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PATOLOGIA

Aula 7 – Reparo e Cura


Prof. Marcos Eduardo
• Regeneração, Cicatrização e Reparo dos tecidos: inicia-se durante ou ao final do processo
de inflamação.
• A inflamação dá o gatilho para o reparo tecidual.
• Lesões ativam sistemas intracelulares de liberação de citocinas que estimulam a replicação
celular. (fatores de crescimento e diferenciação celular)
Liberação de fatores de crescimento e diferenciação celular é realizado por
macrófagos e linfócitos.
Fatores de crescimento e diferenciação celular
• Na inflamação geralmente ocorre degradação de vasos sanguíneos, sendo importante para o
reparo tecidual a formação de novos vasos (angiogênese), também dissidentes de estímulo
de fatores de crescimento como VEGF (fator de crescimento endotelial Vascular) e a HIF
(fator induzido por hipóxia)
• Existem dois processos envolvidos no reparo: a regeneração e a cicatrização.

• a) Regeneração: substituição das células lesadas por células do mesmo tipo, não deixando
vestígios da lesão.
• b) Cicatrização: substituição do tecido lesado por tecido conjuntivo, que deixa uma cicatriz
permanente. Pode ocorrer perda da função.
• Fatores que determinam o processo de reparo
• Tamanho da lesão (tamanho e profundidade da área lesada)
• Capacidade de proliferação celular (tipo de tecidos e de células que precisam se
recuperar).

Células lábeis
• Fatores que determinam o processo de reparo: células
• Capacidade de proliferação celular (tipo de célula tecidual)
• Certas células são consideradas permanentes mas podem apresentar pequena capacidade
de regeneração em alguns tipos de lesão, como músculo esquelético e neurônios, não
chegando no entanto a caracterizar uma regeneração total da lesão
• Em células de divisão contínua ou lábeis, como nos epitélios e mucosas, existem células
primordiais que facilmente regeneram o tecido.
• Nas células estáveis ou quiescentes a regeneração também pode ocorrer, como no fígado
e na derme.
• Em células quiescentes ou estáveis, a capacidade de replicação mais lenta e dependente da
membrana basal.
• Se houver grande destruição da membrana basal, ocorre reparo desorganizado, formando
tecido fibroso (cirrose).
• Fatores que determinam o processo de reparo: tamanho ou profundidade da lesão:
• A membrana basal e os conjuntivos de sustentação dos órgãos (arcabouço) são
fundamentais para determinar o tipo de regeneração.
Preservação da membrana basal e da matriz conjuntiva
• Lesões muito extensas são de difícil regeneração total, por perda matriz conjuntiva e pela
dificuldade dos miofibroblastos em realizar a retração do tecido
• No processo de reparo ocorre formação de tecido de granulação:
• proliferação e diferenciação celular.

• formação de novos vasos.

• reconstrução da matriz extra celular e da membrana basal dos epitélios.


fatos importantes sobre o tecido de granulação

1 – É resistente à infecções;
2 – O epitélio migrará sobre sua superfície;
3 – Dá suprimento para os fibroblastos produzirem colágeno;
4 – Ajuda no processo de contração da ferida (redução do tamanho da lesão).
• Regeneração:
• Promove a restituição da integridade anatômica e funcional do tecido
• Condições para que ocorra a regeneração:
• 1) se realiza em tecidos onde existem células lábeis ou células estáveis (células que detêm
a capacidade de se regenerar através de toda a vida extra-uterina)

(estáveis)
(lábeis)
• 2) Há a necessidade da presença de um tecido de sustentação (membrana basal e arcabouço)
íntegro subjacente ao local comprometido (ex: derme da pele)

• este tecido é responsável pela manutenção da irrigação (angiogênese) e nutrição do local,


fatores essenciais para a regeneração dentro dos padrões normais
Cicatrização
• O processo de cicatrização pode ocorrer de duas formas:

• Primária ou de primeira intenção: acontece quando um ferimento não contaminado


possui bordas lisas e próximas, sem perda tecidual, como ocorre em cortes cirúrgicos.
Normalmente não há infecções, necrose cutânea, presença de hematomas ou seromas. 
Cicatriz de primeira intenção
• Secundária ou de segunda intenção : caracterizada por afastamento entre as bordas do
ferimento e presença de uma lacuna tecidual preenchida por tecido de granulação ou pus
• Ocorre em decorrência do tipo de ferimento ou por distúrbios na cicatrização.
Normalmente, resultam em cicatrizes com estética desfavorável.
Cicatriz de segunda intenção
• Cicatrização de terceira intenção: o processo envolve limpeza, desbridamento (retirada
dos tecidos mortos) e, posteriormente, fechamento da lesão por meio de suturas, enxertos
ou retalhos. O resultado estético é intermediário.
Fases da Cicatrização (macroscópica):
Fase Inflamatória
Pode durar de 1 a 4 dias, variando de acordo com a extensão e o tipo da lesão. É
caracterizada pela presença de secreção (exsudato). Nessa fase pode haver edema,
vermelhidão e dor porque ocorre a liberação de mediadores químicos e a ativação
do sistema de coagulação sanguínea.
Fase Proliferativa
É a fase da regeneração, que pode durar de 5 a 20 dias. Como o nome diz, as células
se proliferam, resultando em rica vascularização e infiltração de macrófagos.
Somados, esses processos formam o tecido de granulação, parte essencial da
cicatrização da pele.
Fase de Reparo
Essa última fase pode durar meses. O tecido formado na fase anterior é remodelado
para aumentar sua resistência. Para amenizar o aspecto da cicatriz, as fibras são
realinhadas, o que melhora progressivamente sua tonalidade, passando do
vermelho escuro ao tom rosa claro.
• Condições necessárias para o processo cicatricial completo:

– Eliminação do agente agressor

– Irrigação

– Nutrição e oxigenação (angiogênese)

– Migração de miofibrioblastos fibroblastos para retração do tecido.

– Migração de fibroblastos e células epiteliais para e reparação do tecido


Cicatrização – Fases (celular)

• Fase de “limpeza”:
– Após 24h da ocorrência da lesão há predomínio de
macrófagos no local

– Crosta composta de soro, fibrina e hemácias,


impedem que o tecido se resseque, mantendo um
ambiente favorável à reparação.
Cicatrização - Fases
• Formação do tecido de granulação:
– Tecido que precede a cicatrização ou a cura de ulcerações
– proliferação de fibroblastos e de células endoteliais dos capilares vizinhos à
zona agredida
Formação de Tecido de granulação
• Funções do tecido de granulação
– Propiciar o reparo e a cicatrização
– Evitar penetração de novos microrganismos na ferida aberta (contém
elementos de defesa)
Tecido de granulação
Cicatrização - Fases
• Fase de maturação ou fibroplasia:

– Ocorre proliferação de fibroblastos e deposição de colágeno, que comprime


os capilares neoformados, diminuindo a vascularização.

– A pressão contínua do colágeno e sua retração conduzem à contração da


cicatriz fibrosa

– Ao final, tem-se, com a colagenização, uma cicatriz acelular relativamente


clara, que pode atenuar ou mesmo desaparecer clinicamente.
 
Cicatrização - Tipos
• Cicatrização por 1ª intenção
– Feridas com bordas opostas próximas
– É rápida
– Ocorre em inflamações assépticas: Feridas não-infectadas, traumáticas ou
cirúrgicas
– Escasso tecido de granulação
Cicatrização - Tipos
• Cicatrização por 2ª intenção
– Acontece em tecidos com perdas muito grandes, exsudato abundante e
feridas com margens traumatizadas
– É demorada
– tecido de granulação é abundante
– Reação inflamatória é mais intensa
• Cicatrização por 2ª intenção
Cicatrização - Tipos
• Diferenciação entre as cicatrizações de 1ª intenção e 2ª intenção:

1ª intenção 2ª intenção

Formação de tecido
escassa É maior
de granulação

Reação inflamatória pequena Mais intensa

não é muito
Contração da ferida É visto claramente
perceptível
Fatores que interferem com os processos de reparo e cura:

• FATORES LOCAIS
– Tipo de agente agressor:
• agentes agressores de curta duração e de baixa patogenicidade
permitem que se desenvolva um processo regenerativo ou uma
cicatrização por primeira intenção
– Contaminação:
• as contaminações constituem um fator de retardo da reparação.
– Características da ferida:
• Tamanho da ferida quanto maior, mais tempo demora a cicatrização
• Local da ferida também constitui um fator interferente (depende do
grau de elasticidade dos tecidos)
Fatores que interferem com os processos de reparo e cura

• FATORES GERAIS
– estado fisiológico do paciente
• Idade mais avançada : reparação mais lenta
– estado nutricional do paciente
• Ausência de vitamina C e deficiência de proteínas formadoras de
colágeno impedem a cicatrização
– terapêutica com medicamentos
• corticosteróides em excesso prejudicam a cicatrização
• medicamentos contendo zinco facilitam o processo reparativo;
• Distúrbios da cicatrização:
• alteração nos mecanismos fisiológicos de cicatrização, resultando em cicatriz
patológica.

• Cicatrizes hipertróficas: são ligeiramente elevadas com coloração rósea, limitadas às


bordas da ferida. Geralmente são dolorosas e provocam prurido, podendo regredir
com o tempo. Respondem bem ao tratamento com compressão e massagens.
• Quelóide: é uma manifestação exagerada na cicatrização de lesões na pele e são
mais elevados que as hipertróficas
• Esse fenômeno inicia como placas rosadas bem definidas, de consistência firme e
elástica.
• Um crescimento excessivo e descontrolado faz com que a cicatriz cresça além dos
limites da lesão original, se torne lisa, irregular, hiperpigmentada e de consistência
rígida.
• Podem ou não apresentar prurido, dor e ardor, não regredindo espontaneamente.
• Fibrose do miocárdio pós-infarto

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