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PATOLOGIA

Aula 5 – Introdução a inflamação e Inflamação aguda

Prof. Marcos Eduardo


Inflamação crônica
• A inflamação crônica pode suceder à aguda, e é mais prolongada. Acontece dentro de
semanas ou meses
• Quando ativa ocorre: destruição tecidual e reparação (cicatrização) simultaneamente.

• Ao contrário da inflamação aguda, ela é caracterizada por:

• 1) infiltração de células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos).

• 2) destruição tecidual induzida pelos produtos das células inflamatórias.

• 3) reparo envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose.


Células mononucleares (macrófagos, linfócitos e plasmócitos) e tecidos envolvidos no
processo: Epiderme, vasos e conjuntivo
• A inflamação crônica origina-se nos seguintes contextos:

• 1) infecções persistentes de microrganismos difíceis de erradicar;


• 2) doenças inflamatórias imunomediadas (distúrbios de hipersensibilidade geralmente
cutâneos).
• 3) exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos.
• Muitas vezes, acontece de maneira insidiosa ( parece benigno, mas pode ser ou tornar-se
grave e perigoso) , como uma reação pouco intensa e, frequentemente, assintomática.

dermatite
Regeneração do epitélio

Dermatite: fase de cura


• Etapas do processo:
• 1) Os monócitos circulantes são recrutados para a área de inflamação, aderem ao endotélio
vascular e migram para o tecido, transformando-se em macrófagos teciduais, que serão
ativados.
• Etapas do processo:
• 2) Ativação dos macrófagos pode ocorrer por:
• a) Via não-imunológica, através da endotoxina, fibronectina e mediadores químicos.
• b) Via imunológica, com a presença de células T ativadas, que produzem citocinas, sendo a
principal delas o Interferon gama (IFN-γ).
• Os macrófagos ativados secretam vários mediadores da inflamação, os quais, se não
controlados, podem levar à destruição tecidual e fibrose características desse tipo de
inflamação.
• A ativação macrocitária vai causar lesão tecidual, devido à produção de metabólitos tóxicos de
oxigênio, proteases, fatores quimiotáticos dos neutrófilos, fatores de coagulação, metabólitos
do ácido aracdônico e óxido nítrico.
A inflamação crônica por inalação de amianto:
•Obesidade e inflamação crônica nos adipócitos:
• Tecido adiposo branco produz muitas citocinas e adipocinas, que são substâncias
envolvidas no processo inflamatório.
• Estas citocinas estimulam o fígado a produzi proteínas da fase aguda, como a proteína C.
• Estas proteínas promovem a inflamação, assim como estimulam a quimiotaxia de células de
defesa, como os macrófagos
• Adipócitos brancos inflamtórios exibem fisiologia alterada devido ao armazenamento
excessivo de gordura e liberação de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina 6 (IL-6),
fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e quimiocina C, também referido como proteína
quimiotática de monócitos.
• Funções das macrófagos: A fibrose
• A destruição tecidual é uma das características mais marcantes da inflamação crônica.
• Outras substâncias podem contribuir para o dano tissular, além daquelas produzidas pelos
macrófagos.
• As próprias células necróticas do tecido inflamado podem iniciar a cascata inflamatória,
ativando o sistema das cininas, coagulação e fibrinolítico. (fibrose)
• Uma fibrose anormal costuma causar dor e deformar a região em que acontece.
• Fibrose anormal pós cirúrgica e cicatricial.
A hepatite crônica evolui por estádios,
desde uma fase inicial,
predominantemente inflamatória, até
uma fase final em que quase todo o
tecido hepático é substituído por tecido
fibroso, cicatricial. Pode evoluir para
cirrose hepática
Fibrose Cística é uma doença genética, crônica, que
afeta principalmente os pulmões, pâncreas e o
sistema digestivo. Atinge cerca de 70 mil pessoas em
todo mundo, e é a doença genética grave mais
comum da infância.
O Teste do Pezinho é um exame laboratorial simples
que tem o objetivo de detectar precocemente essa
doença.
• Inflamação crônica – Tipos:
• De acordo com os componentes, a inflamação crônica pode ser
classificada em:

• Inespecífica
• Fibrosante ou esclerosante
• Exsudativa
• Granulomatosa
• Inflamação crônica inespecífica:
• Não há predominância de um tipo celular específico
• Presença de linfócitos, plasmócitos e macrófagos em quantidade variada
 
Melanose da margem
palpebral 
• Inflamação crônica fibrosante:
• Intensa proliferação de tecido conjuntivo
• Proliferação de vasos sanguíneos
Inflamação crônica pulmonar fibrosante
ou doença intersticial pulmonar (DIP) :
desenvolvimento de infiltrados celulares
e/ou deposição de matriz extracelular no
parênquima e espaços aéreos distais aos
bronquíolos terminais

Pólipos sésseis
da mucosa do
intestino grosso
• Inflamação crônica exudativa: Quando apresenta caráter exsudativo proeminente
(supuração crônica).
• algumas inflamações crônicas podem manifestar a presença de pus, principalmente se o
tecido não for adequado para o desenvolvimento de uma inflamação aguda, como é o
caso do tecido ósseo.
• O pus é frequentemente visto em inflamações no osso, principalmente se a origem for
infecciosa (como as osteomielites, por exemplo).

Tecido ósseo normal Osteomielite crônica


• Um outro exemplo são as fístulas, formadas para promover a
drenagem da coleção purulenta de abscessos de longa duração.

Fístula (seta)
decorrente da
permanência de
um abscesso no
periápice da raiz
do canino

Fístula anal
crônica
Inflamação crônica granulomatosa

• Presença de focos inflamatórios com formação de nódulos : Granuloma infeccioso

• Inflamação causada por agentes específicos:

• Bacilo da tuberculose
• Bacilo da hanseníase
• Treponema da sífilis
• Fungos
• Leishmania sp.
• Geralmente lesões granulomatosas diminuem o aporte tecidual de O 2 (hipóxia tecidual)
• A combinação de hipóxia e lesão por radical livre leva a uma zona central de necrose no
granuloma.
• Macroscopicamente, essa zona possui uma aparência granular caseosa, chamada de necrose
caseosa.
• Microscopicamente, o material necrótico aparece como restos granulares amorfos. A cura dos
granulomas é acompanhada de fibrose, que pode ser bastante extensa.
• A inflamação granulomatosa é um padrão distinto de reação inflamatória crônica,
caracterizada pelo acúmulo focal de macrófagos ativados, que geralmente desenvolvem
uma aparência epitelióide (semelhante ao epitélio).

• Ocorre em algumas condições imunomediadas, em doenças infecciosas e em doenças não-


infecciosas.

• Um granuloma consiste em um agrupado de macrófagos epitelióides cercados por um colar


de leucócitos mononucleares, especialmente linfócitos, e ocasionalmente plasmócitos.

• Os granulomas podem ser de dois tipos:


• granuloma de corpo estranho
• ou granuloma imune
• Granuloma de corpos estranho é uma reação do organismo a agentes estranhos, ou seja, o
corpo tem um sistema de reação pra se defender.
• Exemplo: um espinho que penetra na pele ou fios de sutura.
• Ocorre uma reação inicialmente aguda, mas caso o material não seja eliminado, ocorre a
formação de acúmulos de células de defesa ao redor do material.
• Granuloma Imune: ocorre em alguns casos específicos, geralmente infecciosos.
• Geralmente o agente indutor do granuloma é dificilmente eliminável, ativando uma
resposta imunológica mediada por linfócitos T CD4, principalmente TH1.
• Essa resposta imunológica recebe o nome de Hipersensibilidade do Tipo Tardia, ou
inflamação imune.
hipersensibilidades tardia mediadas
pelos linfócitos T.

É a que ocorre na tuberculose e na


maioria dos granulomas causados
por microorganismos de baixa
virulência.

O linfócito T transformando-se em
Th1 passa a secretar uma série de
citocinas que atuam diretamente no
tecido, destruindo-o.
• Granulomas são constituídos de:
• aglomerados de células epitelióides
(macrófagos)
• células gigantes ou de langhans
(macrófagos)
• Linfócitos
• Plasmócitos
• Forma arredondada (em geral)

As células epitelióides e as
células gigantes ocupam o
centro do granuloma

Linfócitos e plasmócitos ficam


na periferia do granuloma
• células epitelióides: semelhantes às células epiteliais.
• São modificados por ação de linfocinas secretadas pelos linfócitos T.
• São maiores que os macrófagos comuns, com abundante citoplasma róseo e núcleo também
maior, com cromatina mais frouxa e freqüentemente alongado, lembrando núcleo de
fibroblasto.
• São mais eficientes para a fagocitose e digestão do que os macrófagos comuns.
• células epitelióides :
• Núcleo claro
• citoplasma róseo e abundante
• Disposição cerrada
• Células gigantes: fusão de macrófagos e células epitelióides:
• São classificadas em função do tipo de inflamação granulomatosa em:

• Células gigantes de langhans.


• Menores.
• Forma regular (ovóide ou arredondada).
• Núcleos ordenados na periferia do
citoplasma.

• Células gigantes de corpo


estranho.
• Forma irregular.
• Disposição desordenada
• dos núcleos.
• Nas células gigantes de corpo estranho os núcleos estão distribuídos pelo citoplasma e mais
concentrados no centro. 
• Diferem das  células gigantes de langhans em que os núcleos se arranjam na periferia do
citoplasma à maneira de ferradura. 
• A inflamação crônica está associada a uma síndrome de desgaste chamada de
caquexia, que resulta, principalmente, da supressão do apetite e da mobilização
dos estoques de gordura, mediadas pelo TNF (fator de necrose tumoral).

• Muitos micro-organismos utilizam diversas estratégias para conseguir escapar


dessa resposta inflamatória e invadir o hospedeiro, causando doenças graves e às
vezes letais. Exemplo:
• Hanseníase:

Lepra tuberculóide

Lepra dimórfica Lepra lepromatosa (Virchowiana)


Tuberculose: por muito tempo foi sinônimo de inflamação granulomatosa ou
“tuberculóide”
• Leishmaniose:

Leishmaniose cutânea difusa: Leishmaniose cutâneo-mucosa:


provoca metástases. destrói a mucosa nasofaríngea.

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