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1

Dedicatória
Dedico este livro à família, principalmente meu pai, minha mãe, amigos e minha
inspiradora musa incomparável Betty que faz uma tremenda falta. Dedico a cada
pessoa que tem me ajudado na minha jornada de vida, cada apoio é fundamental.
Cada fração de empatia é significante para minha existência agora e para a
realização deste trabalho, por ter ainda saúde que me resta e muita inspiração.

Devo a propósito declarar inclusive que sou um homem apaixonado pela música, e
portanto minhas obras que foram feitas com o intuito de realizar com cadeias de
sons da língua portuguesa poemas de caráter acentuadamente musicalizado, eu
dedico este livro também a cada musicista que trabalhou na colaboração da trilha
sonora do meu dia a dia, por cada ambientação singular e motivadora que me
guiou no meu caminho de reflexão sobre tudo e inclusive à introspectividade.

Em terceiro lugar, quero agradecer a cada cidadão que me deu atenção aqui na
região dos lagos nos meus momentos solitários e resolveu me ouvir com carinho,
portanto, estimo uma boa experiência na leitura de minha obra a toda pessoa que
um dia se interessou pelas minhas aplicadas palavras.

Do autor Omar Swansinger.

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Prefácio

‘A caminhada’ é uma obra de poesia contemporânea neoclássicista


perfeita para um público de jovens e adultos, em que retrata
através das palavras, com traços de romantização, fortes
sentimentos e uma busca pela simplicidade, sem abandonar a
sofisticação textual, um trabalho empenhoso.

No livro ‘A caminhada’, a poesia contagiante da MPB e a forte


influência da estimadíssima, romântica e visceral poetisa de
Portugal, Florbela Espanca, foram as mais frutíferas fontes de
inspiração para a criação de cada poema.

‘A caminhada’ é uma lembrança de uma trajetória, até uma


conquista que valeu todo o suor, no calor da região dos lagos,
acompanhado de um computador, uma boa coordenação e muitas
doses de estudos linguísticos diários, a realização deste trabalho
empenhadíssimo, uma obra de amor à poesia.

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ÍNDICE DE POEMAS

De 5 a 41: a caminhada • betty • saudade • alma gêmea


te quero amar • ausência • paixonite aguda
luz distante • s.o.s • mais uma vez • nostalgia
ventania • mistério • tua voz • o cientista
cidade lunar • doce turca • cobertor
minha terra • escritor • sonho de carnaval
rosas de palavras • as rosas • dê-me filhos!
Impasse • sob os céus de búzios • trabalho suado
rosa escarlate • canção de cada dia • piano
garoto prodígio • meu mundo, seu mundo
pele • passarinho • sonetos x haicais
jazz dos sapatos • tao é o caminho

De 42 a 63: namoradeira • abelha • povo riostrense


barraco de esquina • mãe dos meus filhos
corrosão • deus é atemporal • má fama
versos alcoolizados • depressão • discórdia
[sem título] • bruxas de avalon • perdão jamais
madeleine • se eu te deixar • bullying
sentimentos dos homens • privada
o antropólogo • wwiii • nwo

De 64 a 81: horizonte em chamas • poeta necromante


feminismo • chuva • encerramento • história de combatente
xadrez • monstro • o sol • poesia de ilusionista
poema de introdução • soneto sapiens
uma ode a chico xavier • povo unido
livros • os 7 elos eternos • alzheimer
mistérios da língua e da fala

Haicais: maré • areias do vento • haicai de búzios

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A CAMINHADA

Dura a caminhada dura pela estrada.


Foi dura a queda na estrada nunca imaginada.
Minha amada bela onde é que estava?
Nunca imaginou me ver sofrer.

É pé calejando, eu não sou de ferro.


Vê-se as aves voando, voando,
Um voo nunca eterno.

Assim como a caminhada dura


A qual eu me sujeitei a caminhar.
A caminhada dura de te amar.

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BETTY

Betty, não sei o que fazer.


Meu doce sonho adorado.
Tenho por ti muito amor.
E tu tens me rejeitado.

Mas torno a procurá-la.


Não consigo te esquecer.
És como a luz do luar.
És como o céu estrelado…

Dama inspiradora me fazes cantar


E falar do quão contagiante
É seu sorriso, é seu olhar.

Quisera ser seu cavalheiro, o favorito.


Passar mais tempo contigo.
Passar o tempo a namorar.

6
SAUDADE

Ah, quão implacável é a saudade.


Faz um rombo no meu peito.
Sufoca minh’alma.

Imploro-te, alivies minha dor.


Ajuda-me a recompor
O melhor de mim…

És minha única salvação.


Traz o meu vigor
O seu carinho.

Diga-me que não estou sozinho.


Que me ajuda a recuperar..
Aquelas noites de sono perdidas.

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ALMA GÊMEA

Desejo-te para sempre


Cara-metade, seu lugar
É no meu coração,
Mesmo distante.

Vivo por ti, musa encantadora.


Até o horizonte da vida,
Pelas rivieras incandescentes
Da luz de nossa paixão.

Mulher da minha vida.


Nada me faz sorrir
Se não é com você.

Meu grande amor é você,


Quero-te toda pra mim
Hoje.. À luz do luar.

8
TE QUERO AMAR

Ora, amada, aonde vais?


Sou o homem que anseia por ti
Lamentando outra vez não vê-la.
Aflito quando ausente estais.

Ficará aos cacos esse meu mundinho


De saudade duma paixão radiante que eu vivi.
Quando uma primeira vez pude lhe falar
Dos meus sentimentos como pude jamais.

E era tão bom sentir


Que podia fazê-la feliz,
Fazê-la sonhar.

Pra sempre ao seu lado


Eu quero caminhar.
Te quero amar.

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AUSÊNCIA

Meu anjo, não me abandones..


Me entrego a ti de braços abertos.
Pra te abraçar bem firme..
Pois sentir tua falta me faz sofrer.

É esse meu maior medo,


Quando tu não voltas mais.
Fico assim, a ver navios
E babujar como um velho faz.

Priva-me de tua ausência,


Suplico-lhe
De corpo e alma.

Alivia-me. Essa dor enraizada.


Que me deixa no chão
Quando não me resta mais nada.

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PAIXONITE AGUDA

Cá estou eu atrás de uma nova lembrança.


Caçando suas imagens, seus textos.
Procurando seus rastros, aonde for..
Roubando beijinhos no meu imaginário.

Ah, quão difícil é lidar


Com essa paixonite aguda,
É sinônimo de desespero..
Que condição mais absurda.

Se não há chances de lhe ter


Que mais irei fazer?
Você é a razão pra estar aqui..

Choramingando a lonjura
Dos lábios carnudos seus..
Dos débeis lábios meus.

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LUZ DISTANTE

Ah, luz distante que me rege,


Mal me protege, é fraca.
Eu gasto muito tempo,
Eu a sigo, meu pé craca.

Ah, luz distante, eu não minto,


Sem você, minha amante,
É demasiado estressante.

Ouça-me, estou todo cantante.


Vem voltar pros meus braços,
Vem rever, vamo, avante.

Ah, a caminhada cansa,


Preferia à barca, maré mansa,
Até uma luz distante
Como a luz da infância
Que jamais torno a encontrar.

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S.O.S

Quando eu precisei
Você não me socorreu.
Aquele teu antigo gesto
Era só ilusão de afeto.

Quando tudo era breu,


Não era mais você e eu.
Era só dor, impotência,
Decadência e letargia…

S.O.S
Temo nunca mais vê-la.
...

S.O.S
Não preciso de mais nada,
Eu só quero tê-la.

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MAIS UMA VEZ

Como é que pode


O meu amor sobreviver
Quando a vida é tão dura?
Se vivo aqui tão solitário?

Como é que pode ser possível..


Depois de todo o meu esforço
Eu não ter a sua atenção
Num momento tão difícil?

O seu afeto era tudo


Que movia minha trama,
Que fazia o meu ser.

O seu desejo por mim


Me recria, me realiza
Mais uma vez.

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NOSTALGIA

Entrei no meu mundo,


Minhas memórias..
Pra encontrar você.
Você é parte de mim…

Entrei no meu mundo,


Minhas histórias..
Pra te buscar, amor.
Como é bom te ver.

Você e eu enfim,
Nos meus momentos
De nostalgia,
Essa musa assim,

Você que dá toda a graça


De viver.. Com você..
Eu posso crescer.
Através de minhas memórias,
Minhas histórias. Nostalgia.

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VENTANIA

Enfrenta a pressão forte, homem combatente.


Na luta árdua vem com a chuva e as folhas secas.
Onde traçam as rotas, caminha um passo firme.
E abandona pra trás toda aquela mágoa,
Deixa a ventania levar..
Resquícios no interior de um menino carente.
Hoje és forte como a rocha, és maduro o suficiente
Para encarar a violenta ventania
Que sem piedade varre toda a pradaria
Até o horizonte alaranjado
Onde terminará o duro dia.

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MISTÉRIO

Há um mistério que me encanta


Que é o brilho do teu olhar.
Um mistério que se oculta
Nas multidões dum vilarejo.

Nas feiras eu te vejo, adorada,


Com teu vestido todo simples
Feito duma cor desbotada,
Feito dum tecido de lã.

E castanho como teus olhos,


Belos como a luz do dia,
Irradiantes de prazer. . .

E como é bom te ver,


Senhora do vilarejo
Me enche d’alegria!

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TUA VOZ

Escuto-lhe todos os dias!


Num pulsar distante..
Tua voz delicada,
Minha flor d’amor.

Minha flor de luz!


Tua voz é tão bela,
Quero ouvir de perto
Seu doce cantar. . .

Senhora amada, daquela voz distante!


Quero-te aqui por perto,
Minha companheira oculta.

Senhora amada, daquela voz distante!


Quando busco-lhe em minhas lembranças
Sinto meu coração palpitar. . .

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O CIENTISTA

Eis um indivíduo que


Dedicou toda a vida
Dentro dum lar,
Dum laboratório.

Eis um indivíduo de
Inspiração plena
Por sua esposa
Também cientista.

Vamos fazer o tempo valer a pena.


Ciência do amor, vamos lá.
Vamos fazer acontecer.

Tornando-se os gênios que


Sempre estiveram aqui,
Em algum lugar, doce saber!

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CIDADE LUNAR

Aqui todo mundo passa


Na cidade da lua, cidade lunar.
Chinês, bê-erre, americano.
Todo mundo vai se encontrar.

Aqui todos são uma só geração.


Pegando carona de espaçonave
Na cidade da lua, cidade lunar.
Tudo seguro, você vai gostar…

Tantos centros comerciais.


Tantos trajes sensacionais.
Muitos drinks e coquetéis.
A comida então, é nota 10!

Venham ao nosso lar.


Sem truques, sem crueldade..
A paisagem vai te conquistar.
Conheçam a nossa cidade.

A inconfundível, a incomparável..
A cidade da lua, a cidade lunar.
Onde todos podem ser felizes,
Se encontrar noutros braços, se libertar.

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DOCE TURCA

Esta noite ouvi teus mais belos cantos..


E quão suaves cantos, doce turca.
Tu me intrigas como nunca..
E nesta hora oportuna,
Deixa-me falar mais uma vez
Dos meus anseios por ti…
Que de mais belo há teu olhar.
Que mistério é esse que me faz
Enlouquecer, que me faz delirar.
Não tem nada que mais me deixe
A fim de parar no tempo, dizer adeus
A cada indivíduo, um familiar,
Um desconhecido, amigos meus.
E desejar uma vida inteira
Somente ao teu lado. E permanecer
Sem que haja desagrado. Enobrecer
Minh’alma, ‘squecer toda tristeza
Que um dia me causastes.

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COBERTOR

Há um pobre menino
Vivendo sozinho
Debaixo da ponte,
Pediu um cobertor.

O pobrezinho..
Largado, sem lar.
Merece algo mais,
Seja quem for.

Doe roupas velhas,


Comida e água.
Doe o essencial.
Algo de valor.

Lá debaixo da ponte
Há um menino,
Menino cigano
Sem cobertor.

22
MINHA TERRA

A minha terra é meu lar!


Onde ficam as famílias,
Minhas dóceis companhias
De um sábado que vai chegar. . .

Cantando alegremente,
Sem elas não sei viver!
Quando estou distante,
Minhas forças hei de perder. . .

Minha terra não é qualquer lugar,


Eu hei de buscar minhas forças.
A minha terra é meu horizonte. . .

Onde ficam as montanhas,


Abrigando as nascentes
Que correm para me encontrar!

23
ESCRITOR

Quão ‘stranha é a vida dum escritor


Buscando palavras do além,
Tentando entender suas ideias
Descartando projetos que não convêm. . .
Foge homem da realidade,
Conversando com os mortos. . .
O escritor alucinado
Que não gosta de ninguém.
Um homem rendido em montes de páginas!
Imenso é seu ardor, ‘té enlouquecer.
De um mui ansioso frenesi
E pensamentos desvairados
Que consomem os seus dias. . .
Ai, haja esperança para o solitário escritor,
Ele ‘inda há de se encontrar.
Que vivo é seu empenho sobre as teclas!
Em sua obra diária é uma busca de saber:
— Me digas quem sou! Indaga o escritor.
Sobre a mesa a máquina de escrever. . .
Com o passar do tempo,
Uma série de questionamentos.
— Que vou fazer?!
Ora, será que me faltam talentos?!
Ora que não há em mim por carecer?
Repetindo a pergunta anterior:
— Que vou fazer?!
. . .Que vou fazer. . .

24
SONHO DE CARNAVAL

Brasil, país de Deus.


País de todas as raças.
Bravo coração das nações
A sangrar pelos filhos teus.

Honrados sejam os códigos.


Inspiradas sejam as canções.
Filhos pródigos desta nação!
Sejamos unidos, uma geração!

E pra todos os cantos o povo a celebrar.


Hoje sim, cidadãos plenos de alegria.
Gratidão, senhor, pai da esperança
Que com sua graça nos faz sentir

Que a vida aqui ainda terá jeito.


Que podemos ser felizes de verdade,
‘Inda como se não houvesse pesar,
Foliando a massa, Brasil a cantar.

25
ROSAS DE PALAVRAS

Que são rosas de palavras?


Perguntei. . . . . . . . . . . . .
Porque rosas machucam,
Rosas dizem não. . . . . . .
Pois vejo-te ante a mim
Com suas rosas de palavras
Prontas para ferir!
E tão prontas para calar. . .
Com palavras que me insultam!
E palavras são custosas,
Palavras tão difíceis,
Palavras são como rosas.
Oh, quão desventurosa experiência!
Que ‘stranha confusão!
Que são rosas de palavras?
Que são rosas de ilusão?
Já nem sei se são palavras,
Nem mesmo se são rosas.
Só sei que me machucam,
Quando as toco em suas bases. . .
E por mais delicadas
Que sejam todas elas..
Rosas de palavras
Me iludem sóbrias.
Rosas calmas
De perfeita ilusão.
Um sopro de falsidade,
Um sopro no coração.
Que são rosas de palavras
Que se perdem na escuridão?

26
AS ROSAS

Dadas as rosas aos homens que não choram.


Saíam de Cadillac com os garanhões lá de fora.
Se algum dia as rosas passaram por sua vida..
Pode ter certeza que hoje homens choram

Pelas rosas do baile de bodas de prata.


As rosas que buscam aquela vida sensata.
São elas as rosas que enganam pelo seu bem.
As rosas que erram mas acertam também.

Nos chás de bebê, au revoir, té mais ver..


Rosas que buscam algo melhor para si,
Pros seus companheiros, amigos e filhos..
Pros filhos dos filhos que estão pra nascer.

E pra todos os homens há rosas e rosas


Que te machucam, tombam, amadurecem.
As rosas que te amam dentro das casas,
E nos jardins, as pequenas no florescer.

Rosas te abandonam e voltam certo dia..


Poderiam murchar por saber de ti.
O homem que um dia fora deixado
Pra fazer um homem maior crescer.

27
DÊ-ME FILHOS!

Minha amiga querida, quero te contar,


És minha noiva dos sonhos, encantada.
Quero te contemplar numa noite de núpcias,
Plena d’amor, toda apaixonada!

Meu maior desejo é contigo desposar.


É você que me guarda, frutos d’aurora
De um matrimônio perfeito, nos encantos dum lar,
Contigo eu vivo, vamos celebrar. . .

Dê-me a esperança, o teu amor é minha luz,


Dê-me amor, dê-me filhos pra cuidar,
Dê-me uma chance de lhe fazer feliz!

Quero filhos teus, minha doce amada.


Uma família ao teu lado é meu grande sonho,
Te encontrar todas as manhãs, poder sorrir. . .

28
IMPASSE

Ora assim cê me sufoca.


Ora assim não vejo jeito.
Pelo visto é um impasse,
Não sei nem o que fazer.

Sa vida que trava, não guina.


Sa vida que acaba no brejo.
É pressão demais pro peito,
O coração não vai ‘guentar.

Não vejo luz no fim do túnel.


Não vejo a arte conclusiva..
Tá toda sem pé nem cabeça.

Não vejo fim pro sofrimento,


A mão treme o velho pincel.
Minha arte hei de terminar.

29
SOB OS CÉUS DE BÚZIOS

Sob os céus de Búzios vejo as montanhas,


Uma praia linda que me dá prazer.
Aves pesqueiras pra lá e pra cá..
Buscando o alimento, no mar há de haver. . .

E sobre as areias, jovens e adultos


Falando da vida, gastando seu tempo.
Queimando a pele com protetor,
Correndo, pulando, se divertindo. . .

Lá vem o vendedor fazendo firula,


Floreando o trabalho, seu ganha-pão.
Gritando, brincando com a galerinha,
Atraindo a massa, buscando a multidão.

Olha o camarão no espeto,


Olha o picolé, olha a empada,
Vem viver bons momentos!
Traz a sua família, traz a sua amada. . .

Traz aquela tia mal humorada,


Traz todo mundo até aqui
Para vislumbrar a beleza que há
Sob os lindos céus de Búzios,

Entre em contato com a natureza,


Sobre as trilhas a caminhar!
‘Té chegar às belas praias,
Sentar na poltrona e descansar. . .

30
TRABALHO SUADO

Nada se compara ao trabalho suado


Enfrentando um sol de rachar.
Encarando este meu árduo dever
E nem mesmo pestanejar.

Até a comida tem sabor melhor


Quando se tem um trabalho suado.
Assim sou até um melhor namorado.
Quem diria? Este sou eu agora…

Pois tudo na vida amadurecerá


Com o empenho e a força de vontade.
Exercendo a minha função..
Sem tempo pra velha vadiagem.

Pois agora sou um novo alguém.


Agora um verdadeiro cidadão..
Finalmente não sou uma negação.
Agora eu tenho um trabalho suado.

31
ROSA ESCARLATE

Aquieta-te meu coração,


Quando passo por ela.
Tremendo mulherão.

Que será de mim?


Deixa-me falar
Destes versos meus.

Dispara-me aqui no peito


Minha favorita,
Ao vê-la andando com outrem.

Minha rosa escarlate,


Dê-me uma chance.
Pois beijo-lhe como ninguém.

32
CANÇÃO DE CADA DIA

Mais um dia amanhece.


Cá estou a contemplar.
Este dia se agradece
Por estar livre a cantar.

Pois a vida é uma só,


Você não pode se calar
Neste mundo tão difícil,
Tão difícil de conquistar.

Mas se há ao meu alcance


Pelo menos uma chance
Da canção de cada dia..
Esse caos apaziguar

No novo dia que amanhece


Num feixe de esperança
A canção de cada dia..
Também te libertar.

33
PIANO

Teclas para tocar.


Teclas para se olhar.
Teclas para se amar, talvez odiar.
Teclas para frustrar quem ousar tocá-las.
Teclas de piano novo, de piano usado.
Teclas de piano que já pertenceu de fato a um pianista,
Ou de quem não saberia nem mesmo tocá-las.
Às vezes tem aquelas teclas que são abençoadas,
São sempre tocadas por mãos de filhos pródigos,
E isso é muito sensato, não é mesmo?
No entanto, há aquelas mãos de filhos ingratos
Que tocam o piano e não amam o que fazem,
Mas o que importa é que eles saibam bem
Que precisam de algo mais na vida.
Que teclas são uma estrada para tolos,
Que teclas são uma estrada sem fim.
Teclas são uma estrada que restara para mim.

34
GAROTO PRODÍGIO

— “Garoto prodígio, lhe suplico”.


Disse a dama. — “Me dê um filho!”.

— “Garoto prodígio, o que lhe aflige?”.


Disse a dama. — “Por que nega isso a mim?”.

— “Por que tu sofres?” Disse ela.


“Aí sozinho...” Acrescentou.

— “Porque não tenho nada..” Disse o prodígio.


— “Não tenho nada!” Ele lamentou. . .

35
MEU MUNDO, SEU MUNDO

Entre todos há um mundo meu.


Um mundo nosso, um mundo seu.
Um mundo que eu tenho pra compartilhar.
Pra te receber, pra te encantar.
Vem aqui, vou te mostrar..
Uma nova vida, outra realidade.
Sem se preocupar com a sequência
De toda atividade.
Podemos ser um casal agora?
Por favor, não vai embora!
Esse silêncio que me apavora..
É um mundo todo só pra nós dois
Que a gente aproveita e dá pra quem vier depois..
Àqueles filhos bem-vindos, faço tudo por ti.
Aqueles filhos bem-vindos.. Você e eu aqui..
Um belo horizonte. Um mar de rosas, ou margaridas..
Nos ares do campo, neste mundo que eu lhe prometi.

36
PELE

A pele que vela, reveste.


Protege a carne, investe.
É o poder da água que hidrata,
É a comida boa que nutre.
A pele que cobre, tecido nobre.
Não a esnobe, tem que tratar..
É melhor jovem se conscientizar.
Leve a água, um bom alimento
E o melhor filtro solar.

37
PASSARINHO

Ave da matina, seja forte.


Amanhece o novo dia..
Hoje, és sobrevivente!

Pois a realidade
É plena de iniquidade.
Prepara-te, hoje tu encontras a rival,
Como em todos os dias
Isso é fato, isso é normal.

Parte minha ave pela existência,


Não se deixe levar, minha amiga, pela aparência.
Pra tudo isso há uma grande consequência.
Mas o tamanho não é identidade,
O importante na batalha é maturidade.

Ave da matina, seja forte.


Deve-se superar as terríveis perdas da morte.

Ave da matina, seja forte.


Nós dois sabemos que viver não é qualquer esporte,
É um jogo mortal na cadeia animal.

Que não há vitória sem que encaremos a chuva e o calor.


Que dura é a vida, pois não há ganho sem dor.

38
SONETOS X HAICAIS

Meus sonetos mal resolvidos


Quão difíceis de se recordar.
Ora, para amar o que se faz
É um desafio grande demais.
Que vou fazer? Prefiro haicais!
Ora, camarada, prefiro haicais!
Em três ou quatro versos,
Um poema assim..
Que mal que faz?

39
JAZZ DOS SAPATOS

Par de sapatos,
Passou tanto no calor
Que derreteu.

Par de sapatos,
Quisera que não fosse
Aquele favorito meu.

Par de sapatos! Par de sapatos!


Que tristeza é ficar sem ti,
Companheiro de toda viagem.

És o único luxo aqui


A pertencer a um homem negro
Da torturada Orleans..

Pelo sol daqui, daqui, das manhãs


Em que lutam a miséria e a fome
Contra a minha música e meu nome.

Pelo sol daqui.. Daqui da Orleans..


Onde acordo pra tocar meu jazz.
Onde acordo todas as manhãs.

Com meu par de sapatos a me esperar


Bem lá na porta, fora de casa, pra não sujar.
Meu par de sapatos agora derretido..

E eu..
A lamentar…

40
TAO É O CAMINHO

Eis um ensinamento
De persistência.
Você e o silêncio,
À convivência.

A voz possui
Energia influente
É bom moderar
Seja inteligente.

Se na hora agá
Você quer falar
Uma palavra
A enferrujar

É bom ter paciência,


Não fraquejar.
Tao é experiência
De tolerância e bem-estar.

41
NAMORADEIRA

Lá vem a gata namoradeira


Distribuindo seus beijinhos!
Vem toda mansa até o lago
Namorar n’água os peixinhos. . .

Aproveitando o calor do Sol,


E ficar sobre as águas frias..
De um lar no Oeste mui cândido,
De cada vida, um bioma.

Todos amigos: aves, peixes,


Jacarés.. Lá vem ela cantando,
Toda bonita, lavar os pés.

Lá vem a gata namoradeira


Provando da doce videira,
Distribuindo beijinhos!
Ela só pensa em namorar. . .

Caminhando até o lago,


O dia seguinte a amanhecer..
Seus amigos do bioma,
Ansiosa indo encontrar.

42
ABELHA

A abelha com sua obra,


Ensina o beabá do amor.
Adocicando toda a vida,
Espantando o mau humor.

Lá vem a abelha até a flor,


Margarida ou tulipa.
Namorando o seu néctar,
Toda beleza seja qual for. . .

Lá vem a abelha com o seu ganho,


Trazendo até a sua colmeia
Mais um gesto de carinho,
A abelhinha trabalhadeira. . .

Minha operária rotineira,


Sua obra tem mais valor!
Adocicando toda a vida,
Por toda parte fazendo amor.

43
POVO RIOSTRENSE

Oh, povo riostrense!


Que gente magoada
Pelo desemprego em massa,
Vendendo bala no sinal.
Os jovens deprimidos,
Vivendo sem autonomia.
Esquecendo a curtição!
Esquecendo o que é viver.
Branco, negro, pardo.
Enfrentando o desemprego. . .
Seja classe média ou alta,
Pobre, playboy, estudante!
Se surge uma oportunidade,
Seja pra pedreiro, segurança,
Vendedor de telemarketing!
A massa então se desespera. . .
Aí, meu filho, é emprego à vera!
‘Inda que haja desigualdade e escassez..
De oportunidades, lá está um senhor
Acordado desde as três!
Oh, povo riostrense!
Com a juventude ele há de disputar
Mais uma vaga de emprego,
Seu dinheiro tem que contar. . .
O coração tá apertado,
Dois filhos pra sustentar!
O senhor que também é gente.
Gente pobre quer trabalhar. . .

44
BARRACO DE ESQUINA

Andei até a velha esquina


Onde passam as moçoilas
Com seus namoradinhos
Andando de velotrol.
Andei até a velha esquina
Com as crianças e suas mães
Aborrecidas com seus filhos,
Disputando um brinquedinho.
Ora mas que tremendo alvoroço,
Esse tarda pra cessar. . .
Mães e filhos com suas jovens
Esquecendo o principal.
Aí vem uma barraqueira,
Ela só arruma confusão.
Uma velha mal humorada
Que só grita, fala besteira.
Ora, que senhora traiçoeira
Que começa o barraco..
Sem ela não há domingo
Que não é notícia na TV.
Vem polícia, vem todo mundo,
Implorando pra parar
De dar tapa, puxar cabelo,
É muvuca o dia inteiro. . .
Meu Deus, mas que dureza!
Eu só tenho a lamentar,
Mais um domingo arruinado
Por uma briga sem pensar.

45
MÃE DOS MEUS FILHOS

Esposa agraciada, quero-te ao meu lado,


Mãe dos meus filhos, doce adorada,
Viver ao seu lado é a razão do meu ser.
Mãe dos meus filhos, mulher amada!
Quando chego de viagem, és fortaleza
De emoções, meu grande sonho de beleza
De uma joia rara, pérola do oceano!
Rosa do deserto, quero te encontrar. . .
Logo de manhã, o chão ela tá limpando,
Ela é a beleza cansada que eu muito amo.
Mãe dos meus filhos, perdoa-me se tirei
Aquele teu brilho intenso da juventude
De quando éramos adolescentes
Curtindo a vida como dois amantes.
És a única que me faz sentir
Que toda a rotina de labor vale a pena.
Quisera estar todo o tempo junto a ti.
E te dizer que te amo. . .

46
CORROSÃO

Com o mar a maresia,


Provocando a corrosão..
Do cobre, ferro, ou da prata.
Que ‘stranha reação!

Dos elementos e da química


Sobre um navio lá no mar
Que eu vejo bem distante
Num passado a afundar.

Quão profundo é o pesar


De um triste marinheiro
Lamentando a sua perda
De um navio o dia inteiro.

Dois elementos oxidantes


Que vêm da água e do ar
Corroeram os corações
Da companhia de pescar.

A corrosão ali causada


É seu triste desencanto,
‘Gora sangram as ferrugens
De um navio sofredor. . .

47
DEUS É ATEMPORAL

POR AQUI VIVES.


AQUI VIVERÁS.
DIMENSÕES
TU DOBRAS..
E VIVES MAIS

ENTRE NÓS,
NOSSOS FILHOS,
E FILHOS DOS FILHOS
DAS ESTRELAS DO CÉU.
DEUS É ATEMPORAL
E SEU DIA DE HOJE
É O DIA DE ONTEM.
É O AMANHÃ..
É UM DÉJÀ VU. . .

ÉS TU DEUS QUE
PELO COSMOS VIVE.
ÉS O COSMOS LIVRE
ATRAVÉS DA CRIAÇÃO.

48
MÁ FAMA

Os eventos se repetem.
O povo assim se entortece.
Minha estima se retorce.
Não há mais ato que reforce…
Ausente a persuasão.
Que fará o agente da mentira?
Que fará o agente da ilusão
Que está por baixo do aterramento?
Que vagava desnorteado..
Que com cem faziam pelo agrado
De não vê-lo vencer.. Ficara sem resposta.
Ficara à deriva, a enlouquecer. Falava
De suas ideias.. Que pouco valiam para alheios,
Pelos atos que não justificariam nunca..
Nem mesmo os meios.

49
VERSOS ALCOOLIZADOS

Versos alcoolizados
Têm sabor de poesia,
De compassos suavizados
E uma incrível melodia.

Aquecendo-me o licor,
Junto aos versos de Faria.
Era tudo que me trazia
Minha estranha calmaria...

Breves serão os momentos


Da solitária sobriedade,
De minha amarga sanidade.

Pois tudo passa no fim do dia


Quando versos alcoolizados
Fazem minha triste alegria.

50
DEPRESSÃO

Choro a morte duma


Distante parentesca
Abraçada aos meus sonhos
Que partiram sem dizer adeus.

E enfrento agora o desânimo,


Deitado no meu leito.
Aprendo a contar as horas,
Depois vivo a vagar pela casa.

Quando não me resta mais nada,


É isso que eu faço. Coisas vãs,
Insignificantes. . .

Pois pouco me resta das forças de outrora


Quando quem amo parte,
Quando quem amo vai embora. . .

51
DISCÓRDIA

Ai, quem me dera poder ter


Aquilo que eu não poderia ter.

Ser aquele que eu sempre quis ser,


O homem que te encontra no altar,

Me encontrar nos teus braços, poder te amar.


Passar o tempo aos amassos, poder falar

Que tudo valeu a pena.


Mas a pena toma sentido de sentença cruel,

Não é sofrimento vão, é o fim da paixão.


Não consigo relaxar, fico sem descontração.

Porque você me abandona e nem pensa,


Na hora mais escura, nos tempos mais difíceis.

Nos tempos mais difíceis.. Você não estava lá.


E quão lamentável fora você se ausentar.

52
[sem título]

Audio, câmbio, por favor responda!


Tel, me diga, contato e desliga.
Fone, som, cabe ao link via com.
Hassan, Hassan! Um sinal, uma frequência.

O xis que transmite na recorrência


Do dia a dia, é tamanha a sua influência
Pode falar de bombas a refrigerantes..
Falar de animais e dardos tranquilizantes.
Mensagens pro povo, da história, bandeirantes..
Quiçá falar apenas de alguns centroavantes.

Mensagens na troca, data, convoca.


De docilidade ou brutalização
Mensagens são fortes ou insignificantes.
Pros paranoicos aí tem armação…

53
BRUXAS DE AVALON

Bruxas de Avalon, retirem-se!


Hoje é um dia assim, nada mais..
Quero viver livre como quando jovem,
Quero viver livre como anos atrás.

Bruxas de Avalon me deixem em paz!


À execução, banindo sua luxúria que desfaz
Guenevere e eu, porque ela me realiza.
Guenevere e eu, razão do meu viver.

Fora uma história de amor cristalizado,


Mas hoje é casamento blindado, então,
Fora! Vão embora!
Seus disfarces não surtiram efeito agora.
Aqui não há ninguém que as ame como outrora.
Só passam vexame, ‘gora não há quem me engane..

Porque meu coração é cheio de amor


Por quem eu abri meu peito.
Por quem a minha vida deu sentido.
Por quem a minha vida deu cor.
Por quem a minha vida não é mais lodo
Mas é flor.

54
PERDÃO JAMAIS

Eu preciso de um perdão,
Mas não posso pedir.
Jamais!

Eu não.. Tenho vergonha.


Eu não quero, eu brigo
Com o orgulho podre
E nada na mão.

Meu Deus, isso é..


De deixar o queixo no chão..

Faz o favor, pedir perdão..


É importante, eu sei, mas..
Espera! Demanda-se
Sentimento verdadeiro,
Honesto, igualitário.

Tem que falar sério.. À vera!


Não pode ser ordinário,
Mas que fique só no meu imaginário.

Perdão é pra quem tem paciência,


Perdão é pra quando há conivência.
Perdão, não aguarde, porque aí vem desistência.

55
MADELEINE

Que trevas me assolam sem parar


Em meu coração, mutila minh’alma.
Ontem vi Madeleine com outro,
Hoje também.. O amanhã será
Um dia similar, um dia
Que vou lamentar.

Faço de tudo para esquecê-la


Ao menos em meus sonhos,
Ao lado doutra musa.

Uma que não seja apenas


Uma nostalgia de beleza
A qual me custa tornar

Uma realidade
Em minha vida.
Meu destino
Arruinado.

Ela, um bebê
De outro homem.
Minha ira então
A me consumir
Desastrado.

56
SE EU TE DEIXAR

Q’ria que soubesses


Que se eu te deixar
Foi a velha amiga.
A velha amiga má.

Q’ria que soubesses


Que não q’ria casar
Essa velha amiga
Assim faz arruinar..

Aquela história mais linda.


Aquele conto de fadas.
Hei de desistir de ti Florbela.

De uma forma de amor.


Doce troca de pesares.
‘Gora num b’raco me meti.

57
BULLYING

Vis serventes do diabo


Perseguem o pobre coitado
Com puxadas, empurrões,
Apelidos e xingamentos.

São nestes momentos


Que vemos até onde vão..
As pessoas sem coração,
A calmitude romper…

São vítimas os misfits,


Deslocados problemáticos,
Desafortunados na sociedade

Que encaram a maldade


De um jovem irreverente
Que não soube o que é respeitar…

58
SENTIMENTOS DOS HOMENS

Os homens dizem adeus


Quando estão só..
Ou quando se sentem unidos
A algo ou alguém
Que não os pertence ou convém…

Homens dizem não


À raça subestimada.
Homens rejeitam
A velha amada.

Quando se sentem sóbrios, estão de mau humor.


São ingratos.. Até quando se tem o amor.

Homens são humanos, parte da humanidade.


E quão falha é a humanidade..

Quão dura é a realidade..


E não se livrar do ópio que é a ignorância.

59
PRIVADA

Que cheiro fétido vem de lá


Misturado com o sabão.
A urina efervescida
Exalando o seu gás.

Na privada mal cuidada


A gordura não se desfaz.
Que terrível será meu dia
Suportando o bendito gás.

Esse gás que me sufoca,


Levou a minha sobriedade..
Já tirou o meu sossego.

Dessa casa eu me retiro,


Digo adeus ao mau cheiro,
Àquele odor de irritar!

60
O ANTROPÓLOGO

Atravessando as fronteiras
Da sociedade e da cultura.
Vencendo o preconceito
Ainda que pareça loucura

O costume e a crença
De cada povo neste mundo.
Seja indígena, seja persa,
O europeu rico, o pobre imundo.

São todos filhos da terra,


Filhos da terra, do céu e do mar.
São todos irmãos,
Ainda que haja guerra e guerra haverá!

E o que será da humanidade e seu legado?


Pesquisas profundas, tudo registrado..
O trabalho de um antropólogo
É algo extraordinário.

61
WWIII

Silêncio e apatia.
Era tudo que se via.
Assombrada a cidade
Pela terrível escassez.
Plena a descompaixão.
O sóbrio a lamentar.
Consumida pela ira
A cidade do pecado.
De homens pequenos
Mas homens notáveis.
Esse mesmo pecado,
A fúria nuclear..
Vinda lá de cima.
Assim lançada
Sobre a cidade
A derrocar.

62
NWO

Nova ordem no mundo


Era assunto de maluco
Mas o caos.. Já era a nossa paz.
Se já era, ‘gora ‘inda mais!

E as guerras que nos afligiam..


Hoje, quantos de nós matariam?
Por piedade imploram os homens!
Quanta lameira este mundo há de ver?

Encara-se medo, fogo, fúria e ódio.


Do credo que se espalha: Tamanha é a infâmia
Contra a perdida esperança,
Destruído está o código.

Nova ordem no mundo


Onde reina a crueldade.
Todo feito assim..
De implacável iniquidade.

63
HORIZONTE EM CHAMAS

Guerra nuclear
Instaura o pavor.
A terra adoece,
Torturoso definhar.

Eis o horizonte!
Em chamas desde o mar.
Horizonte em chamas..
Desde as montanhas.

Horizonte em chamas.
No meu carro
Estou a lamentar.

Oh, Deus, suplico-lhe!


Vou entristecer..
Meu adorado planeta
Eu não posso salvar.

64
POETA NECROMANTE

Eis a breve e amarga poesia


Que tinha ar de quem morreu
Dum triste poeta necromante
Que vários mortos reviveu..
Dizei a todos, dizei qu’eu vi
O falecido em seus versos
Dançando valsa, dançando
‘Quela dança dentro da cova
.........
Dançando valsa, dançando
‘Quela dança jamais cansou!

65
FEMINISMO

Face a face com a máquina.


Face a face, determinada.
Abandonada a submissão
Para que nunca mais se sofra.

Nós desatados duma


Rede que lhe marca..
Abaixo a opressão.
Abaixo o patriarca.

Ba-tom, beijo, terno e gravata.


Todos buscam sua identidade.
Todos querem felicidade..
Mesmo sendo agentes da iniquidade.

Mas hei de pensar no próximo,


Ser agente da busca pela igualdade.
Ser gente como a gente que quer
Uma nova era próspera de fraternidade.

66
CHUVA

Chuva. É carro que bate,


O teto vasa entulho!

Chuva, rio que enche


E no mar desemboca..

A chuva: Assunto grave,


Grossa violenta.

Chove chuva, desgraça se aguenta


Com o vento que venta.

Chuva que vem, que mata ou não mata,


Mas não se comporta.

Eis que a mãe cobre a filha, a filha é ingrata,


Ela pouco se importa.

Eita, lá vai o vira-lata nadando,


Nadando até alguma porta.

Latindo, uivando, se desesperando.


Só tem gente morta.

67
ENCERRAMENTO

. . . . . . . . Quanto às famílias que nós teríamos


Aqui, plenas de alegria, ‘té na Itália,. . . . . . . .
. . . . . . . . Num lar de amor, num lar de paz..
‘Gora jazem muitas delas em cinzas,. . . . . . . .
. . . . . . . . Antes almas torturadas nos hospitais
Por essa doença que nos condenara. . . . . . . .
. . . . . . . . Nunca apenas uma mera lembrança
De um trauma global para a fé. . . . . . . .
. . . . . . . . Além das bordas, humana arrogância.

68
HISTÓRIA DE COMBATENTE

Salve, nações guerreiras.


Que lutam sem temor.
Infantarias em choque
Acirrando a batalha.

Dentre as consequências
Inúmeras são as baixas
Dum campo sangrento.
História de combatente.

Bravos sejamos, homens, pois da guerra somos.


E nada nos resta além de rifles e morteiros.
Abraçai-vos suas famílias, é chegada a hora.

Erguei-vos outra vez pela glória dos ancestrais.


Erguei-vos meus fraternos, companheiros nas trincheiras.
Deus esteja conosco…

69
XADREZ

No tabuleiro, peças e peças


Que agora vão se atracar.
Passam-se os minutos..
Um movimento ali e mais outro lá.

Confirmo-te o principal objetivo:


Acabar com a liderança.
Quando o rei não se move
Despertando aquela ânsia...

Esse é o xadrez,
Essa é a sua praia..
Essa é a sua vez.
Vamos jogar?

Esse é o jogo
Que te faz pensar
Horas de atividades
Super neurais!

70
MONSTRO

Que será deste mundo de homens?


Se me falha a memória de como ser!
Pois se não busco prazeres, definho..
Quando meu coração reversa
Todo o sentimento que abrasara o peito
Se sobre minha cama te ausentas
E apenas encontro-me desvairado
Sobre seus seios apenas em sonhos. . .
Eu anseio, eu suplico pela força
De seu desejo, seu calor, mais carinho
É que na vida, pra tudo há seu preço,
Eu evito a mulher para não feri-la.
Eu a agarro para superar a fraqueza
Dum corpo débil de quem já viveu sozinho
Antes da derrocada do amor platônico
Antes da derrocada do amor narciso
Se ela não me quer, ora mato a minha besta,
Ou eu a enjaulo para ferir outra vítima,
Caso contrário a besta me mata..
Ora, certamente de vergonha insensata
Pois agora encontro-me encarcerado
Em sentimentos de luxúria e jamais serei feliz,
Pois sou homem, a infelicidade encarnada.

71
O SOL

Amigo do abraço caloroso


Sobre o homem e sua evolução.
Irradiando com toda a sua intensidade.
Nutrindo a todos nós, a humanidade.

Um regente através dos tempos


De cada civilização consciente.
De povos que o contemplam
Numa relação transcendente.

Alimento sagrado de toda manhã.


Como uma hóstia da eucaristia.
És a luz de meus caminhos.
És a força do meu viver.

72
POESIA DE ILUSIONISTA

Essa é poesia
Que mexe com você..
Mesmo com poucas palavras,
Efeito de surpreender.
Sons estranhos combinados
Fazendo o leitor rir
Dessas cadeias fonemizadas,
Até a máquina, a sorrir. . .

Começo a escrever,
Sou compositor, vamos lá..
Altos investimentos,
Na escrita ‘té aqui.

Poesia de ilusionista, para todo leitor.


Da adorada Rio das Ostras, uma terra sambaqui.
Poesia de ilusionista, num verso há mais valor.
Dum fidalgo campista que depois de escrever..

Sentiu um alívio, toma café de bom humor. . .


‘Gora à prosa e à vista. Resolvendo a fantasia.
Dos amigos, do vovô. Buscando aquela referência,
De fantasmas camaradas: Espanca, Dante e Allan Poe.

. . .Omar Swansinger, a poesia inovou. . .

73
POEMA DE INTRODUÇÃO

Linguística, literatura, política e teologia.


Artes: da música até a amiga poesia.
Dediquei-me! Vividamente ao verso e a prosa,
ao saber..
Que para alcançar meus objetivos, reconhecer
minha ignorância era mister.
Dediquei-me! Todos os dias, passo por passo.
‘Gora tenho os dotes de um velho sábio. . .
Valha-me Deus, e como dediquei-me!
A toda forma de ciência que eu poderia encontrar.

74
SONETO SAPIENS

Seres fantásticos,
Seres da criação,
Seres de amor,
E seres de ódio.

Seres da luz,
Seres das trevas!
Seres absurdos..
Seres sociais.

São estes os seres que prevaleceram


Dentre todas as humanidades
Na história da evolução.

São estes filhos de Deus, nascidos do cosmos.


Filhos das estrelas nas sombras do universo.
Sapiens, campeões teus, a ti a louvar.

75
UMA ODE A CHICO XAVIER

Amante de Cristo
Na busca espiritual.
Avante com as obras.
Ao lado d'Ele escrever
Pelo intermédio.. Oh,
Espírito Emmanuel. . .
Trazendo as mensagens,
Vindas do céu, vindas do lar.
Ensinai a todos a cristandade.
O valor da partilha, a conduta de amar.

76
POVO UNIDO

Corre atrás meu cidadão


Dos direitos de toda a nação.
Corre atrás, o povo unido,
Pelo aumento salarial.

Da mulher e do negro,
Busca ombro amigo
Do povo indígena,
Aquele povo antigo.

O povo unido.
O povo sofrido.
Vem reclamar..
Apenas vem!

77
LIVROS

Livros são
As partes
Do amor
Qu’eu vivi.

Vivi a vida.
A crença.
Por livros
Eu nasci.

Livros
Eu senti.
Livros,
Mon ami.

Livros
Para ti.
Todos
Aqui.

78
OS 7 ELOS ETERNOS

Asas de prata que batem nas chuvas


Pelo sangue que derrama pela espada da fúria
Do verbo do lorde dos céus que liberta

Do abismo profundo,
Das almas lamúria
Em tornados do inferno,
Num caos de luxúria.

Para ascender todas almas


Aos 7 elos eternos do amor.
Aonde apenas Deus com sua lei,
Misericordioso, veio e tocou. E cada
Homem e mulher antes miserável..
‘Gora vivem eles plenos de paz,
Lá onde a vida é sem fim.
Lá onde o fim é morte jamais.

79
ALZHEIMER

Ai, temido obstáculo.


Sei que possuis um e mais outro aliado.
Olha o que fizestes com o pobre coitado..
Depressão torturante é seu primo estado.
Sofre como nunca, encontrando-se perdido,
Lembrando-se de não lembrar.

Amigos já não suportam a convivência sofrível,


Crises de raiva assolam o parentesco.
Amigos com Alzheimer possuem..
Um comportamento pra lá de grotesco.

Novamente encontra-se irado. Ô homem angustiado..


Apontam-se crimes, acusam-se calúnias.
Exaurem-se as forças mentais..
E vivem-se dias pouco produtivos,
Outros ainda menos, mas pouco desiguais.

80
MISTÉRIOS DA LÍNGUA E DA FALA

Das trevas à gênesis. História da origem.


Eis um legado além do céu e do mar.
Em seguida, o verbo a atuar.. Oh, criador,
Da palma de tua mão: a luz da sabedoria.

E na consciência humana: um aprimoramento.


Cultivando assim, esse novo invento.
A estimada linguagem! Evoluindo da compreensão
De cada irmão, baseamo-nos no relacionamento.

Pois somos pouco sem os semelhantes.


Hoje somos sapiens sapiens falantes(antigos errantes).
Sapiens sapiens, seres sociais, fugindo da solidão,
Com sede, fome, frio e medo, em busca de paz.

E pra isso, desde os primórdios


Usamos a comunicação, pela salvação,
Dotados de uma singular fisiologia e intelecto.
Nenhum outro ser possui tal aspecto.

Sei que pode ser difícil de acreditar,


Mas há bilhões de anos,
Uma revolução cognitiva se iniciava..
E desde então, haja terra caminhada.

Acompanhados dos mistérios da língua e da fala.


Feitos de descobertas e compartilhamentos.
De sons, combinações, e aí, imagens acústicas.
Das maiores invenções, delas, as últimas.

81
HAICAIS
MARÉ

Forte é a maré
Na beira a lamentar
Impiedosa é a dor
Da doce Iemanjá

AREIAS DO VENTO

Longos hão de ser os minutos


Bastaria apenas o sol para crer
No caminho que hoje eu traço
Através do tempo eu posso ver
Que estão a fluir bem devagar
Sobre as dunas areias do vento
Debruçando sobre a máquina
Sufocando meu árduo alento

HAICAI DE BÚZIOS

Eis tamanha fonte de inspiração


Olha pro mar, poeta, começa a escrever
Imensa é a beleza, mui rara deste mar
Deste mar de Búzios, um paraíso a contemplar

82

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