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CENTRO PAULA SOUZA

ETEC PROF. HORÁCIO AUGUSTO DA SILVEIRA


Ensino Médio com Habilitação em Técnico em Desenvolvimento de
Sistemas

DÉBORA VIEIRA GOMES, LARISSA SANTOS MACHADO SANCHES,


LUIZ HENRIQUE DE SANTANA, PEDRO CUSTÓDIO BONIFÁCIO,
YASMIM DOLINSKI GUIMARÃES

LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: TROVADORISMO

São Paulo - SP
2022
DÉBORA VIEIRA GOMES, LARISSA SANTOS MACHADO SANCHES,
LUIZ HENRIQUE DE SANTANA, PEDRO CUSTÓDIO BONIFÁCIO,
YASMIM DOLINSKI GUIMARÃES

LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA: TROVADORISMO

Pesquisa apresentada no componente


curricular de Língua Portuguesa e Literatura
para o curso Ensino Médio com Habilitação
Profissional em Desenvolvimento de Sistemas
da Etec Prof. Horácio Augusto da Silveira
requisitado para a obtenção de menção pelo
Prof. Valdeci Roberto da Silva

São Paulo - SP
2022
RESUMO
Um movimento literário consiste em um conjunto de obras e escritores de um
determinado período da história, reunindo produções literárias com estilos e
características similares.
Estes movimentos nos permitem visualizar a expressão artística e erudição de
momentos específicos na história, diante disso, o presente trabalho tem como objetivo
apresentar um estudo sobre o movimento literário Trovadorismo, assim como suas
características, contexto histórico, obras, autores e outros tópicos. A metodologia
adotada baseia-se em pesquisas bibliográficas que envolvem o Trovadorismo,
incluindo artigos, bibliografias e documentos relacionados ao Tema.
Palavras-Chave: Trovadorismo; Idade Média; Movimentos Literários.
ABSTRACT
A literary movement consists of a set of works and writers from a certain period of
history, bringing together literary productions with similar styles and characteristics.
These movements allow us to visualize the artistic expression and erudition of specific
moments in history, before that, the present work aims to present a study on the
Troubadourism literary movement, as well as its characteristics, historical context,
works, authors and other topics. The methodology adopted is based on bibliographic
research involving Troubadourism, including articles, bibliographies and documents
related to the theme.
Key words: Troubadourism; Middle Ages; Literary Movements.
SUMÁRIO
1. CONTEXTO HISTÓRICO DO TROVADORISMO ................................................ 6
2. CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO....................................................... 7
3. AUTORES E OBRAS DO TROVADORISMO ...................................................... 8
4. TROVADORISMO EM PORTUGAL ..................................................................... 9
5. CANTIGAS TROVADORESCAS ....................................................................... 10
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 14
1. CONTEXTO HISTÓRICO DO TROVADORISMO
A Idade Média foi um período histórico que durou de 76 a 153. A sociedade medieval
estava dividida entre o clero, a nobreza e o povo. No entanto, a Igreja Católica detinha
poder político e econômico no Ocidente. Assim, na época, prevalecia o teocentrismo
- a ideia de que Deus estava no centro de tudo.
Na Idade Média, a maioria da população era analfabeta, e a escrita e a leitura eram
reservadas ao clero e a alguns aristocratas. Esses livros eram extremamente caros,
já que antecedem a invenção da imprensa a cópia das obras é feita por copistas, ou
seja, são manuscritas. Além disso, devido à influência católica, a maior parte das
obras de arte produzidas nessa época eram de natureza religiosa.
Estava ocorrendo na Península Ibérica o processo de Reconquista. É valido ressaltar
que os muçulmanos invadiram o sul de Portugal e Espanha no começo do século VIII.
As guerras de reconquista ocorreram entre os séculos VIII e XV. Além disso, o Tribunal
do Santo Ofício torturava e condenava à morte na fogueira, prisão perpétua e confisco
de bens caso se opusessem à igreja.
Além disso, especialmente na macrorregião que inclui França, Espanha e Portugal, a
presença de homens - poetas e músicos itinerantes - bem como casamentos e outras
relações políticas entre os reinos mencionados, criaram um tenso intercâmbio cultural
na região levando a uma proliferação do trovadorismo. Considerado o primeiro
movimento literário europeu, ele reuniu registros escritos da primeira época da
literatura medieval entre os séculos XI e XIV tendo no mesmo século o processo de
expansão marítima portuguesa com as grandes navegações.
2. CARACTERÍSTICAS DO TROVADORISMO
• Possui uma relação direta entre a música e poesia
• Presença de instrumentos musicais como: a lira, a flauta, a viola e a harpa
• As cantigas são cantadas em coro, possuindo divisões entre lírico e satírico de
acordo com a mensagem passada
• Os temas abordados tratam de amizade, amor, veneração ao ser amado ou
produzem uma crítica a alguém
• Possui forte presença do estilo de vida da época, mostrando a aristocracia
feudal e a presença do teocentrismo
3. AUTORES E OBRAS DO TROVADORISMO
O trovadorismo possui diversos autores muito importantes para propagação de suas
características.
Um deles foi Fernão Rodrigues de Calheiros, um português, que viveu entre o século
XII e XIII, ele foi um dos principais trovadores da nobreza de Portugal e utilizava do
galaico-português.
Também temos Dom Dinis, ele foi o sexto rei de Portugal e também teve muita
importância para o trovadorismo, "primeira universidade do país" e ficou conhecido
como Rei-trovador, pois compôs cerca de 140 cantigas.
Entre esses autores vem Arnaut Daniel, um francês do século XIII, esse autor teve
uma de suas obras reconhecidas por Petrarca, foi também um dos representantes de
trobar clus, um estilo de poesia trovadorescas.
Já Dom Afonso X, foi um espanhol da nobreza, que acolheu em sua corte trovadores,
ele escreveu cerca de 100 cantigas.
Esses autores foram alguns dos responsáveis por disseminar o trovadorismo pela
Europa, levando também as cortes, incentivando a composição dessas cantigas.
4. TROVADORISMO EM PORTUGAL
Em Portugal, o trovadorismo surge como a primeira manifestação literária, Portugal
ainda estava se desenvolvendo e caminhando para se tornar uma nação
independente. No final do século XII, o trovadorismo no local aparece por meio de
uma cantiga do autor Paio Soares de Taveirós com o título de “A Ribeirinha” ou
“Cantiga de Guarvaia”.
As cantigas e trovas eram escritas em galego-português por causa da localidade e
influência do condado de Galícia, na Catedral de Santiago de Compostela era comum
que os trovadores apresentassem suas cantigas para o público. As cantigas eram
escritas por diversos trovadores em grandes livros que eram chamados de
cancioneiros, mas como a educação era precária na época, mesmo com o longo
período de tempo que o trovadorismo se estendeu, poucas cantigas foram registradas
nesses livros.
O rei Dom Dinis foi um grande trovador com mais de 140 cantigas que apoiava e
protegia o trovadorismo, enaltecendo a criação de poesias em seu reinado, foi ele que
constituiu a língua galego-portuguesa como a oficial do reino na época. Além de Dom
Dinis e Paio Soares, vale ressaltar alguns outros trovadores populares como por
exemplo: João Soares Paiva, Martim Codax e João Garcia de Guilhade.
Esse movimento teve destaque principalmente na poesia e uma importância muito
grande para a literatura, cultura e língua portuguesa e posteriormente na literatura
brasileira.
5. CANTIGAS TROVADORESCAS
Trovadores era o nome daqueles que compunham as cantigas, sendo da classe mais
alta da sociedade medieval; Segrel era um nobre empobrecido ou desqualificado que
fazia dinheiro com as poesias e jogral era aquele que vinha de origem humilde, um
vilão, que cantava e recitava músicas e poesias alheias em sua maioria, mas que
também podia compor.
Mesmo com essas divisões e diferenças, o Trovador caracterizava qualquer um que
escrevesse poemas, sendo eles remunerados ou não, de classe baixa ou nobreza.
Foi por influência provençal que o sentimentalismo trovadoresco se instaurou em
Portugal por via oral, tendo em vista que era a melhor forma de divulgar a literatura na
época pois a maior parte da população era analfabeta.
A propagação da literatura foi facilitada porque além dos elementos como a rima, o
ritmo e o refrão, as poesias eram acompanhadas de instrumentos musicais (viola,
alaúde, lira, saltério, entre outros), dança e canto. Junto dos trovadores, as
soldadeiras os acompanhavam, jovens mulheres que tocavam (pandeiro ou
castanholas) e dançavam enquanto o trovador cantava cantigas. Era por meio delas,
da expressão corporal de cada um, que era transmitida a emoção do texto.
As cantigas eram dividias em dois gêneros, sendo eles o lírico e satírico.
O gênero lírico diz respeito as cantigas focadas nos sentimentos e nas emoções, cujo
tema principal normalmente era amor. Dentro desse gênero temos dois tipos de
cantiga:
Cantigas de amigos, retrata a história de jovens camponesas, e suas frustações
amorosas, sendo impedidas de se relacionarem com seu amado. Nesse tipo de
cantiga, o eu lírico é feminino, se vê a palavra amigo (namorado/amado) repetidas
vezes e refrão.
“Ai flores, ai flores do verde pino” de D. Dinis
- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?
-Vós me preguntades polo voss'amigo,
e eu ben vos digo que é san'e vivo.
Ai Deus, e u é?
Vós me preguntades polo voss'amado,
e eu ben vos digo que é viv'e sano.
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é san'e vivo
e seerá vosc'ant'o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é viv'e sano
e seerá vosc'ant'o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
Cantiga de amor, que retratam vassalos apaixonados por uma senhora, a figura da
mulher inalcançável e superior. O sofrimento amoroso é perceptível nesse tipo de
cantiga, sendo nesse contexto que surge o “amor cortês”.
A primeira cantiga escrita, “A Ribeirinha”, de Paio Soares dedicada a Maria Pais
Ribeiro, vez do gênero Cantiga de amor.
“Cantiga da Ribeirinha” de Paio Soares
No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquelha
me foi a mí mui mal di'ai!,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós houve nen hei
valía dũa correa.
Já o gênero satírico faz uso da ironia e do sarcasmo para criticar ou ridicularizar, tendo
um humor ácido e debochado. Dentro desse gênero temos dois tipos de cantiga:
Cantigas de escárnio são produzidas com críticas e sátiras indiretas e impessoais,
elas apresentam bastante sarcasmo e utilizam palavras de duplo sentido e trocadilhos,
sempre utilizando a ironia.
Ai, dona fea, foste-vos queixar” de João Garcia de Guilhade
Ai dona fea! Foste-vos queixar
Que vos nunca louv'en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar:
Dona fea, velha e sandia!
Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
E pois havedes tan gran coraçon
Que vos eu loe en esta razon,
Vos quero já loar toda via;
E vedes qual será a loaçon:
Dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
En meu trobar, pero muito trobei;
Mais ora já en bom cantar farei
En que vos loarei toda via;
E direi-vos como vos loarei:
Dona fea, velha e sandia!
Cantigas de maldizer eram estruturadas de modo grosseiro e direto, sendo compostas
por sátiras e ofensas diretas, as vezes até citando o nome de algo ou alguém, eram
escritas de maneira vulgar, com termos baixos e obscenidades com o intuito de ferir
brutalmente.
“Joam Rodriguiz foi esmar a Balteira” de Alfonso X

Joam Rodriguiz foi esmar a Balteira


sa midida, per que colha sa madeira;
e diss’e[le]: - Se ben queredes fazer,
de tal midid’a a devedes colher
[assi] e non meor, per nulha maneira.

E disse: -Esta é a madeira certeira,


e, de mais, nona dei eu a vós si[n]lheira
e pois que s'em compasso á de meter,
atan longa deve toda [a] ser,
[que vaa] per antr'as pernas da 'scaleira.

A Maior Moniz dei já outra tamanha,


e foi-a ela colher logo sem sanha;
e Mari'Aires feze-o logo outro tal,
e Alvela, que andou em Portugal;
e já i as colherom [e]na montanha.

E diss': -Esta é a midida d'Espanha,


ca nom de Lombardia nem d'Alamanha;
e porque é grossa, nom vos seja mal,
ca delgada para gata rem nom val;
e desto mui mais sei eu [i] ca boudanha.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brandino, L. (s.d.). Trovadorismo: contexto, características, cantigas. Fonte: Brasil
Escola: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/trovadorismo.htm Acesso em: 15
Maio 2022.

Diana, D. (s.d.). Trovadorismo: contexto histórico, resumo e cantigas. Fonte: Toda


Matéria: https://www.todamateria.com.br/trovadorismo/ Acesso em: 14 Maio 2022.

LIMA, V. (30 de 07 de 2020). Características do Trovadorismo - Língua Portuguesa


Enem. Fonte: Educa Mais Brasil: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-
portuguesa/caracteristicas-do-trovadorismo Acesso em: 14 Maio 2022.

MALOJOWSKY, N. (2007). A poesia trovadoresca e suas relações com a literatura de


cordel e a música contemporânea. . Fonte: Dia a dia Educação:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/810-4.pdf Acesso em: 14
Maio 2022.

R., E. L. (2010). Características das Cantigas de Escárnio Presentes no Rap “Fala


Sério” de Gabriel “O Pensador”. Fonte: Revistas:
https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/35518 Acesso em: 15 Maio 2022.

SOUZA, W. (s.d.). Trovadorismo: contexto, cantigas, autores, obras. Fonte:


Português:
https://www.portugues.com.br/literatura/trovadorismo.html#:~:text=Trovadorismo%20
%C3%A9%20um%20estilo%20de,as%20cantigas%20trovadorescas%20ou%20prov
en%C3%A7ais. Acesso em: 15 Maio 2022.

TAVARES, V. G. (2017). AS FEIURAS FÍSICA E MORAL FEMININAS EM CANTIGAS


DE ESCÁRNIO E MALDIZER DE AFONSO X. Fonte: Revistas:
https://www.revistas.usp.br/desassossego/article/view/131662 Acesso em: 14 Maio
2022.

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