Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
previsíveis. Devido a essa previsibilidade os princípios da cirurgia, que ajudam a aperfeiçoar o meio de cicatrização do corte, foram
desenvolvidos através de pesquisa básica e clínica. Com base em evidências, este capítulo apresenta princípios de prática cirúrgica
considerados os mais bem-sucedidos.
(2) assessoramento.
Embora a visibilidade pareça ser muito óbvia para mencionar como requerimento para realização da cirurgia, cirurgiões-dentistas
frequentemente subestimam sua importância, especialmente quando o inesperado ocorre. A visibilidade adequada depende dos
três fatores seguintes: (1) acesso adequado, (2) luz adequada e (3) um campo cirúrgico livre de excesso de sangue e outros
fluidos.
Acesso adequado requer não somente a habilidade do paciente para abrir a boca amplamente, mas também pode requerer
exposição criada cirurgicamente. A retração dos tecidos para longe do campo operatório em si proporciona a maior parte do
acesso necessário. (A retração apropriada também protege os tecidos afastados de sofrer danos acidentalmente, p. ex., por
instrumentos cortantes.) Acesso melhorado é obtido pela criação de retalhos cirúrgicos, discutidos posteriormente neste
capítulo. Luz adequada é outra óbvia necessidade para cirurgia. No entanto, dentistas frequentemente esquecem que muitos
procedimentos cirúrgicos colocam o cirurgião-dentista ou assistente em posições que bloqueiam as fontes de luz do equipo
odontológico. Para corrigir este problema, a fonte de luz deve ser reposicionada continuamente, ou o cirurgião dentista ou o
assistente devem evitar obstruir a luz, usar mais de uma luz suspensa, ou usar luz frontal, acoplada a cabeça do cirurgião-dentista.
Um campo cirúrgico livre de fluidos também é necessário para visibilidade adequada. Um aspirador cirúrgico de alto desempenho
com uma ponta de sucção relativamente pequena pode rapidamente remover o sangue e outros fluidos do campo. Como em
outros tipos de odontologia, um assistente treinado corretamente oferece ajuda inestimável durante a cirurgia oral. O assistente
deve estar suficientemente familiarizado com os procedimentos realizados para antecipar a necessidade do cirurgião-dentista. A
realização de uma boa cirurgia é extremamente difícil sem ou com um assistente ruim.
Técnica asséptica
A técnica asséptica inclui minimizar a contaminação do corte através de micróbios patogênicos. Este importante princípio cirúrgico
é discutido em detalhes no Capítulo 5.
Incisões
Muitos procedimentos cirúrgicos orais e maxilofaciais
precisam de incisões. É importante lembrar alguns princípios
básicos ao realizar incisões. O primeiro princípio é que deve
ser usada uma lâmina afiada de tamanho apropriado. Uma
lâmina afiada permite que as incisões sejam feitas de forma
limpa, sem dano desnecessário causado por cortes
repetidos. A proporção na qual a lâmina embota depende da
resistência dos tecidos que a lâmina corta. O osso e os
tecidos ligamentares embotam as lâminas mais rápido que a
mucosa oral. Portanto, o cirurgião-dentista deve trocar a
lâmina sempre que o bisturi não estiver fazendo a incisão
facilmente. O segundo princípio é que um corte firme e
contínuo deve ser usado ao fazer uma incisão. Cortes
repetidos e experimentais aumentam a quantidade de
tecidos danificados em uma incisão e quantidade de
sangramento, impedindo assim a cicatrização e a visibilidade
do corte. Incisões curtas e contínuas são preferíveis a
incisões curtas e intermitentes (Fig. 3-1, A).
O terceiro princípio é que o cirurgião-dentista deve cuidadosamente evitar cortar estruturas vitais ao fazer uma incisão. A
microanatomia de cada paciente é única. Portanto, para evitar o corte de grandes vasos ou nervos acidentalmente quando fizer
incisões próximas ao local em que os principais vasos, dutos e nervos correm, o cirurgião-dentista deve fazer uma incisão profunda,
o suficiente para definir a próxima camada principal. Os vasos podem ser controlados mais facilmente antes de serem
completamente divididos, e os nervos principais geralmente podem ser separados dos tecidos adjacentes e recolhidos para longe
da área a sofrer a incisão. Além disso, quando usa um bisturi, o cirurgião-dentista deve permanecer focado na lâmina para evitar
cortar estruturas acidentalmente, tais como os lábios, ao mover o bisturi para dentro e fora da boca. O quarto princípio é que
incisões em superfícies epiteliais, que o cirurgião-dentista planeja reaproximar, devem ser feitas com a lâmina em posição
perpendicular à superfície epitelial. Este ângulo produz bordas quadradas no corte, que são mais fáceis de reorientar propriamente
durante a sutura, e é menos suscetível a necrose nas bordas do corte como resultado da isquemia das mesmas (Fig. 3-1, B). O
quinto princípio é que incisões na cavidade oral devem ser devidamente aplicadas. Incisões em gengivas inseridas e sobre ossos
saudáveis são mais desejáveis que aquelas em gengivas não inseridas, e ossos doentes e ausentes. Incisões aplicadas
propriamente permitem que as margens do corte sejam suturadas intactas, que o osso saudável esteja pelo menos a alguns
milímetros de distância do osso danificado, oferecendo assim suporte para a cicatrização do corte. Incisões aplicadas próximo ao
dente a ser extraído devem ser feitas no sulco gengival, a não ser que o cirurgião-dentista pense ser necessário extirpar a gengiva
marginal ou deixar a gengiva marginal intocada.
Planejamento do retalho
Retalhos cirúrgicos são feitos para conseguir acesso cirúrgico a uma área ou para mover o tecido de um local para outro. Vários
princípios básicos de projeto de retalho devem ser seguidos para prevenir as complicações da cirurgia de retalho: necrose,
deiscência e dilaceração.
(1) O cume (ponta) do retalho não deve nunca ser maior que a base, a não ser que a artéria principal esteja presente na base.
Retalhos devem ter lados paralelos um ao outro ou, preferencialmente, convergir movendo da base para o cume do retalho.
(2) Geralmente, o comprimento de um retalho não deve ter mais que duas vezes a largura da base. Preferencialmente, a largura
da base deve ser maior que o comprimento do retalho (Fig. 3-2). A adesão estrita a este princípio é menos crítica na cavidade oral,
mas em geral, o comprimento do retalho não deve jamais exceder a largura.
(3) Quando possível, um fornecimento de sangue axial deve ser incluído na base do retalho. Por exemplo, um retalho no palato
deve ser feito em relação à artéria palatina maior, quando possível.
(4) A base dos retalhos não deve ser excessivamente torcida, esticada ou apertada com qualquer coisa que possa danificar os
vasos, pois essas manobras podem comprometer a alimentação de suprimento de sangue e drenar o retalho, assim como os
delicados linfáticos.
Prevenção de Deiscência do Retalho
A deiscência (separação) da margem do retalho é prevenida pela aproximação das bordas do retalho sobre o osso saudável, ao
manusear gentilmente as bordas do retalho, e não colocando o retalho sobre pressão. Não deverá ser necessário usar nenhuma
força significativa para unir os tecidos enquanto se sutura um corte. A deiscência expõe o osso subjacente e outros tecidos,
produzindo dor, perda óssea e aumento da cicatriz.
Hemostasia
Prevenção de perda excessiva de sangue durante a cirurgia é importante para preservar a capacidade de armazenar oxigênio do
paciente. No entanto, manter a hemostasia meticulosa durante a cirurgia é necessário por outras razões importantes. Uma é a
diminuição da visibilidade criada por sangramento incontrolável. Mesmo uma sucção de alto volume não pode manter um campo
cirúrgico completamente seco, particularmente nas regiões bem vascularizadas oral e maxilofacial. Outro problema que causa
sangramento é a formação de hematomas. Hematomas colocam pressão nos cortes, diminuindo a vascularidade. Eles aumentam
a tensão nas bordas do corte. E eles agem como meios de cultura, potencializando o desenvolvimento de infecções no corte.
Um segundo meio de obter hemostasia é pelo uso do calor para fundir a ponta dos vasos cortados (coagulação térmica). O calor
é geralmente aplicado por uma corrente elétrica que o cirurgião-dentista concentra no vaso em sangramento, segurando o vaso
com um instrumento de metal, tal como, um hemostato, ou tocando o vaso diretamente com a ponta do bisturi elétrico. Três
condições devem ser criadas para o uso apropriado da coagulação térmica: (1) O paciente deve estar aterrado para permitir que
a corrente entre em seu corpo; (2) a ponta do cautério e qualquer instrumento de metal que a ponta do cautério tocar não pode
tocar o paciente em nenhum ponto que não seja o local do sangramento do vaso, caso contrário, a corrente pode seguir um
caminho indesejado e criar uma queimadura; e (3) a terceira necessidade para a coagulação térmica é a remoção de qualquer
sangue ou fluido que tenha acumulado em torno do vaso a ser cauterizado. O fluido funciona como um reservatório de energia e,
assim, evita que uma quantidade suficiente de calor atinja o vaso para a cauterização.
O terceiro meio de ministrar hemostase cirúrgica é através de ligadura. Se um vaso de tamanho considerável for cortado, cada
ponta é segurada com um hemostato. O cirurgião-dentista então amarra suturas não absorvíveis ao redor do vaso. Se um vaso
pode ser dissecado livre do tecido conjuntivo ao redor, antes que seja cortado, duas pinças hemostáticas podem ser colocados no
vaso com espaço suficiente entre elas para cortar o vaso. Uma vez que o vaso seja cortado, suturas são amarradas em volta de
cada ponta e as pinças hemostáticas são removidas.
O quarto meio para ministrar hemostase é colocar no corte substâncias de vasoconstrição, tais como, epinefrina, ou aplicar pró-
coagulantes, tais como trombina ou colágeno no corte. A epinefrina funciona como um vasoconstritor mais efetivamente quando
colocada no local em que deseja a vasoconstrição por pelo menos 7 minutos antes da cirurgia começar.
Controle de edema
O edema ocorre após a cirurgia como resultado de lesão tecidual. Edema é um acúmulo de fluido no espaço intersticial devido à
transudação de vasos danificados e obstrução linfática pela fibrina. Duas variáveis ajudam a determinar o grau de edema pós-
cirúrgico: (1) Quanto maior a quantidade de lesão tecidual maior a quantidade de edema; e (2) quanto mais solto o tecido
conjuntivo contido na região lesionada, maior o edema. Por exemplo, a gengiva inserida tem pouco tecido conjuntivo frouxo, e
por isso apresenta menor tendência para edema; no entanto, os lábios e o soalho da boca contêm uma grande quantidade de
tecido conjuntivo frouxo e podem edemaciar significativamente. O cirurgião-dentista pode controlar a quantidade de edema pós-
cirúrgico realizando a cirurgia de modo a minimizar lesões no tecido. Alguns acreditam que aplicação de gelo em uma área recém-
ferida reduz a vascularidade e assim diminui a transudação e o edema. No entanto, nenhum estudo controlado verificou a eficácia
desta prática. O posicionamento do paciente no período pós-operatório inicial também é usado para reduzir edema ao tentar que
o paciente tente manter a cabeça elevada acima do resto do corpo tanto quanto possível durante os primeiros dias pós-
operatórios. A curto prazo, altas doses de corticosteroides sistêmicos que possuem uma habilidade impressionante de diminuir
inflamação e transudação (e por conseguinte edema), podem ser administradas ao paciente. No entanto, os corticosteroides são
úteis para controle de edema somente se a administração for iniciada antes que o tecido seja lesionado, ou seja, no pré-
operatório.
Exemplos de doenças que induzem um estado metabólico catabólico inclui diabetes melito tipo I mal controlada, doença hepática
ou renal em estágio final, e doenças malignas.
Condições que interferem na entrega de oxigênio ou nutrientes a tecidos lesionados incluem doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) grave, insuficiência cardíaca congestiva (ICC) descompensada, e toxicodependências tais como alcoolismo.
Doenças que requerem a administração de medicamentos que interferem com as defesas do hospedeiro ou capacidade de
cicatrizar cortes incluem doenças autoimunes para as quais é dada uma terapia de corticosteroides a longo prazo e malignidades
para as quais são usados agentes citotóxicos e irradiação.
O cirurgião-dentista pode ajudar a aumentar as chances do paciente de ter uma cicatrização normal de um corte cirúrgico eletivo
ao avaliar e melhorar o estado geral de saúde do paciente antes da cirurgia. Para pacientes malnutridos, inclui melhorar o estado
nutricional para que este tenha um equilíbrio positivo de nitrogênio e estado metabólico anabólico.