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-Ao contrário das cantigas de amigo, as cantigas de

amor apresentam um sujeito poético masculino.


Este, exprime os seus sentimentos por uma senhora
de alta sociedade, que, nos poemas, apresenta a
denominação de “mia senhor”.
-O poeta nas cantigas segue o código cortês, ou
seja, não identifica a senhora, uma vez que esta
-As cantigas de amigo, de origem autóctone, têm pode ser possivelmente casada. A figura feminina é
como sujeito lírico uma donzela, de baixa condição idealizada como perfeita, quer seja fisicamente
social, mesmo sendo um trovador a escrever. (cabelo, pele…), que psicologicamente (bom senso,
-Nestas cantigas, a donzela exprime os seus sabe falar…). Todas as qualidades da senhor são
sentimentos para com o amigo/namorado. Quer justificadas através da intervenção divina.
sejam de felicidade, como a alegria do reencontro, -Por estas razões, a destinatária da cantiga torna-se
a confiança ou a sensualidade. Quer sejam de inacessível, o que cria o sofrimento do trovador
tristeza, como a amargura do abandono, o (coita de amor). Além disso, é possível notar nas
esquecimento do amigo pela donzela e a saudade. cantigas a presença da vassalagem amorosa. Tudo
Além disso, algumas vezes, as cantigas de amigos isto leva o sujeito poético à loucura ou, em caso
são bailadas que têm como tema a devoção e a extremo, à morte por amor.
festa religiosa. -O ambiente destas cantigas é palaciano, sempre
-Normalmente, a donzela confia os seus marcado pelo código cortês.
sentimentos à mãe ou às amigas, quando se -Os temas mais marcantes destas composições
encontra num ambiente doméstico ou familiar. poéticas são o sofrimento de amor, a angústia e o
Outras vezes, quando se encontra no ambiente desespero.
rural, o sujeito poético torna a Natureza a sua
confidente.
-Alguns exemplos de cantigas de amigo são, -Estes tipos de cantigas serviam para os trovadores
“Ondas do Mar de Vigo”, “Ai eu, coitada, como vivo conseguirem criticar e satirizar a moralidade, a
en gran cuidado” e “Bailemos nós já todas tres, ai política, a sociedade ou alguém em específico.
amigas,” . -As cantigas de escárnio ridicularizam um costume,
atos socias e políticos. Estas nunca chegam a
identificar a pessoa e utilizam sempre a ironia.
Sujeito Poético -Por outro lado, as cantigas de maldizer identificam
(Donzela)
e ofendem explicitamente uma pessoa em causa,
Ambiente Ambiente Ambiente
sem haver qualquer tipo de ironia
Doméstico Rural Social
-As cantigas de amigo, apresentam uma estrutura
Mãe Natureza Romarias rítmica e estrófica com a presença de dois processos.,
o refrão e o paralelismo. Em termos estilísticos há a
presença de personificação, comparação e apóstrofe.
Amigas -Nas cantigas de amor, o refrão pode ou não existir e
em recursos expressivos existe a adjetivação, a
hipérbole e a comparação.
-Nas cantigas de escárnio e maldizer é utilizado o
cômico e a ironia.
Atores
Individuais Coletivo
Álvaro de D. Leonor Gentes de
D. João I
Pais de Teles Lisboa

-Neste capítulo, o pajem do Mestre anda pelas ruas,


-A crónica de Fernão Lopes é uma legitimação da a caminho da casa de Álvaro de Pais, a gritar que D.
Dinastia de Avis, sendo iniciada após uma crise João I está a ser morto nos paços da rainha. Isto
política que vai de 1383 a 1385. causa a que o povo saia das suas casas com armas.
-Além disso Fernão Lopes ficou conhecido pelo -Álvaro de Pais, já preparado, influencia o povo a
autor que tanto relata os acontecimentos como um ajudar o Mestre e para que este se dirija às portas
historiador como um autor que apresenta do paço. Quando chegam lá, a gente de lisboa,
subjetividade tal como um cronista. ansiosa e agitada, tenta entrar para confirmar se o
D. João se encontra vivo.
-Depois do alvoroço, o Mestre aparece à janela e a
-Na crónica, a afirmação da consciência coletiva multidão acalma e fica feliz por este estar vivo. De
existe no sentido que o verdadeiro herói da obra seguida, D. João deixa os paços para se encontrar
não é um herói individual, mas sim um herói com o conde D. João Afonso.
coletivo (o povo). -O Mestre chega a ser acolhido pelo conde e pelos
-O povo é caracterizado com imenso realismo, funcionários e alguns fidalgos. À mesa, D. João
vivacidade, pormenor e emotividade, especialmente descobre que o povo quer matar o bispo, o que se
quando se revolta e procura pelo Mestre ou quando acaba por concretizar.
passa fome e privações como consequência do -Neste episódio, Fernão Lopes torna a população o
cerco. protagonista e transmite-nos a sua movimentação
-A voz do povo (o sentir dos homens, mulheres e com sensações visuais e auditivas.
mesteirais) é transmitida através de uma voz -Além disso vê-se um afunilamento do espaço (rua-
anónima e da multidão. Algumas vezes, a própria paço-janela)., onde o clímax atinge quando o Mestre
cidade quase que assume o estatuto de aparece à janela. Depois disto, o ritmo da narrativa
personagem coletivo. acalma e os sentimentos da população são
baseados em alegria e felicidade.
-Em termos de subjetividade, nota-se que o autor
-Ao longo da crónica, como já foi referido, existem apresenta uma simpatia pelo povo e a sua defesa
atores coletivos. Contudo, a obra também apresenta
atores individuais. do Mestre.
-Em linguagem e estilo, é necessário salientar o
-Como atores coletivos, temos a gentes de lisboa
(lavradores, homens-bons, as mulheres). visualismo e dinamismo que são transmitidos
através do apelo às sensações e do uso de verbos
-Como atores individuais, temos o Mestre De Avis, de movimento.
Álvaro de Pais e D. Leonor de Teles. O Mestre é
caracterizado como um homem vulgar, hesitante, •Saida da multidão
vulnerável e receoso (após o assassinato do conde Ruas de Lisboa e agitação inicial
Andeiro). Além disso, mostra-se como um
personagem realista, um líder “desfeito”, mas Portas do • Clímax de ansiedade e
solidário. Álvaro de Pais, burguês, é o homem que raiva do Povo
espalha a mentira que estão a matar o Mestre,
Paço
influenciando assim o povo. Por fim, Leonor de • Aparecimento do Mestre e
Janela alívio do Povo
Teles é uma mulher que gera ódio na população e
tem como apelido aleivosa (traidora).
-Neste capítulo, o povo de Lisboa, ao saberem da
vindo do Rei de Castela, recolhem alimentos e gado
morto para alimentação. As populações, em geral,
movem-se para a cidade com tudo o que têm;
outros vão para Setúbal e Palmela e outos
permaneçam em terras que apoiam os Castela.
-De seguida, começa-se a preparar a defesa da
cidade. Em primeiro lugar, defendeu-se Lisboa a -Como protagonista da farsa, temos Inês Pereira. O
nível das muralhas e das torres (tarefa de fidalgos maior desejo desta personagem é casar com o
e cidadãos honrados). Depois, defende-se as portas intuito de ter mais liberdade, uma vez que diz que
da cidade e finalmente defende-se a ribeira através está descontente e sente-se “cativa” na sua própria
da implementação de estacas para dificultar a casa. Para casar, Inês idealizou o seu marido de
passagem. A defesa principal, passa a ser o muro à sonho, tinha de saber falar bem e de tocar viola.
volta das muralhas da cidade. Quando foi enganada no seu primeiro casamento
-Durante o capítulo, o narrador salienta a coragem com o escudeiro, esta arrepende-se e escolhe a
e a determinação do povo, chegando a compara-los personagem que representa o “asno” do mote, Pêro
com os filhos de Israel. Toda a cidade pensa como Marques.
um só e para um bem maior. Ao longo deste -A Mãe de Inês, apresenta-se como uma mulher de
episódio, o detalhe é extenso e longo. Fernão Lopes, baixa classe social com pouca sorte, mas perspicaz.
comprova a afirmação da consciência ativa através Ao longo da farsa, esta apresenta-se como a voz do
da ilustração da solidariedade e entre ajuda entre a bom senso, da razão e da experiência. Esta mostra-
gente de Lisboa. Em termos de atores individuais, o se preocupada com a filha e tenta ajuda-la na
Mestre é elogiado pelo seu comportamento e escolha do pretendente para o casamento.
determinação. -Para apresentar o primeiro pretendente de Inês,
-Nesta peripécia, o registo coloquial e a descrição surge Lianor Vaz, que, na farsa, representa uma
viva e dinâmica da defesa de Lisboa e a sua gente personagem-tipo. Esta serve para denunciar o
são os pontos fortes da linguagem e do estilo. comportamento devasso do clero, uma vez que ela é
assediada por um membro do mesmo, constituindo
assim uma crítica social.
-Neste episódio, Lisboa está cercada e os -Pêro Marques, primeiro pretendente de Inês,
mantimentos começam a falhar o que leva à apresenta-se como um fiel camponês, homem
procura de comida e mantimentos fora do cerco, rústico e simples. Contudo, Inês despreza-o
aumentando o perigo da população. chegando a insultar o mesmo (“oh, Jesus! Que João
-As esmolas escasseiam. É decidido quem deve ser de bestas”). Por outro lado, Pêro autocaracteriza-se
posto fora do cerco (pessoas miseráveis, não como homem do bem e decente. Embora tenha
combatentes, prostitutas e judeus). Ocorre a sido recusado pela protagonista no primeiro pedido,
inflação de produtos e, como consequência, as Inês volta para ele depois do seu primeiro
pessoas bebem água até à morte e procuram grãos casamento onde ele a transporta para o Ermitão
de trigo na terra. -Como segundo pretende, apresentado pelos Judeus,
-As mães deixam de poder alimentar leite aos o Escudeiro Brás da Mata é “posto num pedestal”
filhos, causando assim a sua morte. O ambiente na pelos casamenteiros e parece ser um homem
cidade é de tristeza, pesar e de morte. Tudo o que encantador e hábil, tal como Inês queria.
resta ao povo é rezar. Infelizmente, depois do casamento, o Escudeiro
-O capítulo baseia-se ao ator coletivo (povo) e ao revela-se falso, arrogante e cobarde. O seu fim é
seu sofrimento evidenciado através de vários dado por um pasto numa guerra que ele desertou.
pormenores (aumento de preços). -Com um papel semelhante a Lianor Vaz, os Judeus
-O narrador mostra-se solidário e tenta sensibilizar surgem como uma personagem-tipo. Estes são
os leitores. Além disso, elogia o Mestre pelo o seu personagens cômicas devido à sua linguagem e
estatuto de Líder. comportamento. Além disso, também são
-Além do rigor pormenor e do coloquialismo, o autor gananciosos e interesseiros.
evidencia a conjunção de planos (geral/pormenor)
-No primeiro casamento de Inês, é nos dado a
conhecer o Moço. Este é o criado do Escudeiro e -Uma das funções mais importantes da farsa, é o
surge como a voz crítica do mesmo. Apesar de levar fazer rir de atitudes que os espectadores têm sem
uma vida dura e de pobreza devido ao seu amo, ele eles repararem que estão se a rir de si próprios.
é lhe fiel, mesmo quando é contra a sua vontade. -Para isso, Gil Vicente usa a sátira e o cômico.
-Por fim, no final da peça, é nos apresentado o Quando falamos do cômico, existem 3 tipos: o de
último caso amoroso da protagonista, o Ermitão. caracter que se liga às personagens; o de situação
Inês vai ao encontro dele indo nas costas de Pêro e o de linguagem que pode ser produzido pela
Marques, mostrando assim a ingenuidade do marido. ironia, apartes, sarcasmo, calão, entre outros…
Este surge como personagem-tipo do clero e
representa uma critica ao mesmo devido à sua Cômico de • Assenta na personalidade e no
m odo de ser da personagem
imoralidade e à sua corrupção, uma vez que seduz Personagem
.
Inês. Cômico de • B aseia-se na intriga e no próprio
Situação d esenrolar dos episódios
Personagem Traços Relações
Cômico de • D esaquação do que é dito ou do
m odo que é falado no contecto
Idealista, Linguagem en volvente
Inês Pereira exigente
Protagonista
Calculadora,
Mãe materialista
Mãe de Inês
-Toda esta peça, que se insere na tipologia de farsa,
Lianor Vaz Gananciosa Amiga da Mãe
surgiu com base no mote “mais vale asno que me
Ingénuo, leve, do que cavalo que me derrube”. A partir daqui,
Pêro Marques 1º Marido de Inês
simples e burro Gil Vicente construi um texto dramático recorrendo
Falso, cobarde e
2º Marido de Inês
ao cômico.
Escudeiro
mentiroso -Apesar da farsa não ser dividida em atos, podemos
Gananciosos e dividi-la em vários quadros que se resumes a certas
Judeus Casamenteiros
cômicos situações (Inês solteira, Lianor Vaz propõe Pêro,
Criado do etc.…). Em nenhum momento da peça, existem zonas
Moço Leal e crítico
Escudeiro de pressão ou de excessiva perda, contudo há
Corrupto e Caso amoroso sempre cenas divertidas e hilariantes.
Ermitão
infiel de Inês -Além disso, Gil Vicente tentou adequar a linguagem
de cada personagem ao seu estatuto e atividade
que desempenhava (Pêro – fala simples; Inês, Mãe
e Lianor – fala de mulheres do povo e uso de
-Normalmente, as farsas têm como característica a ditados e provérbios populares; Escudeiro – fala
representação do quotidiano. Nesta podemos galante e discurso rebuscado; Judeus – linguagem
encontrar alguns hábitos, costumes e crenças da de cariz popular e uso de rituais judaicos).
época. -Em termos estilísticos, ao longo de toda a farsa é
-Em termos de ambiente popular temos o possível observar certos recursos expressivos, tais
casamento (onde ocorre a preparação e o festejo), como, a comparação, a interrogação retórica e a
as tarefas domésticas (o costurar de Inês) e a metáfora.
relação entre homens e mulheres.
-Em segundo lugar, temos a vida da corte onde
ocorre a vida palaciana das altas sociedades e onde
existe diariamente a presença da música e da .
dança.
-Por fim, é nos apresentado a imoralidade de clero.
Neste, observamos o ataque de assédio a Lianor
Vaz, mas também a corrupção e infidelidade
perante a religião do Ermitão quando se encontra
com Inês e a encoraja a ser infiel ao seu marido.
-Para Camões o tema do amor pode ser dividido -A reflexão do poeta surge na lírica camoniana
em duas partes, a experiência amorosa do sujeito como um pensamento sobre o destino, a
poético, juntamente com uma reflexão e a interiorização dos erros cometidos pelo sujeito
representação da amada. poético e os seus fracassos.
-Em primeiro lugar, Camões afirma que o amor é a -Para o eu lírico, este nasceu para sofrer e torna-se
fonte de contradições, intrínsecas à natureza e o seu próprio tormento, considerando-se com pouca
pode aparecer sob uma dupla abordagem. O amor sorte devido ao sofrimento que passa.
puro, de caracter platónico e espiritualizado, onde a -Os sentimentos melhor evidenciados nesta
mulher amada é sublime e de uma beleza divina, temática são a revolta, a vingança, a culpa e a
sendo o seu retrato psicológico perfeito. Por outro morte.
lado, temos o amor-paixão que se revela numa
tensão entre o amor espiritual e sensual. Este
amplifica o desejo de posse física da amada, de -Nesta temática, o eu poético apresenta o destino e
forma a perpetuar o sentimento amoroso. .ele próprio como responsáveis pelo o seu infortuno.
-Em ambos os casos, a ausência da mulher origina É normalmente versada a revolta, o remorso, o
sofrimento, saudade e uma ânsia pelo reencontro. cansaço da vida e o desespero pela existência da
-Em segundo lugar, na lírica camoniana, a mulher morte.
pode ser representada de duas formas distintas. -Em termos sociais, o mundo está desconcertado
Por um lado, temos o ideal da mulher petrarquista. uma vez que existem injustiças (os bons premiam
Nesta, a mulher amada é uma figura angelical os maus).
sendo superior a níveis morais e, por isso, -Por outro lado, há o desconcerto interior de cada
inacessível. Em termos físicos, a mulher tem homem, onde o Camões surge como vítima e todo o
cabelos de “oiro”, pele clara e serena. Por outro mundo está em tumulto devido ao destino cruel.
lado, temos uma mulher oposta ao ideal
petrarquista. Uma mulher “maléfica” com cabelos e
olhos escuros com uma sensualidade e perfeição -A temática da mudança, é vista por Camões de
física. duas
. maneiras diferentes, ou seja, muda de
comportamento dependendo onde atua.
-Quando se fala sobre a Natureza, o eu lírico refere
P latónico e que a mudança é cíclica e, por isso, reversível. Esta
Puro Es piritualizado
mudança é considerada natural e positiva.
Amor

Tensão entre sensualidade -Por outro lado, quando a mudança ocorre no


Paixão e amor puro
homem esta é viste de forma linear, irreversível. Na
vida do poeta esta mudança concretiza-se de modo
Ideal Petrarquista negativo.
Mulher Amada -Para o sujeito poético, a passagem do tempo em si
Mulher Sensual traz sempre a novidade, mas nem sempre a
esperança para o mesmo.
.

-Em Camões, a Natureza surge como um espaço -Em termos poéticos, é usada a redondilha. Os
alegre, tranquilo, sereno e propicio ao amor. Além versos apresentam a medida velha e os poemas são
disso, este espaço é o espelho da alma e serve .cantigas, vilancetes, esparsas ou trovas.
como confidente e testemunha para o mesmo. -Por outro lado, pode ser usado os sonetos onde se
-Além disso, é solidária com as qualidades usa a medida nova.
femininas, dando às mulheres luz, graça e pureza. -Na lírica tradicional, os versos apresentam-se na
-Surge também como pretexto para a reflexão do medida nova. Além disso, apresentam um mote,
eu poético onde a paisagem é geralmente diurna, verso ou versos que começam o poema e indicam o
natural, harmoniosa e agradável. assunto, e glosas/voltas, versos que aparecem depois
do mote agrupados em estrofes.
-Como plano e intriga paralela, temos o plano da
mitologia. Os episódios que são inseridos neste
plano têm a participação dos Deuses e as suas
ações. Neste são simbolizadas as diversas
adversidades superadas pelos heróis e, também,
serve para elevar o estatuto do herói português.
Como função, este plano confere beleza, ação e
diversidade no poema.
-Por fim, o plano do poeta apresenta considerações,
- Os Lusíadas, em termos de estrutura externa, está críticas, lamentos e opiniões de Camões. Neste
em forma narrativa com versos decassilábicos (em estão inseridas as reflexões do poeta no final de
esquema abababcc). Os versos, estão agrupados em cada canto.
oitavas (1102 estrofes) e a epopeia está dividida em
10 cantos. Planos Estruturais
.
-A epopeia de Camões está dividida em quatro Plano da
Plano da HDP
Plano
Plano do
Viagem Mitológico
partes. A preposição, a invocação, a dedicatória e, (Central)
(Ocasional)
(Paralelo)
Poeta (Final)
por fim, a narração.
-Na proposição, é enunciado o projeto narrativo do
poeta, glorificar os heroicos realizadores das
grandes navegações e descobertas, ou seja, aqueles -No canto I, o poeta reflete sobre a insegurança e
que se tornaram imortais devido às suas grandezas. os perigos que envolvem a vida do ser humano.
-De seguida é cantada a invocação. Nesta, Camões Além disso, menciona a frágil condição humana, o
invoca as ninfas do rio Tejo para inspiração e a poder da guerra e dos traiçoeiros enganos dos
Calíope como sua musa. Além disso, define o estilo inimigos.
que acompanha o canto. -No canto V, Camões versa sobre o desprezo das
-Em terceiro lugar temos a dedicatória. Nesta parte, artes e das letras pelos portugueses
que aparece no canto I e no canto X, o poeta contemporâneos. Crítica a falta de cultura do povo
dedica a sua obra ao Rei D. Sebastião oferecendo- português e a falta do apoio à atividade artística. O
lhe elogios, mas também o pedido de tornar eu lírico indica que é necessário libertar o país da
Portugal grandioso outra vez. ignorância.
-Por fim, a narração que começa in media res -No canto VIII, é refletido o poder do ouro e a
desenvolve a epopeia em vários planos, tendo como corrupção das pessoas influenciadas pelo mesmo.
seu principal o caminho até à India e como Camões afirma que o dinheiro afeta negativamente
secundários, as histórias de Portugal, a intriga as pessoas e que o ouro corrompe o ser humano e
mitológica e as reflexões do poeta. a sua essência.
-No canto IX, o poeta menciona o conceito de
imortalidade e de mitificação do herói. Além disso,
-Ao longo de toda a epopeia, todos os episódios que menciona que o portugueses contemporâneos
estão inseridos nos cantos da obra, estão também devem seguir o exemplo dos seus antepassados e
inseridos em um dos 4 planos dos Lusíadas. mostrarem justiça, coragem e o heroísmo
-Em plano central, temos o plano da viagem. Neste desinteressado, deixando de parte a cobiça, a
ocorre a narração dos acontecimentos ocorridos ambição e a tirania.
durante a viagem realizada entre Lisboa e Calecute -Por fim, no canto X e VII, Camões lamenta a sua
e o regresso à pátria. As vozes destes planos condição de homem e de artista, o seu infortúnio, o
costumam ser o poeta ou Vasco da Gama. A função papel de poeta e a incompreensão e falta de
deste plano é conferir unidade ao poema. sensibilidade artística do povo português. Mostra-se
-Um plano encaixado também existente na obra, é desiludido e refere que o português contemporâneo
o plano da história de Portugal. Neste é narrado os não é nenhum exemplo para um escritor que queria
factos marcantes da história de Portugal tanto por cantar o peito ilustre lusitano. Desabafa que já esta
Vasco como Paulo da Gama, tendo como função o cansado de cantar para quem não quer ouvir
enaltecimento do povo português (“gente surda e endurecida”).
Canto Motivo da Reflexão

Limites da
I condição humana
Desprezo das artes
V e das l etras
Poder corrupto
VIII do ouro
Verdadeiro caminho
IX p ara a fama
Lamento pelo
VII / X p ovo português

-O imaginário épico nos Lusíadas está divido entre


a matéria épica/sublimidade do canto e a
mitificação herói.
-Na primeira, tem de se ter como consideração que
o objetivo do poeta é cantar o “peito ilustre
lusitano” e glorificar os seus feitos. Por isto, a
matéria épica da epopeia integra: a viagem de
Vasco da Gama à Índia (descobertas) e os feitos
históricos. Contudo, a matéria só se torna
verdadeiramente épica quando o próprio herói é
subordinado ao mito.
-Quando o herói da epopeia, neste caso os
portugueses, merece ser mitificado devido ás suas
qualidades (inteligência, coragem e valentia) e
devido às adversidades que atravessaram tanto de
ordem natural/humana como místicas, o poeta
oferece-lhes uma recompensa. Esta surge na forma
da Ilha dos Amores. Nesta, as ninfas de Vénus
entregam-se aos navegadores dando-lhes assim o
estatuto de Deuses e garantindo-lhes a
imortalidade.

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