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ISCISA - UAN

Patologia Geral

Docente: Bebiana C. Bernardo

Contactos: 934689442 ----- bebiana2013@gmail.com

Luanda, 2023/2024
PATOLOGIA GERAL

Aspectos celulares da
cicatrização
Aspectos celulares da cicatrização

Cicatrização
processo que compreende a uma série de
eventos moleculares e celulares
(extravasamento de plasma, com a
coagulação e agregação plaquetária até a
reepitelização e remodelagem do tecido
lesado) que interagem para que ocorra a
restauração e funcionalidade do tecido
lesado.
Aspectos celulares da cicatrização

O processo de cicatrização de feridas envolve


a organização de células, sinais químicos e
matriz extracelular com o objetivo de reparar
o tecido de forma a se obter cicatriz
funcional e esteticamente satisfatória.
Aspectos celulares da cicatrização

CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS


BIOLÓGICOS DA CICATRIZAÇÃO

O processo de cicatrização ( regeneração)


ocorre em três fases que se sobrepõem de
forma contínua e temporal:
Inflamatória
Proliferativa
Remodelagem
Disturbios metabólicos
Aspectos celulares da cicatrização

1- Fase inflamatória
Aspectos celulares da cicatrização
1- Fase inflamatória
Após a ocorrência do ferimento, inicia-se o
extravasamento sanguíneo que preenche a área
lesada com plasma e elementos celulares,
principalmente plaquetas.
Aspectos celulares da cicatrização
1- Fase inflamatória
A agregação plaquetária e a coagulação
sanguínea geram um tampão, rico em fibrina,
que além de restabelecer a hemostasia e formar
uma barreira contra a invasão de
microrganismos, organiza matriz provisória
necessária para a migração celular.
Aspectos celulares da cicatrização

1- Fase inflamatória
Essa matriz servirá também, como
reservatório de citocinas e fatores de
crescimento que serão liberados durante as
fases seguintes do processo cicatricial.
Aspectos celulares da cicatrização
1- Fase inflamatória
As plaquetas se agregarem e liberam fatores de
crescimento:
F de cresc derivado de plaquetas (PDGF)
F de cresc transformante-β (TGF-β)
F de cresc epidérmico (EGF)
F de cresc transformante- a (TGF-α)
F de cresc de células endoteliais (VEGF)
Aspectos celulares da cicatrização

1- Fase inflamatória
As plaquetas ainda liberam glicoproteínas
adesivas, importantes constituintes da matriz
extracelular provisória, liberados na área
lesada.

Fibronectina e Trombospondina
Aspectos celulares da cicatrização

1- Fase inflamatória
A lesão tecidual ativa a cascata de coagulação
e do complemento, juntamente com a
liberação dos fatores de crescimento e
ativação de células parenquimatosas
induzindo também as plaquetas a produzirem
mediadores vasoativos e fatores quimiotáticos
que auxiliam o recrutamento das células
inflamatórias no local da ferida.
Aspectos celulares da cicatrização

1- Fase inflamatória
Após a saída das plaquetas de dentro do leito
vascular ocorre o recrutamento de
neutrófilos, monócitos, fibroblastos e células
endoteliais que migram em direção ao leito da
ferida em resposta aos agentes quimiotáticos.
Aspectos celulares da cicatrização
Aspectos celulares da cicatrização

A função das células inflamatórias: fagocitose


de bactérias, fragmentos celulares e corpos
estranhos, produção de fatores de
crescimento, que preparam a ferida para a
fase proliferativa,
Aspectos celulares da cicatrização

Os monócitos do sangue periférico infiltram-


se continuamente no local da ferida durante
todo processo cicatricial, em resposta a
agentes quimiotáticos (PDGF)para monócitos.
Aspectos celulares da cicatrização

Os monocitos são ativados pela liberação dos


fatores provenientes das plaquetas, a
fagocitose dos componentes celulares, a
fibronectina ou colágeno. Esta ativação
transforma-os em macrófagos para controle
do processo de reparo.
Aspectos celulares da cicatrização
 O macrófago ativado - principal célula efetora do
processo de reparo tecidual. Funções:
 degradar e remover componentes do tecido
conjuntivo danificado (colágeno, elastina e
proteoglicanas, fragmentos celulares);
 secretar fatores quimiotáticos que atraem outras
células inflamatórias ao local da ferida;
 produzir prostaglandinas com acção
vasodilatadora para melhorar a permeabilidade
dos microvasos;
 produzir fatores de crescimento (PDGF, o TGF-β)
Aspectos celulares da cicatrização

Fibroblastos
produzem fatores de crescimento (FGF e o
VEGF), que se destacam como as principais
citocinas necessárias para estimular a
formação do tecido de granulação.
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
A proliferação é a fase responsável pelo
fechamento propriamente dito da lesão.
Compreende:
1 – reepitelização;
2 - fibroplasia e angiogênese .
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
1 – reepitelização - inicia horas após a lesão,
com a movimentação das células epiteliais
oriundas da margem da ferida e de apêndices
epidérmicos localizados no centro da lesão;
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
2 - fibroplasia e angiogênese – formam o
chamado tecido de granulação responsável
pela ocupação do tecido lesionado cerca de
quatro dias após a lesão.
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
 Formação da nova matris extracelular
pelos fibroblastos - necessária ao
crescimento celular
 Novos vasos sanguíneos carreiam oxigênio
e nutrientes necessários ao metabolismo
celular local.
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
A proliferação epitelial inicia-se por
estimulação mitogênica e quimiotática dos
queratinócitos pelos factores de crescimento
(TGF-α e EGF), dando lugar a formação do
tecido de granulação.
Aspectos celulares da cicatrização

2- Fase proliferativa
É chamado de tecido de granulação pela
característica granular devida à presença de
novos capilares neoformados essenciais ao
processo de reparo.
Aspectos celulares da cicatrização

2.1- Permeabilidade vascular


A permeabilidade microvascular aumenta
pelo processo de neoformação vascular que
se origina vosos preexistente, de formas a
premitir o extravasamento de proteínas,
citocinas e elementos celulares, a formação
de matriz extracelular provisória necessária à
migração e proliferação das células
endoteliais.
Aspectos celulares da cicatrização

2.1- Permeabilidade vascular


As citocinas (VEGF-A, FGF) têm a capacidade
de aumentar a permeabilidade dos
microvasos e o extravasamento de
macromoléculas, incluindo fibrinogênio e
outras proteínas da coagulação. O
extravasamento dessas proteínas resultam na
deposição extravascular de fibrina,
favorecendo tanto o processo cicatricial
Aspectos celulares da cicatrização

2.2- Angiogênese
etapa fundamental do processo de
cicatrização, que consiste na formação de
novos vasos sanguíneos a partir de vasos
preexistentes. Estes novos vasos participam
da formação do tecido de granulação
provisório e suprem de nutrientes e de
oxigênio o tecido em crescimento.
Aspectos celulares da cicatrização

2.2- Angiogênese

A angiogênese é induzida inicialmente pelo


FGF ácido ou básico, VEGF, TGF-β
posteriormente a angiogenina, angiotropina e
angiopoetina-1, assim como a baixa tensão de
oxigênio, os elevados níveis de ácido lático e
aminas bioativas.
Aspectos celulares da cicatrização

2.3- Matriz extracelular


Para que ocorra a migração das células
endoteliais e o desenvolvimento de novos
capilares de estrutura tubular há dependência
das células e citocinas presentes, da produção
e organização dos componentes da matriz
extracelular, incluindo fibronectina, colágeno,
vibronectina, tenascina e laminina, tanto no
tecido de granulação quanto na membrana
endotelial basal.
Aspectos celulares da cicatrização

2.3- Matriz extracelular


A matriz extracelular é importante para o
crescimento e manutenção normal dos vasos,
pois, além de agir como "plataforma" que dá
suporte à migração celular, age também como
reservatório e modulador da liberação de
fatores de crescimento, como o FGF2 e o TGF-
β.
Aspectos celulares da cicatrização

2.3- Matriz extracelular


A proliferação das células endoteliais
adjacentes e dentro da ferida leva à
deposição, de forma transitória, de grandes
quantidades de fibronectina na parede do
vaso.
Aspectos celulares da cicatrização

2.3- Matriz extracelular


A angiogênese requer a expressão de
receptores para fibronectina pelas células
endoteliais,31 organizando a fibronectina
como um canal, de modo a permitir o
movimento das células endoteliais. Expressão
e atividade de proteases também são
necessárias à angiogênese, principalmente na
fase de remodelagem.
Aspectos celulares da cicatrização

3- Fase de remodelagem
Aspectos celulares da cicatrização

3- Fase de remodelagem
- Consiste na tentativa de recuperação da
estrutura tecidual normal.
- É marcada por maturação dos elementos e
alterações na matriz extracelular, ocorrendo o
depósito de proteoglicanas e colágeno.
- Posteriormente, os fibroblastos do tecido de
granulação transformam-se em
miofibroblastos.
Aspectos celulares da cicatrização

3- Fase de remodelagem
Ocorre, concomitantemente, reorganização da
matriz extracelular para transformação da
matriz provisória em definitiva.
Com o decorrer do processo de maturação e
remodelagem, a maioria dos vasos, fibroblastos
e células inflamatórias desaparece do local da
ferida mediante processos de emigração,
apoptose levando a formação de cicatriz com
reduzido número de células.
Aspectos celulares da cicatrização

Na fase de remodelagem, as principais


citocinas são:
fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina
(IL-1), PDGF e TGF-β produzidas pelos
fibroblastos, além das produzidas pelas
células epiteliais como EGF e TGF-b.
- Caso persistir a celularidade no local,
ocorrerá a formação de cicatrizes hipertróficas
ou queloides.
Aspectos celulares da cicatrização

Reepitelização
É o recobrimento da ferida por novo epitélio
por migração e proliferação dos
queratinócitos a partir da periferia da lesão.

Esses eventos são regulados por três


principais agentes: fatores de crescimento,
integrinas e metaloproteases.
Aspectos celulares da cicatrização

Reepitelização
Durante a fase inflamatória a liberação de
fatores de crescimento por plasma,
fibroblastos e macrófagos/ neutrófilos ativa os
queratinócitos localizados nas margens e no
interior do leito da ferida.
Aspectos celulares da cicatrização
Reepitelização
Entre os fatores de crescimento destacam-se:
- PDGF - induz a proliferação de fibroblastos
com consequente produção da matriz
extracelular durante a contração da ferida e
reorganização da matriz;
- KGF - considerado o principal regulador da
proliferação dos queratinócitos;
- TGF-β, principal responsável pelo estímulo
inicial da migração das células epiteliais.
Aspectos celulares da cicatrização
Doenças que interferem negativamente no
processo de reparo tecidual

 diabetes, esclerose sistêmica, anemia,


desnutrição, entre outras; ressecções
extensas de tecido (parede abdominal)
Aspectos celulares da cicatrização
Substâncias (fatores de crescimento) que
possuem ação direta no processo de reparo
com boa capacidade de acelerar o reparo
tecidual :
 REGRANEX - produto à base de PDGF
recombinante humano, interfere direto e
favorece o processo de reparo,
apresentando bons resultados na
cicatrização de úlceras de pacientes
diabéticos;
Aspectos celulares da cicatrização
Substâncias (fatores de crescimento) que
possuem ação direta no processo de reparo
com boa capacidade de acelerar o reparo
tecidual :
 Colagenase - substâncias contendo agentes
enzimáticos como as pomadas à base de
DNAse e colagenase atuam promovendo o
debridamento da ferida41 e auxiliam, dessa
forma, o curso da restauração tecidual de
maneira discreta e indireta.
Disturbios metabólicos
ACÚMULOS INTRACELULARES

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