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Um homem destro com 18 anos de idade, segundo prescrição de um ortopedista, procura uma

clínica de fisioterapia para avaliação e tratamento de impacto subacromial no ombro direito. Diz
ter começado a sentir dores no ombro, há umas quatro semanas, e atribui essa condição ao fato
de ter jogado tênis três vezes na semana anterior depois de um inverno inteiro sem praticar esse
esporte. A dor no ombro aumenta quando ele estende o braço para a frente, tenta levar a mão às
costas, levanta qualquer tipo de peso com o braço direito ou joga tênis. Além disso, o paciente
relata que não consegue enfiar o cinto na presilha na parte de trás, nem enfiar a camisa dentro da
calça nas costas, embora fizesse esses movimentos antes sem nenhuma dificuldade. A única
posição que alivia a dor nas costas é deixar o braço na lateral do corpo. O médico receitou-lhe
medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, e isso ajudou a reduzir a intensidade da dor. O
raio X (tirado pelo médico no consultório) das articulações glenoumeral e acromioclavicular deu
negativo para anormalidades ósseas e déficits estruturais.
CASO 1
• Ao examinar um indivíduo com síndrome do impacto subacromial (SISA), é importante iniciar com uma
avaliação abrangente do paciente. A história do paciente, com frequência, contém descrições de
trabalho ou atividade esportiva de levantamento de peso repetitivo, envolvendo movimentos que
agravam a dor no ombro. Pode ser que o paciente se queixe de dor no aspecto anterior do ombro
quando faz movimentos que reduzem o tamanho do espaço subacromial, causando impacto da bolsa
subacromial, da cabeça longa do bíceps ou dos tendões do manguito rotador.
• As limitações funcionais do paciente devem ser discutidas, uma vez que, em geral, essas são as razões
primárias que levam à busca de tratamento. Além de mudanças nas mensurações objetivas, melhorias
em tarefas funcionais (p. ex., conseguir passar o cinto pela fivela de trás ou enfiar a camisa na parte de
trás das calças) podem ser usadas para documentar avanços na fisioterapia.
• Deve-se perguntar também sobre a história médica prévia, as medicações atuais e as imagens
diagnósticas já realizadas.

EXAME, AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO


• Uma avaliação objetiva e abrangente começa pelo exame da coluna cervical para eliminar, da etiologia da dor no
ombro, sintomas reflexos oriundos do pescoço. A inexistência de restrições na amplitude de movimento cervical
ativa e a ausência de problemas no exame neurológico do quadrante superior (testes dos dermátomos, miótomos e
reflexos do tendão profundo de C5-C8) ajudam a eliminar um suposto envolvimento da coluna cervical.
• O fisioterapeuta deve observar com atenção a postura do paciente de pé nas visões posterior e lateral. A partir da
visão posterior, observe atrofias nos músculos do manguito rotador nas fossas infraespinal e supraespinal. Compare
a altura dos ombros e identifique a presença de escápula alada quando o paciente deixa os braços nas laterais. Em
função do aumento da atividade do trapézio superior e de redução da força do serrátil anterior, pode haver
elevação do ombro envolvido e escápula alada. A partir da visão lateral, avalie a presença de cifose torácica
excessiva e protração do ombro. Os pacientes com SISA, com frequência, apresentam aumento da cifose torácica e
redução da mobilidade torácica, e isso pode alterar os padrões de movimento. O ombro afetado pela SISA costuma
ficar em uma posição protraída devido ao aumento da cifose torácica e à rigidez do músculo peitoral menor. Essas
duas anormalidades posturais contribuem para redução do espaço subacromial e para o impacto dos tecidos
subjacentes.
• Durante a movimentação do ombro, na amplitude ativa, os pacientes com SISA podem apresentar
discinesia escapular. Essa condição refere-se a alterações visíveis na posição escapular e nos padrões
do movimento. A discinesia do ombro pode ser causada por encurtamento adaptativo do músculo
peitoral menor, rigidez posterior do ombro, redução da força da escápula e do manguito rotador e
aumento da cifose torácica. Geralmente, o ombro afetado apresenta redução da inclinação posterior
escapular, diminuição da rotação superior e aumento da rotação interna da escápula. Com isso, o
aspecto anterior do acrômio não consegue se afastar da cabeça do úmero durante a flexão do ombro,
contribuindo para a redução do espaço acromial e para impacto do manguito rotador.
• Um método para identificar a discinesia escapular é o teste específico (Teste de Discinesia Escapular).
O paciente faz cinco repetições de flexão ativa bilateral do ombro com pesos, seguidas de abdução
ativa bilateral do ombro com pesos, enquanto o fisioterapeuta observa todos os movimentos a partir
das visões posterior e superior. O resultado será positivo para discinesia escapular no ombro se o
paciente apresentar escápula alada, disritmia ou ambos.
• A avaliação da força muscular, durante a parte objetiva do exame, ajuda a identificar posteriormente os fatores que
contribuíram para a SISA. A fraqueza do serrátil anterior e dos trapézios inferior e médio pode levar a uma
alteração da cinemática escapular em pacientes com SISA. Os músculos serrátil e trapézio estabilizam a escápula e
produzem rotações superior e externa e/ou a inclinação posterior da escápula, para possibilitar que a cabeça do
úmero libere o acrômio durante a elevação do ombro.
• Os pacientes com SISA reclamam com frequência de aumento da dor e redução da força no momento da flexão do
ombro. Isso se deve à fraqueza escapular e à alteração cinemática no ombro afetado, o que leva ao impacto do
manguito rotador no espaço subacromial.
• Além do teste de força dos estabilizadores escapulares, também devem ser realizados os testes manuais dos
músculos supraespinal, redondo menor, infraespinal e subescapular. Com frequência, esses músculos apresentam
fraqueza, e o teste de força pode provocar aumento da dor em pacientes com SISA.
• Os testes de impacto que podem ajudar a confirmar o diagnóstico de SISA são o Teste de Neer, o Teste de Hawkins
e o Teste da Lata Vazia.
Teste Jobe (Lata Vazia)

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