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12/09/2022

PATOLOGIA
Prof. Esp. Charles Lelis

Tema da Aula
Processos de lesão, degeneração e morte celular – Cicatrização e
Regeneração

Objetivo
 Estudar os aspectos gerais relacionados ao processo de reparo tecidual.
 Definir regeneração e cicatrização, bem como a classificação das células adultas.
 Compreender a sequência da cicatrização considerando as fases, os
mecanismos, os tipos de cicatrização e as complicações da cicatrização.
 Compreender o processo de regeneração parenquimatosa.
 Discutir sobre os fatores que influenciam a reparação tecidual.
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Reparo tecidual
O reparo, muitas vezes chamado de cura, se refere à
restauração da arquitetura e função do tecido após a
lesão.
Ocorre por dois tipos de reações:
• regeneração do tecido lesado - ocorre por
proliferação de células residuais que retêm a
capacidade de divisão, substituindo células lesadas,
retornando ao estado normal;
• formação de cicatriz – ocorre quando os tecidos
lesados são incapazes de regeneração ou se as
estruturas de suporte do tecido são gravemente
lesadas, o reparo ocorre por deposição de tecido
conjuntivo (fibrose), um processo que resulta em
formação de cicatriz. Patologia – Prof. Charles Lelis

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LESÃO

Resposta Celular e Vascular


Estímulo Removido Dano Tecidual
Lesão Aguda Persistente

Morte da Célula Parenquimatosa Morte da Célula Parenquimatosa


(estrutura tecidual intacta) (estrutura tecidual danificada)
- Feridas superficiais - Feridas profundas
- Processos inflamatórios

REGENERAÇÃO CICATRIZAÇÃO
FIBROSE
Restituição da estrutura Formação da Cicatriz;
normal Formação do Exsudato Tecido Cicatricial

Exemplo: Exemplo: Exemplo:


regeneração hepática Infarto do miocárdio Cirrose, fibrose pulmonar

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Controle da proliferação celular


Proliferação e diferenciação celulares são processos essenciais para os
seres vivos.
A multiplicação celular, responsável pela formação do conjunto de células
que compõem os indivíduos, é indispensável durante o desenvolvimento
normal dos organismos e necessária para repor as células que morrem
após seu período de vida ou por processos patológicos.
A diferenciação refere-se à especialização morfológica e funcional das
células que permite o desenvolvimento do organismo como um todo
integrado.

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Controle da proliferação celular

No seu ciclo vital, as células Essas fases constituem o ciclo celular...

encontram-se em duas fases ou


períodos:
1) mitose, quando as células
dividem o material nuclear
(cariocinese) e fazem a
separação citoplasmática
(citocinese);
2) interfase, período entre duas
divisões celulares.

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Controle da proliferação celular


Vários tipos celulares proliferam durante o reparo do tecido, onde
incluem:
• Células restantes do tecido lesado – buscam restaurar a estrutura normal.
• Células endoteliais – cria novos vasos que fornecem nutrientes
necessários ao processo de reparo.
• Fibroblastos – fonte de tecido fibroso que forma a cicatriz para preencher
os defeitos que não podem ser corrigidos por regeneração.
A proliferação desses tipos celulares é guiada por proteínas chamadas
fatores de crescimento.

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Controle da proliferação
celular
O tamanho normal das populações
celulares é determinado por um
equilíbrio entre:
• proliferação celular
• morte celular por apoptose
• diferenciação de novas células a partir
de células-tronco
Os processos-chave na proliferação celular
são a replicação do DNA e a mitose.

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Mecanismos que regulam as populações celulares

Capacidades Proliferativas dos Tecidos


A habilidade dos tecidos em se autorreparar é criticamente influenciada
por sua capacidade proliferativa intrínseca. Com base nesse critério, os
tecidos do corpo são divididos em três grupos:
• Tecidos lábeis
• Tecidos estáveis
• Tecidos permanentes

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Capacidades Proliferativas dos Tecidos Lábeis


As células desses tecidos são continuamente perdidas e substituídas pela maturação
de células-tronco e por proliferação das células maduras.
As células lábeis incluem:
• Células hematopoiéticas na medula óssea;
• Células dos epitélios de superfície – como o epitélio estratificado escamoso da pele,
cavidade oral, vagina e colo uterino;
• Células do epitélio cúbico dos ductos das glândulas exócrinas – como glândulas
salivares, pâncreas e vias biliares;
• Células do epitélio colunar do trato gastrointestinal – como útero e tubas uterinas;
• Células do epitélio de transição do trato urinário.
Esses tecidos se regeneram rapidamente após a lesão, já que o pool de células-tronco
é preservado.
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Capacidades Proliferativas dos Tecidos Estáveis


As células desses tecidos não estão em fase de proliferação possuindo
baixa atividade replicativa.
São capazes de proliferar em resposta a lesão ou perda de massa
tecidual.
Constituem o parênquima (conjunto de células que são responsáveis pela
função de um determinado órgão) da maioria dos tecidos sólidos, como
fígado, rim e pâncreas e também as células endoteliais, os fibroblastos e
as células musculares lisas
Com exceção do fígado, os tecidos estáveis possuem capacidade limitada
de regeneração após a lesão.
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Capacidades Proliferativas dos Tecidos Permanentes


As células desses tecidos são consideradas terminalmente diferenciadas e não
proliferativas na vida pós-natal, sendo células incapazes de proliferação.
A maioria dos neurônios e as células musculares cardíacas pertence a essa categoria,
sendo assim, uma lesão ao cérebro ou ao coração é irreversível porque os neurônios e
os miócitos cardíacos não se regeneram, resultando em cicatriz.
Ocorrem replicação e diferenciação limitada da célula-tronco em algumas áreas do
cérebro adulto e existe alguma evidência de que a célula-tronco cardíaca possa
proliferar após necrose do miocárdio.
Qualquer que seja a capacidade proliferativa que exista nesses tecidos, ela é
insuficiente para regenerar o tecido lesado.
Nos tecidos permanentes, o reparo é tipicamente dominado por formação de cicatriz.

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Cicatrização
Processo no qual um tecido lesado é substituído por um tecido conjuntivo
vascularizado, sendo semelhante quer a lesão tenha sido traumática ou
causada por necrose, em ambos os casos:
• o primeiro passo é a instalação de uma reação inflamatória, cujo exsudato de
células fagocitárias reabsorve o sangue extravasado e os produtos da
destruição tecidual.
• em seguida, há proliferação fibroblástica e endotelial que forma o tecido
conjuntivo cicatricial.
• posteriormente, o tecido cicatricial sofre remodelação, que resulta em
diminuição de volume da cicatriz, podendo haver até seu desaparecimento.

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Crosta

Cicatrização Neutrófilos
Coágulo

A cicatrização de uma ferida na pele


pode ocorrer por duas etapas:
1) Cicatrização primária ou por primeira
intenção – ferida cujas bordas foram Mitoses
Tecidos de granulação
aproximadas por sutura e que não Macrófago

tenha sido infectada;


Fibroblasto
Capilar neoformado

2) Cicatrização secundária ou por


segunda intenção – ferida mais
ampla, com bordas afastadas ou que
tenha sido infectada União fibrosa

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Cicatrização - primária
É mais rápida e forma cicatriz menor, visto que a fenda da
ferida é mais estreita e a destruição tecidual nas suas
bordas é menor.
Um exemplo clássico é o de feridas cirúrgicas, em que o
sangue extravasado pelo corte forma um coágulo que
ocupa o espaço entre as margens da ferida.
A reação inflamatória instala-se a partir da liberação de
mediadores originados do coágulo de fibrina, das células
aprisionadas no coágulo, do tecido conjuntivo das bordas
da ferida e das células epiteliais da margem da lesão.
Citocinas são liberadas por macrófagos do coágulo e por
ceratinócitos da margem da lesão.
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Cicatrização - primária
Os leucócitos fagocitam o coágulo, iniciando-se a
produção do tecido conjuntivo cicatricial e a
regeneração do epitélio, dependendo também das
citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento.
O processo de cicatrização é controlado por vários
fatores de crescimento e citocinas sintetizados por
macrófagos, plaquetas, células endoteliais e linfócitos
T.

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Cicatrização - secundária
Quando a ferida é extensa e tem margens afastadas,
forma-se um grande coágulo, caso haja infecção
associada, surge reação inflamatória exuberante.
Nos dois casos, a exsudação de fagócitos é muito
intensa e forma-se abundante tecido de granulação.
Como as bordas da ferida são distantes, a regeneração
da epiderme é mais lenta e demora mais tempo para
se completar.

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Cicatrização - secundária
As células da epiderme proliferam nas margens, onde
ocorre certo grau de hiperplasia devido à grande
quantidade de fatores de crescimento liberados a
partir de células exsudadas.
Nas fases iniciais, o tecido de granulação faz saliência
na superfície da ferida.
Com o passar do tempo, ele sofre as mesmas
transformações descritas na cicatrização por primeira
intenção, sendo muito mais intenso e evidenciável o
fenômeno de retração da cicatriz por miofibroblastos

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Cicatrização - Etapas na
Formação de Cicatriz
O reparo por deposição de tecido conjuntivo consiste
em um processo sequencial que segue a resposta
inflamatória:
• Formação de novos vasos (angiogênese)
• Migração e proliferação de fibroblastos e deposição
de tecido conjuntivo que, junto com a abundância
de vasos e leucócitos dispersos, tem aparência
granular e rósea, sendo chamado de tecido de
granulação.
• Maturação e reorganização do tecido fibroso
(remodelamento) para produzir uma cicatriz fibrosa
estável.
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Cicatrização - Etapas na Formação de Cicatriz


O reparo se inicia dentro de 24 horas da lesão por migração dos fibroblastos e
indução de proliferação dos fibroblastos e células endoteliais.
Entre 3-5 dias, uma característica do processo
de cura é o surgimento do tecido de
granulação.
Sua aparência histológica é caracterizada pela
proliferação de fibroblastos e por novos e
delicados capilares de paredes finas
(angiogênese) em MEC frouxa,
frequentemente com células inflamatórias,
principalmente macrófagos.
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Cicatrização - Etapas na Formação de Cicatriz

Progressivamente, o tecido de
granulação acumula mais fibroblastos
que depositam colágeno, resultando,
finalmente, na formação de cicatriz
• com o tempo, as cicatrizes se
remodelam.

Colágeno denso com canais vasculares espalhados

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Cicatrização - Tipos
A cicatrização é influenciada por FATORES LOCAIS E SISTÊMICOS que podem
reduzir, retardar ou impedir o processo.
• FATORES LOCAIS: a isquemia local, por lesões vasculares ou por compressão,
além de diminuir o aporte de nutrientes para a produção de matriz
extracelular, reduz a síntese de colágeno e o pH, aumentando a quantidade
de catabólitos, como ADP e adenosina, que têm efeitos antiinflamatórios.
• A temperatura local interfere na cicatrização por modificar o fluxo
sanguíneo
• Úlceras de decúbito que ocorrem em pacientes acamados decorrem de
baixa perfusão tecidual induzida por compressão do corpo sobre o leito

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Cicatrização - Tipos
• FATORES SISTÊMICOS: indivíduos diabéticos têm cicatrização deficiente por causa de lesões
vasculares (hipóxia) e de alterações em células fagocitárias que favorecem infecções.
• A neuropatia diabética também prejudica a cicatrização, devido à redução de estímulos
inflamatórios liberados por terminações nervosas.
• No hipotireoidismo, há alteração qualitativa na síntese de componentes da matriz,
principalmente poliglicanos, o que retarda a cicatrização.
• A desnutrição, especialmente a deficiência de proteínas, de vitamina C ou de zinco,
retarda a cicatrização por interferir diretamente nos processos de síntese do colágeno.
• Os corticosteroides são inibidores da cicatrização, porque inibem todas as fases do
processo: reduzem a resposta inflamatória e a síntese e remodelação da matriz
extracelular.
• O tabagismo pode prejudicar a cicatrização por causa da vasoconstrição provocada pela
nicotina e dos efeitos anti-inflamatórios do monóxido de carbono.

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Cicatrização hipertrófica e Queloide


Cicatrização hipertrófica e queloide são duas condições em que há formação
excessiva de tecido conjuntivo denso em cicatriz cutânea, podendo adquirir
volume considerável.
A cicatriz hipertrófica tende a ser reversível, regredindo parcialmente com o
passar do tempo.
O queloide forma tumorações nas áreas de cicatrização, mesmo em feridas
pequenas, podendo não regredir ou ter regressão muito lenta.
Nos dois casos, o aspecto microscópico é semelhante: as fibras colágenas são
irregulares, grossas, e formam feixes distribuídos ao acaso, contendo capilares
e fibroblastos em maior número do que uma cicatriz normal.

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Cicatrização
hipertrófica e
Queloide

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Regeneração
A regeneração de tecidos adultos ocorre facilmente em órgãos com células que se
renovam continuamente, como os epitélios de revestimento e a medula óssea.
• Em órgãos com células estáveis, a regeneração ocorre a partir de células
diferenciadas estacionadas em G0, de células-tronco ou de células progenitoras
residentes.
• No fígado, a regeneração completa é a regra após pequenas lesões necróticas,
desde que haja preservação do estroma reticular,
• Em agressões agudas: a regeneração pode ser feita a partir de hepatócitos ou do
epitélio biliar diferenciado.
• Em agressões crônicas: parece que a regeneração de hepatócitos e do epitélio
biliar faz-se a partir de células-tronco e de células progenitoras residentes
(denominadas células ovais).

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Regeneração
Em tecidos em que as células não mais se dividem, a regeneração é muito
mais difícil, mas pode ocorrer em algumas circunstâncias.
Na musculatura lisa do intestino ou de artérias: lesões destrutivas sofrem
cicatrização conjuntiva seguida de remodelação, sendo a cicatriz
substituída por tecido muscular liso neoformado.
Nos músculos esquelético e cardíaco: nos quais existem células-tronco,
há tentativa de regeneração, mas, geralmente, sem sucesso.

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OBRIGADO!!!

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