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Ficha informativa n.

º 1
Crítica social

Vieira – observador crítico

A figura de Padre António Vieira destaca-se […] no panorama literário,


histórico-cultural e mesmo político do nosso século XVII. […]

Vieira, espírito atento à realidade do seu tempo e que a vida colocou próximo
das esferas do poder, dá-nos abundantes e valiosas informações sobre factos
políticos, meandros diplomáticos, bastidores de decisões governativas; e sobretudo
lança o seu olhar agudo e crítico, emitindo pareceres, propondo medidas, dando
conselhos, relatando a sua própria atuação no plano político.

«Introdução a Padre António Vieira», in História Crítica da Literatura Portuguesa (coord. de Maria Lucília
Pires e José Adriano de Carvalho), vol. 3, Lisboa, Editorial Verbo, 2001, pp. 295-297.
Ficha informativa n.º 1

Vieira – defensor dos índios

Depois de chegar ao Brasil, […] Vieira descobre que,


em 1653, mais de dois milhões de índios haviam sido
mortos em quatro décadas de colonização. Quando em
1654 volta ao reino, […] não pode deixar de denunciar
tantas atrocidades.
Os colonos exploravam de uma forma desumana os
índios. […] Vieira defendia os seus direitos e pretendia a
Padre António Vieira convertendo abolição de leis que os tornavam cativos. A palavra era a
os índios do Brasil, c. 1841, gravura
de C. Legrand. sua maior arma. […]
Ficha informativa n.º 1

Aproveitando o facto de a 13 de junho ser o dia de Santo António […] pronuncia

o célebre Sermão de Santo António aos peixes, que deixou enraivecidos os espíritos
por aquelas paragens […]. O tema do sermão é a denúncia das atrocidades que os
índios sofrem às mãos dos […] colonos. Toda a crítica é feita sob a forma de alegoria,
na qual os peixes simbolizam os vícios dos homens.

Fernanda Carrilho, O Sermão de Santo António aos Peixes de Padre António Vieira,
Lisboa, Texto Editores, 2008, pp. 47-58.
Ficha informativa n.º 1
Alegoria

Escolhendo como auditório, e à semelhança do ocorrido outrora com Santo


António, em Itália, os peixes, já que os homens (neste caso os colonos de São Luís do
Maranhão, em 1663) parecem ser maus ouvintes e não aceitar a pregação, Vieira
elabora uma ampla alegoria em que se propõe louvar, por um lado, e criticar, por
outro, os peixes (atribuindo-lhes qualidades que não encontra nos homens, no
primeiro caso, e criticando-lhes os defeitos comuns aos mesmos homens, no
segundo caso).

É para todos óbvio que o que preocupa Vieira são os comportamentos errados
dos homens, contra quem, afinal, este sermão constitui uma vigorosa diatribe.
Amélia Pinto Pais, História da Literatura em Portugal – Uma perspetiva didática,
vol. 1, Porto, Areal Editores, 2004, p. 221.

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