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AULA DE SOCIOLOGIA

Movimentos
Sociais e
o Direito
Prof. Ismael de Córdova
Autores
TEXTOS BASES:

SOCIEDADE CIVIL NO BRASIL:


MOVIMENTOS SOCIAIS E ONGS -
MARIA GLORIA GOHN

MOVIMENTOS SOCIAIS E DIREITO: O


SENTIDO DO ENFRENTAMENTO -
GUSTAVO ANGELELLI
Maria da Gloria Gohn
Pós-Doutora em Sociologia, New School for Social
Research-New York/EUA;

Doutora em Ciência Política,


Universidade de São Paulo-USP;

Professora Titular, Faculdade de Educação da


Universidade Estadual de CampinasUNICAMP;
E-mail: mgohn@uol.com.br.
Gustavo Angelelli
Doutorando e Mestre em Filosofia e Teoria Geral do
Direito pela Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo.
Graduado em Direito pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Bolsista pela
CAPES/PROEX.
Advogado e Professor Universitário na
Universidade Cruzeiro do Sul
Artigo Publicado na Revista Faculdade. Direito.
Univ. São Paulo v. 108 p. 785 - 800 jan./dez. 2013
Sociedade Civil no Brasil:
movimentos sociais e ONGs

CIDADANIA
Conceito de cidadania, afirma que seu sentido varia no tempo e no espaço, existe
diferença de ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil, e ainda
tem países que falar sobre cidadania é sinônimo de Tabu.

Mesmo dentro de cada estado-nacional o conceito e a prática da cidadania vêm se


alterando ao longo dos últimos duzentos ou trezentos anos havendo maior ou
menor incorporação dos imigrantes a cidadania, ao grau de participação política
de diferentes grupos(o voto da mulher, do analfabeto), quanto aos direitos sociais,
à proteção social oferecida pelos Estados aos que dela necessitam (Pinsky, 2003).
Origens Cidadania:

Grécia Clássica - Aristóles

Romanos - Estatuto Legal de Cidadania - Res


publica

Max Weber - Período Medieval - Cidadão é o


habitante (nacionalidade)

Iluminismo - 1) Mercado/Posse/Propriedade
- 2) Democracia

A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM DE


1789 FIRMOU A PROPRIEDADE COMO DIREITO
SUPREMO, ONDE NASCE O SUJEITO POLÍTICO
BURGUÊS, O CIDADÃO QUE DEVERIA SER UM
PROPRIETÁRIO TINHA DIREITOS POR SER UM
SER HUMANO PROPRIETÁRIO E NÃO POR SER
MEMBRO DA POLIS.
PARTICIPAÇÃO

A autora entende a participação como


um processo de vivência que imprime
sentido e significado a um grupo ou
movimento social, tornando-o
protagonista de sua história,
desenvolvendo uma consciência
crítica desalienadora, agregando
força sociopolítica a esse grupo ou
ação coletiva e gerando novos valores
e uma cultura política levando a
transformação social.
SIGNIFICADO

Significado é o conceito de algo, como ele se


define e é para os sujeitos que participam das
ações coletivas, por exemplo.
Os significados são aprendidos e apreendidos, são
socializados: são identificados, confirmados e
testemunhados por aqueles que se defrontam com o
outro.
Ex. Movimento Estudantil
Para que o indivíduo ou um grupo possa dar
sentido à sua participação numa ação social, ele
tem que decodificar o significado do que está em
tela, em termos do conteúdo das mensagens
implícitas determinar quem é o emissor e o
receptador, que universos simbólicos contêm, que
valores defendem ou rejeitam.
RECONHECIMENTO
Reconhecimento que é o resultado da forma de aprendizado posta
pela identidade é primeiramente discernir uma identidade que se
mantém ao longo das mudanças (Ricoeur, 2004).

Reconhecer implica não somente obter reconhecimento externo,


pela raça, sexo, ou qualquer outra forma característica
cultural; reconhecer é também um processo interno, subjetivo.

Com a identidade e o reconhecimento inicia-se o


processo de dar sentido às ações, individuais ou
coletivas.
COMUNIDADE, CAPITAL SOCIAL
E TERRITÓRIO

COMUNIDADE CAPITAL SOCIAL


TERRITÓRIO
COMUNIDADE
Nos anos 70 (MS), na América Latina, especialmente no
Brasil, uma ideia-chave, emblemática, que atuou como
princípio político organizado das camadas populares
na luta por seus direitos sociais e econômicos.

A categoria “exclusão social” ainda não imperava com a


força que hoje tem nas Ciências Humanas.

A comunidade representava a unidade mínima básica


para a organização deste povo, era uma base territorial
dotada de força política à medida que agregava
associações e movimentos sociais territorializados,
que demandavam bens e serviços urbanos mínimos, de
forma que se integrassem no processo urbano-
industrial vigente.
Desenvolver a comunidade significava lutar pelo acesso a implantação dos
serviços de creche, escolas, postos de saúde, transportes, lazer e cultura etc.

Em resumo a força social do povo advinha da comunidade organizada.

A comunidade como base de forças sociais organizadas teve seu ápice na


metade dos ano 80, período que ocorreram várias mudanças na conjuntura
política, tanto nacional, com a redemocratização do país, quanto
internacional, com a queda do muro de Berlim e a crise dos regimes
socialistas do leste europeu.
Avançando para os dias atuais, a autora cita Richard
Sennett(1989) que afirma

“na atualidade ocorre uma concepção distorcida da comunidade,


que ele denomina de comunidade destrutiva, decorrente da
confusão entre a vida pública e privada, da invasão da
privacidade, da transfiguração do publico em privado e da busca
de recriação, numa comunidade intimista, da ilusão e da crença de
que as pessoas ao se abrirem uma com as outras, criam um tecido
que mantêm unidas[...]
[...]
“A comunidade é reduzida a um pretenso ser coletivo e não produz
uma ação coletiva propriamente dita, e sim uma “guetização” nas
relações sociais e não se constrói uma cultura política nova,
solidária, a ser resgatada e construída a partir de núcleos de
vivência e de existência".
Capital Social

Pela ótica de Robert Putnam(1996), afirma que o Capital Social ganhou


nova significação nos anos 90, para ele o conceito de comunidade é
impregnado de individualismo e o capital social firmou-se nos círculos
intelectuais americanos para substituí-lo.

O capital social refere-se à conexão entre indivíduos, redes sociais e as


normas de reciprocidade e lealdade que nascem deles.

O capital social é uma categoria que também abrange múltiplos


significados.
Território
O poder local se exerce no espaço de relação da sociedade civil com a
sociedade política num determinado território, categoria que se vem
impondo no lugar de comunidade porque ela incorpora a dimensão do
espaço lugar aliada a processos de relações sociais, refere-se ao lugar
da memória, da história, da cultura e do poder da política.

É uma categoria geográfica espacial, estática, como num mapa cartorial,


sendo também o suporte de práticas identitárias; ele está na base dos
conflitos e na construção de consensos.
MOVIMENTOS SOCIAIS E DIREITO: O SENTIDO DO
ENFRENTAMENTO Gustavo Angelelli
Os movimentos sociais expressam o
descontentamento de um grupo de
pessoas, que se identificam em torno do
protesto, vinculando este a um tema
específico, semanticamente construído,
para combater uma estrutura que impera
na sociedade e gera exclusão.

"pretensão generalizada dos movimentos


sociais de alterar a “ordem”, de “lutar
contra o sistema".

.
“Os movimentos sociais produzem conflitos, geram
instabilidade, abrem espaço para a variação das
estruturas do sistema”.

Mas, questiona Celso F. Campilongo, “até onde vai a


instabilidade necessária do sistema?

O Direito, enfrentado pelos movimentos sociais, não


permanece indiferente.

Seu ambiente produz variação.


A reconstrução ou desconstrução do sistema jurídico,
portanto, deve-se dar com base na geração de desconfiança,
abalando a estrutura institucionalizada e, consequentemente,
o consenso sobre os quais o direito produz a generalização de
expectativas.

Tendo em vista que a função do direito é a estabilização das


expectativas normativas, por meio da generalização
congruente destas, e sendo a interpretação jurídica modo
de observação da sociedade e de construção de sentido, é ela
tanto um alvo privilegiado dos movimentos sociais, pois
guarda a possibilidade de realizar as alterações, como um
mecanismo de proteção do direito, uma vez que pode
garantir a manutenção das expectativas.
Afinal, a interpretação jurídica “reduz complexidade, produz
seleções, reenvia o sentido do direito para os demais sentidos
do direito e da sociedade”.

Nessas condições, os tribunais, que compõem o centro do


sistema jurídico, encarregados de produzir interpretação e
validá-la por meio de decisão, aparecem em posição de
destaque.

O Direito pode ver-se obrigado a promover mudanças


imprevistas, que lhe permitam lidar com a contingência e
manter regulada sua instabilidade o que, visto de outro
ângulo, pode consistir na conquista do objetivo do protesto
pelos movimentos sociais.
Os novos movimentos sociais perseguem o
objetivo de mudar o direito. Em casos
extremos, não só o direito: mudar a sociedade.
No interior do sistema jurídico, a pretensão de
mudança (...) assume diferentes orientações:

(i) simplesmente ridicularizar e protestar


contra o direito;

(ii) apostar no direito unicamente em razão do


espaço que ele mesmo oferece para suas
modificações;

(iii) ver no direito um sistema que pode


estabilizar expectativas e promover
reestruturação de expectativas.
Obrigado pela
atenção !

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