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APRESENTAÇÃO
BONS ESTUDOS!
Att,
Guilherme Paladini
@cirurgiasdaface.
ÍNDICE
FRATURAS DE MANDÍBULA....................................................................................................... 27
CICATRIZAÇÃO DA FERIDA
Cascata de coagulação: Plaquetas ->adesão ao colágeno com auxílio do fator de von Willebrand -
> degranulação das plaquetas -> liberação de interleucinas e fatores de crescimento. Há atração
de leucócitos e fibroblastos para a ferida, enquanto que a agregação continua formando um
tampão plaquetário dentro do vaso. A cascata então é ativada e o resultado é uma deposição de
fibrina sobre o tampão, reforçando-o. A vasodilatação e inflamação sucedem à hemostasia, e
através de quimiotaxia leucócitos e proteínas plasmáticas penetram na ferida. Os fatores de
crescimento liberados são responsáveis pela formação do tecido de granulação (fase proliferativa
– fibroblástica). Na fase de maturação há substituição de colágeno tipo 3 por tipo1, aumentando a
força à tração.
Complicações na Cicatrização Óssea: trauma repetido, segmentos que cicatrição sem redução
adequada (má-união). A não-união é quando não forma sso entre os segmentos mas eles
permanecem ligados por tecido fibroso. Alcool e tabaco contribuem para não união. Fraturas
expostas tem maior risco de infecção, tendo risco de evoluir para osteomielite – requer
debridamente e ATB de longo prazo.
Fatores que interferem na cicatrização: idade avançada, infecção da ferida, diabetes melito,
tabagismo e desnutrição. Na presença de infecção, há inflamação aumentada e juntos
desencadeiam um dano tecidual maior. A diabetes provoca uma perfusão tecidual inadequada,
atrasando a cicatrização e deixando mais propenso a infecções. Há também menor difusão de O 2
pois a hemoglobina glicolisada tem maior afinidade com o oxigênio do que a não glicolisada.
Desnutrição com baixo armazenamento proteico leva ao prolongamento da fase inflamatória e
catabolismo protéico. Na ausência completa de ingestão nutricional, uma pessoa completamente
saudável poderia catabolizar 1-2g/kg de proteína e 2-3g/kg de gordura/dia.
Avaliação Neurológica:
Fraturas de base de crânio: cinco ossos – placa órbital do osso frontal, placa cribriforme,
esfenoide, occipital e porções escamosa e petrosa do temporal. As regiões frontal e fossa anterior
são frequentemente envolvidas em trauma de alta velocidade. Os nervos I, II, II, IV e VI, os seios
paranasais e seio cavernoso podem ser lesionados como resultado de fratura de base de crânio.
Em fraturas Frontobasal a rinorreia é observada em até 48% dos casos. Em 20% dos casos há
vazamento de CSF por rinorreia ou otorreia decorrente da ruptura da duramater e aracnoide. A
maioria se resolve espontaneamente em ate 6 meses, rinorreia pode ter recorrência. Pode causar
dor de cabeça, perda de audição e gosto salgado na boca. A meningite bacteriana pode ocorrer
em ate 50% dos casos.
Hematoma epidural é coleção de sangue entre a parede interna do crânio e a dura-mater,
decorrente de sangramento da artéria ou veia meníngea media, mortalidade de 10%. Hematoma
Subdural é sangramento entre as camadas da dura e aracnoide.
Maxila: A fratura Le Fort I clássica passa através da parede anterior da maxila, estendendo-se
posteriormente para as lâminas pterigoides. É importante lembrar que este é um osso páreado e,
mesmo que ele esteja fusionado na linha média, nos adultos ele comporta-se como dois ossos
separados quando manipulado. Ele pode com frequência ser separado ao longo da sutura na
metade do palato nas fraturas faciais mais extremas.
Mandíbula:
Influência na quantidade e direção do deslocamento em fraturas mandibulares: direção do golpe,
direção da linha de fratura e tração muscular.
Genio-hioideo, gênio-glosso, digástrico e milo-hioideo, na região anterior, atuam deslocando os
segmentos anteriores inferiormente e posteriormente. Na região posterior os músculos da
mastigação atuam deslocando para cima e para frente. O músculo pterigoideo medial cria um
componente medial de tração, pois há um equilíbrio entre o componente interno (sup, ant e med)
e externo (inf, ant e med) e quando esse equilíbrio é quebrado por uma fratura o deslocamento
ocorre.
O plexo pterigoideo pode ser área de significante sangramento durante mobilizações de fraturas
Le Fort que se separam através das lâminas pterigoideas.
Nervo trigêmeo: superfície ventral da ponte cerebral > gânglio de Gasser na cavidade de Meckel
> 3 divisões (V1 – oftálmico, V2 maxilar e V3 – mandibular).
A distância aproximada a partir do ponto mais baixo do meato acústico externo ósseo até a
bifurcação (divisões temporofacial e cervicofacial) do Nervo Facial é de 2,3 cm. Se dividem em 5
ramos: temporal, zigomático, bucal, mandibular e cervical. O ramo marginal mandibular em quase
todos os casos está acima da borda inferior da mandíbula e a frente da artéria facial.
O oblíquo superior tem origem imediatamente acima do forame óptico e superior ao reto superior
e é inervado pelo troclear. O obliquo inferior surge na superfície órbital da maxila, lateralmente ao
sulco lacrimal, e insere-se na esclera posterior entre o superior e lateral e é inervado pelo
oculomotor.
O ligamento palpebral medial liga as lâminas tarsais à parede medial da órbita, liga-se às cristas
lacrimais anterior e posterior, tendo entre elas o saco lacrimal. A parte lacrimal do orbicular do
olho forma o músculo de Horner que tem papel importante no fluxo de lágrimas.
As artérias etmoidais anterior e posterior fornecem suprimento para as células aéreas etmoidais e
seio frontal. Os nervos sensoriais da órbita são todos ramos do V1.
Anatomia Nasal: o suprimento sanguíneo é em grande parte proveniente de ramos das artérias
facial e maxilar, mas também por parte da carótida interna através da artéria oftálmica. O septo é
formado posterossuperiormente pela lamina perpendicular do etmoide, vômer
posteroinferiormente e cartilagem septal. Ducto nasolacrimal fica no meato inferior, e no meato
médio fica a abertura do seio frontal e maxilar e células aéreas etmoidais. O septo é suprido pela
artéria esfenopalatina, etmoidais anteriores e posteriores e facial.
As estruturas mais importantes que entram e saem da Glândula Parótida são o nervo facial e
seus ramos, a veia facial posterior, a artéria carótida externa e seus ramos, artéria temporal
superficial e artéria maxilar interna.
O ducto de Warthon e nervo lingual passam ao redor da borda inferior da glândula sublingual
medialmente, no assoalho bucal.
Exame minucioso e sistemático da órbita deve ser realizado quando o paciente tiver sofrido lesão
na área maxilofacial. Lesões na órbita e na região periórbital incluem fratura de uma ou mais
paredes órbitais, (medial, assoalho, lateral ou teto), hemorragia ou hematoma retrobulbar, lesão
do nervo craniano no vértice da cavidade órbital, corpos estranhos no globo ou na cavidade
órbital, lesões no globo, ou lesões que afetam o tecido mole que envolvem e sustentam a órbita
(aparelho lacrimal, tendão cantal, pálpebras.
Nervos cranianos
Exame clínico completo dos pés à cabeça pode descartar lesões na maioria dos nervos
cranianos. Avaliar função do Nervo Facial (sétimo par), principalmente quando houver lacerações
na região facial, os resultados devem ser documentados utilizando um sistema nervo-facial de
gradação tal como a escala de House-Brackmann. O segundo (óptico), terceiro (oculomotor),
quarto (troclear) e sexto (abducente) nervos cranianos são examinados como parte do exame
órbital.
Examinar a sensação facial é importante para determinar a presença de lesões no nervo
trigêmeo. Alterações sensoriais no lábio inferior e queixo são frequentemente vistas com fraturas
na mandíbula devido ao envolvimento do nervo alveolar inferior, parte da terceira divisão do nervo
trigêmeo. Parestesia, hipoestesia ou amortecimento na região do lábio superior em um paciente
com evidência de achatamento zigomático indicam danos à segunda divisão do nervo trigêmeo.
Pilares faciais
Existem inúmeras áreas de resistência e fragilidade estrutural próprias no esqueleto facial. Das
áreas de resistência, incluem-se os pilares maxilofaciais, que são importantes no suporte
estrutural do complexo do esqueleto facial. Têm como função a transmissão das forças para o
crânio. A fragilidade do esqueleto facial inclui a falta de uma incongruência completa entre a base
do esqueleto facial e o crânio e a presença de numerosos seios preenchidos por ar e trajetos com
paredes membranosas finas. Além disso, a ligação entre a maxila, o zigoma e o crânio é feita
através de suturas que podem facilmente se separar.
São três os pilares verticais do terço médio que fornecem o suporte primário nas direções vertical
e anteroposterior (AP): os pilares nasomaxilar, zigomático e pterigomaxilar.
Já os três pilares horizontais da região maxilofacial – os pilares superior, médio e inferior. O pilar
horizontal superior é composto pela lâmina órbital do osso frontal e lâmina cribriforme do etmoide.
O pilar horizontal médio consiste no processo zigomático do osso temporal, corpo e processo
temporal do zigoma, processo infraorbitário, superfície orbitária da maxila e segmentos do
processo frontal da maxila. O pilar horizontal inferior consiste na crista alveolar e no palato duro.
A Cefalometria Lateral é útil para visualização do seio maxilar, vias aéreas, espaço retrofaríngeo,
rebordo alveolar, fraturas Le Fort e nasais. A de Water é útil para avaliação de rebordos
orbitários, terço médio e arco. A SMV para terço médio e arco. A panorâmica é valiosa para
fraturas mandibulares e de côndilo, além de filmes oclusais.
A projeção PA é útil para identificação de fraturas mandibulares da região de corpo/ângulo.
Em suspeitas de lesão cervical pelo menos 3 tomadas devem ser feitas: incidência lateral,
odontoide (boca aberta) e oblíqua.
Angiografia por TC ou por RM: importantes ferramentas para manejo de lesões traumáticas
arteriais ou venosas, ou condições patológicas como malformações vasculares e aneurismas
vasculares.
Tomografia Computadorizada: TC usualmente produz informação adicional ou pode ser usada
quando precauções para a coluna cervical ou outras lesões de crânio que não permitam a
realização das projeções radiográficas faciais padrão. É atualmente o padrão ouro em
imaginologia de cabeça e pescoço na avaliação do trauma, patologias e malformações
congênitas. Permite a visualização de lesões de cada um dos componentes ósseos do esqueleto
facial nos planos axial e coronal e propicia a avaliação de vários danos aos tecidos moles.
RM: estruturas de tecido mole. É possível modificar a imagem de acordo coma parte anatômica
de interesse ou processo patológico. Modificando os parâmetros de imagem e diferente
sequencias de pulso, variações de contraste na imagem podem ser obtidos. Diversos parâmetros
afetam a intensidade do sinal – densidade de prótons, características dos núcleos como
determinadas por duas constantes de tempos de relaxamento [longitudinal (T1) e transversal (2)].
Quando realiza essas modificações de sequência de pulso é possível a diferenciação de tecidos
(gordura, sangue, osso, músculo).
Na avaliação radiográfica é importante estar atento as 5 linhas de trapnell que facilitam visualizar
fraturas nos locais mais comuns. Além disso avaliar 4 variantes: simetria (1), tecidos moles, seios
(3) e bordos afiados das margens da fratura (2).
1. A perda de simetria resulta de deslocamento, útil em fraturas proeminentes (zigoma, nariz,
seio maxilar e órbita).
2. Descrevem as imagens de rx do tipo alçapão (blow-out), luz brilhante (fragmento ósseo
livre deslocado para seio maxilar) e trilho de trem (linha obliqua adicional em lateral de
órbita.
3. Velamentos, opacificação sem relação com doenças inflamatórias.
Fraturas Faciais:
• Terço superior: Para fraturas de osso frontal a TC é imprescindível, sendo o corte axial
(1,0 a 1,5mm) essencial para avaliar o seio frontal, além de permitir avaliar a situação do
ducto nasofrontal, que determinara o plano de tratamento. Para as fraturas NOE as
tomadas rx normalmente não demonstram a extensão total da lesão, sendo necessário
uma TC (axiais e coronais). Essas fraturas podem ter extensão intracraniana significativa e
resultar em complicações como dano aos ductos nasolacrimais, ar intracraniano, laceração
dural, rinorreia de LCR (Liquido Cefalorraquidiano).
Pode ser observado as seguintes alterações:
• Depressão do terço médio da face
• Fratura da lâmina papirácea
• Opacificação dos seios etmoidal e frontal
• Fraturas dos rebordos inferior, medial e supraorbitário
• Fratura das paredes do seio frontal
• Fratura das paredes orbitárias superiores
• Fratura do osso esfenoide
• Presença de ar infraorbitário e intracraniano
• Fratura dos ossos nasais e processo nasofrontal da maxila
• Terço inferior: fraturas mandibulares – ângulo 32%, côndilo 23,3%, corpo 17,7% e
parassinfise 15,6%. 50% dos pacientes com fraturas faciais apresentam pelo menos uma
fratura mandibular, ocorrendo de forma direta ou indireta.
Existe uma fragilidade própria da anatomia mandibular que a predispõe àfratura. Incluem-
se aqui: processo condilar, ângulo da mandíbula, forame mental e áreas que contenham
dentes impactados ou entidades patológicas, como cistos, neoplasias ou lesões
vasculares.
RX de tórax é indicado sempre que algum dente for perdido e não recuperado, devido ao
risco de aspiração. Panoramica é amplamente utilizada, mas por ser um filme tomográfico
bidimensional ele dificulta ver deslocamento e angulação de segmentos, a TC (coronal) é a
melhor opção. Projeção PA, Towne e lateral oblíquoa são também utilizadas.
À percussão, a dor é sugestiva de lesão do ligamento periodontal, assim como o som do exame
onde um som metálico significa um dente travado no osso (intruído) enquanto que um som
abafado indica subluxação. Testes de vitalidade são usados, mas tem alta taxa de falso-negativo.
Exame de rx panorâmico e periapicais (pelo menos 3 angulações em cada dente traumatizado)
são indispensáveis, a não ser que a tomografia seja possível e indicada. Dentes com
deslocamento lateral ou extruidos apresentam um alargamento do espaço do ligamento
periodontal, enquanto que intruidos tem ausência desse espaço.
FRATURAS DE MANDÍBULA
Localização das fraturas: ângulo (30%), côndilo (23%), sínfises (22%), corpo (18%), ramo (2%) e
coronóide (1%). 50% dos pacientes com fratura mandibular, tem mais de uma fratura.
Classificação:
• Padrão de fratura: simples ou fechada, composta ou aberta, cominutiva, galho verde,
patológica, múltiplas (2 ou mais linhas de fratura no mesmo osso que não se comunicam
entre si), impactada, atrófica, indireta (ponto distante do local de ferimento) e
complicada/complexa.
• Região anatômica: sínfise, corpo, ângulo, ramo, processo condilar, coronoide e processo
alveolar.
Para fraturas de ângulo e corpo a direção da linha de fratura se relaciona com o efeito da ação
muscular, sendo classificada como favorável ou desfavorável se a ação muscular desloca o
fragmento normalmente para cima e medial. Por outro lado, quanto mais anterior a fratura maior é
a ação pra baixo do milo-hioideo. Fratura bilateral de parassinfise pode ter deslocamento para
baixo pela ação dos supra-hioideos e digastrico.
Parafusos Lag screw são usados em fraturas oblíquas, ele tem um sistema de rosca que faz com
que o segmento interior seja comprimido contra o exterior – 2 a 3 parafusos são usados com
certa divergência para evitar rotação dos segmentos fraturados.
A mandíbula esta sob ação de varias forças (tensão, compressão, torção e neutra), por isso
placas colocadas em áreas de tensão máxima permitem distribuição igual de forças sobre a
superfície da fratura evitando o deslocamento por ação muscular.
Complicações do Tratamento: a mais comum é infecção ou osteomielite. Varios estudos
afirmam que dentes saudáveis na linha de fratura não aumentam a incidência de infecção e, em
muitos casos, a sua ajuda na estabilização evita a instalação de infecção. Vários estudos
demonstram que há uma maior taxa de infecção para tratamento com redução aberta em
comparação ao fechado. Um estudo do Ellis mostrou que placas menores (compressão dinâmica)
tem maior taxa de infecção do que a de reconstrução AO, talvez por não oferecer rigidez
absoluta. Um outro estudo do Ellis mostrou uma menor taxa de complicações (infecção, déficit
neurossensorial) com o uso de 1 mini placa apenas, comparado ao uso de 2.
A união tardia e não união (falta de consolidação – pseudoartrose) são raros. Infecção, gravidade
da lesão, tratamento inadequado, falta de estabilidade, não cooperação, alcoolismo e deficiências
metabólicas/nutricionais influenciam na alteração do tempo de união.
Ellis relatou a ocorrência de alargamento facial em fratura de sínfise/parasínfise tratadas com
placas onde o dispositivo não foi colocado corretamente. As mais propensas são fraturas de
sínfise associadas a fraturas condilares e má dentição. A tração muscular da língua e supra-
hióidea causa dilatação lateral dos ângulos – a cortical bucal se mantem fechada, mas a língual
separa (abre). Pressão de direção medial nos ângulos durante a fixação tem sido indicada ou
mesmo overbending da placa.
O abuso de álcool e substâncias contribuem para problemas de união pois há supressão de
células T, migração celular inadequada e menor produção de proteínas que afetam a contagem
de plaquetas e agregação, dificultando hemostasia, além de outras alterações fisiológicas e
comportamentais. Tem sido sugerido que para esses pacientes a redução aberta seja feita
somente se absolutamente indicada e uma cobertura de atb pesada seja instituída.
O nervo mais lesionado em fraturas mandibulares é o alveolar inferior/mentual causando
alterações de sensibilidade no lábio e queixo. Raramente em fraturas graves e/ou que envolvam o
côndilo pode afetar o nervo facial. A gravidade da lesão e grau de deslocamento, além de trauma
do tratamento influenciam na alteração de sensibilidade.
Sinais e Sintomas:
• Equimose (pálpebra e borda inferior)
• Edema periórbital é um dos sinais mais comuns.
• Aplainamento da proeminência malar (70 a 86% dos casos) – diástase da sutura
zigomaticofrontal e rotação medial do zigoma.
• Equimose do sulco vestibular maxilar (intraoral), além de irregularidades do pilar quando da
palpação.
• Deformidade da margem órbital (espaço ou degrau).
• Trismo – mais comum em fratura de arco devido ao bloqueio dos fragmentos ao coronóide,
mas também pode ser espasmo muscular secundário.
• Alteração sensorial do nervo infraórbital está presente em 50 a 90% dos casos – as
fraturas quando envolvem o assoalho raramente são laterais ao ducto infraórbital,
envolvendo-o então na maioria dos casos.
• Epistaxe unilateral – ruptura da membrana do seio maxilar.
• Hemorragia subconjuntival (50 a 70% dos casos).
• Deslocamento da rima palpebral – o ligamento lateral esta
inserido na porção zigomático-órbital, por isso quando tem
deslocamento causa deformidade.
• Níveis pupilares desiguais – quando de fraturas de assoalho.
• Diplopia – visão embaçada e dupla, podendo ser monocular (descolamento do cristalino,
hifema ou lesão traumática do globo) ou binocular (40% das lesões). Geralmente
associado a encarceramento dos MOE (Músculos Oculares Extrínsecos), lesão
neuromuscular, hematoma ou edema ou mudança na forma órbital, com deslocamento do
globo que desequilibra a ação muscular, além de enoftalmia e distopia. Edema
generalizado da órbita causa diplopia nos olhares extremos ascendente e descendente, já
quando tem total ausência de movimento pode ser interferência mecânica
(encarceramento) ou lesão neuromuscular. O teste de ducção forçada determina a
presença de aprisionamento de conteúdo órbital – pinça prende o tendão do reto inferior e
realiza os movimentos, se tiver dificuldade para girar o globo superiormente significa
encarceramento muscular – esse teste diferencia o aprisionamento da paralisia (lesão
neuromuscular).
• Enoftalmia – normalmente decorrente de aumento de volume órbital por deslocamento
lateral do zigoma e/ou ruptura das paredes órbitais, levando a projeção anterior reduzida
do globo e pseudoptose da pálpebra superior.
Tratamento das Fraturas do CZM: entre 9 e 50% das fraturas não requerem tratamento
cirúrgico pois são pouco ou nada deslocadas. As fraturas não são emergenciais mas se o
tratamento é muito postergado uma redução adequada pode ser prejudicada pela formação de
tecido cicatricial. Por outro lado quando a necessidade de intervenção é questionável, a espera
da diminuição do edema parece ser mais recomendado – quando é certo a necessidade de
cirurgia ela pode ser feita sem a diminuição do edema. Mesmo que o risco ao olho seja mínimo
no tratamento do CZM, quando o paciente tiver algum problema de visão no olho oposto à fratura,
parece ser mais prudente não tratar cirurgicamente.
Um erro comum no tratamento é achar que ele está bem reduzido se o rebordo infraórbital e
lateral estão reduzidos – so com 3 processos reduzidos é que tem certeza de um posicionamento
correto, por isso a visualização de pelo menos 3 processos é importante para constatar que a
fratura esta reduzida, mesmo que em um deles não haja fratura. Fraturas do arco e órbita interna
ao longo da asa maior do esfenoide (sutura esfenozigomática) são indicadores sensíveis da
posição correta do CZM.
A redução deve assegurar a devida projeção malar, e se o
arco é reconstruído ele é feito mantendo-o reto, pois há uma
relação entre a curvatura do arco e perda de projeção malar no
sentindo antero-posterior. Um aumento na largura facial
(curvatura do arco lateralmente) significa uma perda de
projeção malar (foto). Deve-se atentar também para a presença
concomitante de uma NOE unilateral onde o rebordo medial
pode estar deslocado lateralmente e caso o CZM seja reduzido
baseado nessa referencia, havera um alargamento facial.
O músculo masseter, por sua tração para medial, é citado como causa de deslocamento PO, mas
há controversias. Muitos autores defendem que, sem cominuição dos fragmentos, não há
necessidade de fixação ou que apenas 1 processo seja fixado (zigomatico-frontal ou zigomatico-
maxilar), entretetanto parece que a cominuição afeta a estabilidade, sendo mais prudente utilizar
fixação.
Quanto a necessidade de reconstrução da órbita interna, varios cirurgiões defendem que a órbita
so deve ser explorada baseado em achados pré e intra-operatórios, mas por outro lado o uso de
TC tem sido determinante para decisão de quando a exploração é necessária – e a exploração é
indicada em casos de cominuição do assoalho e paredes, prolapso do tecido órbital para os seios
ou se há alteração do volume órbital.
Princípios do tratamento do CZM: por muitas vezes envolve o seio maxilar, portanto a fratura
de CZM é composta (aberta), além de frequentemente o conteudo órbital ser violado, por isso é
indicado atb profilático. Antes da cirurgia, exame clínico detalhado e teste de ducção forçada deve
ser feito. Tarsorrafia temporaria é indicado para proteção do globo. Após a redução, deve-se
avaliar se ela foi adequadamente realizada, sendo indicado a visualização de pelo menos 3 sítios.
A reconstrução da órbita, quando necessária, é feita após redução e fixação do zigoma, e não
deve tentar soltar tecidos aprisionados antes da redução. Depois de tudo isso, faz o teste de
ducção forçada novamente. Ressuspensão dos tecidos moles pode ser apropriado para evitar
ptose. Exame ocular (reação pupilar, fundo de olho e acuidade visual) é indicado no PO, e
diplopia binocular por edema cirurgico pode estar presente.
O uso da epinefrina nas abordagens cirurgicas é importante tanto para hemostasia quanto para
separação intencional dos tecidos, o que facilita a incisão, principalemente em tecidos finos como
a palpebra. São usadas as abordagens: Maxilar Vestibular, Supraórbital da Sobrancelha, Acesso
da Palpebra Superior (blefaroplastia), Palpebra Inferior, Transconjuntival e Coronal.
Técnicas de redução: A abordagem temporal de Gillies tem grande utilidade para fraturas
isoladas de arco e também permite aplicação de grandes quantidades de forças controladas para
desimpacção (elevador zigomático de Rowe). A abordagem pelo Sulco Vestibular é bastante
utilizada para redução de arco e CZM. A abordagem percutanea diretamente ao corpo do zigoma
permite porduzir forças anterior, lateral e superiormente para a redução, podendo ser utilizado
gancho para osso (inserido por tras do corpo do zigoma ou um parafuso ósseo (Carroll-Girard)
que é usado como uma alavanca para redução.
Fixação: pelo menos 2 parafusos na placa em cada lado da fratura. Quando de fratura na crista
zigomaticoalveolar é indicado placas em L, T ou Y de modo que os parafusos inferiores fiquem
colocados horizontalmente. Deve-se colocar quantas placas forem necessárias, principalmente
em fraturas concomitantes do terço médio e é imperativo que faca FIM quando fratura maxilar
esta presente.
Reconstrução Órbital: as complicações mais comuns das fraturas de CZM são as que envolvem
a órbita, e quando não são reconstruidas quando indicado, pode resultar em enoftalmia PO. O
posicionamento lateral do CZM é a causa mais comum de aumento de volume órbital, seguido de
fraturas de assoalho e medial. Quando reconstruido com enxerto ósseo (morbidade sitio doador)
a crista iliaca e calvaria eram usadas. A malha metálica é amplamente utilizada por poder ser
adaptadas a contornos desejados e ao mesmo tempo é rigida para manter o suporte adequado
ao tecido órbital. Independente do material, ele deve ser bem estabilizado e sua porção posterior
apoiada em osso intacto (seja na posterior, medial ou lateral), ou por outro lado pode ser utilizado
em cantilever quando fixado por placa e parafuso.
Em fraturas severamente deslocadas e segmentadas, uma abordagem agressiva é indicada
(crista zigomaticomaxilar, rebordo infraórbital e borda órbital lateral). Em casos de fratura de arco,
a abordagem coronal baseia-se na quantidade de deslocamento posterior/lateral e na trituração
do arco – se as outras articulações estiverem muito cominuidas, a reconstrução do arco fornece
um ponto adicional de redução e estabilização.
Fraturas de Arco Zigomático: caracteristicamente resulta em uma reentrancia em forma de V do
aspecto lateral da face com o ápice profundo em direção à incisura sigmoide. Pode também ser
apenas uma linha de fratura ou ate em forma de W. o trismo, resultante da impacção do
segmento fraturado no músculo temporal, é comum. A decisão de tratamento ou não é
dependente dos achados clínicos (alterações estéticas ou distúrbios funcionais), e pode ser
tratado por acesso intra-oral, acesso de Gillies ou gancho ósseo percutaneo – a fixação
raramente é necessária. Quando RAFI é necessário, é tratado pelo acesso coronal e fixado com
placas finas, mantendo a configuração plana do arco.
Complicações: Distúrbios do nervo infraórbital são muito comuns, com permanência baixa.
Alguns autores afirmam que há menor chance de permanencia quando tratado com RAFI.
Raramente há infecção ou reações de corpo estranho de implantes colocados em reconstruções
órbitais. A Diplopia Persistente é rara, e pode ser por falha do tratamento, formação cicatricial e
adesões entre os MOE. A Enoftalmia pós-traumática é mais comum por um aumento do volume
ósseo órbital do que por perda de tecido mole órbital (gordura) – quando moderado a grave
>4mm pode ser necessário correção secundária. Hemorragia retrobulbar e intraórbital podem
ocorrer pelo trauma ou pela cirurgia, e esta relacionada à oclusão da arteria retinal – os sinais e
sintomas são proptose (exoftalmia), edema periórbital, dor, dilatação da pupila e oftalmoplegia. A
descompressão pode ser feita por varias abordagens como a cantotomia lateral.
A ma união do zigoma pode ser resultado de fixação inadequada, má redução ou não intervenção
quando indicada – os sinais são os mesmos de fraturas frescas. Quando defeitos estéticos
apenas pode considerar implantes de malar, mas quando envolve distúrbios funcionais é indicado
uma cirurgia com osteotomia e reposicionamento do CZM (incluindo possibilidade de
reconstrução órbital).
Lembrando que hemorragias localizadas apenas na região de terço médio é incomum que haja
instabilidade hemodinâmica.
Exame Facial: palpação digital bimanual (sequencial), acuidade visual, função do músculo
extraocular, presença e direção de diplopia, reatividade e tamanho da pupila, presença de
hemorragia subconjuntival. Fraturas faciais que envolvem a orbital são indicadas para exame
oftalmológico.
A avaliação da fixação do ligamento cantal é feito por palpação em busca de crepitação e/ou
instabilidade. Com uma Kelly intranasal, e palpação sobre o osso, avalia-se a presença de fratura.
A mobilidade da maxila é avaliada segurando firmemente a pré-maxila e tentando deslocar em 3
direções. O paciente deve ser questionado sobre gosto salgado ou metálico que indica drenagem
de LCR. Observar a oclusão e qualidade da dentição.
Uma vez estabilizado o paciente pode ser examinado por imagens. TC de 2 a 3mm é a
modalidade preferida. Quando RX são usadas as Waters, submento-vertice, anteroposterior e
lateral.
Fraturas Le Fort I: normalmente causadas por forças exercidas acima dos ápices dos dentes
(nível da abertura piriforme, paredes nasais laterais e seios e porções pterigoides. Eventualmente
fratura sagital do palato pode estar presente (equimose palatal). A tração do pterigoideo lateral e
medial exercem deslocamento posterior e inferior (mordida aberta).
As fraturas unilaterais são reduzidas e pela instalação de barras nos arcos, é feito a FMM
(Fixação Maxilo-Mandibular), e então a oclusão pré traumática é estabelecida. Isso é seguido
pela FIR da fratura e liberação da FMM, mantendo as barras.
Tratamento: RAFI com restauração do contorno facial é a modalidade preferida. Fórceps de Rowe
pode ser usado para redução e mobilização de fraturas se necessário. FMM é feita para
restabelecer uma oclusão pré-traumática, então a FIR é realizada em pelo menos 4 pontos
(pilares zigomático maxilar e piriforme bilateral).
Fraturas Le Fort II: piramidal, envolvendo a sutura frontonasal. Equimose e edema periorbital
bilateral é frequentemente observado. Epistaxe é comum. A maloclusão esta presente na forma
de mordida aberta anterior. Tratamento visa fixar os pilares zigomatico-maxilar e na região de
rebordo inferior da orbita. Fixação na região nasofrontal pode necessitar de fixação.
Lesões NOE: esse aparelho abriga o aparato lacrimal, o ligamento cantal medial e a artéria
etmoidal anterior. Rinorreia liquórica é comum. Apresenta-se com nariz
fraturado deslocado posteriormente, ponte nasal alargada e complexo
nasal achatado. Epistaxe é comum. A distância intercantal é em média
de 28 a 35mm ou metade da distância interpupilar. O pilar frontomaxilar
fornece ponto de estabilização para reconstrução. Devido a
proximidade dos seios etmoidais com a lamina cribriforme, há grande
risco de lesão intracraniana podendo resultar em rinoliquorreia, pneumoencefalo e disfunção
olfativa.
O tendão cantal medial é uma extensão fibrosa das lâminas do tarso. Tem porção anterior
(inserida no proc. Frontal da maxila) e posterior (inserida na crista lacrimal). O tendão pode ser
avulsionado ou deslocado junto com fragmentos osseos, sendo essencial a reparação para evitar
telecanto, enoftalmo e disfunção do sistema lacrimal.
A avaliação da fixação do ligamento cantal medial é feito por palpação da sua inserção, buscando
crepitação ou instabilidade, e também por tração do canto lateral.
Classificação: feito com base na relação do fragmento central no local da fixação do tendão cantal
medial.
• Tipo 1: envolve apenas uma borda orbital medial, onde se fixa o tendão,
quando bilateral não tem deslocamento e trata apenas estabilizando.
• Tipo 2: uni ou bilateral. Grandes segmentos ou cominutivas. Ligamento
cantal normalmente permanece ligado a um grande fragmento. A redução
é melhor realizada pelo controle do segmento específico associado ao
tendão.
• Tipo 3: grande fragmentação onde o segmento central de osso onde o
tendão se fixa esta severamente cominuido, estando o tendão ligado a
fragmentos muito pequenos (raramente avulsionado por completo)
necessitando de fixação transnasal e reconstrução óssea.
Para o tratamento, são usados os acessos coronal, palpebrais e intra-oral ao pilar nasomaxilar. O
tratamento proposto por Ellis é através de uma conduta sistemática de 8 passos: exposição
cirúrgica, identificação do tendão e fragmento ligado a ele, redução e reconstrução da borda
orbital medial, reconstrução da parede medial, cantopexia transnasal, redução de fraturas do
septo, reconstrução e aumento do dorso nasal e adaptação do tecido mole.
Fraturas Tipo 1 são melhor tratadas com fixação em 3 pontos: nasofrontal ao
complexo nasal, complexo nasal ao pilar maxilar e complexo nasal ao rebordo
orbital. As fraturas Tipo 2 são iniciadas com a redução dos fragmentos
menores anatomicamente com microplacas ou fios, depois esse conjunto é
fixado rigidamente aos pilares como uma fratura tipo 1. As fraturas Tipo 3 são
tratadas seguindo o principio das 1 e 2, mas devido a grande fragmentação a
utilização de enxertos com cantilever para suporte do dorso e estabelecimento
dos contornos do tecido mole se fazem necessários, além da realização de cantopexia.
Fixação transnasal com fio de aço do tendão pode ser necessária
para evitar telecanto. A reconstrução da borda orbital medial é a
chave para restabelecimento da distância intercantal. O orifício
criado no osso é feito posterior e superior à crista lacrimal e o
outro superior à fossa lacrimal. Fio duplo de calibre 26, 28 ou 30
são transpassados pelos orifícios e fixados por parafuso ou placa.
A cantopexia é feita então através de sutura em colchoeiro
através do tendão e o fio é passado transnasalmente para ser
fixado à borda supraorbital contralateral.
Fraturas Le Fort III: as puras são apenas 9%. No geral são combinações de Le Fort 1 e 2 e do
CZM. Vazamento do LCR, edema, equimose periorbital, telecanto traumático e epífora são
observados. TC é essencial, rx não é ideal.
O tratamento deve ser instituído assim que o edema começar a diminuir, mas não ultrapassando
10 a 14 dias. Trauma neurocirúrgico (comum) e outro concomitantes podem atrasar o tratamento.
Uma Le Fort III é essencialmente uma combinação complicada de fratura de CZM e NOE, e os
mesmos princípios de tratamento se aplicam. Há 2 filosofias de sequencia de tratamento:
1 – começando pela estrutura exterior para a interior. RAFI mandibular (pelo menos 1 côndilo) >
maxila tem sua posição superior e anteroposterior assumida > redução e fixação das suturas
zigomaticofrontal, zigomaticotemporal e nasofrontal, seguido pela redução adequada da maxila
com o terço médio da face inferiormente > oclusão é estabelecida. Após isso as estruturas
interiores são estabelecidas, em ordem, o esqueleto nasal, assoalho das orbitas, ligamentos
cantais mediais.
2 – a outra filosofia se baseia em determinar a largura facial no complexo NOE, prosseguindo
lateralmente. Há 4 fatores que contribuem para resultados positivos: tratamento precoce,
reparação anatômica e funcional das lesões NOE, ampla exposição e reposicionamento
anatômico e estável em todos os planos.
Complicações: são comuns para fraturas de terço médio. A principal razão para complicações
orbitais é um zigoma malposicionado. Em má união pode ser necessário o uso de osteotomias
corretivas, principalmente se houver defeito funcional. Reconstruções com malhas e enxertos
ósseos podem ser necessárias em caso de avulsão de tecidos duro e mole, para evitar o colapso
do terço médio e deformidade. O osso da calvária é o mais indicado para reconstrução do terço
médio, tendo inclusive menor taxa de reabsorção quando comparada com as outras fontes
comuns.
Fraturas da Parede Orbital: dividida em seção anterior (borda) e posterior (teto, assoalho e
parede medial (20%) e lateral, podendo ser blow-in ou blow-out.
As blow-out podem ser puras (borda intacta) ou impura (borda fraturada
junto). TC padrão ouro para diagnóstico. Diplopia persistente por 2 a 3
semanas, enoftalmia > 2mm e ducção forçada positivo pós-edema são
indicações de intervenção. Enxertos autógenos (ilíaco e calvaria) tem sido
indicado para reconstruções. Materiais aloplásticos tem sido usado com a
vantagem de não reabsorver e não precisar de sítio doador. Após a
reconstrução é mandatório deucção forçada para avaliar se o material
restaurador não tenha prendido o tecido periorbital.
Parede medial – segunda em frequência. Pode causar limitação na abdução do globo pelo dano
ou encarceramento do músculo reto medial. Pequenos defeitos não precisam de tratamento, mas
quando sim é feito como a de assoalho. Usa acesso coronal ou de Lynch. Deve-se estar atento
os pontos anatômicos, vaso etmoidal está a 24mm posterior e superior à crista lacrimal e o ducto
óptico está a 40mm.
As blow-in podem causar protose pela diminuição de volume orbital além de motilidade reduzida e
diplopia. Deve ser tratada de forma aguda.
Compicações: hemorragia, rinorreia/otorreia (pneumocefalia pode indicar a presença de
vazamento de LCR).
Complicações oculares:
Diplopia traumaticamente induzida – o deslocamento ou ruptura do ligamento suspensório de
Lockwood é necessário para que ocorra diplopia, rupturas de assoalho abaixo do tubérculo de
Witnall por si só não causa. No teste de ducção forçada, a ausência de resistência indica dano
neurológico, enquanto que quando da positivo normalmente e resultado de lesão tipo alçapão
(quando o osso fratura, aprisiona tecido e volta pra posição perto do normal, ai disseca com
cuidado o tecido aprisionado e não precisa de reconstrução).
Enoftalmia pós-traumática tem sido atribuída a atrofia da gordura orbital, alargamento da orbita,
deslocamento da troclea, contração cicatricial do tecido retrobulbar, fratura não reparada e
deslocamento do tecido orbital. A enoftalmia é mais causada por aumento de volume orbital por
deslocamento da parede medial, assoalho posterior ou parede lateral, que são as que definem a
projeção anterior do globo – o tratamento visa a reparação dessas áreas, enquanto que as de
assoalho anterior visa tratar problemas na relação vertical. Em relação ao grau de enoftalmia, um
déficit > 3mm é considerado esteticamente inaceitável.
Amaurose, a mais devastadora das complicações, pode ser resultado de isquemia secundária a
hemorragia retrobulbar ou dano direto ao nervo óptico. A hemorragia retrobulbar pode ser devido
á oclusão das artérias ciliares que suprem parte do nervo, causando sua isquemia. Pode ter dor,
proptose e perda de acuidade visual. Deve-se instituir cantotomia lateral de urgência para tratar.
Síndrome da fissura orbital superior e Síndrome do ápice orbital.
A consequência neurológica mais comum é o dano ao nervo infraorbital.
Tratamento: é recomendado dentro da primeira semana da lesão. Deve-se estar num meio
tempo que o edema não atrapalhe avaliar a correta redução mas também que já não esteja
formando tecido fibroso no complexo cartilaginoso. É indicado que seja feito em ambiente
hospitalar sob anestesia geral devido ao risco de sangramento que pode causar problemas
respiratórios se aspirado.
Redução fechada: a maioria é feita por redução
fechada, com varias formas de estabilização, com ou
sem tamponamento dentro do nariz. Anestesia local
infraorbitária e intranasal (N. etmoidal anterior,
esfenopalatino, nasopalatino e labial superior) pode ser
usado para melhorar conforto PO. Vasoconstrição com
Oximetazolina é usada. Os ossos nasais são
reposicionados com manipulação digital, usando os
ossos maxilares e frontais como ancoragem e
direcionamento. Um elevador de Goldman pode ser
usado para restaurar a projeção do septo nasal,
elevando os ossos nasais e tecidos sobrejacente
superior e anteriormente enquanto se faz a palpação
com o dedo sobreposto. Deve-se tomar cuidado para
não sobreprojetar os ossos nasais para lateral e
anterior. Tampoamento com gaze ou tampão pode ser
usado revestido com pomada antibacteriana, alem de
uma tala de estabilização. O tampão ajuda no controle
da hemorragia e formação de hematoma no septo.
Casos com sangramento na região nasal posterior, pode ser necessário um tamponamento nessa
região, que é comumente feito com cateter de Foley introduzido via nasal, que é inflado quando
passado pela valula velofaríngea, realizando uma vedação adequada. A tala externa ajuda a
manter a posição simétrica dos ossos, alem de controlar edema do tecido mole sobrejacente
(mantido 1 semana). O tampão é removido após 1 a 3 dias.
Tratamento aberto (lesões graves): quando feito é por acesso bicoronal, para tratar juntamente
com as outras fraturas, utilizando fixação com dispositivos pequenos e de perfil baixo.
Normalmente util quando de lesões por mordida de animais ou lesão balistica. Algumas vezes as
proprias lacerações podem ser usadas como acesso, realizando retalhos para acessar as
cartilagens laterais superiores ou inferiores e o septo.
Deformidade Pós-traumática: Alterações da projeção da ponta do nariz, contorno e posição,
ponta nasal assimétrica, ápice nasal com pouca projeção, deformidades da narina e desvio de
septo. É recomendado uma espera 6 meses para realização de septorrinoplastia secundária.
Pacientes Pedátricos: as fraturas nasais são as mais comuns neste grupo. Dependendo da lesão
e da idade, pode afetar o crescimento devido ao potencial de crescimento o septo e sutura
nasofrontal. O tratamento é semelhante ao dos adultos, entretanto a rinoplastia secundaria é
recomendada a ser feita após finalizar o crescimento, a não ser que problemas psicossociais e de
fluxo de ar sejam uma prioridade.
Complicações: Hematoma de septo é raro, mas pode desencadear obstrução nasal, dor ou febre
quando infectado, e trata com incisão e drenagem com colocação de tamponamento nasal.
Epistaxe pode ocorrer, podendo ser anterior ou posterior, no anterior é proveniente do Plexo de
Kiesselbach, irrigado pelas arterias esfenopalatina, etmoidal anterior, palatina maior e labial
superior. Quando posterior, utiliza-se o tamponamento posterior com cateter de Foley
transnasalmente, que obstrui a nasofaringe e o arco coanal, que muitas vezes é a fonte de
sangramento.
Sutura: Cicatrização é em 3 fases. Até o 5º dia, a ferida não tem reistencia, entao nesse periodo a
sutura é essencial. O uso de Vicryl (Poliglactina 910) em feridas cutaneas é contra-indicado pois
aumenta a inflamação e sua absorção é degradada. Sutura de seda não deve ser usado na
presença de infecção. Apesar de ser não reabsorvivel, depois de 2 anos ele já não pode mais ser
detectado no tecido.
Utilizar pinça Adson-Brown para manipular tecidos. Pontos de referencia importantes como
sobrancelha e mucosa do labio, devem estar alinhados e reparados adequadamente, sendo
indicado o uso de suturas-chave para aproximar esses pontos de referencia antes do fechamento
das margens da ferida.
Os ferimentos devem ser reparados em camadas para proporcionar alinhamento anatomico e
prevenir espaço morto.
Classificação e tratamento:
• Contusoes: pode ter edema e hematoma, que não necessita de tratamento a menos que
torne infectado. Alguns casos de Hematoma com sinais de aumento progressivo podem
exigir drenagem.
• Abrasões: Cuidados devem ser tomados para remover pequenas partículas
• Lacerações podem ser Simples, Estreladas (irregulares) ou Tipo retalho.
• Avulsão (podem precisar de enxerto de pele) – em nenhuma circunstancia feridas na face
devem ser deixadas cicatrizar por granulação pois deixam cicatrizes esteticamente
desagradável.
O fechamento de feridas por granulação é secundária a epitelização com migração de epitélio e
contração da ferida, e a colocação de enxerto de pele limita a quantidade dessa contração,
diminuindo a deformidade do tecido.
Retalhos podem ser usados para grandes defeitos, entretanto pode gerar mais cicatrizes, eles
podem ser rotacional, transposicional e interpolado.
Mordidas de animais: as infecções são geralmente polimicrobianas, mas Pasteurella spp. E S.
aureus são as mais responsáveis. Rx é indicado para avaliar presença de corpos estranhos ou
dano ósseo. Preparo, limpeza e debridamento da ferida é essencial antes do fechamento
primário. Terapia atb é indicada, com dicloxacilina ou cefalexina (Keflex). Deve-se considerar
profilaxia antitetanica, juntamente com antirrábica.
Lesões de estruturas que requerem tratamento especial:
• Lábio, atenção deve ser tomada para unir corretamente a junção mucocutânea (suturas
chave) pois um defeito de 1mm já é perceptível. Somado a isso a presença de laceração e
edema pode dificultar essa reconstrução. Uma sutura de nylon 5-0 diretamente nessa
junção é indicada, depois o fechamento em camadas é feito. Importante também é
aproximar adequadamente as fibras do musculo orbicular da boca pois as fibras rompidas
retraem, prejudicando a estética. Em feridas avulsivas, ate 25% de cada labio pode ser
perdido sem criar defeito estético e funcional, mas é necessário uso de técnicas para
fechamento (incisão em cunha ou retalhos) que podem diminuir a abertura oral.
• Orelha, deve ser avaliado desde a parte externa, pavilhão auricular, membrana timpânica
e audição. As suturas devem começar aproximando os pontos de referência e depois o
tecido adjacente com nylon 6-0.
• Nariz deve ser inspecionado internamente com espéculo nasal, externamente para
lacerações e exposição da cartilagem. A cartilagem septal também deve ser avaliada para
deslocamento, deformado e possivel fratura. Hematomas de septo devem ser investigados
e, se presente, devem ser drenados para não infectar e causar necrose septica.
Lacerações na pele devem ser suturadas com nylon 6-0, sendo retiradas 4 dias depois.
Sangramentos são facilmente controlados com solução de vasoconstrictor, tamponamento
e cauterização com nitrato de prata ou eletro. Se for posterior usa cateter de Foley.
• Sobrancelha, nunca deve ser raspada para reconstruir, mas sim cortada se necessário.
Se for necessário incisoes, deve ser feita paralela aos folículos pilosos. Camada muscular
sutura com absorvível.
• Palpebra, alem da questão estética deve levar em conta a sua função de proteção ao
globo e evitar secagem da córnea e tecido adjacente.
Cicatrizes hipertroficas tendem a ser limitadas às bordas da lesão e geralmente mantem sua
forma, ao passo que os queloides são cicatrizes que se estendem alem dos limites da ferida
original, não regridem espontaneamente e tendem a recorrencia pós excisão.
Momento de correção da cicatriz: a maioria das cicatrizes tende a melhorar após o periodo de
maturação durante o primeiro ano, tendo seu aspecto estabilizado e só então a correção deveria
ser considerada. Se tiver algum comprometimento funcional (obstrução de glândulas,
incompetencia labial) pode realizar antes.
Mordidas humanas podem penetrar, avulsionar e esmagar o tecido. Pode ser contaminada por
até 42 espécies de bactérias diferentes, presente na saliva. As mais comuns associadas a
infecções são a Streptococcus, Staphylococcus aureus, Eikenella, Prevotella,
Peptostreptococcus, Fusobacterium e Candida spp. Herpes, hepatite B e C, tuberculose e sífilis
pode ser transmitidas, AIDS é raro.
Animais também podem causar esmagamento (necrose) e avulsão, alem de lesões perfurantes e
rasgantes. Uma investigação completa é necessária pois muitas vezes podem haver fraturas
concomitantes. Muitos microorganismos estão presentes, mas a Pasteurella multocida esta em 50
a 75% dos casos. As mais frequentemente associadas a infecção incluem os estreptococos alfa e
beta-hemolíticos, S. aureus, S. epidermidis, Echerichia coli, Pseudomonas e Moraxella spp.
O tétano, causado pelo Clostridium tetani, são vastamente encontrados no trato gastrointestinal
de animais domésticos. Mesmo que a incidencia seja baixa, a mortalidade é alta para considerar
uma ferida limpa e pequeno, sendo indicado profilaxia antitetanica quando a imunização não
estiver em dia ou não for conhecida pelo paciente. A raiva é causada por vírus que causa grande
prejuizo ao sistema nervoso, e mordidas por caes e gatos deve-se observar o animal por 10 dias
alem de considerar proxilaxia pós-exposição, se for de morcego é indicação absoluta para
profilaxia.
Tratamento de feridas por mordida: após avaliação incial sempre investigar lesões em
estruturas importantes como nervo facial, ducto da parótida e sistema lacrimal, alem de fraturas
nos ossos da face. A profilaxia atb não foi comprovada como adjuvante para previnir infecções
em ferimentos por mordida, mas quando aplicado o protocolo é amoxicilina + ac. Clavulânico.
O foco principal do tratamento é a limpeza abundante com irrigação. Se for usado povidine ou
peróxido de hidrogenio, uma irrigação abundante com soro fisiologico deve ser feita depois para
remover resquícios que podem aumentar inflamação e causar necrose. Deve-se realizar busca
para corpos estranhos. A hemorragia deve ser controlada e tecido necrotico debridado.
Fechamento por camadas para evitar espaço morto. Feridas perfurantes devem ser deixadas
abertas ou transformadas em laceração para entao ser fechada por primeira intenção. PO –
cuidados locais e atbterapia por 5 a 7 dias.
Quando o nervo facial é envolvido, normalmente é o ramo bucal, que corre paralelo e
superiormente ao ducto. A ruptura desse ramo leva a queda do labio superior.
Antes de anestesiar para reparo, deve-se avaliar a funcionalidade do nervo facial.
Complicações: extravasamento de liquido salivar nos tecidos, sialocele, cavidade não epitelizada
cheia de fludo e cisto salivar (cavidade epitelizada. Muitas complicações são tratadas com
indução da atrofia glandular, pois muitas vezes a formação de tecido cicatricial impossibilita a
reparação. Em alguns casos a parotidectomia superficial ou total é indicada, tendo um risco de
paralisia facial em até 75% dos casos.
A conduta inicial é conservadora com compressão, aspiração e uso de antissialogogos para
diminuir o fluxo salivar. É dito qur todas as sialoceles ou fístulas cutaneas se resolvem em 14
dias. Alguns autores indicam o uso de toxina botulínica para suprimir a função da glândula.
A síndrome de Frey (sudorese gustatória) representa uma regeneração aberrante de fibras
nervosas parassimpáticas pós-ganglionares da parótida, denervadas durante o procedimento
cirúrgico ou pela lesão traumática, as quais, conforme crescem, desviam para a pele sobrejacente
e inervam as glândulas sudoríparas. O diagnóstico pode ser feito com base na história de
sudorese ou por meio de teste de amido iodado, em que a pele afetada é pintada com iodo e
polvilhada com amido. Deve-se administrar um sialogogo ao paciente, e a transpiração resultante
manifesta-se pelo aparecimento de manchas pretas com a interação do suor com o iodo. As
opções de tratamento para a síndrome de Frey abrangem aplicação tópica de creme de
glicopirrolato a 2%, injeção intradérmica de toxina botulínica e neurectomia timpânica.
A ressonancia magnética é o metodo de escolha para visualização dos nervos cranianos. Assim
como a Angiografia, a Neurografia é possivel, e as imagens de NRM são obtidas utilizando
aquisição de imagens T1 e T2 no plano axial, coronal e longitudinal.
Apesar dos esforços com imagenologia, a melhor avaliação funcional do nervo pós-lesão é o
exame neurossensorial.
Classificação das lesões: tem a de Seddon (tempo entre lesão e recuperação – neuropraxia,
axonotmese e neurotmese) e de Sunderland (grau histológico de dano - I a V). A resposta axonal
e celular as lesões são baseados em uma sequencia de degeneração walleriana seguida pela
regeneração. Quando a ordem cronológica de regeneração tem interrupção ou tem um
sequenciamento desfavorável, há a formação de neuromas (massa desorganizada de brotos
nervosos e fibras colágenas), podendo ser dolorosos ou sintomáticos.
A grande gravidade das lesões deixa os tecidos mais propensos à infecção, comprometimento
vascular e necrose tecidual. A frequente cominuição deste tipo de lesão, faz necessária a redução
aberta, que tambem pode comprometer ainda mais a resposta dos tecidos.
Características das lesões balísticas e classificação
Os 2 mecanismos pelos quais os projeteis causam danos são esmagamento e estiramento. As
lesões podem ser penetrante (projetil não deixa o corpo), perfurante (tem orifício de entrada e
saída com pouca perda tecidual) ou avulsiva (tem os 2 orificios com grande perda tecidual).
Quando o projetil penetrante atinge o tecido, é formada a cavidade temporária (lesão de
músculos, vasos e órgãos), que é onde se irradia lateralmente à cavidade permanente do projetil.
A necrose e dano a pequenos vasos esta mais associada à cavidade permanente exagerada
formada pelo projétil, que é aumentada após atingir o esqueleto facial subjacente. O ponto chave
para o tratamento é compreender a cavidade permanente (tecidos afastados e destruídos durante
o voo do projétil, que representa a extensão do dano inicial).
Lesões de baixa velocidade apresentam orifício de entrada pequeno e arredondado, causando
fragmentação de ossos e dentes, muitas vezes sem exibir orifício de saída. Quando de alta
energia (maior velocidade) normalmente existe um orifício de saída, de caráter estrelado e maior
que o de entrada – avulsão de tecido mole/esquelético e fragmentação óssea é característico.
Tratamento: geralmente é feito uma abordagem multidisciplinar (plástica, oftalmo, otorrino, neuro,
fisioterapia, etc). Há grande variação na literatura sobre o tipo de tratamento mais adequado,
como múltiplas intervenções, reconstrução inicial ou o debridamento e/ou redução fechada com
cirurgias de revisão tardias.
As lavagens abundantes e debridamento do tecido não vital é mandatório. Os segmentos osseos
remanescentes devem ser, no mínimo, reduzidos e estabilizados com alguma forma de fixação.
Deve-se lembrar que a redução aberta em fraturas severamente cominutivas podem
comprometer o suprimento vascular, aumentando índice de reabsorção e perda de volume ou
necrose.
A modalidade de tratamento pela sequencia de descontaminação e debridamento, redução aberta
ou fechada de fraturas e reconstrução secundárias de defeitos residuais com enxertos ósseos
autorigenos, com ou sem transferência tecidual tardia se aplica melhor para lesões com perda
tecidual mínima, enquanto que em lesões catastróficas podem não ser beneficiada pela grande
formação de cicatrizes e contratura de feridas. Obviamente que uma reconstrução imediata sem a
extensa descontaminação e debridamento de corpos estranhos, que são indispensáveis, também
não oferece os melhores resultados.
Complicações: a complicação mais comum é o atraso na reconstrução definitiva de tecido mole
ou esquelético, com subsequente desenvolvimento d uma face larga e achatada enquanto as
enormes forças de formação de cicatrizes faciais e contratura da ferida alteram seu aspecto.
Paralisia de nervo craniano, hemiparestesia, distúrbios visuais – lesões oculares, deiscência da
ferida, septicemia generalizada e epífora são outras complicações possíveis. Tatuagem por
pólvora tambem pode ocorrer, mas pode receber debridamento conservador imediato para reduzir
a chance de ter.
As indicações absolutas de RAFI de côndilo são: deslocamento do segmento para fossa craniana
média, deslocamento lateral extracapsular, impossibilidade de obter uma oclusão adequada pela
redução fechada e presença de corpo estranho.
Tratamento em pacientes Geriatricos: Lembrar das várias alterações que podem existir e que
comprometem a recuperação e reparo ósseo. Alterações cardiovasculares, respiratórias e
hormonais, além de condições médicas preexistentes. Considerar metabolismos mais lentos e
insuficientes (baixo nível de reserva fisiológica), onde drogas podem ser toxicas em doses
normais para adultos. Considerar a atrofia óssea devido a perda de dentes que diminui a área
coberta por periósteo e consequentemente o suprimento sanguíneo.
Em mandíbulas atróficas, o volume ósseo diminuído resulta num fornecimento vascular diminuído
a partir do periósteo e endosteo, e também uma diminuição do potencial osteogênico, que
compromete a cicatrização óssea. A posição do nervo alveolar pode ser tal que dificulta a
colocação de sistemas de fixação.
Alguns casos são tratados com goteiras de Gunning, mas em mandíbulas com menos de 15mm
de altura óssea são melhor tratadas com RAFI, geralmente utilizando placas de de 2,4mm e
parafusos bicorticais para fornecer estabilidade prolongada.
Classificação:
• Lesões avulsivas do tecido mole maxilofacial, podem ser completas (perda ou desinserção
de uma estrutura) ou parciais (segmento permanece aderido ao leito tecidual).
• Lesões avulsivas do tecido duro, são determinadas pelo termo anatômico (mandibular,
terço médio, etc).
Reconstrução das lesões avulsivas do tecido mole: Em casos de orelha com avulsão
completa de um segmento, deve-se limpar o componente com solução antisséptica e tentar
recuperar com anastomose microvascular. Em casos em que o segmento não foi armazenado em
ambiente gelado, ou esta muito contaminado ou com necrose óbvia, é melhor fechar
primariamente e planejar uma reconstrução tardia. Avulsões parciais devem ser fechadas
primariamente o mais breve possível para evitar necrose e perda tecidual. Avulsoes de couro
cabeludo e nariz seguem abordagem semelhante à de orelha, exceto que para o couro cabeludo
em alguns casos de avulsão completa requer cirurgia de retalho local ou reconstruções com
enxertos de pele.
Em caos de perda avulsiva de tecido mole, que técnicas rotacionais de tecido ou retalhos
pediculados não seja possível, o uso de retalho antero lateral da coxa, que permite pedículos de 8
a 10cm de largura e 25cm de comprimento, é uma escolha indicada. Esse retalho pode ser
cutâneo ou fasciocutaneo, dependendo da necessidade de espessura, ou até como retalho
musculocutaneo.
Terapias adjuvantes como oxigenoterapia hiperbárica (aumentar oxigenação do tecido) e terapia
medicinal com sanguessuga (tratar congestão venosa para evitar necrose).
Reconstrução das lesões avulsivas do tecido duro: Tipos de enxertos ósseos para
reconstrução craniofacial
O tempo de internação antes da cirurgia tem sido indicada como um fator que pode aumentar a
taxa de infecção, ainda mais se tratando de ambiente hospitalar, por isso a realização da RAFI
em ate 24 horas reduz a possibilidade de infecção.
É dito também que a tensão de O2 nos tecidos pode ser correlacionada com a presença de
infecção, pois o aumento de oxigênio tecidual facilita a eliminação bacteriana pelos leucócitos.
ATB profilática: deve ser adm dentro de 3 horas após a inoculação de bactérias (trauma). É
indicado quando: envolve espaço articular ou é fratura exposta, há muita contaminação, o
desbridamento não é adequado, queimaduras. Fraturas maxilofaciais que se comunicam com a
boca tem maior risco de infecção, exigindo atbterapia. ATB IV é o mais indicado para não ter o
atraso da absorção enteral. Uma continuação por 3 dias é indicada, principalmente quando as
fraturas envolvem dentes e se comunicam com a cavidade oral.
A escolha do ATB depende do local e potencial tipo de infecção que pode ocorrer na lesão. Em
lacerações faciais é indicado uma cefalosporina (cefazolina), e penicilina quando há preocupação
de infecção intraoral. Em pacientes com risco aumentado de endocardite infecciosa é indicado o
uso de cefazolina + gentamicina (combinação sinérgica).
Tratamento: a verdadeira celulite é uma infecção não supurativa invasiva, que pode ser tratada
com ATBs e compressa quente – penicilina é o de escolha. A incisão e drenagem é feita quando
é preciso aliviar a pressão ou se uma isquemia estiver desenvolvendo, ou se abcesso local ou
coleção purulenta se desenvolva. A importância da drenagem esta no fato de diminuir
notavelmente o numero de bacterias além de reduzir a coleção de produtos bacterianos
(endotoxinas).
Infecções em trauma bucomaxilofacial: mesmo que o numero de bacterias intra-orais seja
elevado, a ocorrência de infecção é baixa devido a grande vascularidade dos tecidos que confere
melhor capacidade do hospedeiro de evitar uma infecção, e tambem porque dentro da boca pode-
se debridar mais os tecidos sem ter prejuizo estético. Um fator a ser considerado é o tamanho da
ferida, pois alguns estudos demonstram um aumento na taxa de infecção com base no numero de
pontos necessários para fechar a ferida. Em mordida de animais a maior causa de infecção é o
desbridamento inadequado e o padrão de infecção é rapido com formação de eritema, dor e
edema dentro de 24 horas.
Em fraturas dos ossos o tratamento preococe é indicado por a morbidade decorrente de uma
osteomielite é notavel. Fraturas mandibulares normalmente tem comunicação com a via oral, e
uma estabilização dos segmentos, mesmo antes do tratamento, é indicado para evitar
bombeamento mecanico de saliva e bacterias para o local da fratura, essa estabilização pode ser
conseguida por FIM e odontossintese, por exemplo. A mobilidade contínua de segmentos causa
micro sangramentos e diminui a tensão de O2 no local da fratura, aumentando o risco de
infecção. As fraturas mandibulares quase sempre são compostas precisando sempre de
antibioticoterapia e são os tipos de fratura mais associados à infecção.
Em fraturas mandibulares com dentes envolvidos, recomenda-se a remoção do dente se: ele já
esta perdido, carie extensa ou periodontalmente comprometido, mais de 50% da raiz exposta na
linha de fratura ou se a redução adequada é impedida mecanicamente pelo dente. A maior parte
das fraturas mandibulares são compostas e isso aumenta o risco de infecção.
Fatores de risco para osteomielite: fixação, redução e imobilização ineficaz, atraso no tratamento,
atraso no atb, segmentos ósseos desvitalizados no local da fratura e imunossupressão
(alcoolismo ou diabetes p. ex.).
A osteomielite inicialmente causa dor, febre intermitente e parestesia dos nervos no local da
fratura. Nessa fase ela esta se espalhando por toda a medular, não envolvendo cortical e por isso
não apareceria em radiografias. A medida que se estabelece, uma celulite se desenvolve e pode
aparecer locais de drenagem intra ou extra-oral. Quando há mais de 50% de desmineralização a
observação radiografica é possivel e sinais classicos como osso “roido por traças” e sequestro
osseo são aparentes. Geralmente a osteomielite é maior do que a imagem observado, por isso
uma cintilografia (tecnécio-99m) pode ser util, e as áreas de captação do tecnecio demonstrara a
área da osteomielite. O tratamento é por abordagem cirurgica e medicamentosa combinada.
Tecidos necroticos, desbridamento, corpos estranhos e dentes associados devem ser removidos
e submetidos a teste de cultura e sensibilidade. Algum sistema de fixação pode ser necessário
para impedir movimento dos segmentos, e a reconstrução primária náo é indicado. Uma espera
de pelo menos 2 meses e a não constatação de nenhum sinal ou sintoma de infecção é indicado,
a cintilografia pode ser usada. Muitas vezes, o uso de atb por 6 semanas é o periodo adequado,
optando por atbs que apresentam maior concentração sérica no osso (clindamicina p. ex.).
Em fraturas do terço médio, principalmente as Le Fort II ou III qu comunicam com a cavidade
craniana, tem-se uma preocupação com a possibilidade de meningite e outras infecções. Não há
estudos que demonstram que o atb profilatico diminui a chance, mas sim o tratamento precoce
das fraturas.
Infecção Nasocomial é uma infecção contraida durante uma estadia em um ambiente de saude
(hospitais). O paciente traumatizado, por fatores já discutidos, podem ter riscos aumentados de
uma infecção nasocomial. A preocupação baseia-se no fato de que muitas vezes envolvem
organismos de virulencia incomum ou resistentes à antibioticoretapia.
Biologia óssea e cicatrização: seu metabolismo é importante e essencial para regulçaão dos
eletrólitos do soro (calcio e fosfato). As cavidades medulares são preenchidas por elementos
hematopoiéticos necessários para produção e manutenção dos componentes sanguíneos e à
regulação do sistema imune.
O osso é basicamente uma matriz ósseoa calcificada e 3 tipos de
células: osteócitos, osteoblastos e osteoclastos.
A cicatrização óssea pode ser primária que é direta, requerindo
fixação rigida e imobilização dos segmentos, onde osteoclastos
migram para o local fraturado, alargando os canais haversianos, o
que permite uma deposição de matriz óssea (osteóide) pelos
osteoblastos. A secundária (indireta) ocorre quando há
espaço significativo ou movimentação interfragmentar,
que tem a formação de um calo ósseo fibrocartilaginoso
– ocorre em 4 estágios: estágio inflamatório
(hematoma), calo mole (massa fibrocartilaginosa), calo
duro (osteóide em calcificação) e remodelação ossea.
Os 2 tipos de cicatrização podem ocorrer numa mesma
fratura.
Osteossíntese sem compresssão: é obtido atraves de varios métodos que incluem placas não
compressivas e placas de reconstrução, ambas disponiveis com sistemas de travamento
(locking). Na mandibula a fixação deve ser tal que suporte as forças que ocorrem nela durante o
período de cicatrização. Pelo menos 2 (idealmente 3) parafusos são nessários em cada lado da
fratura para promover estabilização e evitar rotação dos segmentos. Na borda inferior da
mandibula as placas são parafusadas com parafusos bicorticais. Caso o primeiro parafuso não se
adaptar, parafusos de emergencia podem ser utilizados. Placas de travamento (locking) são
utilizadas quando as placas não podem ser perfeitamente adapatadas a fraturas ou se a
qualidade óssea não for boa – o parafuso trava na placa independente do osso o que evita o
deslizamento dos segmentos ósseos e deformação da placa a medida que os parafusos são
apertados. As miniplacas (monocorticais) normalmente são usadas como banda de tensão ou na
técnica da Champy – nessa técnica a placa é adaptada à linha oblíqua externa e ao ramo
ascendente com pelo menos 2 parafusos eem cada lado da fratura. As bandas de tensão são
usadas juntamente com placas colocadas na borda inferior. As placas de reconstrução são mais
grossas e pesadas, e são idealizadas para suportar
carga (load bearing) produzida por gaps ou defeitos –
indicada para fraturas cominuidas ou em areas de
defeito mandibular com ou sem enxerto, e tambem
para mandibulas atróficas. Para suportar toda ou
quase toda a carga é indicado pelo menos 4 parafusos
de cada lado.
Osteossíntese com parafusos (lag screws): é uma ténica para compressão de fraturas que
pode ser realizada com parafusos específicos ou parafusos longos (lag screw). Indicada para
fraturas transversas da sínfise ou parassínfise mandibular ou em fraturas obliquas do corpo e
ângulo. Se baseia na premissa de que o parafuso engata e puxa a cortical distal em direção a
cortical proximal, proporcionando compressçao e fixação estável. Esta associada a menos
complicações pos operatórias. O lag screw verdadeiro tem a haste proxima a cabeça lisa que
permite que o segmento distal seja engatado e comprimido contra o fragmento proximal. A ténica
do parafuso distribui de forma mais equilibrada as forças compressivas entre os segmentos. É
importante que a perfuração seja perpendicular à
fratura e a entrada na cortical proximal deve ser
passado um countersink.
Fixação do terço médio e superior da face:
diferente da mandibula, a maior parte do esqueleto
facial não sofre forças musculares importantes, com excessão do
zigoma que tem efeitos da musculatura mastigatória. O terço
superior e medio da face são melhores tratados com mini ou
microplacas. Muitas estruturas não precisam de fixação exagerada
e tambem tem tecidos moles delgados em que placas de perfil largo
podem ficar palpaveis e incomodas. É importante aproveitar os
contrafortes ósseos da face na fixação de fraturas para obter
estabilidade adequada. A contração do masseter produz forças de
distração nas suturas zigomaticofrontal e zigoaticomaxilar, sendo
entao importantes pontos de fixação para estabilização.
A perda de placas por infecção pode estar associado ao fato de que implantes de metal não
sofrem remodelação ou passam por angiogenese, e entao os leitos cirurgicos que circundam as
placas podem desenvolver um envelope fibroso, hipovascular, que diminui migração de células
imunológicas e a retirada de contaminação. Inflamação, necrose e afrouxamento do material.
REFERÊNCIAS:
Nota: Todo o conteúdo teórico deste resumo foi BASEADO nos assuntos deste livro.
TODAS imagens, fotos e tabelas presentes neste material são totalmente creditadas aos autores
do livro supra-citado.