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Filosofia – O Estatuto do Conhecimento Científico

CONHECIMENTO VULGAR E CONHECIMENTO CIENTÍFICO


A ciência é uma tentativa sistemática e organizada de compreender o mundo:
de que é feito, como funciona e porquê.
A ciência:
- É autónoma em relação à religião e à especulação filosófica.
- É metódica da seguinte forma:
1. Começa-se por fazer observações cuidadosas do objeto de estudo.
2. Formulam-se hipóteses explicativas do que foi observado.
3. Realizam-se experiências para deduzir as consequências das
hipóteses.
4. Selecionam-se as hipóteses confirmadas, formando leis científicas.
A isto chama-se o método científico ou método experimental.
- Tenta admitir o rigor e a precisão da linguagem matemática.

Ciência VS Tecnologia
- A ciência investiga e formula teorias explicativas.
- A tecnologia cria instrumentos que aplicam a ciência.
- Logo, a ciência precisa da tecnologia para a sua validação e a
tecnologia precisa da ciência para a sua criação.
- Na ciência estão presentes os cientistas enquanto na tecnologia estão
presentes os engenheiros.

O Conhecimento Vulgar – Senso Comum


- É o conjunto de crenças comuns a uma grande parte dos seres
humanos.
- Crenças que são justificadas pela experiência quotidiana e pelo seu
valor prático.
- Mantêm-se, então, ao longo de gerações sem que sejam postas em
causa.
Senso Comum VS Conhecimento Científico
- A ciência, ao contrário do senso comum, tem a capacidade de formular
teorias explicativas.
- O senso comum pode dizer que certa planta tem propriedades
curativas, mas raramente explica porquê.

i Senso Comum Ciência


Como se Como um corpo de Como um corpo de
apresenta? conhecimentos dispersos e conhecimentos sistematizados
pouco estruturados. e fortemente estruturados.
Como se Muitas vezes de forma Tipicamente, é o resultado de
adquire? espontânea, sendo outras investigação metódica e
vezes herdado de gerações organizada.
anteriores.
Qual a Geralmente procura-se A finalidade é geralmente
finalidade? descrever as coisas com fins produzir boas teorias
essencialmente práticos. explicativas.
Como é É encarado e transmitido de É criticamente avaliada e
encarado(a)? forma geralmente dogmática. testada pelos próprios
cientistas.

O MÉTODO CIENTÍFICO: A PERSPETIVA INDUTIVISTA


Associa-se a perspetiva indutivista clássica ao método experimental, tendo
sido originalmente defendida pelo filósofo Francis Bacon.
As generalizações e as previsões são raciocínios indutivos.
- Nas generalizações observamos casos particulares e chegamos a uma
conclusão geral.
- Nas previsões observamos casos passados para fazer uma conclusão
particular no futuro.
Indutivistas – Não haveria ciência sem a indução, cujo papel é central no
método científico. A dedução não acrescenta conhecimento. A indução está
duplamente presente no método científico – tanto no processo de descoberta como
no processo de justificação das teorias.
O método experimental também pode ser chamado método hipotético-
dedutivo pois deduz consequências das hipóteses.
O Papel da Indução na Descoberta e na Justificação
Tanto a lógica da descoberta como a lógica da justificação têm caráter
indutivo.
Uma hipótese só é vista como uma descoberta se permitir explicar as
observações realizadas, logo acaba por ser sempre o resultado de uma generalização.
As hipóteses só são aceites como teorias gerais se forem sucessivamente
verificadas por experiências particulares, logo, as leis científicas são o resultado da
indução a partir de experiências em que se verifica aquilo que é previsto pela teoria.

Descoberta 1.Observação --> Indução --> 2.Hipótese

Justificação 3.Experimentação --> Indução --> 4.Lei Geral

CRÍTICAS AO INDUTIVISMO
Como Observar o Inobservável?
Os indutivistas defendem que a ciência parte sempre da observação e
segue-se da aplicação da indução para chegar a teorias capazes de explicar o
que foi observado.
Alguns filósofos argumentam que isto não é verdade. Por exemplo, há
várias explicações científicas que seriam impossíveis de observar diretamente,
como o caso das teorias atómicas ou das teorias acerca dos campos
magnéticos.
A Observação Pura é Possível?
Os indutivistas defendem que a observação significa registar e
classificar cuidadosamente os factos empíricos de forma completamente
neutra e imparcial.
Muitos filósofos sublinham que perante todos os factos observáveis, o
cientista tem que selecionar o que interessa. Ora, a não ser que decida
aleatoriamente os factos que seleciona, o cientista só pode tomar esta decisão
com base num critério preconcebido.

O Problema da Indução
Considerada a mais importante objeção ao indutivismo por muitos e
inicialmente apresentada por David Hume, esta visa criticar a parte da
generalização no indutivismo, sendo que um argumento indutivo seria
imediatamente contraposto ao encontrar uma única contraprova à
generalização.
Hume ainda afirma que não podemos confiar neste tipo de argumentos
pois ao fazer uma afirmação como “Todos os corvos são pretos” estamos a
tomar a natureza como constante garantidamente pois até agora todos os
corvos vistos eram pretos, mas afirmar que a própria natureza é constante
também é uma previsão de que, como até agora se tem mantido constante, no
futuro assim continuará.
Assim, Hume diz que a indução invalida qualquer conhecimento obtido
através dela pois esta justifica-se sempre noutro argumento de indutivo.

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