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Conceitos Básicos Sobre Reparo

Tecidual

Profª Esp. Juliana Furtado


Perda da integridade da pele

Lesões na pele interrompem sua continuidade e afetam sua integridade e


funções.
Classificamos as lesões na pele em agudas ou crônicas:

Lesão aguda Lesão crônica


Perda da integridade da pele

• Regeneração mantém estrutura e função do tecido


após lesões.

• Lesões atingindo matriz celular na derme levam à


cicatrização que podem ser:

• Cicatrização por primeira intenção: bordas


são aproximadas com suturas ou colas
cirúrgicas.

• Cicatrização por segunda intenção: ocorre em


lesões com grande perda de tecido, como
queimaduras graves. Tecido cicatricial cresce a
partir das bordas, seguido de contração e
reepitelização.

Cicatriz por segunda intenção.


Lesões cirúrgicas ou corte
• Uma lesão cirúrgica consiste em um corte, geralmente, realizado por um objeto perfurocortante,
como o bisturi ou cânula de lipoaspiração. A maioria das lesões cirúrgicas se cicatriza por primeira
intenção.

• Algumas técnicas em que ocorre esse processo de cicatrização são:

• Lipoaspiração;

• Abdominoplastia;

• Mamoplastia;

• Ritidoplastia;

• Rinoplastia;

• Blefaroplastia.
Queimaduras: cicatriz e a reabilitação física do paciente

Queimadura de Queimadura de Queimadura de terceiro


primeiro grau segundo grau grau (espessura total)
(superficial) (espessura parcial)
Atinge epiderme, derme e
Atinge apenas a epiderme, Atinge a epiderme e a tecidos profundos. Lesiona
resultando em eritema e derme, ocorrendo a terminações nervosas,
edema, e o paciente formação de bolhas, e a dor podendo não causar dor.
apresenta dor. do paciente é acentuada.
Queimaduras: cicatriz e a reabilitação física do paciente

O Fisioterapeuta dermatofuncional atua na reabilitação de pacientes queimados. É seu papel:

Promover redução de Prevenir ou diminuir Promover independência


edema, dor e melhora da contraturas cicatriciais e nas atividades diárias e
mobilidade. complicações orienta sobre tratamentos
cardiorrespiratórias. complementares.
Lesão por pressão: definição, prevenção e cicatrização

Segundo Edsberg (2016), as lesões por pressão são classificadas em quatro estágios de acordo com
a extensão do dano ao tecido:

Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4


Pele intacta com Perda parcial da pele Perda total da pele Perda total da pele
uma área de com exposição da com exposição do com exposição da
localização de derme. tecido subcutâneo. fáscia, músculo,
eritema não tendão, ligamentos
branqueável. ou osso.
Lesão por pressão: definição, prevenção e cicatrização

• Lesões por pressão afetam pacientes imobilizados, causando dor e impactando qualidade de
vida.

• O Fisioterapeuta dermatofuncional previne essas lesões com mudanças frequentes de decúbito.

• Ciclos de isquemia e reperfusão são cruciais na formação das lesões por pressão.

• Processo de reparo da pele após lesão envolve fases de inflamação, proliferação e


remodelamento, resultando em cicatriz semelhante, mas não idêntica à pele normal.
Resposta vascular da inflamação

A resposta inflamatória se inicia imediatamente após o trauma e dura cerca de 4 a 6 dias. Pode ser
subdividida em:

Resposta vascular Resposta celular


Migração de células de
Contração de vasos, defesa, limpeza,
coagulação formando liberação de mediadores
barreira protetora. e estímulo à proliferação
de fibroblastos.
Resposta vascular da inflamação

• Fase inflamatória: Calor, vermelhidão, inchaço, dor


e perda de função.

• Vasodilatação e aumento do fluxo causam calor e


vermelhidão.

• Edema devido ao aumento da permeabilidade


vascular; dor por compressão de terminações
nervosas.

• Hemostasia ocorre para conter sangramento e


equilibrar funções vasculares.
Resposta vascular da inflamação

Principais etapas da formação do coágulo:

Adesão plaquetária Agregação plaquetária Cascata de coagulação

As plaquetas realizam a Com a chegada de mais


adesão ao colágeno plaquetas ao local, elas Essas plaquetas liberam
exposto das células se agrupam umas às mediadores que facilitam
endoteliais. outras. a coagulação.
Resposta vascular da inflamação

Formação do coágulo sanguíneo.


Resposta celular: processo de reparo

1. Substâncias como histamina e bradicinina causam


dilatação dos vasos sanguíneos.

2. Plaquetas liberam fatores de crescimento, recrutando


células de defesa (leucócitos).

3. Neutrófilos chegam rapidamente e fazem limpeza,


destruindo bactérias e removendo componentes
danificados.

4. Neutrófilos são substituídos por macrófagos, que


continuam fagocitose e produzem fatores de Ilustração 3D dos neutrófilos na circulação
sanguínea.
crescimento.

5. Macrófagos são essenciais na transição entre


inflamação e fase proliferativa.
Resposta celular: processo de reparo

Fase inflamatória do processo de reparo.


Fase proliferativa ou granulação

Fase Proliferativa Fase de


Remodelamento
• Inicia cerca de 4 dias • Começa
após o trauma e aproximadamente no 8º
inflamação. dia pós-lesão.

• Proliferação e • Equilíbrio na produção e


diferenciação celular deposição de colágeno.
para formação do tecido
de granulação. • Pode durar até 1 ano ou
mais.
Fase proliferativa ou granulação

Reepitelização

• Inicia algumas horas após a lesão.

• Envolve proliferação e migração de queratinócitos


da borda para o centro da lesão.

• Folículos pilosos atuam como reservatório de


queratinócitos.

• Queratinócitos modificam estrutura e desfazem


conexões laterais para facilitar movimentação.

Processo de reepitelização.
Fase proliferativa ou granulação

Angiogênese

• É a formação de novos vasos sanguíneos.

• Garante nutrição e irrigação sanguínea ao tecido.

• Equilibra a maior demanda metabólica causada


pelo aumento de células.

• Células endoteliais proliferam para formar novos


vasos a partir dos vasos pré-existentes.
Ilustração simplificada do processo de angiogênese.
Fase proliferativa ou granulação

Fibroplasia

• É o processo de migração e proliferação de


fibroblastos.

• É estimulada por fatores de crescimento liberados por


plaquetas e macrófagos.

• Fase proliferativa: fibroblastos viram miofibroblastos,


depositando colágeno tipo III.

• Novo tecido fecha a lesão, menos resistente.


Fisioterapeutas estimulam colágeno e remodelamento Exemplos de terapia manual.
com terapia manual.
Fase de remodelamento ou maturação

• Fase final do processo cicatricial: redução na síntese e


modificação da matriz extracelular durante o
remodelamento.

• Redução da celularidade do tecido de granulação devido à


apoptose das células endoteliais, macrófagos e
miofibroblastos.

• Maturação do colágeno: substituição do tipo III pelo tipo I,


com fibras mais espessas, aumentando a resistência da
cicatriz.

Cicatriz na fase de
remodelamento.
Fase de remodelamento ou maturação

• Metaloproteinases (MMPs) são enzimas que degradam componentes da matriz, incluindo colagenase
(que quebra colágeno) e elastase (que degrada elastina).

• Atividade das MMPs é regulada pelos inibidores teciduais das metaloproteinases (TIMPs), sendo
essencial para um reparo tecidual normal manter equilíbrio entre essas atividades.

• Cicatriz, fisiologicamente, se assemelha em características e funcionalidades à pele normal, mas não é


idêntica a um tecido não lesado.
Fase de remodelamento ou maturação

Sangramento (fase inicial)


Fase de remodelamento ou maturação

Fase inflamatória
Fase de remodelamento ou maturação

Fase proliferativa
Fase de remodelamento ou maturação

Fase de remodelamento
Cicatrização

O processo cicatricial

• Cicatrização gera uma cicatriz esteticamente


satisfatória, similar ao tecido não lesado em
cor, textura e elasticidade.

• A cicatriz é quase imperceptível, com tecido


adequado, garantindo o fechamento preciso
da lesão e a restauração das funções da
pele.

• Em casos insatisfatórios, podem surgir


alterações cicatriciais como cicatrizes
hipertróficas, atróficas, queloides, fibrose e
deiscências.
Cicatrização

Fibrose

Resulta da produção desordenada de colágeno,


levando a ondulações e depressões na pele,
causando desconforto, especialmente após
cirurgias de lipoaspiração.
Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica

Ocorrem devido à excessiva deposição de colágeno, resultando de desequilíbrios em diferentes estágios do


processo de cicatrização.

Cicatriz hipertrófica. Cicatriz queloideana.


Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica

Existem outras características que diferenciam as cicatrizes hipertróficas e queloides:

Contratura Incidência Locais de predileção

Raça Predisposição
genética
Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica

Diversos fatores têm sido associados à ocorrência de cicatrizes hipertróficas. São eles:
•A coloração da pele
•Gênero feminino
•Idade jovem (especificamente, a segunda década de vida)
•Localização da queimadura ou lesão (como na região cervical e membros superiores)
•Gravidade.

Além disso, estudos indicam que o gênero feminino está relacionado a uma maior prevalência de cicatrizes
hipertróficas, assim como ocorre em várias doenças autoimunes.

Acredita-se que o envelhecimento torna o sistema imunológico menos funcional, o que poderia explicar a
menor incidência de cicatrizes hipertróficas em idosos.
Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica

Imagem e fotomicrografia de cicatriz normal.


Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica

Imagem e fotomicrografia de cicatriz hipertrófica.


Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica

Imagem e fotomicrografia de cicatriz queloideana.


Cicatrização

Queloide e cicatriz hipertrófica


Cicatrização

Cicatriz atrófica

• Depressões na pele, comum em sequelas de


acne, acidentes, cirurgias ou desordens
genéticas.

• Resulta da perda de fibras de colágeno e elastina,


responsáveis pela sustentação da pele, devido a
inflamação intensa ou desequilíbrio na atividade
da colagenase.

• Tratamento envolve fisioterapia com recursos


terapêuticos que estimulam a proliferação
tecidual.
Ilustração de cicatriz atrófica.
Cicatrização

Cicatriz atrófica - Fatores de risco


•Localização da cicatriz: áreas do corpo sujeitas a movimentos frequentes, como articulações,
são mais propensas a retrações cicatriciais devido à constante tensão na pele

•Gravidade da lesão: lesões mais extensas, profundas ou traumáticas têm maior probabilidade
de resultar em retrações cicatriciais

•Tipo de lesão: queimaduras, cortes extensos e lacerações são exemplos de lesões que
podem aumentar o risco de retrações cicatriciais

•Genética: predisposição genética pode influenciar a forma como o corpo responde ao


processo de cicatrização, tornando algumas pessoas mais propensas a desenvolver retrações
cicatriciais
Cicatrização

Cicatriz atrófica - Fatores de risco


•Idade: crianças e adolescentes têm um risco aumentado de retrações cicatriciais

•Tipo de pele: indivíduos com certos tipos de pele, como pele mais tensa ou com menor
elasticidade, podem estar mais suscetíveis a retrações cicatriciais

•Infecções: infecções durante o processo de cicatrização podem aumentar o risco de


formação de retrações cicatriciais

•Complicações na cicatrização: qualquer condição ou fator que comprometa a cicatrização


adequada da pele pode aumentar o risco de retrações cicatriciais.
Lesões crônicas

Fatores locais

Infecção e Vascularização
Síntese de colágeno
inflamação prejudicada
prolongada
Lesões crônicas

Fatores sistêmicos

Baixa ingestão de
Idade Estado nutricional proteínas e vitaminas

Doenças Uso de
metabólicas medicamentos

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