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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CECA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

WILSON ARAÚJO DA SILVA

ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS AVES

Rio Largo, AL
2017
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WILSON ARAÚJO DA SILVA

ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS AVES

Trabalho solicitado pelo Profº Geraldo Roberto


Quintão Lana como requisito avaliativo junto a
disciplina Ciência Avícola. Semestre 2017.1.

Rio Largo, AL
2017

1
SUMÁRIO

Plumagem....................................................................................................................................3
Pele..............................................................................................................................................3
Sistema esquelético.....................................................................................................................4
Sistema muscular........................................................................................................................5
Sistema digestivo........................................................................................................................6
Sistema respiratório...................................................................................................................15
Sistema reprodutor ...................................................................................................................19
Sistema urinário........................................................................................................................23
Sistema circulatório...................................................................................................................23
Sistema nervoso........................................................................................................................25
Sistema endócrino.....................................................................................................................26
Estrutura do ovo........................................................................................................................29
Formação do ovo ......................................................................................................................31
Postura ......................................................................................................................................34
Ciclo reprodutivo da fêmea.......................................................................................................35
Choco........................................................................................................................................35
Armazenamento de espermatozoides in vivo............................................................................36
Anormalidades do ovo..............................................................................................................36
Referências bibliográficas.........................................................................................................41

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ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS AVES

Plumagem

A plumagem das aves exerce função de proteção, principalmente das adversidades


ambientais, auxiliando na manutenção da homeotermia. As penas, que são as unidades
formadoras da plumagem, apresentam configurações que permitem o voo na maioria das
espécies de aves. Os principais tipos penas são: penas de contorno (penas propriamente ditas),
plumas ou penugem e filoplumas.
Todas as penas têm em seu centro um eixo rígido, cilíndrico e oco chamado haste. A
ponta da haste que se fixa à pele da ave é chamada de cálamo. O restante da haste é chamado
raque. Os filamentos rígidos que se projetam da raque aos pares, e nas duas direções, são
chamados de barbas. Destas estruturas projetam-se as chamadas bárbulas, que são semelhantes
as barbas, porém menores. As bárbulas possuem ganchos que se prendem às bárbulas vizinhas,
mantendo as penas unidas sobre o corpo da ave.
As bárbulas e barbicelas se entrelaçam, de modo a manter as barbas bem unidas e
formar, assim, as ramas (vexilos), que são uma superfície contínua e resistente ao ar. As plumas
são penas que possuem cálamo e ráquis reduzidos e barbas alongadas. As filoplumas se
reduzem ao eixo, longo e delgado, em algumas barbas e barbelas nas extremidades (LANA,
2000).

Figura 1. Componentes da pena.

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Pele

A função da pele é de conferir proteção do corpo. As aves não apresentam glândulas


cutâneas, com exceção da glândula uropigiana, cuja função é secretar óleo para a lubrificação
das penas. A cor da pele, bico e canelas é determinada pela presença de diferentes pigmentos.
A ausência destes resulta em pele e tarsos brancos. O amarelo dos tarsos é determinado pela
presença de lipocromo na epiderme. A melanina é responsável pela cor preta ou azulada que
ocorre nas canelas das raças de pele amarela ou branca. A ocorrência de tarsos esverdeados se
verifica quando o pigmento melânico se deposita na derme de aves de pele amarela (LANA,
2000).

Figura2. Glândula do uropígio.


Figura 3. Tarsos amarelados.

Figura 4. Tarsos esverdeados.

Sistema esquelético

O esqueleto das aves é leve e compacto, devido a presença de ossos peneumáticos (ossos
ocos), possuindo aproximadamente uma quantidade de 150 soldados entre si, que formam uma
estrutura rígida, na qual estão inseridos os principais músculos. A presença da carena ou quilha
é uma característica importante do grupo de aves (carinatas) a que pertence a galinha doméstica.
Este possui duas funções básicas: servir de moldura e caixa para apoio dos músculos e
suporte do corpo, bem como proteger os sistemas digestivo e reprodutivo e outros órgãos vitais.

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A segunda é a importante função de servir como depósito de cálcio e fósforo, que são
constantemente retirados pela corrente sanguínea para tomar parte em funções vitais e também
na produção de ovos. O cálcio e o fósforo correspondem a 1/3 do peso do esqueleto (LANA,
2000).

Figura 5. Sistema esquelético com foco na carena.

Sistema Muscular

É responsável por constituir aproximadamente 75% do peso da ave. Estudos de análise


química mostram que os músculos são compostos de água (75%), proteína (20%) e carboidratos
(5%). A musculatura está notavelmente desenvolvida nas aves, particularmente na região
peitoral, onde se inserem as fortes massas musculares que movem as asas (LANA, 2000). Ao
longo dos anos, o melhoramento genético voltado a avicultura industrial alterou bastante a
estrutura do sistema muscular, uma vez que foi visado aumento de massa muscular de partes
nobres (peito, coxa e sobrecoxa), o que acarretou em problemas fisiológicos em outros sistemas
do animal, circulatório e esquelético, por exemplo.

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Figura 6. Inserção dos músculos do peito nos ossos responsáveis
pelo voo.

Sistema digestivo

Apresenta os seguintes componentes: bico, boca, faringe, esôfago, papo ou inglúvio,


proventrículo ou estômago glandular, moela, intestino delgado, intestino grosso e cloaca, e dos
órgãos anexos que são: fígado, pâncreas e baço.
Apresenta características diferentes dos sistemas de outras espécies, como bico,
presença de papo no esôfago e de um estômago muscular (ventrículo ou moela). Na espécie
Gallus gallus é relativamente curto, com aproximadamente 210 cm ou mais de comprimento;
entretanto, em outras aves, o volume e o comprimento são variáveis, a depender do hábito
alimentar. As aves possuem moagem de alimento na moela, sendo esta uma das características
que as assemelha aos herbívoros, permitindo uma passagem rápida do bolo alimentar pelo
intestino, característica esta que as assemelha aos carnívoros (DUKES, 2006).

Figura 7. Nomenclatura e principais componentes do sistema digestivo.


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Bico, boca e faringe
O bico tem função básica de coletar alimentos e água, havendo uma variedade enorme
entre as espécies, sendo eles adaptados aos hábitos alimentares das aves. As glândulas salivares
não são tão eficientes quanto as dos seres humanos, mas servem principalmente para umedecer
o alimento e, portanto, facilitar a passagem pelo esôfago. Estudos mostram a capacidade do
bico em selecionar alimentos, isto se deve ao seu tamanho e à sua forma. As aves têm
dificuldade de consumir partículas, sejam estas maiores ou menores que a dimensão anatômica
do bico. Estudos demonstram que a preferência alimentar por partículas de diferentes tamanhos
é influenciada pela idade do frango de corte e das poedeiras (LANA, 2000).
A boca e a faringe não são bem delimitadas nas aves e em muitas espécies não existe
palato mole. O palato mole é fendido e assim se comunica com as cavidades nasais. Não há
dentes, sendo suas funções realizadas pelo bico córneo e pela moela, havendo uma grande
variedade de formas de língua e adaptações de bico.

Figura 8. Parte superior da cavidade oral de uma ave. É possível visualizar a coana.

Na boca das aves estão também os botões gustativos, os quais são em número reduzido
(316), quando comparados com os suínos (15.000). As principais glândulas salivares são:
maxilares, submandibulares e lingual. O palato mole é fendido e comunica-se com as cavidades
nasais. A língua das aves é composta de tecido duro, devido ao alto grau de queratinização, o
que diminui a capacidade de movimentação. Desempenha um importante papel no processo de
ensalivação dos alimentos (LANA, 2000).

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Glândulas salivares
O número e a distribuição de glândulas salivares variam entre as espécies. Espécies que
consomem alimentos úmidos apresentam menos glândulas comparadas aquelas que consomem
alimentos secos. Os frangos secretam de 7 a 30 mL de saliva por dia (DUKES, 2006). O
processo de salivação é controlado pelo sistema nervoso autônomo (simpático e
parassimpático). O nervo parassimpático estimula a secreção de saliva e o simpático diminui o
estímulo. As glândulas salivares estão localizadas em cinco áreas: boca, piso da boca, base da
língua, teto da boca e na região da faringe. No esôfago existem glândulas produtoras de muco
que auxiliam a lubrificação do bolo alimentar (LANA, 2000).
Há uma série de fatores que afetam a produção de saliva, dentre eles podem se destacar
a qualidade e o tipo do alimento. O controle da produção de saliva é feito pelo sistema nervoso
autônomo e regulado pelo sistema nervoso simpático e parassimpático. O sistema nervoso
simpático provoca vasoconstrição das glândulas, com diminuição da produção de saliva, já o
parassimpático aumenta o suprimento sanguíneo das glândulas e a produção de saliva (LANA,
2000).

Esôfago
É longo e mais largo em diâmetro que o dos mamíferos e possui um diventrículo, o papo
ou inglúvio, que separa as porções superior e inferior do esôfago (DUKES, 2006). Possui um
epitélio estratificado escamoso e apresenta glândulas mucosas que tem a função de lubrificar a
passagem do bolo alimentar. O esôfago é maior em aves que preferem alimentar-se de partículas
grandes. Portanto o esôfago funciona como canal de passagem do alimento (LANA, 2000).

Papo
O papo é originário da distensão da parede ventral do esôfago, sendo um reservatório
de alimentos das aves. Ele é muito importante nas aves silvestres, mas algumas espécies não
apresentam papo (aves insetívoras e corujas). No papo ocorre a secreção de muco, porém não
ocorre de amilase. A amilase encontrada no papo pode se originar as glândulas salivares, do
alimento ingerido, de bactérias no papo ou do conteúdo duodenal regurgitado (DUKES, 2006).
O papo dilata-se, aumentando o volume durante o armazenamento de alimentos. Na
parede do papo são encontrados dois tipos de receptores, para distensão do papo e para
contração do papo. No caso do frango de corte, pode-se ter o problema de rompimento do papo,
devido ao excesso de ingestão de alimento.

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A forma do papo pode variar de um simples alongamento até uma bolsa (galinha) ou
duas (pombos). O estado de enchimento do papo influencia a atividade gástrica. Quando o papo
está cheio, forma-se o bolo, e através de sua contração o alimento passa para o estômago. O
estado de excitabilidade da ave, medo e ansiedade, parece influenciar a motilidade do papo.
Parece que o jejum determina um estado de movimento irregular do papo.
Durante o armazenamento do alimento no papo, ocorre atividade digestiva e a ação de
microrganismos no papo. A utilização de antibióticos diminui a presença de microrganismos
no papo.

Estômago glandular ou proventrículo


É onde são secretados os sucos digestivos, enzimas proteolíticas e ácido clorídrico,
através de glândulas que cobrem a parede deste (DUKES, 2006). Ele está localizado entre o
esôfago inferior e a moela. A capacidade do trato digestivo tem influência sobre o consumo de
alimento. O estômago glandular distingue-se da moela no 5º dia de incubação, e sua atividade
secretória está presente a partir do 9º dia (LANA, 2000).
As divisões entre o proventrículo e o esôfago inferior não são bem definidas. Dois tipos
de glândulas predominam no estômago glandular: glândulas mucosas simples, com função
secretora de muco, e glândulas submucosas compostas, as quais secretam muco, pepsinogênio
e ácido clorídrico. O proventrículo não é um órgão armazenador de alimento, no entanto pode
desempenhar esta função nas aves que não contém papo (espécies que se alimentam de peixe),
como a garça, por exemplo (DUKES, 2006).

Glândulas gástricas
São distribuídas no estômago de acordo com suas funções, sendo encontrados diversos
tipos: superficiais, mucosas, parietais ou oxínticas e pilóricas. Nas aves predominam dois tipos,
a saber: glândulas mucosas (secretoras de muco) e glândulas submucosas (secretoras de
pepsinogênio, muco e ácido clorídico) (DUKES, 2006). As células superficiais e a mucosa
secretam muco e protegem o estômago contra o excesso de ácido clorídrico e pepsinogênio. As
glândulas parietais ou oxínticas secretam o ácido clorídrico e produzem o máximo de íons H+
quando estimuladas. As células principais estão localizadas na região fúndica e secretam o
pepsinogênio. As glândulas pilóricas também secretam pepsinogênio (LANA, 2000).

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Figura 9. Estrutura do estômago glandular.

Moela
A moela é o estômago mecânico das aves, sendo assim denominada por não apresentar
sucos gástricos próprios e por fazer a digestão dos grãos, previamente amolecidos no papo,
através de pressão exercida por sua forte estrutura muscular. O tamanho da moela está
relacionado à massa muscular, sendo esta obtida por meio do trabalho mecânico deste órgão à
medida que recebe partículas médias ou grossas para fazer a trituração dos alimentos. Com o
aumento da atividade mecânica, os músculos da moela sofrem hipertrofia e aumento da massa
muscular (RIBEIRO et al., 2002).
Em estudo com codornas japonesas, foi observado que o aumento da moela e dos
intestinos aumenta a capacidade de ingerir e digerir alimentos (FLAUZINA, 2007). Sua
estrutura é composta por dois pares de músculos chamados intermedius e lateralis: músculo
pares tênues e músculo pares densos, respectivamente. Estes pares de músculos não estão
presentes na maioria das aves carnívoras (por ex., falcões, corujas e garças), cujos estômagos
são um tanto semelhantes àqueles dos mamíferos carnívoros. As fibras estão em forma de
feixes, que permitem extensa comunicação entre as células musculares lisas adjacentes, além
de rápida contração muscular. A região interna da moela apresenta uma camada resistente e

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abrasiva, constituída de proteína-polissacarídeos. Este revestimento é substituído na maioria
das espécies, sendo mais espesso naquelas que ingerem alimentos duros (DUKES, 2006).
Sua função é a proteção da mucosa contra a pressão de materiais duros, bem como contra
o efeito das enzimas e dos ácidos do estômago glandular. Na moela ocorrem contrações
coordenadas dos músculos altamente desenvolvidos neste órgão, de tal forma que o conteúdo
luminal passa por tratamento abrasivo, com a finalidade de reduzir o tamanho das partículas. O
ciclo de contração e relaxamento é mais ou menos constante e tem duração aproximada de 24
segundos. A natureza física da dieta pode alterar a duração e amplitude dos ciclos de contrações,
de tal forma que os grãos inteiros tendem a reduzir o período do ciclo, porém aumenta o
comprimento de cada contração, ao passo que para alimentos moles ocorre o inverso (DUKES,
2006).

Intestino delgado
É composto pelo duodeno, jejuno e íleo, não havendo distinção histológica entre jejuno
e íleo. A mucosa do intestino delgado assemelha-se à dos mamíferos, exceto, em geral, as
vilosidades, que são mais altas, mais delgadas e mais numerosas nas aves. O vestígio
embrionário do saco vitelino (divertículo de Meckel) pode ser encontrado próximo da metade
do intestino delgado. O duodeno é em forma de “U” e envolve o pâncreas. Em relação aos
mamíferos, o intestino das aves é mais curto, sendo o comprimento variável de acordo com a
alimentação.
Na região do trato gastrointestinal, existe a desembocadura dos ductos pancreáticos e
biliar, e os ductos biliares entram no duodeno. Um ducto hepático vem direto do fígado ao
intestino, e outro chega ao intestino após passar pela vesícula biliar.

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Figura 10. Ilustração de vilosidade do intestino
delgado.

Glândulas intestinais
Três tipos de glândulas estão distribuídas nas vilosidades do intestino delgado: glândulas
intestinais (criptas de Liberkum); glândulas de Loblet; e glândulas duodenais, ou de Brunner.
As glândulas intestinais são responsáveis pela síntese de células da mucosa. Já as células de
Loblet estão espalhadas por todo o intestino e se localizam na porção média do vilo, sendo
responsáveis pela produção de muco. As glândulas duodenais localizadas somente no duodeno
secretam muco e um fluido similar ao plasma sanguíneo, especialmente rico em eletrólitos
(sacarose e outros) (LANA, 2000).

Intestino grosso
Representa a última seção do trato gastrointestinal, com função de recebimento dos
resíduos remanescentes da digestão do intestino delgado, absorção de água e eletrólitos. É
relativamente curto e sem demarcações definidas, sendo dividido em cólon e reto. A mucosa é
praticamente desprovida de vilosidades, possuindo grande número de células glandulares
produtoras de muco, que são estimuladas pelo conteúdo do intestino grosso. O fluxo da digestão
passa do intestino delgado para o intestino grosso através dos esfíncteres íleo-cólon, por meio
de movimentos peristálticos (LANA, 2000).

Cecos
Localizados junto aos intestinos grosso e delgado estão os cecos, que nas aves em geral
são em número de dois e são maiores caso se a dieta conter elevado teor de fibra. Servem como
depósito de material fecal, que passa pelo intestino grosso e, através da cloaca, para o exterior.

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Em algumas espécies pode possuir apenas um ou mesmo estar ausente, como é o caso dos
falcões e aves canoras (DUKES, 2006).
O tamanho dos cecos é influenciado pelos hábitos alimentares. As aves possuem dois
longos cecos e um pequeno cólon. O acesso da digestão nos cecos das aves é restrito somente
a fluidos e pequenas partículas. A ave sobrevive normalmente com a retirada dos cecos. Pode
ocorrer digestão microbiana de celulose nos cecos; nestes, a absorção de água é relativamente
intensa. Ocorre síntese de vitaminas no ceco, mas estas não são absorvidas pelas aves. Neles
são observados dois tipos de contrações: de baixa e alta amplitude. As de baixa parecem ocorrer
sob influência das contrações do íleo e reto. Pesquisadores sugerem que a entrada de conteúdo
nos cecos se faz através de movimentos antiperistálticos do cólon (LANA, 2000).

Cólon/Reto
É um tubo curto e estreito que se estende da junção íleo-cecos até a cloaca. Estudos
mostram que a mais importante propagação de movimentos é no sentido inverso, ou seja,
movimentos antiperistálticos. Estes movimentos são responsáveis pelo refluxo da urina para os
cecos e pelo preenchimento destes. Os movimentos antiperistálticos do reto são movimentos
contínuos, e a interrupção deste antiperistaltismo pode ocorrer alguns segundos antes ou depois
da defecação (LANA, 2000).

Cloaca
É um órgão em comum dos aparelhos digestivo, urinário e reprodutor.
Histologicamente, a cloaca é similar ao intestino grosso, sendo a saídas das fezes controlada e
coordenada pelo sistema autônomo, em nível de esfíncter anal interno, e pelo sistema nervoso
central, pelo esfíncter anal externo (LANA, 2000).

Figura 11. Estruturas da cloaca.

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Órgãos acessórios

Fígado
Apesar de separado do trato digestivo, possui funções vitais no processo de digestão e
absorção de nutrientes. Varia de tamanho de acordo com a idade da ave e pode representar até
cerca de 3% do peso vivo desta. Contribui para a síntese de bile necessária à emulsificação das
gorduras e absorção de compostos lipossolúveis. O fígado tem coloração marrom-esverdeada,
devido ao excesso de sangue, porém as aves, ao nascerem, possuem o fígado pálido em razão
do excesso de gordura proveniente da absorção da gema (LANA, 2000).
A estrutura do fígado é dividida em lóbulos interligados por veias, artérias e canalículos.
O fígado também funciona como reservatório de glicogênio, sempre à disposição das
necessidades energéticas do corpo. Tem também como função filtrar o sangue, separando as
impurezas tóxicas. Possui dois ductos: o esquerdo comunica-se diretamente com o duodeno,
enquanto o direito envia seu ramo para a vesícula biliar e, posteriormente, para o duodeno. A
vesícula biliar está presente em várias espécies, como galinhas, patos e gansos, porém em
outras, como pombos, estão ausentes (LANA, 2000).
A bile é composta de ácidos e sais biliares. Os ácidos biliares são compostos de
esteroides, tendo como precursor o colesterol. Os ácidos biliares são: cólico, taurina ou glicina.
O pH é ligeiramente ácido (5,8). Além dos ácidos biliares, possui também fosfolipídeos,
colesterol, muco e pigmentos biliares (LANA, 2000).

Pâncreas
Encontra-se entre a alça duodenal e consiste de três lóbulos e sua secreção atinge o
duodeno por três ductos. O pâncreas produz o suco pancreático, composto de tripsina, amilase
e lipase, cuja função é digestiva. A produção de enzimas digestivas aumenta com a idade. No
pâncreas estão localizadas as ilhotas de Langerhans, que são compostas por três tipos de células,
uma produz glucagon, a outra insulina e a terceira somatostatina (LANA, 2000).

Baço
Está alojado no triângulo formado por fígado, moela e proventrículo. Usualmente é lhe
atribuída a função hematopoética e de reservatório sanguíneo (LANA, 2000).

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Sistema respiratório

É importante saber que existem diferenças significativas entre aves domesticadas e aves
selvagens. Por exemplo, perus selecionados para um rápido ganho de peso, apresentam um
menor volume pulmonar e área superficial menor para o intercâmbio de gases em comparação
com àqueles não selecionados. Frangas para postura também apresentam estas características
em comparação a seu ancestral selvagem. Isso se deve as modificações fisiológicas provocadas
pelo processo de seleção e domesticação (DUKES, 2006).
As estruturas que compõe o sistema podem ser divididas em dois componentes
funcionalmente distintos: um componente para ventilação: vias aéreas condutoras (boca,
orifícios e cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia), sacos aéreos, esqueleto torácico e
músculos da respiração; e um componente para intercâmbio gasoso: pulmão parabronquial; A
parte superior do sistema respiratório é especializada em filtrar, aquecer e umidificar o gás
inalado, o qual pode passar tanto pelas narinas como pela boca (LANA, 2000; DUKES, 2006).

Figura 12. Esquematização do sistema respiratório das aves.

Um componente que difere consideravelmente quando comparado ao dos mamíferos é


a traqueia. Nas aves ela varia bastante entre as classes. Apresenta as seguintes funções:
condução, aquecimento e umedecimento do ar a partir das vias aéreas (narinas e boca) para os

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brônquios, além de separar o material particulado do gás inalado. Em todas as aves as traqueias
foram anéis completos, diferentes dos mamíferos que é em forma de “C” (DUKES, 2006).
Alguns pinguins e procelárias, por exemplo, apresentam traqueia dupla. Em relação aos
mamíferos de tamanho comparável ela se apresenta maior e mais larga, porém as aves
apresentam uma frequência respiratória relativamente baixa. Apresenta as seguintes funções:
condução, aquecimento e umedecimento do ar a partir das vias aéreas (narinas e boca) para os
brônquios, além de separar o material particulado do gás inalado (DUKES, 2006)
A siringe, que é um órgão alojado no ponto terminal da traqueia, é responsável pela
vocalização e canto das aves. É a única parte do aparelho respiratório capaz de produzir som. E
a laringe, serve como auxílio no que diz respeito à modulação da voz.

Figura 13. Localização da siringe.

No geral, o sistema respiratório exerce outras importantes funções, como: eliminação


de calor, detoxificação de produtos do metabolismo, destrinça de coágulos sanguíneos e
produção de mensageiros químicos (LANA, 2000).

Sistema pulmonar
É localizado na região torácico dorsal, e apresenta três ordens de ramificação bronquiais:
um brônquio primário (extrapulmonar e intrapulmonar), brônquios secundários e brônquios
terciários (parabrônquios), que é onde ocorre o intercâmbio gasoso.
Os brônquios primários apresentam uma camada bem desenvolvida de musculatura lisa
que consiste em uma camada circular interna e uma camada orientada longitudinalmente, que
em resposta a estímulos hormonais, podem alterar o seu diâmetro interno. Os secundários
emergem do brônquio intrapulmonar primário (mesobrônquio) e são deles que emergem os
sacos aéreos. E os brônquios terciários (parabrônquios): é a única base de intercâmbio gasoso
e apresentam alto grau de anastamose, permitindo assim a troca oxigênio do ar por dióxido de

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carbono do sangue. O pulmão aviário consiste de dois tipos de tecido parabronquial:
paleopulmonar e neopulmonar, que histologicamente são indistinguíveis uns dos outros, mas a
direção do fluxo gasoso difere entre eles (DUKES, 2006).

Sacos aéreos
As aves possuem nove sacos aéreos. Dois cervicais, um clavicular ímpar, dois torácicos
caudais, dois torácicos craniais e dois abdominais. São malvascularizados, não contribuindo
para o significativamente para o intercâmbio gasoso. Funcionalmente agem como foles para o
pulmão aviário que é relativamente rígido (DUKES, 2006).

Figura 14. Sistema respiratório detalhando as localizações dos sacos aéreos.

Estão em comunicação direta com os pulmões e as cavidades dos ossos do corpo. Os


sacos aéreos emanam a partir de alguns brônquios secundários. Um grupo cranial (sacos aéreos

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cervical, clavicular e torácico-cranial) conecta-se aos brônquios secundários medioventrais, um
outro grupo caudal (sacos aéreos torácido-caudal e abdominal) conecta-se aos brônquios
secundários lateroventral e mediodorsal e ao brônquio primário intrapulmonar. Todos os sacos
aéreos são pares, com exceção do clavicular (LANA, 2000).
Os sacos aéreos apresentam também outras características: tornam as aves mais leves,
facilitando o voo; servem de contrapeso ou tara, dando equilíbrio à ave no voo; diminuem a
fricção entre os músculos em movimento; mantém a temperatura corporal, pela difusão do
vapor d’água pelos pulmões; e funcionam como reservatório de ar, principalmente para as aves
de voo rápido, facilitando a respiração (LANA, 2000).

Mecânica da respiração
As aves não apresentam diafragma, porém dependem dos músculos cervicais, torácicos
e abdominais para os processos de inspiração e expiração. Durante a inspiração, os músculos
inspiratórios se contraem e a pressão dentro dos sacos aéreos se torna negativa em relação à
pressão atmosférica ambiente, fazendo com que o ar flua da atmosfera para dentro do sistema
pulmonar (DUKES, 2006).
Quando os músculos expiratórios se contraem, o volume interno da cavidade
toracoabdominal diminui, a pressão dentro dos sacos aéreos aumenta e o gás flui para fora dos
sacos aéreos, e passa através dos pulmões neopulmonares para os pulmões paleopulmonares, e
daí para os ventrobrônquios, traqueia e ambiente (DUKES, 2006).

Figura 15. Mecanismo de inspiração.

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Figura 16. Mecanismo de expiração.

O movimento de gases nos pulmões é unidirecional nos parabrônquios


paleopulmonares, mas nos parabrônquios neopulmonares é bidirecional. Na inspiração, o fluxo
de gás se subdivide quando alcança o brônquio secundário mediodorsal e passa em direção aos
parabrônquios do paleopulmo, e daí para os sacos aéreos craniais. Já na expiração o gás move-
se dos sacos aéreos caudais, através do neopulmo, para o brônquio secundário mediodorsal e
parabrônquios do paleopulmo. Ao mesmo tempo, o gás deixa os sacos aéreos craniais e entra
no brônquio secundário medioventral, e daí, pelo brônquio primário, para a traqueia e atmosfera
(LANA, 2000; DUKES, 2006).

Sistema reprodutor

Aparelho reprodutor feminino


Difere sensivelmente do que se observa entre os mamíferos, pois as aves não apresentam
ciclo estral ou gestação. A maior parte do desenvolvimento embrionário se dá fora do
organismo materno. Para isso, a célula reprodutiva feminina é envolvida por grande quantidade
de material nutritivo, necessário à alimentação do embrião (DUKES, 2006; LANA, 2000).
O ovário está alojado abaixo da coluna vertebral, na sua parte média, junto à
extremidade anterior do rim esquerdo. Quando em atividade, apresenta o aspecto de um cacho
de uvas com frutos (gemas ou oócitos) em diferentes estádios de desenvolvimento. O número
de células (oócitos) do ovário capazes de se desenvolver em gemas se eleva a mais de dois mil.
Com o auxílio de um microscópio, esse número é superior a quatro mil, e a literatura relata até
doze mil óvulos (LANA, 2000).

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Nenhuma relação entre o número dessas “gemas potenciais” e a capacidade de postura
foi observada. A postura parece relacionada tão somente com a capacidade individual de
desenvolvimento das gemas. Cada gema se acha envolvida por uma cápsula membranosa; o
folículo se liga ao ovário por um cordão, o pedículo. Terminado o crescimento das gemas, o
folículo se rompe ao longo de uma zona não-vascularizada, a linha branca ou o estigma,
ocorrendo a ovulação. A libertação da gema é seguida, posteriormente, pela reabsorção do
folículo remanescente (LANA, 2000).

Figura 17. Sistema reprodutor feminino.

Ovário
Na maioria das aves do sexo feminino, somente o ovário e o oviduto esquerdos se
desenvolvem, isto porque o ovário e oviduto direitos regridem sob a influência do hormônio de
inibição Mülleriano (DUKES, 2006). O ovário está firmemente aderido à parede corporal,
dorsal, colocado no pólo anterior do rim esquerdo, e posteriormente ao pulmão. No
desenvolvimento da maturidade sexual, o ovário aumenta de 0,5 g para 40 a 60 g. A maior parte
desse crescimento provém de uns quatro a seis folículos em desenvolvimento. O folículo maior
pesa em torno de 20 g e tem diâmetro de 40 mm (LANA, 2000).

Oviduto
É basicamente um conduto longo e sinuoso que vai do ovário até a cloaca, com regições
especializadas em funções particulares. O oócito permanece tempos diferentes em cada seção
do oviduto. A seguir, serão apresentados os tempos gastos tomando como exemplo a galinha.
A extremidade do infundíbulo se torna ativa no período da ovulação e engloba o óvulo. Existem
glândulas no infundíbulo responsáveis por armazenar espermatozoides que podem fecundar o
20
óvulo. Nesse local, o ovo permanece por cerca de 30 minutos. Na seção seguinte, chamada de
magno (a maior porção do oviduto), o ovo recebe o albúmen durante um curso de 2 a 3 horas.
Logo após, o ovo chega ao istmo, que é o local de recebimento das membranas internas e
externas da casca, o tempo decorrido nesta porção varia de 1 a 1,5 hora. O ovo permanece a
maior parte do tempo (20 horas) no útero, onde a casca é adicionada, bem como água, sais e
pigmentação. A junção uterovaginal é o principal local dos túbulos de armazenamento de
espermatozoides. A vagina é a porção que se estende do útero à cloaca e não participa no
processo de formação do ovo (DUKES, 2006).

Obs: a partir deste ponto, foi utilizado apenas o livro “Avicultura”, cujo autor é o Profº
Geraldo Roberto Quintão Lana.

Aparelho reprodutor masculino

Testículos
Os testículos das aves são intracavitários, não têm saco escrotal e se localizam em
posição anterior aos rins, aderidos à parede dorsal do corpo. Proporcionalmente, são maiores
que os dos mamíferos e em muitas espécies há assimetria bilateral, sendo o esquerdo maior que
o direito. Os testículos são frequentemente esbranquiçados, embora testículos funcionais
escuros sejam normais em algumas espécies de aves. São macios e faltam septos de tecido
conjuntivo, encontrados normalmente nos mamíferos. Como consequência de sua localização
intra-abdominal, os testículos funcionam na temperatura do corpo (41 a 42°C). Na maturidade
sexual, os testículos aumentam três a quatro vezes de tamanho.

Órgãos acessórios
São relativamente subdesenvolvidos nas aves, não tem vesículas seminais, glândulas
bulbouretrais e nem próstata. Firmemente oposta a cada testículo há uma pequena estrutura: o
epidídimo. O epidídimo consiste em túbulos deferentes que carregam os espermatozoides dos
testículos para o tubo epididinário único.O canal deferente termina em uma pequena papila na
cloaca. Imediatamente antes de sua terminação, ele torna-se alargado e funciona como depósito
de espermatozoides. O tamanho do canal deferente é quatro vezes ou mais vezes a distância
entre o epidídimo e a cloaca.

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No momento da excitação sexual, diversas e pequenas dobras da cloaca ventral tornam-
se ingurgitadas com o líquido linfático e se projetam para fora, transformando a estrutura em
um sulco, para dirigir o fluxo de sêmen. O falo do galo é pequeno e não funciona como órgão
penetrante. O sêmen é transferido para a fêmea pelo contato rápido do sêmen rudimentar com
a vagina. Os patos e gansos têm pênis consideráveis e a cópula se dá com a intromissão do
órgão. Os movimentos rítmicos da cauda promovem protusão da genitália e, frequentemente,
força a ejaculação. No que diz respeito à maturação, os espermatozoides do galo são
funcionalmente maduros antes de sair dos testículos.

Figura 18. Sistema reprodutor masculino.

Regulação endócrina dos testículos


O crescimento dos testículos ocorre pelos hormônios FSH e LH, o qual age sobre as
células de Leydig para promover o desenvolvimento e produção de testosterona. Já o FSH age
sobre as células de Sertoli.
A função completa é obtida pela ação combinada de FSH e testosterona. Com o início
de um fotoperíodo estimulatório, há rápidos aumentos nos níveis sanguíneos de LH e FSH.
Após alguns dias de níveis aumentados, eles tornam a cair por influência negativa. Os níveis de
LH declinam quando os de testosterona vão aumentando. Portanto, a testosterona é sem dúvida
o principal feedback regulador da secreção de LH. Os níveis de FSH declinam mais lentamente
do que aquele de LH, o que ocorre quando os testículos se aproximam do tamanho máximo.

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Sêmen
É uma mistura de células espermáticas e fluidos. Nas aves domesticas, o ejaculado é
altamente concentrado e de pequeno volume. A média de volume de sêmen ejaculado é de 0,5
ml e a concentração é de cerca de quatro bilhões de espermatozoides por milímetro de sêmen.
Nos perus, o volume é de cerca de 0,25 a 0,35 ml, com concentração de 8 a 12 bilhões
de espermatozoides por milímetro. Os espermatozoides do galo e peru são semelhantes, mas
diferem daqueles dos mamíferos. Nas aves, a cabeça do espermatozoide é longa e estreita, com
extremidade apical do núcleo.

Sistema urinário

É constituído de dois rins trilobados, situados dorsalmente na região pélvica, e dois


ureteres. Os rins estão localizados na parede dorsal do corpo, abaixo dos pulmões. Cada rim é
constituído de três lóbulos de coloração avermelhada. Uma particularidade é que as aves não
possuem bexiga. Dessa forma, os produtos finais do metabolismo da proteína e água são
armazenados nos túbulos dos rins. A urina passa pelos ureteres diretamente para a cloaca, é
pastosa e eliminada junto com as fezes (parte branca). Na urina das aves, o nitrogênio é
encontrado sob a forma de ácido úrico, ao passo que na dos mamíferos a ureia é o principal
composto nitrogenado.

Sistema circulatório

É constituído por sistema muscular e linfático. O sistema vascular é constituído por


coração, artérias, veias, capilares e sangue. O coração, que funciona como uma bomba, é
formado por dois ventrículos, um direito e um esquerdo, e duas aurículas, localizadas em cada
um dos ventrículos. O sangue contendo dióxido de carbono retorna ao coração, transportado
pelo sistema venoso. O coração, então, bombeia o sangue sob pressão para os pulmões e faz
com que atravesse estes para que o dióxido de carbono dos glóbulos vermelhos seja trocado por
oxigênio. O sangue, já oxigenado, retorna ao lado esquerdo do coração, onde a pressão é
aumentada, para que possa chegar a todas as partes do corpo pelo sistema arterial. O sangue
chega às paredes intestinais, recolhe os nutrientes recém-digeridos e os transporta até o fígado.

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No fígado, as impurezas são filtradas da corrente sanguínea, que segue então seu caminho pela
veia hepática até o coração, voltando ao pulmão.
O sangue é uma mistura de líquidos (75%) e sólidos (25%) que ocorre pelo sistema
circulatório. A parte líquida do sangue (plasma) carrega em solução os nutrientes digeridos até
as células. Quase a totalidade das células do sangue divide-se em eritrócitos (glóbulos
vermelhos) e leucócitos (glóbulos brancos). Os eritrócitos, que nas aves possuem núcleo e têm
forma oval, são responsáveis pela importante missão de transportar dióxido de carbono para os
pulmões e o oxigênio dos pulmões para as células do corpo.

Figura 19. Sistema vascular em aves.

Os leucócitos são maiores em tamanho e menores em número que os eritrócitos, e sua


função primária é de proteger o corpo contra infecções ou doenças; quando ocorre uma doença,
seu número aumenta rapidamente. O sistema vascular, junto com certas células do corpo, é
também importante na formação de imunidades pela produção de anticorpos, que determinam
a resistência do animal a certas doenças.

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Figura 20. Eritrócitos (células com núcleo) e leucócitos no sangue de ave.

O sistema linfático é constituído de linfa e dos canais linfáticos, sendo importante na


defesa do corpo, já que contém o mecanismo para produção dos leucócitos. Outra importante
função do sistema linfático é o papel que tem de interligar o sangue e os tecidos, quando a linfa
age como um sistema intermediário entre o sangue e os tecidos, permitindo a passagem dos
nutrientes dos capilares sanguíneos aos tecidos e dos catabólitos destes para o sangue.

Sistema nervoso

A galinha tem um sistema nervoso bastante desenvolvido, com excelente visão, audição
e bom tato, mas com pouca capacidade olfativa e gustativa. O sistema nervoso é a rede elétrica
do organismo que coordena o funcionamento de todos os órgãos, permitindo à ave ajustar-se às
mudanças de meio externo e interno. O sistema nervoso se subdivide em sistema nervoso
central e neurovegetativo.
O sistema nervoso central é constituído do cérebro e da medula espinhal com todas as
ramificações da rede nervosa igualmente originárias da medula espinhal e do cérebro.
O sistema nervoso neurovegetativo, além do sistema nervoso central, apresenta vários
nervos viscerais que se conectam com o cérebro e a medula espinhal, mas que não recebem
comando voluntário. Estes nervos, transmitem impulsos necessários ao funcionamento de
vários órgãos, como estômago, fígado, pâncreas, intestinos, rins, testículos, ovários, coração e
várias glândulas. O sistema neurovegetativo pode ser dividido em simpático e parassimpático.
O primeiro é responsável por ativar e acelerar o organismo e o segundo para retardar e frear o
mesmo, mantendo, portanto, a ação conjunta dos dois o equilíbrio necessário aos processos
normais.
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Sistema endócrino

As glândulas endócrinas, que são glândulas sem condutos ou glândulas de secreção


interna, compõem uma importante parte do sistema regulatório do corpo da ave. Fazem parte
do sistema endócrino: a pituitária, o timo, a tireoide, as paratireoides, as suprarrenais, os
testículos e o ovário. Também estão incluídos o pâncreas, as ilhotas de Langerhans e a epífise
ou glândula pineal.
A pituitária está localizada na base do cérebro e possui dois lóbulos, o anterior e o
posterior, cada um com uma secreção hormonal específica. O lóbulo anterior da pituitária
segrega o hormônio responsável pelo crescimento. Quantidades excessivas deste hormônio
causam gigantismo, e quantidades insuficientes resultam em ananismo. Além disso, o lóbulo
anterior produz os hormônios FSH e LH. O hormônio FSH (ou foliculina) regula o crescimento
e a ruptura do folículo que envolve o óvulo, ou seja, é necessário para a ovulação.

As glândulas do timo, que se dispõem paralelamente à coluna vertebral do pescoço,


possuem tamanho bastante grande nos pintinhos, porém diminui rapidamente à medida que a
ave cresce, tornando-se de difícil observação no animal adulto. Se as glândulas do timo são
removidas num pinto, este mantém suas funções orgânicas normais, mas não aumenta de
tamanho.

A glândula da tireoide constitui-se de dois corpúsculos ovais pequenos, localizados


perto da base do pescoço, junto à veia jugular. Ela segrega o hormônio tiroxina, responsável
em grande parte pelo crescimento e pela cor das penas, bem como pelo metabolismo corporal.

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As paratireoides localizam-se bem abaixo das tireoides e são de extrema importância para a
galinha poedeira, pois regulam o metabolismo de cálcio e fósforo. Considerando a grande
quantidade de cálcio necessária pela galinha poedeira na produção da casca de ovo, qualquer
doença ou mal funcionamento das paratireoides acarretará uma má qualidade da casca do ovo.

As suprarrenais ficam bem acima dos rins, na parede dorsal do corpo; são elas que
segregam adrenalina. Este hormônio regula o metabolismo dos carboidratos e estimula o
sistema nervoso simpático e os batimentos do coração. Secreções repentinas de adrenalina em
quantidades acima do normal causam uma vasoconstrição indireta, que resulta em maior
pressão sanguínea.

Os testículos segregam o hormônio androgênio, que estimula o desenvolvimento e


funcionamento dos órgãos sexuais (canais deferentes e órgãos copulatórios) e a libido. O
androgênio controla também o funcionamento e aparecimento dos caracteres sexuais
secundários, como crista, barbelas, esporões, penas da cauda e voz.

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As gônadas (testículos e ovário), além de produzirem espermatozoides e óvulos, têm
uma função endócrina. O hormônio produzido pelos testículos é responsável pelo aparecimento
de crista e barbela. Os ovários segregam o hormônio sexual feminino estrogênio.

As ilhotas de Langerhans, distribuídas dentro do pâncreas, produzem o hormônio


insulina, a qual é segregada quando ocorre o aumento na concentração de açúcar do sangue. A
insulina promove, em concentrações baixas de açúcar, reações que normalmente ocorreriam em
altas concentrações de açúcar. Regula o metabolismo dos carboidratos, a formação e
armazenagem de glicogênio, a oxidação da glicose e o metabolismo das gorduras.

A epífise está localizada perto do teto do terceiro ventrículo do cérebro. Mesmo sendo
composta primariamente de células nervosas, segrega um hormônio que tem certa função no
crescimento inicial da ave. A remoção desta glândula demonstra que ela não é essencial à vida
da ave.

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Estrutura do ovo

Um ovo completo compreende as seguintes partes principais, pela ordem de sua


formação: disco germinativo ou blastoderma, gema ou vitelo, membrana vitelina, clara ou
albúmen, membrana da casca e casca.

Figura 21. Componentes do ovo.

Disco germinativo ou blastoderma


É uma placa esbranquiçada de 2,5 a 3,5 mm de diâmetro, situada na superfície da gema,
por baixo da membrana vitelina, em uma zona de menor peso específico. Qualquer que seja a
posição do ovo, o blastoderma está sempre na parte superior da gema, devido à presença da
látebra.
O disco germinativo contém a vesícula germinativa, que constitui o verdadeiro óvulo
ou célula feminina, ponto onde se insere o núcleo do espermatozoide, no caso de ter havido
fecundação. No ovo não fecundado, a vesícula germinativa é invisível a olho nu. Quando a
fecundação ocorre, a vesícula torna-se densa e volumosa em razão do início do
desenvolvimento do embrião. Não é necessário que o ovo seja incubado para que o germe se
desenvolva. Para isto, basta a ação de altas temperaturas do verão.

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Gema ou vitelo
É constituída por uma massa amarela ou avermelhada de natureza globulosa, envolvida
pela membrana vitelina, que lhe dá forma esférica. Estruturalmente, consta de camadas
concêntricas de vitelo amarelo, intercaladas por outras, mais finas, de vitelo, esbranquiçado, e
a látebra, uma massa central, que se une ao blastoderma. O vitelo branco pode faltar em algumas
circunstâncias, dependendo do regime alimentar a que estão submetidas as galinhas. A cor da
gema é, outrossim, influenciada pela alimentação, sendo o amarelo determinado principalmente
pela quantidade de xantofila nos alimentos.

Membrana vitelina
É uma camada muito fina que recobre a gema, impedindo o seu derramamento. No ovo
fresco, é resistente, diminuindo sua tensão com o tempo, o que acarreta o achatamento da gema.

Clara ou albúmen
É uma massa albuminosa, transparente, disposta ao redor da gema, em três camadas de
densidades diferentes, nitidamente visíveis no ovo fresco. A porção externa, em contato com as
membranas testáceas, é fluida, espalhando-se sobre o recipiente quando o ovo é quebrado. A
camada mediana, muito mais densa que a primeira, se apresenta no ovo fresco como uma massa
plana, consistente e de contorno definido. A terceira está em contato direto com a gema; é muito
fina e é ainda mais fluida que a primeira.
Além das partes mencionadas, estendem-se no seio da clara, em direções opostas e no
maior diâmetro do ovo, as duas calazas, formações espiraladas, albuminosas, mais consistentes
que a clara densa, cuja função biológica aparente é equilibrar a gema no centro do ovo,
protegendo, dessa maneira, o germe.

Membrana da casca ou testáceas


São membranas porosas e permeáveis que envolvem toda a massa albuminoide do ovo,
histologicamente constituídas de tecido conjuntivo fibroso. Acham-se intimamente aderidas
entre si em toda a sua extensão, exceto na região do polo obtuso do ovo, onde se separam, dando
lugar a formação de um espaço vazio denominado câmara de ar.
Logo após a postura, a câmara de ar é muito pequena, crescendo, porém,
progressivamente, com o tempo, pelo resfriamento do ovo e pela desidratação do seu conteúdo.

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Como a evaporação depende das condições variáveis de umidade e temperatura do ar
atmosférico, torna-se impossível estabelecer uma relação matemática entre o tamanho da
câmara de ar e a idade do ovo. Assim, o ovo de três a quatro dias, conservado em um ambiente
seco e quente, pode apresentar uma câmara mais espessa que outro de uma semana, guardado
em um local fresco e úmido. Além disso, a evaporação depende ainda da permeabilidade da
casca, que é, do mesmo modo, bastante variável de ovo para ovo. Entretanto, em condições
iguais e definidas, o volume da câmara de ar será, necessariamente, proporcional à idade do
ovo.

Casca
É o invólucro calcário e consistente do ovo, constituído de duas câmaras superpostas,
mamilar e esponjosa, de cutícula e poros. A camada esponjosa é a mais espessa, abrangendo
dois terços da espessura total. A cutícula consiste de uma camada externa de verniz-brilhante,
aparentemente sem estrutura, bastante visível no ovo recém-posto. Embora tenha sido
considerada como elemento protetor, sua remoção pela lavagem da casca não implica no
aumento da desidratação do ovo.
Os poros da casca, em número de 6.000 a 8.000, têm origem na camada mamilar e se
abre à superfície externa do ovo. Sua função biológica é permitir as trocas gasosas entre os
meios interno e externo, durante o período do desenvolvimento embrionário.

Formação do ovo

Estrutura folicular
O folículo ovariano consiste em um oócito rodeado de células foliculares. O oócito
contém o núcleo e organelas celulares e uma membrana típica. O folículo maduro difere do
oócito pelo tamanho devido ao material da gema, o qual é envolvido por uma membrana
proteica, denominada membrana vitelínica, que é produzida pelas células vitelínicas que a
rodeiam.
O núcleo do óvulo encontra-se abaixo da camada vitelínica e acima da superfície da
gema. Existe um sistema vascular complexo nos folículos que crescem rapidamente, com um
componente venoso e particularmente extenso. Veias proeminentes são facilmente visíveis
sobre parte da superfície folicular. Uma faixa relativamente avascular, o estigma, está presente
em cada folículo, e é ao longo desta faixa que ocorre a ruptura folicular quando o oócito é

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liberado. Além dos folículos, em vários estágios, também é transportada para a gema do ovo a
xantofila.

Figura 22. Estruturas responsáveis por formar o ovo.

Fertilização
No infundíbulo ocorre a fertilização do ovo. A fecundação ocorre normalmente, cerca
de 15 minutos após a ovulação, quando a gema se acha ainda na trompa. O tempo gasto pelos
espermatozoides para realizar o trajeto da vagina à trompa é bastante curto. Os espermatozoides
depositados na extremidade posterior do oviduto podem atingir a trompa em um período de 26
minutos. A ausência de espermatozoides na trompa, por falta de cópula ou inseminação,
impossibilita a fecundação, havendo, neste caso, a postura de ovos inférteis ou claros.
A determinação da fertilidade é feita, em geral, após uma semana de incubação, pela
miragem ou ovoscopia. No ovo quebrado, a fertilidade pode ser verificada mesmo antes do
início da incubação, pelo exame do disco germinativo. O desenvolvimento do embrião tem
início logo após a fecundação, de tal modo que o blastoderma do ovo fertilizado é maior e, de
algum modo, diferente do que se observa no ovo infértil.

Secreção de albumina

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O magno secreta e armazena albumina antes da formação do ovo. Quando a gema passa,
o magno libera albumina. O volume de albumina que rodeia o ovo no magno é apenas de cerca
de 50%. O tempo decorrido é de cerca de três horas.
As diversas porções da clara, incluindo as calazas, não resultam de secreções específicas
dos diversos segmentos do oviduto, mas de mudanças que ocorrem no seio da massa
albuminosa à medida que se acumula. A diferenciação da clara nas suas quatro porções distintas
tem início no istmo, porém só se torna facilmente visível depois que o ovo atinge o útero.

Formação das membranas


No istmo são colocadas as duas membranas da casca as quais estão intimamente
superpostas, exceto na extremidade do ovo, onde elas se separam e formam a câmara de ar após
a postura do ovo, como resposta mecânica à redução de volume do conteúdo do ovo, provocada
pelo resfriamento. No istmo, o óvulo permanece cerca de 1,5 hora. O formato do ovo se deve
ao istmo, onde são depositados pontos específicos da membrana.

Formação da casca
Durante as primeiras cinco horas em que o ovo em desenvolvimento permanece no
útero, o fluído é adicionado à albumina, aproximadamente dobrando o seu volume. Essa adição
de fluidos e os defeitos mecânicos de retorcimento resultam na estratificação do ovo em quatro
partes: as calazas, que são brancas, trançadas e de natureza proteica; a capa de albumina interna,
que se estende ao redor da gema e das calazas; por fora dessa camada está uma camada branca
líquida; e a seguir uma camada branca e menos viscosa.
As calazas servem para manter a gema e o embrião no centro do ovo, evitando
aderências à casca. A casca é secretada mais ativamente nas últimas 15 horas em que o ovo
permanece no útero, sendo composta de carbonato de cálcio (98%) e glicoproteínas (2%). A
parte cristalina da casca mergulha na sua membrana externa, onde formam verdadeiras colunas.
Estas colunas são separadas por poros, que se estendem para o lado de fora, por onde são feitas
as trocas gasosas pelo embrião.
No lado de fora da casca tem-se a cutícula, camada proteica que pode bloquear a entrada
de bactérias. Muitas aves põem ovos uniformemente coloridos, castanhos, azuis ou verdes; estes
são corados por pigmentos derivados dos eritrócitos. Os pigmentos tipo porfirinas são
distribuídos através da casca, mas estão mais distribuídos na parte externa desta.

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A origem do cálcio do corpo logicamente é alimentar, porém as fêmeas têm mecanismos
para tornar disponíveis grandes quantidades de cálcio em tempo relativamente curto. A galinha
deposita no ovo cerca de duas gramas de cálcio em 15 horas, e isto equivale à remoção total do
cálcio circulante a cada 15 minutos, durante a formação da casca. Quando a puberdade se
aproxima, a secreção de estrógeno ovariano aumenta a concentração de cálcio de 15 para 25
mg/decilitro de cálcio circulante; além disso, o estrógeno estimula a deposição de quatro a cinco
gramas de cálcio na região medular de ossos ocos (pneumáticos).
Todo cálcio secretado para o útero destinado à formação da casca é derivado do sangue,
e deste é obtida a alimentação dos ossos. Nas poedeiras, os ossos medulares (ocos) estão em
um processo dinâmico, sendo depositados e reabsorvidos continuamente. A real formação da
casca envolve a secreção de cálcio pelas células epiteliais e a secreção de uma fonte de
carbonato (íons bicarbonato) pelas glândulas tubulares subepiteliais e pela interação desses
componentes para formar carbonato de cálcio. A insuficiência de cálcio pode acarretar
formação de casca defeituosa, da mesma forma que a inibição da anidrase carbônica, enzima
que catalisa a conversão de CO2 e H2O em H2CO3-. O calor ambiental associado à polipneia e
a queda do nível de CO2 sanguíneo, pode resultar em ovos de casca fina.
Terminada a elaboração dos componentes do ovo, verifica-se a postura. Por muito
tempo se acreditou que a vagina tivesse influência na pigmentação da casca. Porém, com as
diversas pesquisas, estabeleceu-se que a única função daquele segmento final do oviduto é dar
passagem ao ovo já formado. O tempo entre a postura e a próxima ovulação é de 30 a 75
minutos.

Postura

Consiste na expulsão do ovo. O ato da postura envolve a interação coordenada de vários


sistemas orgânicos. Os músculos lisos do útero contraem-se e os que separam o útero da vagina
relaxam. As penas perianais da região abdominal relaxam, enquanto os músculos esqueléticos
abdominais contraem-se, ocorrendo a expulsão do ovo. A frequência respiratória aumenta e a
crista torna-se pálida. O fato que dispara a postura quando o ovo está pronto para ser posto
ainda se desconhece. Múltiplos sistemas de controle endócrinos a regulam, porém, os detalhes
permanecem não revelados.

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Ciclo reprodutivo da fêmea

O ciclo ovulatório é cerca de 24 a 26 horas de duração e pode ocorrer por mais dias sem
interrupção; é chamado comumente de “ninhada de ovos”. Quando as galinhas são mais jovens,
põem em uma frequência mais alta. Períodos longos de postura sem intervalo são possíveis
nessa ocasião. As sequências variam de 1 a 30 ovos ou mais, porém a duração da sequência está
baseada na atividade ovariana e geralmente está em torno de cinco a seis ovos.

Choco

O ato de chocar, que é o comportamento das aves para incubar os ovos, tem virtualmente
desaparecido nas galinhas selecionadas para a produção comercial de ovos, porém ainda
persiste em boa percentagem nas raças de corte e em perus. Embora essa característica seja
indispensável para a sobrevivência na maioria das espécies de aves silvestres, é indesejável no
moderno sistema de aves domésticas.
Quando as galinhas se tornam chocas, seus ovários regridem e cessa a produção de ovos,
tornando o choco economicamente indesejável.

Figura 23. Galinha em choco.

Prevenção do choco
Muitas técnicas de manejo são usadas para prevenir o choco, porém, basicamente, todas
elas consistem em colocar as aves em um ambiente estranho e desconfortável. Isto pode ser
conseguido pela remoção dos ninhos, pelo uso da tela de arame no chão ou, ainda, fechando as
aves em gaiolas; pode-se também alterar a luminosidade para 24 horas/dia.

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Armazenamento de espermatozoides in vivo

As fêmeas de muitas espécies de aves podem armazenar espermatozoides em glândulas


especializadas do oviduto por períodos prolongados e podem produzir ovos férteis por dias,
semanas e até meses após uma cópula ou inseminação artificial. Os primeiros estudos indicaram
que os espermatozoides eram estocados nas criptas mucosa do infundíbulo. Embora essa
estrutura não possa armazenar espermatozoides, o melhor tecido armazenador de
espermatozoides está localizado na vagina, bem próximo do útero. Há evidências de que os
espermatozoides se movem para o infundíbulo após a postura e lá aguardam a chegada do
próximo óvulo.

Anormalidades do ovo

A concorrência de distúrbios fisiológicos ou patológicos no processo de formação do


ovo resulta no aparecimento de ovos anormais. Sendo os casos mais frequentes:
Ovo de duas gemas
Resulta da ocorrência de duas ovulações dentro de um curto espaço de tempo, motivadas
pelo desenvolvimento simultâneo de duas gemas, ou discência prematura ou retardada de um
folículo. Caindo, conjuntamente, no oviduto, as gemas serão englobadas em um mesmo ovo.
Os ovos com essa anormalidade são mais comuns entre frangas que em galinhas de segunda
postura. O aparecimento de mais de duas gemas no mesmo ovo tem sido também constatado,
embora muito raramente.

Figura 24. Ovo com duas gemas. Figura 25. Ovo com três gemas.

Ovo sem gema

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Ocorre quando ocorre excitação anormal das glândulas albuminíferas em ausência da
gema. Tais ovos contêm, via de regra, fragmentos de gema ou algum corpo estranho.
Aparentemente, estas substâncias constituem o instrumento excitador das glândulas secretoras
da clara.

Figura 26. Ovo sem gema.

Ovo incluso
É quando um ovo completamente formado se acha dentro de outro. Constitui uma
anormalidade muito rara. O mecanismo de sua formação é explicado pela possibilidade de que
um ovo já envolvido pela casca possa retrocede, pela ação de movimentos antiperistálticos do
oviduto, à câmara albuminífera e ser aí englobado por outra camada de clara, seguindo então o
trajeto normal.
Quando a ação dos movimentos antiperistálticos é muito intensa, o ovo pode regredir
até a extremidade superior do oviduto, caindo então na cavidade abdominal.

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Figura 27. Ovo incluso.

Ovo de casca mole


É o ovo posto prematuramente, antes da deposição dos sais calcários que dariam rigidez
e consistência à casca. Usualmente é encontrado pela manhã, debaixo dos poleiros.

Figura 28. Ovo sem casca.

Casca fina
O aparecimento de ovos de casca muito fina e frágil constitui problema sério e de grande
importância econômica em alguns aviários. O fenômeno pode ser determinado por diversos
fatores, como: deficiências de cálcio, de vitamina D e de manganês, facilmente evitadas pelo
uso de suplementos desses elementos na ração; temperatura ambiente e idade das aves, tendo
as mais velhas maiores tendências para casca fina e doenças, como Newcastle e bronquite
infecciosa.

38
Figura 29. Ovo com casca fina.

Câmara de ar solta
A câmara de ar é normalmente fixa no pólo obtuso, seja qual for a posição do ovo.
Entretanto, em certos casos, apresenta-se deslocada e móvel, indicando falta de aderência entre
as membranas testáceas ou rompimento da membrana interna. Essa anomalia pode ser
determinada pelo envelhecimento do ovo ou por fatores mecânicos.

Grumos de sangue na gema


A presença de grumos de sangue na gema aparece com relativa frequência. Resulta de
hemorragia verificada no folículo ou na parte superior do oviduto. O ovo hemorrágico, isto é,
aquele cujo conteúdo se mostra avermelhado, decorre provavelmente de uma hemorragia mais
severa.
Segundo diversos estudos, a tendência para a produção de mancha de sangue é
hereditária. Desse modo, torna-se evidente a necessidade de não se incubarem ovos de famílias
de poedeiras com alta incidência de casos. Os ovos com mancha de sangue, quando de cor
branca, podem ser reconhecidos no ovoscópio, com certa facilidade.

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Figura 30. Ovo com grúmulo de
sangue.

40
Referências bibliográficas

DUKES, H. H.; REECE, W. O. Dukes, Fisiologia dos animais domésticos. 12. ed. Rio de
Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2014. 926 p.

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