Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
A maceração é o problema mais comum ao utilizar pensos baseados na
cicatrização em ambiente húmido. Esta parece gerar-se quando o exsudado se
descontrola, o qual vai saturar a zona perilesional, lesando a zona, provocando dor e
afluência dos germes para a área afectada; daí, a necessidade de manter um equilíbrio
entre o exsudado e o penso, que respeite o processo de cicatrização e a pele perilesional.
Noutros casos, a maceração pode exceder os limites da zona perilesional,
agravando-se quando se produzem fugas abundantes do exsudado não controlado; tanto
por não ter sido escolhido o penso adequado na sua extensão, localização ou quantidade
de exsudado que se produz, ou porque outras vezes se mantém o penso mais tempo que
o indicado, isto vai levar, inevitavelmente, a que o exsudado produza um traumatismo
na pele perilesional, resultante de uma deterioração por saturação de líquidos.
Por isso, a utilização de pensos cada vez mais adequados, para o leito da ferida e
para a pele perilesional, vai incidir directamente tanto na evolução da lesão como no
conforto do paciente
ABSTRACT
Maceration is the most common problem when using dressing based on moisture
wound healing environment. This appears to generate when the exudates becomes
decontrolled, and it goes to soak the skin surrounding the wound, injuring the area and
leading to pain e affluence of germens to the affected area. This way, we can understand
the importance of keeping a balance between the exudates and the dressing, balance that
must respect the healing process and the skin surrounding the wound area, which goes
to fall upon in the wound evolution and the patient comfort.
1
Palavras Chave: Pele perilesional. Úlceras de pressão. Úlceras de perna. Pensos.
Exsudado. Ferida crónica. Cicatrização em ambiente húmido.
INTRODUÇÃO.
Ainda que no inicio, o excesso de fluidos numa ferida crónica não seja, por si,
causa única para o retardar da cicatrização, é a sua composição e estrutura de acção
natural que são fundamentais para esta interrupção, no que respeita a feridas agudas
(Tabelas I e II).
2
fases da evolução, até à cicatrização. Todavia, deve ter-se em atenção que, em
determinadas situações, como é o caso de úlceras malignas ou neoplásicas, o resultado
deve centrar-se em manter a limiar do exsudado em função de sintomas, mais do que o
objectivo da cicatrização (6), devendo ser esta a opção do profissional que presta
cuidados.
3
- Dano no leito e peri-lesão.
- Deterioração da qualidade de vida do paciente.
- Dor que aumenta aguando da mudança de penso e permanece após o
tratamento.
- Odor.
- Desconforto aquando da mudança de penso.
- Aumento na frequência de tratamentos.
4
A influência da dor, odor e a predisposição inflexível da pele macerada por si
(19)
, é algo palpável e conhecido no nosso meio por clínicos que se encarregam do
cuidado a estas lesões. A sua presença na peri-lesão, determina a maioria das vezes, a
alteração do penso utilizado e a sua frequência de tratamentos. Daí que a selecção do
penso, no que respeita às características de adequação ao exsudado e à pele perilesional,
assim como o cuidado meticuloso da mesma, condicione o processo evolutivo até à
cicatrização de forma directa.
TIPOS DE MACERAÇÃO
Formalmente, na nossa prática mais comum, apenas somos capazes de
identificar como alteração da pele peri-lesional a maceração branca (Fig.1), que embora
seja a mais frequente, não podemos considerar como única, já que, por exemplo,
Sibbald (22) comenta a presença de maceração vermelha como consequência de um
contacto irritativo, assim como Merlín (23) (Fig.2 y 3), que por sua vez, determina a
presença de maceração azulada no caso de serosidade hematopurulenta. Da mesma
forma, nos nossos estudos, temos detectado a presença de uma possível maceração
amarela junto ao bordo perilesional; que poderá ser resultado da acumulação de fibrina
e restos de esfacelos, o qual não pudemos confirmar, senão observá-la com elevada
frequência em úlceras de perna de evolução prolongada. (Fig.4).
MACERAÇÃO PERILESIONAL
Quando a pele perilesional de uma ferida crónica se encontra exposta à
humidade e exsudados, durante um determinado período de tempo, vai absorver estes
fluidos juntamente com o suor, água transepidermal e urina, como pode ser o caso de
5
uma úlcera de pressão na região sagrada; tudo isto dá lugar a uma saturação por
sobrehidratação das barreiras naturais da pele, o que vai dar lugar a uma degradação da
peri-lesão, que às vezes produz um odor penetrante característico e na maioria das
ocasiões, um evidente aumento da dor e edema na zona afectada, como refere Nelson
(24)
.
Sem nunca esquecer, como refere Gago e García González (25) entre outros (26,27),
que um epitélio neoformado pálido e algo opaco que migra dos bordos perilesionais
para o centro da ferida (Fig.5), não pode ser confundido com uma maceração
perilesional e ser retirado por um profissional inexperiente; é igualmente inconveniente
pensar em passar do tratamento em ambiente húmido para tratamentos com pensos
tradicionais de gaze ou utilizar antissépticos como secantes ou barreiras, que a única
coisa que vão fazer é com que surjam reacções indesejáveis e consigamos um atraso do
processo de tratamento, com o desconforto consequente para o paciente. Da mesma
forma, este autor reflecte em descrever nas úlceras vasculares uma maceração
consequente com uma escoriação e um edema, resultado de uma pressão venosa
incontrolável como efeito de um processo de tratamento, cicatrização e evolução
demasiado lentos.
CONCLUSÕES
O tratamento e controlo do exsudado é uma das intervenções essenciais para o
tratamento de feridas crónicas e agudas.
6
Há que saber também escolher um penso baseado na cicatrização em ambiente
húmido, em relação às variáveis da pele perilesional. Considerando como mais
apropriados os menos agressivos (25).
COMPONENTES FUNCÃO
Fibrina, plaquetas Coagulação
Polimorfonucleares, Defesa e produção de
macrófagos factores de crescimento
Linfocitos Defesa.
Microorganismos. Factor exógeno.
Proteínas do plasma, Pressão osmótica,
albumina, globulina, imunidade, trasporte de
fibrinogénio macromoléculas.
Ácido láctico Produto do metabolismo
celular indicador de
hipoxia.
Glicose Fonte de energia.
Sais Reacções tampão,
concentração de H, relação
com pH.
Factores de crescimento Proteínas específicas que
controlam as actividades de
cicatrização.
Detritos celulares Sem função.
Enzimas proteolíticas. Degradam proteínas,
proteases e MMPs.
Inibidores das MMPs dos Inibição controlada das
“TIMPs” MMPs.
Tabela 1 I.: Componentes e funções do exsudado de uma ferida aguda.
7
TIPO COR CONSISTÊNCIA SIGNIFICADO
Seroso Claro, Líquido aquoso Normal.
transparente Resultado de
colonização por
pseudomonas.
Fibrinoso Opaco Líquido Normal.
Contém
filamentos de
fibrina.
Serosanguinolento Claro rosado Líquido aquoso Normal.
Sanguinolento Vermelho Líquido aquoso Trauma de vasos
sanguíneos.
Infecção.
Seropurulento Verde amarelo, Espesso cremoso Infecção.
cremoso tipo
café
Hemopurulento Escuro Viscoso pegajoso Infecção
Sangue instalada.
manchado Lesão de vasos
sanguíneos.
Hemorrágico Vermelho vivo Espesso Infeccção e/ou
trauma.
Não confundir
com resultados
de
desbridamento.
Tabela II.: Características e significado do exsudado de uma ferida crónica.
8
VOLUME EFEITO
9
Figura 2.: Maceração Vermelha.
10
Figura 4. : Maceração Amarela.
11
BIBLIOGRAFIA.
1. White RJ, Harding K. Trens in wound care Volume III. Salisbury: Quay Books
2004.
2. Gago Fornells M, García González RF, Rueda López J, Muñoz Bueno AM,
Gaztelu Valdés V, Vega Aguilar J. La maceración. Un problema en la piel
perilesional de úlceras por presión y heridas crónicas. Metas de Enfermería
2004; 7(4): 18-22.
7. Soldevilla JJ, Torra JE (eds). Atención Integral de las Heridas Crónicas, 1ª Ed.
Madrid: SPA 2004.
10. Sibbald RG. What is the bacterial burden of the wound bed and does it matter?
En: Cherry GW, Harding KG, Ryan TJ (eds). Wounds bed preparation. London:
Royal Society of Medicine Press 2001.
11. Vowden P, Vowden K. Wound bed preparation. World Wide Wound. On line at:
http://www.worlwidewounds.com/2002(april/Vowden/Wound-bed-
preparation.htlm. 2002.
12. Schultz GS, Sibbald RG, Falanga V et al. Wound bed preparation : a systematic
approach to wound management. Wound Repair Regen 2003; 11 (Suppl 1) : S1-
S28.
12
14. Vowden P, Vowden K. The role of exudate in the healing process :
understanding exudate managemnet. En : Trens in wound care Volume III.
Salisbury: Quay Books 2004.
15. Gago M, García F, Segovia MT, Verdú J. Piel Perilesional .En: Soldevilla JJ,
Torra JE (eds). Atención Integral de las Heridas Crónicas, 1ª Ed. Madrid: SPA
2004; 65-76.
16. Cutting KF. The causes and prevention of maceration of the skin. J Wound Care
1999; 8(4): 200-1.
17. Cutting KF, White RJ. Maceration of the skin and wound bed 1: its nature and
causes. J Wound Care 2002; 11(7): 275-8.
18. White RJ, Cuttting KF. Maceration of the skin and wound bed by indication. En:
En : Trens in wound care Volume III. Salisbury: Quay Books 2004.
19. White RJ, Cutting KF. Interventions to avoid maceration of the skin and wound
bed. 2003; Br J Nurs 12: 20, 1186-200.
20. García RF, Gago M. Damage of surroundig skin cause by adhesive dressing
when used on chronic wounds. Granada: Satelite Symposium EWMA.
Conference 2002. Cameron J, Newton H. Skin care in wound managemet. 2003;
IWM Educational Booklet, Medical Communications LTD, Holsworthy.
21. Cochrane G. The Severely Disabled. En: Barder DL. Pressure sores-Clinical
practice and scientific approach. 1990; London. MacMillan.
22. Sibbald RG, Cameron J. Dermatological aspects of wound care. En: Krasner
DL, Rodeheaver GT, Sibbald RG. Chronic Wound Care: A Clinical Source
Book fot Healthcare Pofessionals,Third Edition. Wayne, PA: HMP
Communications, 2001: 273-285.
23. Merlin L, Peyrol MB, Meaume S. Évaluation et prise en charge des exsudats. J
Plaies Cicatr 1997; 9 . 474-480.10.
13
26. Vickery C. Exudate- what was is it and what it’s the function in acute and
chronic wounds? En: Cherry G. Harding KG. Management of wound Exudate.
Proceeding Joint EWMA and ETRS. 1997; London, Churchill Communications.
27. Wysocki AB. Wounds fluids and the pathogenesis of chronic wounds. JWOCN
1996; 23: 283-290
14