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Fatores que influenciam o crescimento de um feijão

Daniel Martins1, Joana Lucas2


Escola Secundária Poeta Joaquim Serra
Resumo
Com o objetivo de analisar o crescimento de um feijão em função da salinidade da água, foi
elaborada uma experiência durante 14 dias onde foram colocados 5 copos de vidro, com algodão devidamente
irrigado com as referentes soluções salinas (de concentrações 0,00 g/cm3; 0,03 g/cm3; 0,05 g/cm3; 0,08 g/cm3 e
0,10 g/cm3 respetivamente), e 5 feijões de propriedades semelhantes sobre o mesmo. É importante referir que,
durante a atividade, dois feijões sofreram um stress hidrido (devido à elevada absorção de água salgada
através das raízes) [1], o que levou a uma redução no crescimento das raizes e do caule da planta

Palavras-Chave
Feijão. Salinidade. Água. Crescimento. Experiência.

1. Introdução
Entende-se salinidade como sendo uma medida de quantidade de sais existentes em massas de água
naturais e é normalmente expressa em partes por milhão em massa [2]. A salinidade da água varia com a
evaporação e com a possível adição de água doce (com salinidade compreendida entre os 0 e os 0,5 g/kg) e,
nas águas marinhas, apresenta uma média de salinidade de cerca de 35g/kg, ou seja, 35g de sais por cada
quilograma de água [3,4]. Entende-se, também, que o aquecimento global atua diretamente na salinidade das
águas dos oceanos, lagos, entre outros, devido ao aumento da evaporação de água.
Os iões sódio (Na+), potássio (K+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), cloro (Cl-), sulfato (SO42-) e o
bicarbonato (HCO3-) são os maiores contribuintes para a salinidade da água na Terra [5]. O tipo de água a ser
utilizada para irrigar os feijões é importante uma vez que, por exemplo, a água destilada, não tem os minerais
necessários para o devido crescimento dos feijões; por esse motivo, a água que utilizamos para regar os
feijões foi a água da torneira que tem na sua composição minerais que são essenciais ao crescimento do feijão,
tais como o Nitrogénio (N), Fosforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) [6].

2. Metodologia
Para dar início à elaboração desta atividade, foi realizado o seguinte procedimento:
Foram feitas 5 amostras de água com diferentes salinidades, em que: a Amostra 1 continha [0,00 g/cm3] de
salinidade; a Amostra 2 continha [0,03 g/cm3] de salinidade; a Amostra 3 continha [0,05 g/cm3] de salinidade;
a Amostra 4 continha [0,08 g/cm3] de salinidade e, por fim, a Amostra 5 continha [0,10 g/cm3] de salinidade.
Após isto, humedeceram-se 5 porções de algodão com cerca de 4 ml de água, usando uma amostra diferente
para cada porção e foram depositados 5 feijões em cima dos algodões (função de suporte) em potes diferentes
e devidamente identificados.

1
a.daniel.marins@espjs.edu.pt
2
a.joana.lucas@espjs.edu.pt
Seguidamente, os feijões foram expostos à luz solar e às devidas condições climatéricas e nutricionais,
sendo cada amostra diferente apenas no seu grau de salinidade.
Por fim, os feijões foram deixados a crescer (e foram regularmente regados com as respetivas amostras
de água, tendo em conta que, devido à existência do fenómeno de evaporação, foram acrescentadas cerca de 2
gotas de água por dia) durante 14 dias e foi apontado, dia após dia, o comprimento do caule do feijão.

3. Resultados e Discussão
No dia do cultivo, colocaram-se os feijões irrigados com as devidas salinidades à luz solar, dando início
à experiência (Figura 1).

Feijão Amostra 1 Feijão Amostra 2 Feijão Amostra 3 Feijão Amostra 4 Feijão Amostra 5

Figura 1. Feijões no primeiro dia de cultivo.

No primeiro dia após o cultivo os feijões não apresentaram mudanças em relação ao dia do cultivo.
No terceiro dia posteriormente à plantação (Figura 2), o feijão da Amostra 1 foi o primeiro a iniciar o
processo de germinação e o feijão da Amostra 5 apresentou uma diminuição de tamanho (plasmólise) devido
à osmose, concluindo-se assim que a água saiu do feijão para diluir a concentração da água irrigada no
exterior [7,8]; os restantes feijões não apresentaram mudanças.

Feijão Amostra 1 Feijão Amostra 2 Feijão Amostra 3 Feijão Amostra 4 Feijão Amostra 5

Figura 2. Feijões no terceiro dia após o dia de cultivo.

Os feijões não apresentaram alterações visíveis até ao quinto dia, onde, no feijão da Amostra 1,
começa a aparecer um caule de 0,6 cm. No sexto dia (Figura 3), as alterações começaram a ser mais
significativas pois começa a ser visivel um caule com cerca de 1 cm e, no feijão da Amostra 2, começa a
aparecer um pequeno caule com, aproximadamente, 0,1 cm; os feijões das Amostras 4 e 5 apresentam sinais
de plasmólise e o feijão 3 mantêm-se inalterado.
Feijão Amostra 1 Feijão Amostra 2 Feijão Amostra 3 Feijão Amostra 4 Feijão Amostra 5

Figura 3. Feijões no sexto dia após o dia de cultivo.

Durante os dois dias seguintes, no sétimo e oitavo dia após o cultivo, o feijão da Amostra 1
apresentou um aumento do seu caule de 0,8 cm, assim como o feijão da Amostra 2 que apresentou um caule
com cerca de 0,8 cm (0,7 cm a mais que o apresentado no sexto dia de cultivo). O feijão da Amostra 3
também mostrou alterações, evidenciando um pequeno caule de 1 cm. Os feijões das Amostras 4 e 5 não
mostraram alterações.
No nono dia de experiência (Figura 4) foi possível observar que o feijão da Amostra 1 começou a
criar raízes, começando a crescer de forma saudável e resistente; o caule do feijão 2 estava a crescer cada vez
mais, apresentando um tamanho de cerca de 1 cm (mais 0,2 cm que o tamanho registado no dia anterior),
assim como o feijão da Amostra 3 que já apresentava um caule com 1,5 cm. Os feijões da amostra 4 e 5
permaneciam sem alterações.

Feijão Amostra 1 Feijão Amostra 2 Feijão Amostra 3 Feijão Amostra 4 Feijão Amostra 5

Figura 4. Feijões no nono dia após o dia de cultivo.

No décimo terceiro dia de experiência, um dia antes da conclusão da atividade, o feijão da Amostra 1
começou a criar folhas e o caule cresceu cerca de 0,8 cm, ficando com um total de 2,8 cm de altura; o caule
do feijão da Amostra 2 apresentou um crescimento de 0,4 cm, totalizando uma altura de cerca de 1,4 cm; o
feijão da Amostra 3 foi o que apresentou um crescimento mais reduzido, aumentando 0,2 cm no espaço de 4
dias; os feijões da amostra 4 e 5 permaneceram sem alterações devido à ocorrência do processo de plasmólise
relacionado à osmose (Figura 5).

Feijão Amostra 1 Feijão Amostra 2 Feijão Amostra 3 Feijão Amostra 4 Feijão Amostra 5
Figura 5. Feijões no décimo terceiro dia após o dia de cultivo.

No último dia de experiência, dia 14 após o dia do cultivo do feijão, foi possível concluir que: o
feijão da Amostra 1, com uma concentração total de NaCl de 0,00 g/cm 3, cresceu um total de 3,1 cm,
apresentando mudanças significativas entre os dias 9 e 13 de atividade. Na Amostra 2, o feijão obteve uma
altura de cerca de 1,5 cm, com concentração de sal compreendida de 0,03 g/cm 3, parando de apresentar um
crescimento significativo a partir do 13º dia de atividade. Na amostra 3, o feijão que foi irrigado com uma
solução de salinidade de 0,05 g/cm3, obteve uma altura total de 1,7 cm, mostrando uma atividade alta no seu
crescimento entre o dia 8 e 9 da experiência. Os feijões da Amostra 4 e 5, com concentrações de 0,08 g/cm3 e
0,10 g/cm3, não apresentaram qualquer aumento, indicando que, devido ao elevado teor de NaCl presente na
solução, os feijões diminuíram o seu tamanho devido ao processo de osmose ocorrido no seu interior.
Na Tabela 1 e na Figura 6 é apresentado o comportamento do feijão ao longo dos 14 dias de
experiência, tendo como unidade de medida o centímetro (cm) e o gráfico crescimento do caule (cm) do feijão
em função dos dias de experiência, onde a planta esteve exposto às devidas condições necessárias para crescer
de modo saudável.

Tabela 1. Crescimento do caule dos feijões em centímetros (cm) ao longo dos dias de experiência
Figura 6. Crescimento do feijão em função dos dias de experiência.

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

O primeiro feijão a crescer foi o feijão da Amostra 1, com uma concentração de 0,00 g/cm 3, após 5 dias
de experiência. Tendo em conta que este feijão foi o que mais apresentou um desenvolvimento notório, leva-
nos a concluir que uma menor salinidade leva a um maior crescimento do caule, pois:
Quando a água do solo é salgada, ocorre um desequilíbrio osmótico entre as raízes e o ambiente
envolvente. Isso pode levar à perda de água, o que dificulta a absorção adequada de água pelas plantas. Um
outro motivo que leva ao crescimento do caule é que quando as plantas são expostas a altas concentrações de
sal, os iões de Sódio (Na+) e Cloreto (Cl-) presentes podem acumular-se nos tecidos das plantas. Esses iões
podem ser tóxicos para as células vegetais e afetar negativamente o metabolismo e o crescimento da planta.
É necessário, também, descobrirmos os efeitos da salinidade da água no crescimento de alimentos
como o feijão, na medida em que a água, isenta de qualquer tipo de salinidade, tem vindo a ficar cada vez
mais escassa no mundo inteiro e não apenas em Portugal. Devido às alterações climáticas, as águas expostas a
diversos fatores, como a evaporação, têm tendência a ficar cada vez mais salgadas. Para além disso, é
importante realçar a importância da diminuição do uso de água potável, uma vez que esta também está cada
vez mais escassa e deve ser poupada quando possível.
Um outro fenómeno que ocorre com cada vez mais frequência é a intrusão salina, normalmente
associada aos aquíferos [9,10], quando estes são preenchidos por água salgada, tornando a água do aquífero
imprópria para consumo.
4. Conclusão
Conclui-se que as soluções preparadas para irrigar o feijão, nas quais ocorreu um maior crescimento do
caule, foram as soluções de concentrações 0,00g/cm3; 0,03g/cm3 e 0,05g/cm3 (Amostras 1, 2 e 3,
respetivamente).
As Amostras 4 e 5 mostraram um crescimento nulo do caule, devido à dificuldade na absorção de água
que ocorreu devido à elevada concentração de sais, como previsto durante a pesquisa.
Podemos, então, concluir e provar experimentalmente que, quanto menor a salinidade da água, maior é o
crescimento do caule do feijão, devido às condições que o mesmo apresentou quando exposto a este fator.

5. Referências
[1] Kuki, K. (1996). Efeito do stress hídrico e salino sobre algumas espécies nativas da restinga . Tese de
mestrado da Universidade Federal de Viçosa. Acedido a 17 de maio de 2023. P.15.
[2] Efeito da Salinidade Nas Plantas.Visto no sitio “Odisseia 10-Biologia”. Reis, J. Guimarães, A. &
Saraiva, A. (2021). Porto editora, Porto, em 16 e 17 de maio de 2023. P.70-72.
[3] Salinidade. Visto no sitio https://pt.wikipedia.org/wiki/Salinidade , em 14 de maio de 2023.
[4] Salinidade. Visto no sitio https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$salinidade , em 14 de maio de 2023.
[5] Maiores Contribuintes Para a Salinidade da Água na Superfície da Terra. Visto no sitio
https://www.preparaenem.com/quimica/toda-agua-mineral-natural.htm , em 15 de maio de 2023.
[6] Fageria, N., Oliveira, I.& Dutra, I. (1996). Deficiências nutricionais na cultura do feijoeiro e suas
correções. Acedido a 17 de maio de 2023. P. 35-36.
[7] Dias, N. Blanco, F. Souza, E. Ferreira, J. Neto, O. & Queiroz, I. (2016). Efeitos dos sais na planta e
tolerâncias das culturas à salinidade. Acedido a 16 de maio de 2023. P.152.
[8] Osmose. Visto no sitio “Odisseia 10-Biologia”. Reis, J. Guimarães, A. & Saraiva, A. (2021). Porto
editora, Porto, em 16 e 17 de maio de 2023. P.70-72.
[9] Aquíferos. Visto no sitio https://pt.wikipedia.org/wiki/Aqu%C3%ADfero , em 14 de maio de 2023.
[10] Contaminação dos Aquíferos. Visto no sitio “Odisseia 11-Geologia”.Reis, J. Guimarães, A. & Saraiva,
A. (2021). Porto editora, Porto, em 17 de maio de 2023. P.189.

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