível que nos comportemos com civilidade, urbanidade, dignidade, respeito e solidariedade com
nossos colegas, sejam eles biomédicos ou outros profissionais que laborem conosco. É fundamental tratá-
los com cortesia, educação e respeito merecidos por todos os profissionais, independentemente da posição
na hierarquia que nossos colegas ou nós mesmos possuamos.
Consideramos, assim, proibida a crítica pública por razões profissionais, ou a obtenção de usuários de
nossos serviços de formas não permitidas e em descumprimento da lei ou do regulamento. É vedada a
prática de concorrência desleal sob qualquer forma, incluindo obtenção de vantagem irregular para si
próprio ou para outra pessoa em disputas de empregos e cargos. Em adição, qualquer denúncia que não
tenha comprovação ou fundamentos não deverá ser feita.
Atenção!
Fazer uma denúncia sem elementos comprobatórios pode gerar ao denunciante uma multa e até mesmo a
suspensão pelo período máximo de 12 meses!
Por isso, nosso Código de Ética também nos instrui a respeito de nossas responsabilidades quanto à saúde
coletiva, como podemos sumarizar a seguir:
Temos a responsabilidade de atuar contra o exercício ilegal da profissão e contra instituições que
desrespeitem princípios éticos, comunicando ao Conselho Federal e Regional e às autoridades competentes
quaisquer violações de regulamentos, da ética no exercício da profissão, ou da falta de condições
minimamente dignas de trabalho.
Parece loucura pensar que atualmente ainda temos o exercício ilegal da profissão, mas em 2020, no
município de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, tivemos um caso. Vamos conhecê-lo?
Aqui vale lembrar que, para atuar na área de Biomedicina Estética, o profissional biomédico deve ter
habilitação em Biomedicina Estética, seguindo todos os pré-requisitos estabelecidos pelo CFBM para
adquirir essa habilitação e realizar a comprovação desses requisitos e o registro no seu respectivo
Conselho Regional.
Práticas ilícitas
É expressamente proibido o uso de mandato eletivo ou administrativo para obtenção de proveito próprio,
vantagem pessoal ou prática de atos ilícitos, assim como qualquer forma de discriminação de pessoas por
qualquer pretexto ou preconceito — podendo, inclusive, incorrer em punição penal. A prática, a conivência da
prática por terceiros, ou o provimento de qualquer objeto que seja usado em tortura, ou qualquer forma de
procedimento cruel, degradante, desumano ou humilhante é expressa e terminantemente proibido, conforme
dita o artigo 5º da Constituição Federal (1988).
O biomédico jamais deve envolver-se ou participar da execução de penas de morte, seja na forma de
conhecimento, fornecimento de substância ou instrumentos — lembrando que, no Brasil, não há pena de
morte, salvo a exceção de guerra declarada.
O biomédico também não deve corromper os bons costumes da sociedade, envolvendo-se com crimes e
atividades ilegais. Devemos manter conduta pessoal e profissional ilibada e íntegra, sempre prezando pela
aplicação das leis e da justiça. É, desse modo, vetada qualquer forma de manipulação de dados ou
resultados, como a falsificação de dados científicos, manipulação estatística ou deturpação da
interpretação do conhecimento científico.
Saiba mais
Em 2013, um biomédico, ex-pesquisador da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, foi desligado da
universidade e condenado a 4 anos de prisão após a comprovação de que houve a falsificação de dados
durante o ensaio clínico de vacina contra o HIV.
A manipulação de dados ou resultados é mais comum do que se imagina. Segundo Else e Noorden (2021),
de janeiro a março de 2021, 370 artigos científicos publicados foram removidos após comprovação de
fraude pelas editoras científicas, e 1.300 artigos estavam sendo avaliados por serem suspeitos de algum
tipo de alteração de dados.
Capítulo VIII: Das Relações com o Conselho Federal e
Regional de Biomedicina
O Conselho Federal de Biomedicina é a entidade reguladora da profissão do biomédico. Suas funções de
orientar, disciplinar e zelar pela Biomedicina facilitam o exercício livre de vícios e nos ajudam a navegar o
mercado de trabalho e nossas amplas atribuições. Então, é dever do biomédico o cumprimento dos
regulamentos, das obrigações e dos compromissos firmados com ou pelo CFBM, com respeito e fidelidade.
O bom exercício da profissão exige que tratemos com civilidade, dignidade e respeito os funcionários dos
Conselhos (Federal e Regionais). Devemos acatar e comparecer a convocações sempre que forem
requeridas, bem como denunciar ao Conselho qualquer conduta que fuja das boas práticas profissionais e
dos comportamentos antiéticos, lembrando que sempre devemos fazê-lo com fundamentação e
comprovação.
Segundo o artigo 38 do Código de Ética do Profissional Biomédico, são considerados “canais oficiais de
comunicação” dos Conselhos:
article
Diário Oficial da União, dos estados e dos municípios
alternate_email
Endereço eletrônico dos Conselhos Federal e Regionais
http
Serviços on-line que constam nos sites oficiais dos Conselhos Regionais
info
Serviço de Informação ao Consumidor – SIC
email
Serviços de correio
Aos funcionários que trabalham ou trabalharam nos Conselhos, é vedada a divulgação de informações
obtidas em virtude de seu trabalho no Conselho, salvo situações específicas. A divulgação de informações
pertinentes ao Conselho é exclusivamente exercida pelo presidente, quando assim considerar necessário,
ficando, portanto, vetada aos demais funcionários a veiculação delas por quaisquer meios.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
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play_arrow 2min37s
play_arrow 2min29s.
MÓDULO 2
play_arrow 2min12s
Das relações com a coletividade
play_arrow 2min37s
é antiética a publicação de material científico com dados que tenham sido manuseados
E
de forma a se obter melhores resultados.
Parabéns! A alternativa E está correta.
O biomédico, como profissional acadêmico e docente, deve sempre prezar pela veracidade e
Questão 2
autenticidade das informações, dados e resultados que publique, sendo prática antiética a
manipulação dos resultados.
Na carreira biomédica, sempre nos relacionamos com diversos outros profissionais, biomédicos ou não, não
importa em qual campo de atuação estejamos inseridos. Sobre as relações que devem prezar em construir
e manter, analise a situação retratada a seguir.
De acordo com o capítulo VI: Das Relações com os Colegas do Código de Ética do Profissional Biomédico,
como avaliamos a conduta do biomédico?
Incorreta, pois os biomédicos não devem estabelecer relações de poder e ensinar outros
B
profissionais a como proceder em suas carreiras.
Incorreta, pois o biomédico deveria ter agendado um treinamento com toda a equipe para
C
orientação.
Correta, pois os biomédicos são aptos a dar orientações sobre como outros profissionais
D
que atuem na mesma equipe devem trabalhar.
Correta, pois os biomédicos devem orientar a toda a equipe como proceder a coleta de
E material biológico destinado a exames laboratoriais, mesmo que esse procedimento seja
da competência de outro profissional.
starstarstarstarstar
Infrações em Biomedicina
Agora que conhecemos os princípios éticos gerais da nossa profissão e vimos quais são nossas
responsabilidades, deveres e direitos, precisamos explorar o que pode acontecer conosco caso falhemos
em nosso comportamento ético.
De maneira em geral, é considerada uma infração quando deixamos de cumprir algum dos regulamentos
que normatizam a prática da biomedicina. Como as leis, as resoluções do CFBM determinam a forma como
a biomedicina deve ser praticada.
É papel do Conselho Federal e Regional a fiscalização do exercício do biomédico, bem como a elaboração
dos regulamentos e das punições a serem executadas caso o profissional os infrinja. Além disso, também
podem ser aplicáveis os códigos legais, cíveis e penais, dependendo da gravidade da infração.
Atenção!
Nós, quando no cargo de responsáveis técnicos, compartilhamos responsabilidade com os representantes
legais do serviço ou empresa. Com isso, devemos fiscalizar ativamente o serviço ou a empresa, primando
pela aplicação das boas práticas técnicas e éticas da profissão, segundo o capítulo X do Código de Ética do
Profissional Biomédico.
Nossa participação sempre deve ser no intuito da orientação documentada para, ao mesmo tempo,
estarmos protegidos legalmente e eticamente e ajudarmos nosso empregador a ter as melhores práticas
possíveis, em cumprimento ao nosso Código de Ética.
Destacam-se, nesse sentido, nossas devidas orientações quanto aos trabalhos de divulgação, publicidade e
propaganda — não importa se a empresa é pública ou privada, a orientação e fiscalização é dever do
biomédico. Caso irregularidades ou desconformidades sejam notadas, devemos relatá-las ao Conselho
Regional, juntamente com o representante legal e, é claro, a documentação comprobatória que fundamente
o relato.
Fiscalizar e orientar o empregador sobre procedimentos corretos também é papel do profissional de biomedicina.
É importante ressaltar que, a depender da transgressão cometida, processos penais e cíveis, na Justiça
Comum, podem ser instalados.
Um exemplo é uma ocorrência, em março de 2018, onde um biomédico e o dono de um laboratório foram
presos em flagrante por fraudar exames do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiânia. Eles responderam
judicialmente por furto, em relação às faturas enviadas ao SUS, falsificação de documentos e crime contra a
saúde pública. Podemos citar também o caso de um falso biomédico que, em julho de 2021, após denúncia
apresentada pela fiscalização do CRBM em um laboratório de Amparo, no interior de São Paulo, foi preso em
flagrante!
Saiba mais
Os biomédicos ficarão suspensos das atividades profissionais enquanto durar a pena privativa de liberdade,
com cumprimento de regime fechado, caso esse profissional seja condenado por sentença criminal, por
crime praticado no uso do exercício profissional.
A seguir, vamos conhecer quais são as infrações que o biomédico pode incorrer e o teor das penalidades
que podem ser aplicadas.
Cada infração ética e disciplinar tem a penalidade ajuizada (definida) pelo Conselho, de acordo com a
conduta e as punições dispostas no Código de Ética, e sem prejuízo a sanções legais cíveis ou penais
cabíveis.
As infrações têm a penalidade definida pelo Conselho de acordo com o Código de Ética.
I – Transgredir preceito do Código de Ética Profissional, não acatar, não respeitar, inobservar,
não cumprir as resoluções, as portarias e os atos baixados pelo CFBM ou CRBM.
III – Manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos na legislação
em vigor.
XIV – Exercer a profissão biomédica quando estiver sob sanção disciplinar de suspensão.
As infrações éticas e disciplinares decorrentes do exercício profissional podem ser classificadas de acordo
com a gravidade, segundo o artigo 21 do Código de Ética. As infrações consideradas leves são aquelas em
que há circunstâncias atenuantes. As graves e gravíssimas, por outro lado, são aquelas em que há uma ou
mais circunstâncias agravantes, respectivamente.
São aquelas que diminuem a gravidade da transgressão. É considerado, por exemplo, se as ações do
infrator não forem fundamentais para o desfecho; ou seja, se o ato do infrator não tiver sido
essencial para o acontecido, isso pode ser considerado atenuante. Situações em que o infrator tente
corrigir ou reparar seus atos infracionais voluntariamente, ou caso ele tenha sido gravemente
coagido a cometer a transgressão também podem ser consideradas circunstâncias atenuantes.
Finalmente, se a infração for de natureza leve, e tiver sido a primeira da carreira, o biomédico
também poderá se beneficiar e ter a circunstância classificada como atenuante.
São aquelas que adicionam peso à transgressão, tornando-a mais séria. Podem ser consideradas
situações agravantes a ação com intento deliberado de quebrar a lei ou o regulamento, como a
premeditação da infração, a prática de má-fé, fraudes, coação de outros profissionais a cometer
infração. É considerado agravante quando o ato infracional for cometido com a intenção de
vantagem financeira, e quando o biomédico deixa de agir contra a infração — ou seja, a não ação ou
a omissão podem ser consideradas um agravante, o que pode adicionalmente caracterizar a
formação de conluio para execução da infração.
Conluio
É uma combinação maliciosa realizada entre duas ou mais pessoas com o objetivo de enganarem uma
terceira pessoa ou de se furtarem ao cumprimento da lei.
Somado a esses pontos, o acúmulo de infrações cometidas ao mesmo tempo, a reincidência infracional
contra o Código de Ética, e possuir antecedentes na justiça comum são agravantes.
Por fim, são circunstâncias agravantes aquelas infrações profissionais com consequências para o exercício
da biomedicina, ou com repercussão na saúde pública e coletiva, ao meio ambiente e aos cidadãos.
Saiba mais
A reincidência só é assim considerada caso o biomédico tenha sido processado e penalizado de acordo, e
que a reincidência específica ou contínua possa ser considerada infração gravíssima, acarretando a punição
máxima, que consiste na perda do registro profissional.
Tipos de penalidades
Os tipos de penalidades variam de acordo com as circunstâncias atenuantes e agravantes, assim como em
relação à própria natureza da transgressão. Esta última leva em consideração as consequências do ato
infracional para a coletividade, a saúde pública, o ambiente e a comunidade profissional biomédica.
Ocasionalmente, situações atenuantes e agravantes podem ocorrer ao mesmo tempo; nesses casos, será
considerada a circunstância de maior força ou mais importante.
Exemplo
No caso de um infrator primário (sem antecedentes) que cometa ato gravíssimo com dano à coletividade ou
ao meio ambiente, pode ser considerado mais importante o impacto da infração na sociedade do que o
histórico do biomédico — dessa forma, pode preponderar o agravante.
Ressaltamos que as sanções do Conselho profissional não substituem as punições legais da Justiça,
quando cabíveis. Portanto, pode haver acúmulo de penalidades em múltiplas esferas, dependendo da
gravidade da transgressão.
As penalidades aplicáveis, de acordo com as gradações explicadas, podem variar entre advertências,
repreensões, multas, suspenção temporária do exercício profissional e cancelamento do registro.
A advertência e a repreensão são feitas por ofício escrito do presidente do CRBM. As diferenças entre
advertências e repreensões estão principalmente na publicidade das correspondências: enquanto na
primeira a comunicação é confidencial, na repreensão há divulgação ou publicação que traga tal fato à luz
da sociedade. Na repreensão, é obrigatório o uso do termo “censura” no ofício por parte do presidente do
CRBM.
A punição por multa se refere a pagamento de no máximo dez anuidades do CRBM pelo infrator. O número
de anuidades pode variar de acordo com a gravidade da infração. Também é feita a divulgação à sociedade
quanto à transgressão praticada.
A suspensão da atividade da Biomedicina pelo infrator pode também ser instaurada. Nesse caso, o direito
de exercer a profissão pode ser removido por até 3 anos, a depender da gravidade da transgressão e, mais
uma vez, fazendo notório à sociedade o ato infracional cometido.
Por fim, o cancelamento do exercício e do registro profissional pode ser aplicado na punição de faltas
gravíssimas, como forma de penalização máxima executada pelo Conselho. A divulgação para a sociedade
é feita, bem como ao Departamento de Fiscalização (Defis) dos CRBMs, às autoridades sanitárias de
interesse, ao empregador do infrator, e o cancelamento é publicado no Diário Oficial da União.
Todas as decisões da comissão de ética, responsável pelos julgamentos das infrações no Conselho Federal
e nos Regionais de Biomedicina, devem ser comunicadas ao infrator, que deverá tomar ciência
pessoalmente ou por meio de procurador.
conforme as circunstâncias da ofensa. Além disso, o Código de Ética declara que outras transgressões
podem ser consideradas, juntamente com aquelas exemplificadas em seu texto.
Dentre as infrações com penalidades mais brandas, temos a falha em comunicar ao Conselho
transgressões que forem cometidas contra o Código de Ética, juntamente com a documentação
fundamentadora da denúncia. Da mesma forma, a falha em prover condições dignas de trabalho e
remuneração, ou ainda a não exigência desses direitos pode ser punida com advertência e/ou multa de três
anuidades, assim como deixar de oficializar junto ao Conselho todos os vínculos profissionais e dados
pessoais.
Profissionais que dificultem ou impeçam o trabalho fiscalizador do Conselho podem ser penalizados com
repreensão e, por vezes, multa de até três anuidades. Além disso, aqueles que falsamente declararem
titulação acadêmica que não possuam, ou que permitam sua exploração profissional com propósitos
políticos ou religiosos, são passíveis de repreensão, podendo incorrer na aplicação de multa de três
anuidades.
Por outro lado, a suspensão (que pode variar entre seis meses e três anos) e multa de até dez anuidades
são sanções que podem ser aplicadas quando o profissional:
1. Tornar-se cúmplice ou se omitir sobre a prática ilegal da Biomedicina, em conjunto com outros
profissionais ou instituições e estabelecimentos.
2. Exercer atividade profissional incompatível com a habilitação conferida pelo CRBM.
3. Desobedecer e desrespeitar as resoluções, portarias, acórdãos e outros instrumentos legais de autoria do
CFBM ou CRBM.
4. Não pagar as anuidades e outras contribuições devidas, o que, associando-se a circunstâncias, pode
levar ao cancelamento do registro profissional.
5. Ter conduta desleal na obtenção de emprego, cargo ou função contra colegas biomédicos — nesse ponto,
incluímos a concorrência desleal praticada no mercado.
Por fim, nosso Conselho determina a penalidade que varia de multas ao cancelamento de nosso registro
profissional, por vezes somados, como penalidade, caso nos envolvamos com práticas que causem danos a
usuários dos serviços biomédicos. Nessa situação, os danos podem ser materiais, morais e físicos, e
adicionalmente podem ser caracterizadas imprudência, imperícia ou negligência profissionais.
Atenção!
Reiteramos que as infrações e punições descritas no Código de Ética são exemplos de como as
transgressões ao Código podem ser julgadas e penalizadas.
O profissional que possuir algum julgamento ético-disciplinar proferido pode, após cinco anos de a sanção
ter sido determinada, solicitar que o registro das infrações seja cancelado, caso ele não tenha sido
reincidente no período subsequente ao julgado. De forma semelhante, as infrações em si prescrevem (ou
seja, não podem mais ser punidas) após cinco anos de ocorridas.
Durante uma fiscalização do Conselho de Biomedicina a uma clínica estética, foi verificado o seguinte
anúncio:
Agora vamos analisar o exemplo, segundo o Conselho de Ética do Profissional Biomédico (2020).
Primeiro, vamos avaliar os dados do biomédico. De acordo com o capítulo V, artigo 9º:
Na propaganda, publicidade ou anúncio individual ou coletiva, deverão constar:
c) títulos do profissional;
(BRASIL, 2020)
Como vemos no anúncio, nem todos os dados estão contemplados. No anúncio, o biomédico usou a
expressão “resultado garantido”, colocou o valor e a forma de pagamento. Nesse caso, o biomédico violou o
artigo 11, que diz que é vedado ao biomédico:
“b) usar expressões que caracterizem ou garantam, prometam ou induzam a determinados resultados do
procedimento, sem efetiva comprovação, bem como utilizar-se de expressões como (...) ‘resultado
garantido’ ou outras capazes de induzir o usuário ao erro, sensacionalismo, a autopromoção, a concorrência
desleal, a mercantilização da Biomedicina ou a promessa de resultado.
l) divulgar preços de serviços ou formas de pagamento para captação de usuário em desacordo aos direitos
do consumidor e com o código de ética, evitando assim a mercantilização e a concorrência desleal.”
Assim, de acordo com o capítulo XI, artigo 30, são infrações éticas e disciplinares:
“XXIX – Realizar propaganda, anúncio ou publicidade em desacordo com este Código de Ética. “
Nesse caso, o biomédico poderá receber uma multa (até cinco anuidades) e/ou suspensão de até doze
meses.
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Conheça a Academia Brasileira de
Biomedicina
Neste vídeo, a professora Camila Baez apresenta a Academia Brasileira de Biomedicina, uma entidade
independente para o avanço da ciência, da saúde e da educação e que visa promover o desenvolvimento
profissional do biomédico.
Saiba mais
Os conselhos regionais também são responsáveis pela averiguação de denúncias, que podem ser anônimas
ou identificadas, em formulário específico e endereçado ao presidente do conselho.
Após a constatação da infração pelo biomédico, esse profissional será notificado por um termo de visita,
que é um documento preenchido de forma manual ou eletrônica pelo fiscal biomédico durante
visitas/inspeções. Segundo a Resolução CFBM nº 276, de 28 de agosto de 2017, existem alguns tipos de
termo de visita, são eles:
comprovação seja feita apenas por meio de informação prestada (como propagandas irregulares),
ele deverá encaminhar ao Defis o comprovante da regularização. Caso o biomédico não consiga
regularizar sua situação, deverá apresentar defesa administrativa, por escrito, à comissão de ética
em até 30 dias. Essa defesa deve ser preenchida em formulário próprio, obtida no site do conselho e
pode ser deferida ou não.
Documento destinado à imposição de penalidade aos estabelecimentos e/ou profissionais que não
regularizaram o exercício das atividades relativas à Biomedicina. O biomédico ou o estabelecimento
tem 30 dias para regular a infração ou entrar com pedido de recurso no CFBM. Para isso, ele deve
entregar, além do requerimento de recurso, os documentos comprobatórios. Se for indeferido o
recurso, o biomédico ou estabelecimento deverá cumprir com a penalidade!
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Tipos de penalidades
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MÓDULO 3
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Tipos de penalidades
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o biomédico pode praticar qualquer área da Biomedicina, contanto que tenha diploma de
A
graduação.
é considerada infração a desobediência ao supervisor ou à autoridade direta quando há
B
provimento de condições dignas de trabalho.
o biomédico, por seu caráter de profissional da saúde, é vedado de lutar por seus direitos
C
trabalhistas, sendo infração a prática de greves.
a prática ilegal ou irregular da profissão não é uma infração, uma vez que o profissional
D
sequer faz parte do corpo laboral da Biomedicina.
além da própria natureza dos atos infracionais, situações que agravem ou atenuem a
E
transgressão são consideradas para aplicação de sanções.
Questão 2
atenuantes, caso aliviem a severidade do ato infracional, ou agravantes, caso aumentem a
severidade.
Cada infração ao Código de Ética deve acarretar uma consequência ou punição ético-disciplinar.
Considerando as várias formas de penalizações, analise as afirmativas a seguir:
I. As repreensões são formas públicas de penalidades, informando o infrator por escrito e a sociedade a
respeito dos atos cometidos, e pode ser aplicada quando o profissional se deixa ser explorado para fins
políticos.
II. Infrações mais graves podem envolver a penalidade máxima, com cancelamento do registro profissional e
pagamento de multa, como acontece com o biomédico que mantém suas atividades relativas à Biomedicina
durante período de suspensão disciplinar.
III. As advertências são formas públicas de penalidades, informando ao infrator por escrito e à sociedade a
respeito dos atos cometidos como, por exemplo, a prática de concorrência desleal.
B II.
C I e II.
D I e III.
E II e III.
starstarstarstarstar
Considerações finais
A ética profissional é a base na qual atuamos em prol da carreira, da comunidade e da sociedade. Neste
conteúdo, conhecemos a melhor conduta ética a partir dos instrumentos legais dispostos por instituições
como nosso Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biomedicina. Vimos que para a manutenção da
boa fama e do respeito à profissão, o CFBM e os CRBM dispõem de regulamento quanto à conduta
profissional, chamado de Código de Ética do Profissional Biomédico. Nele, são apresentados os deveres e
Portanto, aprendemos como nossa virtuosa profissão e nós, seus praticantes, devemos nos comportar para
o benefício mútuo do biomédico, da comunidade profissional e da sociedade.
headset
Podcast
Neste podcast, o especialista Willker Menezes apresenta alguns exemplos de aplicação prática da ética na
Biomedicina.
Referências
BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM nº 1931/2009. Código de Ética Médico. Consultado
em 17 ago. 2021.
BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. CFBM. Código de Ética da Profissão de Biomédico. 2020.
Consultado em 17 ago. 2021.
BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. CFBM. Resolução nº 276, de 28 de agosto de 2017. Consultado
em 17 ago. 2021.
BRASIL. Conselho Regional de Medicina de São Paulo. CRMSP. Juramento de Hipócrates. s.d. Consultado
em 17 ago. 2021.
ELSE, H.; NOORDEN, R. V. The fight against fake-paper factories that churn out sham science. Nature, v. 591,
n. 7851, p. 516–519, mar. 2021.
SINGER, P. Ethics. Encyclopedia Britannica. Publicado em 22 ago. 2021. Consultado em 17 ago. 2021.
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Sobre a criação do Conselho Federal e Regionais de Biologia e Biomedicina, acesse a Lei nº 6.684, de
1979, disponível no website da Câmara Legislativa.
Leia o artigo Bioética, por Cilene Rennó Junqueira, disponível na biblioteca virtual da Universidade Aberta
do SUS (UNASUS)/Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Conheça o CFBM, seu trabalho em prol da Biomedicina, as habilitações possíveis de atuação biomédica e
as resoluções no website.
Leia a notícia CFBM publica novo Código de Ética do Profissional Biomédico, publicado em 6 nov. 2020 no
website do CFBM.