Você está na página 1de 4

________________Classes sociais e desigualdades sociais_______________

Índice + “vamos falar sobre”


1. Introdução - Eric Hobsbawn
A sociologia é chamada a “filha” da dupla revolução pois eclodiu com a revolução
francesa e a revolução industrial, esta designação foi atribuída pelo historiador britânico Eric
Hobsbawn.
As democracias liberais unem o respeito pelos direitos civis, políticos e sociais à
economia do mercado capitalista, regida pelas leis da oferta e procura e pela busca das
vantagens comparativas. Assim, as sociedades deparam-se com um jogo de soma-zero (o que
uns ganham, outros perdem), o que leva a que as desigualdades sociais sejam encaradas como
um fenómeno indissociável do funcionamento social geral.

2. Desigualdades sociais
As desigualdades sociais são as diferenças entre pessoas, grupos e classes que são
subentendidas e sentidas como injustas pela sociedade como um todo. A análise destas
desigualdades podem ser a partir de uma multiplicidade de dimensões como a origem social,
a etnia, a idade, o género, a nacionalidade, a orientação sexual e em vários domínios como o
económico, o desportivo, o político e o familiar, entre outros.
“As desigualdades são um aspeto estruturante e transversal da sociedade. Por isso
mesmo, elas são-nos de algum modo familiares, fazem parte da experiência corrente de todos
e cada um de nós. Além disso, nos últimos anos, as desigualdades sociais voltaram a estar
presentes como tema destacado do debate social e político e da comunicação mediática.”
(António Firmino da Costa)
Por outras palavras, os sistemas sociais produzem e reproduzem um conjunto de
classes de desigualdades sociais, estruturando-se, entre outras formas, através das classes
sociais.

3. Classes sociais
As classes sociais são um poderoso lugar de socialização e um contexto onde
aprendemos, por transmissão permanente e quotidiana um conjunto de normas, valores,
comportamentos, maneiras de agir, pensar e sentir que condicionam a nossa existência
material e simbólica, ou seja, quer as condições objetivas de vida (alimentação, habitação...)
quer a definição de projetos e aspirações.
“Classes são categorias sociais cujos membros, em virtude de serem portadores de
montantes e tipos de recursos semelhantes, tendem a ter condições de existência semelhantes
e a desenvolver afinidades nas suas práticas e representações sociais, ou seja, naquilo que
fazem e naquilo que pensam. Falar de estrutura de classes é falar, então, de sistemas
duradouros de diferenças, a esses vários níveis, entre indivíduos que ocupam distintos lugares
de classe.”
(João Ferreira de Almeida)

4. Lugar de classe
Ao nascer, herdamos, além de um património genético, um determinado lugar de
classe sendo, esta herança, inultrapassável, mas condiciona os percursos de cada um pois
fornece um conjunto de ferramentas e recursos distintos que permitirão alcançar objetivos e
formular projetos de vida.

5. Consciência de pertença a uma classe


Ao percebermos isto desenvolvemos uma consciência de pertença a uma classe que
está na origem, frequentemente, de conflitos de classe. Por exemplo, o movimento “Occupy
Wall Street” em 2011 em Nova Iorque, uma das bandeiras de combate proclamava que
apenas 1% da população possuía 99% da riqueza, defendendo maior justiça económica e um
apertado controlo do setor financeiro. Então, a existência de classes mostra que umas se
destacam em relação às outras, por exemplo, é difícil igualar um salário de um empresário ao
de um operário.

6. Espaço social
O conjunto das posições sociais constitui o espaço social.
É um conceito que está associado ao espaço multidimensional onde as relações sociais
são efetivadas através da interação entre os atores sociais (seres humanos). Durante nossa
vida, participamos de diversos espaços sociais onde interagimos com os outros seres
humanos por meio da linguagem. Podemos considerar espaços socais: a casa, a escola, o
trabalho, a igreja, dentre outros.

Do ponto de vista do sociólogo francês Pierre Bourdieu, a posição que ocupamos no


espaço social define-se tendo em conta a concentração dos capitais que possuímos:

 Económico: permite a aquisição de bens e serviços, assegura as condições materiais


de existência;
 Social: entende-se como a capacidade de estabelecer relações sociais “proveitosas”;
 Cultural: inclui o escolar, fornece códigos, linguagens e utensílios para pensar e
representar o mundo, influenciando o acesso à educação escolar;
 Simbólico: honra, prestígio, autoestima.
Assim como o capital atrai capital, a falta de recursos numa determinada dimensão
leva, por acumulação e reprodução, à escassez de recursos noutra dimensão. Quem tem
capital económico poderá, com maior facilidade, proporcionar aos filhos uma escolaridade
com todo o tipo de utensílios didáticos e dispositivos pedagógicos (a escolha de uma escola,
compra de um computador, por exemplo), o que se traduzirá, porventura, na acumulação de
capital escolar e cultural em geral. Quem possuí um maior capital social pode tirar proveitos
em capital económico, já que a extensa rede de relações sociais em que se movimentam lhes
permite conhecer “as pessoas certas nos lugares certos”, fazendo as oportunidades de
emprego “acontecer”, ou seja, possuir emprego por cunha. Quem tem menor capital cultural
sente maior distância face ao poder, autoexcluindo-se da participação no espaço público e
acesso à informação.

7. Em Portugal
Em Portugal, as mulheres sofrem desigualdades, apesar de possuírem uma grande
vantagem em alguns indicadores, como na esperança média de vida e na frequência no ensino
superior, sofrem múltiplas e cumulativas desvantagens no acesso a empregos de topo, na
remuneração salarial, na taxa de desemprego, na participação política e até nos cuidados de
saúde.

___________________Classes sociais e estilos de vida__________________


Índice
1. Subjetividade dos agentes
Segundo Bourdie, a subjetividade dos agentes, ou seja, a maneira como agem,
pensem e sentem, é condicionada e moldada pelas desigualdades estruturais de uma
sociedade. A subjetividade é amplamente formada pelos processos de socialização.

2. Distinção social
A posse de determinados bens e a maneira como são usados permitem aos detentores
de capital económico exercer uma distinção social face aos demais, há uma diferença em
relação ao que denominamos por “vulgar”, “comum”, “popular”. O bom gosto é, por isso, um
objeto de lutas sociais.
É comum as classes dominantes abandonarem o uso de determinados bens e
serviços pelo facto de indivíduos de outras classes sociais terem acesso aos mesmos bens e
serviços. Por exemplo, o fenómeno de contrafação (cópia ilegal de artigos de marca) tornou
acessíveis às classes com menor capital económico esses produtos de “luxo” que antes lhes
eram interditos devido ao preço elevado. Em consequência, estes produtos perderam o seu
valor e as classes dominantes procuraram novos símbolos de distinção social, num processo
de reorientação do seu gosto.
É tendencialmente verdade que duas pessoas que partilhem a mesma classe social
terão uma série de afinidades de estilos de vida, como gostos, práticas, linguagens e maneiras
de agir e pensar iguais, mas não é por isso que não existam diferenças. Por exemplo, dois
rapazes nascidos numa família operária, vivem até serem adultos com os pais, serão sempre
agentes sociais diferentes apesar de haver muitas características comuns.

3. Luta de classes
A luta de classes é um conceito que diz respeito à expressão dos conflitos entre as
diferentes classes sociais, portadoras de interesses completamente antagónicos e
inconciliáveis entre si. Tais lutas são travadas não só no campo económico, como também
político e ideológico. O conceito ganhou “forma” nos escritos de Karl Marx e Friedrich
Engels, mas continuou a ser desenvolvido pelo pensamento marxista, sendo uma ideia chave
para compreender a história e a dinâmica das sociedades modernas.

__________________________________Conclusão________________________________
Concluindo, cada indivíduo filtra, seleciona e interpreta os ensinamentos e as
aprendizagens de forma específica. De hoje em dia a multiplicidade de agentes de
socialização, os papéis sociais e as experiências de visa contribuem para o reforço da
subjetividade dos agentes sociais.

Você também pode gostar