Você está na página 1de 5

Reparo tecidual

A capacidade de reparar os danos causados por danos tóxicos e inflamação é crítica para a
sobrevivência de um organismo

O reparo ocorre por meio de dois tipos de reações:

-Regeneração por proliferação das células residuais.

-Maturação de células-tronco teciduais e deposição de tecido conjuntivo para formar uma


cicatriz.

• Regeneração: Capacidade dos tecidos de substituir os componentes lesados e retornar ao


estado normal;

-A regeneração ocorre por meio da proliferação das células que sobrevivem à lesão e que
mantêm a capacidade proliferativa.

-Apenas alguns componentes da maioria dos tecidos podem se restaurar completamente

A regeneração das células e tecidos lesados envolve proliferação celular

- Esse processo é dirigido pelos fatores de crescimento e é criticamente dependente da


integridade da matriz extracelular e do desenvolvimento de células maduras a partir de
células-tronco.

Proliferação Celular: Sinais e Mecanismos de Controle.

Vários tipos celulares proliferam durante o reparo do tecido. Entre eles estão:

-As células que restaram do tecido lesado

-As células endoteliais vasculares (criam novos vasos que fornecem os nutrientes necessários
para o processo de reparo)

- E os fibroblastos (fonte de tecido fibroso que forma a cicatriz que preenche os defeitos que
não são corrigidos por regeneração).

A capacidade de reparo dos tecidos é determinada, em parte, pela sua capacidade intrínseca
de proliferação.

Alguns tecidos não conseguem se regenerar, e formam cicatrizes.

A proliferação celular é impulsionada por sinais fornecidos por fatores de crescimento e a


partir da matriz extracelular.

Os fatores de crescimento geralmente são produzidos por células próximas ao local lesado. As
fontes mais importantes desses fatores de crescimento são os macrófagos ativados pela lesão
tecidual, mas as células epiteliais e estromais também produzem alguns desses fatores. Vários
fatores de crescimento se ligam às proteínas da MEC e são exibidos no local da lesão tecidual
em altas concentrações.

Todos os fatores de crescimento ativam as vias de sinalização que, em última instância,


induzem alterações na expressão gênica que impulsionam as células através do ciclo celular
e suportam a biossíntese de moléculas e organelas que são necessárias para a divisão celular

-As integrinas também podem estimular a proliferação celular.


-No processo de regeneração, a proliferação das células residuais é complementada pelo
desenvolvimento de células maduras a partir das células-tronco.

Reparo por cicatrizes


Embora a cicatriz fibrosa não possa realizar a função das células perdidas do parênquima, ela
proporciona estabilidade estrutural para tornar o tecido lesado capaz de funcionar.

 Se o reparo não puder ser realizado somente por regeneração, ele ocorre pela
substituição das células lesadas por tecido conjuntivo, levando à formação de uma
cicatriz, ou por uma combinação de regeneração de algumas células residuais e
formação de cicatriz.

Etapas na formação de cicatrizes:

1) Alguns minutos após uma lesão, um tampão hemostático composto por plaquetas é
formado, o que interrompe o sangramento e proporciona uma estrutura para as
células inflamatórias infiltrativas.
2) Inflamação. Esta etapa é composta pelas típicas respostas inflamatórias aguda e
crônica. ( os macrófagos tem um importante papel nessa parte, macrófagos M1
removem microrganismos e tecido necrótico e promovem a inflamação em uma
retroalimentação positiva, e os macrófagos M2 produzem fatores de crescimento que
estimulam a proliferação de muitos tipos celulares na próxima etapa do reparo.)
3) Proliferação celular. Na etapa seguinte, o que leva até 10 dias, vários tipos de células,
incluindo células epiteliais, endoteliais e outras células vasculares e fibroblastos,
proliferam e migram para fechar a ferida, agora limpa. Cada tipo de célula apresenta
funções únicas
• As células epiteliais respondem a fatores de crescimento produzidos localmente e
migram sobre a ferida para cobri-la.
• As células endoteliais e outras células vasculares proliferam para formar novos vasos
sanguíneos, um processo conhecido como angiogênese.
• Os fibroblastos proliferam e migram para o local da lesão e repousam sobre as fibras
colágenas que formam a cicatriz.
• A combinação de fibroblastos em proliferação, tecido conjuntivo frouxo, novos vasos
sanguíneos e células inflamatórias crônicas espalhada forma um tipo de tecido ímpar
para cicatrização das feridas, chamado tecido de granulação. Este termo deriva da sua
coloração rosada, aparência macroscópica granular e macia, tal como se pode
observar abaixo da crosta da pele de uma ferida.
4) Remodelação. O tecido conjuntivo que foi reorganizado é depositado pelos
fibroblastos para produzir uma cicatriz fibrosa estável. Este processo se inicia 2 a 3
semanas após a injúria e pode continuar por meses ou anos.

A cicatrização das feridas da pele pode ser classificada como cicatrização por
primeira intenção (união primária), que se refere à regeneração epitelial com
formação mínima de cicatrizes, como a que ocorre nas incisões cirúrgicas com bordas
bem aproximadas, e cicatrização por segunda intenção (união secundária), que se
refere às feridas maiores que cicatrizam por meio da combinação de regeneração e
cicatrização.

Ativação de Fibroblastos e Deposição de Tecido Conjuntivo


A deposição de tecido conjuntivo ocorre em duas etapas:

(1) migração e proliferação de fibroblastos no local da injúria

(2) deposição de proteínas da MEC produzidas por essas células.

-Esses processos são regulados por fatores de crescimento, incluindo PDGF, FGF-2 e TGF-β e
citocinas produzidos localmente. As principais fontes destes fatores são as células
inflamatórias, particularmente macrófagos (M2) ativados pela via alternativa que infiltram os
locais de lesão.

-Em resposta às citocinas e aos fatores de crescimento, os fibroblastos penetram a ferida a


partir das bordas e migram em direção ao centro. Algumas dessas células se diferenciam em
células chamadas miofibroblastos, que contêm actina do músculo liso e apresentam atividade
contrátil aumentada, e servem para fechar a ferida, “puxando” as margens em direção ao
centro.

-Fibroblastos ativados e miofibroblastos também aumentam sua atividade sintética e


produzem proteínas do tecido conjuntivo, principalmente colágeno, o principal componente
da cicatriz completamente desenvolvida.

-O TGF-β é a citocina mais importante para a síntese e a deposição de proteínas do tecido


conjuntivo.

À medida que a cicatrização progride, o número de fibroblastos em proliferação e vasos novos


diminui, mas os fibroblastos assumem um fenótipo progressivamente mais sintetizador, e há,
portanto, aumento na deposição de MEC.

-A síntese de colágeno, em particular, é necessária para a cicatrização das feridas para que elas
se tornem fortes e estáveis mecanicamente. A síntese de colágeno pelos fibroblastos inicia-se
cedo no processo de cicatrização de feridas (3 a 5 dias) e continua por várias semanas,
dependendo do tamanho da ferida. O acúmulo de colágeno total depende não apenas de
síntese aumentada, mas também da redução da degradação do colágeno. À medida que a
cicatriz amadurece, há regressão vascular progressiva, que transforma o tecido de granulação
altamente vascularizado, eventualmente, em uma cicatriz pálida e avascular.

Após a cicatriz ser formada, ela é remodelada para aumentar a sua força e contratilidade.

-A contração da ferida é desencadeada inicialmente pelos miofibroblastos e, mais tarde, pelas


ligações cruzadas das fibras de colágeno.

-Com o passar do tempo, o tecido conjuntivo é degradado e a cicatriz encolhe.

A degradação do colágeno e de outros componentes da MEC é realizada por uma família de


metaloproteinases da matriz (MMPs), assim denominadas porque são dependentes de íons
metálicos (p. ex., zinco) para exercer a sua atividade enzimática.

Morfologia

• O tecido de granulação é caracterizado pela proliferação de fibroblastos e novos capilares


delicados, de parede fina, em uma matriz extracelular frouxa, muitas vezes em meio a
células inflamatórias, principalmente macrófagos.
• Uma cicatriz, ou fibrose nos tecidos, é composta preponderantemente por fibroblastos
fusiformes inativos, colágeno denso, fragmentos de tecido elástico e outros componentes da
MEC.

Obs: Se a fibrose se desenvolve em um espaço do tecido ocupado por exsudato inflamatório,


esse processo é chamado organização (como na pneumonia em organização que ocorre no
pulmão).

Ambos os processos envolvem a proliferação de várias células e estreitas interações entre


células e matriz extracelular (MEC).

Fatores que impedem o reparo do tecido

O reparo tecidual pode ser influenciado por vários fatores que reduzem a qualidade ou
adequação do processo de reparação. Os fatores que interferem na cicatrização podem ser
-----extrínsecos

-intrínsecos ao tecido lesado

-sistêmico

-locais.

• A infecção é uma das causas mais importantes de retardo da cicatrização; ela prolonga a
inflamação e aumenta potencialmente a lesão tecidual local.

• O diabetes, e é uma causa sistêmica importante da cicatrização anormal das feridas.

• O estado nutricional exerce profundos efeitos sobre o reparo; desnutrição proteica e


deficiência vitamina C, por exemplo, inibem a síntese de colágeno e retardam a cura.

• Fatores mecânicos: aumento da pressão local ou torção podem causar separação ou


deiscência da ferida.

• Má perfusão, devido à aterosclerose e ao diabetes, ou obstrução da drenagem venosa,


também prejudicam a cicatrização.

• Corpos estranhos, como fragmentos de aço, vidro, ou mesmo osso, impedem a cicatrização.

• O tipo e a extensão da lesão tecidual influenciam no reparo subsequente.

• A localização da lesão e a natureza do tecido lesado também são importantes.

Exemplos Clínicos da Cicatrização Anormal de Feridas e


Cicatrizes
Complicações no reparo tecidual podem surgir devido a anomalias em qualquer um dos
componentes básicos do processo,

incluindo formação de cicatriz deficiente

formação excessiva dos componentes do reparo


formação de contrações.

Feridas crônicas:

• Úlceras venosas das pernas se desenvolvem mais frequentemente em pessoas idosas= Essas
úlceras não cicatrizam devido ao mau fornecimento de oxigênio para o local da úlcera.
(Hipóxia)

• Úlceras arteriais se desenvolvem em indivíduos com aterosclerose das artérias periféricas,


especialmente associadas ao diabetes. A isquemia resulta em atrofia e então necrose da pele e
dos tecidos subjacentes. (isquemia)

• Úlceras de pressão são áreas de ulceração da pele e necrose dos tecidos= As lesões são
causadas por pressão mecânica e isquemia local.

• Úlceras diabéticas afetam as extremidades= A necrose tecidual e a cicatrização deficiente são


o resultado de doença dos pequenos vasos, que causam isquemia, neuropatia,
anormalidades metabólicas sistêmicas e infecções secundárias.

Em alguns casos, a falha na cicatrização pode levar a deiscência (ruptura da ferida).

Cicatrização excessiva

A formação excessiva dos componentes do processo de reparo pode originar cicatrizes


hipertróficas e queloides.

-O acúmulo de quantidades excessivas de colágeno pode resultar em uma cicatriz elevada


conhecida como cicatriz hipertrófica.

-Se o tecido cicatricial cresce além dos limites da ferida original e não regride, é chamado
queloide.

-A granulação exuberante é outro desvio na cicatrização de feridas caracterizado pela


formação de quantidades excessivas de tecido de granulação, que se projeta acima do nível da
pele circundante e bloqueia a reepitelização (carne esponjosa).

-A contração da ferida é uma parte importante do processo da cicatrização normal. O exagero


nesse processo origina a contração e resulta em deformidades da ferida e dos tecidos
circundantes.

Fibrose em órgãos parenquimatosos

-Os termos cicatriz e fibrose podem ser utilizados de forma semelhante, mas fibrose refere-se,
na maioria das vezes, à deposição anormal de colágeno que ocorre em órgãos internos nas
doenças crônicas.

-A fibrose é um processo patológico induzido por estímulos prejudiciais persistentes, como


infecções crônicas e reações imunológicas, e geralmente está associada à perda de tecido

Você também pode gostar