Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tomando como base livros-texto de Patologia e o artigo anexo intitulado “ Mecanismos envolvidos
na cicatrização: uma revisão”, de Balbino et al. publicado em Brazilian Journal of Pharmaceutical
Sciences, vol. 41, n. 1, 2005:
2. Em quantas fases se divide o reparo de tecidos lesados segundo Clark (1993)? Quais são
elas?
Eventos iniciais estão voltados para o tamponamento dos vasos lesionados. Quase
concomitante ao estímulo lesivo, ocorre vasoconstrição como primeira resposta. A injúria dispara:
a deposição das plaquetas, ativação e recrutamento de novas; resultando em um trombo que
provisoriamente tampona a lesão, e, infiltrado pela fibrina, transforma-se em um trombo fibrinoso.
Eritrócitos são capturados por essa rede fibrinosa e formam o trombo vermelho, responsável pela
oclusão do vaso sangüíneo. A adesão das plaquetas à superfície lesada ocorre pelos receptores
da glicoproteína IIb/IIIa (GP IIb/IIIa). Em seguida, as plaquetas são ativadas e agregadas por
substâncias agonistas (colágeno, trombina, ADP, ácido araquidônico, TxA2, PAF, noradrenalina e
serotonina). Esses mediadores estimulam diferentes cascatas de ativação plaquetária, porém, a
via final comum a todos é a ativação do receptor da GP IIb/IIIa que pela interação com o fator de
von Willebrand e o fibrinogênio é o verdadeiro efetor da agregação e ativação plaquetárias.
As plaquetas ativadas liberam fatores de crescimento, quimiocinas e proteínas, que
formam uma matriz provisória, esta que se torna mais consistente à medida que a fibrina se
polimeriza. Os mediadores liberados pelas plaquetas ativadas, se difundem formando um
gradiente quimiotático que orienta a migração das células da resposta inflamatória.
Um número significativo de neutrófilos deles é coletado pelo trombo provisório, após isso
migram para a superfície da ferida para formar uma barreira, ao final constituirão 50% das células
migradas ao local. O recrutamento de mais neutrófilos é influenciado por quimiocinas produzidas
pelos neutrófilos coletados pelo trombo provisório, como os leucotrienos. Por influência dos
mediadores locais, as células associadas aos vasos são ativadas e passam a secretar
mediadores como o GRO-a.
A primeira contribuição de mediadores para a formação do gradiente vem de proteínas
plasmáticas, e, de sua interação é gerada a bradicinina (importância em fenômenos inflamatórios).
Outros produtos que participam da formação do gradiente são as frações livres do complemento,
principalmente o composto por moléculas pró-inflamatórias. A última contribuição para a formação
do gradiente quimiotático nestes momentos iniciais da resposta inflamatória são os produtos da
fibrinólise. À medida que ocorrem as primeiras migrações de células inflamatórias para o local, o
gradiente é retroalimentado positivamente. As células que migram em resposta ao gradiente
químico (neutrófilos, monócitos e fibroblastos), também, são em sua maioria produtoras de
substâncias quimiotáticas com papel destacado para os eicosanóides e, principalmente, para as
quimiocinas.
A produção e liberação dos mediadores são insuficientes para o recrutamento de
neutrófilos a partir da circulação. A força de arraste da corrente impede seu contato com as
paredes dos vasos. Por ação dos eicosanóides e citocinas, as células dos vasos não lesados são
induzidas a expressar proteínas de adesão para leucócitos, e, os capilares de vasos não lesados
se dilatam, lentificando a circulação e diminuindo sua força de arraste permitindo, a marginação
dos leucócitos e sua ligação às moléculas de adesão.
Os neutrófilos oriundos da circulação são as primeiras células a alcançarem a região
inflamada com a função de eliminação de microorganismos pela fagocitose. Porém, após a
diapedese, cessam a migração passando a residir difusamente no coágulo. As próximas células
que surgem são os macrófagos derivados de monócitos que, é o elemento mais crítico na indução
do processo de reparo, pois, auxilia os neutrófilos na eliminação pela fagocitose, atuando como
elo entre o sistema imune inato e o adaptativo; é a mais eficiente na eliminação de fragmentos
teciduais; e, produzem e exportam mediadores lipídicos, mediadores peptídicos, outras proteínas
e enzimas relacionadas ao reparo.
Nas regiões distais onde os vasos se romperam, o aporte de oxigênio fica comprometido
em função da formação do trombo. O influxo de neutrófilos e macrófagos ativados para esta
região aumenta a demanda por oxigênio com elevação das concentrações de ácido láctico e
queda do pH. Esta combinação, hipóxia, pH baixo e alta concentração de ácido láctico, ativa o
macrófago para a produção de fatores de crescimento.
4. Quais são os principais mediadores e suas fontes e funções na fase inflamatória do
reparo de uma lesão?
5. Que tipo celular é considerado mais importante ou crítico no processo de reparo? Por
que?
Existe uma matriz provisória que serve de alicerce para a migração celular (tanto a partir
da circulação como das regiões adjacentes) formada pelos corpos de plaquetas agregadas e
proteínas dos seus grânulos, proteínas da matriz extracelular e proteínas do sistema de
coagulação.
10. Em quanto tempo ocorre o preenchimento total de uma ferida pelo tecido de
granulação? Como é uma cicatriz totalmente formada ou finalizada?
11. Que células proliferam nas fases finais do processo de reparo de lesões e quais são
suas funções?
Por volta do décimo dia, o leito da ferida está totalmente preenchido pelo tecido de
granulação, com uma rede capilar atravessado-o e, a rede linfática em franca regeneração, devido
a sua reconstrução ter início posterior ao da vasculatura. O tecido de granulação vai sendo
enriquecido com mais fibras de colágeno e começa a adquirir a aparência de massa Fibrótica
característica da cicatriz. Nesta etapa, surgem as primeiras fibras de colágeno tipo I.
Com a evolução do processo, acentua-se a deposição de colágeno e a maioria das células
desaparecem (observa-se a apoptose de fibroblastos e células endoteliais) formando finalmente a
cicatriz. A resolução completa de uma ferida, somente pode ser considerada após concluída a
maturação e remodelagem da matriz extracelular. Este processo ocorre lentamente, levando
muitos meses ou às vezes anos.
O processo de remodelamento da cicatriz envolve etapas sucessivas de produção,
digestão e orientação das fibrilas de colágeno. A deposição de colágeno é feita a princípio de
maneira aleatória tendo como orientação a organização da fibronectina e dependente da natureza
e direção das tensões aplicadas ao tecido. Essas fibras são subseqüentemente digeridas pela
colagenase, ressintetizadas, rearranjadas de acordo com a organização das fibras do tecido
conjuntivo adjacente e lateralmente ligadas por ligações covalentes. Essas ligações são formadas
entre moléculas de tropocolágeno no âmbito da fibrila e entre as próprias fibrilas. Repetições
sucessivas da lise, ressíntese, redirecionamento e religação formam fibras maiores de colágeno e
resultam numa configuração mais regular da cicatriz. Isso aumenta a sua resistência devido à
organização das fibras acompanhar as forças mecânicas a que o tecido está sujeito durante a
atividade normal.
Ao final desta etapa, os anexos da pele, como folículos pilosos e glândulas sofrem
regeneração limitada e a coloração da cicatriz permanece pálida, pois a regeneração dos
melanócitos é deficiente e as cicatrizes são hipo-vascularizadas devido ao desaparecimento dos
neocapilares.
A principal diferença entre os dois tipos de cicatrização está relacionada com a perda de
tecido envolvida. No caso da primeira intenção, as bordas do tecido onde ocorreu a lesão são
aproximadas, havendo perda mínima de tecido e ausência de infecção e mínimo edema. Por esse
motivo, a cicatrização ocorre de maneira mais rápida. Já a de segunda intenção se trata de uma
perda excessiva de tecido com a presença ou não de infecção, onde as bordas da lesão estão
distantes e a aproximação primária delas não é possível. Nesse caso as feridas se fecharão por
meio de contração e epitelização.