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E. E. E. M.

ARROIO DO PADRE
ÁREA DAS LINGUAGENS – LITERATURA / 1º TRIMESTRE – 2020

ALUNO (A):_________________________________________ TURMA: _____________

TROVADORISMO

1 – TEMA: Trovadorismo.  identificar as características de uma obra


Contexto histórico. Poesia trovadoresca e suas trovadoresca
principais características.
4 – ATIVIDADES DE ESTUDO: Ler com
2 – PRÉ-REQUISITO: entendimento é pré-requisito para se aprender
 Ler com compreensão. qualquer coisa através da leitura. Portanto, faça o
 Conhecer os principais eventos históricos de seguinte:
povos europeus, principalmente de Portugal. a) Tenha um dicionário de Português ao seu alcance,
para consultá-lo sobre as palavras que você
3 – META: Ao final do estudo, você deverá ser capaz desconhece o significado;
de: b) Procure um lugar sossegado para ler os textos e
 interpretar textos fazer os exercícios;
 relacionar o período literário da língua
portuguesa aos principais eventos históricos ocorridos
em Portugal
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Contexto Histórico do Trovadorismo em Portugal


Principais acontecimentos históricos de Portugal e do Mundo Conhecido

Ano Acontecimento histórico


1308 Fundação da Universidade de Coimbra
1415 Conquista de Ceuta
1420 Início da expansão marítima: descoberta da Ilha da
Madeira

O Trovadorismo ou Época Provençal – primeira época literária da língua portuguesa –


estendeu-se de 1198 (data do mais antigo documento literário português, a cantiga A
Ribeirinha, dedicada pelo autor Paio Soares de Taveirós, à dona Maria Pais Ribeiro, amante do
rei D. Sancho I) a 1418, cerca de 220 anos, quando Fernão Lopes foi nomeado guarda-mor da
Torre do Tombo, que era o arquivo histórico de Portugal.
Essas datas nos mostram que o início da literatura portuguesa está bem próximo
da Independência de Portugal, conquistada em 1128, mas reconhecida por Castela apenas em
1143.
Historicamente, é um período marcado por lutas contra os árabes, cuja expulsão definitiva se
deu no século XIII. Como em qualquer outro período, a literatura vai apresentar características
que, direta ou indiretamente, refletem a sociedade da época.
Apesar de Portugal não ter conhecido as formas ortodoxas do feudalismo econômico, muitos
dos relacionamentos sociais documentados na literatura da época, são tipicamente feudais. É
também marcante, na cultura portuguesa desse período, a influência da Igreja Católica, que
marcou profundamente a forma de encarar o mundo. A esta postura perante o mundo, fundada
na ideia de que Deus é o centro do Universo, dá-se o nome de Teocentrismo, característica
importante da cultura medieval, que aparece em várias de suas manifestações. O teocentrismo
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está muito bem caracterizado no texto abaixo de Hernani Cidade, contido na obra O Conceito de
Poesia como expressão de cultura.
“Um movimento como o das Cruzadas – que procurava sublimar, na guerra contra o infiel, as grandezas e misérias
da combatividade e da ganância; uma criação como a catedral gótica ou como a Divina Comédia, de Dante (século
XIII), que erguiam à morada de um Deus pessoal, de presença vivamente sentida, os próprios anseios que partiam
das profundezas torvas das almas, tal como as agulhas e flechas se erguiam dos subterrâneos das fundações; uma
obra de pensamento como a Summa Theologica, que era, na ordem do saber, como na ordem do poder, a teocracia
de Gregório Magno, a tentativa e o esforço de tudo subordinado a Deus – interesses da inteligência tanto como da
vontade – e tudo coroado pela Imitação de Cristo, alto voo místico, que fecha, no século XV, na ordem da inteligência,
a ascese que na ordem da ação o franciscanismo realizara – eis os aspectos que definem a Idade Média como a idade
do que podemos chamar de Teocentrismo.”
(Curso Abril Vestibular, Fascículo 1, 1ª. Edição)
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Origens e influências no trovadorismo português

O Trovadorismo também conhecido como Época Provençal, tem esse nome em razão de que na região sul da França,
conhecida como Provença, foi desenvolvido entre os séculos XI e XIII, a arte dos trovadores. Nessa época, os
cavaleiros permaneciam mais tempo em suas casas, a vida nos castelos já tinha uma organização intensa, seus salões
eram um polo fundamental de convívio e as mulheres começaram a adquirir uma posição importante dentro dessa
organização, especialmente no sul da França.
No que tange à literatura, a França teve dois polos que emanaram influências importantes para o mundo literário da
época: ambos desprezavam o Latim como meio de expressão e ambos refletiram diferentes aspectos do mundo
medieval. A Região Norte da França produziu uma literatura épica, de caráter guerreiro e individualista, em que a
mulher exercia uma função secundária: são os trouvères com sua épica. Na Região Sul da França, onde o feudalismo
levou mais tempo para se diluir, surgiu uma lírica sofisticada, da qual o amor e a mulher eram os temas centrais: são
os troubadours(trovadores) com sua lírica. Foi a partir dessa duplicidade que a literatura europeia se expandiu.
Apesar de o lirismo trovadoresco ter declinado na França a partir do século XIII – com as intervenções da Igreja
Católica, que passou a impor o culto à Virgem Maria como tema aos trovadores – sua influência já era percebida em
toda a Europa, cujos países souberam incorporá-la às suas próprias tradições. Foi o que aconteceu em Portugal.

Dentre os fatores que concorreram para a influência provençal na Literatura Portuguesa temos:
 casamentos entre reis lusitanos e mulheres nobres do sul da França;
 um dos reis de Portugal, D. Afonso III, viveu vários anos na França e quando retornou a Portugal trouxe na
sua comitiva, trovadores provençais e um padre para cuidar da educação de seu filho, D. Dinis, este que foi um dos
maiores trovadores lusitanos.
 o comércio, os movimentos militares, os menestréis (que se apresentavam em praça pública)
 a criação de bispados na Península Ibérica e as Cruzadas
A civilização provençal era muita mais requintada que a portuguesa. Daí ser a responsável por uma certa
aristocratização da poesia portuguesa, que era muito mais visível nas cantigas de amor. As cantigas portuguesas eram
transmitidas oralmente. Mas num determinado momento da história de Portugal, um rei mandou copiá-las em livro.
Tais livros chamam-se Cancioneiros. Graças a eles é que hoje podemos ter conhecimento do que estamos informando
aqui. Os mais importantes Cancioneiros são: da Ajuda, da Biblioteca Nacional e da Vaticana.
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Características do Trovadorismos. A poesia trovadoresca.

O Trovadorismo é um movimento de caráter exclusivamente poético. As composições líricas desse período são
chamadas de cantigas porque eram efetivamente cantadas com acompanhamento de instrumentos musicais que
incluíam violas de arco, flautas, alaúdes, pandeiros. Os que cultivavam esse tipo de poesia eram chamados
genericamente de trovadores, embora houvesse diferença entre os autores e intérpretes dessas cantigas.
Os trovadores eram aqueles compositores que tinham origem nobre e que efetivamente compunham as cantigas;
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os jograis não eram fidalgos e cantavam composições próprias ou alheias em troca de pagamento (eis aí a origem dos
cantores de rádio e televisão do século XX!); os segréis eram os jograis da Corte.
A literatura trovadoresca portuguesa é composta por poesia e prosa, mas a mais importante manifestação literária
dessa época é a poesia representada pelas cantigas líricas – as de amor e de amigo; e cantigas satíricas – as de
escárnio e maldizer.

1. Cantigas líricas: cantigas de amigo.


Muitas das cantigas de amigo portuguesas são anônimas e várias delas se perderam no tempo, por causa da sua origem
oral e popular e a despreocupação inicial em fixá-las pela escrita. A influência provençal fez a tradição popular chegar
aos palácios, de modo que os trovadores passaram a compor também as cantigas de amigo.
As cantigas de amigo são poemas líricos que contém a confissão de uma moça do povo, cujo sofrimento amoroso é
causado pela ausência ou abandono do “amigo”, isto é, do namorado ou do amante. Expressam um amor mais sensual,
mais vivo, talvez pelo contacto com a natureza, cenário da maioria dessas cantigas.
Apesar de expressarem o sofrimento amoroso da mulher, esses poemas foram escritos por homens que apresentam
o eu-lírico feminino: o trovador assume o papel da mulher. Cabe aqui lembrar que o autor das cantigas sempre era
um homem, pois as mulheres não tinham o direito de aprender a ler e escrever. Não há registro efetivo de nenhuma
cantiga de amigo composta por mulheres.

É importante que se compreenda o conceito do “eu-lírico”. O eu-lírico é a pessoa que fala nos poemas líricos. Não é,
necessariamente, autobiográfico. É tão ficção quanto os personagens criados por um romancista. Assim podemos
dizer que, nas cantigas de amigo, o eu-lírico é feminino, enquanto que o autor é masculino.
O “amigo” a que se refere as composições é, na verdade, o namorado ou o amante. Várias dessas cantigas eram
cantadas em festas, comemorações e rituais ligados à chegada da primavera. Por isso sua ligação com a dança e a
música era mais efetiva do que nas cantigas de amor.

As cantigas de amigo apresentam três possibilidades de ambiente e roteiro:

a) cantigas de inspiração campestre relatando o encontro entre namorados numa fonte; ou a moça lamentando a
ausência do amado que partiu para a guerra e não deu mais notícias ou que desapareceu sem cumprir as promessas
feitas.

b) Cantigas em que a moça aguarda o namorado que vem pedir sua mão em casamento. Muitas vezes a moça se revela
esperta, consciente da sua capacidade de seduzir e de provocar ciúmes.

c) Cantigas já adaptadas ao ambiente da Corte, nas quais o trovador, assumindo o papel da mulher, procura expressar
o que ele supõe ser o lamento dela pela ausência do amado.

A vida cotidiana, a saudade do amigo que partiu para a guerra, o ciúme, a indignação, a vaidade de se saber bela,
encontros fortuitos, bailes, festas, o colorido do mundo medieval português podem ser identificados nessas cantigas.
Elas possuem uma tal beleza que permite ao leitor entrever os sentimentos que as motivaram. Na maior parte das
vezes, a mulher não se dirige diretamente ao homem amado – adota uma confidente que pode ser a amiga, a irmã, a
mãe ou um elemento da natureza. Veja o exemplo abaixo:

“Ondas do mar de Vigo1, Se viste meu amigo,


se viste meu amigo? o por que eu sospiro?4
E ai Deus se verrá cedo!2 E ai Deus se verrá cedo!

Ondas do mar levado3, Se viste meu amado,


se viste meu amado? por que ei gran coidado?5
E ai Deus se verrá cedo! E ai Deus se verrá cedo!

(Martim Codax. In: Torres, Alexandre Pinheiro, Antologia da poesia portuguesa. Porto: Lello & Irmão, 1977)
Vocabulário
1 – Vigo: praia da região da Galiza, norte do Rio Minho / 2 – se verrá cedo: ele virá logo /
3 – mar levado: mar agitado / 4 – o por que eu sospiro: por quem eu suspiro /
5 – por que ei gran coitado: por quem eu tenho muito carinho, cuidado
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2. CANTIGAS LÍRICAS: Cantigas de amor

Embora Portugal não tenha tido um feudalismo na mais pura expressão da palavra, as cantigas de amor lusitanas
refletiam a estrutura da sociedade feudal por causa da influência provençal. A submissão do vassalo (criado, servidor)
ao seu senhor (nobre, dono das terras onde morava o vassalo) é transferida para o mundo das relações amorosas, e o
mandamento número um do trovador é a fidelidade e submissão absoluta a sua musa.
As cantigas de amor contêm a confissão do sofrimento (coita) do trovador, que padece por amar uma dama (senhor)
inascessível. Sofre pela impossibilidade de ver realizado o seu desejo de amor, já que a dama pertence a uma classe
social superior a dele – ela é esposa ou filha de um nobre; ele, um servo. Tal inacessibilidade da mulher, em parte,
representa o profundo distanciamento que, na Idade Média, existia entre as classes sociais. O amor que o poeta
expressa é sempreplatônico e respeitoso. O trovador reitera a promessa de servir, honrar, respeitar e nunca revelar
a identidade da sua amada.

Ora, sabemos que esse tipo de poesia saiu dos palácios, foi feita principalmente por nobres e a impossibilidade do
trovador ter o seu desejo realizado ocorreria apenas em tese. Trata-se, portanto de um fingimento poético.
Um tema frequente é o panegírico impossível ou elogio impossível: a mulher amada é a mais bela de todas; é um ser
divino. Mas ela é indiferente aos sentimentos do poeta. Ela não os conhece e, se sabe da existência deles, os despreza.
É chamada de dame sans merci (dama sem piedade, sem compaixão). Esse amor impossível e inevitável faz com que
o eu-lírico sofra por tornar-se prisioneiro desse sentimento e maldiga o dia de seu próprio nascimento.
As cantigas de amor apresentam uma linguagem mais erudita e sofisticada do que as de amigo. Sua estrutura é menos
repetitiva, podendo apresentar ou não um refrão. O uso da palavra “senhor” (no masculino) nessas composições
indicava a origem nobre da dama. Nessa época, era usada tanto para o homem como para a mulher, pois a palavra
ainda não tinha ganho a terminação “a” para indicar o gênero feminino.

Abaixo apresentamos um fragmento da Cantiga da Ribeirinha, exemplo de cantiga de amor:

“No mundo non me sei parelha1 me foi a mi mui mal;


2
mentre me for como me vai E vós filha de Dom Paay
cá3 já moiro4 por vós – e ai! Moniz, e bem vos semelha(9)
mia Senhor branca e vermelha 5
d’haver eu por vos guarvaia(10)
queredes que vos retraia6 pois eu, mia Senhor, d’alfaia
7
quando enton vos vi em saia! nunca de vos houve nen hei
Mau dia me levantei, valia d’uma correia(11)
8
Que vos enton non vi fea! (Paio Soares de Taveirós)
E, mia Senhor, des aque’di’ai!
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Vocabulário
1 – non me sei parelha: não sei de coisa semelhante / 2 – mentre: enquanto / 3 – cá: porque
4 – moiro: morro / 5 – branca e vermelha: branca e com as faces rosadas
6 – queredes que vos retraia: quereis que vos retrate / 7 – em saia: em roupas íntimas ou sem manto
8 – que: pois / 9 – semelha: parece / 10 – d’haver eu por vos guarvaia: que eu deva receber, por vosso intermédio,
um traje de luxo / 11 – valia d’uma correia: qualquer coisa de pouco valor

3. CANTIGAS SATÍRICAS: Cantigas de escárnio e de maldizer


São poemas satíricos que usam a sátira indireta (cantigas de escárnio), ora a sátira direta (cantigas de maldizer).
Pelo seu caráter circunstancial, as cantigas satíricas são consideradas inferiores às líricas, apesar de documentarem,
através da ironia, os costumes da sociedade da época.

As cantigas satíricas revelam o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bailarinas; enfim, dos artistas da corte,
aos quais se misturavam religiosos e até mesmo reis. Um mundo com um código de ética próprio, que admitia certa
liberdade de hábitos e costumes não partilhada pela sociedade em geral.
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Com a finalidade de fazer críticas mordazes e com humor, muitos eram os temas das cantigas satíricas: os costumes,
principalmente do clero; a covardia; a decadência de alguns nobres; os vilãos (aqui se referem às pessoas que
moravam nas vilas medievais); o adultério das damas; os homens sovinas; os pobres que viviam de aparência; as
mulheres feias; os beberrões.
As cantigas de escárnio são aquelas que fazem a crítica indiretamente, de forma sutil, sem indicar o nome da pessoa
satirizada, lançando mão de uma linguagem mais velada, que muitas vezes admite duplo sentido, sem deixar de lado
o aspecto humorístico.
As cantigas de maldizer fazem a crítica rude, direta, mencionando o nome da pessoa criticada, usando palavrões e,
muitas vezes, enveredando pela obscenidade. Sua linguagem é chula e não se utiliza de ambiguidade.

Exemplo de cantiga de escárnio:

I. Se um rapaz e uma donzela, Eu sou o abade de Cocanha


Ficassem juntos na mesma cela… E o meu capítulo são monges beberrões
Ó casal abençoado! E meu conselho é a confraria dos jogadores,
O amor tempera E quem me procurar na taberna ao cantar do galo,
Anima o noivado: Sairá de noite, liso e sem roupa,
O tédio se oblitera. E cantará, despido, o seguinte lamento:
II. Brincam juntos num só gesto Socorro! Socorro!
De bocas, pernas e o resto! Quanto azar, dados malditos!
Ó casal abençoado… Estamos fritos,
Exemplo da cantiga de maldizer: Pobres e aflitos!
(Maurice van Woensel. Carmina Burana. Apresentação de Segismundo Spina, São Paulo, Ars Poetica, 1994)
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Exercícios:

Os textos abaixo são de cantigas medievais e foram adaptados para o português atual. Identifique cada uma de acordo
com as características das cantigas de amor, de amigo, de escárnio ou de maldizer.

a) A dona que eu sirvo e que muito adoro


mostrai-ma, ai Deus! pois eu vos imploro c) Ai flores, ai flores do verde ramo,
se não, dai-me a morte. (Bernardo de Bonaval) se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, onde ele está? (D. Dinis)
b) Trovas não fazeis como provençal
mas como Bernardo, o de Bonaval. d) Ai, dona feia, foste-vos queixar
O vosso trovar não é natural. de que nunca vos louvei em meu trovar;
Ai de vós, com ele e o Demo aprendestes. e umas trovas vos quero dedicar
Em trovardes mal, vejo eu o sinal em que louvada de toda maneira sereis;
das loucas ideias em que empreendestes. tal é o meu louvar:
Por isso, D. Pero, em Vila-Real, dona feia, velha e sandia! (João Garcia de
Fatal foi a hora em que tanto bebestes. (D. Afonso Guilhade)
X, o Sábio)
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SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DAS CANTIGAS TROVADORESCAS

Cantigas de amor Cantigas de amigo Cantigas de escárnio Cantigas de maldizer


O trovador assume o eu- O trovador assume o eu-
lírico masculino: é o lírico feminino: é a mulher
homem quem fala. quem fala.
O objeto é sempre uma O objeto é o ami-go: Os objetos são pessoas, O objeto são pessoas, costumes
dama, “se-nhor”. namorado ou amante. costu-mes e aconteci- e acontecimentos com
mentos sem reve-lação da identificação da pessoa envol-
identida-de da pessoa en- vida
volvida
O objeto é idealizado pelas O objeto é caracterizado Censura indireta aos vícios Censura e ridicularização direta
suas qualidades físicas, pelas su-as qualidades ne- ou defeitos, através de à defeitos e vícios.
morais e sociais: beleza, gativas: mentiroso, traidor, ironia e sarcarmos.
bondade, lealdade, conheci- desleal.
mento social.
Expressa sentimentos de Expressa os sentimentos Utiliza linguagem bem Utiliza linguagem grosseira, de
dor e mágoa por amar uma femininos de saudades pela popular, com duplo sentido sentido direto e, às vezes,
mulher inascessícel. ausência do amigo o e humorístico. obsceno.
namorado ou amante.
O cenário é a na-tureza e a O cenário é o campo, o mar
corte e a casa
Sua origem é pro-vençal. Teve origem na Península
Ibérica.

Os principais recursos poéticos empregados pelos trovadores são:


Refrão – o mesmo que estribilho, ou seja, a repetição de um ou mais versos em cada estrofe.
Paralelismo – repetição de uma ideia já expressa numa estrofe anterior, com pequenas alterações de palavras.
Tenções – cantigas em forma de diálogo
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LEITURA COMPLEMENTAR
O “amor cortês”
Em sociedade tão fechada, de estrutura medieval, o amor – o grande e eterno tema – vai ser uma manifestação de
vassalagem feudal, já que as formas de vida e de pensamento são também feudais. O que significa que o feudalismo
engendra uma maneira de pensar feudal, como hoje o capitalismo engendra uma maneira de pensar capitalista. O
amor trovadoresco, o “amor cortês” (já que é esta sua designação típica), exigia que a mulher que se cantava fosse
casada, fundamentalmente porque a donzela não tinha personalidade jurídica, uma vez que não possuía nem terras,
nem criados, nem domínios, não era domina (“dona”). Em suma: não dispunha de “senhorios”. Ora, o poeta não vai
prestar “serviço” a uma mulher que não seja “Senhor”, e nós encontramos extensamente o verbo servir como
sinônimo de “namorar”, “fazer a corte”, etc.
Aliás, os casamentos entre a gente nobre faziam-se por conveniência e não por amor. Assim, o “amor” era algo de
que “senhor” dispunha para conceder ao trovador que, encontrando-se ao seu “serviço”, ela achasse digno de receber
o respectivo “galardão”, que podia ir ao extremo limite de favores corporais. Mas o “galardão” podia ser apenas (e
era-o geralmente) a pura aceitação pela dama, do pleito de vassalagem do trovador.
(TORRES, Alexandre Pinheiro. Antologia da poesia portuguesa. Porto, Lello e Irmão, 1977

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ATIVIDADES DE FIXAÇÃO:

Responda à estas questões antes de ler qualquer texto deste Roteiro. Atribua 05 pontos para cada resposta correta. Se
você alcançar 80 pontos na soma total, parabéns! Você não precisa estudar este Roteiro, pois já domina
suficientemente o conteúdo existente nele. Caso contrário, leia as orientações das Atividades de Estudo.
1. O mais antigo documento da literatura portuguesa data de:
a. ( ) 1139 b. ( ) 1128 c. ( ) fins do século XII d. ( ) fins do século XI

2. O autor do mais antigo documento da literatura portuguesa é:


a. ( ) D. Dinis b. ( ) Fernão Lopes c. ( ) D. Afonso Henriques d. ( ) Paio Soares de Taveirós

3. Uma das diferenças fundamentais entre as cantigas de amor e as de amigo é:


a. ( ) a autoria b. ( ) o eu-lírico c. ( ) a língua em que eram escritas d. ( ) o caráter épico

4. Assinale a alternativa correta:


a. ( ) não houve prosa no período trovadoresco
b. ( ) a prosa, no período trovadoresco, sofreu a influência provençal
c. ( ) a prosa do período trovadoresco era exclusivamente histórica
d. ( ) a prosa do período trovadoresco era literalmente inferior à poesia do mesmo período.

5. A confissão da “coita d’amor”, amor respeitoso e platônico, vassalagem amorosa a uma dama inacessível são
características das:
a. ( ) cantigas de amor b. ( ) cantigas de amigo c. ( ) cantigas de escárnio d. ( ) cantigas de maldizer

6. A poesia, na Idade Média:


a. ( ) era independente da música
b. ( ) confundia-se com a prosa, pelo primitivismo da língua e dos recursos técnicos
c. ( ) era acompanhada de música
d. ( ) originou-se das antigas canções de gesta

7. “Estes meus olhos nunca perderán,


Senhor, gran coita, mentr’eu vivo for,
E direi-vos, fremosa mia senhor,
Destes meus olhos a coita que hán:
Choran e cegan quando’alguen non veem
E ora cegam por alguem que veem.

O texto acima é um(a):


a. ( ) soneto b. ( ) cantiga de amor c. ( ) cantiga de amigo d. ( ) cantiga satírica

8. Refrão e paralelismo são recursos mais frequentemente encontrados:


a. ( ) nas cantigas de amor b. ( ) nas cantigas de amigo
c. ( ) nas cantigas de amor e de amigo c. ( ) nas cantigas de mestria

9. Dá-se o nome de “tenção” às cantigas de:


a. ( ) amor b. ( ) amigo c. ( ) mestria d. ( ) dialogadas
10. A chamada Época Provençal da literatura portuguesa caracterizou-se pelo fato de os:
a. ( ) escritores portugueses escreverem no dialeto provençal.
b. ( ) trovadores portugueses, independente do cunha nacional que imprimiam às suas cantigas, imitarem o
trovadorismo de Provença.
c. ( ) trovadores portugueses falarem, em suas cantigas, da vida cortesã de Provença.
d. ( ) poetas portugueses traduzirem e cantarem as cantigas provençais.
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11. “Ai, flores, ai flores do verde ramo
se sabedes (sabeis) novas do meu amado?
Ai, Deus, e u (onde) é (está)?”
Baseado nas características do período literário a que pertence o texto acima, escreva as palavras que completam as
lacunas da frase abaixo:
Os versos pertencem a uma cantiga de (a) ____________, característica do (b) ______________ português, estética
literária dos séculos XII, XIII e XIV.

12. Assinale 1 para as cantigas de amigo; 2 para as cantigas de amor; 3 para as cantigas de escárnio:
a. ( ) “Senhor fremosa (formosa), pois me non queredes
creer a coita (dor) en que me ten amor,
por meu mal é que que tan ben parecedes
e por meu mal vos filhei (tomei) por senhor”

b. ( ) “Ai dona fea! foste-vos queixar


porque vos nunca loei (louvei) em meu trobar (cantar)
mais ora quero fazer un cantar
em que vos loarei (louvarei) toda via
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!” (louca)

c. ( ) “Bailemos nós já todas três, ai amigas,


so (sob) aquestas avelaneiras frolidas (floridas)
e quen for velida (bela), como nós, velidas (belas)
se amigo amar,
so aquestas avelaneiras frolidas
verrá (virá) bailar”

13. “Coube ao século XIX a descoberta surpreendente da nossa primeira época lírica. Em 1904, com a edição crítica
e comentada do Cancioneiro da Ajuda, por Carolina Michaelis de Vasconcelos, tivemos a primeira grande visão de
conjunto do valiosíssimo espólio descoberto.” (Costa Pimpão).
A afirmativa se refere a uma época literária. Responda:
a) qual é essa “primeira época lírica” portuguesa?_________________
b) que tipos de composições poéticas se cultivavam nessa época?

14. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do Trovadorismo em Portugal:


a. ( ) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre a poesia e a música.
b. ( ) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâne-as que receberam o nome de cancioneiros.
c. ( ) Nas cantigas de amor há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e
extrema submissão.
d. ( ) Nas cantigas de amigo, o trovador (sempre um homem) escreve o poema assumindo o papel feminino.

15. Assinale a alternativa INCORRETA sobre as cantigas de amor:


a. ( ) Apresentam forte influência provençal e eu-lírico feminino.
b. ( ) Têm uma linguagem mais sofisticada que as cantigas de amigo.
c. ( ) Seu tema é o sofrimento amoroso ocasionado, em geral, pela diferença social existente entre o trovador e a
amada.
d. ( ) A mulher amada, ou ignora a paixão do trovador ou está ciente dela e a despreza.
16. Qual a obra literária considerada o marco inicial do período trovadoresco em Portugal?
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