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Curso online

FERIDAS E CURATIVOS
Técnicas e tratamentos

DISPONÍVEL 24 HORAS LÍDER EM CUSTO EM CONFORMIDADE


POR DIA BENEFÍCIO COM AS LEIS VIGENTES
SUMÁRIO
Anatomia e fisiologia da pele ...................................................................................... 2
Ferida ............................................................................................................................ 4
Fisiologia da Cicatrização ........................................................................................... 5
Avaliação de enfermagem .......................................................................................... 6
Protocolo para o tratamento de feridas crônicas e do pé diabético ...................... 9
Úlcera de pressão (UPP) ............................................................................................ 11
Úlcera venosa ............................................................................................................... 14
Avaliação de risco ........................................................................................................ 15
Bota de Unna ................................................................................................................ 18
Úlcera arterial ............................................................................................................... 19
Cuidados de enfermagem para Úlcera arterial ........................................................ 21
Úlcera neuropática / Pé diabético ............................................................................. 22
Estratégias terapêuticas ortopédicas para o pé diabético ...................................... 26
Feridas oncológicas ..................................................................................................... 28
Aspecto nutricional ...................................................................................................... 29
Reflexões sobre infecções em feridas ....................................................................... 32
Referências .................................................................................................................. 34
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE
A pele é um órgão vital que faz parte do sistema tegumentar, juntamente com
seus anexos. Representando cerca de 15% do peso corpóreo, ela desempenha um
papel fundamental como revestimento protetor contra agentes nocivos. Além
disso, a pele está em perfeita sintonia com o resto do organismo e pode refletir o
estado geral de saúde. Sua espessura pode variar e sua elasticidade está
relacionada à idade. A secreção sebácea e sudorípara influenciam o pH da pele,
que normalmente fica em torno de 5,4 a 5,6, com variações topográficas. A pele é
composta por duas camadas principais: a epiderme e a derme, e abaixo delas, há
uma camada subcutânea denominada tecido subcutâneo ou hipoderme.

Funções da pele:
Protetora de estruturas internas;
Termorreguladora;
Protetora imunológica;
Perceptora;
Secretora;
Absortiva;
Sintetizadora de vitaminas.

Estruturas da pele:
1. Epiderme: Suas células estão constantemente sendo substituídas e, à medida
que morrem, se convertem em escamas de queratina, que se desprendem da
superfície da pele. A epiderme é a camada mais externa da pele e é composta
por células epiteliais e células de Langerhans, responsáveis pela defesa
imunológica. Ela possui as seguintes camadas:
Camada Córnea: É composta por células anucleadas com citoplasma rico
em filamentos de queratina (proteína). Sua espessura varia conforme a
região do corpo, sendo mais espessa nas palmas das mãos e plantas dos
pés. As células de Langerhans têm função imunológica. A epiderme
também é responsável pela formação de anexos cutâneos, como unhas,
pelos e glândulas sebáceas e sudoríparas, que estão imersos na derme.
Camada Granulosa: A presença de grânulos contribui para a queratinização
da pele.
Camada Espinhosa: Mantém a coesão das células epidérmicas e favorece
a resistência ao atrito, pressão e fricção.
2. Camada Basal: É formada pelas células basais e pelos melanócitos, que
produzem a melanina responsável pela coloração da pele e pela proteção
contra os raios ultravioletas.

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3. Derme: Localizada entre a epiderme e o tecido subcutâneo, a derme possui
função de flexibilidade, elasticidade e resistência. É rica em fibras colágenas e
elásticas, que conferem à pele sua capacidade de distender-se quando
tracionada. Além disso, é bem irrigada por extensas redes capilares e é
constituída por:
Mucopolissacarídeos;
Vasos sanguíneos;
Glândulas sebáceas;
Terminações nervosas;
Fibras de colágeno;
Vasos linfáticos;
Fibras elásticas e reticulares;
Folículos pilosos;
Glândulas sudoríparas.
4. Tecido Subcutâneo (Hipoderme): Essa é a camada mais profunda da pele e
fornece proteção contra traumas. Além disso, atua como isolante térmico e facilita
a mobilidade da pele em relação às estruturas adjacentes.

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FERIDA
Uma ferida é caracterizada como qualquer lesão que cause a interrupção do
tecido corpóreo, resultando na perda de suas funções básicas. Essas lesões
podem ser provocadas tanto de forma intencional, como em procedimentos
cirúrgicos, quanto acidental, ocorrendo por meio de traumas.

CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS:

QUANTO À CAUSA:
1. Feridas Cirúrgicas Agudas
2. Feridas Não Cirúrgicas Crônicas

As Feridas Agudas são aquelas que cicatrizam espontaneamente sem


complicações, seguindo as três fases normais da trajetória da cicatrização:
inflamação, proliferação e remodelação.

Por outro lado, as Feridas Crônicas são aquelas que falharam no processo de
cicatrização normal, seja por uma sequência desordenada ou por um tempo
prolongado de reparação tecidual. Em alguns casos, mesmo passando pelo
processo de reparação, essas feridas não alcançam uma restauração anatômica
completa e não apresentam resultados funcionais satisfatórios (Lazarus et al,
1992).

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Fisiologia da Cicatrização: Processo de
Remodelação Tecidual
A cicatrização é um processo totalmente orquestrado pelo próprio organismo, que
desencadeia e realiza todas as etapas necessárias. O conhecimento das
diferentes fases evolutivas é essencial para um tratamento adequado da ferida.

Fase Inflamatória: Essa fase tem início no momento da lesão e pode durar de três
a seis dias:

Etapa Trombocítica: Nessa etapa, ocorre a ativação da cascata de coagulação


e a hemostasia, garantindo a parada do sangramento.
Etapa Granulocítica: Uma grande concentração de leucócitos realiza a
fagocitose das bactérias, promovendo a "limpeza" do local da ferida.
Etapa Macrofágica: Os macrófagos liberam enzimas, substâncias vasoativas e
fatores de crescimento, auxiliando na reparação do tecido.

Fase Proliferativa: Essa fase é marcada pela intensa divisão celular e acontece
aproximadamente em três semanas:
Desenvolvimento do Tecido de Granulação: Células endoteliais, fibroblastos e
queratinócitos trabalham em conjunto para formar o tecido de granulação,
uma estrutura fundamental para a recuperação da área afetada.
Elaboração de Colágeno: O colágeno é produzido continuamente no interior da
lesão, contribuindo para a formação da nova matriz extracelular.

Fase Reparadora: Essa fase tem início por volta da terceira semana após a lesão e
pode se estender por até dois anos:
Diminuição da Vascularização e dos Fibroblastos: A medida que a cicatrização
progride, a vascularização e o número de fibroblastos diminuem
gradativamente.
Aumento da Força Tensil: Durante a fase reparadora, a cicatriz adquire
gradualmente uma maior resistência mecânica, tornando-se mais forte.
Reordenação das Fibras de Colágeno: As fibras de colágeno se organizam e
realinham para aumentar a integridade estrutural do tecido cicatricial.

Ao entender e acompanhar as diferentes fases do processo cicatricial, torna-se


possível adotar abordagens terapêuticas adequadas para promover uma
cicatrização mais eficiente e um resultado final satisfatório.

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Fluxograma de atendimento

ENCAMINHAMENTO AO ESPECIALISTA
SEMPRE QUE NECESSÁRIO

AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM
A avaliação de enfermagem é uma etapa essencial do processo de cuidados de
saúde, incumbindo ao enfermeiro realizar essa avaliação de forma sistematizada,
a cada período mínimo de 30 dias ou sempre que necessário. Para garantir um
tratamento eficiente, o enfermeiro é responsável por projetar um caminho clínico
adequado para a cicatrização, valendo-se do uso de algoritmos de tratamento e
planejamento de cuidados preventivos específicos para cada caso, levando em
consideração a etiologia do paciente.

Além disso, é crucial que o enfermeiro esteja plenamente ciente das condições
sistêmicas do indivíduo em tratamento, a fim de promover uma abordagem mais
holística e personalizada. Para tanto, poderá solicitar exames complementares
necessários para fundamentar o tratamento de forma adequada.

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Sempre que a situação demandar, o enfermeiro deve assegurar o
encaminhamento do paciente para outras especialidades ou profissionais de
saúde, garantindo uma assistência integral e colaborativa em benefício do bem-
estar do indivíduo em tratamento. Essa atuação interdisciplinar é fundamental
para alcançar os melhores resultados possíveis no processo de cuidado e
recuperação do paciente.

Tipos de Tecidos:

A. Epitelização: É um novo tecido de revestimento mais delicado que a epiderme.


B. Granulação: Refere-se à formação de um novo tecido de revestimento,
caracterizado pela proliferação de tecido conjuntivo fibroso.
C. Necrose: Descreve tecido morto. Existem dois tipos principais: esfacelo, que é
a necrose úmida, e escara, que é a necrose seca.

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CUIDADOS IMPORTANTES:

1. Evite friccionar o leito da ferida.


2. Caso o curativo esteja aderido, umedeça-o com solução fisiológica morna
(exceto em feridas hemorrágicas ou queimaduras) antes de removê-lo.
3. Lave a pele ao redor da ferida e o pé, se aplicável, utilizando água e sabão
neutro.
4. Durante o banho, não molhe o curativo nem a ferida.

DESBRIDAMENTO: Remoção de Tecidos Inviáveis para Cicatrização Adequada

O desbridamento, também conhecido como desbridamento, é uma técnica


utilizada para a remoção de tecidos inviáveis por meio de diferentes abordagens,
tais como autolítica, enzimática, mecânica ou cirúrgica. O tecido necrótico,
caracterizado por uma elevada carga bacteriana e células mortas, pode prejudicar
o processo de cicatrização. Portanto, a manutenção do desbridamento, quando
indicado, é essencial para proporcionar um leito propício à cicatrização. A escolha
do método mais adequado deve ser feita em conjunto pelo enfermeiro e médico.

O desbridamento mecânico é geralmente mais rápido, contudo, a decisão deve


considerar o estado da ferida, a competência profissional envolvida e o
cumprimento das normas regulatórias. É importante evitar um desbridamento
excessivo, pois isso poderia levar a uma reintensificação do processo inflamatório
e resultar na diminuição das citocinas inflamatórias.

Conforme o artigo 11, inciso I, alínea "m" da Lei


7.498/86, regulamentada pelo Decreto
94.406/87, o enfermeiro possui competência
legal para assumir cuidados de enfermagem de
maior complexidade técnica, que exigem
conhecimentos baseados em evidências
científicas e a capacidade de tomar decisões
imediatas.

Dado que o desbridamento é um procedimento que requer conhecimento e


avaliação periódica, é responsabilidade do enfermeiro, devidamente capacitado
por meio de cursos específicos, realizar o desbridamento mecânico, respeitando a
exclusividade do desbridamento cirúrgico, que é de competência exclusiva do
médico.

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PROTOCOLO PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS CRÔNICAS E DO PÉ
DIABÉTICO

O protocolo a seguir tem como objetivo fornecer diretrizes básicas para o


tratamento de úlceras crônicas e do pé diabético, com base na avaliação da lesão.
Neste momento, não abordaremos a etiologia da lesão nem as doenças que
podem interferir no processo de cicatrização, pois serão tratadas em um capítulo
específico posteriormente.

É fundamental avaliar a ferida, identificando cuidadosamente as estruturas


presentes:

1. Tecidos viáveis: granulação e epitelização.


2. Tecidos inviáveis: necrose seca e úmida.

Com base nessas informações, será possível determinar a abordagem básica de


tratamento. É importante lembrar que outras condutas além das descritas neste
documento podem ser realizadas, entretanto, o profissional responsável
necessitará de um embasamento teórico-prático mais amplo para fazê-lo com
segurança.

IMPORTANTE OBSERVAÇÃO:

No caso de feridas infectadas, é


imprescindível trocar a cobertura
secundária diariamente. Consulte o
capítulo sobre infecção para obter
mais informações detalhadas. Além
disso, é fundamental evitar a
combinação simultânea de produtos.

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FERIDAS CIRÚRGICAS
Ferida aguda intencional

FERIDAS TRAUMÁTICAS

a)Abrasão: lesão superficial da pele por atrito de esfoliação

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b) Laceração: ruptura por trauma

ÚLCERA DE PRESSÃO (UPP)

A úlcera de pressão (UPP) é uma ferida causada pela interrupção do fornecimento


de sangue para uma determinada área do corpo, resultante de fatores externos
como pressão constante, cisalhamento ou fricção. Essas condições adversas
podem levar ao desenvolvimento de lesões cutâneas graves, prejudicando a
circulação sanguínea local e, consequentemente, comprometendo a saúde da pele
na região afetada.

Plano de cuidados:

A)Avaliar áreas de Risco

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B) Classificação das Úlceras por Pressão

As úlceras por pressão são classificadas de acordo com a proposta mais


amplamente utilizada pela NPUAP (National Pressure Ulcer Advisory Panel):

Estágio I: Neste estágio, observa-se eritema não esbranquiçado na pele, que


permanece intacta.
Estágio II: Neste estágio, há perda parcial da epiderme e/ou derme. Pode-se notar
a presença de bolhas, abrasões ou ulcerações.
Estágio III: Aqui, há perda total da pele, podendo ou não haver comprometimento
de tecidos adjacentes.
Estágio IV: Neste estágio avançado, há comprometimento de estruturas
profundas, incluindo ossos, órgãos e tendões.
Observação: Existem casos impossíveis de estadiamento, nos quais as úlceras
apresentam quase 100% de tecidos inviáveis.

C) Avaliar Risco de desenvolver

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MEDIDAS DE PREVENÇÃO SEGUNDO SCORE DA ESCALA DE BRADEN

D)Tratamento

Prevenção e Tratamento de Úlceras por Pressão em Diferentes Estágios


Úlceras por pressão Estágio I e II:
É fundamental aplicar continuamente medidas preventivas de acordo com o
score apresentado.
No ESTÁGIO I, é recomendado utilizar AGE (Aplicação de Gaze embebida em
solução salina) duas vezes ao dia ou filme transparente por até sete dias.
Para o ESTÁGIO II, a utilização de placa de HIDROCOLÓIDE CAMADA FINA é
indicada, ou é possível seguir o algoritmo de tratamento.
Úlceras por pressão Estágio III e IV:
O tratamento deve ser conduzido de acordo com a apresentação da ferida,
seguindo o algoritmo de tratamento específico.
Além disso, é importante associar medidas preventivas de acordo com o score
apresentado.

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Úlceras por pressão impossíveis de estadiamento:
A aplicação contínua de medidas preventivas de acordo com o score
apresentado é essencial.
Deve-se realizar o desbridamento dos tecidos inviáveis.
Após o desbridamento, a estadia da úlcera deve ser avaliada e classificada
adequadamente.

É importante ressaltar que o tratamento e prevenção adequados das úlceras por


pressão são essenciais para a promoção da cicatrização e para evitar
complicações mais graves. Sempre consulte um profissional de saúde para obter
orientações personalizadas para cada caso.

ÚLCERA VENOSA - CUIDADOS E DIAGNÓSTICO

A úlcera venosa é uma ferida que se desenvolve em decorrência da insuficiência


venosa crônica. Antes de iniciar o tratamento, é fundamental identificar
corretamente a causa da úlcera na perna. Um diagnóstico equivocado pode levar
a abordagens inadequadas, especialmente no que se refere à aplicação essencial
de compressão externa no tratamento das úlceras venosas.

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A avaliação da circulação arterial é obrigatória para pacientes com úlceras na
perna. A palpação dos pulsos distais e a medida do IPTB (Índice de Pressão
Tornozelo/Braço) fornecem os elementos básicos necessários para realizar o
diagnóstico diferencial com feridas isquêmicas. Garantir uma correta
diferenciação entre úlceras venosas e isquêmicas é fundamental para um
tratamento adequado e eficaz.

Portanto, ao lidar com úlceras venosas, é imprescindível realizar uma avaliação


minuciosa para determinar a origem da ferida, possibilitando a aplicação das
terapias adequadas e promovendo a melhora do quadro clínico do paciente. A
atenção aos detalhes diagnósticos e o cuidado com as intervenções terapêuticas
contribuirão significativamente para um resultado positivo no tratamento das
úlceras venosas.

As origens das condições venosas podem ser classificadas em duas categorias:

Origem Primária: Nessa categoria, estão incluídas as causas de varizes,


dormência, cãibras, edema vespertino, gestações, sensação de peso,
varicorragia e tromboflebite.
Origem Secundária (trombótica): Nessa categoria, estão compreendidas as
causas de edema pós-parto, pós-operatório, fraturas, tabagismo, uso de
anticoncepcionais e períodos prolongados de imobilização (como estar
acamado).

AVALIAÇÃO DE RISCO

PALPAÇÃO DE PULSOS POPLÍTEO, TIBIAL POSTERIOR E PEDIOSO: A ausência


de pulsos não deve ser considerada como um indicativo isolado de
comprometimento arterial. É essencial avaliar esses pulsos em conjunto com
outros indicativos.

TESTE DE DIGITO-COMPRESSÃO OU PERFUSÃO PERIFÉRICA: Pressionar a


região da cabeça do metatarso e da polpa plantar por 3 segundos e observar
o retorno da coloração normal. Este teste ajuda a verificar a adequada
circulação sanguínea nos tecidos periféricos.

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ÍNDICE TORNOZELO-BRAÇO (ITB): O ITB é um teste indicado para
classificação do risco cardiovascular, embora não forneça informações
precisas sobre a localização da obstrução. É uma ferramenta útil para a
detecção precoce de doença arterial oclusiva dos membros inferiores
(DAOMI).

Procedimento de medição da pressão arterial:

Colocar o paciente em posição deitada de costas por 5 minutos antes de


iniciar o teste.

Medir a circunferência do braço para selecionar o tamanho adequado do


manguito,
Realizar a aferição da pressão arterial (PA) sistólica nos membros superiores
(artéria braquial) com o auxílio do Doppler vascular, proporcionando maior
precisão em relação ao uso do estetoscópio.
Aferir a PA nos membros inferiores (região pediosa ou tibial posterior),
posicionando o manguito a aproximadamente 3cm acima do maléolo.

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AVALIAÇÃO DO ÍNDICE TORNOZELO-BRAÇO (ITB) E RESULTADOS:

ITB Direito:
Maior pressão no tornozelo direito (entre o pulso pedioso e o tibial posterior).
Maior pressão nos membros superiores (MMSS).

ITB Esquerdo:
Maior pressão no tornozelo esquerdo (entre o pulso pedioso e o tibial
posterior).
Maior pressão nos membros superiores (MMSS).

Resultados:

Valores Avaliação
≥ 1,30 Artérias não compressíveis
0,9 a 1,30 Aceitável – Circulação Normal
0,71 a 0,89 DAOMI Leve
0,41 a 0,7 DAOMI Moderada
≤ 0,4 DAOMI Grave, dor isquêmica

Nota: ITB é o Índice Tornozelo-Braço, e os valores indicam o grau de


compressibilidade das artérias e a condição circulatória. Valores menores que
1,0 sugerem problemas circulatórios, sendo que valores menores que 0,9
podem indicar doença arterial obstrutiva periférica (DAOMI) em diferentes
níveis de gravidade. Valores maiores ou iguais a 1,30 geralmente indicam
artérias não compressíveis.

TRATAMENTO PARA ÚLCERAS VENOSAS

Para o tratamento adequado de úlceras venosas, é importante seguir um


algoritmo específico, que inclui as seguintes medidas:
Repouso relativo: A cada 2 horas, é recomendado um repouso com as pernas
elevadas por 15 a 20 minutos.
Elevação da cama: Os pés da cama devem ser elevados em torno de 15 a 20
centímetros.
Fisioterapia: É indicada a realização de sessões de fisioterapia para auxiliar na
recuperação.
Caminhadas: Entre os períodos de repouso, é recomendado caminhar para
estimular a circulação.

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Compressão: A terapia de compressão é essencial para diminuir a dor,
controlar o refluxo venoso, melhorar a circulação e reduzir o edema. Existem
dois tipos de compressão recomendados: inelástica, realizada com a Bota de
Unna, e elástica.

BOTA DE UNNA:

A aplicação da Bota de Unna pode ser feita desde que o Índice Tornozelo-
Braquial (ITB) seja ≥ 0,9, e na ausência de diabetes, hipertensão e úlcera
mista. Caso algum desses fatores esteja presente ou haja dúvidas, é
necessário encaminhar o paciente ao médico vascular para avaliação e
prescrição adequada.
É importante estar atento a sinais de rejeição ao produto ou a uma colocação
inadequada, como aumento da dor, piora do edema, cianose nas extremidades
ou agravamento da úlcera.
A redução do edema deve ser avaliada por meio de medições da
circunferência da panturrilha e tornozelo em cada troca da bota.
A colocação preferencialmente deve ocorrer pela manhã, após um repouso
prévio de 15 minutos com as pernas elevadas. O paciente deve ser
questionado se a compressão está confortável, evitando apertar
demasiadamente.
A bota deve ser trocada a cada 7 dias, porém, após a primeira aplicação, o
paciente deve retornar em 2 dias para a troca do curativo secundário e
avaliação da terapêutica.
O paciente deve ser orientado a procurar o serviço de saúde imediatamente
em caso de aumento significativo da dor e edema.
Em alguns casos, a úlcera pode ser tratada apenas com a Bota de Unna, mas,
em outras situações, pode ser necessário o uso de terapia compressiva
elástica, prescrita apenas por médicos especializados em ambulatórios ou
hospitais.

O tratamento cirúrgico para correção de insuficiência venosa crônica é indicado


em nível hospitalar.

Recomendações para prevenção de recorrência após a cura:

Uso diário de meias de compressão prescritas pelo médico;


Prevenção de acidentes ou traumas nas pernas;
Procurar avaliação em unidade básica ao primeiro sinal de ruptura da pele ou
lesão no membro;

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Cuidados adequados com a pele, evitando o uso de produtos que possam
causar sensibilização;
Reavaliação periódica com base em sintomas e causas subjacentes em
serviços de referência;
Práticas posturais adequadas, incluindo a elevação dos membros inferiores
por períodos prolongados, caminhadas controladas e exercícios para melhorar
a função da articulação do tornozelo e o bombeamento dos músculos da
panturrilha, bem como pausas ativas nas atividades diárias para evitar
posições estáticas prolongadas em pé ou sentado.

ÚLCERA ARTERIAL: CUIDADOS E TRATAMENTO

A úlcera arterial é uma ferida isquêmica causada pela insuficiência arterial,


frequentemente associada à aterosclerose. Seus sintomas mais comuns incluem
claudicação intermitente e dor severa.

Avaliação: Para a avaliação adequada, é importante buscar os fatores de risco que


contribuem para a condição, como tabagismo, diabetes mellitus, hipertensão
arterial, hiperlipidemia e doença coronariana. Além disso, devem ser observados
sinais como a queda de pelos, unhas quebradiças, claudicação, dor em repouso,
impotência, diminuição de pulso, palidez do pé, cianose rubra, pés frios e atrofia
muscular.

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Plano de Cuidados: Avaliar Risco
É essencial encaminhar o paciente sempre para avaliação com um cirurgião
vascular, a fim de determinar a conduta adequada, o tratamento necessário e, se
for o caso, os encaminhamentos adicionais.

Cuidados para o Tratamento:


Visando o tratamento efetivo da úlcera arterial, é fundamental reduzir os fatores
de risco envolvidos. Recomenda-se fortemente que o paciente não fume e
mantenha um controle rigoroso da hipertensão arterial e diabetes mellitus. Além
disso, manter um peso ideal é importante para a melhoria da circulação.

Outras medidas que podem ajudar a melhorar a circulação colateral e contribuir


para a cicatrização adequada da úlcera incluem:

Realizar exercícios de "Buerger-Allen" para promover a circulação sanguínea


nos membros afetados.
Caminhar regularmente, até o limite de tolerância, para estimular o fluxo
sanguíneo adequado.
Evitar traumatismos na área afetada para não agravar a lesão.
Manter os membros afetados posicionados abaixo do nível do coração,
sempre que possível, para facilitar o retorno venoso.
Evitar o uso de bandagens apertadas, que possam comprometer ainda mais a
circulação.

É importante lembrar que o tratamento da úlcera arterial deve ser realizado sob a
supervisão e orientação de profissionais de saúde especializados, especialmente
cirurgiões vasculares, para garantir os melhores resultados e evitar complicações.

O exercício Buerger-Allen é uma técnica utilizada para melhorar a circulação


sanguínea nas extremidades dos membros inferiores, como pés e pernas. É
comumente recomendado para pessoas que têm problemas circulatórios, como a
doença arterial periférica ou outras condições que afetam o fluxo sanguíneo
nessas áreas.

A seguir, vou detalhar as três posições do exercício Buerger-Allen:

1° Deitado:
Deite-se de costas em uma superfície confortável.
Eleve as pernas acima do nível do coração, mantendo-as nessa posição por 2
a 3 minutos.
Essa posição ajuda a reduzir a pressão nas extremidades inferiores e a
promover o retorno venoso, melhorando a circulação.

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2° Sentado:
Sente-se em uma cadeira ou banco com as pernas pendentes e relaxadas.
Exercite os pés e os artelhos movendo-os para cima e para baixo, e para
dentro e para fora.
Faça esses exercícios por 3 minutos.
Essa posição também ajuda a estimular a circulação e a aliviar a sensação de
formigamento ou dormência nas pernas e pés.

3° Deitado novamente:
Deite-se de costas em uma superfície confortável.
Coloque as pernas no mesmo nível do coração, mantendo-as nessa posição
por 5 minutos.
Essa posição ajuda a equilibrar a circulação sanguínea nas extremidades
inferiores.

Recomenda-se realizar essa série de exercícios seis vezes por dia (4 vezes ao
longo do dia), mas o tempo de intervalo entre cada série pode variar de acordo
com a preferência do indivíduo ou a orientação do profissional de saúde.

No entanto, é essencial interromper o exercício imediatamente se ocorrer dor


significativa ou se houver uma mudança importante na coloração da pele das
pernas ou dos pés. Esses sinais podem indicar problemas circulatórios graves que
precisam ser avaliados por um profissional de saúde.

Lembre-se de que qualquer programa de exercícios ou técnica terapêutica deve


ser realizado com orientação médica ou de um profissional de saúde qualificado,
especialmente se houver condições de saúde subjacentes.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA ÚLCERA ARTERIAL

Para tratar adequadamente úlceras arteriais, é essencial seguir os cuidados de


enfermagem corretos. Abaixo estão as diretrizes recomendadas:

Higiene adequada: Utilizar sabão neutro para a limpeza da região afetada e


garantir a secagem completa entre os dedos. Utilize toalhas macias para evitar
atritos e danos à pele sensível.
Proteção dos espaços interdigitais: É importante utilizar gazes esterilizadas
para proteger os espaços entre os dedos afetados pela úlcera arterial.
Enfaixamento não compressivo: Ao tratar feridas decorrentes da úlcera, utilize
enfaixamento não compressivo. Nesse caso, utilize gazes de algodão para
promover o aquecimento adequado da área.

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Técnica asséptica: Mantenha rigorosamente uma técnica asséptica durante o
procedimento de curativo. Isso é fundamental para minimizar o risco de
infecções.
Não realizar debridamento: O debridamento da úlcera arterial deve ser feito
exclusivamente pelo médico responsável. Não tente fazer isso por conta
própria.
Verificar o uso adequado de calçados: Certifique-se de que o paciente está
utilizando calçados adequados e confortáveis. Calçados inadequados podem
piorar o quadro e agravar as úlceras arteriais.

É fundamental seguir essas orientações com atenção e buscar a supervisão


adequada para garantir a eficácia do tratamento e a recuperação adequada do
paciente. A colaboração entre a equipe de enfermagem e o médico é essencial
para o manejo adequado das úlceras arteriais e a promoção da saúde do paciente.

PÉ DIABÉTICO / ÚLCERA NEUROPÁTICA: UMA CONDIÇÃO COMPLEXA"

O termo "Pé Diabético" é usado para descrever uma condição que envolve
infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados a
anormalidades neurológicas e diferentes graus de doença vascular periférica em
indivíduos com diabetes. A Diabetes pode afetar o sistema nervoso periférico,
resultando na perda da sensibilidade protetora na planta dos pés. A pressão
constante sobre esses pés insensíveis pode levar ao desenvolvimento de lesões.
Além disso, outros fatores como insuficiência vascular, alterações tegumentares e
ortopédicas também contribuem para o surgimento de úlceras. Os pés diabéticos
são classificados em neuropáticos, angiopáticos e mistos, dependendo da causa
subjacente.

A neuropatia que afeta as extremidades inferiores pode ser categorizada em três


tipos: autonômica, sensorial e motora.

As úlceras estão fortemente associadas à deformidade dos pés, que podem


ocorrer quando os indivíduos utilizam calçados inadequados para o seu tipo de pé
ou quando há um corpo estranho dentro do calçado, resultando em lesões que
podem evoluir para úlceras. Inicialmente, as úlceras podem passar despercebidas
por um certo período, o que pode levar a infecções e, em casos mais graves, à
necessidade de amputação. Outra condição que pode afetar os pés diabéticos é a
neuroartropatia, também conhecida como Pé de Charcot ou artropatia
neuropática, que consiste em um processo destrutivo, mas indolor, das
articulações do pé e tornozelo.

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Para diagnosticar a neuropatia diabética nos pés, há muito tempo são utilizados
os monofilamentos de Semmes-Weinstein, que já comprovaram sua eficácia e são
considerados altamente confiáveis para esse propósito.

AVALIAÇÃO DA SENSIBILIDADE PROTETORA NOS PÉS DE INDIVÍDUOS COM


DIABETES.

Neste procedimento, utiliza-se um monofilamento de 10 gramas para identificar


áreas em que o paciente não apresenta sensação tátil, de acordo com uma
ilustração específica. Inicialmente, o paciente é orientado sobre o procedimento,
mostrando-lhe o monofilamento e demonstrando como o teste será realizado. Isso
permite que o paciente observe e compreenda a sensação esperada.

Após a explicação, o campo visual do paciente é ocluído e a avaliação é iniciada. O


profissional toca firmemente pontos específicos nos pés do paciente, utilizando o
monofilamento e solicitando que o paciente informe a sensação e a localização
percebida em resposta aos estímulos aplicados.

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CLASSIFICAÇÃO DE RISCO:

Classificação de Colleman

Classificação do “Pé diabético” segundo Wagner, 1981

TRATAMENTO DE PROBLEMAS COMUNS

Alguns problemas comuns nos pés podem causar desconforto e requerem


atenção adequada. Os principais problemas incluem:

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Bolhas / Calos: Bolhas ou calos são acúmulos de pele espessada causados por
atrito e pressão repetitivos. O tratamento envolve limpeza adequada da área
afetada e o uso de proteções adequadas para aliviar a pressão.
Infecção por micose interdigital: A infecção por micose entre os dedos dos pés
é comum e pode causar coceira e desconforto. O tratamento geralmente
envolve antifúngicos tópicos para eliminar a infecção.
Pequenas Infecções nas unhas: Infecções menores ao redor das unhas podem
ocorrer devido a lesões ou cortes. A limpeza adequada da área e, em alguns
casos, o uso de antibióticos tópicos podem ajudar a resolver o problema.
Unha encravada: Uma unha encravada acontece quando a borda da unha
cresce para dentro da pele, causando dor e inflamação. Em casos leves, pode-
se fazer a correção do corte da unha, mas em situações mais graves, pode ser
necessário consultar um profissional de saúde.
Pequenos Ferimentos: Cortes e arranhões nos pés são comuns e podem ser
tratados com limpeza adequada da ferida, aplicação de pomada antibiótica e
cobertura com um curativo estéril.
Fissura: Fissuras são rachaduras na pele, geralmente encontradas nos
calcanhares. Hidratação regular e o uso de cremes específicos para pés
podem ajudar a prevenir e tratar esse problema.

Cuidados para Micose Interdigital:

Mantenha os dedos sempre secos.


Procure avaliação médica.
Mantenha o local bem ventilado.
Opte por meias de algodão.
Após o banho, certifique-se de secar bem os pés.

Tratamento de bolha serosa:


Utilize hidrocolóide em camada fina até que a bolha se rompa ou por sete dias,
aplicando uma vez ao dia.

Cuidados com as Unhas:

• Manter o corte na forma quadrada.


• Evitar o uso de objetos pontiagudos para a limpeza.
• Não utilizar espátulas para descolar as unhas da base.
• Realizar o corte a cada 4 semanas, no máximo.

Tratamento de fissuras:

Hidratação com AGE ou óleos vegetais

25
Medidas preventivas
Atentar para sinais de infecção

Tratamento para calos:

Lubrificação com hidratante ou AGE.


Colocar protetores ou palmilhas vazadas.
Não recortar com tesouras ou alicates.
Proteção com hidrocolóide camada fina.
Tratar com profissional especializado em cuidados podais.

Tratamento para ferida:

Tratar conforme o algoritmo de tratamento.


Debridamento da queratose com profissional habilitado.

ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS ORTOPÉDICAS PARA O PÉ DIABÉTICO

O tratamento ortopédico para o pé diabético engloba cinco grandes grupos com


características clínicas distintas: pé diabético com ferida, pé diabético sem ferida,
Artropatia de Charcot, pé diabético séptico e cenários especiais. A cirurgia
ortopédica desempenha um papel crucial na prevenção de lesões, na restauração
funcional da extremidade e no tratamento urgencial do pé diabético infectado.
Isso resulta em uma significativa redução dos índices de recorrência de úlceras,
infecções e amputações, contribuindo para uma grande melhoria na qualidade de
vida do paciente.

Orientações para Prevenção de Úlceras em MMII:

Evite fumar ou ingerir bebidas alcoólicas.


Mantenha as extremidades aquecidas.
Esteja atento(a) a bolhas, cortes ou arranhões e comunique-os imediatamente.
Compre sapatos ao final do dia, garantindo o ajuste adequado.
Evite calçados apertados, largos demais ou sandálias com tiras entre os
dedos.
Não utilize sapatos novos por mais de 2 horas.
Inspecione e palpe o interior dos sapatos diariamente.
Evite andar descalço.
Utilize meias macias, sem costuras e feitas de algodão.
Não use meias apertadas.

26
No frio, use meias de lã com sapatos largos.
Troque as meias diariamente.
Coloque algodão entre os dedos que atritam entre si.
Evite bolsas de água quente.
Evite cruzar as pernas.
Hidrate os pés, exceto entre os dedos.
Lave os pés com água morna e sabão neutro, secando-os com toques suaves
em vez de fricção.
Após o banho, corte as unhas sempre de forma reta, não arredondada.
Identifique fatores de risco através da inspeção regular dos pés.
Caso tenha visão prejudicada, procure ajuda para cuidar dos pés, como cortar
as unhas e fazer a inspeção diária.
Não utilize produtos químicos para remover calos.
Não retire a cutícula dos dedos, apenas empurre-a delicadamente.
Utilize trajetos comuns em casa para evitar traumas nos pés.
Não utilize medicamentos ou produtos por conta própria.

Classificação de Queimaduras:

As queimaduras são lesões agudas que podem ser provocadas por diversas
causas, como calor, produtos químicos, eletricidade e radiação. Elas são
classificadas em três graus:

1. Queimadura de 1º grau ou superficial: Provocada pelo excesso de sol, resulta


em uma destruição superficial da epiderme. Geralmente seca, sem bolhas,
com edema mínimo, eritema e dor.
2. Queimadura de 2º grau ou parcial: Pode ser superficial ou profunda. A
superficial limita-se à destruição do terço superior da derme, formando
flictemas com edema intersticial. Quanto mais superficial, maior a exsudação e
o surgimento de bolhas, que, se rompidas, podem causar dor intensa. A
profunda atinge totalmente a derme, apresentando pele brilhosa, úmida e com
exsudato, tecido necrosado aderido profundamente e esbranquiçado, além de
dor em menor intensidade. As queimaduras profundas podem deixar sequelas.
3. Queimadura de 3º grau ou profunda: Atinge todos os extratos cutâneos,
incluindo tecido subcutâneo, fáscia muscular, músculos e até ossos. Pode
acarretar necrose ou ter um aspecto vermelho vivo, edema e destruição das
terminações nervosas, resultando na ausência de dor. A gravidade dessa
queimadura depende do tempo de contato com o agente causador.

27
GRAVIDADE:

• Porcentagem da área corporal queimada;


• Idade do paciente;
• Lesões pulmonares;
• Presença de moléstias associadas.

FERIDAS ONCOLÓGICAS: UM GUIA DE ESTÁGIOS

Feridas oncológicas referem-se à infiltração de células malignas nas estruturas da


pele, incluindo vasos sanguíneos e/ou linfáticos, podendo originar-se de tumores
primários ou metastáticos. Dentre os cânceres mais frequentemente associados a
esse tipo de ferida, estão mama, cabeça e pescoço, rim, pulmão, ovário, cólon,
pênis, bexiga, linfoma e leucemia.

Essas feridas podem começar de forma imperceptível, progredindo gradualmente


para afetar a derme e o tecido subcutâneo, formando nódulos palpáveis ou não.
Em estágios mais avançados, elas podem assumir uma aparência irregular,
assemelhando-se a vegetações, sendo então denominadas feridas fungosas
malignas.

Para classificar as feridas neoplásicas ou tumorais, utiliza-se a classificação


proposta por Haisfield-Wolfe e Baxendale-Cox em 1999, que descreve os estágios
da seguinte maneira:

Estágio 1: A pele está intacta, com tecido de coloração violácea e/ou avermelhada.
Há um nódulo visível e delimitado, e a ferida é assintomática.

Estágio 1N: A ferida pode estar fechada ou apresentar uma abertura superficial
com orifícios de drenagem de exsudato límpido, amarelado ou com aspecto
purulento. O tecido ao redor da ferida é avermelhado ou violáceo, podendo estar
seco ou úmido. Pode haver dor e prurido, mas não há odor, tunelização ou
formação de crateras.

28
Estágio 2: A ferida encontra-se aberta, envolvendo a epiderme e a derme. Pode
apresentar ulcerações superficiais que são friáveis e sensíveis à manipulação,
com pouca ou nenhuma exsudação (lesões secas) ou com exsudação em pequena
quantidade (lesões úmidas). Há um processo inflamatório intenso ao redor da
ferida, caracterizado por tecido vermelho e/ou violáceo, mas a ferida não atinge o
tecido subcutâneo e não forma tunelizações.

Estágio 3: As feridas envolvem a epiderme, derme e subcutâneo. Apresentam


profundidade regular, mas com saliências e formação irregular. São friáveis, com
áreas de ulceração e tecido necrótico liquefeito ou sólido e aderido. Exsudam de
forma fétida, exibindo aspecto vegetativo, mas sem ultrapassar o subcutâneo.
Podem apresentar lesões satélites em risco de ruptura iminente. O tecido
apresenta coloração avermelhada ou violácea, enquanto o leito da ferida é
predominantemente amarelado.

Estágio 4: As feridas invadem profundas estruturas anatômicas, possuindo


profundidade expressiva, sendo que, às vezes, seus limites não são visíveis.
Exsudam abundantemente, possuem odor fétido e causam dor intensa. O tecido
ao redor da ferida exibe coloração avermelhada ou violácea, enquanto o leito da
lesão é predominantemente amarelado.

ASPECTO NUTRICIONAL

O processo cicatricial está diretamente relacionado com o estado nutricional do


indivíduo, uma vez que diversos nutrientes participam da formação de novos
tecidos.

A reparação e reconstrução tecidual necessitam de quantidades adequadas de


energia, proteínas, vitaminas e minerais, para alimentar os mecanismos
fisiológicos. Frequentemente observamos orientações nutricionais errôneas que
acabam por prejudicar a cicatrização, já que suspendem alimentos importantes
neste processo.

Segundo SOUZA, uma nutrição adequada é um dos mais importantes aspectos


para o sucesso do processo de cicatrização, pois no processo de regeneração
tecidual todas as fases exigem elementos nutricionais para uma boa cicatrização.
A recuperação nutricional pode trazer melhores resultados no tempo de
cicatrização. Todas as recomendação a seguir são referentes a fase adulta.

29
AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DA DOR EM TRATAMENTO DE FERIDAS

O gerenciamento da dor é de suma importância no tratamento de feridas, sendo


considerado por alguns autores como o 5° sinal vital, uma vez que afeta
diretamente a adesão ao tratamento.

Antigamente, a dor durante a troca de curativos era encarada tanto por


profissionais da saúde quanto pelos pacientes como uma consequência inevitável
do processo. No entanto, atualmente, há uma crescente preocupação com o
controle e até mesmo a prevenção da dor nesse contexto. Várias escalas de
avaliação da dor estão sendo aplicadas, e foram desenvolvidos curativos
atraumáticos para minimizar o desconforto.

É imprescindível avaliar a intensidade e a qualidade da dor em cada procedimento


realizado, buscando ativamente proporcionar alívio para o paciente e sua queixa
dolorosa. Dessa forma, é possível garantir uma abordagem mais humanizada e
eficaz no tratamento de feridas.

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ESCALAS

O gerenciamento da dor é de suma importância no tratamento de feridas, sendo


considerado por alguns autores como o 5° sinal vital, uma vez que afeta
diretamente a adesão ao tratamento.

Antigamente, a dor durante a troca de curativos era encarada tanto por


profissionais da saúde quanto pelos pacientes como uma consequência inevitável
do processo. No entanto, atualmente, há uma crescente preocupação com o
controle e até mesmo a prevenção da dor nesse contexto. Várias escalas de
avaliação da dor estão sendo aplicadas, e foram desenvolvidos curativos
atraumáticos para minimizar o desconforto.

É imprescindível avaliar a intensidade e a qualidade da dor em cada procedimento


realizado, buscando ativamente proporcionar alívio para o paciente e sua queixa
dolorosa. Dessa forma, é possível garantir uma abordagem mais humanizada e
eficaz no tratamento de feridas.

Escalas
Nota zero Dor ausente ou sem dor
Nota três Dor presente, havendo períodos em que é esquecida
Nota seis A dor não é esquecida, mas não impede exercer atividades da vida diária

Nota oito A dor não é esquecida, e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto alimentação e higiene

Nota dez DAOMI Grave, dor isquêmica

31
REFLEXÕES SOBRE INFECÇÃO EM FERIDAS

Toda ferida, especialmente as abertas, é naturalmente colonizada por bactérias.


No entanto, é importante ressaltar que isso não retarda o processo de
cicatrização, nem significa que todas as feridas serão automaticamente
infectadas. Ao realizar uma boa limpeza, é possível minimizar uma colonização
crítica e até mesmo prevenir a infecção.

Microbiologia comum das lesões:

Colonizantes Infectantes
S. aureus S. Aureus
S. epidermidis Streptococcus spp

Streptococcus spp Clostridium spp


Corinebacterium spp Klebsiella spp
Proteus spp Proteus spp
E. coli Bacteroids spp
P. aeruginosa P. aeruginosa

A presença de infecção em uma ferida pode acarretar diversos problemas, tais


como:

Prolongamento do processo de cicatrização.


Destruição do tecido.
Retardo na síntese do colágeno.
Inibição da epitelização.

A infecção interfere no estágio inflamatório da cicatrização, uma vez que as


células têm que combater uma grande quantidade de bactérias. Além disso, ela
também inibe a capacidade dos fibroblastos de produzirem colágeno. Se houver
suspeita de infecção, é importante colher uma biópsia do tecido para cultura.

Procedimento para a biópsia de tecido:

Lave a ferida com soro fisiológico.


Utilizando um bisturi, retire 3 a 4 mm da lesão.
Coloque o tecido em um tubo estéril.
Cultive-o dentro de 1 hora ou imerja em tioglicolato.

32
A troca do curativo tem os seguintes objetivos:

Remover o excesso de exsudato.


Minimizar a colonização bacteriana.
Prevenir infecções.
Promover a cicatrização.

O desenvolvimento de uma infecção em uma ferida pode ter um impacto


significativo na qualidade de vida do paciente, causando dor, ansiedade e
representando uma ameaça à saúde. No caso de infecção, o tratamento com
antibioticoterapia (após prescrição médica) deve ser considerado, juntamente
com o uso de terapia tópica à base de prata.

Um fenômeno a ser observado é o biofilme, que consiste na formação de uma


comunidade microbiana envolta em uma matriz de substância polimérica
extracelular, firmemente aderida à superfície da ferida.

33
REFERÊNCIAS
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prevention and treatment. Dermatology Nursing, 15(1), 44-65, February 2003.
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Irion G. Feridas: Novas abordagens, manejo clínico e Atlas em cores. Rio de
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34
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1962.

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