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CIRURGIA PLÁSTICA

E REPARADORA

UNIDADE II
RECUPERAÇÃO TECIDUAL
Elaboração
Gabriela Pedrosa Ricardo

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE II
RECUPERAÇÃO TECIDUAL...........................................................................................................5

CAPÍTULO 1
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS................................................................................................. 5
CAPÍTULO 2
TIPOS DE CICATRIZES........................................................................................................... 9
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................11
RECUPERAÇÃO
TECIDUAL
UNIDADE II

Capítulo 1
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

A cicatrização de feridas consiste em uma coordenada cascata de eventos que resultam


na reconstituição do tecido. Note, processo cicatricial é comum a todas as feridas,
independentemente do agente causador. Didaticamente, o processo de cicatrização é
dividido em três fases: inflamatória, proliferação (ou granulação) e remodelamento (ou
maturação).

Após a lesão, há liberação de vários mediadores vasoativos e quimiotáticos que conduzem


o processo cicatricial mediante atração de células inflamatórias para a região da ferida.

1.1. Fase inflamatória


Essa fase se inicia imediatamente após a lesão, com a liberação de substâncias
vasoconstritoras, como tromboxana A2 e prostaglandinas.

Visando à hemostasia, a cascata de coagulação é iniciada e grânulos são liberados


das plaquetas, as quais contêm fator de crescimento de transformação beta - TGF-β,
fator de crescimento derivado das plaquetas PDGF, fator de crescimento derivado dos
fibroblastos FGF, fator de crescimento epidérmico EGF, prostaglandinas e tromboxanas
que atraem neutrófilos à ferida. Os neutrófilos são células sanguíneas que fazem parte
essencial do sistema imune.

A resposta inflamatória se inicia com vasodilatação e aumento da permeabilidade


vascular, promovendo a migração de neutrófilos para a ferida e assim à quimiotaxia. Essas
são as primeiras células a chegarem no local da ferida, produzindo radicais livres que
auxiliam na destruição de bactérias e são gradativamente substituídos por macrófagos.

Os macrófagos têm papel fundamental no término do debridamento (remoção de tecido


lesionado/ necrosado) iniciado pelos neutrófilos e sua maior contribuição é a secreção

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de citocinas e fatores de crescimento, além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia


e síntese de matriz extracelular.

1.2. Fase proliferativa


Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até
o 15º dia. A angiogênese (formação de novos vasos) é estimulada pelo fator de necrose
tumoral alfa TNF-α e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação
de capilares, indispensáveis para a cicatrização adequada. É nessa fase que se forma o
tecido de granulação.

Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida e são ativados, principalmente,
pelo fator de crescimento PDGF. Esse também induz a proliferação celular, a quimiotaxia
e a síntese da matriz. Em seguida é liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a
produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem
a contração da ferida.

Fase de maturação ou remodelamento: última fase do processo cicatricial, podendo durar


até dois anos. Aqui é formado o colágeno de forma organizada sendo que cicatrização
tem sucesso quando há equilíbrio entre a síntese da nova matriz e a lise da matriz antiga. É
importante notar que, mesmo após cicatrização da ferida, o tecido apresentará um colágeno
menos organizado comparado com a pele sã, e a força tênsil jamais retornará a 100%.

Entendendo que a fibrose é um processo fisiológico de reparação tecidual, nota-se que


a fibrose patológica é um resultado inesperado após as cirurgias, principalmente após
a lipoaspiração. A fibrose patológica é caracterizada por ondulações inestéticas que
podem gerar desconforto físico, dor e limitações funcionais. Ela acontece graças a uma
produção desordenada de fibras de sustentação.

Figura 11. Fibrose patológica.

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Fonte: https://fitbodyestetica.com.br/tratamento-para-fibrose-com-radiofrequencia/.

1.3. Descolamento tegumentar na cirurgia estética


Muitas das cirurgias plásticas exigem um descolamento da pele para que ela seja
retirada posteriormente (o excesso dela, nos casos de flacidez, nas cirurgias de lifting
facial, abdominoplastia, mamoplastia redutora, entre outras) ou mesmo para facilitar e
permitir a retirada de tecido adiposo por meio de cânulas e uso de pressão negativa,
como ocorre na lipoaspiração.

Nesses casos, o preparo pré-cirúrgico se torna importante no intuito de favorecer esse


descolamento, preparando o tecido para tal procedimento. Com um preparo tecidual
adequado, os riscos e cuidados trans e pós-operatórios se tornam mais tranquilos e
menos susceptíveis a complicações.

1.4. Pontos cirúrgicos e tempo de cicatrização


O tempo de cicatrização sofre interferência de uma série de fatores, tais como:

» Fatores locais: são aqueles ligados à ferida e que podem interferir no processo de
cicatrização, tais como: dimensão, profundidade da lesão, presença de contaminação
ou infecção, hematomas e necrose tecidual (se houver).

» Fatores sistêmicos: são aqueles relacionados diretamente ao paciente, como: faixa


etária (pessoas de idade avançada têm a resposta inflamatória diminuída); estado
nutricional (que interfere em todas as fases da cicatrização. A hipoproteinemia,
por exemplo, diminui a resposta imunológica, a síntese de colágeno e a função de
fagocitose); presença de doenças crônicas, tais como enfermidades metabólicas
sistêmicas (diabetes, por exemplo) podem interferir no processo cicatricial; terapia
medicamentosa associada, já que a associação de medicamentos pode interferir no

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processo cicatricial, como, por exemplo, anti-inflamatórios, antibióticos, esteroides


e agentes quimioterápicos.

» Tratamento tópico inadequado, tais como o uso de sabão tensoativo (que na lesão
aberta pode afetar a permeabilidade da membrana) e soluções antissépticas, que
também podem ter ação citolítica.

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Capítulo 2
TIPOS DE CICATRIZES

As cicatrizes são o resultado inevitável de um comprometimento intencional ou


acidental da pele. A cicatriz final consequente à essa lesão é secundária a um processo
de reparação, variável e nunca completamente previsível.

A cicatriz também pode ser definida como o resultado da cura de uma ferida operatória.
Todos os tecidos do corpo humano (gorduroso, conjuntivo, epitelial) apresentam
um processo de regeneração eficaz e eficiente. A pele, por ter origem ectodérmica e
conjuntiva, é um órgão mais complexo e cura- se mediante formação de um tecido
fibroso, que é a cicatriz. Por se tratar de um tecido fibroso, essa cicatrização nem sempre
acontece da maneira desejadas.

As cicatrizes podem ser de diversos tipos.

» Normotrófica: essa classificação é dada quando a pele adquire o aspecto de textura


e consistência anterior ao trauma.

» Atrófica: ela é assim designada quando sua maturação cicatricial não atinge o
trofismo fisiológico esperado, surgindo, normalmente, por diminuição de substância
tecidual ou sutura cutânea inadequada.

» Hipertrófica: nome dado quando o colágeno é produzido em quantidade normal,


contudo a sua organização na deposição é inadequada, oferecendo aspectos não
harmônicos, embora a cicatriz respeite o limite anatômico da pele.

» Queloide: decorrente da contínua produção de colágeno jovem devido à ausência


de fatores inibitórios. Ela pode estar ligada a fatores raciais, sendo a prevenção
a melhor forma de tratamento da cicatriz queloidiana, com uso de meios de
contenção (malha elástica, placa de silicone etc.), pomada ou gel adequado.

Figura 11. Queloide.

Fonte: https://opas.org.br/o-que-e-queloide-pomadas-tratamento-como-tirar-tem-cura/.

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Figura 12. Cicatriz hipertrófica e queloide.

Fonte: http://dricarocarvalho.com.br/index.php/blog2/126-queloides-cicatrizacao-hipertrofica-e-
betaterapia.

Uma série de fatores podem influenciar na cicatrização e na cirurgia plástica.


Lembrando que pré, trans e pós-operatório dependem desses e também da equipe
de profissionais envolvidos.

O bom resultado da cirurgia plástica dependerá de um bom trabalho e de uma


boa interação de uma equipe multiprofissional, em conjunto com a disciplina e a
dedicação do paciente, respeitando e seguindo as recomendações dadas pela
equipe que o acompanha. Ao somar habilidades e conhecimentos, a equipe poderá
alcançar um resultado final superior ao que atingiriam separadamente.

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REFERÊNCIAS

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