Você está na página 1de 118

Metodologia da Investigação Científica

Introdução

“O mundo de hoje é o mundo da Investigação Científica”

A investigação científica é hoje o grande doador de conhecimentos para a sociedade, é a


ferramenta mais útil que a sociedade humana tem para o seu desenvolvimento sócio
económico em diversas direcções.

É óbvia a importância da Metodologia de Investigação Científica, o seu objecto de estudo


esta bem identificado, a Investigação Científica.

O objectivo fundamental deste programa Metodologia da Investigação Científica, visa o


desenvolvimento de capacidades e habilidades do pensamento lógico, que permitirão
trabalhar com o material de estudo de forma independente, aprender e ser consequentes
com o método científico, a lógica da Ciência.

O conteúdo programático apresenta um sistema de conhecimentos actualizados e


coerentes, que teve em consideração o nível de desenvolvimento intelectual dos estudantes
que iniciam o seu primeiro ano no Ensino Superior em nossa Universidade.

O programa consta de 7 temas ou unidades, distribuídas em 120 horas lectivas. As horas


lectivas incluem aulas teóricas, seminários, aulas práticas, avaliação e revisão da matéria
como formas de organização do ensino.

Objectivos gerais

 Contribuir para desenvolver capacidades e competências de pensamento lógico


aplicáveis ao processo de investigação científica;
 Desenvolver competências para interpretar as relações existentes entre objectos,
fenómenos e processos da realidade objectiva;
 Conhecer o fundamento geral do processo de investigação científica, para ser
aplicado nos casos particulares;
 Formar uma atitude científico-investigativa que permita no plano teórico e/ou prático,
responder adequadamente as exigências do desenvolvimento da sua profissão.
 Criar as bases de uma inquietude científica capaz de dirigi-los ao encontro com o
trabalho de investigação de forma independente.

. 1
Metodologia da Investigação Científica

Objectivos específicos

 Conhecer a natureza ou os fundamentos da Ciência e caracterizar o conhecimento


científico em relação a outros tipos de conhecimento;
 Identificar os principais métodos teóricos e empíricos de investigação;
 Apresentar e desenvolver noções básicas sobre o processo da investigação
científica;
 Conhecer as principais fontes de informação (incluindo as fontes electrónicas),
 Saber procurar informação e tratá-la de forma adequada aos objectivos definidos;
 Elaborar um Projecto de Investigação sobre um tema relacionado com a área do
curso;
 Fornecer instrumentos metodológicos para que o estudante possa redigir e
apresentar trabalhos académicos com rigor, sistematização e espírito crítico.

Plano temático

Tema Conteúdos Teóricas Seminários Aulas Práticas


Total
I Introdução 08 08
II O Conhecimento 08 02 10
III Métodos Científicos 12 02 02 16
IV Processo de Investigação Científica 04 04
V Procedimento de pesquisa 20 20 40
VI O protocolo de investigação 12 22 44
VII Diversos tipos de Trabalhos Científicos 06 02 08

Total 70 04 46 120

Conteúdo programático

Tema I Introdução

1.1 Apresentação da disciplina. Objectivos gerais e específicos. Explicação dos conteúdos


temáticos. Formas de organização do ensino. Avaliação. Bibliografia;
1.2 A Ciência. Definição. Objecto de estudo. Características e Funções;
1.3 Origem da ciência moderna;
1.4 Divisão da Ciência;

. 2
Metodologia da Investigação Científica

1.5 A Investigação Científica. Definição. Objecto de estudo;


1.6 Metodologia da Investigação Científica. Definição. Objecto de estudo;
1.7 O Investigador. Características;
1.8 Tipos de pesquisas. Pesquisa qualitativa e quantitativa. Características.

Tema II O conhecimento

2.1 O conhecimento. Definição. Características gerais do conhecimento.


2.2 A actividade cognitiva do homem. Definição;
2.3 Importância do conhecimento para o desenvolvimento da sociedade humana. O
conhecimento no momento actual;
2.4 Estruturas que permitem o conhecimento no homem: receptor, via aferente, centro
nervoso. Relações entre elas e com o ambiente externo;
2.5 Tipos de conhecimentos. Características. Relações entre eles;
2.6 Os meios especiais do conhecimento;
2.7 A ciência como forma especial do conhecimento humano.

Tema III Métodos Científicos

3.1 O método científico. Definição.


3.2 Origem dos principais métodos científicos;
3.3 Tipos de métodos científicos. Métodos teóricos e métodos empíricos. Conceito e
características;
3.4 Tipos de métodos teóricos. Análise e síntese. Indução e dedução. Hipotético dedutivo.
Métodos dialéctico. Conceito. Características. Relações com o processo de
investigação;
3.5 Tipos de métodos empíricos. Observação científica. Definição. Tipos de observação.
Importância da observação científica. Experiência científica. Definição. Importância.
Medições. Definição. Tipos de medições. Importância.
3.6 Métodos específicos das ciências sociais: histórico, comparativo, funcionalistas,
estatístico. Características e aplicação.

Tema IV Processo de Investigação Científica

4.1 Investigação científica. Definição. Conceito de processo e sistema;

4.2 Etapas do processo de investigação científica.

. 3
Metodologia da Investigação Científica

4.2.1 Primeira etapa: Preparação, organização e planificação da investigação.


Características.

4.2.2 Segunda etapa: Execução do trabalho de investigação;


4.2.3 Terceira etapa: Processamento da informação;
4.2.4 Interpretação dos dados recolhidos. Importância;
4.2.5 Quarta etapa: Redacção do informe de investigação;

4.3 Necessidade do trabalho de pesquisa.

Tema V Procedimento de pesquisa

5.1 Escolha do tema. Factores internos e externos;


5.2 Revisão de trabalhos prévios

5.2.1 A Informação Científico Técnica. Conceito. Objectivos;

5.2.2 A busca da informação. Que informação buscar. Onde;

5.2.3 Fontes bibliográficas. Publicações Científicas e Trabalhos Científicos. Tipos.


Características.

5.2.4 Sistemas de comunicação electrónica. Conceito. A revolução da internet;


5.2.5 A informação científica de países desenvolvidos e em desenvolvimento;
5.2.6 Fichas do investigador. Tipos. Elaboração;
5.2.7 Ficheiro do investigador;
5.3 Delimitação do tema;
5.4 Titulo do trabalho;
5.5 Objecto de estudo;
5.6 Os objectivos da investigação. Definição. Determinação e formulação dos objectivos da
investigação;
5.7 O problema científico. Definição. Características. Finalidades do problema.
Formulação;
5.8 Hipótese. Definição. Características. Formulação. Funções. Importância;
5.9 Variáveis. Definição. Variáveis independentes, dependentes e controladas. Diferenças
entre estas variáveis. Relações entre variáveis. Funções. Importância. Definição
operacional;
5.10 População e amostra. Definição. Características. Relações. Importância. Selecção da
amostra. Amostragem. Distintos tipos de amostragem. Selecção. Importância;

. 4
Metodologia da Investigação Científica

5.11 Técnicas para recolher os dados;

5.10.1 Observação científica. Distintos tipos de observação científica. Fichas de


observação científica. Elaborar fichas de observação;
5.10.2 Entrevistas. Entrevista individual e grupar. Características. Vantagens. Elaborar
modelos de entrevistas;
5.10.3 Inquéritos por questionários, testes, outros. Tipos de inquéritos por questionário:
abertos, fechados, mistos. Características. Vantagens. Elaborar diferentes tipos de
inquéritos.

Tema VI O protocolo de investigação

6.1 O protocolo ou projecto de investigação. Definição;


6.2 Importância do protocolo de investigação;
6.3 Estrutura do protocolo de investigação ;
6.3.1 Elaboração da apresentação;
6.3.2 Elaboração do índice;
6.3.3 Elaboração da introdução;
6.3.4 Elaboração da justificativa;
6.3.5 Elaboração da revisão bibliográfica;
6.3.6 Elaboração da metodologia de trabalho;
6.3.7 Elaboração do cronograma de trabalho;
6.3.8 Elaboração das referências bibliográficas;
6.3.9 Elaboração dos anexos;
6.4 Estudo prático para elaborar o protocolo de investigação.

Tema VII Diversos tipos de Trabalhos Científicos

7.1 O Trabalho de Curso. Importância. Estrutura. Apresentação;

7.2 Outras formas de Trabalhos Científicos.

Metodologia

. 5
Metodologia da Investigação Científica

As sessões predominantemente teóricas consistem na exposição de conteúdos por parte do


docente baseada no método expositivo.

Os seminários serão realizados através de pesquisas bibliográficas de um tópico em estudo


e discussão do trabalho na aula.

Nas sessões predominantemente práticas serão utilizadas estratégias de


ensino/aprendizagem diversas para a consolidação de conhecimentos e para motivar o
aluno a participar nas aulas sobre matérias específicas e relevantes do conteúdo
programático, através da elaboração de fichas de trabalho, elaboração de aspectos
fundamentais do protocolo de investigação científica.

Envolvendo uma permanente interacção entre teoria/prática, o trabalho de curso consistirá


na elaboração do Protocolo de Investigação onde o estudante baseado na metodologia
estabelecida elaborará de forma individual o trabalho de um tema seleccionado relacionado
com a especialidade.

Avaliação

Avaliação contínua, mediante perguntas orais e escritas, seminários, aulas práticas, aulas
teórico- práticas, trabalhos para ser entregues ao professor.

Se realizaram três provas parcelares, uma no primeiro semestre e duas no segundo


semestre. Na primeira prova parcelar serão avaliados os temas I, II e III. Na segunda avalia-
se os temas IV e parte do tema V. Na terceira prova avalia-se parte do tema V e os temas
VI e VII.

A avaliação final será feita segundo o estabelecido no regulamento de avaliação da


Universidade.

Bibliografia

 Albarello,L. e outros. “Práticas e Métodos de Investigação em Ciências Sociais” Editora


Gradiva. Lisboa. 1997.
 Almeida,L.S. e Freire,T. “Metodologia da Investigação em Psicologia e Educação” 3ª Edição
Revista e Ampliada. Editorial Psiquilibrios. Braga. 2003.
 Azevedo, Mário.”Teses, Relatórios e Trabalhos Escolares”. 4ª Edição. Universidade Católica.
Lisboa. 2004.
 Belchior da Silva, José “ Estatística para Ciências Humanas “

. 6
Metodologia da Investigação Científica

 Gráfica Lito-Tipo. Luanda. Angola.2004.


 Bell, J. “Como realizar um Projecto de Investigação”. 3ª Edição Revista e Aumentada.
Editorial Gradiva.Lisboa. 2004.
 Bessnier, J.-M. “ As teorias do conhecimento “ Editora Instituto Piaget. Lisboa.
 Carvalho, J. E. “Metodologia do Trabalho Cientifico. Escolar editora. Lisboa. 2002
 Colectivo de autores. “Metodología del Conocimiento Científico”
 Editorial de Ciências Sociales. La Habana. 1975.
 De Andrade Marconi, M. e Lakatos, E.M. “Fundamentos de metodologia Científica”. 5º
Edição. Editora Atlas, S. A. São Paulo. Brasil 2003.
 Eco. H. “Como se faz uma Tese em Ciências Humanas”.11ª Edição. Editorial Presença.
Lisboa. 2004.
 Ibarra Martin, Francisco. “Metodología de la Investigação Social “. Universidad de la Habana.
Editorial Pueblo y Educación. La Habana. 1988.
 Minayo, M. C. De S. e outros. ” Pesquisa social “ Teoria, métodos e criatividade. 7ª edição.
Editora Vozes Lda. Rio de Janeiro. 1993.
 Richards Mesa, Ricardo. Metodologia de Investigação Científica”. Material Impresso. IGS.
Luanda. 2005.
 Quivy,R. e Campenhoudt, L. V. “Manual de Investigação em Ciências Sociais”. 3ª edição.
Editora Grádiva. Lisboa. 2003.

Precisamos que realizes esforços para: “Apreender a estudar”

“Apreender a pensar com lógica”

Tema 1 Introdução

O título da disciplina é composto por três palavras que para uma melhor compreensão
devem ser analisadas pois representam a base do processo de investigação científica.

. 7
Metodologia da Investigação Científica

O que é metodologia?

A metodologia é uma palavra que deriva do grego e que etimologicamente pode ser definida
como estudo de métodos, sendo o método o caminho ou a maneira para chegar a
determinado fim ou objectivo (Richardson, 2008, p. 22).

Tomanik (2004, p. 21) considera que “metodologia é a parte das ciências que se ocupa da
descrição, análise e avaliação dos métodos”.

Dessa forma, em termos gerais, a metodologia pode ser definida como o conjunto de
operações logicamente ordenada e relativas á um problema de pesquisa determinado.

O que significa Investigar ou Pesquisar?

Para estudar o conceito coloquemos em exemplo simples. Quando procuramos por uma rua
buscamos esta informação das mais variadas formas, ex.: perguntamos, olhamos. Isto é
pesquisar, pois estamos buscando um conhecimento que NÃO possuímos e do qual
necessitamos.

Portanto, investigar significa descobrir, procurar alguma resposta para indagações


propostas que podem ser encontradas ou não.

Para Silva e Menezes (2001) “pesquisar, significa, de forma bem simples, procurar
respostas para indagações propostas”.

Nem toda pesquisa é científica.

O que significa Investigação Científica?

Significa buscar os conhecimentos apoiando-se em procedimentos capazes de dar


confiabilidade aos resultados, o seja, é todo um conjunto de acções dirigidos a encontrar
solução para um problema científico proposto, utilizando a metodologia de investigação
científica.

O aparecimento da Investigação Científica esta vinculada à necessidade que enfrenta


Homem de dar solução aos problemas da vida quotidiana: precisando explicar, predizer e
transformar essa realidade para satisfazer suas necessidades. Pelo que podemos
considerar que pesquisar é o modo fundamental de produzir conhecimentos.

O que investigar?

. 8
Metodologia da Investigação Científica

Investiga-se aquele problemas cuja solução não se conhece e existe a possibilidade de


conhecer, para dar solução a uma necessidade da comunidade u parte dela. Se não se
avistar a possibilidade de solução do problema por não contar com os conhecimentos ou
meios necessários, não se investiga.

Para investigar há que criar condições de investigação, determinar o problema de


investigação, que realmente seja um problema que mereça ser investigado, e de que
solução para necessidades objectivas.

E quem investiga?

O investigador é aquele que, a partir do seu raciocínio lógico e suas capacidades para
investigar, dedica o seu tempo e esforços no fazer científico, com a finalidade de dar
solução a problemas científicos que afectam a comunidade ou parte dela em que ele está
inserido.

Características do investigador:

 Ter desejo de saber, de informar-se sobre as coisas e os fenómenos que nos


cercam e que se apresentem em determinados momentos, relevantes para o
conhecimento do mundo em que vivemos;
 Ter conhecimentos do assunto a ser investigado, assim como domínio da
metodologia da investigação científica;
 Estar preocupado e buscar factos novos e princípios relacionados com algum sector
do conhecimento;
 Ser responsável e dedicar-lhe tempo e esforço organizado a sua pesquisa, que
requer concentração, continuidade e empenho;
 Ser persistente, para se corrigir e recomeçar o trabalho sempre que seja necessário
(perseverança e paciência);
 Ser metódico, isto é programar as experiências, elaborar esquemas de trabalho
(protocolo) e cronogramas, organizar suas anotações;
 Ser estudioso, informado e intelectualmente organizado (curiosidade e criatividade);
 Ter hábito de leitura e o interesse por manter-se em dia com o conhecimento
científico na sua área e áreas afins.

Como definir a Ciência?

. 9
Metodologia da Investigação Científica

Todos temos uma ideia, pelo menos aproximada, do que é a ciência porque hoje em dia
esta palavra e seus derivados fazem parte de nossa linguagem quotidiana. É conveniente,
no entanto, esboçar algumas definições que contribuam a conformar melhor nossa ideia
sobre a ciência, seu conteúdo e seu lugar no mundo que nos rodeia.

Segundo o dicionário Aurélio, ciência é uma palavra que se deriva do latin “scientia” e
significa “conhecimento”, ou como o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a um
determinado objecto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos
fatos e um método próprio”.

Neste mesmo dicionário a ciência é considerada como um “processo pelo qual o homem se
relaciona com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício”.

Segundo Marconni e Lakoto, (1992) a ciência é

 Acumulação de conhecimentos;
 Actividade que se propõe a demonstrar a verdade dos factos experimentais e suas
aplicações práticas;
 Caracteriza-se pelo conhecimento científico;
 È um conjunto orgânico de conclusões certas e gerais metodicamente demonstradas
e relacionadas com o objectivo determinado.

Segundo Ender-Egg (cit. Marconni e Lakoto, 2007), na sua obra “Introdução as Técnicas de
Investigação Social” apresenta um conceito muito abrangente de ciência. O autor a define
como:

“Conjunto de conhecimentos, racionais, certos o prováveis, obtidos metodicamente


sistematizados e verificáveis que fazem referencia a objectos de uma mesma natureza “.

 Racional, dá-se na actividade cognitiva do homem, tem exigências de método e


está constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema conceptual,
hipóteses, definições: diferencia-se das sensações ou imagens que se reflectem em
um estado de ânimo;
 Certo ou provável, já que não se pode atribuir à ciência a certeza indiscutível de
todo saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos certos, autênticos, é grande a
quantidade dos prováveis;
 Obtidos metodicamente, não se adquirem ao acaso ou na vida quotidiana, mas
mediante regras lógicas e procedimentos técnicos;

. 10
Metodologia da Investigação Científica

 Sistematizadores, não se tratam de conhecimentos dispersos e desconexos, mas


de um saber ordenado logicamente, constituindo um sistema de ideias;
 Verificáveis, pelo facto de que as afirmações, que não podem ser comprovadas ou
que não passam pelo exame da experiência, não fazem parte do âmbito da ciência,
que necessita, para incorporá-las, de afirmações comprovadas pela observação;
 Relativos a objectos de uma mesma natureza, ou seja, objectos pertencentes a
determinada realidade, que guardam entre si certos caracteres de homogeneidade.

As definições concordam em que a ciência é um sistema de conhecimentos sobre a


realidade natural e social que nos rodeia. Um sistema de conhecimentos, que abarca leis,
teorias e também hipóteses, e que se encontra num processo contínuo de desenvolvimento
o que significa que o homem aperfeiçoa continuamente seu conhecimento sobre toda a
realidade circundante actual e passada e, em certa forma, consegue predizer a futura, pelo
que a ciência é uma forma da actividade humana, ou da consciência social.

Portanto, falar de Ciência, é falar de um sistema de conhecimentos concretos,


metodicamente sistematizados e verificável, obtidos mediante o raciocínio lógico aplicando
o método científico.

É muito salutar que lembres e tenha presente que a ciência, é o produto da lógica e que
esta lógica é a que permite a ciência penetrar nos fenómenos e processos da realidade
objectiva, o qual permitem a verificação dos factos.

Aproveitamos este momento para entender o contraste entre a definição de ciência com
outros conceitos comummente utilizados.

Tecnologia: “Estudo dos materiais e processos utilizados pela Técnica, empregando-se

para isso teoria e conclusões das Ciências”. Nesta definição ressalta a ligação que esta
opera entre a ciência e a produção em geral. A tecnologia é, fundamentalmente, um produto
da ciência e pretende conhecer a natureza.

Técnica: “Saber-fazer, com a necessidade de ser baseado em ciência”, pelo que a técnica
é um conjunto de procedimentos, uma realização.

Componentes da Ciência

 Objectivo ou finalidade da ciência: é a preocupação em distinguir a característica


comum ou leis gerais que regem determinados eventos;

. 11
Metodologia da Investigação Científica

 Função da ciência: é o aperfeiçoamento, por meio do crescente acervo de


conhecimento, da relação do homem com seu mundo;
 Objecto da ciência: Pode ser dividido em objecto material e um objecto formal
 Objecto material: aquilo que pretende estudar, analisar, interpretar ou
verificar, de modo geral;
 Objecto formal: o enfoque especial, em face das diversas ciências que
possuem o mesmo objecto material

Como se manifesta a lógica da Ciência?

A lógica da ciência manifesta-se através de procedimentos e operações intelectuais lógicas


como por exemplo, observar, identificar, caracterizar, argumentar, comparar, explicar, etc
que:

 Possibilitam a observação racional e controlam os factos;


 Permitem a interpretação e explicação adequada dos fenómenos da realidade
objectiva;
 Contribuem para a verificação dos fenómenos, positivados pela experimentação ou
pela observação;
 Fundamenta o estabelecimento dos princípios e das leis.

Classificação das Ciências

A complexidade do Universo e a diversidade de fenómenos que nele se manifestam, aliadas


à necessidade do Homem de estudá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de
estudo com sua ordem de complexidade.

Uma das classificações possíveis das ciências é:

1.- Ciências Formais ou Puras: Sintetiza e explica os factos e princípios descobertos sobre
o universo e seus habitantes. Ex Filosóficas e matemáticas

2.- Ciências Factuais ou Aplicadas: Utiliza os factos e princípios científicos para fazer coisas
úteis aos homens. Ex: Naturais e Sociais.

. 12
Metodologia da Investigação Científica

Nuclear, mineralogia, logística militar, petrografia,


geologia, engenharia, astronomia
FíSICA

Orgânica, inorgânica, física-química, farmácia e


NATURAIS QUíMICA bioquímica

Botânica, medicina, zoologia, veterinária,


agricultura, tec. alimentos, enfermagem, ecologia
BIOLOGIA

Sociología, psicología, antropología, direito, economía, administração,


SOCIAIS comunicação social, história, etc

Origem da Ciência moderna

Na natureza etimológica do seu significado, existe “ciência” praticamente desde o


aparecimento do Homem na Terra, já que todas as sociedades humanas desenvolveram,
ao longo da sua história, modos de conhecimentos e de actuação sobre a realidade que
foram e são a base experimental da sua sobrevivência (Freitas, 2008).

Desde a Antiguidade aparece a divisão entre o trabalho físico e o trabalho intelectual,


pequenos grupos de homens dedicam-se ao trabalho intelectual com a finalidade de
organizar: a divisão e controlo das terras, do exército, a navegação, a direcção do estado e
outras. Estas actividades exigiam experiência e conhecimentos especiais, e se converteram
em campos de aplicação dos conhecimentos obtidos na Ciência.

Foi lento o andar da Ciência e o desenvolvimento dos seus métodos de investigação. Um


conjunto de transformações no pensamento de alguns cientistas, modificaram em parte
algumas teorias e práticas da investigação científica a altura da segunda metade do século
XVI e o século XVII.

. 13
Metodologia da Investigação Científica

Estas novas concepções revolucionárias e atitudes perante a investigação científica deu


passo à aplicação de métodos de investigação científica mais eficientes, aparece uma nova
metodologia científica, que abre o caminho a Ciência Moderna.

Afirma-se com frequência que Galileu Galilei (matemático, físico e astrónomo italiano) 1564-
1642, foi o pai da Ciência Moderna, o fundador da metodologia da investigação científica
moderna, sem dúvida o fundador da Ciência experimental.

O maior aporte de Galileu a metodologia científica foi a unificação dos métodos de


investigação teóricos e práticos para realizar a investigação científica, as investigações
científicas teóricas e as experimentais, perderam interesses, a partir de Galileu se situa a
experimentação como base do conhecimento científico e fundamentou a importância do
enfoque teórico que leva a realização da experiência. Para Galileu, a experiência só tem
valor quando converter-se em objecto de investigação teórica.

Teoria Experimentação Teoria

Evidentemente estamos em presença de uma relação causa-efeito.

Vinculou a teoria com a prática (experimentação). Utilizou métodos teóricos e métodos


práticos nas suas investigações. A partir de Galileu, os investigadores, seguiram a mesma
linha de pensamento em quanto a utilização dos métodos teóricos e empíricos numa
mesma investigação científica.

Uns dos valores mais admiráveis de Galileu, foi a introdução da matemática na prática da
investigação científica.

Descobriu as leis dos pêndulos e da queda dos corpos. Inventou o termómetro e a balança
hidrostática e estabeleceu os princípios da dinâmica moderna, entre muitos outros aportes
que deu a Ciência.

O rápido aumento e complexidade dos diversos sistemas de conhecimento, a diversidade


dos fenómenos que neles se manifestam, aliada à necessidade do homem de estudá-los
para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo
das ciências, que exigiram uma classificação:

Definição de Metodologia de Investigação Científica (MIC)

. 14
Metodologia da Investigação Científica

Como resumo, pode ser dito que a Metodologia da Investigação Científica estuda os
caminhos do saber apoiando-se em procedimentos capazes de dar confiabilidade aos
resultados, o seja, é a reflexão sistemática sobre os métodos, procedimentos e técnicas que
utilizamos no processo de investigação científica.

A Metodologia da Investigação Científica proporciona ao pesquisador a via que precisa para


chegar ao conhecimento da realidade, ao seguir, uma série de passos cujo fim é a busca
contínua do desconhecido, sua correcta interpretação e solução. Em ausência dela, essa
busca se converte em algo caótico e desordenado, cujas possibilidades de lucros são muito
escassas e requer grandes esforços.

O objecto de estudo da MIC é o processo de INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.

Tipos de investigação ou pesquisa

A diversidade da Ciência leva ao homem a abordar os problemas da natureza em vários


enfoques e graus de aprofundamento.

Desde a segunda metade do século XX os principais enfoques são:

 Enfoque quantitativo: utiliza a recolha e a análise de dados para testar as questões


de pesquisa com base na medição numérica e confia na análise estatística para
estabelecer padrões gerais de comportamento de uma população. Eles se associam
às experiências, às pesquisas a questões fechadas ou aos estudos em que se
empregam instrumentos de medição padronizados;
 Enfoque qualitativo: utiliza a recolha de dados sem medição numérica para
descobrir ou aperfeiçoar questões de pesquisa e pode ou não provar hipóteses em
seu processo de interpretação. Neste tipo de pesquisa podem ser utilizadas técnicas
tais como observação não-estruturada, entrevistas abertas, revisão de documentos,

discussão em grupos, avaliação de experiências pessoais, inspecção de histórias de vida,


introspecção, etc.

Actualmente se admite a classificação dos diversos tipos de pesquisas baseado em outros


aspectos. Podem ser, segundo os objectivos que se procuram atingir ou segundo os
procedimentos seguidos.

. 15
Metodologia da Investigação Científica

Segundo os objectivos da pesquisa estas podem ser:

 Exploratória ou bibliográfica: Procura explicar um problema a partir de referencias


teóricas publicados em documentos. Esta pode ser realizada independentemente ou
como parte da pesquisa descritiva ou experimental em ambos casos, ela busca
proporcionar maiores informações sobre determinado assunto, afim de facilitar a
delimitação de uma temática de estudo; definir os objectivos ou formular as
hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que
se pretende realizar. Em resumo, constitui geralmente o primeiro processo de
qualquer pesquisa científica.
 Descritiva: Nela se observa, registra, analisa e correlaciona fenómenos sem
manipulá-los.

A pesquisa descritiva pode assumir diversas formas entre as quais se destacam:

 Pesquisa de opinião: procura obter atitudes, pontos de vistas e preferências


que as pessoas têm a respeito de algum assunto, com objectivo de tomar
decisões.
 Estudo de caso: Estudo em profundidade sobre determinado objecto, de
maneira a permitir o seu amplo e detalhado conhecimento.

 Pesquisa-ação: Há envolvimento, de modo cooperativo entre o pesquisador e


o pesquisado.

 Participativa: Similar a pesquisa-ação. Caracteriza-se pela interação entre o


pesquisador e os representantes da pesquisa.

 Experimental: É uma pesquisa onde se manipulam uma ou mais variáveis


independentes relacionadas com o objecto de estudo, a fim de observar e interpretar
as inter-relacões e graus de intensidade e de modificações acontecidas no objecto
de pesquisa. Ela concerne principalmente às ciências puras, ciências biológicas,
sociais, educação e psicologia.

McMILLAN & SCUMACHER (2001) classificam os tipos de pesquisas:

. 16
Metodologia da Investigação Científica

Tipos de investigação

Quantitativa
Qualitativa

Experimental Não experimental


Interativa Não Interativa

Pré-experimental Descritiva
Etnográfica Análise
Realmente Comparativa
experimental Fenomenológica conceitual
Correlacional Análise
Quasi- Estudo de caso
experimental Survey (de histórica
Grounded theory
opinião)
Um único sujeito Estudos críticos
Ex post facto

Como foi dito, na pesquisa experimental, o pesquisador manipula os objetos de


investigação, controla variáveis e impõe condições. O objetivo principal é estudar relações
causa-efeito. Nas ciências humanas e sociais (onde, normalmente, é de difícil
aplicabilidade) exige amostragem aleatória.

Na experimental verdadeiro existe uma manipulação direta de condições (variável


independente), comparando no mínimo, duas condições ou grupos. A medição de variações
das variáveis dependentes visa a quantificação rigorosa, com a utilização de estatística
inferencial para formulação de conclusões de natureza probabilística sobre os resultados.

No disenho pré-experimental ou quasi-esperimental não se apresentam 2 ou mais das


caraterísticas do experimental verdadeiro (maior ou menor controlo de validade interna).

Nos desenhos não experimentais estão:

 Descritivo – descrição de fenómenos quantificando parâmetros (ex: competência de


leitura dos estudantes de uma escola; variações das temperaturas na Terra nos
últimos 100 anos)
 Comparativo – comparação de fenómenos ou grupos (ex: certo desempenho em
gêneros diferentes; incidência de determinada doença na cidade e campo)

. 17
Metodologia da Investigação Científica

 Correlacional – estabelecer rlações entre duas séries de fenómenos ou grupos (ex:


correlação QI e classificações escolares; consumo de tabaco e mortalidade;
humidade e uma praga)
 Survey – identificação, caracterização e descriçãodes, crenças, etc. (aplicabilidade
interdisciplinar e de interfaces)
 Ex post facto – estabelecer relações causais entre variáveis que não podem ser
manipuladas, incide, sobre coisas já acontecidas (ex: internato escolar e certas
características

Os diferentes tipos de pesquisas qualitativas já foram analizados.

Trabalho individual

1. Analisa o seguinte esquema

CIÊNCIA
CIÊNCIA INVESTIGAÇÃO
INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA
CIENTIFICA

MÉTODOS
MÉTODOS CIENTÍFICOS
CIENTÍFICOS

METODOLOGIAS
METODOLOGIAS

2. Responda verdadeiro ou falso

a.- ______ Não existe ciência sem emprego de método científico

b.- ______ O objecto de estudo da MIC é o processo de investigação científica

c.- ______ A lógica da ciência fundamenta-se no estabelecimento de princípios e leis

d.- _____ Para Galileu a experiência só tem valor quando converte-se em objecto de
investigação científica

3. Analisa o seguinte parágrafo:

“A ciência é o conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objecto,


especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método
próprio”.

. 18
Metodologia da Investigação Científica

4. A Ciência apresenta um conjunto de características que a identificam. Assinale


marcando com uma (X) as que considera que correspondem à Ciência:

1. É um pensamento racional _____;


2. Rigorosa ____;
3. Objectivo _____;
4. Lógica e confiáveis ____;
5. É sistemática ____;
6. Exacto ____;
7. Falível ____;
8. Definitivo ____;
9. Verificável ____;
10. Experimental ____;
11. Procura as relações causais ____.

5. Faça uma reflexão por escrito, acerca das semelhanças e/ou diferenças entre ser
investigador e ser estudante do ensino superior.

Tema II O conhecimento

“São muitos os sinais de que o conhecimento se tornou o recurso económico mais


importante para a competitividade das empresas e dos países”.

. 19
Metodologia da Investigação Científica

Parte destes conhecimentos é produto das investigações científicas, do pensamento criador


dos homens.

Uma máxima: “Para investigar é necessário pensar com lógica”, não podemos realizar uma
investigação científica, se não sabemos pensar e pensar com a lógica da Ciência, aplicando
a Metodologia da Investigação Cientifica.

É muito importante relacionar os objectos, fenómenos e processos que estudamos para ver
que há de geral e particular entre eles, assim como estabelecer as relações causa efeito.
Isto permitirá desenvolver habilidades do pensamento lógico e apreender a: identificar,
caracterizar, comparar, argumentar e explicar.

“Conhecer os objectos, fenómenos e processos da realidade, as suas relações, mais os


resultados desta relações e outros é indispensável para desenvolver um pensamento
criador no estudante”

O que é o conhecimento?

Para definir o que é o conhecimento temos que considerar dois elementos clássicos,
estreitamente relacionados historicamente, “o objecto a conhecer” e “o sujeito que
conhece”.

Objecto a conhecer Sujeito que conhece

Quanto ao objecto a conhecer, é tudo o que rodeia ao homem, encontra-se na realidade


objectiva. Exemplo: coisas, processos, fenómenos, pessoas, animais, plantas, ar, água,
outros. O modo de ver a realidade depende dos conhecimentos, cultura, experiências e até
daquilo que estamos á espera ou à procura.

O ser humano é o sujeito que conhece, a sua realidade. Ele apresenta estruturas que lhe
permitem conhecer a realidade objectiva, na medida que vai vivendo Exemplo: quando o ser
humano nasce (bebe) não conhece a sua realidade, no decurso dos dias inicia o seu

processo de conhecimento, começa a relacionar-se com a sua realidade, começa a


conhecer. Em pessoas normais o processo de conhecimento, não para até a morte.

Agora é preciso que o sujeito (homem) incorpore o objecto através do pensamento e


interpretação, portanto, a teoria do conhecimento diz que a partir da relação entre objecto a

. 20
Metodologia da Investigação Científica

conhecer e o sujeito que conhece, o homem apropria-se da realidade objectiva e ao mesmo


tempo penetra nela e surge assim o conhecimento.

Não esqueça que:

“O conhecimento é adquirido pelo homem, na sua interacção com o seu ambiente, no


ambiente do homem encontram-se os objectos a conhecer”.

Estruturas que permitem o conhecimento no homem

O conhecimento é um processo que se dá no homem, em virtude do seu sistema nervoso


central e perisférico, onde se encontram estruturas, capacitadas para este processo, que se
inicia com a vida e termina com a morte.

No processo de conhecimento participam várias estruturas nervosas, estas são:

1. Os receptores ou órgãos dos sentidos;


2. A via aferente;
3. O centro nervoso no córtex cerebral.

Os receptores ou órgãos dos sentidos, recebem os estímulos do ambiente em forma de


energia e transformam esta energia em outra forma de energia, o impulso nervoso. Esta
propriedade dos receptores de captar a energia do ambiente e transformá-la em outra forma
de energia (impulso nervoso) permite que sejam chamados transdutores.

Cada receptor capta uma forma específica de energia, exemplo:

O receptor visual contem células especializadas para receber a energia luminosa que
reflecte os corpos que se encontram em torno (realidade) a nós, e transformá-la em impulso
nervoso;

O receptor auditivo contem células especializadas para receber as ondas ou energia sonora
e transformá-la em impulso nervoso;

O receptor do olfacto apresenta células especializadas para receber a energia gasosa que
desprendem os corpos e transformá-la em impulso nervoso;

O receptor do gosto u paladar (papilas linguais) que contém os botões gustativos que
recebem uma energia química e transforma-la em impulso nervoso.

. 21
Metodologia da Investigação Científica

O receptor do tacto realiza a percepção da pressão por terminações nervosas e transforma-


la em impulso nervoso.

Esses estímulos captados e transformados em impulso nervoso têm que chegar ao córtex
cerebral, pelo que têm que viajar e essa viagem é realizada pela via aferente

A via aferente, constituída por nervos aferentes conduz o impulso nervoso (a informação
captada da realidade) desde o receptor até o centro nervoso.

O centro nervoso no córtex cerebral, apresenta uma área onde chega o impulso nervoso
com a informação da realidade objectiva, aí se produzindo uma sensação que se traduz na
percepção e representação da realidade, ao conhecimento da realidade objectiva.

Resumindo, pode ser dito que os receptores são as primeiras estruturas que entram em
contacto com a realidade objectiva, com o objecto a conhecer, recebe informação dos
objectos da realidade em forma de energia e a transforma em impulso nervoso, que viaja
pela via aferente até o centro nervoso, onde se produz o processo de conhecimento em
virtude da actividade cognitiva.

A actividade cognitiva do homem

A actividade cognitiva é um processo que se caracteriza por ser um conjunto de reacções


neuro hormonais, que dão lugar aos processos psíquicos e mediante eles se reflecte a
realidade objectiva no cérebro e o homem é capaz de conhecer. Estas funções
correspondem a Actividade Nervosa Superior dos seres humanos. Por tanto o córtex
cerebral (cérebro) é uns dos órgãos onde se realiza a Actividade Nervosa Superior.

Portanto, o conhecimento é a relação entre o objecto a conhecer e o sujeito que conhece


mediante um mecanismo operatório, constituído pelas estruturas estudadas.

Qual é a causa do conhecimento no homem?

 O objecto a conhecer?
 As estruturas nervosas?

O ponto de partida é o objecto a conhecer e o conhecimento, o efeito. Logicamente não há


efeito sem causa. A causa antecede ao efeito, em relação ao tempo, a causa origina o
efeito. Para encontrar a causa de processos e fenómenos, tem que recorrer ao passado
imediato ou mediato.

. 22
Metodologia da Investigação Científica

Na relação causa - efeito, podemos encontrar as seguintes relações;

(1) (2)

X Y Y X

causa efeito causa efeito

Em (1), (X) é causa e (Y) é efeito. Em (2), (Y) é causa e (X) é efeito, o qual podemos
representar:

(3)

X Y

(3) Simplifica o expressado em (1) e em (2).

O processo de conhecimento nas diferentes formações sócio-económicas.


Importância do conhecimento para o desenvolvimento da sociedade humana. - O
conhecimento no momento actual.

O mundo dos conhecimentos é o mundo dos critérios, das ideias; a medida que o
conhecimento aumenta, também aumentam os critérios, as ideias e aparecem novos
conhecimentos que contribuem com o desenvolvimento da sociedade.

A história e evolução da raça humana estão, desde os primeiros tempos, ligadas ao acto de
conhecer, a essa incessante busca de explicação para os fenómenos produzidos e
existentes tanto na natureza como no mundo social e individual.

A sociedade humana transitou por diferentes formações sócio – económicas, neste transitar

o conhecimento permitiu a evolução da sociedade humana, o homem teve a capacidade de


criar objectos, coisas, descobrir e explicar fenómenos, processos que enriquecem a nossa
realidade objectiva. As mesmas formações sóciais – económicas, expressam materialmente
a organização e formas de convivência social que nelas existiram e constituem exemplos da
evolução do conhecimento no homem. O conhecimento se acumula e evolui a formas
superiores na medida que se transita de uma formação para outra.

. 23
Metodologia da Investigação Científica

Por esta razão, a evolução do conhecimento pode ser analisado nas diferentes formações
sócio- económicas da humanidade, elas são:

Evolução das sociedades

C.. Primitiva Escravidão Feudalismo Capitalismo

Se calcula que os seres humanos aparecem na terra entre 45,000 e 60,000 anos atrás.

Quando o homem surgiu encontrou a sua realidade objectiva com a qual se começou a
relacionar e a conhecer.

No começo, as pessoas viviam sem grandes preocupações. Para se alimentarem, colhiam


frutos das árvores, caçavam animais pequenos, vestiam-se de peles e moravam em
cavernas. Os instrumentos ainda eram poucos desenvolvidos: lascas de pedra, pedaços de
madeira, etc. Todos tinham que trabalhar para viver. O trabalho de todos e de cada um era
trabalho para todos.

Como surgiu a necessidade do conhecimento no homem primitivo?

Quando começaram a perguntar-se qual é a causa daquilo que estavam a observar, e


necessitaram de encontrar. Nesse momento surgem as formas mais primitivas do
pensamento científico.

Para responder àquelas perguntas, o pensamento do homem tinha que revisar o passado,
em busca da causa daquilo que no presente interessava saber. Assim surge no
pensamento dos homens primitivos a relação causa-efeito.

Pode-se dizer que a causa se manifesta primeiro e o efeito depois. Agora pode ser o
contrário. Não há efeito sem causa.

Lentamente o progresso foi sendo feito. Os homens aprenderam a fazer vasilhas de barro.
Fizeram arcos e flechas. Começaram a caçar animais maiores. Descobriram o fogo,
começarem a construir suas casas. Homens e mulheres passaram a conquistar e a dominar
a natureza. Com tudo isto, o pensamento foi evoluindo e explicando muitas coisas,

. 24
Metodologia da Investigação Científica

produzindo novos conhecimentos que permitiram contribuir ao desenvolvimento sócio


económico.

Através destas actividades do homem, a própria natureza forneceu novos objectos


elaborados pelo pensamento ingénuo do homem, naquela altura. Agora o seu pensamento
amadureceu até adquirir o pensamento consciente e criador, pelo que a comunidade
primitiva é uma importante etapa no conhecimento.

A comunidade primitiva ruiu, cedendo lugar à formação socio-económica escravista.

Na sociedade escravista ocorreram mudanças no conteúdo e no carácter do trabalho. Os


instrumentos de pedra e madeira cederam lugar aos instrumentos de cobre, de bronze e,
mais tarde, de ferro. Contudo, as possibilidades de evolução do trabalho sob o regime
escravista eram limitadas, pois as relações de produção consistiam no facto dos meios de
trabalho do próprio trabalhador (escravo) serem propriedade de um senhor.

Com a participação activa do homem aparecem novos elementos que se incorporam na


realidade objectiva, aparecem novos recursos, meios criados pelo próprio homem, que lhe
permitem adquirir novos conhecimentos, que enriquecem a vida material e espiritual do
homem.

A sociedade feudal representou a substituição do regime escravista. Nesta, o


desenvolvimento das forças produtivas atingiu um nível mais elevado em relação ao regime
escravista. As relações de produção feudais eram baseadas na grande propriedade
fundiária, eram relações de exploração dos camponeses pelo proprietário da terra: senhor
feudal. Neste período, tem-se o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho, no entanto,
a técnica baseava-se no trabalho manual e desenvolvia-se com relativa lentidão.

Destaca-se entre meados do século XV e XVI o avanço das forças produtivas - invenções e
descobrimentos. A difusão do pensamento humano, com a invenção da imprensa, o
progresso da ciência da navegação, desempenhou também um papel não menos
importante. Tem-se a presença das técnicas industriais e técnicas de comunicação
ultrapassando a técnica agrícola. É o começo de um processo que colocará a indústria no
primeiro plano do progresso. Pode-se localizar neste período, a primeira etapa da formação
do capitalismo - passagem do feudalismo para o capitalismo.

. 25
Metodologia da Investigação Científica

No século XVII, início do processo de industrialização, tem-se o êxodo rural, a


desvalorização da mão-de-obra, a máquina devorando/substituindo o homem.

Com a chegada do século XVIII, as ciências desenvolviam-se prodigiosamente e o homem


sentia-se também em movimento, num caminhar contínuo e ascendente - era a ideia do
progresso. O progresso significava aumento de produção e, portanto, da concentração
maior de capital. A ciência e a vida humana foram suportes que direccionaram uma
mudança significativa nas relações de trabalho entre os homens.

O conhecimento é adquirido pelo homem, na sua interacção com o seu ambiente,


onde se encontra o objecto a conhecer.

Podemos então perguntarmo-nos

Quando surge o conhecimento? Desde a primeira formação sócio-económica da


humanidade, a comunidade primitiva

Quando surge o capital? Muito depois, no capitalismo

Então qual é o mais importante para o desenvolvimento das sociedades que existiram?

Sem dúvida que o conhecimento

conhecimento

capital

Actualmente o conhecimento do homem continua a desenvolver-se, novas coisas são


observadas, novas coisas são descobertas.

Tipos de conhecimentos. Características

De acordo com Trujillo (1974), distinguem-se quatro (4) tipos de conhecimentos: científico,
popular, religioso (teológico) e filosófico:

. 26
Metodologia da Investigação Científica

O conhecimento popular, vulgar ou senso comum

É transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em


imitação e experiência pessoal, é um conhecimento empírico. È o modo comum, corrente e
espontâneo de conhecer, que se adquirem no trato directo com as coisas e os seres
humanos. É o saber que preenche nossa vida quotidiana (diária) e que se possui sem o
procurar ou estudar, sem a aplicação de um método e sem haver reflectido sobre algo.

Segundo Ander-Egg (1978) o conhecimento popular caracteriza-se por ser:

 Valorativo ou sensitivo: fundamenta-se nas vivências, estados de ânimo e


emoções da vida diária;
 Superficial: conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar
simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “ porque o vi “,
“ porque o senti “, “porque o disseram “, “ porque todo o mundo diz”
 Assistemático: baseia-se na organização particular das experiências próprias do
sujeito que conhece, e não de uma sistematização de ideias, na procura de uma
formulação geral que explique os fenómenos observados, aspecto que dificulta a
transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer;
 Subjectivo: porque é o próprio sujeito que organiza sua experiências e
conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto por ouvir dizer;
 Verificável: visto que está limitado ao âmbito da vida quotidiana e diz respeito aquilo
que se pode perceber no dia a dia.
 Falível: em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final.
 Inexacto: pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito
do objecto. Não permite a formulação de hipótese sobre a existência de fenómenos
situados além das percepções objectivas.
 Acrítico: verdadeiro ou não, a prestação de que esses conhecimentos sejam, não
se manifesta sempre de uma forma crítica.

O conhecimento científico

Apresenta formas, modos e métodos específicos para conhecer, é um conhecimento obtido


de modo racional, conduzido por meios de procedimentos científicos e transmitido por
intermédio de treino apropriado. Caracteriza-se como uma procura das possíveis causas no
acontecido.

Características.

. 27
Metodologia da Investigação Científica

 Real ou factual: porque lida com ocorrências ou factos, lida com tudo o que existe e
se manifesta de alguma forma;
 Contingente: suas proposições ou hipótese têm sua veracidade ou falsidade
conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no
conhecimento filosófico;
 Sistemático: por ser um saber ordenado logicamente, formando um sistema de
ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos;
 Verificável: as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não
pertencem ao âmbito da ciência;
 Falível: em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final;
 Aproximadamente exacto: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas
podem reformular o acervo da teoria existente.

Segundo Mário Bunge, no âmbito das ciências factuais, o conhecimento científico


caracteriza-se alem do expressado anteriormente por ser:

 Racional: porque esta constituído por juízos, conceitos e raciocínios e não por
sensações e permitir que as ideias que o compõem possam combinar-se segundo
um conjunto de réguas lógicas em produzir ovas ideias;
 Objectivo: já que procura alcançar a verdade factual por meio dos meios de
observação e experimentação;
 Claro e preciso: em virtude que os problemas na ciência devem ser formulados
com clareza, para ao longo do estudo as noções simples de partida, complicam-se,
modificam-se e, eventualmente, repelem-se até ser comprovadas ou não;
 Comunicável: á medida que sua linguagem deve poder informar a todos os seres
humanos que tenham sido instruídos para entendê-la;
 Acumulativo: já que seu desenvolvimento é uma consequência de um contínuo
seleccionar de conhecimentos significativos e operacionais;
 Explicativo: ter a finalidade explicar os factos em termos de leis e as leis em termos
de princípios.

O conhecimento científico obtém-se, mediante o método científico.

. 28
Metodologia da Investigação Científica

O conhecimento filosófico

O conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana, caracterizado na


própria razão humana. Busca dar sentido aos fenómenos gerais do universo, ultrapassando
os limites formais da ciência.

Características

 Valorativo: seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser
submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não
na experimentação.
 Não verificável: os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser
confirmados nem refutados.
 Racional: consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.
 Sistemático: suas hipóteses e enunciados visam uma representação coerente da
realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la na sua totalidade.
 Infalível e exacto: já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as
outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus
postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da
observação (experimentação)

Assim, se o conhecimento científico abrange factos concretos, positivos, e fenómenos


perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de
observação, o objectos de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências
lógicas que não redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de
observação sensorial directa ou indirecta (por instrumentos), como a que exigida pela
ciência experimental.

O conhecimento filosófico obtém-se mediante o método racional, no qual prevalece o


processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas
somente coerência lógica.

O conhecimento religioso

O conhecimento religioso ou teológico, apoia-se em doutrinas que contêm posições


sagradas.

. 29
Metodologia da Investigação Científica

Características

 Valorativo: por terem sido reveladas pelo sobrenatural


 Inspiracional: por terem sido revelado do sobrenatural
 Infalíveis: por terem sido revelado do sobrenatural
 Sistemático: como obra de um criador divino
 Não verificável: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento
revelado
 Exacto: suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da
observação, experimentação

Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do principio de que as “verdades”


tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade
(sobrenatural).

Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos factos observados e


experimentalmente controlados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém à
procura de evidências, pois apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas.

Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um
cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticamente de
determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida
quotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.

Os meios especiais do conhecimento

Os meios especiais do conhecimento, especialmente criados na ciência para o estudo dos


objectos, fenómenos e processos da realidade objectiva, permitiram atingir novos
conhecimentos científicos e acelerar a aparição dos mesmos.

Meios especiais do conhecimento são:

 Os materiais;
 Os matemáticos;
 Lógicos linguísticos.

. 30
Metodologia da Investigação Científica

Os meios materiais do conhecimento criam-se especialmente com o propósito de estudar


os objectos da natureza. São todos aqueles diversos aparelhos criados a partir do
pensamento científico do Homem com a finalidade de descobrir e chegar a novos
conhecimentos, que sem estes não seria possível atingi-los.

Exemplos: o telescópio, lupas, distintos tipos de microscópios, distintos tipos de maquinas


fotográficas, maquinas de vídeo, a TV, computadoras, aparelhos utilizados em medicina
para investigar e diagnosticar estados de saúde, o tensímetro, aparelhos que servem para
medir tensões (tensão de vapor, tensão superficial, etc.). Também são meios materiais do
conhecimento as instalações experimentais de diversos tipos, laboratórios, plataformas
espaciais e muitos outros.

Nas ciências sociais, foram criados outros meios materiais como podem ser certas técnicas
ou instrumentos, como os inquéritos, entrevistas, testes, fichas (guias) que auxiliam a
observação científica e outros.

Os meios matemáticos do conhecimento, surgem na antiguidade com os bons resultados


da matemática na Babilónia e Egipto, onde se fundamentaram como meio do conhecimento
e manipulação da Natureza, da terra e do Céu. Aqueles possibilitaram, nomeadamente, a
construção das Pirâmides ou das naus que percorriam, naquela altura, rios, e mares no
âmbito das rotas comerciais e de conquista guerreira.

Actualmente, os meios matemáticos aplicam-se na solução dos problemas das Ciências


Naturais e da Tecnologia. A matemática aplica-se ao cálculo e à construção de raciocínios,
conclusões e é fonte de ideias e princípios que possibilitam o surgimento de novas
hipóteses, teorias e orientações na Ciência.

O uso dos meios matemáticos do conhecimento é a mais importante característica no


desenvolvimento de toda a Ciência actual. As investigações, hoje, exigem da aplicação da
matemática, as relações quantitativas, os cálculos de relações entre variáveis, a estatística

e outras formas matemáticas, entram em todos os processos de investigação científica,


jogando papeis fundamentais nos resultados das mesmas.

Os meios lógicos e linguísticos têm a sua base na actividade cognitiva do homem, nos
processos psíquicos (emocionais e afectivos), que permitem o pensamento lógico, o
raciocínio lógico para interpretar e estabelecer relações, nexos entre os objectos,
fenómenos e processos da nossa realidade.

. 31
Metodologia da Investigação Científica

Estas interpretações são expressadas mediante determinada linguagem que se associa


com a realidade e que identifica a lógica e que, no final, expressam teorias, leis,
generalizações, conceitos. São exemplos a palavra falada ou escrita, símbolos, gráficos,
fórmulas, figuras, outros.

São importantes porque expressam a qualidade do pensamento dos cientistas e o caminho


percorrido no processo de investigação.

Nestes meios existe uma relação muito importante, a relação pensamento-linguagem.


Todos devemos ter em consideração esta relação de forma a expressar com clareza as
interpretações e leitura que se faz do contexto.

A Ciência como forma especial do conhecimento humano

A ciência como forma especial do conhecimento humano, se inicia na época que aparece o
trabalho intelectual e se separa do trabalho físico, pequenos grupos de homens, que
constituem a classe social dominante, utilizam o trabalho intelectual no sentido de:

 Organizar a produção material, o controlo da distribuição dos recursos da produção


e dos bens materiais da sociedade;
 A direcção sobre aqueles que participam no processo de trabalho;
 Criar as formas de governar, fundadas no domínio das minorias sobre as maiorias;
 O desenvolvimento da Ciência, a arte e outros ramos da actividade espiritual.

Estas formas de trabalhos intelectuais receberam os aportem da ciência para garantir ainda
mais a hegemonia da classe dominante.

A aparição destas funções conduzem à diferenciação, começam a formar-se grupos


especiais de pessoas que realizam funções específicas do trabalho intelectual.

Desta maneira a ciência se forma historicamente como um processo especial do


conhecimento, utilizado pela minoria. Assim:

 A actividade cognitiva na ciência é realizada por grupos de pessoas especialmente


preparadas;
 O desenvolvimento do processo do conhecimento em forma científico converte-se
em fim social destes grupos;
 A actividade cognitiva dos cientistas começa a realizar-se em forma de investigação
científica;

. 32
Metodologia da Investigação Científica

 Na ciência criam-se e elaboram os meios especiais do conhecimento.

Como conclusão pode ser dito que a ciência como forma especial de conhecimento tem três
funções essenciais: explicar, predizer e transformar a realidade em correspondência com as
necessidades e demandas da sociedade.

Trabalho individual

1. O que é conhecimento?
2. O que há de geral na estrutura e função dos receptores?

3. O que há de particular na estrutura e funcionamento dos receptores?

4. Coloca um exemplo na tua especialidade de relação causa - efeito, em que a causa


de um efeito e o efeito se converta em causa.

5. Como a relação entre conhecimento-pensamento explica o percurso histórico da


sociedade humana.

6. Não há dúvida, as sociedades humanas evoluíram, qual é a causa ou as causas da


evolução das sociedades humanas? Explique.

7. Analise a relação causa - efeito nos elementos do processo de conhecimento

Objecto a conhecer Sujeito que conhece

8. Fundamenta a seguinte afirmação:

“O homem de hoje de forma geral possui mais conhecimentos, que o homem do passado”.

9. No quadro seguinte, assinale com uma X as caracteristicas que correspondem a


cada tipo de conhecimento

Características Tipo de conhecimento

Científico Popular Filosófico Religioso

Objectivo

Sistemático

. 33
Metodologia da Investigação Científica

Racional

Valorativo

Superficial

Verificável

Exacto

Aproximadamente
exacto

Falível

Tema III “ Métodos científicos “

O método científico. Definição.

O que é método?

. 34
Metodologia da Investigação Científica

É um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim.

O que é método científico?

É o conjunto de actividades para um cientista desenvolver uma experiência a fim de


produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É
baseado em juntar evidências observáveis, empíricas, e mensuráveis, baseadas no uso da
razão.

Todas as ciências se caracterizam pela utilização de métodos científicos; em contrapartida,


nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências, nem todos os
que utilizam estes métodos estão fazendo ciência.

 O método científico é a teoria e prática da investigação científica.


 O método científico é o conjunto de actividades racionais, sistemáticas que permitem
concretizar novos conhecimentos obtidos da realidade objectiva.

Historia e desenvolvimento do método

Da mesma forma que o conhecimento se desenvolveu, o método também sofreu


transformação.

Os primeiros a tratar do assunto foram Galileu Galilei, Francis Bacon e Descartes.

Segundo Galileu, as ciências não têm como principal foco de preocupações a qualidade,
mas as relações quantitativas. Seu método pode ser descrito como indução experimental,
chegando a uma lei geral para intermédio da observação de certo número de casos
particulares.

Os principais passos de seu método são:

 Observação dos fenómenos;


 Análise dos elementos constitutivos desses fenómeno, com a finalidade de
estabelecer relações quantitativas entre eles;
 Indução de certo número de hipóteses, tendo por fundamento a análise da relação;
 Verificação das hipóteses aventadas por intermédio da experiência;
 Generalização do resultado das experiências para casos similares;
 Confirmação das hipóteses, obtendo-se a partir dela uma lei geral.

. 35
Metodologia da Investigação Científica

O método de Bacon estabelece que o conhecimento científico é o único caminho para a


verdade dos factos e deve acompanhar os seguintes passos:

 Experimentação, nessa fase o cientista deve observar e registrar, de forma


sistemática, todas as informações que têm possibilidade de colectar;
 Formulação da hipótese tendo como base as experiências e análise dos resultados
obtidos;
 Repetição os experiências em outros lugares ou por outros cientistas;
 Testagem da hipótese
 Formulação de generalizações e leis

Descartes considera que chega-se à certeza por intermédio da razão, e postula 4 regras:

 Da evidencia
 Da análise: descompor o todo em suas partes, de simples ao complexo
 Da síntese: reconstituição do todo
 Da enumeração

Tipos de métodos

Atualmente há uma grande diversidade de métodos cientificos que podem ser divididos em
dois grandes grupos, os métodos teoricos e o métodos empíricos.

Métodos teóricos

Os métodos teóricos são um conjunto de processos mentais que permitem o raciocínio


lógico do homem para estudar a realidade e poder estabelecer, teoria, leis, princípios,
generalizações que devem ser comprovados na prática.

Os métodos teóricos possibilitam a interpretação conceptual dos dados empíricos, explicar


os factos e aprofundar nas relações essenciais e qualidades fundamentais dos processos
não observados directamente.

Características

 São o produto da actividade cognitiva do homem;


 Foram os primeiros utilizados na ciência;
 Estão associados à linguagem.

. 36
Metodologia da Investigação Científica

Existem diversos tipos de métodos teóricos, só vamos a estudar os seguintes:

 Análise e síntese;
 Indutivo;
 Dedutivo;
 Hipotético – dedutivo;
 Dialéctico.

A análise e a síntese são dois processos cognitivos que cumprem funções muito
importantes na investigação científica.

Análise: é o processo que possibilita descompor mentalmente um todo complexo nas suas
partes e qualidades (a partir da representação mental do todo único, fazemos a
decomposição ou divisão em nossa mente das partes desse todo único). Exemplo:
pensamos no corpo humano como um todo íntegro, seguidamente em nossa mente se
representam as partes do corpo, cabeça, extremidades,...

Síntese: é o processo mental inverso à análise, mediante a síntese integramos


mentalmente as partes que separamos ou em que dividimos o objecto, fenómeno ou
processo de estudo.

Conhecer estes processos mentais, como funcionam, são muito importantes, devido a que
nos permitem enfrentar a realidade com maior consciência dos métodos que aplicamos, dos
caminhos lógicos que vão nos nossos pensamento para estudar e apreender, para
investigar as coisas e penetrar na essência das mesmas.

O caminho lógico que segue o nosso pensamento perante as coisas de complexidade, é a


decomposição das partes, investigar cada parte e depois integra-las e conhecer as
propriedades do todo único, a partir do estudo das partes.

Estes processos constituem pares dialécticos, não existem independentes um do outro.

O método indutivo, parte de dados particulares, sufucientemente constatados e infere uma


verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas.

Ou seja, a indução é uma operação lógica que vai do particular ao geral. Representa um
salto em frente do conhecimento, traduzido no enriquecimento da informação derivada do
exame de acontecimentos particulares, por tanto, a partir das premissas tira-se uma
conclusão.

. 37
Metodologia da Investigação Científica

Exemplo:

António é mortal. Benedito é mortal. Ora, António e Benedito são homens. Logo, (todos) os
homens são mortais.

A indução realiza-se em três etapas:

 A observação dos fenómenos


 A descoberta da relação entre fenómeno
 A generalização da relação

O método indutivo tem grande valor porque estabelece as generalizações sobre a base dos
estudos dos fenómenos singulares.

O método dedutivo, é uma forma de raciocinio que parte do geral para o menos geral ou
particular. Reformula ou enuncia de modo explicito a informação já contida nas premissas.

Exemplo:

Todo homem é mortal. (premissa maior), Pedro é homem. (premissa menor), Logo, Pedro é
mortal. (conclusão)

Tem o propósito de explicar o conteúdo das premisas, ao contrário do método indutivo que
procura ampliar o alcance dos conhecimentos. Os argumentos dedutivos sacrificam a
ampliação do conteúdo para atingir a certeza, ao passo que os argumentos indutivos
aumentam o conteúdo das premissas com sacrificio da precisão.

A indução e a dedução reflecte a lógica objectiva dos fenómenos e processos da realidade,


permitem o enlace entre o singular e o geral da mesma realidade.

Vejamos um exemplo prático: Numa investigação em uma primeira fase se pode usar o
método dedutivo, usando a observação para verificar se determinada teoria existente se
confirma na realidade.

Noutra fase, e porque, por exemplo, o investigador constata que existe algo que não esta
completo em determinada teoria, parte para uma investigação empírica, e utiliza o método
dedutivo para desenvolver uma nova teoria a partir dos dados obtidos na investigação.

Uma comparação entre ambos é:

. 38
Metodologia da Investigação Científica

Dedutivos Indutivos
a. Se todas as premissas são a. Se todas as premissas são
verdadeiras, a conclusão deve ser verdadeiras, a conclusão é
verdadeira provavelmente verdadeira, mas não
necessariamente verdadeira
b. Toda a informação ou conteúdo b. A conclusão encerra informações
factual da conclusão já estava, que não estavam, nem
pelo menos implicitamente, nas implicitamente, na premissa
premissas

No método hipotético-dedutivo, a ciência inicia-se com conceitos não derivados da


experiência, mas a partir de postulados em forma de hipóteses formuladas pelo investigador
com base nas suas premissas. Portanto, parte da percepção de uma lacuna nos
conhecimentos; sobre essa lacuna formula hipóteses; depois, pelo processo de inferência
dedutiva, testa a predição da ocorrência dos fenómenos abrangidos pela hipótese.

Um esquema simplificado das etapas do método hipotético-dedutivo, foi realizado por


Lakatos e Marconi (2008).

. 39
Metodologia da Investigação Científica

Conhecimento prévio e teorias


existentes

Formulação de hipóteses ou questões,


a partir de um facto, lacuna ou
problema detectado

Escolha de técnicas e métodos para


testagem das hipóteses

Recolha de dados

Analise dos dados

Avaliação das hipótese

Refutação das hipótese Aceitação das hipótese

Poderá conduzir a nova teoria, que


poderá originar novas lacunas ou
novos problemas

O método hipotético-dedutivo desempenha um papel essencial no processo de verificação


da hipótese.

O método dialéctico brinda as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da


realidade. Diz que os fenómenos não podem ser entendidos quando considerados
isoladamente. Exemplo: para entender a sociedade deve-se considerar todas as influências
possíveis (políticas, económicas, culturais, etc).

Baseia-se em três grandes princípios:

 A unidade dos opostos: todos os fenómenos apresentam aspectos contraditórios


 Quantidade e qualidade: características que estão inter-relacionadas

. 40
Metodologia da Investigação Científica

 Negação da negação: a mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez é
negado, mas esta segunda negação conduz a um desenvolvimento

Relações entre os métodos teóricos

Os métodos teóricos constituem um sistema de métodos, estes métodos teóricos, aplicados


no processo de investigação, devem considerar-se com a concepção de sistema. As
relações que se estabelecem entre o análises, a síntese e a indução - dedução e entre eles,
deve ter uma aplicação consciente em toda a parte teórica da investigação científica. E não
só, mas também quando estamos a estudar os conteúdos dos nossos materiais de estudo.

Quando estudamos as experiências científicas realizada, esse estudo implica a utilização de


métodos teoricos, mediante os quais elaboramos novas teorias.

Métodos empíricos

Os métodos empíricos são aqueles métodos de investigação científica que se realizam


mediante a prática, que requer da actividade prática do homem, da acção física, para
comprovação de factos. Estes métodos empíricos estudam a realidade concreta e actuam
sobre ela. Participam no descobrimento e acumulação dos factos e no processo de
verificação das hipóteses

Características

 São o produto da actividade prática da ciência;


 Utilizam-se na comprovação e verificação de teorias;
 Utilizam-se em todas as investigações científicas.

Existem diversos tipos de métodos empíricos:

 Observação científica
 Experiência científica
 Medição

Diariamente encontramos-nos perante um variado conjunto de situações e acontecimentos,


as pessoas caminha pelas ruas, as crianças jogam no jardim, em casa, realizando

. 41
Metodologia da Investigação Científica

observações que nos brindam informações sobre tudo que sucede no nosso entorno. Estas
observações diárias caracterizam-se por ser em casual, espontânea e subjectiva.

Com a aparição da espécie humana, aparece esta forma de observação diária (quotidiana),
mas quando o homem começa a fazer ciência aparece a observação científica. A
observação científica também evolui até atingir as formas e concepções actuais. A
observação científica é o método empírico mais primitivo, foi o primeiro método empírico e
foi utilizado para fazer ciência primitiva, teórica.

Devemos diferenciar a observação como método científico, da observação quotidiana.

O que é a observação científica?

Existem diversas definições sobre a observação científica, vejamos só dois:

“A observação científica é o método empírico de investigação, utilizado nas ciências para a


obtenção de informação primária acerca dos objectos investigados ou para a comprovação
da consequências empíricas da hipótese”.

“A observação como método científico é uma percepção atenta, racional, planificada e


sistemática, dos fenómenos relacionados com os objectivos da investigação, nas suas
condições naturais, habituais, sem provoca-los, para oferecer uma explicação científica do
mesmo”.

A observação científica é a forma mais elementar do conhecimento científico. As medições


e a experiência incluem a observação, embora a observação pode ser realizada fora da
experiência e medições.

Características:

 Consciente: está dirigida a um objectivo ou fim determinado;


 Sistemática: para observar cientificamente, é preciso ter em consideração,
princípios, tarefas e prazos específicos;
 Objectiva: a observação científica permite uma observação objectiva da realidade,
porque garante:

 Recolher informação de todos e cada um dos conceitos (variáveis) que


aparecem na hipótese. Estes conceitos devem ser previamente definidos

. 42
Metodologia da Investigação Científica

correctamente. Quando este se cumpre, falamos que existe validez na


observação;
 Elaborar um guia de observação, onde aparece aquele que temos que observar,
com claridade e precisão, para não provocar ambiguidade; para que outros
observadores que queiram aplicá-la, possam aplicá-la da mesma maneira.
Quando este se cumpre, falamos que a observação é confiávels.

O método de observação científica pode utilizar-se conjuntamente com outros métodos


teóricos e empíricos, técnicas (questionários, entrevistas, testes, outros).

Requisitos da observação científica

 O investigador deverá delimitar com claridade os aspectos que serão objecto de


estudo, (resulta impossível observá -lo todo). A selecção do que deverá observar-se
responde aos objectivos da investigação.
 A observação deve-se caracterizar por sua objectividade (observar os fenómenos
como acorrem na realidade). Deve-se utilizar guias, escalas ou outros instrumentos
que garantam a objectividade do registo.
 A observação deve ser sistemática (não resulta científico interpretar fenómenos que
foram observados numa só vez). Resulta necessário observar fenómenos em várias
ocasiões para atingir interpretações objectivas.
 Duração (uma observação realizada em tempo insuficiente, não permite explicar
adequadamente o facto que estudamos).

Tipos de observação científica

A observação científica evoluí, chegando a formas diversas devido as necessidades de


observar o incremento e diversidade de objectos, fenómenos e processos diferentes, com
finalidade científica.

O método de observação científica pode ser classificado de acordo com diferentes critérios.
Vamos referirmos á classificação da observação em dependência do sujeito que a realiza.
Segundo este ponto de vista podemos classificar a observação em: observação interna e
observação externa.

A observação interna: é um tipo especial de observação onde o próprio sujeito se analisa


a si mesmo, se auto-observa os seus próprios estados psíquicos, a suas vivências.

. 43
Metodologia da Investigação Científica

A observação externa: é aquela que se realiza por observadores treinados sobre o objecto
de estudo.

Neste tipo de observação registam-se os fenómenos tal e como acorrem, do modo mais fiel
possível, para posteriormente oferecer uma interpretação precisa do observado:

 Observação directa, o investigador entra em contacto imediato com o objecto de


observação
 Observação directa aberta, o observador não participa das actividades que realizam
os sujeitos observados, ele é testemunho.
 Observação directa encoberta, o observador encontra-se oculto, também se pode
utilizar aparelhos de filmagem, dispositivos televisivos, gravadoras, outros.

Importância da observação científica

Historicamente a observação foi o primeiro método de investigação empregado e durante


muito tempo constitui a forma básica de obter informação científica.

A importância fundamental da observação como método científico, é que permite obter a


informação do comportamento do nosso objecto de investigação tal e como este se dá na
realidade. É uma forma de obter informação directa ou imediata sobre o fenómeno ou
objecto que está sendo investigado.

A observação estimula a curiosidade, leva ao descobrimento de questões que podem ter


interesse científico e provocam a formulação de um problema e das hipóteses
correspondentes.

A observação pode utilizar-se em combinação com outros métodos e técnicas.

Experiência científica

A generalidade dos autores considera o método experimental como o fundamental, o mais


completo, o mais importante no processo de investigação científica.

Expressam, que a experiência constitue o método modelo para conhecimento cientifico e é


utilizada para adquirir conhecimentos sobre regularidade e novos factos.

. 44
Metodologia da Investigação Científica

Diferencia-se da observação no que o investigador intervém de modo directo na


experiência, criando as condições necessárias para que se produza o facto objecto desta.

A constatação de um facto pode verificar-se por meio da observação ou outros métodos,


embora quando tratamos de descrever as leis que permitem a sua manifestação, os
princípios básicos que o definem, é necessário o uso do método experimental.

Importância da experiência científica

Para poder explicar e predizer é imprescindível conhecer as relações causais presentes nos
objectos, fenómenos ou processos estudados, é a experiência via fundamental para
conhecer ditas relações.

Os resultados da experiência permitem confirmar ou criar novas teorias, actuam como


estimulo para a sua modificação ou criando novas teorias.

Medição

A medição desenvolve-se para obter informação numérica acerca de uma propriedade ou


qualidade do objecto ou fenómeno.

Métodos específicos das Ciências Sociais

A lista dos métodos específicos das ciências sociais é longa, mas no quadro desta disciplina
analisaremos somente alguns deles.

Método histórico: é um método teórico de pesquisa mediante o qual se estudam as


distintas etapas que atravessa um objecto, processo ou fenómeno em sua sucessão
cronológica desde seu surgimento para conhecer sua evolução e desenvolvimento com a
finalidade de descobrir tendências.

Assim, o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições


do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições
alcançaram sua forma actual através de alterações de suas partes componentes, ao longo
do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época.

O método histórico preenche os vazios dos factos e acontecimentos, apoiando-se em um


tempo, mesmo que artificialmente reconstruído, que assegura a percepção da continuidade
e do entrelaçamento dos fenómenos.

. 45
Metodologia da Investigação Científica

Exemplo: Para compreender o problema Israelo-Palestiniano investigam-se os factores


histórico-geográfico do passado desta provoação.

Método funcionalista: estuda o objecto do ponto de vista da função das suas unidades,
partes.

A sua metodologia considera que a sociedade é formada por partes componentes,


diferenciadas, inter-relacionadas e interdependentes, satisfazendo, cada uma, funções
essenciais da vida social, e que as partes são melhor entendidas compreendendo-se as
funções que desempenham no todo.

O método funcionalista considera, de um lado, a sociedade com uma estrutura complexa de


grupos de individuos, reunidos numa trama de acções e reacções sociais; de outro, como
um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação a
outras. Qualquer que seja o enfoque, fica claro que o conceito de sociedade é visto como
um todo em funcionamento, um sistema em operação. E o papel das partes nesse todo é
compreendido como funções no complexo de estrutura e organização.

Método comparativo: neste método realiza-se comparações, com a finalidade de verificar


similitudes e explicar divergências entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos no
presente, no passado, ou entre os existentes e os do passados, quanto entre sociedades de
iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.

Exemplo: União Africana e a União Europeia: os objectivos e as missões.

Método estatístico: Os processos estatísticos permitem obter, de conjuntos complexos,


representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre
si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos,
económicos etc. em termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite
comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza,
ocorrência ou significado.

O papel do método estatístico é, antes de tudo, fornecer uma descrição quantitativa da


sociedade, considerada como um todo organizado. Por exemplo, definem-se e delimitam-se
as classes sociais, especificando as características dos membros dessas classes, e depois
mede-se a sua importância ou a variação, ou qualquer outro atributo quantificável que
contribua para o seu melhor entendimento. Mas a estatística pode ser considerada mais do

. 46
Metodologia da Investigação Científica

que apenas um meio de descrição racional; é também, um método de experimentação e


prova, pois é método de análise.

Exemplo: Verificar a correlação entre o nível de escolaridade e a lactância materna.

Trabalho individual

1. Faça uma comparação entre os métodos científico teóricos e empíricos tendo em


conta suas características.
2. Mencione os métodos científicos teóricos estudados e defina cada um.
3. Foi estudado o rendimento académico dos estudantes da turma GCM15 e
concluímos que o rendimento é bom. Que método teórico foi aplicado e por quê?
4. Elabore uma guia de observação com cinco (5) características a observar de um
objecto de estudo seleccionado por você.
5. Elabore um quadro com os métodos específicos da ciência sociais e uma
característica de cada um deles.
6. Responda verdadeiro ou falso

______ A observação consitui a forma mais elementar do conhecimento científico

______ Os resultados da experiência permitem confirmar ou criar novas teorias

______ Os métodos empíricos realizam-se mediante a prática

______ A observação científica é objectiva, consciente e sistemática

______ Os métodos teóricos constituem um sistema

______ O método científico é a ferramenta da ciência para obter conhecimento

Tema IV Processo de Investigação Científica

Este tema é fundamental para a melhor compreensão do processo de investigação


científica, é base para realizar o Protocolo de Investigação Cientifica, ademais de por às
claras duvidas sobre alguns aspectos da Metodologia da Investigação e conhecer a
estrutura interna do processo de investigação científica.

. 47
Metodologia da Investigação Científica

Foi citado que a pesquisa é uma actividade voltada para a solução de problemas teóricos
ou práticos com o emprego de processos científicos. Ela parte de uma dúvida ou problema
com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução.

Estrutura interna do Processo de Investigação Científica

A investigação científica é um PROCESSO integrado por um conjunto de etapas


coerentemente ordenadas e com requisitos que é necessário cumprir rigorosamente.

Mediante a seguinte zeta representamos o processo de investigação científica, se inicia em


A e termina em B.

A B

Para estudar este processo precisamos de fazer uma análise, dividir o processo A-B, em
partes, de maneira de estudar cada uma das partes separadamente e depois integrar a
mesmas para compreender o que acontece no espaço A-B.

Estas etapas ou partes constituem a estrutura interna do Processo de Investigação


Científica.

Em quantas partes temos dividido o processo de Investigação Científica para melhor


compreensão de sua estrutura interna?

Alguns investigadores para fazer compreensível este estudo do processo de investigação


científica dividem o mesmo em dois, três ou cinco etapas. Nos vamos a dividir
didacticamente o processo considerando 4 etapas:

A 1 2 3 4 B

As etapas são:

1.- Organização, preparação e planificação do processo de investigação;

2.- Execução do processo de investigação;

3.- Processamento dos dados, da informação;

4.- Elaboração do informe de investigação.

. 48
Metodologia da Investigação Científica

Evidentemente estas 4 etapas ou partes sucessivas ou consecutivas não devem-se alterar,


devido a lógica das partes.

Portanto, a estrutura interna do Processo de Investigação Científica nos indica a lógica da


ciência para investigar.

Todos os investigadores independentemente do tipo de investigação a realizarem, seguem


sempre a lógica da ciência expressada na estrutura interna do processo de investigação
científica.

O Processo de Investigação Cientifica é um sistema e como tal responde ás características


de todo sistema.

Características de cada etapa do processo de Investigação Científica

Cada etapa tem sua característica.

 Primeira Etapa: Organização, preparação e planificação do processo de


investigação

A primeira etapa do processo de investigação é geralmente a mais longa e desta dependem


os resultados da investigação. Por isso é preciso ter muito cuidado para não cometer erros
que mais adiante podem prejudicar os resultados da investigação.

Isto não quer dizer que apareçam imprevistos que obriguem a fazer modificações no
Protocolo de Investigação, que nos obriguem a fazer trocas ou eliminar aspectos
planificados. Isto deve-se a factores relacionados com a própria dinâmica da vida, há coisas
que mudam e em consequência devem ser mudados outros factores do sistema, para que o
sistema atinja os seus objectivos.

Esta etapa culmina quando os investigadores concluíram o Protocolo ou Projecto de


Investigação, no qual encontramos toda a Organização, Preparação e Planificação do
processo de investigação científica que se vai realizar.

Na primeira etapa os investigadores destacam e colocam o aspecto ou necessidade de


investigar um assunto, se analisa as possibilidades reais para poder efectuar a investigação
e convencidos de que possuem as condições e é possível a investigação científica do tema,
que dará solução a uma necessidade da sociedade ou parte dela.

. 49
Metodologia da Investigação Científica

Entre as primeiras tarefas, para não dizer a primeira, se encontra o estudo por parte dos
membros da equipa do assunto a investigar, é dizer começar a busca da Informação
Científica Técnica existente sobre o tema de investigação realizar, em bibliotecas, centros
de documentação, centro de informação cientifica; consultando nestes centros, os trabalhos
de investigação, referentes ao estudo que se vai fazer, publicações, livros, monografias,
artigos em revistas especializadas, na Internet ou outra fonte existente.

Em esta etapa também são definido o título do trabalho, o objecto de estudo e os objectivos
gerais e particulares da investigação. Se formula o problema, a hipóteses e variáveis do
estudo. São elaborados os instrumentos de trabalho (métodos, procedimentos e técnicas) e
o cronograma a empregar.

Nesta etapa fica definido o que vai a ser feito nas etapas seguintes.

 Segunda Etapa: Execução do processo de investigação

É a etapa de aplicação dos instrumentos, a amostra seleccionada com a finalidade de


recolher os dados ou informação.

Em esta etapa se obtêm as respostas as perguntas presente nos instrumentos de trabalho


(inquérito por questionário, entrevista, etc.) e que constituem a informação, os dados que se
buscam no processo de investigação para chegar a comprovar a hipótese e por tanto atingir
novos conhecimentos.

 Terceira Etapa: Processamento dos dados, da informação

Nesta etapa se processam (analisam e relacionam uns com outros) a informação recolhida
na Segunda Etapa do processo de investigação e seus resultados são comparados com a
hipótese, com a finalidade de comprovar a mesma, de validá-la para saber se a solução do
problema realmente é o formulado pela hipótese.

O processamento da informação permite a aparição de novos conhecimentos teóricos.

 Quarta Etapa: Elaboração do informe de investigação

Nela se elabora o informe final da investigação realizada.

O informe deve conter, rigoroso ordenamento e alto grado científico, para expressar, todo o
relacionado com a investigação desde a primeira etapa até seu momento final.

. 50
Metodologia da Investigação Científica

Neste informe devem aparecer com claridade os resultados e possíveis aplicações dos
mesmos e outros aspectos relevantes da investigação realizada.

Tema V Procedimento de pesquisa

Objectivos:

 Compreender a sequência das partes em que pode ser dividido didacticamente o


processo de Investigação Cientifica, para a sua melhor compreensão;
 Determinar os aspectos essências e operacionais do processo de Investigação
Cientifica.

. 51
Metodologia da Investigação Científica

Escolha do tema de investigação

O processo de investigação científica inicia-se com a selecção de um tema geral ou


assunto.

O tema de investigação refere-se ao conteúdo mais amplo, mais geral, mais universal que
vai ser investigado.

Exemplos de temas podem ser: Economia Política, Marketing Social, Marketing e Vendas,
Avaliação do desempenho, Motivação do pessoal, Desenho e analises de funções, Higiene
e segurança no trabalho, Redes, etc.

Essa etapa da pesquisa tem especial atractivo, já que o investigador tem maior liberdade
para a escolha do tema e deverá repousar nas suas preocupações e interesses dentro do
seu campo de acção e de seus juízos de valor.

Assim, quatro perguntas deverão ser respondidas positivamente para que o tema possa ser
eleito com acerto:

I. Tenho interesse no tema? O pesquisador deve ter curiosidade pessoal e/ou


profissional em relação ao tema seleccionado.
II. Sou capaz de resolver o tema? O conhecimento e experiência anterior à pesquisa
em relação ao tema são fundamentais.
III. Há interesse social no estudo do tema? O pesquisador deve propor tema original,
pois de nada adianta escolher um tema que já foi exaustivamente discutido.
Actualmente existem poucos temas que nunca foram abordados, em contrário, há
poucos temas totalmente estudados.
IV. A sociedade em que vivo me oferece recursos para estudar o tema? O
pesquisador deve analisar se dentro o contexto social em que irá pesquisar possui a
bibliografia, financiamento possibilidade de colectar dados, prazo para apresentar os
resultados, etc do tema seleccionado. Sem não tem as condições necessárias
devera desistir da investigação.

Em resumo, escolher um tema significa seleccionar um assunto de acordo com as


inclinações, as possibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar o
trabalho, assim como encontrar um objecto que mereça ser investigado cientificamente e
tenha condições de ser formulado e realizado.

Titulo do trabalho

. 52
Metodologia da Investigação Científica

Dentro de um mesmo tema deve-se seleccionar um tópico para ser estudado e analisado
em profundidade, tornando-o viável de ser pesquisado.

Esta delimitação começa com a formulação do título e tem que ter em conta ao longo do
todo o processo de investigação científica. Não delimitar o tema é uma das falhas mais
comuns para o fracasso da investigação.

O título é o conteúdo específico que se vai a investigar. Não deve oferecer ambiguidade na
interpretação de aquilo que vai a ser estudado.

No título deve aparecer o objecto de estudo e as unidades de análises, o lugar onde se vai
realizar a investigação e outros aspectos que permitam que seja expressado com claridade
e precisão aquilo que será pesquisado.

De forma geral, deve ser escrito de maneira concreta utilizando o menor número de
palavras possível.

De um tema podem ser feitos diferentes trabalhos.

Revisão Bibliográfica

É a realização de uma pesquisa bibliográfica que visa identificar, localizar, interpretar e


anotar a informação existente em suportes estáveis sobre a questão delimitada.

Se inicia na primeira etapa da estrutura interna do processo de investigação científica e só


termina quando o trabalho de investigação haja culminado, o seja, os integrantes da equipa
realizam esta actividade em todas as etapas do processo de investigação.

O que é a Informação Científico Técnica?

A Informação Científico Técnica é o registro em diferentes formatos do conteúdo do


sistema de conhecimento adquirido a partir da ciência ou técnica.

A dinâmica do mundo actual exige aos estudantes do Ensino Superior, aos professores e
todos aqueles que precisem estudar, investigar e estar actualizados, que sejam organizados
e estejam eficientemente preparados para enfrentar com êxito os Sistemas de Informação
Cientifica.

. 53
Metodologia da Investigação Científica

As finais do século XVI e princípios do século XVII, período do surgimento da Ciência


Moderna a quantidade de cientistas existentes era exígua, hoje é maior e deve-se a
diversos factores, entre eles:

 O reconhecimento dos aporte da Ciência e Técnica ao desenvolvimento sócio


económico, para melhorar a vida dos seres humanos;
 A massificação e participação humana no ramo da Ciência, o que faz que hoje se
incorporem e dediquem mais pessoas ao trabalho científico, as investigações
científicas;
 Origem o surgimento de novos ramos da ciência.

A I.C.T. é um importante recurso, que intervém de forma decisiva no desenvolvimento e


independência soberana dos países. Mediante a Informação Científico Técnica conhecemos
o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias, introduzidas na prática.

Hoje a I.C.T. é eficientemente controlada, embora o seu acesso não seja possível para
todos os países e para todos os homens equitativamente por diversas razões, entre elas a
sócio económicas.

A I.C.T. é muito antiga, surgiu com a divulgação dos primeiros trabalhos científicos
realizados em épocas remontas, quando a mesma era verbal e ainda não se realizava
escrita, mais adiante a palavra foi levada ao papel e sua diferentes formas de apresentação,
até que surgiram os meios electrónicos.

Cada pessoa segundo o seu nível de preparação e de desenvolvimento intelectual e sócio


económico, da solução a suas necessidades a través dos diferentes meios de informação
científica.

Tem como objectivos fundamentais:

1.- Na etapa preliminar redefinir o tema de forma mais detalhada e equacionar as diferentes
abordagens para dar explicação a hipótese.

2.- Servir para elaborar um plano de índice geral relacionando os diferentes aspectos e
partes do tema

3.- Identificar as palavras-chaves que possam descrever ou estar relacionadas com o tema

4.- Identificar todas as teorias existente sobre o tema

. 54
Metodologia da Investigação Científica

5.- Indagar sobre as pesquisas que tem sido feitas sobre o tema em questão e os métodos
utilizados

Isto permitirá fazer uma ideia acerca dos diversos estudos já desenvolvidos sobre o
assunto, afim de evitar repetição de trabalhos desnecessária e também permitirá,
posteriormente, a realizar comparações e análises dos resultados obtidos no processo de
investigação científica.

A revolução da Internet

A Internet, rede mundial de computadores, tornou-se uma importante fonte de pesquisa


para os diversos campos do conhecimento. O termo refere-se a uma interconexão em
particular, de carácter planetário e aberto ao público, que conecta redes informática de
organismos oficiais, educativos e empresariais.

A partir do surgimento dos sistemas electrónicos de informação, a população mundial a


visto o incremento de diferentes e variadas formas de I.C.T., permitindo o acesso dos
interessados a milhares de informações que estão armazenadas em seus Web Sites.
Permite a esses interessados navegar por essa malha de computadores, podendo consultar
e colher elementos informativos aí disponíveis e também permite a todos os investigadores
a troca de mensagens e informações, com rapidez, eliminando barreiras de tempo e de
espaço.

São muitos os sites onde podemos obter informação fiável, e cientificamente válida, porém,
necessitamos de ter já conhecimento prévio para pesquisar nas fontes certas, mais, ela

oferece alguns perigos na qualidade da informação fornecida, já que qualquer pessoa pode
colocar sua Homepage informação errada. Sendo assim, é recomendável confirmar em
outra fonte a informação recolhida na Internet e não fazer uso de trabalhos que não tenham
um autor referenciado.

Fontes bibliográficas

A recolha da informação deve ser realizada em bibliotecas, arquivos, agências


governamentais, instituições, ou qualquer serviço de informação existente.

Tais documentos se definem pela natureza dos temas estudados e pelas áreas em que os
trabalhos se situam e encontram-se em bibliotecas, arquivos, agências governamentais,
instituições, ou qualquer serviço de informação existente.

. 55
Metodologia da Investigação Científica

Em Angola, pese embora o esforço de actualização das bibliotecas, ainda acontece por
vezes haver dificuldade em encontrar literatura actualizada sobre alguns temas científicos.

Estas fontes podem ser:

 Publicações Científicas
 Trabalhos Científicos

Dentro das publicações científicas se encontram as comunicações científicas, artigos


científicos, informe científico, resenhas críticas, conferências e livros científicos.

Os trabalhos científicos podem ser monografia, dissertações e teses.

Uma comunicação científica refere-se à informação apresentada em congressos, simpósios,


etc a ser posteriormente publicada em anais e revistas.

Um informe científico é um tipo de relatório escrito que divulga os resultados parciais ou


totais de uma pesquisa. É o mais sucinto dos trabalhos científicos.

A resenha crítica é um pequeno texto discorrendo sobre um outro texto (livro, artigo, texto
ou filme) com abordagem critica acrescentando novos elementos e contribuindo assim para
esclarecer futuras leituras do texto resenhado. É feita, em geral, por um cientista que, alem
do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico.

A conferência consiste em uma exposição oral sobre um assunto científico que pode
destinar-se à publicação uma vez preparado o texto com essa finalidade.

O artigo científico é uma publicação que trata de pequenos estudos verdadeiramente


científicos, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas
diversas áreas do conhecimento, mais não constituem ainda em matéria para um livro. São
publicados em revista especializadas e permitem a reprodução da experiência realizada.

Existem vários conceitos sobre monografia dependendo da forma de análise dos autores.
Num contexto geral, monografia é o tratamento exaustivo de um tema específico que resulte
de investigação científica que se comunica de forma escrita. Deve apresentar uma
contribuição relevante ou original e pessoal à ciência. Tem uma estrutura definida que deve
ser cumprida de forma rigorosa.

. 56
Metodologia da Investigação Científica

Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), é um género de monografia pedido como


etapa obrigatória para colação de grau de cursos de Graduação e apresenta algumas
peculiaridades de acordo com a instituição que o solicita.

Os termos dissertação e tese se aplicam ao trabalho de final de curso de pós


graduação strito sensu, para obtenção dos títulos de mestre e doutor, respectivamente. As
diferenças de conteúdo desses trabalhos em relação a complexidade e profundidade dos
temas desenvolvidos dependerão dos objectivos para sua elaboração. Destaca-se,
entretanto, que no caso da tese o aspecto da originalidade é uma questão fundamental a
ser perseguida.

Fichas

A utilização de fichas permite ao investigador organizar eficientemente a Informação


Científica Técnica (ICT), o seja, colocar á sua disposição uma série de informações de
obras já consultadas, que em sua maior parte não lhe pertencem, e lhe permitem assim a
identificação das obras, seus conteúdos, fazer citações, analisar o material e elaborar
criticas do documento analisado.

Actualmente, as fichas são utilizadas nas mais diversas instituições do mundo.

Os registros podem ser feitos em folhas pequenas de cartolina ou papel de maneira


pautada ou mais modernamente através de programas de computado (bases de dados) que

permitem que esses vários registros sejam elaborados e consultados com maior facilidade.

As fichas pautadas ou não, devem preencher determinados requisitos, tais como


durabilidade e tamanho. Existem fichas de diversas dimensões:

 grande 12 x 20 cm;
 médio 10 x 15 cm;

 pequeno 8 x 13 cm, que é a mais utilizada internacionalmente.

Tipos de fichas

a. Ficha bibliográfica

A ficha bibliográfica tem como objectivo identificar a obra consultada.

. 57
Metodologia da Investigação Científica

Três tipos de documentos são habitualmente objecto de este tipo de ficha: livros,
monografias, artigos científicos e partes, capítulos e secções de livros.

O formato usual para este tipo de ficha quando se pretende identificar um livro ou
monografia é: ultimo sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, primeiros nomes, ponto.
Título da obra, ponto, edição, ponto, local de edição, dois pontos, nome da Editora, vírgula,
ano da publicação, virgula, números de páginas, ponto.

Ex.:

Assunto: RECURSOS HUMANOS Local:

CAETANO, A. Avaliação do Desempenho, Metáforas, Conceitos e Práticas, Lisboa: ISCSP


Ed., 2008, 200 pp

Chama-se a atenção que:

 O último apelido do autor pode ser registrado em maiúscula ou não, não entanto, o
critério de registro deve ser uniforme para todo o trabalho.

 Quando se trata de uma obra de auditoria colectiva se adopta:


 até três autores procede-se da mesma forma, separando os nomes por ponto
e virgula (;)

Ex.: MARTINS, Pedro; Souza, Carlos F., Métodos Modernos de Gestão, São Paulo: Fontes
Ed., 1994, 250p

 para mais de três autores menciona-se o primeiro seguido da expressão


et al.

Ex.: ALTAMIRO, J. S. et al. A metodologia do ensino na graduação. 2 ed. Rio de Janeiro:


Vozes Ed., 1988, 120 pp

 Entidade colectivas, em geral entra-se pelo nome da entidade em caixa alta.

. 58
Metodologia da Investigação Científica

Ex.: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para


apresentação de trabalhos. Curitiba, 2000

 O título, dada sua importância deve ser destacado, umas vezes a negrito, outras a
itálico, outras a sublinhado, o importante é usar um critério uniforme.
 O local de edição e a editora devem ser colocados sem ed. E quando se trata de
uma co-edição ou de um livro publicado em vários locais, essa informação deve ser
separada por uma barra.
 Quando falta alguma informação bibliográfica essencial deverá ser registrada da
forma seguinte: sem data = s/d; sem editor = s.n; sem local de edição = s.l.
 No caso de artigos inseridos em revistas, deverão ser assinalados com o título em
letra normal, seguido do título da fonte original em itálico, volume, número da revista,
e intervalo de páginas correspondentes ao artigo.

Ex.: AAKER, D. A. Organizing a Strategic Information Scanning System. California


Management Review, 25(2), 1983, pp. 76-83.

 Os artigos sem nome de autores (ex. artigo de jornal ou relatórios de empresas),


deverão estar alfabeticamente explicitados a partir do nome da organização ou fonte
responsável pelos mesmos (exemplo 6)

Ex.: HORWATH CONSULTING Portuguese Hotel Industry 1990. Lisboa, Horwath


Consulting, 1991.

 No caso de capítulos inseridos em obras, estes deverão ser assinalados com:


Sobrenome, N. [Nome] (Ano). Título da obra, a designação In, Sobrenome, N.
[Nome] da obra colectiva, Título da Obra colectiva entre aspas, Edição [quando
existente]. Lugar de Publicação, Nome da Editora, p. x [ou, pp. x-xx] (exemplo 7).

Ex.: AXELROD, R. Decision for Neoimperialism: The Deliberations of the British Eastern
Committee in 1918. In: Axelrod, R. (Ed.). The Structure of Decision: The Cognitive Maps of
Political Elites. Princeton, NJ, Princeton University Press, 1990, 23-55 pp.

b. Ficha de conteúdo

Enquanto a ficha bibliográfica contém só os elementos de identificação da obra, a ficha de


conteúdo apresenta uma síntese bem clara e concisa das ideias principais da obra. Em sua
elaboração o pesquisador pode fazer um resumo com suas próprias palavras, evitando

. 59
Metodologia da Investigação Científica

observações e colocações subjectivas para que não fuja do assunto central da obra. Deve
ser corta, sem transcrições textuais da obra e sem que seja um sumário ou índice das
partes componentes do texto. Deve conter todos os aspectos que identificam a obra.

Ex.:

Assunto: Recursos Humanos Local:

CAETANO, A. Avaliação do Desempenho, Metáforas, Conceitos e Práticas, Lisboa: ISCSP


Ed., 2008, 200 pp

RESUMO

c. Ficha de citação

Nessa ficha será reproduzido todo conteúdo textual da obra que interesse ao pesquisador e
que se pretende usar como citação na redacção do trabalho. Também esta presente toda a
informação que caracteriza a obra.

Para sua elaboração devem-se observar os seguintes cuidados:

 A citação tem de vir entre aspas;


 Após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída. Isso permitirá
a posterior utilização no trabalho, com a correcta indicação bibliográfica;

 A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando - se, no local da
omissão, três pontos entre parêntese e por espaços no inicio e final (…)

. 60
Metodologia da Investigação Científica

 A supressão de um ou mais parágrafos deve ser assinalado por uma linha completa
de pontos;

 A frase pode ser complementada, se necessário.

Ex.:

Assunto: Metodologia Científica Local:

MARCONI, M.A; LACKATOS, E.M. Metodologia do Trabalho Científico. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1995, 300 pp

“O conhecimento popular e o científico possui objectivo comum, mas o que os diferencia é a


forma, o modo e os instrumentos do ‘conhecer’. Uma das diferenças é quanto à condição ou
possibilidade de se comprovar o conhecimento que se adquire no trato directo com as
coisas e o ser humano”. (pp 10).

Ficheiro do Investigador

O ficheiro é a maneira que tem o investigador de organizar as fichas elaborados durante


todo o período de investigação.

Sua estruturação dependerá dos critérios do investigador. Os critérios mais utilizados são a
classificação por ordem alfabética ou por assunto.

Deve ser de tal forma que permita a qualquer momento incluir novos assuntos, nova
subdivisões, sem necessidade de refazer a trabalho.

Objecto de estudo

. 61
Metodologia da Investigação Científica

O objecto da pesquisa responde a pergunta O que é que se pesquisa? ou que vai a ser
investigado?

Expressa com poucas palavras a essência, a direcção do que vai a ser investigado.
Formulamos o objecto de estudo relacionando o tema com o título.

Exemplo:

Tema: Gestão de Empresas

Título: Critério dos trabalhadores da empresa X, sobre os factores que possibilitam


melhorar a gestão empresarial, para atingir o rápido crescimento económico.

Objecto do estudo: Critérios sobre a gestão empresarial

Analisando os primeiros elementos iniciais que aparecem na primeira etapa do processo de


investigação científica, é indubitável que constituem um sistema, que se inicia com a
selecção do tema, revisão bibliográfica, formulação do título e do objecto de estudo.

Problema

Formular o problema científico consiste em dizer de maneira clara, explícita e


compreensível a dificuldade com a qual nos defrontamos ou pretendemos resolver. É
estrutural mais formalmente a ideia da investigação.

Em geral, o problema é uma questão que mostra uma situação necessitada de investigação
científica, pelo que é o ponto de partida da pesquisa. Da sua formulação dependerá o
desenvolvimento da investigação.

Responde a pergunta Por que investigar?

As qualidades que deve possuir um problema científico são:

 Objectividade - Subjectividade: Todo problema tem que responder a uma


necessidade real da sociedade;
 Totalidade - Especificidade: O problema não pode ser impreciso. A precisão do
problema possibilita determinar dialecticamente o objecto da investigação como
totalidade e especificar questiones particulares que interessam dentro da realidade
que se estuda;

. 62
Metodologia da Investigação Científica

 Insuficiência teórica: deve mostrar que existe um desconhecimento teórico do


assunto a estudar e que se precisa resolver.

Este deve ser formulado sim ambiguidade em forma interrogativa para facilitar a
identificação do que se deseja pesquisar. Ex.:

Quais são as causas...?

O que é …?

Por que …?

Qual é o critério dos...?

Que efeito...?

Como se relacionam...?

Em que condições...?

Qual é a via para …?

Como funciona …?

Deve expressar uma relação entre dois ou mais variáveis. Ex.:

Quais são os critérios dos trabalhadores da empresa X, sobre os factores que possibilitam
melhorar a gestão empresarial para atingir o rápido crescimento económico?

Objectivos da investigação

O objectivo é a finalidade ou metas que o investigador quer atingir com a realização da


investigação e respondem a pergunta Para quê investigar?

Deve expressar com claridade e objectividade a finalidade da pesquisa, para evitar


ambiguidades que conduz a desviar a atenção e perder a direcção em causa da pesquisa.

Qualquer trabalho de investigação é avaliado pelo cumprimento dos objectivos através de


um processo sistemático, para não se afastar dos mesmos.

. 63
Metodologia da Investigação Científica

Em sua formulação devem:

 Expressar de modo sintético e genérico as qualidades do objecto.


 Ser formulados em tom afirmativo;
 Ser formulados em forma clara e precisa;
 Ser mensuráveis, verificável e comprováveis.

O processo de investigação científica pode ser realizada em diferentes etapas.

Por exemplo se o título do trabalho a desenvolver é “Algumas das principais causas de


falência das pequenas empresas comerciais no município da Maianga no ano 2007”.

Então, para conhecer as principais causas é possível que precise identificar os


procedimentos e métodos usados pelos gestores e depois analisar esses procedimentos
comparando-os com as normas científicas de gestão empresarial.

Observe-se como a investigação pode ser progressiva, levando a esclarecer diferentes tipos
de objectivos.

Um objectivo geral, que é o propósito geral que o trabalho pretende alcançar. Ele expressa
uma acção que produz, um resultado desejado num espaço de tempo determinado e
medível. É atingido ao final do processo de investigação.

Os objectivos específicos estabelecem propósitos particulares. Eles resultam da


decomposição do objectivo geral em passo lógicos e sequenciados, apontando para as
principais variáveis em estudo. Também são chamados parciais, precisamente porque se
atingem a mediano prazo. O seu cumprimento é obtido em menos tempo que os objectivos
gerais. Portanto:

somatórios específicos = geral = resultado esperado

Ex.:

Para que realizar esta investigação o objectivo geral será:

- Determinar as principais causas de falência das pequenas empresas comerciais no


município da Maianga no ano 2018.

Os objectivos específicos poderão ser:

. 64
Metodologia da Investigação Científica

- Identificar os procedimentos e métodos usados pelos gestores das pequenas empresas


comerciais no município da Maianga no ano 2018.

- Comparar os procedimentos e métodos usados pelos gestores das pequenas empresas


comerciais com as normas científicas de gestão empresarial actuais.

Observe-se que devem ser formulados depois do tema e do título e iniciar utilizando um
verbo no infinitivo. Exemplo: determinar, analisar, comprovar, descobrir, definir, comparar,
descrever, estabelecer, explicar, caracterizar, discutir, etc.

Cada investigação deve propor uma quantidade limitada de objectivos e estes devem ser
formulados desde o início da pesquisa, apesar de que durante o processo de investigação
podem surgir objectivos novos, não previstos e surgir a necessidade de modificar algum
objectivo proposto ou incluir algum novo. Agora isto não significa deixar de respeitar o que
esta bem pensado e o que aparece no Protocolo.

Relação problema-objecto-objectivo

Na pesquisa científica a tríada formada pelo, problema, o objecto e o objectivo constituem


um conjunto inseparável, pois não é possível referir-se a um deles sem fazer alusão aos
outros.

O problema se manifesta no objecto, entretanto que o objectivo pretende resolver o


problema, ou seja, transformar o objecto. Daqui que existe entre estes três elementos uma
relação com carácter de lei.

Hipótese

As hipóteses constituem respostas tentativa e provisórias ao problema de investigação que


devem ser testada durante a pesquisa.

Surgem da observação dos factos, dos resultados obtidos de outras pesquisas, das teorias
já existentes ou da intuição do pesquisador, pelo que sua formulação é de natureza criativa
e requer experiência na área.

Resumindo:

Dúvida tentativa de solução

? resposta antecipada

. 65
Metodologia da Investigação Científica

Problema hipótese

Cumpre uma função orientadora fundamental, já que permite ao investigador confirmar ou


negar a teoria.

Se confirmamos a hipótese reafirmamos ou comprovamos a teoria que ela expressa, se não


confirmamos a hipótese, é dizer é negada ou refutada pelos dados adquiridos e
processados, então aporta um novo conhecimento que permite reduzir o conjunto de
conhecimentos que nos aproxima a verdade. e deve ser testada durante o processo.

Há investigações científicas que não formulam hipótese. Esta ausência faz pobre o nível
teórico da investigação e limita a orientação para obter os dados que é necessário buscar e
encontrar.

Sua formulação deve ser simples, clara, compreensíveis e passíveis de verificação. Os


conceitos empregados no enunciado de uma hipótese devem ser precisos, a fim de evitar
sentido ambíguo e, consequentemente, facilitar o processo da pesquisa.

É sempre uma afirmação e podem estar explícitas ou implícitas na pesquisa.

A estrutura ou composição da hipótese consiste em:

 Unidades de observação: são as pessoas, grupos, objectos, actividades, países,


instituições, etc sobre os que trata a investigação;
 Variáveis: são os aspectos ou características quantitativas ou qualitativas que se
buscam respeito as unidades de observação;
 Termos lógicos: relacionam as unidades de observação com as variáveis ou estas
últimas entre si.

Há várias formas de formular hipóteses, mas a mais comum è aquela que se formula em
forma de proposição mediante a seguinte formula:

Se “X” então “Y” , onde “X” e “Y” são variáveis.

Exemplos 1.- Se estudam diariamente, então terão bons resultados académicos.

Variáveis “X” = estudam diariamente

. 66
Metodologia da Investigação Científica

“Y” = terão bons resultados académicos

As Variáveis

As variáveis são aspectos ou características que tem a propriedade de poder variar, ou


seja, aquilo que pode assumir diferentes valores ou aspectos. Essa variação deve ser
mensurável, bem de forma quantitativa ou qualitativa. Ex. sexo, preferência religiosa, etc.

Elas têm que ser definidas em função do objectivo proposto e estão vinculadas com a
hipótese de forma explícita ou implícita nela.

Existem diversos tipos de variáveis, nos vamos a estudar só três, a variável independente, a
variável dependente e a variável controlada ou de controlo.

A variável independente (X) é aquela que influencia, determina ou afecta outra variável; é
fator determinante, condição ou causa para determinado resultado, efeito ou consequência.

A variável dependente (Y) consiste naqueles valores (fenômenos, fatores) a serem


explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou afetados
pela variável independente.

Em uma pesquisa, a variável independente é o antecedente e a variável dependente é o


consequente. Os investigadores fazem predições a partir de variáveis independentes para
variáveis dependentes.

Observe o seguinte exemplo de hipótese para tirar a variável independente e a dependente:

Os estudantes que estudam regularmente terão alta possibilidade de obter bons resultados
académicos.

Variáveis “X” = Os estudantes que estudam regularmente (estudam regularmente)

“Y” = alta possibilidade de obter bons resultados académicos (resultados


académicos)

Se estudam correctamente, então obterão bons resultados

X = Variável independente = estudam correctamente;

Y = Variável dependente = obterão bons resultados.

. 67
Metodologia da Investigação Científica

A variável independente influi sobre a variável dependente, devido a que os bons resultados
estão em dependência do estudo correcto, por tanto podemos afirmar que si não estuda
correctamente os resultados vão ser fracos. Isto nos indica que quando o investigador mexe
na variável independente a variável dependente varia. Nesta relação se explica que a
variável independente é influenciada pelo critério do investigador y a variável dependente é
influenciada pela variável independente.

As variáveis nos indicam o que temos que pesquisar, o seja, guiam o caminho para elaborar
os instrumentos de trabalho.

Analisando a variável independente, estudam correctamente, nos indica que devemos


investigar si os estudantes estudam correctamente, logo temos que perguntar e observar
nos instrumentos (inquéritos, entrevistas, fichas de observação, testes e outros), o modo de
estudo que realizam, para saber si é correcto ou não o estudo que fazem os estudantes.

Exemplo:

 Prestam atenção na sala de aula?


 Participam na sala de aula respondendo as perguntas do professor?
 Tomam nota adequadamente e perguntam quando não entendem?
 Quantas horas estudam diariamente?
 Que métodos de estudos utilizam?
 Realizam as tarefas e entregam atempadamente ao professor?
 Que características apresenta o lugar ou local onde estuda?, boa iluminação;
ventilação e temperatura agradável;
 Prepara os materiais de estudo: livro, apontes de notas, papel para fazer resumo,
lápis, outros;

Estas e outras perguntas indicadas pela variável independente, se deve fazer a amostra,
quando lhe aplicamos os instrumentos e as respostas que a amostra dá a estas perguntas,
são os dados ou informação que serão processados para conhecer si eles estudam
correctamente e verificar ou confirmar a hipótese.

As variáveis controladas como o seu nome indica serve para controlar determinados
aspectos que podem fugir do controlo e actuar em forma negativa, afectando os resultados
da investigação. Exemplo de variáveis que podem ser variáveis controladas:

 Sexo;

. 68
Metodologia da Investigação Científica

 Idade;
 Estatura;
 Peso;
 Categoria
 Outras.

Exemplo para controlar sexo, indicamos e não necessariamente deve aparecer no título,
que na amostra só estarão presentes o sexo feminino.

No caso da idade para estabelecer o controlo indicamos que a amostra estará integrada por
crianças do grupo etário de 6 a 9 anos de idade.

Instrumentos de trabalho

Uma vez que os investigadores seleccionam a amostra, no seguinte passo elaboram os


instrumentos com as perguntas indicadas pelas variáveis tiradas da hipótese. Estas
respostas da amostra constituem a informação que se precisa para confirmar ou não a
hipótese.

Os instrumentos são elaborados na primeira etapa do processo de investigação científica e


se aplicam a amostra na segunda etapa, que é conhecida como Etapa de Execução ou
Recolhida da Informação.

Os instrumentos (meios especiais do conhecimento) utilizados no processo de investigação


científica são muito variados e se criam segundo as características da investigação e da
amostra.

São instrumentos:

 Inquéritos por questionários, entrevistas e outros;


 Fichas de observação;
 Testes;
 Outros existentes ou criados especificamente para a investigação a realizar.

O que é um inquérito?

. 69
Metodologia da Investigação Científica

Segundo Carmo e Ferreira (1998) um inquérito “é um processo em que se tenta descobrir


alguma coisa de forma sistemática”, o seja, é inquirir, questionar, pedir informação da
realidade social para responder a um determinado problema.

Nas Ciências Sociais os inquéritos mais utilizados são por Questionário e por Entrevista.

O principal factor distintivo entre um inquérito por entrevista e um inquérito por questionário
é a presença ou ausência do investigador no acto de recolha de dados.

Inquérito por questionário

O questionário é o instrumento mais usado para o levantamento de informação. Consiste


num material impresso com um conjunto de perguntas que constituem um sistema que
devem ser respondidas por escrito. Distingue-se porque a sua aplicação exclui em alguns
casos a relação de comunicação oral entre inquiridor (pesquisador) e inquirido (informante).
Em ele, o pesquisador faz a confecção do questionário e o informante faz seu
preenchimento.

A escolha do questionário como instrumento de trabalho para a recolha de informação


sobre um determinado tema apresenta vantagens e desvantagens relativas à sua
aplicação.

As vantagens fundamentais são:

 Permitir comparações precisas entre as respostas dos inquiridos devido a


uniformização das perguntas;
 Permitir ser aplicado a um grande número de indivíduos;
 Implicar menores custos;
 Permitir maior rapidez na recolha e análise de dados;
 Garantir anonimato do informante;
 Garantir a natureza impessoal e padronizada das perguntas.

Suas limitações estão em:

. 70
Metodologia da Investigação Científica

 Poder existir pouco aprofundamento do material recolhido;


 Poder existir interpretações erróneas devido as dificuldades de expressão e
comunicação escrita de ambas as partes;
 Poder existir uma elevada taxa de não-respostas;
 Não conhecer as circunstâncias em que foi respondido o questionário, pelo que as
respostas dependem da disposição do respondente no momento de preenchimento;
 Excluir pessoas que não sabem ler e escrever.

Aspectos a ter em conta na utilização da técnica de inquérito por questionário.

a. Planeamento do questionário

Nesta fase procurar-se-á delimitar o tipo de informação a obter, definidos nos objectivos do
inquérito e que estão relacionadas com uma os mais variáveis a medir.

b. Elaboração do questionário

Procede-se nesta fase à construção do documento que deve:

 Ter só aquelas perguntas que sirvam para recolher ou testar a informação


pertinente,
 Ter um tipo de linguagem acessível aos inquiridos;

 Ter uma apresentação agradável de modo a facilitar a manipulação, leitura das


perguntas e respectivas respostas;
 Limitar a sua extensão de modo a propiciar a totalidade das respostas em
aproximadamente 30 minutos;

 Codificar as questões para facilitar a tubulação posterior;


 Reduzir ao mínimo o número de folhas para evitar reacções negativas por parte do
inquirido;
 Elaborar instruções definidas e metas explicativas de preenchimento e dos
objectivos do instrumento, o que será analisado posteriormente;

. 71
Metodologia da Investigação Científica

 Evitar questões (perguntas) ambíguas: pelas palavras utilizadas; pelas expressões


muito coloquiais ou por usar palavras muito difíceis para a compreensão do
informante;
 Começar com as perguntas mais fáceis;
 Usar uma ordem lógica para o informante no ordenamento das questões, variando
por tamanho e tipo sempre que possível;
 Incluir as informações que são necessárias para outras perguntas primeiro;
 Ter em conta que se for utilizar questões (perguntas) abertas, estas devem vir no
final, junto com questões que abordem temas mais delicados para o informante.

c. Aplicação do questionário

O pesquisador pode aplicar o questionário de duas formas: realizá-lo por contacto directo
ou enviá-lo pelo correio.

Quando o pesquisador entrega os questionários directamente para ser respondidos, pode


esclarecer as dúvidas aos inquiridos. Pode ser aplicado pelos investigadores ou pessoas
designadas pelos mesmos, que não necessariamente são membros da equipa de
investigação. Em este ultimo caso, è importante uma selecção e formação dos
entrevistadores.

Os questionários respondidos pelo correio devem trazer todas as instruções e tem como
principal desvantagem a baixa taxa de devolução.

d. Análise dos resultados

Esta fase inclui, além de outras operações, a codificação das respostas, o apuramento e
tratamento estatístico da informação e a elaboração das conclusões fundamentais a que o
inquérito tenha conduzido.

e.- Apresentação dos resultados

Concretiza-se normalmente na redacção de um relatório de inquérito.

. 72
Metodologia da Investigação Científica

Como fazer um questionário?

Os questionários apresentam duas partes fundamentais: a Introdução e os Blocos de


perguntas.

A introdução do questionário é muito importante e dela depende em ocasiões o êxito ou


não dos resultados obtidos.

Deve estar presente em toda introdução:

 A apresentação do investigador ou entidade patrocinadora;


 As razões da realização do trabalho, a importância do resultado;
 As instruções para o preenchimento do questionário que devem ser precisas,
breves e claras;
 Garantir a confidencialidade das respostas fornecidas e;
 Agradecer pela ajuda e o tempo utilizado em contestar o questionário.

O bloco de perguntas esta formado por:

 Perguntas de identificação: se solícita dados geral do inquirido que permitem


identificar e relacionar com a população (exemplo: idade, género, profissão,
habilitações académicas, etc).

Os restantes blocos de perguntas estão relacionadas com a informação indicada para


medir as variáveis e podem ser:

 Perguntas de informação: o objectivo é a recolha de dados sobre factos e opiniões.


 Perguntas de descanso: Servem para introduzir uma pausa e mudar de assunto ou
introduzir perguntas de maior dificuldade.
 Perguntas de controlo: Servem para verificar a veracidade de outras perguntas
insertas noutra parte do questionário. Consiste em se perguntar um assunto já
questionado de forma diferente. Se houver contradição, este questionário deve ser
abortado na hora da tabulação dos dados. Ex.: Possui forno microondas? e mais
adiante: Quantos anos de uso têm seu forno microondas? Se a primeira for
respondida não, a outra também o será.

Tipo de questões ou perguntas

Na construção do questionário admitem-se dos tipos de questões (perguntas):

. 73
Metodologia da Investigação Científica

a. Questões Abertas: Permitem ao inquirido construir a resposta segundo seu critério,


permitindo deste modo a liberdade de expressão. são, claramente, as mais difíceis de
analisar, pelo que devem ser usadas parcimoniosamente.

Em sua redacção deve ser evitadas as perguntas personalizadas Exemplo: na sua opinião,
o que pensa a respeito de..., pois tende a provocar respostas de fuga.

Exemplo: Como se esforça por cumprir os seus deveres de estudante para atingir bons
resultados académicos?

b. Questões Fechadas: São aquelas que possuem um número predeterminado de


respostas, a partir das quais que o informante tem de fazer sua escolha que mais se
adequa à sua opinião. Podem ter resposta única ou múltipla.

As perguntas fechadas de respostas únicas podem ser formuladas com dos ou mais
alternativas.

1.- Exemplo com duas alternativas:

Coloque uma cruz na resposta escolhida

1.1.- Você estuda diariamente?

Sim______ Não ______

2.- Exemplo com varias alternativas:

Coloque um X na resposta seleccionada

2.1.- Quantas horas estudou durante a semana passada?

2.1.1._____ Não estudei;

2.1.2 _____ Mais as menos 5 horas;

2.1.3 _____ Entre 6 – 8 horas;

2.1.4 _____ Entre 9 – 12 horas;

2.1.5 _____ Entre 13 – 16 horas;

. 74
Metodologia da Investigação Científica

2.1.6 _____ Mais de 17 horas.

As perguntas fechadas de escolha múltiplas são aquelas em que o inquirido pode indicar
várias respostas à vontade, com limite ou não de respostas.

3.1.- Assinale com uma X qual ou quais dos serviços que oferece a biblioteca do IGS
utilizou o mês anterior

3.1.1 ____ Não entrei;

3.1.2 ____ Consulta de livros;

3.1.3 ____ Leitura de jornal;

3.1.4 ____ Estudar;

3.1.5 ____ Navegar na Internet;

3.1.6 ____ Realizar trabalhos informatizados;

3.1.7 ____ Outros.

Estas perguntas fechadas de escolha múltiplas podem em ocasiones ser mistas. São
uma combinação de respostas múltiplas com respostas abertas, possibilitatando mais
informações sobre o assunto.

Ex.:

4. Após terminar o curso que frequenta pretende:

4.1 Fazer o mestrado ____

4.2 Arranjar emprego _____

4.3 Outra situação _______ Qual? ______

Tambem podem ser de escolha multipla encadenada, onde a segunda resposta dependa
da resposta primeira.

Ex.:

. 75
Metodologia da Investigação Científica

5. Você participa em algum projecto social

_____ Sim _____ Não

Se sim, em qual área?

_____ Saúde

_____ Educação

_____ Meio ambiente

Escalas de atitudes

Por vezes as questiones podem ser colocadas sob a forma de escalas de atitudes,
permitiendo, permitiendo ao investigador medir atitudes e opiniões do inquirido a respeito
de um fenómeno determinao..

Existe diversos tipos de escala:

a. De ordenação
b. De Likert
c. De VAS (Visual Analogue Scale)
d. De intensidad
e. Outras

A escala de ordenação aponta a ordem de importancia para o tema estudado. Exemplo:


Da lista que se segue escolha por ordem de importancia (1ª, 2ª e 3ª) qual motivo que leva
as empresas a actuarem de forma socialmente responsável

a. Autopromoção
b. Isenções tributarias
c. Actuar na reducção das desigualdades sociais

A escala de Likert apresenta uma série de cinco proposições, das quais o inquirido deve
seleccionar uma, podendo estas ser: concorda totalmente, concorda, sem opinião,
discorda, discorda totalmente. É efectuada uma cotação das repostas que vai de modo
consecutivo:+2, +1, 0, -1, -2 ou utilizando pontuações de 1 a 5. Se a proposição é

. 76
Metodologia da Investigação Científica

negativa, a cotação tem que ser invertida. Por exemplo, concordar com la afirmação “não
considero importante a disciplina Metodologia da Investigação Científica para o futuro
desenvolvimento como professional” significa uma actitude negativa na concepção do
processo docente pelo que a resposta concorda totalmente recebe uma cotação de -2 e
assim sucesivamente.

VAS (Visual Analogue Scale) consiste na apresentação de diversos pares adjectivos


antónimos (bipolares) separados por uma linha horizontal com 10 cm de cumprimentos. O

inquerido deverá responder com uma cruz à questião assinalando na linha a posição que
corresponde à sua opinião.

Interesante ________________________________ Aborrecida

Se a linha é dividida em intervalos então será uma escala numérica

Ne escala de intensidade se apresenta um conjunto de respostas onde cada uma deve


ser valorada segundo seu criterio. Com esta escala pretende-se fazer uma valoração
quantitativa relativamente à actitude do inquirido; as restantes só medem o grau de
concordância ou não relativas às proposições de opinião.

Ex.: Numa escala de 1 a 6 atribua valores sobre as razões que levaram a inscrever no curso
que esta a estudar (em que 1 significa o mínimo de concordância/falso e 6 significa o
máximo de concordância/verdade)

1 2 3 4 5 6 S/R
Sempre gostei da profissão que vou ter
Neste curso não é preciso estudar muito
Não sabia o que queria por isso vim a fazer
este curso
Com este curso se consigue obter
facilmente um emprego

Tipos de Questionários

. 77
Metodologia da Investigação Científica

Existem três tipos de questionários: abertos, fechados e mistos.

 O questionário do tipo aberto se caracteriza por apresentar todas as perguntas


abertas.
 O questionário fechado tem na sua construção só perguntas fechadas, pelo que se
facilita o tratamento e análise da informação. Para o inquirido exige um menor
esforço e tempo para responder, assim como não tem que escrever ou verbalizar o
pensamento;
 Questionários Mistos: Tal e como o nome indica se caracterizam por apresentar
perguntas abertas como fechadas.

Pré –Teste do questionário

Antes de administrar o questionário, o investigador deve proceder a um pré-teste, afim de:

 Verificar falhas na redacção das perguntas,


 Analisar se as respostas alternativas às questões fechadas cobrem todas as
respostas possíveis;
 Avaliar a ordem das questões;
 Avaliar se estão presente todas as perguntas relevantes;
 Analisar o grau de exaustão do respondente.

Para elo é aplicação em uma pequena amostra da população alvo ou semelhantes seguida
de entrevista para localizar falhas.

Exemplo de Inquérito por questionário (só tem valor como exercício pedagógico)

Caro trabalhador:

O presente inquérito visa na necessidade de conhecer a sua opinião do desempenho


organizacional da empresa. Os seus comentários ajudaram a melhorar continuamente o
nosso trabalho. As respostas ao questionário são anónimas.

Leia atentamente cada pergunta do questionário antes de responder. As suas opiniões e


percepções são importantes e pedimos que responda ao maior número possível de
questões.

. 78
Metodologia da Investigação Científica

Obrigado por dispensar alguns minutos a preencher este questionário e a fazer valer a sua
opinião.

Marque com uma (X) segundo corresponda no seu caso.

I.- Dados gerais.

1.1 Sexo. 1.1.1._______ Masculino 1-1-2 ______ Feminino


1.2 Idade

1.2.1 ______ 18 – 25 anos 1.2.2 ______ 26 – 35 anos

1.2.3 ______ 36 – 45 anos 1.2.4 ______ 46 – 55 anos

1.2.5 ______ 56 – 60 anos 1.2.6 ______ mais de 60 anos.

1.3 Função que desempenha na empresa ___________________

1.4 Anos de serviços que leva na empresa

1.4.1 ______ 0 – 5 Anos 1.4.2 _____ 6 – 10 anos

1.4.3 ______ 11 – 15 Anos 1.4.4 _____ 16 – 20 anos

II.- Responda a cada item assinalando uma, e apenas uma, com um “X” das questiones
seguintes. As opções são:

DF= Discordo Fortemente, D= Discordo, N= Neutro, C=Concordo, CF=Concordo


Fortemente

DF D N C CF
A minha chefia ajuda-me a perceber o que é esperado de
mim
A minha chefia comunica de forma aberta e honesta
A minha chefia comunica os objectivos do nosso
departamento eficazmente
Acredito que minha remuneração e o meu desempenho
estão directamente ligados

. 79
Metodologia da Investigação Científica

Obtenho a formação de que necessito para efectuar um


trabalho eficiente
A Empresa fornece oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento
Estou envolvido nas decisões que afectam o meu trabalho
Sinto que faço parte da equipa de trabalho
A minha chefia valoriza as minhas ideias e opiniões

III.- É-lhe fornecida uma oportunidade adicional para partilhar informações com a
administração. Escreva a respeito sobre qualquer questão relativa à nossa actividade,
pessoal e/ou ambiente de trabalho

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_____________________________________________________________

Agradecemos a sua participação neste importante processo

Entrevista

A entrevista é uma técnica utilizada na investigação social que muitos autores a consideram
como a técnica por excelência para obter informações sobre o que as pessoas sabem,
crêem, esperam, sentem, desejam, fazem, fizeram ou pretendem fazer.

È definida por Haguette (1997) como “o processo de interacção social entre duas pessoas
na qual uma delas, o entrevistador, tem por objectivo a obtenção de informações por parte
do outro, o entrevistado”.

Segundo Farias (2008) a técnica de entrevistas para a recolha de dados tem como
vantagens fundamentais:

 Possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos da


sociedade;
 Poder ser usada com qualquer segmento da população (analfabetos ou não);
 Propicia melhor amostragem da população-alvo (o entrevistado não precisa saber ler
ou escrever);
 Maior flexibilidade e possibilidades de repetir e esclarecer as questões ao
pesquisador;

. 80
Metodologia da Investigação Científica

 Possibilita captar a expressão corporal do entrevistado;


 Permite a quantificação dos dados e posterior tratamento estatístico.

Algumas limitações são:

 Dificuldades de expressão e comunicação de ambas partes;


 Possibilidade de influência do entrevistado, consciente ou inconscientemente, pelo
entrevistador;
 Disposição do entrevistado em dar opiniões, informações ou dados relevantes;
 Depende do contexto no qual o entrevistado esteja inserido em relação as
informações que vai prestar (medo de ser identificado);
 Propicia um controle pequeno sobre a coleta de dados;
 Demanda um tempo muito grande e é de difícil realização.

Há diferentes formas de estabelecer um contacto entre entrevistado e entrevistador. È


precisa adequar o tipo de contacto ao tipo de estudo a realizar. Podem ser:

 entrevista pessoal/cara a cara


 entrevista telefónica
 entrevista postal, onde as entrevistas são deixadas no correio e existe o contacto
social na recolha.

Existem diversos tipos de entrevistas, que variam de acordo com o propósito do


entrevistador:

a. Estruturada: É aquela que o entrevistador segue um formulário com perguntas


claramente definidas e geralmente fechadas, afim de obter uniformidade no tipo de
informação recolhida e minimizar a variação entre as questões postas ao entrevistado, o
que facilita a analise dos dados e permite replicar o estudo.

A entrevista estruturada não possibilita aprofundar questões que não foram


antecipadamente pensadas, reduz a flexibilidade e espontaneidade durante a entrevista e
não são tomados em conta as circunstancia e elementos pessoais durante o processo.

Este tipo de entrevista se utiliza fundamentalmente em pesquisas de controlo ou verificação


de aspectos a investigar.

. 81
Metodologia da Investigação Científica

b. Aberta ou Não-Estruturada: É útil em estudos descritivos e na fase inicial (exploratória)


da investigação e tem a possibilidade de aplicar-se com todo tipo de pessoa e situações.

Nela o entrevistador propõe o tema e o entrevistado tem liberdade para discorrer sobre o
mesmo, só o investigador precisa de um documento escrito com o objectivo e as linhas
orientadoras para a realização da entrevista.

As perguntas geralmente são abertas e podem ser respondidas dentro de uma conversa
informal. Em ocasiões novas perguntas emergem do contexto imediato da entrevista,
permitindo aprofundar no tema e ter uma boa percepção das diferenças individuais dos
entrevistados.

Este tipo de entrevista requer de muito tempo e seu êxito depende das capacidades e treino
do entrevistador, assim como se dificulta o processamento da informação.

c. Semi-Estruturada ou Semi-Aberta. São aquelas onde existe um guião previamente


preparado com perguntas fechadas e abertas, sem que exija uma ordem rígida nas
questões, sino o desenvolvimento vai-se adaptando ao entrevistado e o pesquisador deve
ficar atento para redirigir a discussão quando o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha
dificuldades com ele, fazendo perguntas adicionais.

Este tipo de entrevista é muito utilizado quando se deseja delimitar o volume de


informações, a fim de que os objectivos sejam alcançados, permite um tratamento
sistemático dos dados e é aconselhada para entrevistas a grupos. Se utiliza em estudos de
verificação ou aprofundamentos de aspectos a investigar.

d. Clínica. Serve para o estudo da conduta de pessoas e é utilizada principalmente pela


psicologia e áreas terapêuticas.

Aspectos a ter em conta na utilização da técnica da entrevista

a. Planeamento da entrevista

É uma das etapas mais importantes quer requiere tempo e exige cuidadados. Para elo:

 Devem ser definidos os objectivos que pretende-se atinguir com a entrevista;


 Deve ser elaborado o plano de entrevista com as perguntas a serem feitas ao
entrevistado e o ordem em que elas devem acontecer. Estas perguntas devem dar

. 82
Metodologia da Investigação Científica

resposta ao objectivo proposto na entrevista. Por exemplo a variável idade pode ser
perguntada de diversas formas:

- Que idade tem? ou,

- Em que ano nasceu? ou,

- A sua idade está incluida em qual dos seguintes grupo

Menos de 20

Entre 21 e 30

Entre 31 e 40

Entre 41 e 50

Mas de 51

O investigador deve analisar qual é a que maior informação oferece para seu estudo.

 É recomendável fazer perguntas curtas, sempre que possível;

Ex.: Conte-me como está a funcionar a empresa com o novo sistema de Gestão de
Recursos Humanos implementado vs. Eu sei que faz cerca de dois ano a empresa contrato
a pessoal especializado para a elaboração e estabelecimento de um novo sistema de
Gestão de Recursos Humanos na empresa, você poderia por favor me contar como está a
funcionar a empresa com o novo sistema implementado (não fazer!)

 Devem ser evitadas perguntas tendenciosas ou perguntas que sugere uma resposta
específica;
 Se o informante não sabe responder a uma pergunta, apresente várias opções
diferentes para ele. Se você tem interesse em uma das opções, coloque-a no meio
das outras opções, ela não deve ser a primeira nem a última;
 Deve ser realizada a escolha do entrevistado procurando seleccionar pessos que
tenham conhecimento do tema pesquisdo e segundo o objectivo proposto. Poderá
ser personalisada, no caso de amostras intencionais em que procura inquerir
entrevistados qualificados ou fazer a escolha dos entrevistados dentro da população
de forma aleatoria. Pode ser individual ou em grupos, segundo os objectivos da
mesma;

. 83
Metodologia da Investigação Científica

 Deve ter em conta a disponibilidade do entrevistado fazendo a marcação da


entrevista com antecedência explicitando data, hora e duração provável;

Exemplos de perguntas:

1) A quanto tempo exerce a função de gestor?


2) Que aspectos do trabalho lhe permite prever anomalias e intervir acertadamente?
3) A sua parecer quais são os factores que concorrem para uma boa gestão?
4) Qual o contributo do marketing no sucesso da empresa?
5) Qual o meio de comunicação favorável que a empresa devem fazer as suas
publicidades

b. Diante do entrevistado:
 Estabeleça uma relação amistosa explicando a finalidade da pesquisa, seu
objectivo, relevância e ressaltar a necessidade de sua colaboração. Escolha
um lugar apropriado, quieto e sem interrupções, é preciso obter e manter a
confiança durante a entrevista. Ofereça garantia ao entrevistado do sigilo das
informações;
 Saber escutar é muito importante. A interferência do entrevistador deve ser
mínima, este deve assumir uma postura de ouvinte e apenas em caso de
extrema necessidade, ou para evitar o término precoce da entrevista, pode
interromper a fala do informante;
 É importante em entrevistas pouco estruturadas, saber respeitar os silêncios
que por vezes ocorrem no discurso do entrevistado, permitindo-lhe assim
reflectir sobre o que fala. Outras vezes o entrevistador utiliza o silêncio
sensível (ficar em silêncio por 1 ou 2 segundos adicionais) que pode servir
para encorajar o informante a falar mais;
 Em ocasiones repetir a última frase ou comentário do informante serve para
estimular a conversar e /ou confirmar que o pesquisador entendeu a
mensagem do informante, às vezes com um tom de pergunta;
 A formulação das perguntas deve ser feita de acordo com o tipo de
entrevista. Na primeira parte devem ser utilizadas perguntas de
“aquecimento” que contribuíam a colocar ao entrevistado no tema de
conversação e que ajude a estabelecer um clima de confiança em pouco
tempo. Ex. Pode perguntar de seu trabalho, sua relação com o tema de
pesquisa, pode intercalar alguma anedota. Ao final de momento inicial, deve

. 84
Metodologia da Investigação Científica

ficar claro que vai a passar-se a realização das perguntas próprias de


assunto em estudo;
 É importante durante o decorrer da entrevista fazer perguntas de focagem
que encorajem o informante a falar mais: Ex que mais? E ai? Me conte mais
detalhes, me conte em detalhes o que aconteceu, etc. O objectivo é fazer o
informante continuar detalhando o que ele estava falando ao invés de
encorajá-lo a mudar de tópico. Nessas circunstâncias é preciso manter o
controlo com diplomacia;
 Por vezes o entrevistado precisa fazer perguntas melindrosas, as quais
devem ser posicionadas ao fim da entrevista, momento em que existe um
maior clima de confiança e devem ser elaboradas cuidadosamente;
 Diante do entrevistado não demonstre insegurança ou admiração excessiva
para que isto não venha a prejudicar a relação entre entrevistador e
entrevistado;
 Seja objectivo, já que entrevistas muitos longas podem se tornar cansativas
para o entrevistado.
c. Registro de respostas

A resposta, se possível devem ser anotadas no momento da entrevista, sem deixar que o
entrevistado fique esperando sua próxima pergunta, enquanto você escreve. Tem que ser
feito de forma que não traça inibições ao inquirido. O registro das respostas deve ser o feito
com as mesmas palavras utilizadas pelo entrevistado. Pode anotar gestos, atitudes e
inflexões da voz.

O uso do gravador é um recurso útil, pêro deve ser permitido pelo entrevistado, já que pode
inibir seu desenvolvimento. Leve todo o material necessário para fazer observações sobre
as entrevista.

d. Término da entrevista

A entrevista deve terminar em um ambiente de cordialidade, agradecendo o tempo


dispensado, para que o pesquisador, se necessário, no futuro poda obter novos dados, sem
que o informante se oponha a isso. Pode ser feita alguma pergunta de confirmação, se
necessário e pedir novos nomes de pessoas que podam também informar da área de
trabalho.

e. Relatório

. 85
Metodologia da Investigação Científica

Uma vez realizada a entrevista, o pesquisador deve transcrever e analisar as informações


imediatamente após a sua realização.

Pré- Teste da entrevista

É preciso realizar um pré-teste da entrevista com alguém que poderá fazer críticas e validar
a operacionalidade do instrumento antes de se encontrar com o entrevistado de sua
escolha.

Observação Científica

Este instrumento foi analisado no capítulo III de métodos científicos.

A diferença da entrevista e o questionário, a observação científica é uma técnica de coleta


de dados que utiliza os orgãos dos sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade de forma consciente, sistemática e objectiva.

Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos que se deseja
estudar.

Este instrumento pode ser utilizado na pesquisa conjugada a outras técnicas ou de forma
exclusiva e permite obter informação do objecto de investigação tal e como este se dá na
realidade.

O principal problema é que a presença do pesquisador pode provocar alterações no


comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo
resultados pouco confiáveis.

No processo de observação estão presentes cinco elementos:

 O objecto a observar;
 O sujeto ou observador;
 O ambiente que rodea a observação;
 Os meios de observação (telescópios, câmaras fotográficas, microscópios,
cronómetros, câmaras de vídeo, básculas, etc);
 O conhecimento que o observador possue do objecto a observar.

. 86
Metodologia da Investigação Científica

Requisitos da observação científica

 O investigador deverá delimitar com claridade os aspectos que serão objecto de


estudo já que resulta impossível observar todo. Sua selecção responde aos
objectivos da investigação. Podem ser observadas pessoas, grupos, actividades,
instituições e acontecimentos dos quais a pesquisa versa;
 A observação deve-se caracterizar por sua objectividade: observar os fenómenos
como acorrem na realidade;
 Se devem utilizar guias, escalas ou outros instrumentos que garantam a
objectividade do registo durante a observação;
 A observação deve ser sistemática: não resulta científico interpretar fenómenos que
foram observados numa só vez. Resulta necessário observar fenómenos em várias
ocasiões para atingir interpretações objectivas;
 Duração: uma observação realizada em tempo insuficiente, não permite explicar
adequadamente o facto que estudamos;
 Para realizar a observação requer-se que o pessoal seja experimentado e que tenha
conhecimento prévio do que observar;
 No momento de observar, não se deve afectar o desenvolvimento habitual do
objecto de observação, sempre que ser possível;
 A observação deve realizar-se por mais de uma pessoa;
 Podem ser utilizados registros iconográficos (fotografias, filmes, vídeos, etc.), caso o
objecto de sua observação sejam indivíduos ou grupos de pessoas, devem ser
preparados para tal caso.

Características do observador

Para fazer uma boa observação é importante que a pessoa faça treinos da atenção, de
forma de forma a poder aprofundar a capacidade de seleccionar informação do objecto a
observar através dos órgãos dos sentidos.

Para qualquer investigador, este procedimento implica:

 Saber identificar indícios, o que requer um treino continuado da atenção;


 Possuir uma boa preparação teórica e empírica do objecto a ser observado;
 Ter a capacidade para comparar o que observa com o que constitui a sua
experiência anterior e a partir de daí tirar novas conclusões.

. 87
Metodologia da Investigação Científica

Um treinamento proposto para ajudar a incrementar o nível de atenção do homem é


observar uma vela acesa e fazer 15 observações como mínimo do fenómeno que esta
acontecer. Se aconselha fazer observações não só com a vista sino também com outros
órgãos como o tacto. Para melhor descrição do fenómeno tente fazer também observações
quantitativas. Faça um relatório de todo o fenómeno observado.

Tipos de observação

Segundo Marconi e Lakotos (1999), a observação científica pode ser classificada de acordo
com diferentes critérios.

Segundo a participação do observador:

 Não participante: Durante a observação, o pesquisador não interage de forma


alguma com o objecto de estudo. Em ela, se reduce substancialmente a interferência
do observador no observado, podem ser utilizados instrumentos de registro com
previa autorização dos elementos do grupo alvo e se possibilita um grarde controlo
das variáveis a observar; embora, a sua aplicação é limitada já que só se adequa a
alguns objectos de estudo.
 Participante: Consiste na participação real do pesquisador junto a população
observada.

Em geral, são apontados duas formas:

 Natural - o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga.


 Artificial - o observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações.

Segundo os meios utilizados:

 Observação não estrutura: é a que se realiza sem planejamento e sem controle


anteriormente elaborados, como decorrência de fenômenos que surgem de
imprevisto.
 Observação estruturada: é a que se realiza em condições controladas para se
responder a propósitos, que foram anteriormente definidos. Requer planejamento e
necessita de operações específicas para o seu desenvolvimento.

Segundo o número de observadores:

. 88
Metodologia da Investigação Científica

 Individual: é a técnica de observação realizada por um pesquisador. Nesse caso, a


personalidade dele se projeta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou
distorções, pela limitada possibilidade de controles.
 Em equipe: é a mais aconselhável, pois o grupo pode observar a ocorrência por
vários ângulos.

Em dependência do sujeito que a realiza:

 Interna: È o próprio sujeito o que se analisa a si mesmo, se auto-observa. O sujeito


observa seus próprios estados psíquicos, a suas vivências.
 Externa: È aquela que se realiza por observadores treinados sobre o objecto de
estudo.
 Directa: Entra em contacto imediato com o objecto de observação.
 Directa aberta: O observador não participa das actividades que realizam os sujeitos
observados, ele é testemunho.

 Directa encoberta: O observador se encontra oculto, também se pode utilizar


aparelhos de filmagem, dispositivos televisores, gravadores, etc.

Guia de observação e sistema de registro

A guia de observação inclui todo o conjunto de indicadores necessários a ser observados


para atingir o conhecimento mais exacto do objecto em estudo. È importante que sejam
características de algum aspecto importante para a investigação. Sua missão é apoiar
outras informações obtidas através de outros instrumentos de pesquisa.

Para ser conceber tal instrumento é conveniente tirar partido da informação bibliográfica que
o investigador possua e dos contactos efectuados no estudo exploratório bem como a um
reconhecimento prévio no terreno a observar.

É recomendado elaborar escalas de observação para poder comparar e quantificar os


dados obtidos. A escala dependerá dos objectivos da observação e das características a
ser observadas.

Um exemplo de guia de observação pode ser:

Actividade Bom Razoável Mau

. 89
Metodologia da Investigação Científica

Onde a actividade é aquilo que vai a ser observado e a escala escolhida estará em
correspondência com os indicadores a ser observados.

Feita a observação, é importante seu rápido registro sob pena de perder elementos
valiosos.

Para além do uso dos próprios guiões de observação é usual recorrer a um diário de
pesquisa que é um documento aberto em que o investigador vai assentando por ordem
cronológica os acontecimentos mais relevantes observados, interpretações que os
merecem, hipóteses que surgiram da observação, bem como outras informações úteis a
não esquecer.

O diário de pesquisa pode ser sob suporte digitalizado ou papel.

O relatório final da observação devera ser feito o mais cedo possível.

Ficha de observação

Planejar a observação significa estabelecer:

 Onde: em que lugar e situação a observação será realizada


 Quando: em que momento será realizada
 Quem: Quais serão os sujeitos a serem observados
 O quê: que comportamentos e circunstâncias ambientais devem ser observados
 Como: quais técnicas de observação e registro a serem utilizadas

Todo isto constitui uma ficha de observação.

Exemplo:

Ficha de observação

Título da observação:

Objecto da observação:

Objectivo da observação:

. 90
Metodologia da Investigação Científica

Nome dos observadores:

Data da observação:

Lugar da observação:

Hora de começo e fim da observação:

Actividade Bom Razoável Mau

5.8 População, amostra e amostragem

Uma vez definidos os instrumentos de colecta de dados passa-se a definir sobre quem
serão aplicados.

População ou universo é o conjunto de todos os objectos ou sujeitos que concordam


com determinadas características comuns. Exemplo: crianças, adolescentes, jovens,
estudantes, administradores, dirigentes, trabalhadores, etc. O número de elementos de uma
população designa-se por dimensão e representa-se por N. A população deve ser definida
em pormenor, de tal forma que um investigador determinar se os resultados que se
obtiveram ao estudar uma população podem ser aplicados com características idênticas a
outras.

Como caracterizar a população?

Simplesmente, estudantes universitários. Unidade de análise: Estudantes da turma OGE 11.


A população esta constituída por estudantes de primeiro ano, do curso de Gestão de
Empresas, da Universidade Superior Gregório Semedo, período da manhã, jovens com
idade compreendida entre 18 e 25 anos, a media de idades é 21 anos, a turma esta
constituída por 52 estudantes, 30 meninas e 22 rapazes, entre eles 6 são trabalhadores.

No caso de caracterizar crianças, administradores ou outros que constituem unidade de


análise se procede da mesma forma, destacando as características comuns. Caracterizar a
população é muito importante, precisamente porque expressa as características de onde
vamos a tirar os indivíduos que formam parte da amostra, para ser cuidadosos e manter
determinadas características na amostra.

. 91
Metodologia da Investigação Científica

Ademais quando caracterizamos a população, estamos delimitando a mesma e


expressando valores da unidade de análise que podem ser utilizados como variáveis.

Na prática, em grande número de pesquisas os elementos de uma população é demasiado


grande para ser estudados em sua totalidade, sendo então necessário proceder-se à
selecção de uma parte ou subconjunto representativo da população que se denomina
amostra e é onde se aplica os instrumentos para obter dados ou informação.

Os resultados obtidos do estudo da amostra são inferidos a toda a população, por tento é
muito importante fazer uma selecção da amostra de maneira que esta seja representativa
da população para que os resultados podam cumprir com este fim.

A fim de resguardar a cientificidade do estudo e as condições para a comprovação da


hipótese, é necessário ter uma amostra representativa do universo. A representatividade da
amostra está relacionada com o plano ou regra de selecção definidos para a escolha dos
elementos e com a proporção de elementos seleccionados em relação ao universo.

Algumas indagações fundamentais devem ser respondidas no sentido de garantir a


representatividade:

 Quantos indivíduos devem formar parte da amostra?


 Como seleccionar os indivíduos de maneira que todos os casos da população
tenham possibilidades iguais de ser representados na amostra?

A resposta a pergunta Quantos indivíduos devem formar parte da amostra? é difícil. Se ela
for muito pequena os resultados da pesquisa não poderão ser generalizados a toda a
população.

Geralmente, para pesquisas descritivas uma amostra que represente o 10% da população é
adequada ou com um 3 ou 4% de erro Se a população é pequena será necessário uma
percentagem maior. Existem técnicas estatísticas precisas que determinam o tamanho da
amostra.

A selecção da amostra se realiza utilizando diferentes técnicas de amostragem. Existem


dois grandes tipos de técnicas: a probabilística e a não probabilística.

. 92
Metodologia da Investigação Científica

Quando aplicamos uma técnica probabilística, estamos dando a todos os indivíduos da


população a mesmas possibilidades de estar presente na amostra. São seleccionados
aleatoriamente ou ao acaso.

Para operacionalizar esse princípio, é necessário primeiramente relacionar todos os


elementos que formam a população, de tal maneira, que por determinado procedimento, se
possa seleccionar ao acaso qualquer elemento para a constituição da amostra. Pode-se
usar desde o simples sorteio até as tabelas de números aleatórios criadas cientificamente e
que aparecem em qualquer livro de estatística.

Existem diversos tipos de técnicas probabilísticas, delas só vamos a estudar duas, Aleatória
Simples e Aleatória Simples Estratificada.

A amostragem aleatória simples é a forma básica da amostra probabilística o seja, dá a


cada integrante da população a mesma probabilidade de ser incluído na amostra.

O exemplo a seguir foi retirado do livro de Carmo e Ferreira (1998).

Suponha que:

i. Num curso de GRH a população é constituída por 530 estudantes;


ii. A dimensão da amostra que se pretende seleccionar é de 20%, tendo por
conseguinte, que ser seleccionados 106 estudantes;
iii. A partir da lista de estudantes atribui-se um número a cada estudante entre 000 e
530;
iv. Utilizando a tabela de número aleatório, da qual se reproduz a título ilustrativo uma
parte, seleccionam-se os estudantes que constituíram a amostra

99116

15696

97720

11666

71628

40501

. 93
Metodologia da Investigação Científica

22005

f. Como o total da população é de 530 estudantes, interessam apenas os 3 últimos


dígitos;
g. O primeiro estudante a ser seleccionado é aquele a quem foi atribuído o número 116
(3 últimos dígitos de 99116);
h. O número seguinte da tabela é 15696, agora não existe nenhum estudante com o
número 696 uma vez que o total da população é 530;
i. Procedendo como indicado anteriormente selecciona-se em seguida estudantes com
números 501, 005 e assim sucessivamente até ser completada a amostra de 106
estudantes.

Na amostragem aleatória simples estratificada a população é dividida formando estratos


baseados em determinados critérios ou atributos dos indivíduos como idade, sexo, etnia,
profissão, etc.

Obtém-se, posteriormente, uma amostra aleatória simples de cada estrato que serão
reunidas para formar a amostra propriamente dita.

Exemplo:

A população é constituída por estudantes da Universidade Gregório Semedo dos cursos de


GCM, GRH e OGE. Considerou-se que as variáveis sexo e curso tinham incidência na
pesquisa a ser feita, pelo que se constituiriam estratos em relação a cada uma dessas
variáveis.

População da UGS

GCM GRH OGE Total


Sexo feminino 170 220 140 530
Sexo masculino 150 160 130 440
Total 320 380 270 970

A amostra será constituída por:

Amostra 20% = 194 estudantes

GCM GRH OGE Total


Sexo feminino 34 44 28 106

. 94
Metodologia da Investigação Científica

Sexo masculino 30 32 26 88
Total 64 76 54 194

Neste tipo de amostragem as amostras são mais representativas da população e confiram


mas objectividades aos resultados. Nela os elementos que integram a amostra estão na
mesma proporção em que existem na população geral.

As amostras não probabilísticas são compostas muitas vezes de forma acidental ou


intencional. Não consideram a possibilidade dos indivíduos da população de estar
integrando amostra. Se fundamenta nos critérios do investigador e os objectivos da
investigação. São pouco utilizadas no processo de investigação científica já que não é
possível generalizar os resultados da pesquisa realizada em termos da população. Pode ser
utilizada:

 Quando se estudam determinadas populações cuja listagem completa é impossível


de obter;
 Quando o investigador está interessado em estudar determinados indivíduos;
 Na fase exploratória da pesquisa.

Trabalho individual

1.- Análise o seguinte paragrafo: “A riqueza de um país não se mede somente pelo seu PIB
e pela produção de riqueza material, típica das sociedades industriais, mas também pelo
seu potencial de produção científica e pelo manancial dos seus cientistas”

2.- Interpreta o seguinte esquema:

ICT INVESTIGADOR

FICHEIRO DO
FICHA INVESTIGADOR

. 95
Metodologia da Investigação Científica

3.- De uma fonte bibliográfica seleccionada pelo estudante, elabore uma ficha bibliográfica,
de resumo e de citação.

4.- A partir do tema seleccionado por você:

a.- Formule um título para seu trabalho

b.- Formule um objectivo geral

c.- Formule o problema

d.- Formule a hipóteses

e.- Determine as variáveis dependentes e independentes

5.- Elabore um questionário misto, uma entrevista semi-estructurada e uma ficha de


observação do tema de trabalho seleccionado pelo estudante.

Tema VI “O Protocolo de Investigação Cientifica

Objectivos

 Interpretar e aplicar com sentido criativo, a estrutura que propomos para realizar o
Protocolo de Investigação.

6.1 Introdução

Antes de ser realizado, um trabalho de pesquisa precisa ser planejado. O Protocolo ou


Projecto de Investigação Científica é o registro deste planeamento.

. 96
Metodologia da Investigação Científica

Ele indica o caminho a ser seguido durante o processo de investigação. Esta planificação
evita muitos imprevistos e duvidas no decorrer do trabalho. Esclarece para os
investigadores os rumos do estudo (o que pesquisar, como, por quanto tempo, etc.) e é uma
via para expressar os propósitos de investigação, para que seja aceite pela comunidade
científica.

Serve como meio de comunicação e permite a outros especialistas tecer comentários e


críticas, contribuindo para um melhor encaminhamento da pesquisa.

O Protocolo é a criatividade dos investigadores. Cada Protocolo de Investigação é uma


nova obra, produto do pensamento criador, é uma nova criação.

O Protocolo se cria a partir dos conhecimentos prévios sobre a estrutura do processo de


investigação científica e os conhecimentos que possuem sobre o tema que vai investigar.
Os conhecimentos sobre o tema devem ser acompanhados desde o primeiro momento em
que se decide fazer a investigação, pela leitura e estudo de trabalhos prévios, relacionados
com o tema de investigação.

O Projecto de Pesquisa, como planeamento das actividades a serem desenvolvidas,


possibilitara ao pesquisador impor-se uma disciplina, não só, a respeito da ordem de
procedimentos lógicos e metodológicos mais também em termos de organização e
distribuição do tempo.

6.2 Estrutura do Protocolo ou Projecto de Investigação Científica

Segundo critérios de alguns investigadores o Protocolo ou Projecto de Investigação, deve


responder as seguintes perguntas:

 O que pesquisar? (Definição do problema, hipótese, fundamentação teórica e


conceptual);
 Por que pesquisar? (Justificativa da escolha do problema);
 Para que pesquisar? (Propósitos do estudo, seus objectivos);
 Como pesquisar? (Metodologia);
 Quando pesquisar? (Cronograma de execução);
 Pesquisado por quem? (Autores, orientadores, outros).

Ao enunciar essas indagações, estamos relacionando os pontos fundamentais para a


elaboração de um projecto de pesquisa.

. 97
Metodologia da Investigação Científica

Como organizar o Protocolo de Investigação?

No Protocolo devem aparecer neste ordem:

1.- Apresentação;

2.- Índice;

3.- Introdução;

4.-Justificativa;

5.- Fundamentação teórica;

6.- Objecto de estudo;

7.- Metodologia;

8.- Cronograma de trabalho;

9.- Bibliografia;

10.- Anexos.

Esta estrutura não difere muito das muitas existentes com esta finalidade; precisamente é o
Protocolo o documento elaborado nos primórdios do processo de investigação e expressa
em sínteses a organização, preparação e planificação da mesma.

6.2.1 Apresentação

A apresentação indica os aspectos essenciais á compreensão da pesquisa que se pretende


realizar. Nela aparecem aspectos de identificação do projecto como a instituição, disciplina,
tipo de trabalho e tema, que podem aparecer na capa ou na primeira página do trabalho.

A capa refere-se à protecção externa do trabalho, reunindo um conjunto de informações


sobre o projecto de pesquisa.

Deve aparecer na capa:

. 98
Metodologia da Investigação Científica

 Nome da instituição: Universidade “AGOSTINHO NETO”;


 Metodologia da Investigação;
 Trabalho de Curso;
 Título do Trabalho (nesse ordem).

O título expressa com claridade e precisão o conteúdo da pesquisa, o que se pesquisa.


Surge da relação estreita que entre o problema que se investiga e os objectivos da
investigação.

O exemplo a seguir pode servir de modelo para a capa do Projecto ou Protocolo da


Disciplina de Metodologia da Investigação Científica (MIC):

UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

TRABALHO DE CURSO

TITULO DO TRABALHO

Na primeira folha do trabalho (não numerada) encontra-se a folha de rosto. Ela é a fonte
principal de identificação.

Deve conter os seguintes aspectos:

 Protocolo de Investigação;
 Título do trabalho;
 Autores
 Turma
 Curso e ano que cursa
 Ano lectivo

. 99
Metodologia da Investigação Científica

A continuação se apresenta um exemplo para a disciplina de MIC:

PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

TITULO DO TRABALHO

AUTORES:
CURSO:
TURMA:
ANO QUE CURSA:

2015

6.2.2 Índice

Na primeira folha do Projecto deve aparecer o índice com a paginação. Se elabora depois
de digitar o trabalho, quando conhecemos o número total de páginas e o conteúdo que
aparece em cada página. Devem estar presente o número do capítulo, o conteúdo e a
página

Exemplo:

INDICE

I Introdução 1

II Justificativa 2

III Fundamentação Teórica 4

IV Objecto de estudo 7

Problema 7

Hipótese 7

. 100
Metodologia da Investigação Científica

6.2.3 Introdução

A Introdução deve, num primeiro momento, fornecer ao leitor, de modo claro e preciso, uma
visão global da pesquisa a ser realizada, apresentando o que se pretende investigar.
Expressa brevemente a delimitação do tema que pretendem investigar.

Finalmente devem aparecer os objectivos gerais e específicos da investigação.

Deve ser escrita numa linguagem simples e concisa, buscando-se responder às questões:
quem, o que, por que, quando, onde e como.

6.2.4 Justificativa

Se os objectivos respondem a pergunta Para quê? A justificativa do Protocolo responde a


pergunta: Porquê?

Deve expressar com relevância, o por que? a pesquisa deve ser realizada. Quais motivos a
justificam?

A justificativa deve expressar a capacidade de convencer dos pesquisadores para realizar a


pesquisa, deve expressar por que é necessária a sua realização, deve expressa
necessidade de ordem teórico e motivos de ordem prático, porque é importante a realização
da pesquisa. Se justifica correctamente o porquê então será aceite e poderá efectuar-se a
investigação.

Uma boa justificação deve expressar:

 Porquê o tema é importante do ponto de vista geral e para os casos particulares, o


quê soluciona, o que resolve, para a sociedade, tecnológica, ciência e outros.
 Possibilidade de sugerir modificações que beneficiam a sociedade, indústria,
comércio, saúde, educação, outros.
 Descoberta de soluções para casos gerais ou particulares.

. 101
Metodologia da Investigação Científica

 Contribuição teórica para a pesquisa, para a compreensão, intervenção ou solução


do problema trará a realização da investigação.
 Destacar a relevância intelectual e prática do problema investigado.

Se a justificativa não é boa, com certeza absoluta que ninguém vai apostar no projecto.

6.2.5 Fundamentação teórica e conceptual. Definição de termos.

A Fundamentação teórica é a base de sustentação da investigação. Se refere basicamente


a os trabalhos científicos consultados.

Expressa os aspectos mais relevantes da literatura científica consultada que servem de


base para o trabalho de investigação.

É imprescindível a definição clara dos pressupostos teóricos, das categorias e conceitos a


serem utilizados. Deve ser sintética e objectiva, estabelecendo as relações entre a teoria e
o problema a ser investigado.

Teorias estudadas Problema de investigação estudado

Sua redacção deve obedecer em primeiro lugar ao cumprimento das regras estabelecidas
por cada instituição.

Para começar o investigador tem a obrigação de, sem prejuízo da exposição dos dados e
conceitos, condensar o texto estudado tanto quanto for possível, apresentando as ideias
principais dos principais autores da área.

Afim de levar a uma melhor compreensão do assunto estudado, um ponto importante da


revisão é a forma como ela é organizada, por isso pode ser dividida em tantas subsecções
quanto desejáveis dependendo do objectivo do trabalho.

È importante que todos os trabalhos revisados devem estar associados à fonte de


referência no texto, e essa referência deve estar incluída nas referências bibliográficas no
final do trabalho. Os parágrafos que não tiverem citação serão valorizados como contendo
opiniões pessoais do investigador.

Apontamentos de aulas, conferências, etc., não têm admissibilidade científica, senão


quando publicadas e devidamente referenciadas. Na eventual ausência de elementos
comprovativos, os dados bibliográficos (ou outros) não deverão ser utilizados como parte

. 102
Metodologia da Investigação Científica

integrante do trabalho. Deve-se evitar referenciar fontes cuja consulta seja difícil ou
impossível, tais como comunicações pessoais, eventos sem actas, e documentos de
circulação restrita ou temporária.

Existem diversas maneiras para referenciar as fontes originais dentro do texto. Uma
metodologia muito utilizada é "autor-data" ou Sistema "Harvard".

Em ela, o autor pode estar pode estar citado ao inicio do paragrafo ou ao final dele. Um
exemplo pode ser:

Ex.: PRAHALAD (1997) afirma que na maior parte das vezes, é a percepção do gerente
sobre o funcionário que define a competência do mesmo.

Caso se trate de uma citação directa, ou da reconstrução pessoal e precisa de uma


determinada parte do texto original, as indicações serão acrescidas das páginas
consultadas.

Ex.: A investigação levada a cabo até hoje nesta área demonstra que a importância,
que a análise estratégica externa tem para as empresas, pode ser inferida pela forma
como as actividades de análise são integradas no processo de planeamento
estratégico (COSTA, 1997, p. 3).

Sem a citação directa consiste na transcrição fiel do texto do próprio autor, que, caso seja
inferior a duas linhas de texto, aparecerá entre aspas no corpo do documento. As citações,
entre aspas, deverão possuir a sinalética "(...)" sempre que não se produza inteiramente um
período ou um parágrafo.

Ex.: De facto, e conforme de LARA e da SILVA (2004, p 8) “(…) a implantação da


Avaliação de Desempenho por Competências mostrou-se positiva, aumentando o
estímulo e motivação para o trabalho, pois a objectividade, clareza e transparência
contribuem na obtenção dos objectivos e resultados individuais e
consequentemente, também nos resultados da organização”

Caso a citação exceda as duas linhas de texto, será destacada e em letra de fonte menor
(tamanho 10) conforme apresentado no seguinte exemplo.

Ex.: O conhecimento destes eventos permite aos gestores a identificação das


principais tendências na sua área de negócios, podendo orientar as acções das suas

. 103
Metodologia da Investigação Científica

empresas de forma consonante. Com base nos resultados deste estudo, AGUIAR
(1967, p.VII) definiu análise estratégica externa como:

A recolha e análise de informação sobre eventos no ambiente empresarial externo,


cujo conhecimento assistirá os gestores na sua tarefa de programar e conduzir o
futuro da empresa.

Quando se pretende citar um autor que foi inicialmente referido por outro - fonte indirecta -
deverá utilizar-se os termos "cit. in".

Ex: De acordo com JAIN (cit. in COSTA, 1997), a eficácia do planeamento estratégico
está directamente relacionada com a capacidade de análise estratégica externa.

ou

A eficácia do planeamento estratégico está directamente relacionada com a


capacidade de análise estratégica externa (JAIN cit. in COSTA, 1997).

Nos casos de inclusão ou de referência textual de uma obra com três ou mais autores, no
corpo do texto a referência aparecerá da seguinte forma: SMITH et al. (1991), ou (SMITH et
al., 1991).

Se recomenda um uso cuidadoso das notas em rodapé. Estas deverão ser relativas a dados
que não necessitem de ser expressos no próprio corpo do trabalho.

Deve-se também evitar a utilização de muitos estilos gráficos diferentes no documento, tais
como itálico, negrito, aspas, ou palavras sublinhadas. É preferível adoptar um estilo
coerente e uniforme, sem que tal prejudique a compreensão do texto.

Dicas Gerais:

 Use frases curtas


 Pense antes de escrever
 Seja conciso
 Evite estrangeirismo e neologismos.
 Não usar abreviações
 Não repetir várias vezes a mesma palavra
 Não introduzir no texto idéias vagas, obscuras e não compreendidas por você

. 104
Metodologia da Investigação Científica

 Não fugir ao tema

Definição de termos. Todos aqueles termos que se utilizam e que são ambíguos, devem
ser definidos, para esclarecer o sentido que é utilizado na investigação.

6.2.6 Objecto de Estudo

No Protocolo de Investigação o Objecto de Estudo vai acompanhado pelo Problema da


Investigação, a Hipótese e as Variáveis.

O objecto de estudo indica o que se estuda. O estudo pode ser um elemento ou


componente e então o objecto de estudo é singular, embora na maioria dos casos o objecto
de estudo é uma relação entre um ou mais objectos, fenómenos, processos, outros.

O Problema deve expressar com claridade, precisão qual a dificuldade que se pretende
resolver.

Se temos problema de investigação, então podemos ter hipótese. Formulando o


problema cientificamente válido propõe-se uma resposta, “suposta favorável e
satisfatória”. - Essa resposta é a Hipótese.

As variáveis estão estreitamente vinculadas com hipótese, se encontram explicita ou


implicitamente nela.

As variáveis são elementos que variam dentro do sistema, são de diferentes tipos:
independentes, dependentes e controladas entre outras.

Para sua elaboração devem ser analisado o capítulo V do referido fascículo.

6.2.7 Metodologia

A metodologia no Protocolo ou Projecto de Investigação é a explicação detalhada e rigorosa


de todos os métodos, procedimentos e técnicas a ser utilizados durante o trabalho de
investigação, a fim de garantir a obtenção de dados que permitam atingir os objectivo
propostos e chegar a conclusões e recomendações científicas.

Estão directamente relacionados com:

 O problema a ser estudado;


 A hipótese levantada e que queiram confirmar;

. 105
Metodologia da Investigação Científica

 O tipo de informante com que se vai entrar em contacto para recolher os dados.

Os métodos se utilizam em combinação de dois ou mais métodos teóricos e práticos. Nunca


se utiliza um só método. Os investigadores criam novas técnicas, novos instrumentos,
novas formas para recolher e avaliar a informação colectada.

O procedimento é a forma de proceder durante o processo de investigação, é dizer como


vai – se realizar e a ordem das actividades fundamentais, explicar as técnicas para obter
informação é também uma forma de proceder; assim como dizer quem vai aplicar as
mesmas, em que horário, em quais condições, como se vai processar a informação na
terceira etapa, também é uma forma de proceder, que é parte dos procedimentos.

As técnicas correspondem a parte prática da colecta ou recolhida de dados ou informação,


embora estas técnicas se realizam quando aplicamos os instrumentos mencionados
anteriormente.

Toda metodologia de investigação deve dar resposta a seguinte perguntas:

 Qual o tipo de pesquisa?


 Qual o universo da pesquisa?
 Será utilizada que tipo de amostragem?
 Quais os instrumentos de coleta de dados?
 Como foram construídos os instrumentos de pesquisa?
 Qual a forma que será usada para a tabulação de dados?
 Como interpretará e analisará os dados e informação obtida?

Portanto, deverão estar presente na metodologia do trabalho o tipo de pesquisa a realizar


(ex: estudo de caso, investigação-acção, experimental, etc), a população em estudo, assim
como o tamanho da amostra e processo de amostragem empregado e a justificação da sua
escolha.

Deverão estar referenciados os instrumentos a utilizar no trabalho (entrevista, questionário,


observação científica, etc), seus objectivos e a quem serão aplicados.

Enfim, deve ser explicado tudo aquilo que será utilizado durante o trabalho de pesquisa.

6.2.8 Cronograma

. 106
Metodologia da Investigação Científica

O Protocolo de investigação deve traçar o tempo necessário para a realização de cada uma
das etapas propostas no processo de investigação. Muitas tarefas podem, inclusive, ser
realizadas simultaneamente.

Tarefas que devem aparecer no cronograma entre outras são revisão de trabalhos prévios,
reuniões para determinar os objectivos, objecto de estudo, problema de investigação,
hipótese, colecta de dados, aplicação de instrumentos, selecção da amostra, observação
de..., análise dos resultados,...

Diversas formas para realizar o cronograma de trabalho existem.

Exemplo de Cronograma de trabalho da investigação:

Nº Actividades ou Tarefas Data Participantes Responsável Observaç.


01 Reunião para determinar o 17-07- Todos Chefe equip
tema 05
02 Revisão de trabalhos prévios 18- 07- Todos Chefe de
05 equipa
09-07-
06
03 Reunião para delimitar o tema 25-07- Todos
05
04 Reunião para determinar título 01-08- Todos Chefe de
e objecto de estudo da 05 equipa
investigação
05 Elaborar objectivos, problema 03-08- Dr. Dra.
e hipótese 05
10-08-
05
06 Elaborar Instrumentos 21-09- Todos Chefe de
05 Equipa
-Inquérito por questionário. 12-10-
05
-Entrevista;

Ficha de observação

. 107
Metodologia da Investigação Científica

07 Aplicar questionário ? ? ?
08 Aplicar entrevista ? ? ?
09 Processar informação ? ? ?
10 Elaborar informe da Todos ?
investigação
11 Entregar informe da 17-07- Dra. Dr.
investigação 06

6.2.9 Bibliografia

As Referências Bibliográficas referem-se ao conjunto de documentos consultados e


mencionados no corpo/texto do trabalho, isto é, documentos que foram efectivamente
citados no texto, o seja, informam ao leitor a respeito das fontes que serviram de referência
para a realização da pesquisa que resultou no trabalho escrito.

Estas devem aparecer em ordem alfabético e o formato usual para este tipo de cita é:

1.- ultimo sobrenome do autor em caixa alta, vírgula, primeiros nomes, ponto. Título da
obra, ponto, edição, ponto, local de edição, dois pontos, nome da Editora, vírgula, ano da
publicação, virgula, números de páginas, ponto.

Ex.: CAETANO, A. Avaliação do Desempenho, Metáforas, Conceitos e Práticas, Lisboa:


ISCSP Ed., 2008, 200 pp.

Chama-se a atenção que:

 O último apelido do autor pode ser registrado em maiúscula ou não, não entanto, o
critério de registro deve ser uniforme para todo o trabalho.
 Quando se trata de uma obra de auditoria colectiva se adopta:
 até três autores procede-se da mesma forma, separando os nomes por ponto
e virgula (;)

Ex.: MARTINS, Pedro; Souza, Carlos F., Métodos Modernos de Gestão, São Paulo: Fontes
Ed., 1994, 250p

 para mais de três autores menciona-se o primeiro seguido da expressão


et al.

. 108
Metodologia da Investigação Científica

Ex.: ALTAMIRO, J. S. et al. A metodologia do ensino na graduação. 2 ed. Rio de Janeiro:


Vozes Ed., 1988, 120 pp

2.- Entidade colectivas, em geral entra-se pelo nome da entidade em caixa alta.

Ex.: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para


apresentação de trabalhos. Curitiba, 2000

3.- O título, dada sua importância deve ser destacado, umas vezes a negrito, outras a
itálico, outras a sublinhado, o importante é usar um critério uniforme.

4.- Pode ser colocado o local de edição e a editora sem ed. E quando se trata de uma co-
edição ou de um livro publicado em vários locais, essa informação deve ser separada por
uma barra.

5.- Quando falta alguma informação bibliográfica essencial deverá ser registrada da forma
seguinte: sem data = s/d; sem editor = s.n; sem local de edição = s.l.

6.- No caso de artigos inseridos em revistas, deverão ser assinalados com o título em letra
normal, seguido do título da fonte original em itálico, volume, número da revista, e intervalo
de páginas correspondentes ao artigo.

Ex.: AAKER, D. A. Organizing a Strategic Information Scanning System. California


Management Review, 25(2), 1983, pp. 76-83.

7.- Os artigos sem nome de autores (ex. artigo de jornal ou relatórios de empresas),
deverão estar alfabeticamente explicitados a partir do nome da organização ou fonte
responsável pelos mesmos

Ex.: HORWATH CONSULTING Portuguese Hotel Industry 1990. Lisboa, Horwath


Consulting, 1991.

8.- No caso de capítulos inseridos em obras, estes deverão ser assinalados com:
Sobrenome, N. [Nome] (Ano). Título da obra, a designação In, Sobrenome, N. [Nome] da
obra colectiva, Título da Obra colectiva entre aspas, Edição [quando existente]. Lugar de
Publicação, Nome da Editora, p. x [ou, pp. x-xx]

. 109
Metodologia da Investigação Científica

Ex.: AXELROD, R. Decision for Neoimperialism: The Deliberations of the British Eastern
Committee in 1918. In: Axelrod, R. (Ed.). The Structure of Decision: The Cognitive Maps of
Political Elites. Princeton, NJ, Princeton University Press, 1990, 23-55 pp.

9.- Muitas vezes torna-se útil fazer referência ao numero total de paginas da obra.

10.- No caso de documentos disponíveis na internet deverão ser assinalados da seguinte


forma: Sobrenome, N. [Nome] (Ano). Título do documento. [Em linha]. Disponível em
"<"endereço">" [Consultado em data].

Ex.: SCHAUM, D. Blind Signature Technology and Digital Privacy. 1996. [Em linha].
Disponível em http://www.digicash.com/publish/sciam.htm. [Consultado em 06/09/1999].

11.- No caso de se referirem locais na Internet, páginas principais, pessoais ou de


instituições, deve-se utilizar o seguinte formato:

Ex.: The International PGP Home Page. [Em linha]. Disponível em http://www.pgpi.com/.
[Consultado em 06/09/1999].

12.- No caso de se referirem publicações em revistas digitais, deve-se utilizar o seguinte


formato

Ex.: ZACK, M. (1999). Managing Codified Knowledge. Sloan Management Review, 40(4).
[Em linha]. Disponível em http://mitsloan.mit.edu/smr/ past/1999/smr4044.html. [Consultado
em 06/09/1999].

13.- No caso de se referirem publicações em formato CD-ROM, deve utilizar-se o seguinte


fformato:

Ex.: ASSOCIATION FOR COMPUTING MACHNERY (1997). 1997 Electronic Catalog. [CD-
ROM]. New York, John Wiley & Sons, Inc. IBM PC e compatível, Macintosh.

6.2.10. Anexos

Os anexos são conteúdos que complementam as ideias presentes no corpo do trabalho,


mas que não se justifica a inclusão delas ali.

Deve ser anexado sem numeração de páginas, os modelos dos instrumentos a serem

. 110
Metodologia da Investigação Científica

utilizados na pesquisa como questionários, entrevistas, guias de observação, testes, enfim


anexar, aquelas informações que considere necessárias para melhor compreensão do
Protocolo de Investigação.

Devem ser indicados por letra, em ordem alfabética e na ordem em que aparecem no texto.

Ex.: ANEXO A, ANEXO B, ANEXO C, etc.

Devem ser citados no texto entre parênteses, quando vierem no final da frase. Ex.:

Afim de avaliar o grau de satisfação dos funcionários do departamento de produção da

empresa será aplicado um questionário misto a amostra seleccionada (ANEXO A).

. 111
Metodologia da Investigação Científica

Tema VII.- Estrutura do trabalho de conclusão de curso

A elaboração de um trabalho universitário no processo de conclusão de um curso superior


deverá mostrar o grau de conhecimento adquirido ao longo de seus estudos e para o que
contribuíram as múltiplas disciplinas recebidas.

O trabalho apresenta uma estrutura composta de elementos obrigatórios e elementos


opcionais, escritos em uma ordem determinada, estabelecida por cada instituição.

 Capa de apresentação

Refere-se à protecção externa do trabalho e reúne um conjunto de informações sobre a


pesquisa.

 Dedicatória

A dedicatória é opcional, onde o autor dedica seu trabalho a alguém que tenha contribuído
de forma muito pessoal para sua consecução.

Deve ocupar uma página própria, sem ornamentos gráficos, com a maior sobriedade
possível.

 Agradecimentos

Folha opcional onde o autor agradece, de modo sucinto, a uma ou mais pessoas e/ou
instituições que colaboraram de forma relevante na realização do trabalho.

Devem ser igualmente objectivos, mencionando directamente todos os indivíduos ou


entidades que contribuíram de alguma forma para o bom êxito do trabalho.

. 112
Metodologia da Investigação Científica

Incluem-se geralmente nesta rubrica as palavras de gratidão para com supervisores ou


outros indivíduos que auxiliaram a produção e consecução do trabalho.

Deve ocupar uma página própria.

 Sumario

É a relação de títulos das principais divisões, secções e capítulos que compõem o trabalho,
na ordem em que aparecem no texto e com a respectiva indicação de página inicial. Não
devem constar no sumário as partes que o antecedem.

O Sumário não deve ser confundido com o Índice.

 Índice

Deve ocupar página(s) própria(s). Tem como propósito ajudar ao leitor, o aceso, por
ordem numérico de páginas do conteúdo que aparece em cada uma. Serve de verdadeira
guia de consulta do trabalho.

Deve ter-se em conta que todo trabalho começa a numerar-se na introdução e que os
anexos não se paginam.

Quando existirem figuras, quadros, gráficos, tabelas e abreviaturas, deverão possuir índices
próprios, logo depois do índice geral e por esta ordem.

 Resumo

Em ele se apresentam de forma concisa os pontos relevantes do trabalho. Deverá conter


uma exposição da temática abordada, apresentação dos objectivos propostos; a
metodologia utilizada, os principais resultados e as conclusões obtidas, assim como as
recomendações.

O resumo deve ser escrito em parágrafo único de aproximadamente 250 palavras, com
frases afirmativas e o verbo no passado. Não se aconselha o uso de abreviaturas.

. 113
Metodologia da Investigação Científica

Geralmente, é escrito em pelo menos duas línguas, a fim de poder ser divulgado nos
circuitos académicos internacionais.

Após o resumo, deverão ser incluídas as palavras-chave, que são as palavras mais usadas
no decorrer do texto e que descrevem os elementos essenciais da informação.
Normalmente aconselha-se o uso de seis palavras-chave.

 Introdução

A Introdução deve, num primeiro momento, fornecer ao leitor, de modo claro e preciso, uma
visão global da pesquisa realizada.

Deve expressar a situação do tema no tempo e no espaço, sua importância para o


desenvolvimento da área pesquisada e qual o motivo que leva o pesquisador realizar o
trabalho. Busca-se, na introdução, responder às questões: quem, o que, por que, quando,
onde e como.

A introdução não deve conter sub-capítulos e deve ser escrita numa linguagem simples e
concisa.

Após a Introdução, mas dentro deste mesmo capítulo, devem ser apresentados os
objectivos.

 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

A fundamentação teórica é a base de sustentação da investigação. Nesse capítulo, o autor


deve demonstrar conhecimento da literatura básica sobre o assunto, resumindo os
resultados de estudos feitos por outros autores.

Sua redacção deve obedecer em primeiro lugar ao cumprimento das regras estabelecidas
por cada instituição.

O texto deverá ser escrito no presente do indicativo e mostrar que é um documento da


autoria do aluno.

Quando precisar incluir tabelas, quadros, gráficos e figuras devem obedecer uma
padronização.

Os elementos essenciais da tabela e quadros são:

. 114
Metodologia da Investigação Científica

Título: deve mencionar o conjunto e variáveis examinados, precedido da palavra TABELA


ou QUADRO seguida da numeração. Deve ser auto-explicativo e as colocado na parte
superior dela.

Corpo: se refere ao conjunto de colunas e linhas, que contêm, respectivamente, em


posição vertical e horizontal, informações sobre o fenómeno investigado.

 Fonte: Deve ser mencionado o autor e ano do trabalho em que se encontra a


informação seleccionada, a menos que a ilustração tenha sido elaborada pelo estudante.

Exemplo:

TABELA 1. Importações Nacionais de Máquinas para Fabricar Malhas

1990 - 1994

Anos Valor ( US$ 1.000 )


1990 69.111
1991 61.250
1992 34.230
1993 56.005
1994 99.520

Fonte: Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo

A diferencia entre TABELA e QUADRO consiste em que “o QUADRO são as apresentações


de tipo tabular que não empregam dados estatísticos”.

Exemplo:

QUADRO 1. Principais Inovações nos Equipamentos da Indústria Têxtil –

Segmentos de Fiação e Tecelagem

ETAPAS DO PROCESSO PRINCIPAIS INOVAÇÕES


(Equipamentos)
Filatório a Anel Accionamento individual do fio

Mudanças tecnológicas para redução do


consumo de energia

. 115
Metodologia da Investigação Científica

Desenvolvimento de turbina para produzir


fios mais finos
Filatório Open end
Incorporação de controle eletrônico
Incorporação de controlo electrónico
Teares Substituição de lançadeiras por pinças,
projécteis ou jactos de ar/água

Fonte: Banco Nordeste, 1999, p.16.

No caso de GRÁFICOS e FIGURAS o título deve ser precedido da palavra GRÁFICO ou


FIGURA seguida da numeração. Diferentemente das TABELAS, a especificação das
informações relativas ao título e fonte deve constar abaixo do gráfico ou figura.

GRÁFICO 1. Produto Interno Bruto do Brasil no período de 1990 – 1995, a

preços constantes de 1995.

Fonte: Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, 1995.

 METODOLOGIA DE TRABALHO

Neste capítulo se realiza uma explicação detalhada e rigorosa de todos os métodos,


procedimentos e técnicas utilizados durante o trabalho de investigação, a fim de garantir a
obtenção de dados que permitam atingir os objectivo propostos e chegar a conclusões e
recomendações científicas. É escrito no pretérito perfeito.

Toda metodologia de investigação deve dar resposta a seguinte perguntas:

. 116
Metodologia da Investigação Científica

 Qual o tipo de pesquisa?


 Qual o universo da pesquisa?
 Será utilizada que tipo de amostragem?
 Quais os instrumentos de coleta de dados?
 Como foram construídos os instrumentos de pesquisa?
 Qual a forma que será usada para a tabulação de dados?
 Qual serão os métodos estatísticos a serem utilizados na analise de dados?
 Como interpretará e analisará os dados e informação obtida?
 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo, com o uso do raciocínio lógico se processam, analisam e interpretam os


dados obtidos a partir da aplicação dos instrumentos de trabalho a amostra seleccionada
com a finalidade de comprovar a hipótese.

A apresentação dos resultados da investigação deve, sempre que possível, assumir a forma
de tabelas ou de gráficos que possibilitem uma leitura imediata e fácil. Se se tratar de dados
quantitativos, não se deve dispensar a apresentação das estatísticas obtidas.

Cada resultado alcançado deve ser discutido no quadro da hipótese com a qual está
relacionado e de acordo ou desacordo aos resultados achados por outros investigadores ou
outros estudos. Devem ser estabelecidas generalizações a partir das informações
adquiridas.

 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A elaboração da conclusão tem por finalidade reafirmar sinteticamente a ideia principal e os


pormenores mais importantes já colocados no corpo da pesquisa.

As recomendações são declarações concisas de acções necessárias a partir das


conclusões obtidas, a serem usadas no futuro.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

As Referências Bibliográficas referem-se ao conjunto de documentos consultados e


mencionados no corpo/texto do trabalho. Estas devem aparecer em ordem alfabético e o
formato usual para este tipo foi já citada neste texto.

 ANEXOS

. 117
Metodologia da Investigação Científica

Os anexos são conteúdos que complementam as ideias presentes no corpo do trabalho,


mas que não se justifica a inclusão delas ali. O objectivo da inclusão de anexos é dar maior
fundamentação ao trabalho.

Deve ser anexado sem numeração de páginas, os modelos dos instrumentos a serem
utilizados na pesquisa como questionários, entrevistas, guias de observação, testes, enfim
anexar, aquelas informações que considere necessárias para melhor compreensão.

Os originais das respostas manuscritas aos questionários e a transcrição integral das


entrevistas devem ser arquivados em pastas separadas do TCC, para comprovação, no
caso de surgirem dúvidas. Alguns autores incluem-nos em anexos.

FORMATAÇÃO DO TRABALHO

a. Formato A4 impresso só de um lado;


b. Tipo gráfico Times New Roman, com uma fonte de 12 pontos;
c. Justificação do texto à esquerda e à direita;
d. Espaço entre linhas de 18 pontos (uma linha e meia);
e. Espaço entre parágrafos de 24 pontos (linha dupla);
f. Margens superiores e esquerda de 3 cm;
g. Margem direita de 2 cm;
h. Margem inferior de 2 cm;
i. Numeração de paginas com o mesmo tipo, mas com fonte de 10 pontos, centrada
na margem inferior, a uma distância de 1,5 cm do corpo de texto;
j. Título do trabalho com o mesmo tipo mas com fonte de 10 pontos, de forma integral
ou abreviada, na margem superior a 1,5 cm do corpo do texto, alinhada pela
margem direita;
k. Notas de rodapé compostas com o tipo gráfico Times New Roman, com uma fonte
de 10 pontos.

O TCC deve ser encadernado utilizando argolas plásticas, sendo a capa em acetato incolor
transparente e a contracapa em acetato de cor à escolha do estudante.

. 118

Você também pode gostar