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Enfermeira Rita Lourenço

OBJETIVO GERAL
• No final da sessão os formandos têm de estar sensibilizados para a
importância do tratamento adequado às Úlceras de Pressão, de acordo
com as suas características.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• No final da sessão os formandos têm de estar sensibilizados para:

• Definição de úlcera de pressão;


• Categorização das úlceras de pressão;

• Processo de desenvolvimento das úlceras de pressão;

• Fisiologia da cicatrização das úlceras de pressão;


• Importância do papel do Enfermeiro e TAS na Prevenção e no tratamento das
úlceras de pressão;

• Existência de diferentes materiais no tratamento das úlceras de pressão;


• Importância da alteração de comportamentos com vista à melhoria dos
cuidados prestados na prevenção e no tratamento das úlceras de pressão.
ÚLCERA DE PRESSÃO
“Lesão localizada da pele e / ou tecido subjacente, normalmente
sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de
uma combinação entre esta e forças de torção.”
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria I: Eritema não branqueável

“Pele intacta com rubor não branqueável numa área localizada,


normalmente sobre uma proeminência óssea. A área pode estar dolorosa,
dura, mole, mais quente ou mais fria comparativamente ao tecido
adjacente.”
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria I
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria II: Perda parcial da espessura da pele

“Perda parcial da espessura da derme, que se encontra como uma ferida


superficial no leito vermelho – rosa sem esfacelo. Pode também
apresentar-se como uma flictena fechada ou aberta, preenchida por líquido

seroso ou sero-hemático. Apresenta-se como uma úlcera brilhante ou seca,


sem crosta ou equimose.”
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria II
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria III: Perda total da espessura da pele

“Perda total da espessura tecidular. Pode ser visível o tecido adiposo


subcutâneo, mas não estão expostos os ossos, tendões ou músculos.

Pode estar presente algum tecido desvitalizado, mas não oculta a


profundidade dos tecido lesados. Pode incluir lesão cavitária e
encapsulamento.”
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria III
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria IV: Perda total da espessura dos tecidos

“Perda total da espessura dos tecidos com exposição óssea, dos tendões
ou músculos. Pode estar presente tecido desvitalizado e/ou tecido
necrosado. Frequentemente são cavitadas e fistulizadas.”
CATEGORIAS: ÚLCERAS DE PRESSÃO
Categoria IV
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

Ulceração
Necrose
Celular
Hipóxia e
Isquemia
Tecidular
Pressão
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
• O processo de desenvolvimento de uma úlcera de pressão está diretamente relacionada
com aplicação direta de uma pressão superior à pressão de encerramento dos capilares
(16-33 mmhg ).

• Esta, quando aplicada sobre a pele e tecidos moles, vai desencadear um processo de
hipóxia em toda essa região, progredindo para uma situação de anóxia tecidular se não
for aliviada.

• Num doente debilitado isto pode traduzir-se no aparecimento de uma úlcera de pressão,
quando os tecidos estão sujeitos a uma pressão de 20 mmhg por um período não
superior a 2 horas.
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
• O processo de formação da úlcera, inicia-se na
proximidade de uma proeminência óssea em direção à

superfície, no sentido da aplicação da pressão.

• Quando a pressão é aplicada longitudinalmente aparece


uma úlcera de pressão com características diferentes,

tendo a particularidade de ser mais extensa à superfície e

menor em profundidade.
COMPRESSÃO DOS TECIDOS
FATORES DE RISCO
OUTROS FATORES DE RISCO INTRÍNSECOS
▪ Fatores vasculares: incluem alterações como arteriopatias obliterantes, insuficiência venosa
periférica e microarteriopatia diabética.

▪ Fatores neurológicos: alterações da sensibilidade, da motricidade e do estado de


consciência. A imobilidade ou a agitação favorecem as forças de pressão ou de fricção.
▪ Fatores tópicos: predisposição para o aparecimento de úlceras de pressão em pessoas
idosas pela diminuição da elasticidade da pele, perda de gordura subcutânea e atrofia
muscular.
▪ Fatores gerais: neoplasias, febre, infeções, desnutrição, fármacos tais como os
corticosteroides, analgésicos e sedativos que possam diminuir a sensibilidade.
ZONAS DE PRESSÃO
ÚLCERAS DE PRESSÃO + FREQUENTES
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
Composta por 3 fases:
▪ Fase inflamatória ou exsudativa ( 0 - 3 dias );

▪ Fase proliferativa ou regenerativa ( 3 – 21 dias );

▪ Fase de remodelação ou maturação ( 21 dias – 2 anos ).


FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
1 – Fase inflamatória ou exsudativa

▪ Resposta imediata ao trauma;

▪ Hemostasia e inflamação;

▪ Migração de células para a ferida por quimiotaxia;

▪ Secreção de citocinas e fatores de crescimento;

▪ Ativação das células migrantes;


FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
2– Fase proliferativa
▪ Angiogênese - mecanismo de crescimento de novos vasos sanguíneos a
partir dos já existentes.
▪ Fibroplasia - processo de reparação, feito por miofibroblastos que
migram para a ferida e produzem fibras de colagénio.

▪ Tecido de granulação

▪ Epitelização
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
3– Fase maturação ou remodelação

▪ Contração da ferida

▪ Remodelamento
FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
PREVENÇÃO DAS ÚLCERAS DE PRESSÃO
1. Cuidados com a pele;

2. Estado nutricional;

3. Posicionamentos e superfícies de apoio


PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
O QUE DEVERÍAMOS
O QUE TEMOS TER
PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
O QUE DEVERÍAMOS
O QUE TEMOS TER
PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
O QUE DEVERÍAMOS
O QUE TEMOS TER

• Almofadas / proteção
de calcâneos
PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO
O QUE DEVERÍAMOS
O QUE TEMOS TER
AVALIAÇÃO DO DOENTE
NOTIFICAÇÃO DA ÚLCERA DE PRESSÃO
AVALIAÇÃO DA ÚLCERA DE PRESSÃO
• A avaliação da úlcera de pressão, é de extrema importância para os
profissionais de saúde, pois permite avaliar:

• O estado inicial da ferida que irá determinar o tratamento adequado;

• Bem como o sucesso ou insucesso do mesmo nas futuras reavaliações;


AVALIAÇÃO DA ÚLCERA DE PRESSÃO
Classificação

• Categorização e descrição da ferida

Dimensões

• Comprimento/Largura/Profundidade
• Existência de trajetos sinuosos

Pele

• Caracteristicas

Exsudado

• Caracteristicas

Dor

• Avaliação antes e depois do tratamento


PREPARAÇÃO DO LEITO DA FERIDA
• Não é um conceito estático, mas um conceito dinâmico e rapidamente
evolutivo.

• O TIME engloba quatro componentes que sustentam a preparação do leito


da ferida:
AVALIAÇÃO / TRATAMENTO -TIME

T
• Tissue - Tecido

I
• Infection - Infeção

M
• Moisture - Humidade

E
• Edge – Bordos da Ferida
AVALIAÇÃO / TRATAMENTO -TIME
• Diferentes tipos de tecido presentes na
Tissue ferida. É viável ou não viável?

• Presença ou ausência de inflamação e


Infection /ou infeção

• Equilíbrio da humidade.
Moisture

• Margens da ferida. Estão a avançar ou


Edge a migrar?
TIME
“O sucesso de uma terapia reside fundamentalmente na capacidade do
profissional em identificar e caraterizar todas as variáveis e perceber
que o modelo TIME não é linear mas sim dependente do juízo
clínico do profissional.”
PRINCÍPIOS GERAIS DO TRATAMENTO
• A identificação e o tratamento precoce permitem uma redução significativa dos custos.

• O custo global do tratamento de uma úlcera de pressão grau IV é 10 vezes superior ao


de uma úlcera grau II.

• O tratamento local inclui geralmente os seguintes componentes:


1. Desbridamento
2. Limpeza
3. Revestimento / penso
4. Abordagem da colonização e infeção
5. Agentes Físicos
6. Tratamento cirúrgico
1- DESBRIDAMENTO
Autolítico

• Produz-se pela hidratação do leito da úlcera, fibrinólise e a ação


das enzimas endógenas sobre os tecidos desvitalizados.

Químico ou enzimático

• Envolve a utilização de enzimas proteolíticas que estimulam a


degradação de tecido desvitalizado.

Mecânico

• Remoção de tecidos desvitalizados com o uso de força de fricção,


seja pela utilização de compressas ou remoção das mesmas
quando estão aderidas ao leito da úlcera.

Cirúrgico

• Realizado com a utilização de lâmina e bisturi, seja em


ambulatório, internamento ou bloco operatório.
2- LIMPEZA
• Deve ser efetuada sempre que se substitui o penso (ou revestimento) e após
o desbridamento.

• A solução salina (soro fisiológico) é o agente de limpeza ideal em todo o tipo


de úlceras de pressão, devendo o traumatismo do leito ulceroso ser o menor
possível.
3- REVESTIMENTO / PENSO
• Os materiais de penso com ação terapêutica foram amplamente estudados e
oferecem numerosas vantagens.

• Um maior conhecimento do seu modo de atuação irá permitir a prestação de


melhores cuidados.
PENSO IDEAL
• Tendo por base as últimas guide lines, foram enumerados os seguintes princípios:

1. Proporcionar um meio húmido;


2. Remover o excesso de exsudado;

3. Permitir as trocas gasosas;

4. Manter a temperatura ideal;


5. Ser impermeável às bactérias;
6. Estar livre de partículas / contaminantes tóxicos;

7. Permitir remoção sem trauma.

• Podemos ainda juntar (conjuntura económica):

8. custo / eficácia.
1- PROPORCIONAR UM MEIO HÚMIDO
• A humidade promove a migração celular e o desbridamento autolítico;

• Não aumenta a taxa de infeção;

• As células epiteliais movem- se mais depressa e em maiores distâncias;


2- REMOVER O EXCESSO DE EXSUDADO
• O excesso de exsudado bloqueia a proliferação celular e a angiogénese;

• Quando existe exsudado em excesso, este vai saturar a zona perilesional,


provocando maceração;

• Atrasa o processo de cicatrização.


3- PERMITIR AS TROCAS GASOSAS
• Os pensos devem ter a capacidade de efetuar trocas gasosas com o exterior,
nomeadamente de vapor de água e oxigénio.
• Uma área com baixo nível de oxigénio na superfície da ferida pode
estimular a proliferação dos fibroblastos e a síntese de alguns fatores
de crescimento, contudo uma hipóxia prolongada, pode levar a um
atraso na migração das margens.
4- MANTER UMA TEMPERATURA IDEAL
• Temperatura ideal - 37 ºC;
• Promove a macrofagocitose e a atividade mitótica durante a granulação e
epitelização;

• Uso de material inadequado, pode provocar diminuição da temperatura tecidular:


• Efeitos fisiológicos (vasoconstrição, hipóxia, mobilidade leucócitária diminuída)
que, contribuem para a interrupção da cicatrização.

• Deixar a ferida exposta por longos períodos, bem como limpar a ferida com produtos
frios.

• A hipotermia tecidular conduz à diminuição da mitogénese e da atividade


fagocitária.
5- IMPERMEÁVEL ÀS BACTÉRIAS
• Os pensos devem impedir tanto a penetração de bactérias na ferida bem
como a sua libertação:

• Impedir as infeções cruzadas.


6- ESTAR LIVRE DE PARTÍCULAS E CONTAMINANTES TÓXICOS

• As partículas e contaminantes tóxicos são responsáveis pelo reaparecimento ou

prolongamento da resposta inflamatória e lesam a microcirculação.

• Não utilizar, por exemplo:

• Algodão – Corpos estranhos;


• Hipoclorito de sódio – tóxico para os fibroblastos, glóbulos brancos e

células endoteliais, dificulta e interrompe a microcirculação;


7- PERMITIR REMOÇÃO SEM TRAUMA
• Os capilares recém formados e o próprio exsudado, por vezes penetram no
penso ficando aderentes a este:

• A sua remoção, irá provocar desbridamento mecânico.


• Esta desaconselhado pela não seletividade e por ser extremamente
doloroso.
8- CUSTO / EFICÁCIA
• Os pensos devem permitir otimizar a cicatrização do leito das feridas, em
tempo útil, com recurso a meios quer humanos quer materiais adequados.
CONCLUSÃO
• Prevenção;
• Melhores cuidados;
• Melhores materiais/equipamentos.

• Avaliação do doente de forma holística;


• Fatores intrínsecos;
• Fatores extrínsecos.

• Correta avaliação da úlcera de Pressão;


• Categoria;
• Características.

• Tratamento adequado
Tratamento adequado;
• Tratamento uniformizado;
• Registo completo e uniformizado.
DÚVIDAS…

OBRIGADO/A

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