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Odontometria e condutometria

→ Usa-se a técnica do paralelismo para a radiografia para medir o dente. Porém a imagem apresenta distorção,
por isso pode haver discordância entre a medida real e a que foi medida na radiografia.
→ Odontometria 🡪 manobra para obtenção da medida real do dente.
→ Condutometria 🡪 medida do canal (onde vai trabalhar) que na maioria das vezes não coincide com o ápice.
→ Medida do canal – todos os instrumentos utilizados na endodontia só poderão chegar até esse
comprimento, não podendo ultrapassar a medida adquirida na condutometria.
→ O forame apical se encontra em uma posição para-apical. Por isso não pode usar como parâmetro na
imagem radiográfica o ápice radicular. A não ser que consiga ver o forame apical na radiografia coincidindo
com o ápice radicular, o que é muito difícil de acontecer.
→ O limite de trabalho é até o ponto de maior
constrição do canal radicular (CDC), é o limite que
separa a dentina do cemento. E depois do CDC o
canal abre novamente e chega ao ápice. O limite
CDC histologicamente está entre 0,5 e 0,7mm aquém
do ápice. Ou seja: se o dente mede 25mm, o limite
de trabalho é até 24,5. Então sempre tem que tirar
0,5mm da odontometria. Ao tirar 0,5mm obtém-se a
condutometria. Há situações em que se pode tirar
menos que 0,5mm. Mas 0,5mm é o padrão. A radiografia é limitada para dar a informação do local real do
forame apical.
→ Padrão mundial -> 0,5 a 1mm aquém do forame apical.
→ “Não existe um procedimento de odontometria capaz de atender a todos os casos”. Existem várias técnicas
que tentam determinar o comprimento.

NÃO UTILIZAMOS: Avançar com a lima até que o paciente reclame de dor, e depois voltar 1mm.

NÃO UTILIZAMOS: Técnica do cone de papel > Colocar o cone de papel para secar o canal e, se a ponta
vier vermelha (indicando que ainda há polpa ou que foi ultrapassado o limite CDC), o dentista ajusta e recua
até a ponta sair limpa.

Técnica mais utilizada: Técnica de Ingle (teoria)


Obs.: utilizaremos radiografias periapicais para a realização da técnica de Ingle. Toda radiografia oferece a
possibilidade de distorção, podendo chegar a 10%.
Ou seja: na radiografia de um dente de 25mm, podemos ter variação de 2,5mm para mais ou para menos!

1. Utilizando nossa primeira radiografia, iremos medir o Comprimento Aparente do Dente - CAD (pontos
referenciais: da borda incisal/cúspide correspondente ao ápice dentário). Com o valor em milímetros em
mãos, diminuímos desse valor 2 a 3mm (para compensar a possibilidade de distorção). Dessa forma: um
dente de 23mm, ficamos com o valor final 20mm.
A distorção no terço de 3mm é menor (0,3mm para mais ou para menos). Ou seja, quanto menor for essa
porção, maior será a exatidão da odontometria.

2. Elegemos uma lima para começar a instrumentação do canal radicular. Seu comprimento de trabalho será
justamente os 20mm encontrados anteriormente (a medida correta será auxiliada pela régua milimetrada e o
correto posicionamento do cursor de borracha). Após seu posicionamento, iremos novamente radiografar o
elemento dentário (mantendo a lima em seu canal). Já que marcamos nosso instrumental com os 20mm,
esse valor corresponde ao Comprimento Real do Instrumento - CRI.

3. Nessa nova radiografia medimos a Distância do Ápice até a ponta do Instrumento - DAI. Caso não
houvesse distorções, essa medida seria de 3mm (que foi justamente o valor que retiramos no início). Porém,
com as distorções podemos ter valores variados. Caso o valor encontrado seja maior que 3mm, devemos
reposicionar a lima e novamente radiografar.
4. O valor obtido na medição do DAI será acrescido ao CRI.
CRI de 20mm + DAI de 3mm = 23mm de Comprimento Real do Dente (CRD) - Perceba que a medida
passou de um comprimento aparente para um comprimento real, pois confirmamos com as radiografias.

5. Dessa forma, podemos seguir com a instrumentação do canal. Porém, na UFPB, iremos diminuir 0,5mm do
CRD, valor esse que corresponde ao canal cementário! Dessa forma: CRD de 30mm - 0,5mm =
Comprimento Real de Trabalho (CRT) de 29,5mm! É nessa medida que iremos marcar todos os
nossos instrumentos.

Resumo das siglas:


● CAD: comprimento aparente do dente
CAC: comprimento aparente do canal (se for possível visualizar o forame)
● CRI: comprimento real do instrumento (CAD-3) 🡪 medida que vai introduzir o dente dentro do canal
● DAI: distância do ápice ao instrumento
DFI: distância forame instrumento (se conseguir ver o forame)
● CRD: comprimento real do dente
● CDC: constrição do canal radicular
● CRT: comprimento real de trabalho

OBS.: Deve ser dada sempre a preferência à odontometria utilizando o canal radicular (medidas como o CAC e o
DFI). Porém, nem todos os casos será possível a visualização do forame apical, somente assim adotaremos as
medidas CAD e DAI.
OBS 2.: os dentes de resina utilizados na prática laboratorial geralmente não oferecem a possibilidade de
visualização do forame apical, por isso adotamos o ápide.

Técnica de Ingle - Exemplificando

Dente: 1º PMI

Comprimento: 25 mm

Referência: Cúspide Vestibular


A – Boa radiografia inicial. Facilmente obtida pela técnica do paralelismo. Que mostre o comprimento total do dente e
as raízes do dente envolvido. Com o auxílio de uma régua e uma lupa medimos o comprimento do dente que vai da
borda incisal/oclusal até o vértice radiográfico (se conseguir ver o forame usa o forame como ponto).

B - Essa medida é o CAD: comprimento aparente do dente. Se conseguir ver o forame apical, será CAC:
comprimento aparente do canal.

CANAL Referência CAD/CAC CRI DAÍ/DFI CRD/CRC CRT


X
Único CV 25mm

C - Subtraímos 3mm e assim obtemos o CRI: comprimento real do instrumento. É a medida do instrumento que será
introduzida dentro do canal.
CANAL Referência CAD/CAC CRI DAÍ/DFI CRD/CRC CRT
X
Único CV 25mm 22mm

D – Ajustamos o cursor para que da ponta até o cursor tenhamos o CRI:22mm > Apoiamos o cursor na cúspide
vestibular > Introduzimos o instrumento no canal até o CRI > Realizamos tomada radiográfica novamente procurando
a menor distorção possível.

E – Com a régua transparente medimos a parte que faltou, da ponta do instrumento até o ápice radiográfico e
obtemos o DAI: distância ápice–instrumento. Se conseguir ver o forame essa medida será da ponta do instrumento
até o forame que é o DFI: distância forame – instrumento.
Se o valor do DAI for menor ou igual a 3mm podemos seguir com a técnica

Se o DAI for maior que 3mm, se faz necessário confirmar o valor do CRT obtido. Para tal, introduza um
instrumento até o CRT obtido e radiografe

CANAL Referência CAD/CAC CRI DAI/DFI CRD/CRC CRT


X
Único CV 25mm 22mm 3mm 25mm
F – Somando o valor de X ao CRI temos o CRD: comprimento real do dente ou somando o X ao CRI temos o CRC:
comprimento real do canal.

CRI + DAI = CRD


CRI + DFI = CRC -> tem mais precisão

⮚ Lembrando que sempre devemos trabalhar no limite CDC. Por isso, vamos tirar 0,5mm do CRD/CRC para
obtermos o CRT: comprimento real de trabalho.

CANAL Referência CAD/CAC CRI DAI/DFI CRD/CRC CRT


X

único CV 25mm 22mm 3mm 25mm 24,5mm

A partir do valor CRT não consideramos mais os valores anteriores, ou seja, todo trabalho se baseia no valor do CRT.

CRD/CRC – 0,5mm = CRT -> medida até onde pode trabalhar, até onde pode instrumentar, até onde vai obturar, até
onde vai os cones de papel e até onde vai a guta percha.

● Depois de fazer os cálculos, decore o CRT, para saber se o professor perguntar.

Princípios de odontometria

- A referência oclusal, precisa compreender um ponto anatômico definido para cada canal. Esse ponto de referência
deve ser adequado, ou seja, se a coroa do dente estiver fraturada ou destruída deve-se alinhar ou restaurar para o
cursor do instrumento endodôntico ficar apoiado.

Caso o professor pergunte PARA REFLETIR: a borda incisal ou cúspide correspondente não serão obrigatoriamente
os pontos de referência para a medição do elemento. Percebam que essa referência é a melhor e mais tranquila de
se usar. Porém, vale lembrar que a maioria dos casos de endodontia são dentes destruídos por cárie, então a
referência oclusal talvez esteja perdida. Dessa forma, pode ser feito um preparo no remanescente coronário para
oferecer uma parada para o stop, ou, caso toda a coroa tenha sido destruída, o stop poderá parar na face cervical do
dente também!

- A referência oclusal mais próxima possível do canal radicular que estamos intervindo, ou seja, no canal MV do
molar inferior devemos usar como referência a ponta da cúspide MV. Obs: tem que anotar na ficha qual o ponto de
referência que está usando.

- O ideal é realizar a odontometria após o preparo cervical. Usando por ex: broca de largo, broca de Gates.

Odontometria eletrônica

Um aparelho com um cabo e dois terminais, um fica no lábio do paciente e o outro prende no instrumento
endodôntico. O dente não transmite energia. O instrumento entra no canal e 1 mm antes do forame ele apita e os
LEDs do aparelho acendem. É uma medida precisa. Porém, não permite a visualização da trajetória do
instrumento no interior do canal radicular. Esse método deve ser usado combinado com o radiográfico.

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