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Didática da Língua

Inglesa I
Prof. Estela Maris Bogo Lorenzi
Prof. Luciana Fiamoncini

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Prof. Estela Maris Bogo Lorenzi
Prof. Luciana Fiamoncini

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

420.7
L869d Lorenzi, Estela Maris Bogo

Didática da língua inglesa I / Estela Maria Bogo


Lorenzi; Luciana Fiamoncini. Indaial: UNIASSELVI, 2018.

179 p. : il.

ISBN 978-85-515-0147-4

1.Língua Inglesa – Estudo e Ensino.


I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Apresentação
Hello, dear students. It is a pleasure to write a book especially for you: a
future English Teacher. A didática, como já se sabe, é a arte de ensinar. Por
ser uma técnica, a didática pode ser aprimorada ao longo dos anos e a
experiência é uma forte aliada. Neste material, buscamos evidenciar quais são
as principais técnicas didáticas usadas para o ensino da língua e apresentar
a você, acadêmico e futuro professor, o que a literatura traz acerca desta
importante temática para quem quer adentrar à docência.

Na Unidade 1, teremos como enfoque o conceito e a aplicação da


didática da língua inglesa. Nesta etapa, você será capaz de compreender
quais são as implicações culturais da língua inglesa e sua implicação no
mercado de trabalho. Ainda nessa unidade, abordaremos o conceito de
didática, sua aplicação em sala de aula, e aspectos relacionados à escolha do
material didático para trabalhar a língua estrangeira.

Ainda na Unidade 1, você conhecerá um pouco mais sobre o


que versam os documentos nacionais da educação no que tange o ensino
das línguas. Documentos como LDB, PCN, BNCC e algumas resoluções
importantes que norteiam o ensino serão explorados. Fique atento a eles.

Já a Unidade 2 foca na diferença entre language learning and language


aquisition. Serão abordados os conceitos de ambos os termos, maneiras de
estimular e trabalhar cada um deles e ainda a ideia de bilinguismo. Ainda
na Unidade 2, trataremos das implicações de se ter ou não um professor
nativo na língua inglesa e trabalharemos as quatro habilidades que devem
ser desenvolvidas quando estamos no processo de aprendizagem da língua:
listening, speaking, writing and reading.

Por fim, na Unidade 3, o enfoque será exclusivamente nos métodos


de ensino de língua inglesa. São eles: Direct Method, Grammar Translation
Method, Audiolingual Method, The Silent Way, Suggestopedia, Communicative
Language Teaching, The Lexical Syllabus and Immersion. Trataremos de como
estes métodos surgiram, quais são seus prós e contras, discutiremos suas
principais características e se eles ainda são viáveis ou não para a aplicação
nos tempos hodiernos.

Explore tudo o que oferecemos a você a partir da ferramenta UNI,


das dicas de vídeos, sugestões de leituras e acesse também a trilha de
aprendizagem da disciplina no seu Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA), que é recheada de informações para que você cresça sempre mais
como profissional da educação.

III
Esperamos que a partir deste material você possa ampliar seus
horizontes, compreendendo os princípios básicos da didática e apaixonando-
se cada vez mais pela arte de ensinar. Estaremos sempre à disposição para
trocar ideias e aprendermos juntos a partir das suas sugestões e dúvidas.

We hope you have an excellent journey and be happy! See you soon! Teachers
Estela and Luciana.

NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE .............................. 1

TÓPICO 1 – DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO ...................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 POR QUE ESTUDAR A LÍNGUA INGLESA? ................................................................................ 3
2.1 A LÍNGUA INGLESA E SEU CONTEXTO DE USO . ............................................................... 6
2.2 A LÍNGUA INGLESA E AS IMPLICAÇÕES CULTURAIS ....................................................... 7
2.3 A LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO ......................................................... 9
3 O QUE É DIDÁTICA? .......................................................................................................................... 11
3.1 A DIDÁTICA E SUA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA......................................................... 13
3.2 A ESCOLHA DO MATERIAL DIDÁTICO E AS IMPLICAÇÕES NO ENSINO E
APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA................................................................................. 15
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 16
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 – AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA


DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES........................................................................................................... 19
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 19
2 O ENSINO DE LÍNGUAS NO BRASIL............................................................................................ 20
3 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: UM OLHAR NAS LEIS, NORMAS E NOS
DOCUMENTOS ORIENTADORES.................................................................................................. 27
3.1 A LDB E O ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA................................................................... 28
3.2 OS PCN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, AS OCEM – ENSINO MÉDIO E A
LÍNGUA ESTRANGEIRA............................................................................................................... 31
3.3 OUTROS DOCUMENTOS ORIENTADORES E NORMAS ACERCA DA LÍNGUA
ESTRANGEIRA – INGLÊS.............................................................................................................. 34
3.3.1 A resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 4, de 13 de julho de 2010.......... 34
3.3.2 A resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 7, de 14 de dezembro
de 2010....................................................................................................................................... 35
3.3.3 A resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 2, de 30 de janeiro 2012:
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio................................................... 36
3.3.4 Plano Nacional de Educação - PNE de 2014........................................................................ 37
3.3.5 O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?...................................................... 39
3.3.6 Como será o currículo do novo Ensino Médio em relação à língua estrangeira?.......... 40
4 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM LÍNGUA INGLESA............................................... 40
4.1 O QUE OS DOCUMENTOS ORIENTADORES E LEIS POSTULAM SOBRE
AVALIAÇÃO..................................................................................................................................... 41
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 44
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 46

TÓPICO 3 – O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA................... 49


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 49

VII
2 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL .............................................................................................................................................. 50
2.1 ENSINANDO A PARTIR DA ORALIDADE ............................................................................... 53
2.2 UTILIZANDO O MATERIAL CONCRETO E RECURSOS VISUAIS . .................................... 54
3 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO
FUNDAMENTAL I ............................................................................................................................... 55
3.1 A COMPREENSÃO DO VOCABULÁRIO NAS TEMÁTICAS DE ENSINO ......................... 56
3.2 A LÍNGUA ESTRANGEIRA E OS SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO .................................... 57
4 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO
FUNDAMENTAL II.............................................................................................................................. 58
4.1 CONTEXTUALIZANDO O ENSINO DA GRAMÁTICA.......................................................... 59
4.2 O USO DAS TECNOLOGIAS E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA.................... 61
5 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO MÉDIO................ 62
5.1 A COMPREENSÃO TEXTUAL NA LÍNGUA INGLESA........................................................... 63
5.2 O ENSINO DO INGLÊS E O VESTIBULAR................................................................................. 64
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 69

UNIDADE 2 – LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION.......................... 71

TÓPICO 1 – LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL.............................. 73


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 73
2 CONCEITUANDO A LANGUAGE ACQUISITION..................................................................... 74
2.1 LÍNGUA MATERNA....................................................................................................................... 76
2.2 SEGUNDA LÍNGUA........................................................................................................................ 77
2.3 LÍNGUAS MINORITÁRIAS E MINORITARIZADAS................................................................ 78
3 MANEIRAS PARA ESTIMULAR A LANGUAGE ACQUISITION............................................ 79
3.1 AQUISIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA: QUE FATORES CONSIDERAR?................... 79
3.1.1 Idade de aquisição................................................................................................................... 80
3.1.2 Bilinguismo............................................................................................................................... 81
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 83
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 84

TÓPICO 2 – LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL................................................... 87


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 87
2 CONCEITUANDO A LANGUAGE LEARNING............................................................................ 87
2.1 O ESTUDO FORMAL E O APRENDIZADO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA......................... 88
3 COMO DESENVOLVER A LANGUAGE LEARNING.................................................................. 91
3.1 O PAPEL DO PROFESSOR NA LANGUAGE LEARNING....................................................... 92
3.2 AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NA LANGUAGE LEARNING............................................... 96
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 100
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 103
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 104

TÓPICO 3 – PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA:


IMPLICAÇÕES.................................................................................................................. 105
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 105
2 O PROFESSOR NATIVO NA LÍNGUA INGLESA........................................................................ 105
3 O PROFESSOR NÃO NATIVO NA LÍNGUA INGLESA............................................................. 107
3.1 O QUE DIZEM AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES SOBRE A
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA................................................. 108

VIII
4 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS COM OS ALUNOS DE
LÍNGUA INGLESA .............................................................................................................................. 110
4.1 LISTENING........................................................................................................................................ 111
4.1.1 Pre-listening, listening and post-listening........................................................................... 112
4.2 READING.......................................................................................................................................... 112
4.2.1 Processes top-down e bottom-up.......................................................................................... 113
4.2.2 Reading strategies.................................................................................................................... 114
4.3 SPEAKING......................................................................................................................................... 115
4.3.1 Speech stimulation techniques.............................................................................................. 116
4.4 WRITING........................................................................................................................................... 116
4.4.1 English everywhere................................................................................................................. 116
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 118
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 120

UNIDADE 3 – THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND


LEARNING METHODS ............................................................................................. 123

TÓPICO 1 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1............................................................................... 125


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 125
2 DIRECT METHOD ............................................................................................................................... 125
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIRECT METHOD...................................................................... 127
2.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO DIRECT METHOD........................................ 128
3 GRAMMAR TRANSLATION METHOD......................................................................................... 130
3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRAMMAR TRANSLATION METHOD................................ 131
3.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO GRAMMAR TRANSLATION METHOD... 133
4 AUDIOLINGUAL METHOD.............................................................................................................. 133
4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUDIOLINGUAL METHOD.................................................... 136
4.2 SUGESTÃO DE ATIVIDADE UTILIZANDO AUDIOLINGUAL METHOD.......................... 138
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 139
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 140

TÓPICO 2 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2............................................................................... 143


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 143
2 THE SILENT WAY................................................................................................................................. 143
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SILENT WAY METHOD............................................................. 145
2.2 SUGESTÃO DE ATIVIDADE UTILIZANDO SILENT WAY METHOD................................... 146
3 SUGGESTOPEDIA ............................................................................................................................... 146
3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SUGGESTOPEDIA METHOD................................................... 147
3.2 SUGESTÕES DE COMO TRABALHAR O SUGGESTOPEDIA METHOD............................. 149
4 TOTAL PHYSICAL RESPONSE ........................................................................................................ 150
4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TOTAL PHYSICAL RESPONSE METHOD............................ 150
4.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO TOTAL PHYSICAL RESPONSE
METHOD........................................................................................................................................... 152
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 154
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 155

TÓPICO 3 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3............................................................................... 157


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 157
2 COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING ............................................................................ 157
2.1 CONSIDERAÇÕES DO COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING METHOD............ 158
2.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO COMMUNICATIVE LANGUAGE
TEACHING METHOD.................................................................................................................... 159

IX
3 THE LEXICAL SYLLABUS ................................................................................................................. 161
3.1 PRÓS E CONTRAS DO LEXICAL SYLLABUS METHOD......................................................... 162
3.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO LEXICAL SYLLABUS METHOD................ 162
4 IMMERSION ......................................................................................................................................... 163
4.1 PRÓS E CONTRAS DO IMMERSION METHOD........................................................................ 164
4.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO IMMERSION METHOD............................... 165
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 166
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 170
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 171
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 173

X
UNIDADE 1

ENGLISH DIDACTICS AND THE


ENGLISH LANGUAGE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você estará apto a:

• compreender o contexto de uso da língua inglesa;

• discutir o conceito de didática e suas aplicações;

• conhecer a trajetória do ensino de línguas no Brasil;

• compreender os dizeres das leis, normas e os documentos orientadores


acerca do ensino e aprendizagem das línguas estrangeiras;

• refletir acerca da avaliação;

• analisar o ensino da língua inglesa na Educação Básica.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final da cada um deles,
você poderá dispor de atividades que o auxiliarão na fixação do conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E


APLICAÇÃO

TÓPICO 2 – AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES


ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA
ESTRANGEIRA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

TÓPICO 3 – O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO


BÁSICA

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Students, welcome to our new book. Todos nós sabemos que a língua inglesa
é a mais falada no mundo e que as pessoas que a dominam têm, sem sombra de
dúvidas, certas vantagens com relação a quem não a domina.

A partir do estudo deste material você será capaz de compreender por que
a didática da língua inglesa é tão importante quando falamos em aprendizado
de uma second language, ou segunda língua, em português. Especificamente na
Unidade 1, dedicaremos nossos estudos ao conceito e aplicação da didática em
sala de aula (e, em alguns casos, fora dela também).

A didática, conforme estudaremos mais adiante, não é um conceito novo.


Ela já vinha sendo estudada por Jan Amós Comenius em meados do século XVII.
Por que, então, estudaremos algo tão antigo aqui, em um material atual como
este?

A resposta é simples: a didática, embora date de séculos atrás, é um


conceito que nunca deixou de ser atual. Todos os anos, inúmeros pesquisadores
realizam seus estudos voltados para esta temática, visando sempre fazer
descobertas significativas que possam auxiliar os professores a lapidar cada vez
mais o seu trabalho em sala de aula.

A partir de agora, acadêmico, você passará a estudar este conceito


e conhecer cada detalhe da aplicabilidade da didática do ensino da língua
estrangeira em sala de aula. Are you ready to start? So, let’s go!

2 POR QUE ESTUDAR A LÍNGUA INGLESA?


It is a pleasure to meet you again! Quem de vocês já se perguntou por que a
língua inglesa é um dos idiomas mais estudados do mundo? E por que em todo
o mundo cada vez mais pessoas buscam aprender este idioma? Bem, não é difícil
deduzir que, se a procura está aumentando, é porque realmente a língua está em
ascendência.

De acordo com inúmeras pesquisas, pode-se afirmar que uma das


respostas para esta pergunta é o fato de que a língua inglesa é o idioma principal

3
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

da comunicação em business mundo afora. Mesmo nos países que falam mandarim
(China e Japão, por exemplo), o inglês é predominante quando o tema são os
negócios.

Christopher Newcombe (2015, p. 74), diretor assistente dos cursos de


Inglês do British Council Singapore, afirma que:

além da necessidade mais localizada, há um grande aumento na


necessidade da proficiência no inglês em relação ao mundo globalizado
em geral, no qual qualquer um pode receber uma ligação em inglês de
um colega na Escócia, e ao mesmo tempo ter de responder um e-mail
em espanhol ou em outra língua.

Apesar de o inglês ser destaque no mundo dos negócios (business), não


é só nesta área que ele está em evidência. No mundo tecnológico, por exemplo,
o inglês é muito presente. Podemos perceber isso nos estrangeirismos que nos
permeiam quando o assunto é informática.

FIGURA 1 - BUSINESS

FONTE: Disponível em: <http://www.dicasdosergio.com.br/category/diversos/tirinhas-


diversos/>. Acesso em: 15 jul. 2017.

A tirinha apresentada traz uma conotação humorística para uma parte


do computador, o mouse. Neste caso, o mouse a que o atendente se refere é
o animal, que está tranquilo a bordo. A partir dela, podemos trazer inúmeros
estrangeirismos muito utilizados na nossa língua portuguesa que se referem à
tecnologia: mouse, touchscreen, enter, pen drive, board, closed caption, e muitas outras
palavras usadas em nosso dia a dia.

4
TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

UNI

Vamos relembrar o que são os estrangeirismos? São palavras estrangeiras que


a língua portuguesa acabou por acrescentar ao vocabulário. Os estrangeirismos não são
somente palavras trazidas da língua inglesa, mas também de outros idiomas, por exemplo, a
palavra abajour, que vem do francês.

Mais um importante passo para que possamos compreender o porquê


da importância de estudar o inglês é analisar o mundo que nos cerca: outdoors,
lojas, a própria tecnologia, conforme comentamos anteriormente, todas estas
peculiaridades do dia a dia estão rodeadas pela língua inglesa. O mercado de
trabalho cada vez mais busca profissionais qualificados que dominem, total ou
parcialmente, um segundo idioma – neste caso, especificamente a língua inglesa.
Esta procura cresce vertiginosamente porque há ocasiões em que somente
conhecer vocabulário e gramática básica não basta. Para participar de discussões
de trabalho e comunicar-se efetivamente com estrangeiros é necessário que o
falante domine o listening.

Um dado curioso exposto por Newcombe (2015) é que em muitas


universidades conceituadas, como Oxford e Edimburgo, há muitos estudantes
de outros países, que se matriculam e lá estudam justamente para que possam
ter a língua inglesa como base nas situações acadêmicas, do dia a dia e também
para que possam ter a experiência de compartilhar as culturas dos mais diversos
países, lá representados pelos estudantes.

Estes e outros motivos fazem com que o inglês, apesar de ser por vezes
complicado para os estudantes iniciantes, ainda seja a primeira opção, pois apesar
da dificuldade e das frustrações iniciais, as recompensas do seu aprendizado são
sempre compensadoras e acabam por valer a pena de médio a longo prazo.

UNI

Você sabia que, apesar de a língua inglesa ser a mais utilizada no mundo, ela
não é a que mais tem falantes nativos? Isso quer dizer que ela é a mais aprendida como
língua estrangeira e você, acadêmico, está somando para estas estatísticas.

5
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

A razão pela qual devemos aprender a língua inglesa é abrir portas,


em todos os setores. Negócios, turismo, comunicação, cultura, economia,
relacionamentos, literatura, internet, informação. Todas estas são áreas facilmente
exploradas quando se tem um bom domínio da língua inglesa. So, what are you
waiting for? Let’s learn English, folks!

2.1 A LÍNGUA INGLESA E SEU CONTEXTO DE USO


A língua inglesa, ao contrário do que muitos pensam, teve seu ápice
mundial por volta do século XVI, quando o imperialismo britânico proporcionou
que a língua inglesa se estendesse além das suas fronteiras (GRADDOL, 2006).
Este fato influenciou a linguística e a cultura de outros países, que muitos anos
depois fizeram com que a língua inglesa se transformasse em língua internacional.

O rápido avanço tecnológico fez com que a interação entre diferentes


pessoas do mundo inteiro aumentasse significativamente, e esta comunicação
deu-se especialmente a partir do uso da língua inglesa. Por este motivo, a língua
passou a ser estudada em massa pela população, fazendo com que seu uso
aumentasse significativamente em questão de décadas.

Hoje, não há como medir em números exatamente a quantidade de


pessoas que estudam a língua inglesa e quais são suas intenções ao fazê-lo,
mas é perceptível o aumento do interesse não somente nas instituições que
oferecem cursos particulares, mas também por parte das pessoas que o fazem
autonomamente por meio de cursos on-line ou de maneira autodidata.

De acordo com Dal Molin (2003), a velocidade da inserção da população


nos meios tecnológicos fez com que o perfil dos aprendizes mudasse, ou seja,
vivemos hoje em um mundo no qual a atuação pedagógica está passando por
profundas mudanças, fugindo do obsoleto, da rotina e daquele ensino tradicional
cansativo e enfadonho. Dal Molin (2003) ainda afirma que a reprodução de
conhecimentos ultrapassados, inoperantes e descompassados não é mais aceita
hoje.

Podemos perceber esta situação se compararmos o ensino de línguas


atual com o de 20 anos atrás (ou menos): na época, era o professor o detentor
do saber, aquele que transmitia o conhecimento. O aluno era ouvinte. Hoje, os
estudantes tornaram-se atuantes e já trazem a informação de casa, pois a acessam
a qualquer momento de seus aparelhos tecnológicos. Ao professor cabe mediar
esta informação e transformá-la em conhecimento. O fácil acesso à tecnologia fez
com que o professor saísse do pedestal de detentor do saber para o papel de
mediador.

O professor de língua inglesa passa a ser, portanto, aquele que dará


continuidade a um processo que, geralmente, já está iniciado. Motter et al. (2009)
afirmam que hoje o ciberespaço tem papel importante na formação das pessoas,

6
TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

seja na reprodução cultural, na informação de diferentes visões de mundo, na


proposição e criação de habilidades, adoção de atitudes, valores, e, principalmente,
em relação ao acesso de uma língua estrangeira.

Para os autores, o contexto de uso da língua inglesa hoje “cria novas


identidades, forma cidadãos com interesses originais e diferentes” (MOTTER et
al., 2009, p. 4). Assim, pode-se inferir que o falante da língua inglesa, seja ele nativo
ou aprendiz, percebe a língua inglesa não somente como um segundo idioma,
mas sim, como uma possibilidade de troca, seja pelo fato de 80% das informações
da web estarem em inglês ou mesmo por suas características socioculturais.

Percebe-se, então, que os sujeitos que estão em contato com a língua


inglesa não são mais meros receptores, mas sim, que “têm liberdade de escolha e
produção dos conteúdos que desejam acessar” (MOTTER et al., 2009, p. 2). Assim,
agem com propriedade e liberdade para aprenderem da maneira como acharem
mais conveniente.

Portanto, o contexto de uso da língua está mudando. Antes, tínhamos o


inglês como mais uma disciplina escolar. Hoje, o temos como uma porta para uma
cultura que já não é mais, de acordo com Costa (2004), ocidental ou americanizada,
mas sim, global. Esta cultura global existe, de acordo com Costa (2004), partindo
de diversos países e não tem um foco principal.

A língua inglesa é, portanto, usada hoje com diferentes objetivos, diferente


do que era antes. É o idioma do desenvolvimento tecnológico, econômico e
científico, sendo o ápice da interação e do entretenimento. E você, acadêmico?
Why are you learning English? Think about it!

2.2 A LÍNGUA INGLESA E AS IMPLICAÇÕES CULTURAIS


A cultura da língua inglesa! Eis um tema sobre o qual poderíamos falar
tranquilamente por horas e horas. Embora não seja tão simples quanto pareça,
é um dos temas que, quando se fala em “aprender inglês”, mais vem à tona.
Para esta sessão, tomaremos por base a definição antropológica de cultura, que
ressalta que esta vai muito além do mundo letrado, ou seja, o comportamento
humano, independentemente de sua classe, define a cultura.

A cultura, portanto, é evidenciada por um conjunto de situações, que,


de acordo com Ullmann (1980, p. 86), é “todo comportamento humano-cultural,
transmissão social... Cultura é saudação dirigida a alguém... é a forma de educar
a prole... é o modo de vida da sociedade... Cultura é um termo que dá realce aos
costumes de um povo". Observe a tira de Mafalda:

7
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

FIGURA 2 - MAFALDA E OS ESTRANGEIRISMOS

FONTE: Disponível em: <http://blog.culturainglesa-ce.com.br/linguagem/


anglicismo-a-influencia-do-ingles-na-lingua-portuguesa>. Acesso em: 23
jul. 2017.

Na tira, podemos perceber que a personagem não compreende a palavra


living como estrangeira, visto que ela já está tão impregnada no seu dia a dia que
passa a ser como se fosse do seu próprio idioma, ignorando o fato de que, para
ela, há uma palavra específica (sala de estar). Pode-se afirmar que a língua inglesa
está, aos poucos, infiltrando-se de tal maneira nas outras culturas que, por vezes,
passa despercebida, fazendo com que esta pareça já fazer parte da própria cultura
de cada país.

Ensinar a língua inglesa não quer dizer que estejamos forçando o aluno
a adquirir a cultura do outro, mas sim, fazendo com que ele saiba que os povos
se comportam de maneiras diferentes. Culturas não são superiores ou inferiores
umas às outras, mas sim, diferentes, e a situação econômica nada tem a ver com
estes fatores, embora muitas vezes a cultura dos países mais influentes domine
sobre as demais.

Em sala de aula, discutir estas questões com o aluno é essencial, pois a


partir delas é possível fazer com que se compreenda que aprender inglês vai
além do simplesmente compreender um idioma de um país dominante, devemos
utilizá-lo como um instrumento de comunicação que abrange os mais diversos
aspectos, tanto culturais quanto tecnológicos.
8
TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

Atualmente, pode-se perceber que a visão da língua inglesa como


dominadora está perdendo espaço, fazendo com que ela passe a ser vista não
mais como a língua da cultura americana ou ocidental, mas como a língua da
globalização, a partir da qual podemos comunicar e interagir. Os impactos
da língua inglesa sobre os aspectos culturais estão, portanto, mais voltados à
globalização.

2.3 A LÍNGUA INGLESA NO MERCADO DE TRABALHO


Hi, folks! Cá estamos nós novamente para falar um pouco acerca da língua
inglesa no mercado de trabalho. No mundo atual, estamos cercados por produtos
e marcas estrangeiras, correto? Desde alimentos até automóveis, todas as esferas
comerciais nos oferecem algo importado. Assim como para nós há o importado
de outros países, também nosso Brasil é grande exportador, ou seja, lá fora, os
produtos brasileiros são importados aos olhos dos outros.

Vamos nos ater ao que é, para nós, importado. Você já deve ter reparado no
mercado ou em lojas de tecnologias que, mesmo que os produtos sejam chineses,
árabes ou de outra nacionalidade, as informações são predominantemente em
inglês? Isso é uma prova do que vimos falando até agora: a língua inglesa é, sim,
a língua dos negócios.

Podemos ver isso também nas organizações e empresas. Muitos dos


termos utilizados são em língua inglesa, e isso ocorre porque são termos mundiais,
ou seja, não se usa tradução para eles. E adivinhem em que língua são usados?
Isso mesmo: em inglês. A tira a seguir ilustra um pouco do que estamos falando,
com dose de humor. Vamos descontrair?

FIGURA 3 - THE ENGLISH TEACHER

FONTE: Disponível em: <http://www.ivoviuauva.com.br/tag/ingles/>. Acesso em: 23 jul. 2017.

Isto ocorre porque na visão das empresas, por exemplo, em uma relação
cliente e fornecedor, é importante tratar direto com o fornecedor, que, na maioria
das vezes, é estrangeiro. A partir desta logística, ganha-se tempo e eficiência. Por
isso, compreender a língua inglesa razoavelmente bem é imprescindível.

9
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Não somente na área de negócios, mas também na área tecnológica


a língua inglesa ganha cada vez mais espaço. Os profissionais que lidam com
tecnologia têm a língua inglesa como ferramenta de trabalho em potencial. Isto,
podemos explicar, porque a maioria das criações no quesito tecnológico vem dos
Estados Unidos ou do Japão, e aprender o mandarim é mais complicado do que
aprender o inglês, concordam? Portanto, pelo fato de o inglês ser a língua mais
disseminada, acordou-se trocar as informações nesta língua.

Aos profissionais do turismo também o inglês é bem-vindo. Podemos


ver que a área turística cresceu vertiginosamente nos últimos anos. Muitos são
os estrangeiros que vêm ao Brasil diariamente, seja para turismo ou mesmo a
negócios. Saber atendê-los (e bem!) por aqui é de suma importância para que eles
voltem. Exemplos disso foram a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Muitas foram
as dificuldades enfrentadas pelos comerciantes, justamente por não dominarem
a língua.

Da maneira oposta também: há muitos brasileiros que viajam diariamente


para o exterior. E todos eles se comunicam em língua inglesa para atender aos
turistas. Você poderá ir à França, Alemanha, Japão, China... Sempre haverá
alguém tentando ajudá-lo... EM INGLÊS. Que tal aprender rapidinho?

Não somente estes ramos (organizações, tecnologia e turismo) crescem


no Brasil e no mundo. Falar bem a língua inglesa abre portas para muitos setores
que devagar vêm ganhando espaço. No seu caso, acadêmico, estamos falando
da educação. Você será professor de língua inglesa, e esta área também está em
constante crescimento. Você, como professor licenciado, terá oportunidade de
trabalhar em escolas, universidades, cursos, como coach, e ainda como professor
particular. É ou não é uma enorme gama de possibilidades? Aproveite and let’s
learn English! E para finalizar esta sessão, veja estas dicas.

DICAS

Cinco motivos para investir no aprendizado

1. Ter acesso às informações de todos os lugares do mundo.


2. Conhecer pessoas e culturas diferentes.
3. Ter maiores salários.
4. Ter melhores empregos.
5. Ter a possibilidade de trabalhar ou estudar em outros países.

Cinco estratégias para não perder o foco e desistir do curso

1. Entender que não há fórmulas milagrosas para aprender um novo idioma.


2. Não ter vergonha de praticar.

10
TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

3. Conversar com pessoas de outros países quando tiver a oportunidade.


4. Se dedicar, estudando também em casa.
5. Ver filmes e séries com legendas em inglês.

Christiane Nociti - professora da escola de idiomas Centro Britânico.

FONTE: Disponível em: <https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/colunistas/convidados/


a-importancia-da-lingua-inglesa-para-o-mercado-de-trabalho>. Acesso em: 25 jul. 2017.

3 O QUE É DIDÁTICA?
Welcome to our new section. Nosso livro, que trata especificamente da
Didática, tem como um dos objetivos ensinar a você, futuro professor de língua
inglesa, a importância da didática no decorrer do seu dia a dia profissional. Vamos
estudar um pouco mais sobre ela?

A Didática é uma disciplina que une a teoria à prática. De acordo com


Melo e Urbanetz (2008, p. 152), ela pretende auxiliar os professores “em todos os
elementos constitutivos da dinâmica escolar, quais sejam: a reflexão pedagógica
necessária à implementação de um projeto educativo, com suas concepções
explicitadas através de seus planejamentos e efetivadas através de sua dinâmica
cotidiana”. Em outras palavras, a didática torna concretos os métodos, de maneira
a escolher os melhores caminhos em cada caso para chegar a uma determinada
meta.

A didática é parte do cotidiano do professor no que tange à compreensão


da educação como fenômeno, ou seja, auxilia a escolher quais caminhos seguir
de acordo com os objetivos que pretende alcançar. Quem nunca ouviu dizer
a seguinte frase: “aquele professor sabe muito, mas não tem didática”. Esta
frase exemplifica qual é a função da didática: facilitar o processo de ensino e
aprendizagem, tanto para o professor quanto para o aluno.

DICAS

Para compreender melhor o que estamos estudando, acesse o link a


seguir e assista ao vídeo do professor Mário Sérgio Cortella: <https://www.youtube.com/
watch?v=TMIGLNT-yis>. Acesso em: 20 jul. 2017.

11
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

A história da didática não vem de hoje. Já na Grécia antiga ela era


considerada inata a algumas pessoas e chamada de “arte de ensinar”. Hoje, após
inúmeras pesquisas, sabemos que a didática é muito mais do que uma arte e que
não é inata, ou seja, pode ser aprendida.

Até chegar ao conceito de didática que temos hoje, muitos foram os


pesquisadores que ajudaram a construir este conhecimento, a partir do nobre
Comenius, considerado seu pai, até Herbart, Dewey e muitos outros. Cada um
deles contribuiu de maneira grandiosa para a construção do conhecimento acerca
de didática que temos hoje.

A didática, basicamente, se ocupa em descobrir o “como ensinar”. De


acordo com Martins (2008), esta questão está sempre ligada a mais questionamentos
importantes: para que ensinar, por que ensinar, a quem ensinar, qual sua realidade,
que tipo de pessoas desejamos formar... e muitas outras. Assim, pode-se concluir
que não há uma técnica neutra e única para se ensinar. A mesma técnica não serve
para todos os contextos, para todas as pessoas e para todos os objetivos.

A didática nada mais é do que isto: a técnica que ajuda o professor a tomar
a decisão acerca dos encaminhamentos que serão tomados para cada ocasião.
Uma disciplina, uma atividade, uma prova... não são organizadas de maneira
neutra. Sempre haverá impactos de caráter político e social na maneira como
determinados assuntos são ensinados.

A maneira como se enfatizam determinados temas ou que se omitem


outros, a forma como são abordados os conteúdos, o nível de importância que se
dá a cada um deles, os autores utilizados para embasar o que está sendo ensinado.
Tudo isso são fatores que fazem com que o professor tenha um papel político
importante na hora de ensinar.

Isso não quer dizer que o professor deva, de acordo com Martins (2008),
doutrinar os alunos. Para que ele possa cumprir seu papel, ele deve organizar
a disciplina de maneira a favorecer a aprendizagem significativa do aluno,
apresentando todas as facetas e proporcionando ao aluno o crescimento intelectual
apropriado para que ele mesmo chegue às suas conclusões.

A didática é, portanto, mediadora entre a teoria e a prática. Dominar esta


prática faz com que o professor decida de maneira autônoma quais são os melhores
caminhos a serem tomados de acordo com a turma em que está lecionando,
observando as questões anteriormente expostas: Para quê? Para quem? Por quê?
A didática fica, portanto, focada na aula, mas não restrita a ela (MARTINS, 2008).
A aula é apenas o emaranhado de relações que ocorrem no decorrer do processo
de ensino e aprendizagem.

12
TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

3.1 A DIDÁTICA E SUA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA


Até então, falamos no conceito da didática, mas como funciona a aplicação
da didática em sala de aula? Vamos lá. Existem inúmeras técnicas para o ensino
dos alunos individualmente, mas quando se fala em sala de aula, as coisas se
tornam mais densas. Isso porque, como já se sabe, a sala de aula não é um local
composto por alunos iguais nos aspectos social, intelectual, econômico, cognitivo,
físico, político e inúmeros outros fatores. A sala de aula é heterogênea.

A didática deve instruir, guiar, ensinar, ajudar... A sala de aula, por ser
heterogênea, necessita de um professor que conheça os recursos da didática para
que possa ter seus objetivos alcançados ao final do período letivo. Juntamente
à pedagogia, a didática visa analisar a realidade educativa para compreendê-
la, e em seguida, aplicar as atividades mais coerentes para que a turma siga em
sintonia e possa obter um resultado positivo em todos os aspectos.

Como ensinar de maneira eficaz para que os alunos possam gerar


conhecimento? Esta pergunta é diária na rotina dos professores. A resposta
é e sempre será a mesma: não há receita pronta para ensinar com sucesso. O
planejamento é primordial para que se possa organizar uma aula que abranja os
conteúdos que se pretende e, ao mesmo tempo, alcançar os objetivos almejados.

De acordo com Lerner (2009), conhecer as didáticas específicas deveria


ser a matéria-prima do trabalho do professor, pois é uma das únicas maneiras de
garantir o aprendizado em sala de aula. Por que existem as didáticas específicas?
Simplesmente pelo fato de que não se ensina matemática da mesma maneira
que se ensina geografia. E mais: dentro da própria geografia, por exemplo, há
maneiras diferentes de ensinar o mesmo conteúdo.

Hoje em dia não é mais o professor que leva a informação à sala de aula,
pois os alunos já vêm, em sua maioria, com elas de casa a partir do acesso à internet
e outros meios tecnológicos. A ele cabe, portanto, fazer com que o aluno assimile
estas informações de maneira a transformá-las em conhecimento. Na hora de
planejar estas aulas, é primordial que o professor não se atenha simplesmente
ao fato de levar informações, mas sim, de propor atividades que despertem no
aluno a criticidade e a capacidade argumentativa. Lerner (2009) complementa
afirmando que infelizmente a didática ainda não é tida como uma ciência e que
muitos ainda resistem às descobertas, porque acreditam que basta simplesmente
repetir o que vem sendo feito que o ensino dará certo.

Agora, separamos para você dez passos para inovar no seu processo de
ensino e aprendizagem e tornar suas aulas bem-sucedidas. Vamos a eles?

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UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

10 passos para ter mais inovação no ensino e no aprendizado

1. Dos horários fixos para as atividades dinâmicas: Organizar o ensino


de maneira mais dinâmica e aproveitar as oportunidades que surgem durante o
processo. Fortalecer a improvisação.
2. Dos conhecimentos adquiridos dentro da sala de aula para aqueles
obtidos fora da escola: O aprendizado ocorre em todos os lugares, na sala de
aula e no mundo que nos rodeia. Hoje, as crianças e os jovens obtêm informações
de muitas fontes, e a realidade exterior desempenha um papel cada vez maior no
ensino e na aprendizagem.
3. Do conhecimento teórico ao conhecimento aplicado na prática: Os alunos
usam o conhecimento teórico como base para a concepção e desenvolvimento de
soluções práticas para problemas concretos, realistas.
4. De respostas certas às perguntas abertas: Os alunos não devem apenas
ser incentivados a dar as respostas certas, mas também a agir como antropólogos,
curiosos e repórteres que trazem novos conhecimentos valiosos que podem ser
usados para a criação de novas perguntas.
5. De problemas fictícios para os desafios reais: Motivar os alunos a
explorarem a realidade ao redor, em vez de ficar inventando problemas para
serem resolvidos.
6. Da aprendizagem passiva para uma participação ativa: Transformar os
alunos em agentes ativos, criadores. Eles devem se envolver na geração de novos
conhecimentos e novas soluções.
7. De aprender com a cabeça para aprender com o corpo inteiro: O ensino
deve mesmo inspirar os alunos a tocar, cheirar e mergulhar num assunto em vez
de apenas ler um livro ou olhar para uma tela.
8. De trabalhos individuais para a solução de problemas em conjunto: Em
vez de priorizar o trabalho individual do aluno, colocar um problema no centro
de todos eles, para que o conhecimento individual contribua para a resolução em
conjunto.
9. Do professor como especialista onisciente para o professor como
facilitador: O professor deve ajudar a trazer novos conhecimentos em vez de ficar
narrando velhos conhecimentos. Ele é responsável por seu método e deve usar
técnicas e ferramentas diferentes para ensinar.
10. Da sala de aula formal à oficina experimental: A sala de aula deve ser
um laboratório para a experimentação, em vez de um ambiente rígido e formal.
Elas precisam ser espaços onde os erros são permitidos.

FONTE: Disponível em: <http://porvir.org/10-passos-para-inovar-ensino-aprendizado/>. Acesso


em: 21 jul. 2017.

14
TÓPICO 1 | DIDÁTICA DA LÍNGUA INGLESA: CONCEITO E APLICAÇÃO

3.2 A ESCOLHA DO MATERIAL DIDÁTICO E AS IMPLICAÇÕES


NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA
Paralelamente aos demais recursos didáticos está a escolha do material
que será utilizado como base para o ensino da língua inglesa. Esse material,
utilizado pelo professor para nortear o ensino, deve ser muito bem escolhido para
que se possa atingir os objetivos pretendidos.

De acordo com Vilaça (2001), material didático é tudo o que auxilia no


ensino de aprendizes de uma língua. Ao ser destinado para atividades educativas,
este deve ser pensado de modo que o professor seja capaz de utilizá-lo da maneira
mais adequada possível para facilitar o aprendizado.

Por estar, conforme já mencionamos, em constante ascendência, o ensino


de línguas hoje ganha cada vez mais espaço. Aprimorar, ou mesmo adquirir,
uma segunda língua está se tornando indispensável no mundo em que estamos
inseridos. Assim, falaremos aqui sobre dois tipos de ensinos de língua inglesa: o
ensino instrumental e o ensino nas escolas.

Por ensino instrumental compreende-se, de acordo com Martins,


Rochebois e Paula (2009), o ensino da língua para fins específicos. Este ensino teve
início em meados dos anos 70 com vistas a desenvolver a habilidade de leitura
de textos científicos. Este ensino objetivava auxiliar os acadêmicos a interpretar
e compreender textos da esfera científica. Já o ensino nas escolas faz parte do
nosso dia a dia há muito tempo. Como parte do currículo, o ensino de línguas
estrangeiras nas escolas já é parte do cotidiano da maioria das crianças do Brasil
em fase escolar.

Assim, podemos concluir que, de acordo com Leffa (2003), a produção


de material para o ensino de línguas é uma sequência de atividades que, juntas,
objetivam criar um instrumento de aprendizagem. A partir deste instrumento, o
professor deverá dar ênfase ao uso da língua, bem como proporcionar ao aluno
uma reflexão acerca dele. Almeida Filho (1994, p. 50) afirma que “acima de tudo, os
materiais expostos serão pontos de partida e fontes potenciais de insumo e apoio
na construção de experiências válidas, profundas, duradouras e memoráveis nas
trajetórias díspares e oscilantes dos que aprendem novas línguas”. A partir disso,
conclui-se que o material didático deve estar sempre aliado ao ensino da língua,
seja ele instrumental ou escolar.

15
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

LEITURA COMPLEMENTAR

O livro didático, quando mal-empregado, pode representar um empecilho


em vez de ser um auxiliar do ensino. Inclusive, ele tem sido apontado por
professores como um vilão do processo educativo. Segundo eles, seu uso faz com
que mudanças significativas não se realizem.

Embora muitos avanços tenham que ocorrer, os materiais de apoio à


docência têm que estar presentes, cabe ao professor fazer a escolha do tipo de
material mais adequado para as aulas.

Existe uma variedade de materiais que podem fazer parte de uma aula,
incluindo os livros paradidáticos, vídeos, softwares etc., mas não se pode dispensar
o uso do livro didático como ferramenta de ensino. Então, como fazer uma escolha
correta do livro a ser adotado? Responda às seguintes perguntas antes de decidir:

1. Os conceitos se apresentam de forma correta no livro?


2. A metodologia de ensino é estimulante, ou seja, vai despertar o interesse
do aluno a estudar a matéria através do livro?
3. Nas atividades práticas presentes no livro existe uma preocupação com
a integridade física do aluno? Exemplo: recomendações de segurança e primeiros
socorros.
4. Os exercícios propostos são coerentes com a matéria?

Se a resposta é sim para esses quatro itens, o professor pode usar o livro
em sala de aula e desfrutar de seus benefícios para o aluno. Agora, se alguma
das perguntas mereceu resposta negativa, está na hora de reconsiderar a decisão.
Imagine colocar nas mãos de seus alunos um livro que os conduza a conceitos
errados, expondo-os a riscos.

O importante é que o professor escolha com carinho seu parceiro na


obtenção do conhecimento, um livro didático de qualidade pode trazer uma nova
percepção da matéria.

FONTE: ALVES, Líria. Escolha correta do livro didático. Equipe Brasil Escola. Disponível em:
<http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/escolha-correta-livro-didatico.
htm>. Acesso em: 20 jul. 2017.

16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A didática da língua inglesa é muito importante quando falamos em


aprendizado de uma second language.

• É muito importante estudar a língua inglesa, pois ela é expoente nos quesitos
negócios, turismo, informação, cultura e oportunidade de crescimento pessoal
e profissional.

• O ápice mundial da língua inglesa ocorreu por volta do século XVI, quando o
imperialismo britânico proporcionou que a língua inglesa se estendesse além
das suas fronteiras.

• Não se pode calcular exatamente quantas pessoas no mundo falam inglês, mas
o interesse, não somente nas instituições que oferecem cursos particulares,
aumenta exponencialmente.

• Os aspectos culturais estão muito presentes no ensino e na aprendizagem da


língua inglesa, mas devemos deixar claro que não existem culturas superiores
ou inferiores, mas sim, diferentes.

• A didática é uma disciplina que une a teoria à prática e que pretende auxiliar
os professores no preparo e aplicação das suas aulas. A didática é parte do
cotidiano do professor no que tange à compreensão da educação como
fenômeno.

• O material didático é tudo o que auxilia no ensino de aprendizes de uma


língua. Ao ser destinado para atividades educativas, este deve ser pensado de
maneira que o professor seja capaz de utilizá-lo da maneira mais adequada
possível para facilitar o aprendizado.

17
AUTOATIVIDADE

1 Acerca do estudo da didática, assinale a alternativa incorreta:

a) ( ) A didática é uma disciplina que une a teoria à prática.


b) ( ) A didática torna concretos os métodos, de maneira a escolher os melhores
caminhos em cada caso para chegar a uma determinada meta.
c) ( ) A didática não é estudada em cursos de licenciatura porque não pode ser
considerada uma disciplina.
d) ( ) A didática é parte do cotidiano do professor e o auxilia a escolher quais
caminhos seguir de acordo com os objetivos que pretende alcançar.

2 Observe a tira a seguir e responda com suas palavras qual é a crítica implícita
na fala de Mafalda e que relação ela tem com a didática:

18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES


ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA:
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Hello, acadêmico! Preparado para mais um tópico da Unidade 1? Este
tópico tratará especificamente de questões que envolvem as leis, normas e os
documentos oficiais que legislam e orientam o ensino e a aprendizagem das
línguas estrangeiras no Brasil. Tais normas, leis e documentos, de certa maneira,
fundamentaram e fundamentam as políticas de educação linguística na (re)
construção da proposta pedagógica de ensino de línguas nas diversas localidades
nacionais.

Inicialmente, porém, realizaremos uma retomada histórica do ensino


de línguas no Brasil, através de uma trajetória que contextualiza as escolhas
das línguas estrangeiras nos currículos escolares do nosso país. Para tanto, leis,
normas e documentos orientadores, como LDB – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (1996); OCEM – Orientações Curriculares para o Ensino Médio
(2006); PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais (1998); PNE – Plano Nacional
da Educação (2014); BNCC – Base Nacional Comum Curricular (2017), que ainda
está em construção, resoluções, entre outros, referentes à organização curricular e
ao ensino de línguas estrangeiras, serão apresentados e discutidos, já que versam
sobre movimentos políticos acerca da escolha das línguas estrangeiras modernas
para o currículo da educação básica brasileira.

A linguista Celani (1997, p. 147) nos ensina que “para se contemplar o


futuro torna-se imperativo olhar para o passado, e isso só é possível a partir
do presente”. Partindo disso, de que o passado colabora para explanar ações
constituídas e vivenciadas na nossa atualidade, buscamos esclarecimentos sobre
quais línguas foram ofertadas e quais não foram ofertadas no currículo das
escolas brasileiras, para então compreendermos algumas posturas perante que
línguas ensinar e aprender.

Neste tópico também serão apresentadas considerações sobre como a


avaliação da língua estrangeira está proposta segundo as leis e os documentos
que orientam o ensino no Brasil.

Continue conosco! Analise e (re)construa sua visão sobre o ensino de


línguas no nosso país.
19
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

2 O ENSINO DE LÍNGUAS NO BRASIL


Podemos compreender a história do ensino de línguas no Brasil a partir
das leis, normas e dos documentos oficiais que permeiam a educação brasileira.
Para tanto, vamos iniciar compreendendo o que as “línguas estrangeiras
modernas” englobam, pois esse é o termo utilizado nos documentos orientadores
e legisladores até o momento. O termo “línguas estrangeiras modernas” engloba
as línguas francesa, inglesa, alemã, italiana e, recentemente, a espanhola, em
oposição às línguas clássicas como o grego e o latim (LEFFA, 1999). Muitos
documentos orientadores desse século inserem em seu texto a nomenclatura
línguas adicionais, já que, como iremos estudar, a inglesa é a mais escolhida nos
currículos, e as adicionais englobariam as outras línguas inseridas na escola. De
repente, o termo línguas adicionais substituirá o termo antes exposto. Lucena
(2016, p. 362) nos orienta que:

[...] reconhecendo a pluralidade de línguas e valorizando as línguas já


usadas por eles, que os alunos poderão entender mais facilmente por
que a língua inglesa é um objeto de ensino, cujo conhecimento vale
a pena ser acrescido aos seus repertórios. Importa, ainda, no caso da
compreensão do uso do termo “adicional”, o fato de a grande maioria
da população brasileira já lidar com a língua inglesa, não tendo
motivos, pois, para negar sua onipresença.

Retomando o recorte histórico, a educação formal, na história do


Brasil, iniciou com a catequização jesuítica. A partir de 1808, ano da chegada
da Família Real, mudanças significativas em relação à escola aconteceram. A
Coroa Portuguesa implantou políticas para o ensino das línguas, visto que, no
período do descobrimento existiam em torno de 1.200 línguas indígenas, e os
jesuítas se aproximaram, especialmente, do tupi, para catequizar os índios, pois a
diversidade linguística vetou a rápida introdução do latim e da língua portuguesa
(LORENZI, 2014).

Como nos apresenta a figura que segue, os padres jesuítas iniciaram


a educação no Brasil com o objetivo principal da propagação da fé cristã, eles
foram, praticamente, os únicos educadores do Brasil por mais de 200 anos.

20
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

FIGURA 4 - CATEQUIZAÇÃO JESUÍTICA

FONTE: Disponível em: <http://www.matematicaefacil.com.br/2015/02/


breve-historia-educacao-brasil.html>. Acesso em: 24 abr. 2017.

Em 1758, após a expulsão dos jesuítas, o Marquês de Pombal publicou o


Diretório dos Índios, que tinha em seu texto, como norma principal, proibir as
línguas indígenas, decretando a língua portuguesa como língua oficial do Brasil,
a qual manteve o controle educacional por mais de dois séculos (MAHER, 2013).

A partir de 1808, ano da chegada da Família Real no Brasil, mudanças


significativas em relação à escola aconteceram. Dom João VI, em relação à
educação, promoveu apenas o ensino superior, instituindo cursos de nível
superior que objetivavam uma formação profissional mais qualificada. Nos
currículos, as disciplinas de língua francesa e de língua inglesa eram designadas
para suprir falhas nas negociações realizadas nos portos (LEFFA, 1999).

O que se destaca no ensino primário e secundário é a criação do Colégio


Federal Pedro II, em 1837, no Rio de Janeiro, apresentado na figura que segue,
que ofertou o inglês como língua curricular obrigatória (OLIVEIRA, 1999).
Dentre as reformas acerca do ensino das línguas, o decreto de número 62, de
1841, estabeleceu o ensino das línguas clássicas e modernas.

21
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

FIGURA 5 - COLÉGIO PEDRO II

FONTE: Disponível em: <http://cp2centro.net/hitoriacp2centro.aspx>. Acesso em: 1º


maio 2017.

No Brasil, muitas reformas educacionais foram efetivadas até o fim da


Primeira República. As reformas foram “tão indefinidas quanto as da fase anterior,
tornando-se apenas um prolongamento do Império” (HANNA, 2009, p. 227).

Durante o Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas implementou a


segunda campanha de nacionalização, na qual a escola e a imprensa foram,
significativamente, atingidas. A segunda campanha de nacionalização, segundo
Fritzen (2007, p. 22), problematiza a proibição das línguas em “comunidades de
imigrantes [que, ] com sua pluralidade cultural e linguística, com uma língua
materna que não coincidia com a língua nacional, representavam [...] uma ameaça
capaz de contaminar o corpo nacional e abalar a soberania do Estado-Nação”.
Dessa maneira, Vargas implementou a segunda campanha em termos nacionais,
mas antes disso, a primeira campanha de nacionalização aconteceu no Estado
de Santa Catarina, em 1911, na qual Orestes Guimarães fomentou o ensino da
língua portuguesa como essencial para a constituição de uma identidade nacional
homogênea.

Em 1942 foi realizada a Reforma Capanema, que foi a que mais importância
deu ao ensino das línguas estrangeiras, na qual todos os alunos, desde o ginásio
até o científico ou clássico, estudavam latim, francês, inglês e espanhol. A
Reforma Capanema propôs uma formação voltada para a cultura, a cidadania,
numa perspectiva humanística, evidenciando a exaltação ao nacionalismo. Até
1942, o latim, francês, inglês e espanhol eram ensinados. Com o passar do tempo,
o espanhol supriu o latim e, em 1945, foi lançado o Manual de Espanhol, de Idel
Becker, que foi referência para o ensino do idioma por muitos anos (LEFFA, 1999).

22
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Depois de muitas reformas e tentativas educacionais, criou-se a LDB de


1961 e, 10 anos depois, a emenda à LDB, a Lei 5.692, de 1971, que, segundo Paiva
(2004), não enfatizam a obrigatoriedade do ensino de línguas estrangeiras no
currículo escolar.

As duas Leis, 4.024/61 e 5.692/71, não são similares, mas ambas incumbem
os Conselhos Estaduais de Educação para decidir sobre o ensino de línguas.

A Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, fixou as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional e retirou a obrigatoriedade do ensino de línguas estrangeiras,
deixando a cargo dos Estados a opção para incluir ou não tal ensino nos currículos
escolares.

A Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, fixa as Diretrizes e Bases para o


Ensino de 1º e 2º graus à época, e não toda educação nacional, o que inclui a
Educação Superior e atualmente a Educação Infantil. Com o parecer de número
853/1, recomendava, mas não obrigava a língua estrangeira nos currículos, pois o
Brasil passava por uma fase que exaltava o patriotismo.

Segundo Del Vigna e Naves (2008, p. 35), “após essas duas LDB, outras leis
são formuladas para gerir o ensino no país, e em todas elas, a questão do ensino
de língua estrangeira é abordada, mas nem sempre tratada com a importância
que se deveria dar ao assunto”.

Em 1974 foi criado o Centro de Linguística Aplicada pelo Conselho Diretor


da Unicamp. Em novembro de 1996, a Associação de Linguística Aplicada do
Brasil (ALAB) organizou um Encontro Nacional de Política de Ensino de Línguas
(I ENPLE), que discutiu a obrigatoriedade do ensino de línguas estrangeiras nas
escolas públicas (DEL VIGNA; NAVES, 2008).

Trinta dias após o I ENPLE, a nova LDB, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro


de 1996, foi promulgada. A lei “estabelece normas para o sistema educacional em
sua totalidade” (BERENBLUM, 2003, p. 142). A LDB 9.394/96 torna obrigatório
o ensino de línguas a partir dos anos finais do Ensino Fundamental e ainda
institui que, no Ensino Médio, a comunidade escolar poderia escolher uma língua
estrangeira moderna obrigatória e outra optativa.

23
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

DICAS

Que tal, acadêmico, conhecer a LDB 9.394/96 na íntegra? Acesse: <https://


presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109224/lei-de-diretrizes-e-bases-lei-9394-96> e leia
essa lei com muita atenção, pois é ela que rege a educação brasileira.

FONTE: Disponível em: <http://llikapedagoga.blogspot.com.br/2015/04/ldb-o-que-e-e-


quais-sao-seus-fundamentos.html>. Acesso em: 4 jul. 2017.

Em 1998, o Ministério da Educação e Cultura – MEC publica os Parâmetros


Curriculares Nacionais – PCN, que “estão organizados num extenso e detalhado
documento introdutório no qual se estabelecem os fundamentos para a elaboração
dos documentos das áreas dos Temas Transversais” (BERENBLUM, 2003, p. 156).
Dentre os PCN, há o que fundamenta o ensino da língua estrangeira nos anos
iniciais e finais do Ensino Fundamental e, também, o PCN dos temas transversais
incluem uma discussão sobre a pluralidade cultural, que engloba o ensino de
línguas.

24
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

DICAS

Você já conhece, acadêmico, os PCN? Bem, se já os conhece, não custa


rever, não é mesmo? Acesse: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> e leia o
Caderno de Introdução dos PCN, depois você pode buscar os outros cadernos, de acordo
com suas necessidades e interesses.

FONTE: Disponível em: <https://www.estantevirtual.com.br/b/secretaria-de-educacao-


fundamental/parametros-curriculares-nacionais/2882811754>. Acesso em: 4 jul. 2017.

Os PCN do Ensino Médio foram lançados em 2000. Esse material orienta


que as línguas estrangeiras modernas são “consideradas, muitas vezes, de
maneira injustificada, como disciplina pouco relevante”, porém adquirem, na
nova LDB, a configuração de disciplina tão importante como qualquer outra do
currículo (DEL VIGNA; NAVES, 2008, p. 37).

25
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

DICAS

Acadêmico, acesse a Parte I dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino


Médio no link: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>, e fique por dentro do
que eles orientam.

FONTE: Disponível em: <http://lista.mercadolivre.com.br/livros/livro-par%C3%A2metros-


curriculares-nacionais-pcn-ensino-m%C3%A9dio>. Acesso em: 4 jul. 2017.

Em 2005, a Lei nº 11.161 instituiu que a oferta do espanhol se torna


obrigatória no Ensino Médio. As Orientações Curriculares do Ensino Médio
são elaboradas em 2006, contemplando, nas diretrizes de língua estrangeira, a
constituição de “um conjunto de orientações que buscam retomar a discussão dos
Parâmetros Nacionais do Ensino Médio de forma a expandir seus conceitos e a
oferecer práticas pedagógicas alternativas” (DUBOC, 2011, p. 732).

DICAS

Acadêmico, leia e compreenda mais acerca das OCEM no link: <http://portal.


mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf>.

FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/maurouchoa/orientaes-curriculares-para-


o-ensino-mdio-ocem>. Acesso em: 4 jul. 2017.

26
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Em 2010, as línguas inglesa e espanhola são introduzidas na prova do


ENEM e, em 2011, livros didáticos de língua estrangeira, inglês e espanhol, são
distribuídos gratuitamente nas escolas públicas através do Plano Nacional do
Livro Didático.

DICAS

Entenda melhor o que é o Plano Nacional do Livro Didático visitando o link:


<http://portal.mec.gov.br/pnld/apresentacao>. Acesso em: 4 jul. 2017.

Acadêmico, com esse recorte histórico enfatizando alguns dos principais


movimentos em torno do ensino e aprendizagem das línguas estrangeiras,
podemos inferir como as relações de poder, de interesses movidos, muitas vezes,
pela política, articularam e, de repente, ainda articulam o ensino e a aprendizagem
das línguas no Brasil. Novos documentos estão sendo elaborados e novidades
acerca dessa e de outras temáticas relacionadas à educação nacional brasileira
serão promovidas. Uma delas é a BNCC – Base Nacional Comum Curricular
(adiante estudaremos sua proposta).

Passamos agora a compreender e conhecer um pouco mais de perto as leis


que regem e os documentos que orientam o ensino e aprendizagem na atualidade.
Não perca o foco, continue conosco!

3 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: UM OLHAR NAS


LEIS, NORMAS E NOS DOCUMENTOS ORIENTADORES
Nesta parte do livro de estudos voltaremos nosso olhar especificamente às
leis, normas e documentos orientadores que tratam do ensino e da aprendizagem
das línguas estrangeiras no Brasil e que, de certa maneira, fundamentaram e
ainda fundamentam as políticas de educação linguística no que diz respeito à
proposta pedagógica de ensino de línguas nos currículos escolares brasileiros.

Inicialmente, revisaremos a lei maior, que estabelece questões educacionais


no Brasil como um todo, a LDB 9.394/96. Essa lei, além de legislar a educação
brasileira, conforme mencionamos, também determina regras sobre o ensino de
línguas no Brasil, tanto para o Ensino Fundamental como Médio.

Após, os PCN de Língua Estrangeira - terceiro e quarto ciclos do Ensino


Fundamental e de Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, e a OCEM, que
orientam e norteiam o ensino de línguas, do Ensino Fundamental e Médio, serão

27
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

apresentados e discutidos no que tange ao ensino e aprendizagem de língua


estrangeira.

Por fim, outros documentos que orientam as línguas estrangeiras, como


resoluções e, agora, a Base Nacional Comum Curricular (apesar de ainda estar em
construção), serão apresentados.

3.1 A LDB E O ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, norma maior, que tem
como função “regular o andamento das redes escolares, no que está relacionado
ao ensino formal” (LIMA; CABRAL; GASPARINO, 2009, p. 27), estabelece todas
as questões educacionais. A lei, ainda, proporciona autonomia a órgãos como
o Conselho Nacional de Educação (CNE) para que estes estabeleçam caminhos
diversificados ao ensino, conforme as necessidades de cada região.

Exemplo dessa autonomia é o ensino da língua estrangeira moderna,


no Ensino Fundamental II, que pode ser escolhida pela comunidade escolar,
desde que esteja dentro das possibilidades de oferta da instituição, conforme
nos apresenta o artigo 26, parágrafo 5o da LDB 9.394/96: “Art. 26 - §5º Na parte
diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta
série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará
a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição”.

Quanto ao Ensino Médio, o art. 36, inciso III, da LDB 9.394/96 estabelece
que: “[...] será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter
optativo, dentro das possibilidades da instituição”.

Assim, acadêmico, compreendemos que a lei não expressa, explicitamente,


critérios específicos para que esta ou aquela língua seja a escolhida, nem nestes
artigos nem nos posteriores da lei. O que se verifica é uma pequena redação
em torno da escolha da língua que deve ocorrer dentro das possibilidades
da instituição, o que deixa a decisão a cargo da comunidade escolar, que são
os profissionais da escola, alunos, pais, conselheiros, gestores, associações,
universidades e outras organizações interessadas e envolvidas com a escola para
analisar e aplicar políticas de escolha.

Assim sendo, a lei abre espaço para que línguas estrangeiras passem a
fazer parte obrigatória do currículo [pelo menos uma], não fazendo referência à
quantidade máxima de línguas que possam ser ofertadas pelas escolas, apenas
devem pertencer ao grupo das consideradas modernas. Compreendemos, então,
que a LDB 9.394/96 proporciona, de certa forma, autonomia de ensino quanto ao
número de línguas estrangeiras a serem ofertadas nas escolas.

28
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

O ensino preferencial atual é o inglês, e apesar de não haver instruções


que aconselhem o ensino e aprendizado do inglês como LE, ele ainda é a LE
predominante nos currículos das escolas de Ensino Fundamental e Médio
brasileiras. Porém, a questão da escolha da língua estrangeira moderna, na
parte diversificada do currículo, encoraja novas ações de políticas educacionais
linguísticas acerca do ensino de línguas, já que a lei abre espaço no currículo
para a diversidade cultural, partilhando da ideia de que, ao invés de se procurar
a “unidade” na diversidade, deve-se perceber as “misturas” para compreender
e desenvolver trabalhos com a pluralidade que se vive (CÉSAR; CAVALCANTI,
2007).

A partir disso, compreendemos que a LDB 9.394/96 dialoga com a questão


da globalização e com o intercâmbio entre línguas estrangeiras. Podemos ainda
dizer que, segundo a LDB, o Brasil tem sim o mito de ser um país que é constituído
por uma única língua, a língua portuguesa, porém, se incentiva a aprendizagem
de línguas estrangeiras modernas e, dentre elas, indiretamente, a considerada
franca, que é a língua inglesa.

E
IMPORTANT

Acadêmico, vamos entender melhor o termo “língua franca”? Segundo


Seidlhofer (2001), uma língua franca define-se como um sistema linguístico adicional usado
como meio de comunicação entre falantes de diferentes línguas maternas, ou uma língua
em que os membros de diferentes comunidades de fala podem se comunicar, mas que não
é a língua materna de nenhum deles.

29
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

FIGURA 6 - LÍNGUA FRANCA

FONTE: Disponível em: <http://www.lingua-online.com/en/2016/10/12/english-lingua-


franca/>. Acesso em: 19 jun. 2017.

Como nos mostra a tirinha apresentada, o inglês, como todas as línguas


já faladas em toda a história humana, evoluiu ao longo dos séculos e milênios,
gradualmente acumulando vocabulário de outras línguas. Se qualquer língua
falada no planeta hoje pode ser classificada como de natureza verdadeiramente
híbrida, poucas devem ser classificadas à frente do inglês.

NOTA

Você sabe o que é híbrido, acadêmico? O termo hibridismo acontece quando,


no processo de formação de uma palavra, por exemplo, utiliza-se elementos de línguas
diferentes, isto é, uma parte da palavra decorre de um termo de uma determinada língua,
enquanto a outra parte da palavra provém de outra língua. Um bom exemplo é a palavra
“Romanista” – Romano (latim) + -ista (grego).

Agora que conhecemos um pouco mais da LDB, com foco nas línguas
estrangeiras, vamos voltar nosso olhar aos PCN. Continue conosco!

30
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

3.2 OS PCN – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, AS OCEM


– ENSINO MÉDIO E A LÍNGUA ESTRANGEIRA
Os PCN/1998 e 2000, como já mencionado, são documentos um tanto
extensos e, podemos dizer, detalhados, que foram elaborados para orientar os
educadores por meio da normatização de alguns aspectos fundamentais relativos
a cada disciplina do currículo escolar.

Analisando-os de maneira crítica, podemos ousar dizer que, por vezes,


os PCN deixam lacunas na questão da real importância e aplicabilidade de uma
língua estrangeira no currículo escolar, pois essa temática é tratada de maneira
muito ampla, o que também percebemos quando compreendemos um pouco da
história das línguas no Brasil.

Porém, tais lacunas podem ser preenchidas com uma interpretação e


aplicabilidade diferenciada, isto é, os parâmetros, como o próprio nome já diz,
são orientações que podem ser reinterpretadas e aplicadas de maneira muito
positiva nas realidades brasileiras.

É nos parâmetros de Língua Estrangeira - terceiro e quarto ciclos do Ensino


Fundamental e de Pluralidade Cultural e Orientação Sexual que a discussão que
norteia o ensino de línguas é reativada.

No início do primeiro parágrafo, quando se referem à inclusão de língua


estrangeira no Ensino Fundamental, os PCNLE (1998, p. 15 e 20) orientam que:

A aprendizagem de uma língua estrangeira é uma possibilidade de


aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão.
Por esse motivo, ela deve centrar-se no engajamento discursivo do
aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar outros no
discurso de modo a poder agir no mundo social [...].

A inclusão de uma área no currículo deve ser determinada, entre


outros fatores, pela função que desempenha na sociedade. Em relação
a uma língua estrangeira, isso requer uma reflexão sobre o seu uso
efetivo pela população. No Brasil, tomando-se como exceção o caso
do espanhol, principalmente nos contextos das fronteiras nacionais,
e o de algumas línguas nos espaços das comunidades de imigrantes
(polonês, alemão, italiano etc.) e de grupos nativos, somente uma
pequena parcela da população tem a oportunidade de usar línguas
estrangeiras como instrumento de comunicação oral, dentro ou fora
do país [...].

Podemos compreender, a partir do primeiro trecho apresentado,


que a aprendizagem de uma língua estrangeira possibilita ao estudante
o desenvolvimento da comunicação e da linguagem, o que diretamente o
conscientiza da importância da língua como um recurso para compreensão dos
paradigmas que envolvem os elementos que formam a sociedade na qual ele está
inserido.

31
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Já no segundo trecho, percebemos que há uma discussão acerca da inserção


do ensino da língua estrangeira no currículo escolar, pois o documento afirma
que sua efetiva inclusão deva levar em conta a função e o uso que a população
faz de determinado idioma, o que justificaria a escolha de uma língua e não de
outra. O documento dos PCN - Pluralidade Cultural e Orientação Sexual (1997,
p. 35) salienta que:

Conhecer a existência do uso de outras línguas diferentes da língua


portuguesa, idioma oficial, significa não só ampliação de horizontes,
como também compreensão da complexidade do país. A escola tem
a possibilidade de trabalhar com esse panorama rico e complexo,
referindo-se à existência, estrutura e uso dessas centenas de línguas.
[...] Saber da existência de diferentes formas de bilinguismos e
multilinguismos, presentes em diferentes regiões — assim como ver-se
reconhecida e presente neste tema transversal, aberto às suas próprias
singularidades regionais, étnicas e culturais — será extremamente
relevante na construção desse conhecimento e na valorização do que é
a pluralidade cultural brasileira.

O trecho, apresentado anteriormente, promove uma discussão acerca das


línguas num aspecto transversal a sua área. A discussão em torno das línguas
estrangeiras, nos PCN/1997, está no texto da “Pluralidade Cultural e Orientação
Sexual”, conforme mencionado, abordando as línguas como algo que se transversa
com a área da língua portuguesa. Você concorda com essa postura, acadêmico?

Na verdade, o que nos causa estranheza é que toda essa problemática


das línguas no Brasil é tratada como Tema Transversal. De repente aí esteja a
lacuna que mencionamos, pois a discussão do ensino e aprendizagem da língua
estrangeira deve estar em um campo específico na área da educação linguística.

Sabemos que no Brasil são faladas mais de 200 línguas, muitas pertencentes
às comunidades indígenas (BERENBLUM, 2003), assim, uma discussão mais
aprofundada, integrada à língua nacional, deveria ser problematizada também
em documentos oficiais e em diversos outros setores ligados à linguagem.

O uso de outras línguas, diferentes da língua portuguesa, nos faz


compreender que todas elas, estrangeiras ou não, necessitam ser contempladas
em documentos específicos na área a que pertençam, e não apenas como um
tema transversal em sala de aula, daí a real necessidade de se (re)pensar o ensino
de línguas no currículo escolar. As Orientações Curriculares do Ensino Médio -
OCEM de LE (2006, p. 87) nos orientam que:

[...] retomar a reflexão sobre a função educacional do ensino de


línguas estrangeiras no Ensino Médio e ressaltar a importância
dessas; reafirmar a relevância da noção de cidadania e discutir a
prática dessa noção no ensino de línguas estrangeiras; discutir o
problema da exclusão no ensino em face de valores “globalizantes”
e o sentimento de inclusão frequentemente aliado ao conhecimento
de línguas estrangeiras; introduzir as teorias sobre a linguagem e as
novas tecnologias (letramentos, multiletramentos, multimodalidade,
hipertexto) e dar sugestões sobre a prática do ensino de línguas
estrangeiras por meio dessas.
32
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

O documento das OCEM/2006 enfatiza como função geral para o


Ensino Médio o fato de reafirmar a importância do princípio da constituição
da cidadania, que, por vezes, a globalização fraqueja através de sua rápida
transformação social, em consonância com o ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras (LORENZI, 2014). Aprender uma língua estrangeira, segundo o
trecho apresentado anteriormente, favorece muito mais que a comunicação, ela
proporciona a inclusão numa sociedade, que, por vezes, é excludente.

As OCEM instituíram-se levando em conta as necessidades dos estudantes


brasileiros, pois foram pensadas a fim de promover um reposicionamento do
ensino de línguas enfatizando a inclusão social e a cidadania.

Porém, de certa maneira, as OCEM inibem a dinâmica proposta pela LDB


9.394/96, que garante que a escolha das línguas seja feita pela comunidade escolar.
As OCEM (2006, p. 129) orientam sobre “[...] o papel educativo que pode ou deve
ter o ensino de línguas, em especial do espanhol, na formação do estudante”,
ou seja, as OCEM promovem o ensino da língua espanhola, salientando que
a aprendizagem do espanhol garante a inclusão do indivíduo com o mundo
globalizado.

É possível você pensar que o que apresentamos até o momento é


apenas o início de tantas outras discussões a serem realizadas acerca do ensino
e aprendizagem das línguas estrangeiras. Apesar dos avanços, ainda se está
passando por um período em que as línguas não são foco de atenção por parte
das leis, normas e dos documentos orientadores.

DICAS

Conheça os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio no link:


<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf>, conheça também as Orientações
Curriculares para o Ensino Médio no link: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
book_volume_01_internet.pdf>, pois conhecer o texto na íntegra é essencial para que uma
discussão fundamentada possa acontecer.

Adiante continuaremos a discussão acerca do ensino e da aprendizagem


das línguas em outros documentos orientadores. Continue conosco!

33
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

3.3 OUTROS DOCUMENTOS ORIENTADORES E NORMAS


ACERCA DA LÍNGUA ESTRANGEIRA – INGLÊS
Quando estudamos uma língua estrangeira, somos conscientes de que
para se comunicar com excelência, além do sistema linguístico, necessitamos
conhecer a cultura dos países que falam essa língua. Tanto a língua como a cultura
são considerados indissociáveis na aprendizagem de uma língua estrangeira.

Para que todo o processo do ensino e aprendizagem de línguas aconteça,


necessitamos de discussão, leis e documentos que orientam e pregam determinadas
atitudes. Apesar dos esforços desenvolvidos pelas entidades e pelos professores,
vemos que as discussões não podem ser adormecidas.

Assim, discutiremos resoluções que foram elaboradas a fim de disciplinar


assuntos inerentes ao ensino de línguas, bem como a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) que, apesar desse material ainda estar em construção,
necessitamos conhecê-lo e entendermos seu texto.

Don’t stop here! Venha conosco e vamos conhecer outras orientações e


normas acerca do ensino de línguas.


3.3.1 A resolução do Conselho Nacional de Educação
de nº 4, de 13 de julho de 2010
Acadêmico, uma resolução é um ato administrativo normativo que é
emitido por uma autoridade superior, com a finalidade de disciplinar determinada
matéria específica. As resoluções não podem contrariar os regulamentos e os
regimentos, elas os explicam. Dependendo da fonte e do alcance, as resoluções
podem qualificar-se de diferentes maneiras.

A resolução que analisaremos aqui vem do  Conselho Nacional de


Educação (CNE), que é um órgão integrante do Ministério da Educação (MEC). O
CNE foi designado com o objetivo de colaborar na formação da Política Nacional
de Educação, exercendo atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento
ao ministro da Educação.

Dessa maneira, a resolução do Conselho Nacional de Educação de nº


4, de 13 de julho de 2010, da Câmara de Educação Básica, define as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Em seu artigo 15, acerca
da língua estrangeira, preconiza:

Art. 15 - §2º - A LDB inclui o estudo de, pelo menos, uma língua
estrangeira moderna na parte diversificada, cabendo sua escolha
à comunidade escolar, dentro das possibilidades da escola, que
deve considerar o atendimento das características locais, regionais,
nacionais e transnacionais, tendo em vista as demandas do mundo do
trabalho e da internacionalização de toda ordem de relações.
34
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Podemos compreender que a partir do enunciado, apresentado


anteriormente, a expressão “pelo menos, uma língua estrangeira moderna”,
direciona, mesmo que de maneira implícita, quais línguas devem ser ensinadas.
Assim, a comunidade escolar pode escolher entre as línguas que formam o grupo
das modernas que, conforme já mencionado, são: línguas francesa, inglesa, alemã,
italiana e, recentemente, a espanhola.

Entendemos a partir dessa resolução que até hoje se mantém, através


de políticas ora explícitas ora implícitas, um controle em torno do ensino das
línguas que vem desde a proibição do Tupi, na época de Pombal, e do uso de
línguas estrangeiras, como o alemão, japonês e o italiano na época de Vargas, com
a segunda campanha de nacionalização, em torno de 1930 a 1945 (CAVALCANTI,
2011).

Embora a Resolução CNE/CEB nº 4/2010 assegure a escolha da língua à


“comunidade escolar”, em relação às características locais, regionais, nacionais
e transnacionais, atendendo ao mundo do trabalho e da internacionalização de
toda ordem de relações, implicitamente há a ideia de que atender a essa demanda
só será possível se a língua escolhida for uma franca, ou seja, a inglesa, já que o
comércio e a economia a envolvem em suas negociações (LORENZI, 2014).

Assim, mesmo que a aprendizagem de outras línguas seja assegurada


pela resolução, é a língua inglesa que se configura em muitos currículos escolares
brasileiros.

3.3.2 A resolução do Conselho Nacional de Educação


de nº 7, de 14 de dezembro de 2010
A Resolução de número nº 7, de 14 de dezembro de 2010, postula o ensino
de uma língua estrangeira obrigatória desde os anos iniciais. A resolução fixa
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.
Os artigos 17 e 31, que lidam com a temática das línguas, estabelecem que:

Art. 17 - Na parte diversificada do currículo do Ensino Fundamental


será incluído, obrigatoriamente, a partir do 6º ano, o ensino de, pelo
menos, uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo
da comunidade escolar. Parágrafo único. Entre as línguas estrangeiras
modernas, a língua espanhola poderá ser a opção, nos termos da Lei
nº 11.161/2005.
Art. 31 - Do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, os componentes
curriculares Educação Física e Arte poderão estar a cargo do professor
de referência da turma, aquele com o qual os alunos permanecem a
maior parte do período escolar, ou de professores licenciados nos
respectivos componentes. § 1º Nas escolas que optarem por incluir
língua estrangeira nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o
professor deverá ter licenciatura específica no componente curricular.

35
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Nesta resolução, em especial, a adequação “ano e série” foi realizada


devido à introdução do Ensino Fundamental de nove anos e também para
cumprir o que a LDB 9.394/96 previu sobre a obrigatoriedade da oferta de uma
língua estrangeira moderna a partir dos anos finais do Ensino Fundamental.

No parágrafo único do artigo 17 é feita, explicitamente, a menção em


torno da língua espanhola, que poderá ser a opção, o que nos causa estranheza, já
que é a comunidade escolar que define a língua estrangeira a ser ofertada, mesmo
não havendo critérios formalizados.

A Resolução nº 7/2010 é a primeira que prevê o ensino de línguas nos anos


iniciais. Tal manifestação, além de assumir uma postura política com interesses
econômicos, assume, também, que o ensino de línguas, já nos anos iniciais,
justifica-se pelo discurso de que quanto mais cedo se ensina uma língua, melhor
sua aprendizagem, mesmo que, conforme Gimenez (2013, p. 208), “o aprendizado
de uma língua estrangeira depende de inúmeros fatores, dentre os quais figura a
regularidade na aprendizagem”.

É importante mencionar que no artigo 31º da Resolução CNE/CEB nº


7/2010 há a menção de que o professor de língua estrangeira, no caso o dos anos
iniciais, deverá ter licenciatura específica no componente curricular, o que não é
obrigatório em outras áreas específicas, como na Educação Física e em Artes.

Tal imposição implica uma política de formação de professores. No


entanto, sabemos que nem os cursos de Pedagogia e Letras formam profissionais
para a atuação na área de línguas para os anos iniciais do Ensino Fundamental.
A partir disso, nota-se que, por muitas vezes, as lacunas das políticas públicas
engessam o ensino efetivo das línguas, limitando-se ao que já se tem como
conquista.

Assim, podemos dizer que há muito mais para se discutir e delinear nos
documentos que abordam a temática relacionada às línguas. Continue conosco,
adiante trocaremos mais ideias.

3.3.3 A resolução do Conselho Nacional de Educação


de nº 2, de 30 de janeiro 2012: Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio
A Resolução do Conselho Nacional de Educação de nº 2, de 30 de janeiro
2012, estabelece novas diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio no
Brasil, ou seja, elas estão substituindo as diretrizes de 1998.

Tal resolução veio para atualizar e acompanhar as diversas mudanças


ocorridas na legislação relativas ao Ensino Médio, bem como as transformações

36
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

em curso na própria sociedade, no mundo do trabalho e também no Ensino


Médio. No que se refere ao ensino e aprendizagem da língua estrangeira, o art.
9º prega que:

Art. 9º - A legislação nacional determina componentes obrigatórios


que devem ser tratados em uma ou mais das áreas de conhecimento
para compor o currículo: I - são definidos pela LDB: [...]
f) uma língua estrangeira moderna na parte diversificada, escolhida
pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro
das disponibilidades da instituição.

Compreendemos que, em relação ao ensino e aprendizado da língua


estrangeira, a resolução está em consonância com a LDB 9.394/96. Podemos dizer
que um avanço foi que nessa nova versão o Ensino Médio não é apenas visto
como uma etapa de preparação para o vestibular e para o mercado de trabalho,
ele necessita também preparar para a vida.

Sobre a nossa temática de estudo, línguas estrangeiras, a resolução divide


as disciplinas por áreas de conhecimento. No que se refere à área das linguagens,
as aulas de língua portuguesa, língua materna (para populações indígenas),
língua estrangeira moderna, arte e educação física fazem parte dela. A resolução
ressalta ainda que o ensino da língua espanhola é obrigatório nas instituições de
ensino.

DICAS

Conheça a Resolução de no 2/2012, do CNE na íntegra. Acesse: <http://


pactoensinomedio.mec.gov.br/images/pdf/resolucao_ceb_002_30012012.pdf>.

3.3.4 Plano Nacional de Educação - PNE de 2014


O PNE é um documento que resultou de uma discussão realizada com
os membros da sociedade e tal debate resultou em uma política pública para a
educação. Consideramos importante, acadêmico, nesse momento, você rever o
conceito de Estado, educação e política pública, já que são elementos que dizem
respeito às políticas educacionais na história da educação brasileira.

Para tanto, vamos retomar esses conceitos percorrendo a história. Já nas


primeiras décadas do século XX, em torno de 1930, as discussões referentes à
educação tinham formatos distintos. Os educadores e a sociedade promoveram
encontros para buscar formas de exigir do Estado a formulação de políticas
educacionais que atendessem à necessidade de toda população no que se refere
à educação.

37
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

As ditaduras militares chegaram ao fim nos países da América Latina após


a segunda metade do século XX, e novos tempos iniciaram. Na década de 1980,
fóruns nacionais e estaduais foram constituídos em defesa da educação da escola
pública. As entidades educacionais promoveram discussões, muitas, inclusive,
foram levadas para a Assembleia Nacional Constituinte, que foi instituída para
haver um Estado Democrático.

A Constituição Federal de 1988 trouxe, pela primeira vez, o conceito de


Estado de Direito, que é aquele em que o poder exercido é limitado pela ordem
jurídica vigente, assim, tanto  o Estado quanto seus indivíduos são submetidos
ao Direito.

Na década de 1990 muitas foram as discussões para que a melhoria da


qualidade educacional acontecesse. Em 1993, o MEC, fundamentando-se na
Declaração Mundial sobre Educação para Todos, elaborou o “Plano Decenal de
Educação para Todos”, um documento voltado para a educação fundamental.

A LDB nº 9.394/96, em seu título IV – Da Organização da Educação


Nacional, institui no artigo 9º que a União deve incumbir-se de: “I - elaborar o
Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios”.

Em 2001, conforme o disposto na Constituição Federal de 1988 e nas


diretrizes da LDB 9.394/96, foi aprovado o Plano Nacional de Educação para o
decênio 2001-2009, e em 2014 foi aprovado o PNE 2014-2024.

FIGURA 7 - PNE

FONTE: Disponível em: <http://professoracheiadeideias.blogspot.com.br/2014/>. Acesso


em: 4 jul. 2017.

38
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A figura apresentada nos mostra um resumo das metas do novo PNE


2014-2024, que, a princípio, não apresenta muitas mudanças comparando-o ao
que já tínhamos na educação, porém ele foi construído por meio de discussões
democráticas e por uma concepção política voltada aos direitos sociais. Em seu
art. 2º, o PNE/2014 fixa em suas Diretrizes:

[...] I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do


atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais,
com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as
formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação;
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos
valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI -
promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII - promoção humanística, científica, e cultural e tecnológica do
país; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos
em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que
assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão
de qualidade e equidade; IX - valorização dos(as) profissionais da
educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL,
2014, p. 1).

Dessa maneira, compreendemos, com o trecho apresentado, que há


uma preocupação com as políticas educacionais e que acerca dessa temática
percebemos avanços e retrocessos. Quando mencionamos retrocessos, queremos
apontar que o documento não consegue tecer um diálogo a fim de chegar a uma
educação capaz de atender, com qualidade, todas as necessidades educacionais
da população brasileira.

Para finalizar, é interessante você compreender que esse plano estabelece


diretrizes, metas e estratégias que necessitam reger as iniciativas na área da
educação. Por isso, todos os estados e municípios, inclusive o seu estado e o
seu município, devem elaborar planejamentos específicos, levando em conta a
realidade e as necessidades locais e demandas para alcançar objetivos previstos.

3.3.5 O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?


A BNCC é um conjunto de orientações que norteará os currículos das
escolas das redes públicas e privadas do Brasil inteiro. Ela, a BNCC, apresentará
os conhecimentos, as competências e as aprendizagens essenciais que as crianças
e os jovens, dependendo de sua etapa na Educação Básica brasileira, devem
adquirir.

O documento, de maneira geral, apresentará as competências gerais


e específicas que os alunos devem desenvolver em todas as áreas, inclusive os
componentes curriculares e os conteúdos e as habilidades a serem desenvolvidas
e abordadas em cada etapa da Educação Básica – da Educação Infantil ao Ensino
Médio.

39
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Na área que trata das linguagens, mais precisamente da língua estrangeira,


o documento expressa a importância do ensino da língua inglesa voltado para
um ensino e aprendizagem intercultural, levando em conta os letramentos,
especialmente as práticas sociais relacionadas à tecnologia. Tal preocupação
estabeleceu seu ensino em eixos organizadores, que se dividem em áreas temáticas
que envolvem a oralidade, a leitura, a escrita, os conhecimentos linguísticos e
gramaticais e a dimensão intercultural.

DICAS

Quer conhecer o documento da BNCC em sua segunda versão? Acesse o link:


<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf> ou <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/>.

3.3.6 Como será o currículo do novo Ensino Médio em


relação à língua estrangeira?
Essa pergunta é muito pertinente, não é mesmo? Pois a LDB, como
apresentamos anteriormente, não fazia menção exclusivamente ao ensino da
língua inglesa como estudo obrigatório.

As reformas, bem como os novos documentos, tornam ou tendem para


que o inglês seja obrigatório desde o 6º ano do Ensino Fundamental até o Ensino
Médio, na Educação Básica. Compreendemos que os sistemas de ensino poderão,
sim, ofertar outras línguas estrangeiras, se assim o desejarem e observarem sua
necessidade, e a escolha necessita envolver, preferencialmente, o ensino da língua
espanhola. Acreditamos que essa tendência para a língua inglesa se dá por ela ser
a língua mais disseminada e a mais ensinada no mundo inteiro.

4 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM LÍNGUA INGLESA


Os processos avaliativos estão cada vez mais presentes em nossas
vidas, dessa forma, discutir as dimensões da avaliação no processo de ensino e
aprendizagem de língua inglesa torna-se um tópico imprescindível para futuros
profissionais dessa área.

O ato de avaliar é algo que gera preocupação e inquietação nos professores,


justamente por isso é que devemos desmistificar seu papel e aliá-la de maneira
positiva ao processo de ensino e aprendizagem. No dia a dia escolar podemos
notar três maneiras principais de avaliar: a que engloba a mensuração, a avaliação
de conteúdos e a aplicação de provas (BARCELOS, 2004).

40
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Compreendemos a primeira delas quando a avaliação é tida como sinônimo


de mensuração, isto é, ela advém de um padrão positivista de educação do século
XIX, originando-se do cientificismo daquela época, no qual a experimentação e a
observação dos fatos eram feitas de maneira lógica e concreta.

Outra maneira de compreendermos a avaliação é quando ela dá ênfase


aos conteúdos objetivos que envolvem memorização, ou seja, na medida em
que os professores entendem a língua como um código linguístico fixo, eles
avaliavam aspectos gramaticais e lexicais, esquecendo de outros aspectos que a
aprendizagem de uma língua estrangeira envolve (BARCELOS, 2004).

Muitas vezes, a avaliação é compreendida como uma aplicação de


provas escritas, ou seja, elemento utilizado no ambiente escolar como única
forma de registro avaliativo. Assim, ao tratar da avaliação de língua estrangeira,
especificamente, necessitamos promover debates para que ela não se restrinja a
poucos meios e instrumentos que apenas mensuram conhecimento, muitas vezes
através de provas escritas de conteúdos memorizados.

Necessitamos, portanto, compreender que o tipo de avaliação utilizado


nas aulas de língua inglesa deve estar de acordo com a nossa prática de ensino,
isto é, se a língua estrangeira é ensinada de uma maneira mais comunicativa e
interativa, o desenvolvimento de uma avaliação deverá também conter esses
elementos (BARCELOS, 2004).

Dessa maneira, a avaliação necessita ser compreendida como uma


ferramenta de auxílio para o professor e também para o aluno, ela deve ser vista
como mais um elemento de ensino e aprendizagem, dentre tantos outros, como
o planejamento, a escolha das habilidades e a metodologia, ela necessita ser
constantemente debatida e ajustada às necessidades do momento.

Vamos adiante, a discussão nos faz rever muitos conceitos e, de repente,


repensar posturas e atitudes no cotidiano escolar.

4.1 O QUE OS DOCUMENTOS ORIENTADORES E LEIS


POSTULAM SOBRE AVALIAÇÃO
A LDB 9.394/96, cuja finalidade é a de ajustar os princípios elencados
no texto constitucional para as situações reais que envolvem várias questões
educacionais, como o funcionamento das redes escolares, a formação dos
professores, as matrículas, a aprendizagem e a promoção de alunos, entre outros,
prevê, em seu art. 24, inciso V, acerca da avaliação do rendimento escolar. Ao
lidar com esse assunto, a lei contempla a possibilidade de avanço na trajetória
escolar e estudos de recuperação:

41
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes


critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b)
possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação
do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos
ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.

Também acerca da avaliação, o parecer do CNE de no 05, de 1997, trata da


regulamentação da Lei 9.394/96, no que diz respeito ao “rendimento escolar [que]
permanece, como nem poderia deixar de ser, sob a responsabilidade da escola,
por instrumentos previstos no regimento escolar e observadas as diretrizes da lei
[...]”.

No Parecer CNE nº 12/97 existe uma menção acerca da não associação da


avaliação a uma colocação classificatória, como sugere o trecho que segue:

[...] é importante assinalar, na nova lei, a marcante flexibilização


introduzida no ensino básico, como se vê nas disposições contidas
nos artigos 23 e 24, um claro rompimento com a “cultura da
reprovação”. O norte do novo diploma legal é a educação como um
estimulante processo de permanente crescimento do educando –
“pleno desenvolvimento” –, onde notas, conceitos, créditos ou outras
formas de registro acadêmico não deverão ter importância acima do
seu real significado. Serão apenas registros passíveis de serem revistos
segundo critérios adequados, sempre que forem superados por novas
medidas de avaliação, que revelem progresso em comparação a estágio
anterior, por meio de avaliação, a ser sempre feita durante e depois de
estudos visando à recuperação de alunos com baixo rendimento.

Compreendemos, dessa maneira, que a função da avaliação, apresentada


no trecho anterior, é a de acompanhar o desempenho escolar do aluno, visando
o seu progresso.

É prevista, na LDB nº 9.394/96, nos artigos 12, 13 e 24, respectivamente,


incisos V, IV e V, a obrigatoriedade de a escola e os professores, cada um em
sua disciplina, promoverem a recuperação para os alunos com atraso escolar. O
Parecer CNE nº 5/97 trata desse assunto da seguinte maneira:

Os estudos de recuperação continuam obrigatórios, e a escola deverá


deslocar a preferência dos mesmos para o decurso do ano letivo. Antes,
eram obrigatórios entre os anos ou períodos letivos regulares. Esta
mudança aperfeiçoa o processo pedagógico, uma vez que estimula as
correções de curso, enquanto o ano letivo se desenvolve, do que pode
resultar apreciável melhoria na progressão dos alunos com dificuldades
que se projetam nos passos seguintes. Há conteúdos nos quais certos
conhecimentos se revelam muito importantes para aquisição de outros
com eles relacionados. A busca da recuperação paralela se constitui
em instrumento muito útil nesse processo (artigo 24, inciso V, alínea
“e”). Aos alunos que, a despeito dos estudos paralelos de recuperação,

42
TÓPICO 2 | AS NORMAS E OS DOCUMENTOS ORIENTADORES ACERCA DA APRENDIZAGEM DA LIN. EST.: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

ainda permanecem com dificuldades, a escola poderá voltar a oferecê-


los depois de concluído o ano ou período letivo regular, por atores
e instrumentos previstos na proposta pedagógica e no regimento
escolar.

Compreendemos que não se pode recuperar o que não se aprendeu. Caso


se verifique, através da avaliação, a não aprendizagem, um encaminhamento
que pode ser feito é a oferta de novas ocasiões de ensino que visem uma nova
oportunidade de aprendizagem.

Nesse sentido, a LDB 9.394/96 prevê mecanismos como a recuperação e os


avanços no fluxo escolar e enfatiza a avaliação como meio de acompanhamento
da aprendizagem dos alunos. Já os PCN (1997, p. 83) contemplam a avaliação
como:

Elemento integrador entre aprendizagem e ensino; conjunto de ações


cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção pedagógica
para que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto de ações que
busca obter informações sobre o que foi aprendido e como; elemento
de reflexão contínua para o professor sobre sua prática educativa;
instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência de seus
avanços, dificuldades e possibilidades [...].

Compreendemos que os PCN e também outros documentos (alguns,


inclusive, mencionados aqui) têm uma concepção de avaliação que necessita estar
a serviço da aprendizagem e da qualidade de ensino.

A avaliação, nas aulas de língua inglesa, necessita contemplar


competências, verificar o desenvolvimento de habilidades, identificar diferenças
para a real promoção de interações discursivas, compreensão e produção oral,
escrita, entre outras.

Dessa maneira, é necessário um aprofundamento em torno do assunto


por todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, através de estudos e
discussão para que proporcionem a compreensão da referida proposta, evitando
equívocos.

Finalizamos compreendendo que cabe ao professor conhecer as


orientações pedagógicas, que estão em constantes mudanças e, dentre elas,
escolher aquela que melhor atenda aos anseios de seus alunos. A história tem
mostrado que a instabilidade dos professores e também da escola é grande, ao
variarem de concepção, sem conhecer os verdadeiros caminhos para onde essa
mudança os levará.

Acadêmico, vamos fazer a diferença! Poder ensinar e aprender a língua


inglesa propicia novas maneiras de atuação e participação em um mundo mais
globalizado e plural, em que as fronteiras e os interesses, tanto pessoais como
locais, regionais ou nacionais e transnacionais, estão cada vez mais densos e
ilógicos.

43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Vários aspectos relacionados às normas e aos documentos orientadores acerca


do ensino e aprendizagem da língua inglesa, bem como considerações sobre a
avaliação na atualidade.

• As “línguas estrangeiras modernas” englobam, pois esse é o termo utilizado


nos documentos orientadores e legisladores até o momento, as línguas francesa,
inglesa, alemã, italiana e, recentemente, a espanhola, em oposição às línguas
clássicas como o grego e o latim.

• A educação formal, na história do Brasil, iniciou com a catequização jesuítica, com


a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil. A Coroa Portuguesa implantou
políticas para o ensino das línguas, visto que no período do descobrimento
existiam em torno de 1.200 línguas indígenas, e os jesuítas se aproximaram
especialmente do tupi, para catequizar os índios, pois a diversidade linguística
vetou a rápida introdução do latim e da língua portuguesa.

• Durante o Estado Novo, em 1937, Getúlio Vargas implementou a segunda


campanha de nacionalização, na qual a escola e a imprensa foram
significativamente atingidas.

• Vargas implementou a segunda campanha em termos nacionais, mas antes


disso, a primeira campanha de nacionalização aconteceu no Estado de Santa
Catarina, em 1911, quando Orestes Guimarães fomentou o ensino da língua
portuguesa como essencial para a constituição de uma identidade nacional
homogênea.

• A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, foi promulgada. Essa lei estabelece


normas para o sistema educacional em sua totalidade.

• A LDB 9.394/96 torna obrigatório o ensino de línguas a partir dos anos finais
do Ensino Fundamental e ainda institui que, no Ensino Médio, a comunidade
escolar poderia escolher uma língua estrangeira moderna obrigatória e outra
optativa.

• Em 1998, o MEC publica os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, que


estão organizados num documento introdutório no qual se estabelecem
os fundamentos para a elaboração dos documentos das áreas dos Temas
Transversais.

44
• Os PCN do Ensino Médio foram lançados em 2000 e esse material orienta que
as línguas estrangeiras modernas são consideradas como disciplina pouco
relevante.

• As OCEM são elaboradas em 2006, contemplando, nas diretrizes de língua


estrangeira, a constituição de orientações que buscam retomar a discussão dos
PCN do Ensino Médio de forma a expandir seus conceitos e a oferecer práticas
pedagógicas alternativas.

• O ato de avaliar é algo que gera preocupação e inquietação nos professores,


justamente por isso é que devemos desmistificar seu papel e aliá-la de maneira
positiva ao processo de ensino e aprendizagem.

• Cabe ao professor conhecer as orientações pedagógicas e dentre elas escolher


aquela que melhor atenda aos anseios de seus alunos. A história tem mostrado
que a instabilidade dos professores e também da escola é grande, ao variarem
de concepção, sem conhecer os verdadeiros caminhos para onde essa mudança
os levará.

45
AUTOATIVIDADE

1 Você já elaborou um mapa conceitual? Se já elaborou, mãos à obra!


Se esta é a sua primeira tentativa, saiba que os mapas conceituais  são
estruturas esquemáticas que apresentam conjuntos de ideias e, se você
quiser, de conceitos dispostos em uma espécie de rede de proposições, de
modo a apresentar mais claramente a exposição do conhecimento e organizá-
lo segundo a sua compreensão cognitiva.
Assim, elabore um mapa conceitual acerca dos principais conceitos estudados
neste tópico. Você pode utilizar temas como o ensino-aprendizagem da
língua inglesa segundo a LDB; a língua inglesa e os PCN; as resoluções e as
propostas de ensino; o ensino de línguas no Brasil, considerações históricas;
a avaliação e a língua inglesa, entre outros.
Procure um esquema, como o que segue, ou seja criativo e crie o seu!

2 A temática Língua Estrangeira e PCN foi abordada em questões ENADE.


Reflita sobre essa temática respondendo às Questões 30 e 31 do ENADE/2005,
aplicado para acadêmicos do curso de Letras – Inglês. Vamos exercitar, pois
logo chega a sua vez de participar do ENADE!

3 Dentre os trechos transcritos dos Parâmetros Curriculares Nacionais


Língua Estrangeira Ensino Fundamental, aquele que relaciona diretamente
a aprendizagem de língua estrangeira com a aprendizagem de língua
portuguesa é:

46
a) ( ) No Brasil, tomando-se como exceção o caso do espanhol, [...], o de algumas
línguas nos espaços de imigrantes [...] e o de grupos nativos, somente uma
parcela da população tem oportunidade de usar línguas estrangeiras como
instrumento de comunicação, dentro ou fora do país.
b) ( ) Mesmo nos grandes centros, o número de pessoas que utilizam o
conhecimento das habilidades orais de uma língua estrangeira em situação
de trabalho é relativamente pequeno.
c) ( ) A aprendizagem de leitura em língua estrangeira pode ajudar no
desenvolvimento integral do letramento do aluno. A leitura tem função
primordial na escola e aprender a ler em outra língua pode colaborar no
desempenho do aluno como leitor em sua língua materna.
d) ( ) As condições na sala de aula da maioria das escolas brasileiras (carga
horária reduzida, classes superlotadas, pouco domínio das habilidades
orais por parte da maioria dos professores, material reduzido etc.) podem
inviabilizar o ensino das quatro habilidades comunicativas.
e) ( ) Pode-se antever que, com o barateamento dos meios eletrônicos de
comunicação, mais escolas venham a ter acesso a novas tecnologias,
possibilitando o desenvolvimento de outras habilidades comunicativas.

FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/enade/2005/provas/LETRAS.


pdf>. Acesso em: jul. 2017.

4 Os Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Estrangeira Ensino


Fundamental fazem um alerta aos professores sobre os softwares disponíveis
para o ensino de língua estrangeira que reproduzem, muitas vezes, um tipo
de “instrução programada”, incompatível com a visão de linguagem e de
aprendizagem proposta nos PCN. Qual é a característica apresentada por
um software típico de “instrução programada” que o torna incompatível com
a proposta dos PCN?

a) ( ) Uma série subordinada de exercícios linguísticos, sem contextos definidos,


com base em uma única resposta certa do aluno.
b) ( ) Uma série de atividades específicas de uso da linguagem, em que se
estabelece relação entre a língua e o mundo social do aluno.
c) ( ) Uma série de propostas de inferência linguística, com base no pré-
conhecimento do aluno sobre gêneros textuais.
d) ( ) Uma série de perguntas sobre as expressões de um texto, que o aluno não
conhece, com destaque para pistas contextuais.
e) ( ) Uma série de hipóteses sobre o sentido do texto a serem aferidas pelo
aluno, com base em índices contextuais.

FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/enade/2005/provas/LETRAS.


pdf>. Acesso em: jul. 2017.

47
48
UNIDADE 1
TÓPICO 3

O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A


EDUCAÇÃO BÁSICA

1 INTRODUÇÃO
Dear students! Welcome to our new topic! Aqui, estudaremos um pouco
sobre o ensino de língua inglesa para a Educação Básica, que envolve a Educação
Infantil, Ensino Fundamental I e II (séries iniciais e finais) e Ensino Médio. Você,
como licenciado em língua inglesa, poderá atuar em todas estas frentes, portanto,
é de suma importância que conheça a abrangência do inglês nestas áreas.

Quando falamos em língua portuguesa, logo pensamos que as habilidades


a serem desenvolvidas nesta área são as regras gramaticais, a literatura da área e
a interpretação de textos, não é mesmo? Devemos sempre estimular nosso aluno
a desenvolver suas competências leitoras para além da gramática, mas, no estudo
da língua inglesa, quais são as competências a serem desenvolvidas? E de que
maneira podemos fazer com que o nosso aluno tenha gosto pelo idioma?

Se na língua portuguesa, que é a nossa língua materna, nos preocupamos


em desenvolver as competências para além da gramática, pressupõe-se que
também para o ensino de inglês seja esta a lógica. Contudo, na língua estrangeira
não se tem o domínio cultural, lexical e gramatical para este aprofundamento,
logo, devemos aprendê-lo desde a base para que, com o decorrer do tempo, possa
ser aprofundado.

Para ensinar língua inglesa com eficácia é de suma importância que os


elementos culturais da língua sejam apresentados, bem como o vocabulário e
a gramática. Esta imersão na língua pode ser feita a partir de vídeos, pequenos
textos, mídias diversas e outros recursos que façam com que a língua pareça o
mais natural possível e não seja interpretada como imposta.

Vamos conhecer um pouco mais do mundo da língua inglesa na educação


básica? Come with us!

49
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

2 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NA


EDUCAÇÃO INFANTIL
Muitos são os pesquisadores que se interessam pelo processo de aquisição
de linguagem. A partir dos anos 60, os estudos acerca do desenvolvimento da
linguagem foram exponenciais. Como exemplos, podemos citar os estudos de
Chomsky, Piaget e Vygotsky. Estes teóricos contribuíram de maneira significativa
para os estudos acerca da linguagem e da aprendizagem. A partir destes estudos,
outros teóricos mais contemporâneos preocuparam-se em dar continuidade e
estes estudos, o que fez com que novas teorias fossem surgindo, dentre elas, a
que afirma que as crianças têm vantagem na aprendizagem em relação ao adulto.
Isso inclui o aprendizado de línguas.

Um dos autores que aborda esta questão é Schütz (2007). Ele verificou
em seus estudos que a criança possui maior assimilação do que um adulto na
aquisição de uma segunda língua e esta pode ser uma das razões pelas quais a
procura por escolas de idiomas para os pequenos cresce tanto.

Vygotsky (1996) afirma que a linguagem é a base da comunicação


inerente ao ser humano, ou seja, todas as pessoas nascem com a capacidade de
manifestar-se socialmente e inserir-se em uma cultura. Chomsky (1965), a partir
de sua pesquisa, contribuiu para os estudos da linguagem comprovando que a
linguagem é uma capacidade humana similar à capacidade que o pássaro tem de
voar, ou seja, basta que ele seja inserido no meio que este aprendizado ocorrerá.
Não será necessário parar e ensinar a criança a falar.

Traremos, agora, esta afirmação para o ensino da língua inglesa. Partindo


deste pressuposto, pode-se afirmar que se a criança for exposta ao idioma, ela o
aprenderá sem que seja necessário ensiná-lo. Já aos dois anos de idade, segundo
Vygotsky (1996), as curvas da evolução do pensamento da fala se encontram para
que o pensamento verbal seja criado.

DICAS

No link <https://www.inglescurso.net.br/dicas-para-professores-de-ingles/96-
ingles-para-criancas> você encontra inúmeras dicas interessantes de atividades a serem
desenvolvidas com crianças. Que tal dar uma olhada?

O ensino de línguas na educação infantil já vem sendo implantado em


muitas escolas pelo Brasil afora justamente por conta desses estudos. Você,
acadêmico, em breve estará inserido nesta realidade. A dúvida que permeia

50
TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

os pais e professores é: até que ponto é saudável inserir a criança no contexto


bilíngue? Não haverá, por parte das crianças, confusão?

The Kids Club publicou uma reportagem acerca do assunto. A entrevistada


foi a especialista Sylvia de Moraes Barros (2015, p. 2). O tema da reportagem era
justamente esses questionamentos. Ela afirma que “Se o cérebro é estimulado
a aprender novas línguas nos primeiros anos, ele responde imediatamente ao
estímulo e vemos o aprendizado de idiomas em crianças acontecer de maneira
rápida e extremamente eficiente. E o mais importante: sem que a criança tenha
tido dificuldades durante o processo”.

A especialista desenvolveu uma lista de “mitos e verdades” quanto ao


ensino de língua inglesa na educação infantil. Let’s read the list?

Mitos e verdades sobre o ensino de Língua Inglesa na Educação Infantil

(X) Mito: A alfabetização bilíngue gera confusão com a língua materna.


O cérebro humano é capaz de aprender diversos idiomas e armazená-
los de forma que cada um seja acessado independentemente quando estimulado.
O que acontece é que, durante o processo de aprendizado, uma criança pode
misturar dois idiomas em uma mesma frase. Isso ocorre não porque ela está
confundindo, mas porque ela está aprendendo da maneira correta. O cérebro
escolhe sempre o caminho mais fácil e eficiente para realizar a tarefa que precisa.
Se uma criança brasileira que está aprendendo inglês quer falar uma palavra e
aquela palavra (em inglês) foi realmente aprendida e internalizada pela criança,
o cérebro pode acessar a palavra em inglês de forma mais rápida que a palavra
em português. Isso é parte do processo natural de aprendizado. Com o tempo, o
aluno aprende a usar cada idioma separadamente.

(✓) Verdade: Aprender inglês em tenra idade evita o sotaque.


Sim, porque nosso aparelho fonador (boca e língua) ainda está em
formação e, por isso, é capaz de reproduzir qualquer som. Conforme o tempo
passa, esta capacidade se perde. Quando chegamos à idade adulta, perdemos
a capacidade até de distinguir certos sons que não fazem parte da nossa língua
materna, o que na infância não acontece. Crianças têm maior capacidade para
distinguir e reproduzir fonemas, o que permite a perfeição na pronúncia.

(X) Mito: Há conflitos gramaticais em aprender duas línguas ao mesmo


tempo.
Não, pois cada idioma tem suas regras gramaticais que são ensinadas
separadamente.  Em uma escola bilíngue, como o nome diz, ensinam-se duas
línguas. Portanto, a gramática de português é ensinada em português, e a
gramática de inglês, em inglês.  Além disso, deve-se respeitar a ordem natural de
aprendizado de um idioma, ou seja, seguir o mesmo caminho que percorremos
em nossa primeira língua: primeiro, aprendemos a falar, depois, aprendemos a
escrever o que já falamos e, por último, aprendemos as regras gramaticais do que
já falamos e escrevemos!  O aprendizado da gramática deve ser a última etapa do
processo.
51
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

(✓) Verdade: É mais difícil esquecer a segunda língua quando ela é


aprendida na infância.
Se o aprendizado é feito de forma apropriada e natural, o conhecimento
pode ficar adormecido, mas não é esquecido. O aprendizado de idiomas é a melhor
e mais saudável forma de se estimular o cérebro de um ser humano. Existem
pesquisas que comprovam até que pessoas bilíngues têm menos chance de ter
doenças mentais na terceira idade. A infância é a melhor época para se aprender
idiomas e é a fase em que podemos ensinar o aluno a gostar de aprender línguas,
tornando-o, assim, um eterno aprendiz.

(X) Mito: O bilinguismo pode causar traumas e constrangimentos nas


crianças.
As crianças não apresentam qualquer tipo de resistência ou interferência
no processo de aprendizado, o que torna o método natural, fácil e bastante
prazeroso. Há transtornos apenas se o ensino ocorrer de forma inapropriada. O
correto é ensinar de forma lúdica, leve e divertida, fazendo com que a criança não
perceba que está aprendendo e que se relacione com o novo idioma sempre como
algo fácil e divertido.

(✓) Verdade: Pais bilíngues ajudam no processo de aprendizado das


crianças.
Sim, pais que são nativos de países diferentes podem e devem falar com
seus filhos nas duas línguas. Esta é a forma mais eficiente de se criar crianças
bilíngues.  A criança que ouve dois idiomas em casa desde o nascimento, cresce
falando os dois fluentemente e alterna o idioma que fala com o pai e com a mãe
de forma automática. Mas isso tem que ser natural.  Só funciona bem quando os
pais são realmente nativos no idioma.

Filhos de pais que falam o mesmo idioma e estão aprendendo outra


língua em sala de aula necessitarão um pouco mais de tempo para adquirir o
conhecimento no idioma a ponto de se tornarem bilíngues, pois tudo depende da
quantidade de exposição à língua. Porém, se os pais são brasileiros, por exemplo,
mas sabem falar inglês, podem estimular o aprendizado do filho envolvendo-se
com o que ele está aprendendo, interessando-se, aprendendo as músicas que ele
aprende, contando histórias em inglês etc.  Esperar que pais brasileiros falem
inglês o tempo todo com seus filhos é uma situação forçada que não dá resultado,
pois é muito difícil de ser levada adiante.

(X) Mito: O bilinguismo pode comprometer o aprendizado da língua


materna ou diminuir o interesse por ela.
Este risco não existe. A língua materna é a língua do coração, a que a família fala
e é a primeira que a criança vai aprender. Nada pode comprometer este aprendizado.
O cérebro da criança tem a capacidade de acomodar todos os conhecimentos sem
prejudicar um para garantir o outro. Crianças que aprendem inglês em sala de aula a
partir dos dois anos não têm qualquer problema em relação à fala do idioma materno,
pelo contrário! Estudos e experiências nos mostram que quem começa a aprender
um segundo idioma passa a usar melhor seu primeiro idioma.

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TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

(X) Mito: Crianças bilíngues têm atraso no desenvolvimento da fala?


Isso depende muito da criança. Algumas crianças de pais que falam dois
idiomas diferentes podem demorar um pouco mais que o normal para começar a
falar, mas, quando começam, falam os dois idiomas fluentemente. Isso não é um
problema, mas apenas uma acomodação maior do cérebro aos dois idiomas.  Em
se tratando de crianças que estão aprendendo um segundo idioma em sala de
aula, este risco não existe.  O que acontece é exatamente o contrário, ao aprender
um segundo idioma, a criança fica ainda mais estimulada a falar.

A entrevista na íntegra poderá ser lida no link: <http://thekidsclub.com.


br/especialista-esclarece-mitos-e-verdades-sobre-o-ensino-bilingue-na-primeira-
infancia/>. Acesso em: 28 jul. 2017.

Agora que já contextualizamos o aprendizado da língua inglesa na


Educação Infantil, vamos a algumas dicas acerca de como ensinar o inglês às
crianças de maneira eficaz? Let’s go!

2.1 ENSINANDO A PARTIR DA ORALIDADE


A exposição da criança à língua inglesa deve ser, antes de mais nada,
prazerosa. O aprendizado forçado ou imposto não trará bons resultados na
aprendizagem, haja visto o fato de que na Educação Infantil a criança aprende
através da ludicidade.

O ensino a partir da oralidade é um dos principais métodos explorados


por educadores e pesquisadores na Educação Infantil. O educador deve inserir-
se na brincadeira da criança e, a partir dela, apresentar à criança o vocabulário
referente ao que ela está fazendo. Por exemplo: se a criança está brincando
com carrinhos, o educador poderá sentar-se ao lado dela e falar as cores dos
brinquedos, estimulando a criança a repetir os sons.

A princípio, a criança poderá receber a palavra com estranheza ou mesmo


não dar importância a ela, mas com o passar do tempo vai se familiarizando com
o som e assimilando que blue, por exemplo, refere-se à cor do brinquedo.

Outro recurso que envolve a oralidade e já faz parte do cotidiano da


criança são as músicas e vídeos. A partir desta atividade, o educador poderá
trabalhar algumas palavras do vídeo, bem como estimular a criança a cantar a
música.

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UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

DICAS

No link <https://canaldoensino.com.br/blog/15-musicas-infantis-para-aprender-
ingles> você poderá acessar várias músicas em inglês para trabalhar com os pequenos. Corra
lá!

2.2 UTILIZANDO O MATERIAL CONCRETO E RECURSOS


VISUAIS
Outro importante recurso para ensinar a língua às crianças são os
recursos visuais e materiais concretos. Visualizar faz parte do processo de ensino
e aprendizagem e é um recurso que facilita a assimilação dos conteúdos. Embora
na Educação Infantil não se utilizem conteúdos de fato, mas sim comandos e
vocabulário (inserção da criança no mundo da língua), a assimilação ocorre de
maneira mais efetiva a partir da visualização.

O trabalho com os objetos em si motiva o aluno à aprendizagem, pois a


curiosidade nesta faixa etária é bastante acentuada. O pegar, o manusear e o sentir
são sensações importantes para o desenvolvimento das múltiplas inteligências.
Além disso, o objeto materializa a aprendizagem: além de ouvir, ele também está
vendo.

O ensino do vocabulário, por exemplo, pode ser amplamente


potencializado a partir do uso de materiais concretos. De acordo com Lorenzatto
(2006), o material concreto funciona como uma ferramenta de apoio para o
educador conciliar teoria e prática objetivando uma aprendizagem significativa
do aluno.

O trabalho através da manipulação de objetos possibilita o


desenvolvimento da criança em habilidades como discriminação e
memória visual. É muito difícil, ou provavelmente impossível, para
qualquer ser humano, caracterizar espelho, telefone, bicicleta ou escada
rolante sem ter visto, tocado ou utilizado esses objetos. Para as pessoas
que já conceituaram esses objetos, quando ouvem o nome do objeto,
sem precisarem dos apoios iniciais que tiveram dos atributos tamanho,
cor, movimento, forma e peso. Os conceitos evoluem com o processo
de abstração; a abstração ocorre pela separação (LORENZATO, 2006,
p. 22).

A próxima etapa fala da didática no Ensino Fundamental I, que é o


segmento no qual se dá continuação aos processos de ensino e aprendizagem que
são iniciados na Educação Infantil. Lets go!

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TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

3 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO


ENSINO FUNDAMENTAL I
De acordo com todos os estudos que já foram efetuados até o momento,
podemos afirmar com ciência que a criança é, sim, capaz de aprender uma
língua estrangeira desde cedo. Após passar pela Educação Infantil, período no
qual a criança entra em contato com a vida escolar, vem o Ensino Fundamental
I, segmento no qual, teoricamente, a criança é efetivamente alfabetizada (salvo
exceções).

A língua não pode ser imposta como regra, assim como nenhum outro
conteúdo escolar deveria ser. Para refletirmos acerca desta temática, veja a tira a
seguir.

FIGURA 8 - CALVIN E HAROLDO

FONTE: Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/4482/61-milhoes-de-criancas-


fora-da-escola>. Acesso em: 28 jul. 2017.

Na tira, o pequeno Calvin discute com seu amigo acerca da imposição


do pai a fazer a tarefa. Infelizmente, muitas crianças acabam desgostando do
idioma pelo fato de ele ser colocado como uma disciplina que vale nota, que tem
trabalhos, que tem provas, e não como uma oportunidade de aprendizado para
a vida.

Quando findada a educação infantil, a criança adentra o ensino


fundamental I, período no qual a criança, salvo exceções, é alfabetizada. Por este
motivo, é importante que a criança seja apresentada à língua estrangeira o quanto
antes, para que possa habituar-se a ela, facilitando, assim, seu aprendizado.

A melhor maneira de ensinar as crianças é fazer com que elas aprendam


se divertindo. Para que o ensino de língua inglesa seja de fato prazeroso para a
criança, algumas dicas podem ser seguidas:

• Trabalhe com desenhos animados: crianças são visuais e trabalhar com o


imaginário faz com que sua atenção se fixe no que está sendo estudado.

55
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

• Ensine de uma maneira divertida: escolha atividades lúdicas. Saia da rotina


da sala de aula e apresente à criança novas formas de aprender.
• Leia livros bilíngues: se a criança aprende a ouvir em inglês, a familiarização
com a língua ocorre mais naturalmente e a criança se acostuma com o idioma.
• Passe vídeos divertidos em inglês: esta atividade entretém as crianças e faz com
que prestem atenção. Estimule-as a repetir frases ou palavras que aparecem no
vídeo.
• Faça jogos de competição em inglês: Crianças adoram jogar. Que tal passar
regrinhas em inglês?

Let’s go ahead!

3.1 A COMPREENSÃO DO VOCABULÁRIO NAS TEMÁTICAS


DE ENSINO
O reconhecimento da importância de se aprender vocabulário para uma
comunicação efetiva está ganhando reconhecimento. Isso porque cada vez mais
se percebe que o uso de vocabulário de maneira inadequada faz com que a
comunicação seja quebrada, causando, assim, alguns problemas, muitas vezes,
indesejados.

De que maneira podemos, então, pensar em estratégias para aquisição de


vocabulário? Conforme já estudamos anteriormente, o aluno deve ser exposto
a palavras em língua inglesa desde cedo, para que possa compreender em que
contextos elas aparecem, para acostumar-se com a pronúncia e para apreender
seu significado a partir da repetição natural.

De acordo com a faixa etária que se trabalha, as palavras podem variar de


nível de dificuldade. Na Educação Infantil, por exemplo, a exposição a palavras
já é suficiente. A partir do Ensino Fundamental I, já podem ser empregadas frases
curtas, bem como pequenos comandos, dos quais se espera uma resposta do
aluno.

O aprendizado do vocabulário, conforme também já estudamos, é mais


eficaz quando apoiado em material concreto ou mesmo nas vivências que a criança
já tem. Por exemplo, de nada adianta conversar com crianças que vivem na praia
sobre as montanhas ou vice-versa. Isso ocorre porque apenas ouvir uma língua
estrangeira sem saber do que se está falando não levará a criança a aprender o
idioma. Aqui, mais uma vez, entra o professor, que deve, antes de mais nada,
contextualizar a criança e fazer com que ela saiba do que se está falando.

Aos pequenos comandos chamamos de “chunks”, ou seja, comandos


prontos da língua. Por exemplo, by the way, let’s go, come with me, e outros. Aliás,
você já deve ter percebido que usamos esta estratégia por aqui, correto? De vez
em quando aparece algum “chunk” no meio do texto. Esta é uma importante
estratégia de aprendizagem.
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TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

A autonomia do aluno também deve ser estimulada. Não é interessante


corrigir o aluno de maneira ríspida quando ele pronunciar alguma palavra de
maneira incorreta. O que o professor deve fazer é, por exemplo, elogiar e em
seguida repetir a palavra dita por ele de maneira contextualizada.

O professor é um facilitador em sala de aula, mas não estará com o aluno


em todos os momentos. Por este motivo, mais uma vez ressalta-se a importância
de se desenvolver no aluno a autonomia. Quanto mais autonomia o aluno tiver (e
sim, isto se desenvolve desde a infância), mais ele aprenderá por si só. Fazer com
que o aluno saiba qual é a maneira que melhor ele aprende já é um grande passo
para desenvolver esta habilidade. Tem gente que aprende melhor escrevendo, tem
gente que precisa desenhar, traduzir, ouvir ou mesmo ler em voz alta. Quando
esta etapa é atingida, o aluno descobre como fazer seu aprendizado render mais
e desenvolve, então, a independência.

3.2 A LÍNGUA ESTRANGEIRA E OS SISTEMAS DE


COMUNICAÇÃO
Dear students! Não é mais necessário dizer qual é a importância da língua
inglesa para a comunicação, não é mesmo? Não estamos falando em nível de
Brasil, apenas, mas em nível mundial. Sua difusão pelo mundo fez com que a
língua passasse por algumas mudanças, por exemplo, algumas expressões são
usadas apenas em alguns países, e em outros não. O que chamamos de sotaque
também muda, assim como na própria língua portuguesa. Dependendo da região
na qual é falado, os falantes têm diferentes sotaques.

O inglês é a língua mais ensinada nas escolas pelo mundo afora, pois
passou a ser o idioma da comunicação mundial. A trabalho ou a passeio, o inglês
está sempre em evidência quando se fala em aprender uma segunda língua.
Podemos perceber isso a partir do nosso dia a dia: as séries de TV, a publicidade
das TVs a cabo, as informações da internet (mais de 80% estão em inglês). Muitas
são as provas que temos diariamente de que a comunicação mundial é o inglês.

Como podemos fazer para aprimorar nossa comunicação em inglês, já


que em algum momento da vida a maioria de nós terá de utilizá-lo? Adaptamos
para vocês, students, uma lista com dicas to improve your English, publicado pela
revista Exame. Go ahead!

1. Fale, independente do seu sotaque, e não tenha vergonha: As pessoas


se preocupam muito, principalmente as mais tímidas e reservadas. Elas tendem a
procurar desculpas para não falar.
2. Fale sem medo de errar: Autocrítica muito elevada é um dos fatores
limitantes para o aprendizado. A exposição ao idioma e o erro são fundamentais
para o aprendizado, afirma a especialista. É como aprender a dirigir. Se só estudar
o livrinho, não sai dirigindo. Se tiver medo de pegar o carro ou de deixar o carro
morrer, não aprenderá.
57
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

3. Não tenha receio de ser corrigido:: A não ser que você peça para um
estrangeiro corrigi-lo, ele não o fará. É comum o receio de que o estrangeiro vai
agir com dureza ao ouvir seu interlocutor cometendo um erro.
4. Aproveite as oportunidades para praticar: Não fuja, pratique. Procure
pessoas que estudam ou já falam a língua e com quem tenha mais intimidade para
conversar, indica Simões. Para os mais tímidos, é uma boa forma ir “soltando a
língua” em situações mais informais, primeiro. Quem frequenta cursos regulares
do idioma deve entender que aquele é o momento certo para se esforçar e tentar,
de fato, falar na outra língua.
5. Equilibre habilidades de compreensão, leitura, escrita e fala: O ideal
é ter o equilíbrio na prática das quatro habilidades. A leitura constante nos dá
vocabulário, consolidação de estruturas gramaticais e milhões de ideias de como
se expressar. Por isso lembre-se, ler e ouvir são essenciais também para destravar
a fala.
6. Assista a filmes com legendas no idioma original: Comece com filmes
que você já viu e conhece a história para testar sua capacidade de compreensão
ou aposte em filmes de ação, que têm frases mais curtas e objetivas.
7. Ouça músicas acompanhando a letra: Mais uma forma de usar o
interesse a favor do aprendizado do idioma. Escolha músicas de que gosta e
pesquise a letra.

FONTE: Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/7-dicas-para-destravar-a-


conversacao-em-ingles/>. Acesso em: 20 jul. 2017.

4 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO


ENSINO FUNDAMENTAL II
Quando pensamos em didática, logo nos vem à mente métodos de ensino
e de aprendizagem. Conforme já estudamos, uma importante orientação que
encontramos nos PCN é que necessitamos ensinar todas as habilidades de uma
língua, já que os alunos devem aprender a falar, ouvir, compreender, ler e escrever
de maneira correta.

Os documentos postulam que em relação ao ensino e aprendizagem de


língua inglesa, o foco na leitura (BRASIL, 1998), principalmente nas escolas públicas
brasileiras, se justifica, já que nestas redes de ensino há salas com superlotação de
alunos e ainda com uma carga horária, para as línguas estrangeiras, reduzida e/
ou fragmentada.

Diversos documentos, como os que foram apresentados neste livro


didático, deixam claro que o ensino da língua estrangeira não precisa focar
na preparação do aluno para prestar provas que possibilitem seu ingresso em
faculdades; ele, o ensino, necessita ser voltado também para a sua comunicação
oral ou qualificação profissional.

58
TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

É muito importante que o professor conheça as teorias linguísticas


atuais para que suas práticas de ensino sustentem um ensino dos mais variados
conteúdos e que a maneira que os conteúdos sejam abordados cumpra com os
objetivos propostos e necessários para a real aprendizagem e, ainda, despertem
interesse dos alunos.

Assim, fazer uso de diferentes métodos de ensino da língua estrangeira


corrobora para um ensino com qualidade, já que temos consciência de que não
há um método plenamente perfeito, pois a aprendizagem de um idioma envolve
muito mais que estruturas gramaticais.

Para tanto, é importante lembrar que a formação continuada, por parte dos
professores de língua inglesa, neste caso, aconteça de maneira, como o próprio
nome diz, continuada, para que eles – os professores – sejam capazes de atuar
com excelência nas possíveis mudanças educacionais.

Esperamos também que esses professores, a partir de uma nova abordagem


de ensino, despertem nos alunos a motivação necessária para que a língua inglesa
não seja apenas mais uma matéria na grade curricular. O que se quer é que ela se
integre definitivamente ao cotidiano da sociedade brasileira.

4.1 CONTEXTUALIZANDO O ENSINO DA GRAMÁTICA


Pensar em uma aprendizagem de um idioma de maneira contextualizada
é ter consciência de que a gramática é um instrumento essencial, mas não é o único
meio de se ensinar uma língua. Não há como pensar que professores, em pleno
século XXI, com tantos recursos, ainda ensinem língua inglesa, por exemplo, com
palavras soltas e descontextualizadas.

Nesse sentido, é importante compreender que uma simples aula de regras


gramaticais pode ser extremamente rica, à medida que ela abra espaço para os
alunos ora construírem, ora reconstruírem sua carga cultural e linguística.

Quando nos referimos ao ensino da gramática para os adolescentes do


Ensino Fundamental II, compreendemos que nem sempre o conhecimento
de regras gramaticais habilita o aluno aprendiz a utilizar a língua de maneira
significativa. Conseguimos compreender tal afirmação, pois os teenagers estão,
por vezes, muito avançados na aprendizagem da língua devido ao uso constante
da tecnologia, e não se dão conta das regras e estruturas que utilizam com tanta
habilidade.

Muitos alunos têm a capacidade de memorizar as regras gramaticais e,


inclusive, aplicá-las corretamente quando resolvem exercícios em listas com frases
isoladas, ou seja, descontextualizadas, mas estes mesmos alunos falham quando
produzem textos de forma espontânea ou quando realizam uma interpretação
textual mais apurada.

59
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

FIGURA 9 - GRAMMAR

FONTE: Disponível em: <http://shawnradcliffe.com/include-comma/>. Acesso em: jul. 2017.

Como a imagem apresentada nos incentiva, o estudo da gramática consiste


na análise de formas e estruturas de uma língua, neste caso, da língua inglesa. Ela
descreve regras e explica exatamente a forma pela qual as sentenças são formadas
e/ou estruturadas com o intuito de desenvolver habilidades na língua.

Quando estamos ensinando o inglês para as turmas do Ensino


Fundamental II, geralmente, estamos no nível  iniciante e, neste caso, não
devemos exigir uma fala correta, pois nesse momento o importante é apenas
falar, comunicar-se espontaneamente, sem medos e, a princípio, sem regras.
Porém, se os alunos estiverem em um nível intermediário, já é hora de começar a
refletir e, consequentemente, corrigir, quando as estruturas frasais são utilizadas
de maneira errônea, baseando-se nas regras gramaticais, ambicionando uma
fluência de forma correta.

Dessa maneira, acadêmico, você consegue compreender que a gramática


contextualizada é uma tendência que está envolvendo um número cada vez
maior de adeptos? Ensinar gramática por ensinar, através de frases soltas, além
de ser um método ultrapassado, desestimula o aluno.

Quando você ensinar a gramática, esteja atento as três partes que a


compõem: a forma, o significado e o uso. Partindo disso, contextualize a estrutura
gramatical com o que mais atrai seus alunos. Como fazer isso? Inicie descobrindo
os gostos de seus alunos: música, filmes, seriados, jogos on-line, livros, revistas,
canais no Youtube, entre outros. Depois disso, elabore sequências de atividades,
crie grupos de estudos temáticos e explore todos os aparatos tecnológicos
(BALANCHO, 1996). Assim, a gramática pode ser diluída e praticada através
de atividades lúdicas e de textos do dia a dia que circulam na sociedade e na
internet, facilitando sua assimilação. Exercícios que fazem com que o aluno apenas
complete frases que não fazem sentido encaminham o aprendizado apenas para o
decorar, sem haver nenhum envolvimento com a atividade proposta.

Os adolescentes necessitam de desafios e motivação para que o rendimento


seja superior ao que se espera com a simples memorização de regras gramaticais
e, com essa prática contextualizada, o tempo levado para aprender é otimizado,
reduzindo recuperação, reforço e até a reprovação (BALANCHO, 1996).
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TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

Destacamos, acadêmico, que contextualizar o conhecimento certamente


possibilita uma aprendizagem significativa e aulas contextualizadas são práticas
de professores que buscam qualidade de ensino.

Vamos adiante!

4.2 O USO DAS TECNOLOGIAS E A APRENDIZAGEM DA


LÍNGUA INGLESA
A tecnologia transformou, transforma e ainda transformará a comunicação
no mundo todo. A interação entre os indivíduos, mesmo estando em diferentes
lugares, a disseminação da informação, rápida e eficaz, têm se tornado presentes
na vida cotidiana das pessoas. Dentre todas as invenções tecnológicas até hoje
criadas, a internet destaca-se devido à velocidade, à acessibilidade e, certamente,
ao conforto oferecidos aos seus usuários.

FIGURA 10 – NOVAS TECNOLOGIAS

FONTE: Disponível em: <https://comparador.tecmundo.com.br/?utm_


source=hometecmundo&utm_medium=comparador>. Acesso em: 17
jul. 2017.

Como a figura nos faz refletir, as novas tecnologias se fazem cada vez
mais presentes, transformando a nossa maneira de pensar e de agir, além de
mudarem também o modo como lidamos com a informação. Dessa maneira,
como ignorar esse rico instrumento no ensino e na aprendizagem de um idioma?
Ela, a tecnologia, pode enriquecer os conhecimentos interculturais dos alunos,
promovendo novas práticas de contato, como interação escrita e oral através de
aplicativos instantâneos, por exemplo.

61
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Segundo Warschauer (2000), o uso da internet no ensino da língua


inglesa desenvolve diversas habilidades, como a utilização do idioma em
contextos autênticos e significativos, o letramento através da leitura e da escrita,
a oportunidade da publicação de comentários expondo as ideias. E a internet
ainda estimula uma comunicação dinâmica, flexível, espontânea, viabilizando a
autonomia em outra(s) língua(s).

Partindo disso, compreendemos que a internet permitiu ao aluno, e a todos


nós, sair da zona de conforto e participar de comunidades autênticas, trocando
experiências com pessoas do mundo todo que também estudam a língua inglesa
ou que já a têm como língua materna.

Como professores do século XXI e com o aparecimento da tecnologia em


nossas vidas, passamos de meros assimiladores passivos de informações para
construtores ativos do conhecimento. Façamos nós a real inclusão da tecnologia
nas aulas de língua inglesa.

5 A DIDÁTICA DO ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA NO


ENSINO MÉDIO
Compreendemos, acadêmico, com nossos estudos até aqui realizados,
que um dos avanços das aulas de língua estrangeira é de que ela passou a ser
ensinada e aprendida no sentido de aproximação e de levar em conta a interação
dos alunos com diferentes culturas, permitindo, dessa maneira, o contato desses
alunos com formas diferentes de pensar, agir, sentir, perceber a realidade e
também o mundo.

Na verdade, o ensino e a aprendizagem da língua inglesa cumprirão


seu papel se, no Ensino Médio, não forem levados em conta apenas aspectos
gramaticais. É de extrema necessidade um estudo mais amplo, isto é, um estudo
que explore a língua em todos seus aspectos, especialmente o de comunicação e
de troca de conhecimentos.

Para que esse tipo de ensino aconteça, nas aulas de língua inglesa, do Ensino
Médio, há a necessidade de serem traçadas novas competências e habilidades,
diferentes das do Ensino Fundamental, ou seja, neste momento de estudos os
alunos necessitam compreender o sentido dos vocábulos, a razão social, cultural
que levou o autor a escolher por uma palavra em detrimento de outra e a relação
que se constitui entre os termos (MOTTA-ROTH, 2006).

Quando um aluno do Ensino Médio dominar as habilidades mencionadas


anteriormente, o levará a melhorar a compreensão textual, analisar com facilidade
o contexto e as ideias que se encontram implícitas, bem como o entendimento de
elementos não verbais que, muitas vezes, preenchem lacunas da comunicação
verbal.

62
TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

Vamos verificar como isso pode acontecer de maneira mais prática? Stay
with us!

5.1 A COMPREENSÃO TEXTUAL NA LÍNGUA INGLESA


Acadêmico, para uma boa compreensão textual, faz-se necessário conhecer
os tipos e os gêneros textuais. Assim, uma leitura eficiente e eficaz acontece a
partir da identificação desses elementos.

NOTA

Você se lembra o que são tipos e gêneros textuais? Tipo textual é a forma como
um texto se apresenta. As tipologias mais usadas são: narração, descrição, dissertação (ou
exposição), argumentação, informação e injunção. Agora, uma lista de supermercado, uma
receita, um e-mail, um jornal, homepage, uma conversa ao telefone, um guia turístico, um
manual de instrução, um panfleto, um anúncio, um sermão, uma carta pessoal, uma bula de
remédio, enfim, os mais variados gêneros textuais são expostos e lidos diariamente por nós,
sem nem ao menos percebermos.

Agora que você relembrou o que são tipos e gêneros textuais, é interessante
também mencionar que o inglês é uma língua com o vocabulário numeroso, em
torno de um milhão de palavras. No entanto, para se comunicar, precisamos
dominar cerca de 30.000 a 60.000 palavras.

Mesmo que a língua inglesa seja a língua oficial, devido à globalização,


e uma disciplina obrigatória na grade curricular das escolas brasileiras desde,
muitas vezes, a Educação Infantil, a maior parte dos alunos tem dificuldade
em compreender um texto em língua estrangeira, ou melhor dizendo, no inglês.
Para que essa situação seja superada, existem técnicas que podem facilitar a
compreensão de um texto, e essas técnicas podem ser ensinadas no Ensino Médio,
fase em que as regras e o vocabulário já foram ensinados e aprendidos.

Observar a estrutura do texto pode ser um primeiro passo para uma boa
compreensão textual. Assim, analisar os títulos, subtítulos, pistas tipográficas,
como as datas, os números, as figuras, os gráficos, as palavras em destaque, as
referências, faz com que se tenha uma ideia geral do assunto. Essa técnica recebe
o nome de inferência, ou seja, inferir qual é o mote do texto mediante uma leitura
rápida; em inglês essa técnica é chamada de skimming. Outra atitude inicial é fazer
a leitura das questões referentes ao texto, assim filtrar as informações dentro do
texto torna-se mais prático e fácil para sua resolução.

63
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Feita essa parte inicial de skimming, chegou a hora, acadêmico, de ensinar


aos alunos – do ensino médio, especialmente – como realizar uma leitura
minuciosa do texto para encontrar informações específicas. Em inglês, essa técnica
chama-se scanning. Ela busca informações detalhadas, de forma top down (de
cima para baixo), rejeitando os elementos periféricos, atendo-se às informações
importantes para resolver os propósitos que levaram à leitura. Reconhecer os
cognatos ou friends e os false friends também acontece nessa fase. Para as palavras
que o aluno não souber o significado, oriente-o a não consultar o dicionário a
toda hora, pois às vezes o dicionário apresentará muitos significados e poderá
fazê-lo escolher o verbete errado. O próprio contexto auxiliará para que o aluno
infira seu significado, logo, evitar a tradução de palavra por palavra, pois o mais
importante é a compreensão geral do texto.

NOTA

Você se lembra o que são os friends ou false friends? Palavras cognatas ou


friends são aquelas que possuem a mesma origem, com grafias iguais ou semelhantes, e o
mesmo significado, por exemplo: comedy - comédia. Falsos cognatos ou false friends são
palavras cuja grafia em dois idiomas é semelhante, mas a origem em ambas as línguas é
distinta, fazendo com que o significado das palavras apresente divergências, por exemplo:
actually: realmente.

Se o aluno conseguir levar em conta essas técnicas, ele desenvolverá a


prática da leitura e da compreensão de um texto, em língua inglesa, de maneira
eficaz e sentirá muito mais segurança ao deparar-se com um texto em avaliações
e em provas de vestibulares e ENEM.

5.2 O ENSINO DO INGLÊS E O VESTIBULAR


O nosso curso de Letras Inglês prepara você, acadêmico, para lecionar a
língua inglesa em diversos níveis, ou seja, desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, daí a necessidade de dominarmos, além da língua, técnicas e dinâmicas
para comtemplar todas as fases de ensino, sem deixarmos lacunas.

É crescente a preocupação dos alunos para com as futuras provas de


vestibular e ENEM, seja para universidades públicas ou privadas. Destacar-se é o
que todos almejam. Uma boa nota na prova da língua inglesa, por exemplo, pode
fazer a diferença no final de uma seletiva.

Geralmente, essas provas são contextualizadas, não adianta apenas


conhecer a língua inglesa, necessita-se aplicar técnicas de compreensão, conhecer

64
TÓPICO 3 | O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

a estrutura e, ainda, dominar vocabulário, entre tantas outras vertentes de estudo


que provas como essas exigem.

Selecionamos algumas dicas para que você, acadêmico, possa orientar


seus alunos nessa fase de provas, como a do ENEM e, também, vestibulares.

NOTA

Você sabe o que é o ENEM? O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é


uma prova elaborada pelo MEC para constatar o domínio de competências e habilidades
dos estudantes que finalizaram o Ensino Médio. Esse exame é composto por quatro provas
de múltipla escolha, com 45 questões cada, e uma redação. A prova de inglês do ENEM tem
cinco questões. A maioria delas é de interpretação textual e exige do candidato um bom
conhecimento da língua para conseguir acertar as respostas.

Você pode orientar os alunos a iniciarem a prova identificando o tipo de


texto para poder fazer uso dos critérios corretos de avaliação para cada gênero. Os
gêneros predominantes nas provas do ENEM são charges, narrações advindas de
livros, entrevistas ou textos jornalísticos.

DICAS

Você pode oferecer esses gêneros e estudá-los com seus alunos previamente,
garantindo segurança e habilidade para responder questões referentes a cada um deles.
Acesse <http://portal.inep.gov.br/provas-e-gabaritos> e visualize diversas provas de ENEM.
Resolva as questões de inglês com seus alunos!

O hábito da leitura traz benefícios na hora da realização da prova. O


costume de lidar com o idioma em outras situações de leitura muito fomenta a
habilidade da compreensão.

Manter-se atualizado é outro item de grande relevância, não somente


para os que pretendem adentrar em uma faculdade, não é mesmo, acadêmico?
Já não existem mais provas baseadas apenas em regras gramaticais. Atualmente,
as provas do ENEM e vestibulares englobam conteúdos contextualizados com as
mais diversas áreas. Nesse contexto, as provas de inglês podem abordar temas
como meio ambiente, economia, educação, política, fenômenos geográficos,
religião, entre outros.

65
UNIDADE 1 | ENGLISH DIDACTICS AND THE ENGLISH LANGUAGE

Você pode orientar seus alunos a encontrar a palavra-chave dos textos


de cada questão. A palavra-chave levará o aluno à ideia central do texto e é por
meio dela que o aluno identificará o que precisa fazer para encontrar a alternativa
correta. 

DICAS

Oriente seus alunos a consultar o site do Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição responsável pela realização do
ENEM. O Inep mantém um banco de dados desde 2009. Oriente seus alunos do Ensino Médio
a baixar as últimas edições e resolvê-las. Isso ajuda na assimilação da estrutura solicitada no
exame.

See you!

66
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O ensino de língua inglesa pode começar desde muito cedo, pois as crianças
são preparadas para desenvolver a linguagem naturalmente.

• A exposição à língua deve ser prazerosa, sem ser imposta. Para as crianças, a
maneira mais eficaz de aprender é a partir da inserção na língua.

• Os documentos postulam que em relação ao ensino e aprendizagem de língua


inglesa, o foco na leitura, principalmente nas escolas públicas brasileiras, se
justifica, já que nestas redes de ensino há salas com superlotação de alunos
e ainda com uma carga horária, para as línguas estrangeiras, reduzida e/ou
fragmentada.

• Fazer uso de diferentes métodos de ensino da língua estrangeira corrobora para


um ensino com qualidade, já que temos consciência de que não há um método
plenamente perfeito, pois a aprendizagem de um idioma envolve muito mais
que estruturas gramaticais.

• A gramática pode ser diluída e praticada através de atividades lúdicas e de


textos do dia a dia que circulam na sociedade e na internet, facilitando sua
assimilação. Exercícios que fazem com que o aluno apenas complete frases que
não fazem sentido encaminham o aprendizado apenas para o decorar, sem
haver nenhum envolvimento com a atividade proposta.

• Os adolescentes necessitam de desafios e motivação para que o rendimento seja


superior ao que se espera com a simples memorização de regras gramaticais e,
com essa prática contextualizada, o tempo levado para aprender é otimizado,
reduzindo recuperação, reforço e até a reprovação.

• As novas tecnologias se fazem cada vez mais presentes, transformando a


nossa maneira de pensar e de agir, além de mudarem também o modo como
lidamos com a informação. Dessa maneira, como ignorar esse rico instrumento
no ensino e na aprendizagem de um idioma? A tecnologia pode enriquecer
os conhecimentos interculturais dos alunos, promovendo novas práticas de
contato, como interação escrita e oral através de aplicativos instantâneos, por
exemplo.

• O ensino e a aprendizagem da língua inglesa cumprirão seu papel se, no


Ensino Médio, não forem levados em conta apenas aspectos gramaticais. É de
extrema necessidade um estudo mais amplo, isto é, um estudo que explore a
língua em todos os seus aspectos, especialmente o de comunicação e de troca
de conhecimentos.
67
• Observar a estrutura do texto, realizar uma leitura minuciosa do texto para
encontrar informações específicas, reconhecer os cognatos ou friends e os
false friends, fomentar o hábito da leitura muito auxiliam a preparação para
avaliações como ENEM.

68
AUTOATIVIDADE

1 Aprendemos diversas técnicas para compreensão textual em língua inglesa.


Escreva abaixo dicas que podem auxiliar você e seus futuros alunos nessa
questão da interpretação, explicando-as:

2 Agora, aplique as técnicas de leitura em uma questão do Enem/2016 e


conheça um pouco mais as questões dessa avaliação. Você poderá elaborar,
se professor do Ensino Médio, questões como a que segue:

QUESTÃO 92 New vaccine could fight nicotine addiction

“Cigarette smokers who are having trouble quitting because of nicotine’s


addictive power may some day be able to receive a novel antibody-producing
vaccine to help them kick the habit. The average cigarette contains about 4
000 different chemicals that — when burned and inhaled — cause the serious
health problems associated with smoking. But it is the nicotine in cigarettes
that, like other addictive substances, stimulates rewards centers in the brain
and hooks smokers to the pleasurable but dangerous routine. Ronald Crystal,
who chairs the department of genetic medicine at Weill-Cornell Medical
College in New York, where researchers are developing a nicotine vaccine, said
the idea is to stimulate the smoker’s immune system to produce antibodies or
immune proteins to destroy the nicotine molecule before it reaches the brain.”

FONTE: Disponível em: <www.voanews.com>. Acesso em: 2 jul. 2012.

Muitas pessoas tentam parar de fumar, mas fracassam e sucumbem ao vício.


Na tentativa de ajudar os fumantes, pesquisadores da Weill-Cornell Medical
College estão desenvolvendo uma vacina que:

a) Diminua o risco de o fumante se tornar dependente da nicotina.


b) Seja produzida a partir de moléculas de nicotina.
c) Substitua a sensação de prazer oferecida pelo cigarro.
d) Ative a produção de anticorpos para combater a nicotina. E controle os
estímulos cerebrais do hábito de fumar.

3 Estudamos que ensinar a língua inglesa através de regras gramaticais não


agrega conhecimento e, ainda, pode desmotivar os alunos na aprendizagem
de qualquer idioma. Escreva duas atividades nas quais a gramática esteja
abordada de maneira contextualizada.

4 Acerca do ensino de língua inglesa para a Educação Infantil, marque V


para a(s) sentença(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

69
( ) As crianças devem ser expostas somente a palavras em inglês na oralidade.
( ) O trabalho com material concreto é recomendado apenas no Ensino
Fundamental I.
( ) A oralidade pode ser trabalhada a partir de músicas e vídeos infantis.
( ) O educador não deve impor a língua à criança, mas apresentá-la da
maneira mais natural possível.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.


a) ( ) V – F – F – V.
b) ( ) F – F – V – V.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – V – F – F.

70
UNIDADE 2

LANGUAGE LEARNING AND


LANGUAGE ACQUISITION

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

A partir do estudo desta unidade, você estará apto a:

• definir language acquisition e language learning;

• conceituar língua materna;

• compreender segunda língua, língua minoritária;

• entender o processo do bilinguismo;

• compreender o conceito de estudo formal;

• apropriar-se do conceito de sequência didática, bem como saber aplicá-la;

• aprofundar os estudos acerca da aquisição da linguagem L1 e L2.

• compreender a importância do papel do professor de língua estrangeira.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL

TÓPICO 2 – LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

TÓPICO 3 – PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA


INGLESA: IMPLICAÇÕES

71
72
UNIDADE 2
TÓPICO 1

LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL

1 INTRODUÇÃO
Hello, all! O Tópico 1 contempla noções importantes sobre a expressão
"aprendizado de línguas" que fomenta o desenvolvimento da habilidade de
interagir com estrangeiros, entendendo e falando sua língua. Para esse tipo de
aprendizagem utilizamos o termo language acquisition.

Como o título deixa claro, a language acquisition  tem um processo de


assimilação natural, intuitivo e, ainda, subconsciente, que deriva da interação em
situações reais do cotidiano, em ambientes da língua e da cultura estrangeira, em
que o estudante participa ativamente como sujeito aprendiz.

Essa assimilação natural assemelha-se ao processo que acontece com a


língua materna, ou seja, as crianças produzem uma habilidade funcional sobre
a língua falada e não apenas um conhecimento teórico. Elas desenvolvem
familiaridade com a fonética da língua, sua estruturação e seu vocabulário. O
entendimento oral acontece pela capacidade da comunicação criativa e pela
identificação de valores culturais.

Assim, metodologias inspiradas em acquisition são vistas como atividades


que ocorrem num plano pessoal psicológico, ou seja, inspiram e  valorizam o
ato comunicativo desenvolvendo a autoconfiança do estudante. Um exemplo
de language acquisition são os estudantes intercambistas que, através de programas
de intercâmbio cultural, moram um ano no exterior e conseguem um grau de
fluência na língua estrangeira muito próximo ao da língua materna, sem nenhum
conhecimento a respeito do idioma. Eles não adquirem noções de fonologia, nem
dos tempos verbais, embora saibam utilizá-los intuitivamente.

Partindo disso, neste tópico revisitaremos toda essa problemática e,


ainda, discutiremos conceitos que envolvem as línguas, bem como maneiras de
fomentar positivamente a aprendizagem através da assimilação natural.

Stay with us!

73
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

2 CONCEITUANDO A LANGUAGE ACQUISITION


Segundo Schütz (2006), a language acquisition define-se como um processo
de assimilação natural, que acontece por meio da interação em situações reais e
cotidianas de convívio humano, no qual o estudante, intuitivamente, participa do
processo de aprendizagem como sujeito ativo.

Dessa maneira, compreendemos que o processo de language acquisition


tem semelhanças com o processo de aprendizagem da língua materna, ou seja,
essas semelhanças existem no que diz respeito à comunicação que é adquirida
através de um conhecimento prático e funcional em relação à língua falada. A
interação, importante elemento desse processo, se dá através das pessoas que
cercam o aprendiz, e não através do conhecimento teórico, pois este acontece
anos mais tarde, na escola.

É pela interação e com as vivências em contato com diferentes esferas, isto


é, escola, rua, padaria, igreja, entre outros, que se desenvolve a familiaridade com
a parte fonética da língua, com o vocabulário e com o entendimento oral, a fim
de compreender e ser compreendida em diversas situações, possibilitando uma
comunicação criativa e ativa.

A abordagem language acquisition fomenta e estimula o ato comunicativo,


levando o estudante a ter um melhor desenvolvimento na língua e, ainda,
adquirir autoconfiança. Um bom exemplo de language acquisition, já mencionado
no início deste tópico, é o caso de jovens e, inclusive, de adultos que participam
de programas de intercâmbio, os quais residem durante um ano ou até mais no
exterior e conseguem adquirir alto nível de fluência na língua estrangeira que
têm contato. No entanto, eles adquiriram essa fluência intuitivamente, pois
geralmente não desenvolvem conhecimentos teóricos sobre idioma, ou seja, não
têm noção de fonologia, sintaxe, verbos e outras estruturas particulares da língua
estrangeira etc.

Outro tipo de aprendizagem, além da language acquisition, é a  language


learning, que tem uma abordagem tradicional ao ensino de línguas, assim como
é ainda hoje em muitas escolas. A atenção acontece em torno da língua na sua
forma escrita e estrutura gramatical, cujas partes são dissecadas e analisadas
através de exercícios de fixação.

Muitas vezes, o professor assume o papel de autoridade e a participação


dos alunos é passiva. Nas aulas são abordados os modos interrogativo e negativo,
verbos irregulares e regulares, verbos modais, entre outros. O estudante aprende
a construir frases em exercícios escritos, que dificilmente saberá pronunciá-las e
muito menos quando utilizá-las no seu dia a dia.

Para que você possa identificar as diferenças entre essas duas vertentes de
ensino da língua estrangeira, a language acquisition e a language learning, verifique
o quadro a seguir:

74
TÓPICO 1 | LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL

QUADRO 1 - SUMMARY OF DIFFERENCES  

FONTE: Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-laxll.html>. Acesso em: 13 ago. 2017.

Compreendemos, a partir do quadro anteriormente apresentado, que a


language acquisition difere em muitos elementos da language learning. Assim, o
entendimento das diferenças entre acquisition e learning possibilita a investigação
das inter-relações e das implicações de ambas perante o ensino de línguas,
pois o ensino passou por diversas transformações ao longo do tempo devido
ao surgimento de novos métodos que influenciaram, e influenciam até hoje, o
desenvolvimento das aulas de língua estrangeira (SCHÜTZE, 2017).

DICAS

Acesse o link: <https://www.slideshare.net/MagdaBeitler/acquisition-vs-


learning> e visualize um material em slides acerca da language acquisition e language
learning.

Let’s go ahead!

75
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

2.1 LÍNGUA MATERNA


Students, a nossa língua materna é a língua que adquirimos primeiro, ou
seja, é a língua falada em situação de comunicação espontânea (CALVET, 2002).
Ela também pode ser chamada de L1, em oposição à L2, que é qualquer outra
língua aprendida depois da língua materna. Geralmente, nos deparamos com os
conceitos língua materna, segunda língua e língua estrangeira, e não nos damos
conta das peculiares e definições desses termos, vamos entendê-los melhor.

A língua materna, ou a primeira língua (L1), não é, necessariamente,


a língua que a nossa mãe fala. Normalmente, a língua materna é a língua que
aprendemos primeiro e em casa, muitas vezes, através dos nossos pais, e,
geralmente, ela é a língua da comunidade em que vivemos e nos relacionamos,
porém, muitas vezes, a língua que é falada pelos pais pode não ser a língua da
comunidade em que se vive e convive, e, ao aprender as duas, o indivíduo passa
a ter mais de uma L1. Dessa maneira, uma criança pode adquirir uma língua que
não é falada em casa, e ambas valem como L1, certo?

Vamos verificar isso com um exemplo, imagine uma criança que nasceu
e cresceu na Itália, filha de um francês com uma brasileira. Imagine também que
ela se comunica com cada um dos pais nas suas línguas respectivas, e na escola,
no parque, na rua, com os amigos e vizinhos o italiano é a língua diária, essa
criança tem três línguas maternas: italiano, francês e português. A ordem de
aprendizagem das línguas, nesse caso, não interessa.

FIGURA 11 - LÍNGUA

FONTE: Disponível em: <http://minhalinguaeeu.blogspot.com.br/2010/03/lingua-e-idioma.


html>. Acesso em: 15 ago. 2017.

Você compreendeu, acadêmico, que a tirinha em questão chamou atenção


por tratar de conceitos muito importantes, como a variação linguística e a língua?

Podemos fazer uma análise da tirinha, especialmente da frase do último


quadrinho, levando em consideração os conceitos de língua e variação linguística.
Segundo o dicionário Houaiss (2001, p. 1762-1763), língua:

76
TÓPICO 1 | LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL

[...] é o sistema de representação constituído por palavras e por regras


que as combinam em frases que os indivíduos de uma comunidade
linguística usam como principal meio de comunicação e de expressão,
falado e escrito. Linguagem é qualquer meio de comunicar ideias
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
gestuais, [...].

Dessa maneira, utilizamos mais o termo língua quando indicamos o que


fala um povo, algo relativo a uma unidade cultural e utilizamos o termo idioma
no sentido geopolítico, como quando dizemos, o idioma do Brasil, o idioma da
Itália etc.

Ainda sobre a tirinha apresentada anteriormente, compreendemos que o


personagem Calvin diz que ambos, no caso, ele e sua mãe, falam o mesmo idioma,
que é o português, porém a ideia que os dois têm de lanche é muito diferente, isto
é, uma diferença de pensamentos, porém, se analisarmos os dizeres de Calvin
numa perspectiva linguística, podemos analisar que tanto ele quanto sua mãe
têm a língua portuguesa como língua materna, contudo utilizam variedades
linguísticas diferentes, com o uso de palavras e expressões próprias.

De maneira geral, a caracterização de uma língua materna como tal só se


dá com a combinação de vários fatores. A língua da mãe, a língua do pai, a língua
dos outros familiares, a língua da comunidade, a língua adquirida por primeiro,
a língua com a qual se estabelece uma relação afetiva, a língua do cotidiano, a
língua que predomina na sociedade, a que tem status, a que melhor se domina,
enfim, todos esses são aspectos decisivos e necessitam ser levados em conta para
se definir uma L1.

2.2 SEGUNDA LÍNGUA


Depois de conversarmos um pouco sobre a língua materna,
compreendemos que uma segunda língua não é necessariamente uma segunda
língua que aprendemos, no sentido de que haverá uma terceira, quarta e tantas
outras. Podemos dizer que, de acordo com Schütze (2017), o termo “segunda”
significa “outra que não seja a primeira, isto é, a materna”, e a ordem de aquisição
se torna irrelevante nesse sentido.

Partindo desse pressuposto, compreendemos que uma segunda língua


é uma língua que não é a primeira aprendida e que ela é adquirida com a
necessidade de comunicação em um processo de socialização e para o domínio
de uma segunda língua exigem-se alguns fatores, como que a comunicação seja
diária e que a língua cumpra um papel na integração em sociedade.

A aquisição de uma segunda língua e a aquisição de uma língua estrangeira


são parecidas levando em consideração ao fato de ambas serem desenvolvidas
por indivíduos que já possuem uma bagagem de habilidades linguísticas de

77
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

fala, ou seja, os aprendizes já têm pressupostos cognitivos e de organização do


pensamento que foram utilizados para a aquisição da L1.

2.3 LÍNGUAS MINORITÁRIAS E MINORITARIZADAS


Por língua minoritária e/ou minoritarizadas entende-se, conforme
Altenhofen (2013, p. 94), que é “a modalidade de línguas ou variedades usadas à
margem ou ao lado de uma língua (majoritária) dominante”.

Dessa maneira, o status dado a uma língua não depende apenas do número
de falantes que ela possui ou de seu valor social, pois toda língua tem um valor e
quem oferece a ela esse valor são seus próprios usuários, garantindo o direito de
seu uso (ALTENHOFEN, 2013).

Sabemos que o Brasil mantém um mito em torno de uma “nação


monolíngue”, isto é, um país que tem uma única língua, ignorando as minorias
linguísticas que constituíram e ainda constituem comunidades indígenas, de
imigrantes, de surdos, de regiões de fronteiras (CAVALCANTI, 1999).

Como postula César e Cavalcanti (2007, p. 50), “a diversidade linguística


e cultural em solo brasileiro abriga mais de cento e setenta línguas nacionais
indígenas, cerca de trinta línguas de imigração, a LIBRAS; além da multiplicidade
de usos linguísticos que se arrola sob a denominação de ‘língua portuguesa’”.

Cavalcanti (1999) afirma que o número de falantes não representa se uma


língua é minoritária ou não, mas o poder que elas têm é que o determina, assim,
uma maioria de excluídos tem menos poder do que uma minoria de elite.

DICAS

Que tal aprofundar seus estudos sobre as línguas minoritárias e/ou


minoritarizadas com a leitura do artigo “Reflexões sobre práticas de letramento em contexto
escolar de língua minoritária” da professora Maristela Pereira Fritzen? Acesse o link que segue
e desfrute de uma leitura muito pertinente à temática apresentada: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44502011000100004>.

78
TÓPICO 1 | LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL

3 MANEIRAS PARA ESTIMULAR A LANGUAGE ACQUISITION


A socialização através da linguagem é uma maneira promissora de se
estimular a aprendizagem de uma língua. Ela acontece de uma maneira muito
rica em que a criança tem acesso a valores, crenças e regras da cultura em que está
inserida ou tem contato.

O contato antecipado da criança com outra língua que não seja a materna,
ou seja, a aprendida inicialmente, geralmente com a mãe e que se estende à família,
faz com que mais representações e noções sobre o mundo sejam associadas aos
objetivos concretos da realidade conhecida, observada, sentida e vivenciada.

O crescente domínio e uso da linguagem, assim como a interação,


possibilitam que seu contato com o mundo se amplie, tendo mais representações
e significados construídos culturalmente.

A proposta é que se incentive a aquisição de uma língua o mais cedo


possível, permitindo à criança e depois ao aluno aprender com as suas experiências
cotidianas. E como estamos vivendo em um mundo altamente tecnológico, sem
fronteiras ou distâncias, promovido pelo fácil uso da internet, as relações ficam
dependentes de poucos aspectos, entre eles a linguagem, que acaba se tornando
uma das maiores barreiras.

3.1 AQUISIÇÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA: QUE FATORES


CONSIDERAR?
Quando falamos em aquisição de uma segunda língua, logo nos vem à
mente a idade correta para que essa aquisição aconteça, pois isso pode interferir
em diversos aspectos do desenvolvimento do indivíduo bilíngue, como no
desenvolvimento linguístico, neuropsicológico, cognitivo e até sociocultural.

De acordo com a idade de aquisição da segunda língua, acontece um


bilinguismo diferenciado, levando em conta se essa habilidade acontece na fase
infantil, na adolescência ou na fase adulta.

Compreendemos que na fase infantil, a aquisição de uma língua tem


um desenvolvimento do bilinguismo simultâneo ao desenvolvimento cognitivo
da criança, podendo consequentemente um influenciar o outro (SANTOS,
2013). O bilinguismo infantil subdivide-se, ainda, em bilinguismo simultâneo e
consecutivo.

No simultâneo, a criança acaba aprendendo as duas línguas ao


mesmo tempo, sendo ela apresentada desde o nascimento as duas línguas. Já
no bilinguismo consecutivo, a criança adquire a segunda língua na infância
também, mas após ter aprendido todas as bases linguísticas da L1. Isso acontece,
geralmente, aos cinco anos de idade.
79
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

Quando a aquisição da L2 ocorre na adolescência, esse fenômeno é


conhecido como bilinguismo adolescente e por bilinguismo adulto, durante a
idade adulta. O que representa uma maneira diferente de aprendizagem, haja
vista que a aquisição de L1 já está, praticamente, completa.

DICAS

Assista ao vídeo: CHILD LANGUAGE ACQUISITION: Key Theories, acessando o


link: <https://youtu.be/jr_hK2Owq8o> e revisite a teoria acerca desta temática.

3.1.1 Idade de aquisição


Conforme já mencionamos, a sociedade atual está em transformação,
tendo se desenvolvido rapidamente, especialmente com a vinda das tecnologias,
que têm se destacado nesse processo, permitindo um contato mais intenso entre
as pessoas, facilitando a troca de experiências e de conhecimento.

Compreendemos que as crianças necessitam estar preparadas para um


mundo mais comunicativo e, também, competitivo. Para tanto, o ensino e a
aprendizagem da língua inglesa já na primeira infância se tornam um elemento
essencial, pois leva-se em conta que a criança já interage com o mundo externo
desde a gestação.

Assim, a aquisição de um segundo idioma, especificamente da língua


inglesa, se torna um facilitador nas relações sociais e também nas futuras relações
profissionais, inserindo o indivíduo, naturalmente e de maneira lúdica, na cultura
inglesa, uma das mais presentes no mundo moderno.

DICAS

Quer aprender mais sobre essa importante temática? Acesse o artigo “A


aquisição de uma segunda língua e os argumentos acerca da existência de um período
crítico” de Camila de Bona, através do link: <https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/
article/viewFile/4183/3219>.

80
TÓPICO 1 | LANGUAGE ACQUISITION OU ASSIMILAÇÃO NATURAL

3.1.2 Bilinguismo
O bilinguismo, a partir do século XX, tornou-se amplo e, inclusive, difícil
de conceituar. De acordo com o dicionário Oxford (2000, p. 117), ser uma pessoa
bilíngue é “ser capaz de falar duas línguas igualmente bem porque as utiliza
desde muito jovem”.

FIGURA 12 - BILINGUISMO

FONTE: Disponível em: <http://www.cantuemfoco.com.br/2016/07/


bilinguismo-os-beneficios-alem-do.html>. Acesso em: 20 ago. 2017.

Popularmente, ser bilíngue é ser capaz de falar duas línguas perfeitamente,


ou seja, é ter o controle nativo de duas línguas, porém o termo pode variar entre
teóricos que dizem que ora ser bilíngue vai desde saber palavras em
uma segunda língua, ora vai até ter o domínio de um segundo idioma.

O que sabemos é que o bilinguismo está presente em praticamente todo


o mundo, envolvendo diferentes idades e também classes sociais. Ele não é um
fenômeno recente, pois sabemos que desde o início da história da linguagem
humana houve a necessidade da comunicação entre os diferentes grupos
linguísticos, o que propiciou a aprendizagem das línguas, dando origem a
situações bilíngues (GROSJEAN, 1982).

Conforme Grosjean (1982), a criança bilíngue adquire duas línguas ou mais,


praticamente, ao mesmo tempo. Geralmente, esse processo de aprendizagem de
uma primeira língua acontece em casa e a outra língua quando a criança vai para
a escola.

Devemos levar em conta, ainda, o fato de que o bilíngue pode fazer


empréstimos de palavras de outras línguas e agregar elementos fonológicos e
morfologicamente na base de sua linguagem, de maneira inconsciente. Por vezes,
um bilíngue pode iniciar uma conversa numa língua e seu interlocutor responder
nessa mesma língua, ou uma conversação é feita em uma língua e o interlocutor
responde em outra, havendo normalmente um ajuste na escolha da língua, e
outras vezes esse ajuste não acontece e a conversa se faz em duas línguas.

81
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

A definição mais comum de bilíngue é a do indivíduo que fala duas


línguas. Esperamos que você tenha conseguido compreender esta etapa. Vamos
adiante? So, come with us!

DICAS

Acadêmico, você quer se aprofundar mais na temática do bilinguismo? Acesse


o link: <https://revistas.pucsp.br/index.php/intercambio/article/viewFile/3487/2295> e leia o
interessante artigo intitulado: “Bilinguismo no Brasil: significado e expectativas”, da autoria de
Marcello Marcelino.

82
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A language acquisition define-se como um processo de assimilação natural, que


acontece por meio da interação em situações reais e cotidianas de convívio
humano, no qual o estudante, intuitivamente, participa do processo de
aprendizagem como sujeito ativo.

• A language learning tem uma abordagem tradicional ao ensino de línguas,


assim como é ainda hoje em muitas escolas. A atenção acontece em torno da
língua na sua forma escrita e estrutura gramatical, cujas partes são dissecadas
e analisadas através de exercícios de fixação.

• A língua materna é a língua que adquirimos primeiro, ou seja, é a língua falada


em situação de comunicação espontânea.

• A segunda língua não é necessariamente uma segunda língua que aprendemos,


no sentido de que haverá uma terceira, quarta e tantas outras. Podemos dizer
que, de acordo com Schütze (2017), o termo “segunda” significa “outra que não
seja a primeira, isto é, a materna”, e a ordem de aquisição se torna irrelevante
nesse sentido.

• Por língua minoritária e/ou minoritarizada entende-se que é a modalidade de


línguas ou variedades utilizadas ao lado de uma língua majoritária dominante.

• Há diversas maneiras para estimular a language acquisition, uma delas é a


socialização através da linguagem que muito estimula a aprendizagem de
uma língua. Ela acontece de uma maneira rica em que a criança tem acesso a
valores, crenças e regras da cultura em que está inserida ou tem contato.

• É na fase infantil que a aquisição de uma língua tem o desenvolvimento do


bilinguismo simultâneo ao desenvolvimento cognitivo da criança, podendo
consequentemente um influenciar o outro.

• As crianças necessitam estar preparadas para um mundo mais comunicativo e,


também, competitivo. Para tanto, o ensino e a aprendizagem da língua inglesa
já na primeira infância se tornam um elemento essencial, pois leva-se em conta
que a criança já interage com o mundo externo desde a gestação.

• O bilinguismo, a partir do século XX, tornou-se amplo e, inclusive, difícil de


conceituar, dessa maneira, ser uma pessoa bilíngue é ser capaz de falar duas
línguas porque as utiliza desde muito jovem.

83
AUTOATIVIDADE

1 Analise o quadro que segue e ligue o termo com o conceito adequado:

No Termo No Conceito
É a capacidade de falar duas línguas
1 Language acquisition perfeitamente, ou seja, é ter o controle
nativo de duas línguas.
A atenção acontece em torno da língua na
sua forma escrita e estrutura gramatical,
2 Língua materna
cujas partes são dissecadas e analisadas
através de exercícios de fixação.
Variedade usada à margem de uma língua
3 Language learning
majoritária dominante.
Tem semelhanças com o processo de
aprendizagem da língua materna, ou seja,
essas semelhanças existem no que diz
4 Segunda língua
respeito à comunicação que é adquirida
através de um conhecimento prático e
funcional em relação à língua falada.
É a língua que aprendemos primeiro e em
casa, muitas vezes, através dos nossos pais,
5 Língua minoritária
e, geralmente, ela é a língua da comunidade
em que vivemos e nos relacionamos.
É uma língua que não é primeira aprendida
e que ela é adquirida com a necessidade
6 Bilinguismo
de comunicação em um processo de
socialização.

2 Escreva, a partir de suas leituras neste livro didático e de seu conhecimento


de mundo, acerca da idade correta para a aquisição de uma segunda língua:

3 A temática Plano Nacional da Educação foi abordada em questões ENADE.


Reflita sobre essa temática respondendo à Questão 32, do ENADE/2014,
aplicado para acadêmicos do curso de Letras – Inglês. Vamos exercitar, pois
logo chega a sua vez de participar do ENADE!

O Plano Nacional de Educação (PNE) inclui 20 metas e estratégias traçadas para


o setor nos próximos 10 anos. Entre as metas, está a aplicação do valor equivalente
a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública, promovendo a
universalização do acesso à educação infantil para crianças de quatro a cinco
anos, do ensino fundamental e do ensino médio. Esse plano também prevê a
abertura de mais vagas no ensino superior, investimentos maiores em educação

84
básica em tempo integral e em educação profissional, além da valorização do
magistério.
A Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o PNE, prevê importantes
dispositivos, tais como:

Art. 5º A execução do PNE e o cumprimento de suas metas serão objeto de


monitoramento e de avaliações periódicas.
Art. 10 O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias anuais da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão formulados de maneira
a assegurar a consignação de dotações orçamentárias compatíveis com
as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e com os respectivos planos de
educação, a fim de viabilizar sua plena execução.
Art. 11 O Sistema nacional de Avaliação da Educação Básica, coordenado pela
União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
constituirá fonte de informação para a avaliação da qualidade da educação
básica e para a orientação das políticas públicas desse nível de ensino.
Art. 13 O poder público deverá instituir, em lei específica, contados 2 (dois)
anos da publicação desta lei, o Sistema Nacional de Educação, responsável
pela articulação entre os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para
efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de Educação.

Considerando as informações acima, conclui-se que o PNE:


a) Possibilita ao país iniciar seu processo de desenvolvimento, pois prevê
aumento anual de 10% nos patamares de aplicação do PIB em educação
e sistema de monitoramento de aplicação de investimentos, o Sistema de
Avaliação da Educação Básica, a ser instituído nos próximos dois anos.
b) Prevê meta de aplicação de 10% do PIB em educação, sinalizando que os
gestores escolares terão 10 vezes mais possibilidades de atingir patamares
mais elevados de educação nos próximos 10 anos, pois vincula os
investimentos com a educação aos níveis de desenvolvimento do país,
aferidos pelo PIB.
c) Estabelece que a melhoria da educação básica – universalização do acesso à
educação infantil, aumento de vagas no ensino superior, maior investimento
em educação em tempo integral e em educação profissional – evidencia a
base para o desenvolvimento, poiso crescimento econômico é o indicador do
percentual de recursos do PIB a ser aplicado em educação.
d) Disponibiliza para os gestores escolares o crescimento de 10% dos
investimentos do PIB em educação, ao ano, durante os próximos 10 anos e
um Sistema Nacional de Avaliação para verificar a efetivação das diretrizes
e metas dispostas no referido plano.
e) Permite planejar a educação para os próximos 10 anos e institui mecanismos
de monitoramento e avaliação, tanto da execução do Plano como da qualidade
da educação, por meio do estabelecimento de metas educacionais e definição
dos investimentos a serem disponibilizados para o alcance dessas metas.

FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/


provas/2014/32_letras_portugues_ingles.pdf>. Acesso em: jul. 2017.

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86
UNIDADE 2 TÓPICO 2
LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

1 INTRODUÇÃO
Hello, students. It is nice to talk to you again. Chegou a hora, acadêmico, de
aprendermos um pouco mais sobre a language learning. Ainda falaremos muito
em language acquisition, conceito que você estudou no tópico anterior, pois ambos
caminham juntos.

Neste tópico, você compreenderá que a language learning é um pouco


menos prestigiada do que a language acquisition, pois os estudos mais atuais
provam que aprender uma língua a partir da inserção em situações reais é muito
mais eficaz do que aprender a língua a partir do ensino formal (o que não justifica
sua exclusão durante as aulas de língua inglesa).

Assim, convidamos você, acadêmico, para aprender um pouco mais acerca


de como poderão ser abordados ambos os conceitos em sala de aula quando se
tornar professor de língua inglesa, afinal, você será licenciado para esta função.
Let’s go? So, come with us!

2 CONCEITUANDO A LANGUAGE LEARNING


Acadêmico, agora que você já conhece o conceito de learning acquisition,
vamos relembrar o conceito de language learning. De acordo com Schütze (2006),
o conceito de language learning relaciona-se à abordagem tradicional do ensino
de línguas. Sabemos que hoje em dia muito se discute acerca da eficácia deste
método, cujas técnicas, que você verá adiante, são consideradas ineficientes para
alguns autores.

Na maior parte das escolas do Brasil, o ensino ainda é aplicado desta


maneira. No modelo tradicional, o objetivo do ensino de línguas é fazer com que
o aluno compreenda a estrutura gramatical e as regras que regem o idioma. As
atividades geralmente são voltadas a analisar partes de sentenças, dissecando-as.

A comunicação, na language learning, não tem tanta ênfase, ao passo


que a estrutura gramatical da língua sim. O conteúdo deste tipo de ensino
é preestabelecido e a teoria é, essencialmente, mais valorizada que a prática
(SCHÜTZE, 2006). O acerto, neste caso, é valorizado, enquanto o erro é reprimido.
Em uma situação de language acquisition isso não ocorre, pois a espontaneidade é
valorizada mais do que a regra em si.

87
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

Na language learning ensina-se, por exemplo, os verbos irregulares a partir


do estudo de listas e sua aplicação nas sentenças, mas a pronúncia somente será
aprendida na prática, o que não ocorrerá neste caso.

Com base nos estudos de Schütze (2006), resumimos duas das características
que são predominantes no processo de language learning para que você, acadêmico,
possa compreender com mais facilidade este conceito, amplamente mencionado
nos estudos de língua inglesa. Let’s know them!

• Processo progressivo e cumulativo: geralmente é seguido um livro didático,


o que faz com que o aprendizado inclua a memorização de vocabulário e
conhecimento metalinguístico.
• Conhecimento a respeito da língua estrangeira: o funcionamento e a gramática
da língua são amplamente estudados, mas pouco aplicados. Geralmente, faz-
se comparação com as regras da língua materna.

NOTA

O esforço em conhecer as regras gramaticais da língua pode tornar-se cansativo,


pois apesar de amplo conhecimento gramatical pode ocorrer a pouca familiaridade com a
língua em seu uso.

Acadêmico, você que será professor da língua inglesa precisa conhecer


profundamente suas regras e sua formação gramatical, por isso, podemos citá-lo
como exemplo de estudante de learning language, porém é importante ressaltar
que você tem a obrigação de buscar a comunicação efetiva na língua inglesa e
inserir-se nela para não ter limitações de comunicação na língua que estará apto
a ensinar. Por isso, busque assistir a vídeos, conversar com pessoas estrangeiras
pelas redes sociais e aprender sempre mais!

Let’s go ahead!

2.1 O ESTUDO FORMAL E O APRENDIZADO DA LÍNGUA


ESTRANGEIRA
Conforme já mencionamos, aprender uma segunda língua é um
investimento que terá validade por toda a vida. Aprender um segundo idioma,
porém, não é fácil e demanda tempo, dedicação, persistência e boa vontade.
Conforme já mencionamos na seção anterior, a melhor maneira de aprender uma

88
TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

segunda língua é fazê-lo de maneira semelhante ao que aprendemos a nossa


língua materna, ou seja, a partir da language acquisition. Nesta seção, porém,
estudaremos um pouco mais sobre a language learning.

De acordo com Krashen e Terrel (1997), acquisition e learning são conceitos


totalmente diferentes e demandam muita atenção: a acquisition é a assimilação
natural da língua, ou seja, como aprendemos a nossa língua materna. Você se
lembra de como aprendeu português, por exemplo? Sua mãe sentou para ensiná-
lo ou você aprendeu automaticamente? Isso mesmo. Você não se lembra de sua
mãe ter sentado ao seu lado e dito: agora vou te ensinar a falar português. Isso
é a acquisition. Já o learning, é o que ocorre a partir do que chamamos de ensino
formal, ou seja, há sim um professou/tutor/mediador que ensina. Por isso, na sala
de aula, ocorre a language learning.

A língua materna, quando a aprendemos, já é comum aos nossos ouvidos,


pois mesmo que inconscientemente, a ouvimos o tempo todo desde quando
estávamos no ventre de nossas mães. Quando a criança entra na escola, aos seis
anos de idade, aproximadamente, é que começa o aprendizado formal da língua,
mas a esta altura, a criança já é falante há bastante tempo.

Perceba, acadêmico, que não é necessário saber as regras para que o


falante seja fluente. Por exemplo: se você pedir para uma criança de seis anos
o que é uma oração subordinada, uma ironia ou um advérbio de modo, ele não
saberá responder, mas mesmo assim, ele utiliza estas estruturas diariamente em
sua comunicação, portanto, é fluente na língua.

DICAS

Quando dizemos que uma pessoa é fluente na língua, queremos dizer que
esta pessoa é capaz de utilizar os recursos da língua com naturalidade, sem precisar pensar
para formar as estruturas. Assim, não é necessário conhecer as regras para ser fluente na
língua, mas sim, saber utilizá-las de maneira eficaz.

Quanto à língua estrangeira, neste caso o inglês, Krashen e Terrel (1997)


afirma que há quatro habilidades que devem ser desenvolvidas para a efetiva
comunicação. São elas:

Compreensão auditiva: é necessário compreender o que o outro diz.


Expressão oral: é necessário saber expressar-se de maneira compreensível
a partir da fala.
Leitura: é necessário compreender textos a partir da leitura dos mesmos.
Escrita: é necessário saber comunicar-se a partir da correta escrita das
palavras.
89
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

Estas habilidades, de acordo com o autor, são desenvolvidas a partir de


situações reais de comunicação. Por esses motivos os cursos de imersão são tão
procurados, pois expõem o aprendiz a situações nas quais estes são obrigados a
conviver com o idioma, assimilando-o de maneira natural.

Conforme já mencionamos, há também a necessidade de estudar


formalmente a língua (language learning), especialmente para você, acadêmico,
que será futuramente professor de língua inglesa. Isto ocorre porque é necessário
saber quais são as regras de aplicação em determinadas situações, por exemplo,
quando utilizar o verbo irregular, qual a estrutura das frases interrogativas etc.

O aprendizado formal da língua não é somente necessário para nós,


professores, mas para todos os cidadãos brasileiros, conforme preconizam os
documentos que norteiam a educação (LDB, por exemplo). Lá, está descrita a
obrigatoriedade de uma língua estrangeira nos currículos a partir do Ensino
Fundamental II. Há escolas brasileiras que já aplicam o ensino da língua
estrangeira desde a educação infantil. Esta situação está cada vez mais comum.

Quando ensinada desde a educação infantil, a língua estrangeira deve ser


trabalhada de maneira lúdica, fazendo com que a criança a veja com curiosidade.
O ensino do vocabulário e de pequenas sentenças de comando, como thank you
ou excuse me são eficazes.

Durante todo o processo de aprendizado da língua inglesa (language


learning), a partir do estudo formal, a atividade cognitiva é ampla, ou seja, mesmo
que o professor pense que apenas ensinando vocabulário a criança não aprenderá,
existe grande atuação cerebral durante esta assimilação, ou seja, tudo no processo
de aprendizagem é válido, mesmo que pareça pouco significativo.

Já em torno de 11 anos, de acordo com Krashen e Terrel (1997), a


criança passa a produzir estruturas mais complexas na língua. As inferências e
o desempenho linguístico aumentam e nesta etapa o professor já pode abordar
o funcionamento da língua, a partir da análise de pequenos gêneros textuais ou
frases.

E
IMPORTANT

Acadêmico, mesmo que o ensino formal de língua inglesa seja o tradicional que
conhecemos há muito tempo, vale ressaltar que todo o ensino deve ser contextualizado. O
ensino a partir de frases soltas ou sem conexão é comprovadamente ineficaz. Lembre-se
disso na hora de planejar suas aulas.

90
TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

O uso de músicas é muito útil na hora de iniciar esta abordagem acerca


do funcionamento da língua. Vamos a um exemplo? Observe a música a seguir:

Fix You (Coldplay)

When you try your best but you don't succeed


When you get what you want but not what you need
When you feel so tired but you can't sleep
Stuck in reverse

When the tears come streaming down your face


When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse?

...

A partir desta letra, você poderá ensinar a forma afirmativa do Present


Simple Tense. Atividades como “substitua o pronome you por she” são muito
eficazes para que o aluno compreenda as mudanças que ocorrem nas terceiras
pessoas do verbo.

DICAS

No site <http://inglesar.com.br/musicas-em-ingles/> há dicas de músicas para


ensinar de maneira eficaz e quais músicas não devemos utilizar com os alunos. Acesse e
saiba mais!

Adiante, estudaremos como desenvolver a language learning. Você está


pronto? Então, go ahead!

3 COMO DESENVOLVER A LANGUAGE LEARNING


Nesta etapa, falaremos um pouco sobre a L1 (primeira língua) e L2
(segunda língua). Já sabemos, a partir das leituras que realizamos, que a
experiência linguística vem das vivências que temos ao longo da vida, correto?
Sempre, ao longo de toda nossa existência, estaremos aprendendo alguma coisa,
seja ela relacionada à língua ou não. O caminho que traçamos para aprender a L1
é, porém, diferente do caminho que percorremos para aprender a L2.

91
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

Para que possamos desenvolver a habilidade com uma L2 são necessários


alguns recursos que não precisamos ao adquirir a L1, como o estudo formal. É
claro que há exceções para todos os casos, mas a maior parte das pessoas que
deseja aprender de fato uma L2 precisa estudar.

Existem muitas maneiras de aprender uma língua, os aprendizes podem


ser visuais, quando aprendem melhor vendo algo ou lendo sobre; sinestésicos,
quando necessitam de movimento ou de atividades práticas; ou auditivos,
quando aprendem melhor apenas ouvindo. Estes aspectos individuais, de acordo
com Prabhu (1990), acabam por interferir no aprendizado da L2.

Como desenvolver a language learning, afinal de contas? O exercício da


aprendizagem dependerá de cada aprendiz. O contexto atual, o local de onde ele
veio, sua cultura, seu estado emocional... enfim, tudo isso acaba por interferir no
aprendizado de uma segunda língua. Por este motivo, reforça-se a tão famosa
frase: cada aluno aprende de uma maneira diferente. E é isso mesmo.

A sala de aula, por ser heterogênea, é o local no qual o professor tem um


enorme desafio: atingir o máximo de alunos possível com técnicas que o façam,
de fato, aprender. Dinâmicas de grupo, por exemplo, não funcionam com alunos
que sejam mais inibidos. Já as atividades de concentração não atingem os alunos
mais agitados. Assim, o aprendizado de uma L2 depende de inúmeros fatores.

Na próxima seção veremos como o professor da L2 tem papel fundamental


para este processo. Are you ready?

3.1 O PAPEL DO PROFESSOR NA LANGUAGE LEARNING


Acadêmicos, iniciaremos esta seção observando a imagem a seguir:

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TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

FIGURA 13 - I AM A TEACHER

FONTE: Disponível em: <https://www.inglesnapontadalingua.com.br/tag/dicas-para-ensinar-


ingles>. Acesso em: 27 ago. 2017.

Perceba que, em meio a um turbilhão de funções, está o professor. Antes


de iniciar sua longa jornada de planejamentos, ele se pergunta: a quem ensinarei?
Qual material devo usar? Qual é o melhor método a ser utilizado? Dentre tantos
questionamentos, a resposta é uma só: there’s no method. Isso mesmo. Não há um
método pronto e acabado para ensinar inglês de maneira eficaz, porque conforme
já dissemos anteriormente, cada aluno aprende à sua maneira.

O professor é, portanto, o mediador. Aquele que auxiliará nas dúvidas,


que transmitirá a informação, mas não é ele que garantirá o aprendizado
efetivo da língua. Ele dará o norte, mas não conseguirá desenvolver no aluno a
fluência necessária com a prática. Diante disso, abordaremos algumas questões
importantes para que você, acadêmico, compreenda qual o papel do professor no
language learning.

Iniciaremos falando sobre o que ensinar. De acordo com Alves (2007),


ensinar inglês vai muito além de passar regras e cobrá-las a partir de atividades.
Imagine a seguinte situação: em uma aula de inglês o professor passa a matéria
no quadro, explica como realizar a análise das sentenças, aplica exercícios, pede
para que estudem o conteúdo e aplica uma prova. Esta ação é, de acordo com o
autor, apenas testar a capacidade de memorização do aluno.

Ensinar inglês é auxiliar o aluno a conseguir transmitir suas ideias, expor


seus desejos e frustrações e comunicar-se efetivamente na L2 da maneira mais

93
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

natural possível. Esta ação envolve muito mais do que a comunicação, porque
a partir do ensino da L2, o aluno passa a conhecer a cultura das pessoas que
utilizam aquela língua.

O professor, em sua função, sabe que chegará um momento no qual será


necessário explicar a regra em si, mas quando a comunicação é estabelecida, o
aluno passa a internalizá-la antes mesmo de precisar desta explicação. O ensino
de uma regra na língua inglesa pode ser feito comparando com a regra na língua
portuguesa. Fazer com que o aluno analise a língua e a compare com a sua língua
é muito mais efetivo do que, de fato, memorizar a regra. Lembre-se: ele precisa
compreendê-la, não decorá-la.

Quanto ao papel do professor, ele está lidando com pessoas que querem (ou
não!) aprender. Portanto, acadêmico, o professor pode influenciar o aprendizado.
Brown (1994) diferencia os termos ensino e aprendizagem da seguinte maneira:
ensino: ação na qual alguém (no caso, o professor) demonstra ou ministra
conhecimentos a alguém; aprendizagem: processo que dá a possibilidade ao
indivíduo de apropriar-se do conhecimento a partir de instrução, estudo ou
experiências, o que resultará em uma mudança significativa de comportamento.

Já com base na concepção sociointeracionista, o professor é visto como


uma ponte, ou seja, aquele que faz a mediação entre o aluno e o conhecimento.
Neste processo, ele também aprende. Mediar, mostrar, possibilitar e orientar
são verbos ativos na função do professor, de acordo com o sociointeracionismo,
amplamente estudado por Vygotsky.

Levando esta análise a uma sala de aula na qual são ministrados conteúdos
relacionados a uma língua estrangeira, devemos levar em consideração o papel do
professor como mediador, e do aluno, pois ambos se complementam. De acordo
com Almeida Filho (1986), o professor de uma L2 deve “desestrangeirizar” a
língua para as pessoas que a estão aprendendo, ou seja, a língua deve passar a ser
parte do cotidiano da pessoa, não mais algo estranho a ela.

A língua deixa de ser estrangeira para o aluno dependendo do contato


que ele faz com ela. Assim, a partir deste processo, o professor tira de si a
responsabilidade de ser o único transmissor do conhecimento, pois, a partir disso,
passa a ser mediador (ALMEIDA FILHO, 1986).

As situações de aprendizagem da L2 em sala de aula devem ser saudáveis,


sem causar constrangimento ou situações desagradáveis a quem a aprende ou
ensina. O professor, durante as atividades, faz a mediação e orienta. Quanto aos
métodos, conforme já salientamos anteriormente, Prabhu (2005) afirma que não
existe um único correto, ou um único adequado. Tudo dependerá da postura que
o professor adotar em sala de aula e dos objetivos que pretende alcançar.

Brown (1994) elenca alguns dos principais métodos de ensino de língua


inglesa e as posturas do professor ao adotar estes métodos.

94
TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

Grammar Translation Method: o professor é controlador, tradutor,


repetidor, centralizador e memorizador.
Direct Method: condutor, questionador, fornecedor de modelo, treinador
da gramática e pronúncia e repetidor.
Audiolingual Method: controlador e manipulador da aprendizagem,
fornecedor de modelo, repetidor e reforçador.
Total Physical Response Method: diretor ativo do processo, repetidor e
controlador.
Silent Way Method: instrutor, diretor, ajudante e conselheiro.
Natural Method: estimulador e facilitador.
Suggestopedia Method: encorajador, incentivador, garantidor de
segurança e facilitador.
Communicative Method: participante, analista, conselheiro, supervisor
e negociador.

TURO S
ESTUDOS FU

Acadêmico, na Unidade 3 deste livro estudaremos um a um os métodos citados


acima com mais detalhes. Aguarde.

Veja que hoje há ainda mais estudos acerca destes métodos e, de


acordo com cada um, o papel do professor muda. Assim, o professor de uma
língua estrangeira pode seguir duas abordagens: a abordagem gramatical ou a
comunicativa, cada uma com suas particularidades.

Acadêmico, vale destacar que independente de qualquer método, de


qualquer abordagem ou de qualquer conteúdo, o professor é o exemplo para seu
aluno. Se não houver dedicação ao que se faz e comprometimento, não haverá
validade. Assim, preparamos para você um quadro no qual destacamos algumas
importantes dicas de didática para você, que futuramente estará em sala de aula
ensinando inglês.

95
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

QUADRO 2 - DICAS PARA ENSINAR INGLÊS DE MANEIRA DIDÁTICA


1. Antes de iniciar com algum conteúdo, de língua inglesa, mostre aos alunos
a importância dele. Se os alunos não sabem por que estão aprendendo
determinado conteúdo ou para que servirá, eles não terão interesse em
aprender.
2. Saber o que os alunos querem aprender é muito importante. Saiba se eles
querem aprender inglês porque gostam de viajar, se é para o trabalho ou
mesmo por interesses particulares. Adapte-se e saiba o que eles querem.
3. A literatura é sempre uma grande possibilidade para trabalhar a língua
inglesa. Use livros literários para tornar a aula mais interessante. Leia uma
história, um conto, um poema... Lembre-se de adequar o nível do livro de
acordo com o nível dos alunos.
4. A maioria das pessoas gosta de música. Use música em suas aulas de inglês.
5. Também ocorre o mesmo com filmes. Use filmes e outros recursos de vídeo
para tornar suas aulas mais interessantes.
6. Apresente aos seus alunos sites interessantes em inglês. Faça com que
eles se interessem pelos conteúdos que lá estão elencados. Descubra se eles
gostam, por exemplo, de carros, de futebol, de culinária. Garimpe. Há muita
coisa na internet.
7. Ninguém gosta de aulas monótonas, não é mesmo? Não enrole e vá direto
ao assunto que vai ensinar. Uma aula eficiente mostra que o professor está
preparado para ela.
8. Os alunos geralmente gostam de jogos. Prepare uma aula com jogos
interativos em inglês. Há muitos sites por aí. Pesquise. Fazer com que eles
aprendam brincando é mais eficaz.
9. Crie situações nas quais seja necessário conversar entre eles. Debates sobre
temas atuais, mesas redondas e outras atividades nesse sentido podem
estimular a conversation.
10. Não deixe de fazer uma avaliação com seus alunos acerca do que estão
achando da aula. Pergunte aos alunos, assim, você saberá do que eles estão
gostando e no que você poderá melhorar.
FONTE: Adaptado de: <https://canaldoensino.com.br/blog/conheca15-dicas-para-ensinar-
ingles-de-uma-forma-didatica>. Acesso em: 25 ago. 2017.

3.2 AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NA LANGUAGE LEARNING


Um dos métodos mais eficazes para o aprendizado eficaz da língua
é a partir da aplicação das sequências didáticas. Afinal, o que são sequências
didáticas? De acordo com Kobashigawa et al. (2008), a sequência didática é um
conjunto de atividades, estratégias e intervenções planejadas etapa por etapa pelo
docente para que o entendimento do conteúdo ou tema proposto seja alcançado
pelos alunos.

As sequências didáticas são atividades que precisam ser planejadas


antecipadamente, caso contrário podem não surtir o efeito esperado. Sabemos
que o tempo é um fator decisivo para o planejamento, especialmente quando

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TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

há poucas aulas semanais destinadas à língua estrangeira. Justamente por este


motivo, as sequências didáticas devem ser previamente planejadas, caso contrário,
acarretarão falta de tempo.

A escolha dos conteúdos também é de suma importância para que


a sequência didática seja bem-sucedida. De nada adianta desenvolver uma
sequência didática se, porventura, aquele conteúdo não for relevante para aquele
determinado momento. Uma sequência didática pode durar um bimestre, um
semestre ou mesmo o ano todo, portanto, deve-se prestar muita atenção ao
escolher os conteúdos.

A seguir, preparamos um quadro com base nos estudos de Nemirovsky


(2005), o qual trará alguns esclarecimentos acerca do como escolher bem o que
trabalhar em uma sequência didática. Vamos lá?

Definindo o tema da sequência didática:

• A escolha dos temas pode ser aleatória.


• A escolha deve basear-se nos objetivos que se pretende atingir.
• Trabalhe a partir de gêneros textuais.
• Converse com a coordenação pedagógica para expor sua ideia e ouvir opiniões.

Realizando a sondagem inicial:

• Não fique somente na pergunta “o que vocês sabem sobre...".


• Coloque o aluno em contato com a prática.
• Se for trabalhar, por exemplo, seasons, distribua livros e revistas sobre o tema
aos alunos, dê uma atividade e observe o que eles já sabem sobre.
• A sondagem não se limita a apenas uma aula.

Definindo os objetivos e os conteúdos:

• Conteúdo: o que se ensinará; objetivo: onde se pretende chegar. É importante


que você delimite aonde quer chegar para definir os conteúdos.
• Antes de definir qualquer conteúdo, pare e pense o que você quer que os alunos
saibam ao final da sequência.
• É inútil definir conteúdos que nada tenham a ver com seus objetivos.

Atrelando as atividades aos objetivos:

• Esta ação define as estratégias que serão utilizadas.


• As atividades são as orientações didáticas para a execução do que foi pensado
na sequência, portanto, devem ser bem escolhidas.
• É importante analisar os conteúdos trabalhados e desdobrá-los em ações
concretas.

97
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

• Histórias em quadrinhos, músicas, leituras temáticas, poemas e palavras


cruzadas são ideias de atividades que podem auxiliá-lo a verificar se houve ou
não aproveitamento do que foi estudado.
• Cada atividade deve ser pensada com uma finalidade: saiba exatamente aonde
quer chegar.

Calculando o tempo que será utilizado:

• O cálculo do tempo não deve ser com base nas atividades que serão aplicadas,
mas sim na complexidade dos conteúdos abordados.
• Deve-se levar em conta o que você deseja que os alunos aprendam e quanto vai
demorar cada ação, pois umas podem exigir mais tempo do que outras.
• Pensar se essa sequência cabe no seu planejamento de acordo com as aulas que
você tem disponíveis é muito importante, pois se iniciada, a sequência deve ser
finalizada.
• Caso tenha em sala de aula crianças com necessidades educacionais especiais
(NEE), é provável que elas levem mais tempo do que as demais para realizar
algumas atividades. Este tempo também deve ser contabilizado, pois podem
ser necessárias adaptações a algumas atividades.

Mudando planos durante a sequência:

• Isso pode ocorrer e é absolutamente normal, desde que isso não atrapalhe o
restante do planejamento.
• Assuntos podem ter que ser retomados ao longo da sequência, o que pode
demorar mais que o esperado ou exigir novas atividades.
• É necessário cuidar para que os objetivos iniciais não se percam com a mudança
de rumo da sequência, caso ocorra.
• A sequência didática é flexível, mas deve atrelar esta flexibilidade com objetivo
e foco.

Realizando a avaliação:

• Esta é a parte mais delicada da sequência didática, pois deve-se responder à


pergunta “o aluno aprendeu o que foi ensinado?”
• Os registros durante o processo auxiliarão o professor a tirar suas conclusões
acerca do que foi aprendido ou não. Faça uma tabela desde o início da
sequência (sondagem) até o último dia de aplicação e registre tanto avanços
quanto dificuldades.
• Ao longo do processo, pense também em atividades avaliativas, como trabalhos
e provas.

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TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

DICAS

Indicamos o site <http://pipcbcingles.blogspot.com.br/2013/08/sequencias-


sempre-trabalhando-juntos.html> para que você veja exemplos de inúmeras sequências
didáticas, especialmente preparadas para as aulas de Língua Inglesa.

Acadêmico, para esta leitura complementar preparamos um texto que, na


verdade, é uma reportagem que fala sobre a descoberta de cientistas acerca da
rapidez na aprendizagem das crianças. Vamos a ele?

99
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

LEITURA COMPLEMENTAR

Cientistas descobrem por que crianças têm facilidade de aprender mais de


uma linguagem

Cientistas britânicos e americanos descobriram que entre dois e quatro


anos de idade existe uma janela crítica de formação no cérebro – período em que
este está aberto a um determinado tipo de experiência – para o aperfeiçoamento
da linguagem.

Através do escaneamento do cérebro, pesquisadores perceberam que


influências exteriores têm o seu maior impacto antes dos quatro anos de idade,
quando as ligações entre os neurônios se desenvolvem para processar novas
palavras.

A pesquisa, divulgada na publicação cientifica The Journal of Neuroscience,


sugere que distúrbios que causam atraso na linguagem, como o autismo, devem
ser abordados mais cedo.

O estudo também explica por que as crianças têm facilidade em aprender


mais de um idioma.

A pesquisa

Os cientistas, do Kings College em Londres, e da Brown University em


Rhode Island, estudaram 108 crianças com desenvolvimento cerebral normal, e
com idades entre um e seis anos.

Eles usaram exames cerebrais para estudar a mielina – substância


responsável por proteger o circuito neural, que se desenvolve desde o nascimento.

Para surpresa dos especialistas, os testes indicaram que a distribuição


da mielina é fixada a partir dos quatro anos, o que sugere que o cérebro é mais
plástico nos primeiros anos de vida.

Eles preveem que qualquer influência ambiental sobre o desenvolvimento


do cérebro será mais forte na infância.

Isso explica porque a imersão de crianças em um ambiente bilíngue antes


dos quatro anos de idade oferece uma melhor chance de elas se tornarem fluentes
em ambas as línguas, a pesquisa sugere.

Segundo os pesquisadores, existe um momento crítico durante o


desenvolvimento em que a influência exterior sobre as habilidades cognitivas
pode ser maior.

100
TÓPICO 2 | LANGUAGE LEARNING OU ESTUDO FORMAL

Jonathan O'Muircheartaigh, da Kings College, que liderou o estudo, disse


à BBC: "Uma vez que o nosso trabalho parece indicar que os circuitos do cérebro
associados com a linguagem são mais flexíveis antes dos quatro anos de idade, a
intervenção em crianças com atraso na execução da linguagem deve ser iniciada
antes dessa idade crítica".

"Isso pode ser relevante para muitos distúrbios de desenvolvimento,


como o autismo, em que o atraso na fala é um traço comum no início".

Habilidade linguística

A primeira infância é uma época em que as habilidades linguísticas se


desenvolvem muito rapidamente.

Aos 12 meses de idade, os bebês têm um vocabulário de até 50 palavras,


mas aos seis anos este pode chegar a cerca de cinco mil palavras.

Competências linguísticas estão localizadas nas áreas frontais do lado


esquerdo do cérebro.

Por isso, os pesquisadores esperavam que uma quantidade maior de


mielina fosse produzida no lado esquerdo do cérebro enquanto as crianças
desenvolvem a linguagem.

No entanto, eles descobriram que a quantidade de mielina se manteve


constante, mas teve uma influência mais forte sobre a capacidade linguística antes
dos quatro anos de idade, sugerindo que há uma janela crucial para intervenções
em transtornos do desenvolvimento.

"Este trabalho é importante, pois é o primeiro a investigar a relação


entre a estrutura do cérebro e a linguagem na primeira infância, e a demonstrar
como essa relação muda com a idade", disse Sean Deoni da Brown University,
copesquisadora do estudo.

"Isto é importante já que a linguagem é geralmente alterada, ou retardada,


em muitos casos de crianças com problemas durante a fase de desenvolvimento,
tais como o autismo".

Estudo a longo prazo

Comentando o estudo, Dorothy Bishop, do Departamento de


Desenvolvimento Neuropsicológico da Universidade de Oxford, disse que a
pesquisa acrescentou novas informações importantes sobre o desenvolvimento
inicial das ligações em regiões do cérebro importantes para funções cognitivas.

101
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

"Há evidências sugestivas sobre a relação entre ligações no cérebro e


o desenvolvimento da linguagem, mas é muito cedo para ter certeza sobre as
implicações funcionais dos resultados", disse ela.

"Idealmente, seria necessário um estudo de longo prazo seguindo as


crianças por um determinado tempo para acompanhar como as mudanças
estruturais do cérebro são relacionadas a função da linguagem".

O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde Mental nos


Estados Unidos e pelo Wellcome Trust na Grã-Bretanha.

FONTE: Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/10/131009_


linguagem_infancia_an>. Acesso em: 28 ago. 2017.

102
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Language learning é o processo de aprendizagem da língua estrangeira que


depende de um ensino formal.

• A language learning é um processo progressivo, cumulativo e o funcionamento


e a gramática da língua são amplamente estudados, mas pouco aplicados.

• Acquisition é a assimilação natural da língua, ou seja, como aprendemos a


nossa língua materna, já o learning, é o que ocorre a partir do que chamamos de
ensino formal, ou seja, há sim um professor/tutor/mediador que ensina.

• Na sala de aula tradicional ocorre a language learning.

• Há quatro habilidades que devem ser desenvolvidas para a efetiva comunicação.


São elas: compreensão auditiva, expressão oral, leitura e escrita.

• Para que possamos desenvolver a habilidade com uma L2 são necessários


alguns recursos que não precisamos ao adquirir a L1.

• A aprendizagem é um exercício e cada aprendiz aprende de maneiras (e em


velocidades) diferentes.

• O professor, em sua função, sabe que há o momento da comunicação e há o


momento no qual explicar regras é necessário.

• Para Vygotsky, o professor é o mediador do conhecimento.

• As sequências didáticas são recursos que possibilitam ao professor ensinar de


maneira sequencial e avaliar a aprendizagem do aluno.

103
AUTOATIVIDADE

1 Acerca de language learning e language acquisition, marque T para a(s)


sentença(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):

( ) A language learning é o aprendizado da língua em uma situação na qual o


aluno é inserido no contexto real de comunicação.
( ) A language acquisition é mais natural do que a language learning.
( ) A language learning ocorre a partir do ensino formal.
( ) Nas escolas tradicionais, é comum que ocorra a language acquisition.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:


a) ( ) F – T – F – T.
b) ( ) F – T – T – F.
c) ( ) T – F – F – F.
d) ( ) T – F – T – T.

2 Com base nos estudos que fizemos acerca das sequências didáticas, assinale
a alternativa INCORRETA:

a) ( ) Na sequência didática, o planejamento é fundamental.


b) ( ) Para o trabalho com sequência didática é necessário pensar nos objetivos
antes de estabelecer quais conteúdos serão abordados.
c) ( ) A sequência didática é mais eficaz porque o aluno aprende em menos
tempo.
d) ( ) A avaliação na sequência didática deve ser feita ao longo de todo o
processo.

3 Assinale a alternativa que não apresenta três importantes recursos para uma
aula de língua inglesa eficaz.

a) ( ) Textos de diversos gêneros, livro didático e poemas.


b) ( ) Vídeos, música e interpretação de textos.
c) ( ) Aulas expositivas, situações reais de comunicação, aulas contextualizadas.
d) ( ) Provas, correção de erros em voz alta, decorar vocabulário.

4 Assinale a alternativa que não contempla uma etapa da sequência didática.

a) ( ) Definição do tema.
b) ( ) Sondagem inicial.
c) ( ) Cálculo do tempo.
d) ( ) Memorização de conteúdo.

104
UNIDADE 2
TÓPICO 3

PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA:


IMPLICAÇÕES

1 INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido acerca do ensino e da aprendizagem de uma
língua estrangeira no que se refere ao professor, pois é ele que faz todo o processo
entre o aprender o idioma, através de metodologias pedagógicas, e o aprendiz.

As discussões permeiam a respeito do professor nativo ou não nativo. Os


dilemas empregados nessa questão dos dois tipos de professores se referem à real
diferença entre os dois profissionais. Questiona-se se os estudantes terão ou não
alguma vantagem em ter aulas com um ou outro tipo de professor.

Nesta fase de nossos estudos vamos compreender qual é a diferença entre


esses dois tipos de professores, bem como as habilidades e competências a serem
desenvolvidas quando nossos estudantes e, inclusive nós, estamos na fase da
aprendizagem da língua estrangeira, neste caso, a inglesa.

Veremos, ainda, o que dizem as normas e documentos orientadores acerca


da formação do professor de língua estrangeira.

Let’s go ahead! We need you here!

2 O PROFESSOR NATIVO NA LÍNGUA INGLESA


Iniciamos nossa discussão pontuando que o professor chamado nativo é
aquele oriundo de países em que se fala a língua-alvo, ou seja, a língua que será
ensinada, oficialmente, nesse caso, a língua inglesa.

Isso quer dizer que esse professor ensinará aos estudantes a língua que ele
mesmo fala desde que nasceu, com as gírias, expressões e termos variados. Um
exemplo seria um professor norte-americano que vem ao Brasil ensinar inglês, ou
seja, além do idioma, ele ensina também aspectos culturais, históricos e sociais de
seu país de origem.

105
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

FIGURA 14 – PROFESSOR NATIVO

FONTE: Disponível em: <http://www.emtempo.com.br/seduc-seleciona-professores-de-


ingles-para-intercambio-nos-eua/>. Acesso em: 25 ago. 2017.

A figura apresentada nos faz refletir que ter um professor nativo ou não
nativo tem vantagens e desvantagens e a opção por um ou outro vai depender
dos objetivos que temos.

Podemos dizer, acadêmico, que a principal vantagem de se aprender com


um professor nativo é a segurança linguística que, de repente, o professor não
nativo pode não apresentar, ou pode tê-la em menor nível.

Devemos, ainda, levar em conta que aspectos culturais e considerações


do cotidiano também poderão ser mais bem explicados e exemplificados de
acordo com a origem do professor nativo. E, caso esse professor nativo não tiver
adquirido habilidades suficientes de fala para se expressar na língua portuguesa,
a comunicação com ele acontecerá em inglês dentro e fora da aula, enriquecendo
o ambiente de aprendizagem (MICCOLI, 2010).

Essa é uma grande vantagem para os estudantes que estão em níveis mais
avançados, mas pode ser um grande problema para aprendizes de níveis básicos,
não é mesmo?

E, partindo disso, há ainda o agravante de que um professor nativo


muitas vezes não é “professor”, ou seja, ele é um excelente falante nativo do
idioma inglês, mas não tem conhecimento sobre metodologias de ensino para
aprendizes em um novo idioma, nem conhece e aplica a dita didática em sala de
aula (MICCOLI, 2010). Quem nunca teve um professor que apenas repassava o
que estava escrito nos livros, sem agregar um conhecimento extra?

Assim, muitas escolas de idiomas, em especial, professam que em seu


corpo docente há professores nativos, isso, certamente, funciona como um bom

106
TÓPICO 3 | PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES

marketing para atrair alunos, mas talvez não funcione no bom entendimento na
sala de aula.

O que devemos compreender aqui é que falar uma língua é uma habilidade
e saber ensiná-la exige muitas outras competências, que só quem passa por uma
licenciatura, por exemplo, poderá entender.

Então, como estudantes em um curso superior de língua estrangeira,


devemos nos posicionar acerca da temática da escolha por um professor nativo
ou não nativo, pois a todo o momento seremos questionados, inclusive por nossos
alunos.

Compreendemos, então, que além do conhecimento do idioma a ser


ensinado e da qualificação como professor, devemos levar em consideração
características como respeito, empatia, preparo, comprometimento e
autenticidade. O professor que reúne essas qualidades e realmente se compromete
e se importa com a aprendizagem é, sem dúvida, o melhor professor de inglês,
independentemente de ser ou não nativo (MICCOLI, 2010).

3 O PROFESSOR NÃO NATIVO NA LÍNGUA INGLESA


Por outro lado, temos o professor não nativo que é aquele professor que
aprendeu a língua estrangeira de alguma maneira no seu país, ou seja, aprendeu
inglês, de repente, através de sua língua materna, no país em que nasceu. Um
exemplo típico seria o caso de um professor brasileiro que aprendeu inglês na
universidade e que agora vai ensinar alunos brasileiros essa língua estrangeira.

Podemos ainda dizer que um professor não nativo é aquela pessoa que
aprendeu inglês como você está aprendendo agora, teve as dificuldades que você,
talvez, tenha e as superou. Além disso, esse professor não nativo se qualificou
para ensinar o idioma, o que exige um grande conhecimento, estudo, dedicação,
persistência e desenvolvimento de diversas habilidades.

O professor não nativo pode, em alguns momentos, utilizar a língua


materna, sim, para comparar, explicar e esclarecer diferenças entre as línguas
portuguesa e inglesa nas suas aulas. Ele também pode motivar, indicar materiais,
ensinar e aplicar técnicas de estudo, dialogando e pontuando sobre o desempenho
do estudante em português, nos níveis básicos.

A questão do ensino da cultura e das relações positivas que agregam


ao aprendizado de um idioma e que só um nativo teria condições de repassar
pode não ser um problema para professores não nativos que já moraram ou
frequentemente viajam a países de língua inglesa, ou, até mesmo, aos que tem esse
contato de maneira diferenciada, assistindo a vídeos, documentários e seriados.

107
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

UNI

Acadêmico, você já teve professores nativos e não nativos? Relate aos seus
colegas como foi essa experiência!

Concluindo, não podemos deixar de lado uma discussão que já fez e ainda
fará parte das notícias acerca da aprendizagem de um idioma, que é a que aborda
que a melhor opção de se aprender inglês é ter como professor aquele que vem
de um país que fala a língua estrangeira ensinada, ou seja, um professor nativo.

Muitas pesquisas são realizadas sobre esse assunto e cada vez mais
evidencia-se que essa conclusão não tem fundamento. Claro que aulas com
um professor nativo tem sim muitas vantagens, mas isso não quer dizer que o
professor não nativo não ofereça uma aprendizagem não eficaz (MICCOLI, 2010).

Professores não nativos conseguem destaque após muito estudo que exige
anos de preparação em testes internacionais, reciclagem na sua área de atuação
através de congressos, workshops, intercâmbios, pesquisas e leituras na área.

Podemos ainda afirmar que o professor não nativo tem a vantagem de


conhecer o funcionamento da língua materna de seus estudantes e, dessa maneira,
consegue prever possíveis problemas no que diz respeito à aquisição da língua
por parte dos estudantes.

Indiferentemente da escolha, entre o professor nativo e não nativo,


devemos lembrar que cada profissional deverá trazer consigo experiências
profissionais e pessoais únicas, o que importa nesse contexto de aprendizagem é
saber fazer a diferença no idioma ensinado.

3.1 O QUE DIZEM AS NORMAS E OS DOCUMENTOS


ORIENTADORES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE
LÍNGUA ESTRANGEIRA
Conforme Schultz (2004), para que haja um atendimento pleno da criança e
também do estudante, faz-se necessário um profissional com preparo que vai além
do bom senso e do amor à criança ou estudante. Para a autora, os profissionais da
área da língua estrangeira necessitam ter formação na licenciatura do inglês, pois
ele precisa entender a complexidade do ensino de uma língua como num todo.

108
TÓPICO 3 | PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES

O ambiente escolar também necessita oferecer condições, ou seja, um


lugar receptivo e alegre, onde o estudante é convidado a aprender de uma forma
lúdica e prazerosa. Para tanto, o ensino de uma segunda língua não pode ser
diferente do ensino de qualquer outra disciplina. Portanto, é válido ressaltar que
a formação do profissional é de suma importância e o professor deve possuir
além de conhecimento científico, perfil para lecionar o idioma. A LDB (1996),
acerca da formação do professor, dispõe, no título VI, art. 62 que:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em


nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil
e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em
nível médio, na modalidade Normal.

Considerando a necessidade de termos um professor em sala de aula,


muitas vezes, temos profissionais atuando sem a escolaridade exigida. Sabemos
que esta mesma lei dispõe no título IX, art. 87, § 4º que “até o fim da década [no
caso, a década passada] somente serão admitidos professores habilitados em nível
superior ou formados por treinamento em serviço”, porém, sabemos também da
dificuldade que esses profissionais têm para concluir sua formação em um país
que não incentiva e motiva a formação com atitudes práticas. Segundo Almeida
Filho (2005, p. 51):

[...] a formação básica profissional do professor de língua está prevista


para se dar ao nível da graduação em Letras (licenciatura) nas
disciplinas ao longo dos semestres e, especificamente, nas disciplinas
de formação do professor, através das práticas nas disciplinas comuns
e da prática de ensino e estágio supervisionado, entre outras.

O autor postula ainda que o curso de graduação é procurado pelos


professores para adquirir, muitas vezes, apenas o título universitário
correspondente a sua profissão, já que a maioria atua sem essa formação.

Sabemos também que essa formação, no caso a graduação nos cursos de


Letras, é apenas o primeiro passo para que o professor consiga atuar nos padrões
convencionais da educação. Dizemos primeiro passo, pois se inicia na licenciatura,
prosseguindo, depois na atuação em sala de aula, nos cursos de extensão, nos
eventos profissionais, na pesquisa, leitura e escrita de artigos que os encaminha
para a especialização (pós-graduação lato sensu) já no exercício profissional.

Neste país, o profissional geralmente atua e conquista a formação


simultaneamente. Com problemas de valorização salarial, muitas vezes, não há
como primeiro estudar e somente depois terminar a graduação e lecionar.

A atual LDB define a obrigatoriedade de uma língua estrangeira moderna,


a ser escolhida pela comunidade escolar, assim como a nova Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) também fomenta, especialmente, o ensino da língua inglesa, o
que para nós profissionais dessa área muito nos estimula a buscar formação para,
com excelência, ministrar nossas aulas e fazer a diferença em sala de aula.
109
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

DICAS

O artigo “A formação do professor de língua estrangeira: elementos relevantes


para a prática reflexiva”, discute a temática aqui abordada. Acesse o link: <file:///C:/Users/estel/
Downloads/20136-76052-1-PB%20(1).pdf> e leia mais sobre a formação do professor.

4 HABILIDADES E COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS


COM OS ALUNOS DE LÍNGUA INGLESA
Desde o início, conforme foi mencionado na Unidade 1 deste Livro
Didático, o ensino de língua inglesa no Brasil tem sofrido significativas e inúmeras
transformações. Dessa maneira podemos afirmar que muito se ganhou e muito
se perdeu em termos de ensino e aprendizagem da língua estrangeira. Para Leffa
(1999, p.13), o professor é a peça fundamental para que uma metodologia de
ensino de língua inglesa tenha excelência.

E, depois de tantas mudanças, nossas discussões agora permeiam para


uma concepção mais integral do processo educacional, ou seja, já não se pode
mais pensar em uma aprendizagem isolada de fatores sociais, culturais, políticos
e ideológicos.

Aprender efetivamente uma língua estrangeira significa, em amplas


linhas, estar apto a comunicar-se, sem deficiências, nem barreiras. O estudante só
se tornará comunicativamente competente quando conseguir fazê-lo de maneira
apropriada oral e também verbalmente (BROWN, 2007).

Compreendemos também que a competência comunicativa dos estudantes


só se tornará possível se as quatro habilidades linguísticas, listening, speaking,
reading e writing, forem trabalhadas de forma adequada, ou seja, de maneira
integrada.

Geralmente, as habilidades são abordadas de maneira separada em sala de


aula e, por vezes, não há tempo suficiente para tratar das quatro. Porém, quando elas
são apresentadas de maneira integrada, há a possibilidade de o estudante praticar
tais habilidades em um contexto comunicativo interligado (BROWN, 2007).

Aliás, essa maneira de abordar as habilidades de maneira integrada


aumenta a motivação e a autoconfiança dos estudantes, uma vez que aprender
interagindo com a língua é muito mais benéfico do que simplesmente adquirir
conhecimento sobre ela memorizando estruturas. É interessante, ainda, mencionar
que a integração possibilita mais tempo para que o aluno reflita antes de interagir,
já que, necessariamente, ele é convidado a ler um texto, conjeturar sobre suas
ideias, para depois socializar com os colegas.
110
TÓPICO 3 | PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES

Agora, vamos revisitar cada uma das habilidades.

4.1 LISTENING
O listening, que é a compreensão auditiva, é uma das habilidades que
promove o desenvolvimento do estudante para a aquisição do idioma. O listening,
muitas vezes, é deixado de lado, mas é uma ferramenta importante para que o
estudante domine a língua inglesa com competência, haja visto, nas salas de aula,
os alunos ouvem mais do que falam. A competência de ouvir é universalmente
maior que a de falar e isso não pode ser diferente nas aulas de inglês (BROWN,
1994).

FIGURA 15 – ACTIVE LISTENING

Active
Listening
Use of open & Summarise Show interest
Clarify
closed questioning

Avoid Listen for


prejudice feelings

Reflect Probe
Observe non-verbal
Signal
behaviour
encouragement
Avoid interruption &
distraction
FONTE: Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/listening-skill-priya-garg>. Acesso
em: 25 ago. 2017.

A figura apresentada retrata que o listening é pertinente uma vez que é a


primeira habilidade adquirida, pois, de maneira geral, aprendemos a ouvir muito
antes do que falar.

Assim, o professor poderá adotar diversas práticas que promovam esse


aprendizado, de acordo com a necessidade dos estudantes e do conteúdo que
será trabalhado. O importante é ter em mente que os estudantes precisam ouvir
muitas variedades de linguagem, dessa maneira, quanto mais eles ouvem, melhor
falarão e escreverão.

111
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

4.1.1 Pre-listening, listening and post-listening


É muito importante, acadêmico, que as atividades que envolvam o
listening sejam planejadas e sigam procedimentos de ordem como: pre-listening,
listening and post-listening.

O pre-listening é o momento em que o professor apresenta o tema que


será trabalhado de maneira interativa. Este período da aula é utilizado para fazer
com que os estudantes fiquem animados com o tema proposto. É nesse momento
também que é realizada uma atividade para “aquecer” os estudantes, o chamado
warm up (BROWN, 1994).

O listening é a parte da aula que os estudantes devem responder à atividade


proposta durante o período que escutam ou ouvem o diálogo, a música ou um
trecho de uma conversa entre nativos, entre outros. Essa parte pode ser proposta
de maneira individual ou em grupo, dependendo do nível (BROWN, 1994).

E, por fim, temos o post-listening, que é o momento em que os alunos


discutem o tema, refletem acerca do que eles pensam ou do que fariam se estivem
na situação da escuta proposta (BROWN, 1994).

4.2 READING
A habilidade do reading tem se tornado a mais importante no ensino de
língua inglesa no nosso país. Isso se considerarmos fatores como as necessidades
dos alunos em uma sociedade globalizada e as condições de ensino e de
aprendizagem no Brasil (HEBERLE, 2000).

Partindo disso, compreendemos que o ensino de leitura foca na


aprendizagem de uma habilidade que é muito benéfica para os estudantes, já que
a leitura fornece a possibilidade de aumentar os limites conceituais e as visões
diferentes de mundo.

112
TÓPICO 3 | PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES

FIGURA 16 – READING WAYS

FONTE: Disponível em: <https://br.pinterest.com/themailbox/words-


skills-reading/>. Acesso em: 26 ago. 2017.

Nesse sentido, ensinar a habilidade do reading significa ter em mente


a necessidade e a possibilidade de construir, avaliar, pesquisar e negociar
percepções de mundo em contato com o texto. Portanto, o objetivo do ensino do
reading, na escola, é mais amplo do que ensinar tópicos gramaticais e, uma leitura
organizada, como o esquema apresentado na figura anteriormente, muito auxilia
no entendimento.
 

4.2.1 Processes top-down e bottom-up


O modelo  top-down  é fundamentado num modelo de ensino pautado
essencialmente no leitor. O nome desse modelo é top-down porque se utiliza das
estratégias de leitura descendentes, ou seja, ele resulta das experiências adquiridas
ao longo da vida que são utilizadas para prever o conteúdo de um texto (MOITA
LOPES, 1996).

Uma atividade que pode ser utilizada como exemplo de top-down  é a


previsão do conteúdo do texto a partir de textos não verbais que utilizam figuras,
imagens e tabelas, ou em textos verbais o título, subtítulo, fonte e indicações
de datas. Por meio da leitura desses elementos, os estudantes ativam seu
conhecimento prévio e fazem previsões acerca do conteúdo do texto. 

Já o modelo  bottom-up  é fundamentado na leitura de decodificação,


focando o texto. O nome desse modelo é  bottom-up  porque se fundamenta nas
estratégias ascendentes, nelas o leitor decodifica a informação disponível no nível
de aspectos perceptíveis (MOITA LOPES, 1996).

113
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

Uma atividade de leitura que exemplifica esse modelo é um exercício


em que os alunos devem tentar agrupar os títulos das seções de um texto com
os parágrafos que compõem essas seções, que num primeiro momento foram
desordenadas pelo professor. Os estudantes identificam o título da seção que se
encaixa no parágrafo do texto. Para fazer esse exercício, os estudantes necessitam
entender o texto como um todo. 

4.2.2 Reading strategies


As estratégias de leitura servem para desenvolver habilidades de leitura.
Ler é fundamental para adquirir conhecimento, informação, enriquecendo o
vocabulário e facilitando a interpretação. As reading strategies mais utilizadas são:
skimming, scanning, typography, cognates, prediction, repeated words, topic, main idea
e pronoun reference.

O skimming significa justamente fazer uma leitura rápida de um texto,


com o objetivo de se ter uma ideia geral.

O scanning é uma estratégia de leitura que lhe permitirá buscar e identificar


informações específicas contidas em um texto, tais como: datas, nomes, números
etc.

Outra estratégia muito utilizada por leitores é a estratégia de leitura


prediction, que nada mais é do que predizer o significado do texto.

As typography, marcas tipográficas, são marcas que chamam a atenção do


leitor e podem estar em forma de números, símbolos, desenhos, tabelas etc.

Já os cognates ou as palavras cognatas, também chamadas de friends, são


palavras semelhantes às palavras na língua portuguesa. Porém, precisamos tomar
cuidado com os false friends, que são palavras com a escrita semelhante à língua
portuguesa, mas têm um significado totalmente diferente. Um exemplo de false
friends? Take a look in the image that follow!

114
TÓPICO 3 | PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES

FIGURA 17 - COGNATES

FONTE: Disponível em: <http://reallifeglobal.com/the-17-most-


dangerous-brazilian-false-cognate-errors-in-english/>.
Acesso em: 26 ago. 2017.

As repeated words, como o nome já diz, são palavras que se repetem com
frequência no texto.

O topic é o assunto do texto, ou seja, sobre o que o texto fala. Temos também
a main idea. Ela deve ser encontrada como resposta à seguinte pergunta: Qual é o
ponto central que o autor quer mostrar?

E, por fim, temos o pronoun reference. Sabendo que o pronome é usado


para substituir um nome, é fundamental que o leitor identifique os pronomes
empregados num texto e a que (nomes) eles fazem referência.

4.3 SPEAKING
O speaking é uma das habilidades para se obter a fluência. Essa habilidade
facilita qualquer processo de viagem e trabalho que o estudante deseja realizar,
logo, é uma habilidade é complexa.

Ela está associada à habilidade do listening, pois além de ouvir,


necessitamos repetir os sons que ouvimos. Quanto mais praticamos o speaking,
mais teremos domínio na fala e na fluência.

Para exercitarmos essa habilidade devemos realizar conversas utilizando


a habilidade informal, como em um grupo de amigos ou, em outras situações
para dar informações, ou ainda, em uma comunicação mais formal. A habilidade
de falar fluentemente pressupõe processar a informação.

115
UNIDADE 2 | LANGUAGE LEARNING AND LANGUAGE ACQUISITION

4.3.1 Speech stimulation techniques


O speech stimulation techniques são, em língua portuguesa, as práticas
de estimulação da linguagem que envolvem uma série de interações e
comportamentos que facilitam o desenvolvimento do idioma.

Podemos exemplificar esse processo dizendo que é através da observação


e da imitação que se fomenta uma prática. Assim, como professores que seremos
ou somos, um bom discurso e padrões de linguagem agregam muito conhecimento
na aprendizagem de uma língua.

4.4 WRITING
A habilidade do writing tem a função de comunicar e entender os
significados de palavras e contextos.

Devemos utilizar a linguagem escrita para autoexpressão e para nos


comunicarmos com o leitor. Então, a produção escrita busca uma comunicação
eficaz, através do uso termos apropriados, expressões e estruturas gramaticais
aplicadas corretamente.

A busca pelo aprimoramento da escrita é cada vez maior se a comunicação


estiver inserida num contexto com objetivos claros ao leitor. Esse mesmo caminho,
utilizado na língua portuguesa, deve ser seguido na escrita da língua estrangeira
(MOITA LOPES, 1996).

4.4.1 English everywhere


Cookies, subway, drive thru, save the date, shopping center, home office, check in,
update, happy hour, Burger, delivery, sale, off... e a lista é longa. Algumas palavras
que utilizamos na língua portuguesa são emprestadas do inglês, outras são
modificadas e, muitas vezes, adaptadas, mas podemos dizer que o inglês está em
todos os lugares.

Nas lanchonetes temos o hot dog, cheeseburguer, hamburger, cheesebacon,


baked potato, milkshake, delivery, self-service, sundae, diet, light, drive-thru.

Nos supermercados, há o corn flakes, popcorn, cream cracker, creamcheese,


cookies.

Nos computadores ou na internet temos o mouse, mouse pad, messenger,


windows, word, start, delete, page up, page down, enter, shift, pause, insert, explorer,
page, help, speed, site, link, download, upload, notebook, game over.

116
TÓPICO 3 | PROFESSOR NATIVO E NÃO NATIVO DE LÍNGUA INGLESA: IMPLICAÇÕES

E, em diversos lugares da nossa cidade, há playground, drive-in, shopping


center, free shop, snack bar, lan house, cyber cafe, fast food.

And you, can you give me more examples?

117
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O professor nativo é oriundo de países em que se fala a língua-alvo, ou seja, a


língua que será ensinada, oficialmente, nesse caso, é a língua inglesa.

• O professor não nativo é aquele professor que aprendeu a língua estrangeira


de alguma maneira no seu país, ou seja, aprendeu inglês, a partir de sua língua
materna, no país em que nasceu.

• A LDB (1996) postula que a formação dos professores para atuar na educação
básica deverá ser em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação
plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas
quatro primeiras séries do ensino fundamental, e oferecida em nível médio na
modalidade Normal.

• As quatro habilidades linguísticas que necessitam ser desenvolvidas na


aprendizagem de uma língua estrangeira são: listening, speaking, reading e
writing e devem ser trabalhadas de forma adequada, ou seja, de maneira
integrada.

• O listening, que é a compreensão auditiva, é uma das habilidades que promove


o desenvolvimento do estudante para a aquisição do idioma.

• O pre-listening é o momento em que o professor apresenta o tema que será


trabalhado de maneira interativa. O listening é a parte da aula que os estudantes
devem responder à atividade proposta durante o período que escutam ou
ouvem o diálogo, a música ou um trecho de uma conversa entre nativos. O
post-listening que é o momento em que os alunos discutem o tema, refletem
acerca do que eles pensam ou que fariam se estivem na situação de escura
proposta.

• A habilidade do reading significa ter em mente a necessidade e a possibilidade


de construir, avaliar, pesquisar e negociar percepções de mundo em contato
com o texto.

• O modelo top-down, na habilidade do reading, é fundamentado num modelo de


ensino pautado essencialmente no leitor. Já o modelo bottom-up é fundamentado
na leitura de decodificação focando o texto.

• As reading strategies mais utilizadas são: skimming, scanning, typography, cognates,


prediction, repeated words, topic, main idea e pronoun reference.

118
• O speaking é uma das habilidades para se obter a fluência. O speech stimulation
techniques são, em língua portuguesa, as práticas de estimulação da linguagem
que envolvem uma série de interações e comportamentos que facilitam o
desenvolvimento do idioma.

• A habilidade do writing tem a função de comunicar e entender os significados


de palavras e contextos.

119
AUTOATIVIDADE

1 Let’s exercise the Reading Strategies?

a) Read the text and answer the question:


A 1960 Havana memorial service for the 100-member crew of a Belgian arms
cargo ship gave socialist revolutionaries their (1) defining image. On a platform
behind Fidel Castro stood the charismatic leader, Che Guevara. With just two
frames photographer Alberto Diaz Gutiérrez, known professionally as Korda,
captured the Argentine-born revolutionary’s determined gaze. [....] Now a
British advertising agency appropriated the image for a vodka ad and, when
Korda saw that (2), he (3) saw red.

FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_simulado/revisao/revisao10/


er050010.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2017.

As palavras em negrito referem-se a:


1. their: ______________________________________________________________
2. that: _______________________________________________________________
3. he: ________________________________________________________________

b) Read the text and underline the main idea:


According to scientists who study aging, there are many things people can do
to remain healthy in old age. They believe it is essential old people find mental
and physical challenges. Moreover, those scientists recommend that people
follow a balanced diet and an exercise program as long as they live. They also
caution smokers, particularly those heavy ones, about the dangers of smoking.

FONTE: Disponível em: <https://www.theguardian.com/education/2016/jun/18/how-physical-


exercise-makes-your-brain-work-better>. Acesso em: 26 ago. 2017.

c) Read the text and choose the correct answer:


The dingo, Australia’s wild dog, was first spotted on the northwest shores of the
subcontinent in the late seventeenth century. The arrival of the dingo brought
about substantial changes in the continent’s ecosystem. It is noted that with
the establishment of dingoes, native predators declined. Among the animals
probably displaced from the mainland by the dingo was the Tasmanian tiger, a
recently extinct wolf-like marsupial.

FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_simulado/testes/testes10/ingt.


htm>. Acesso em: 26 ago. 2017.

What is the main idea of the passage?


a) The dingo caused changes in Australia’s balance of nature.
b) The dingo is not native to Australia.

120
c) The dingo, who was first spotted on the northwest shores of the subcontinent
in the late seventeenth century, is similar to a dog.
d) The dingo came to Australia in the 1600s.
e) With the establishment of dingoes, native predators declined.

d) Read the text and pay attention in the pronouns:


“Our partnerships span forty, fifty, sixty years and more. They’re in oil, gas,
and chemicals. They involve everything from building new plants to helping
develop entire industries. But they have one thing in common: a commitment to
be there for the long term. As a global energy partner in over seventy countries,
our track record proves it. We don’t just make partnerships, we keep them”.

FONTE: Disponível em: <www.chevron.com>. Acesso em: 6 jan. 2017.

The pronoun “they” refers to:


a) entire industries
b) chemicals
c) new plants
d) countries
e) partnerships

2 A temática formação do professor foi abordada em questões ENADE. Reflita


sobre essa temática respondendo à Questão 23, do ENADE/2014, aplicado
para acadêmicos do curso de Letras – Inglês. Vamos exercitar, pois logo
chega a sua vez de participar do ENADE!

É necessário que o docente esteja em constante processo de formação, buscando


sempre se qualificar, pois, por meio da formação continuada, ele poderá
melhorar sua prática docente e seu conhecimento profissional. A prática e o ato
de reflexão sobre essa prática exercida no espaço da sala de aula contribuem
para o surgimento de uma ressignificação do conceito de professor, de aluno,
de aula e de aprendizagem. O professor deve assumir o papel de facilitador e
mediador do conhecimento, um participante ativo na aprendizagem dos alunos,
possibilitando que o aluno seja sujeito do processo de ensino-aprendizagem.
Dessa forma, podemos perceber a importância do professor na sua própria
formação e na formação dos educandos. Agindo como mediador, o docente está
oferecendo aos alunos a oportunidade de terem autonomia na construção do
seu próprio conhecimento como forma de compreender a realidade social em
que vivem. É preciso que o professor tenha consciência do seu papel social para
que possa ajudar o aluno a compreender a sociedade em que está inserido e a
complexidade do conhecimento que pretende adquirir. Assim, o professor tem
como meta principal uma aprendizagem voltada para resolver os problemas que
a vida nessa sociedade irá apresentar a ele, oportunizando o desenvolvimento
de uma visão crítico-reflexiva da vida. Com isso, ele terá a possibilidade de
compreender e interpretar os problemas que emergem do cotidiano. É por meio

121
de um processo formativo capaz de mobilizar os saberes da teoria da educação
que os docentes compreenderão e desenvolverão as competências e habilidades
necessárias para a investigação da sua própria atividade.

O texto trata da importância da formação docente para a vida profissional frente


às mudanças sociais, econômicas, culturais e tecnológicas. A esse respeito,
avalie as afirmações a seguir.

I- A ressignificação dos conceitos de professor e de aluno provoca mudanças


de papéis em que o professor acaba perdendo sua autonomia e posiçãoo
pedagógica, tornando-se um agente menos participativo nos processos de
mudanças institucionais.
II- As mudanças sociais, econômicas e culturais aceleradas colocam novos
questionamentos à prática docente e à escola, determinando também um
novo papel dos docentes.
III- A formação docente deve construir para que o professor conecte a teoria
à prática, o que poderá proporcionar-lhe uma visão investigativa e
questionadora de sua própria prática.
IV- A visão crítico-reflexiva do aluno está relacionada com o papel de mediador
do professor e com o foco no ensino que privilegia a transmissão de
conteúdos.

É correto apenas o que se afirma em:


a) ( ) I.
b) ( ) III.
c) ( ) I e IV.
d) ( ) II e III.
e) ( ) II e IV.

FONTE: Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/


provas/2014/23_letras_portugues_ingles.pdf>. Acesso em: jul. 2017.

122
UNIDADE 3

THE DIDACTICS OF THE ENGLISH


LANGUAGE: TEACHING AND
LEARNING METHODS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• compreender os usos do Direct Method;

• analisar as vantagens e desvantagens do uso do Direct Method;

• analisar a usabilidade do Grammar Translation Method, avaliando suas


vantagens e desvantagens;

• conhecer um pouco acerca do Audiolingual Method, verificando quais são


as vantagens e desvantagens em utilizá-lo nos dias de hoje;

• definir The Silent Way Method, bem como saber diferenciá-lo dos demais
métodos de ensino;

• compreender a aplicabilidade do método Suggestopedia e avaliar sua


usabilidade atualmente;

• conceituar o método Total Physical Response diferenciando suas vantagens


e desvantagens;

• definir The Communicative Language Teaching Method;

• conceituar The Lexical Syllabus and The Immersion Method;

• conhecer atividades de aplicação dos métodos estudados.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final da cada um deles, você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

TÓPICO 2 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

TÓPICO 3 – MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

123
124
UNIDADE 3
TÓPICO 1

MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

1 INTRODUÇÃO
Aprender uma segunda língua não é tão fácil quanto parece, mas também
não se pode afirmar que é uma atividade impossível de ser realizada. Para
cada pessoa, há algum método que se pareça mais adequado. Dentro da teoria
da língua inglesa, há vários métodos de ensino que são (ou foram, conforme
veremos) aplicados para que o aprendizado se efetive.

Cada um desses métodos possui diferentes objetivos: uns focam na


gramática, outros na pronúncia e outros ainda na tradução. No entanto, todos
eles caminham para a mesma direção: o ensino da língua inglesa.

Desde quando foram criados, todos eles passaram por grandes


transformações. Pesquisas mostraram o que poderia ser mantido e o que precisava
de alguma mudança. Assim, o que temos hoje definidos como métodos nem
sempre são eficazes na hora de serem aplicados, o que faz com que, por vezes,
tenham caído em desuso.

Neste tópico, especificamente, trabalharemos três deles: o Direct Method,


o Grammar Translation Method e o Audiolingual Method. Now, you can come with us
in our new journey!

2 DIRECT METHOD
FIGURA 18 - SPEAK OR TALK?

FONTE: Disponível em: <https://goo.gl/NPoQZa>. Acesso em: 20 set. 2017.

125
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

Conforme já afirmamos anteriormente, na atualidade muitas são as


técnicas e métodos usados para ensinar a língua estrangeira. Uns prometem que
o idioma será aprendido em menos tempo, outros que ele será aprendido com
mais excelência. O fato é que nenhum método de ensino é único e exclusivo. Cada
um deles, com suas particularidades, muitas vezes é eficaz para uma pessoa e
ineficaz para outra.

Há uma diferença muito grande entre ensinar a língua inglesa a partir


da imposição de regras e textos e o ensino de inglês a partir da sua fluência em
ambientes de conversação. Assim é estruturado o Direct Method, ou Método
Direto, em Língua Portuguesa.

Neste método, de acordo com Brown (2006), são desenvolvidas


conversações controladas para o desenvolvimento da língua. Acadêmico, neste
momento você deve estar se perguntando: Por que conversação controlada? A
conversação livre não seria mais eficaz? A justificativa para esta imposição é que
a conversação livre não impõe limites ao assunto, sendo que o aprendiz poderá
falar sobre algum assunto do qual já tenha certo domínio, sem proporcionar a ele
ambientes mais desafiadores.

Já a conversação controlada, defendida pelo Direct Method, é feita através


de um sistema de perguntas e respostas de maneira que o aluno precisa responder
sem “pensar muito” sobre o que vai dizer. De acordo com Brown (2006), este
método estimula o aprendiz a superar o medo de falar.

O Direct Method é um método muito utilizado em cursos de idiomas,


pois os alunos aprendem diretamente a partir da fala, sendo esta uma ação
controlada por um tutor, orientador ou mesmo pelo professor. A partir da fala,
eles desenvolvem o raciocínio na língua.

Preparamos uma lista de quais são os princípios do Direct Method para


que você possa acompanhar.

• Perguntas e respostas: este é um dos princípios do Direct Method. O professor


fará uma pergunta referente ao tema que está sendo discutido e a repetirá. Em
seguida, o aprendiz responde o que foi perguntado. Caso haja dificuldade, o
professor indica o início da resposta. Em seguida, o incita a continuar, tornando
o aprendizado mais dinâmico.
• Níveis de Respostas: existem perguntas que direcionam respostas que não
tenham a possibilidade de serem mudadas. Por exemplo, quando se pergunta
What time is it?, a resposta não apresentará possibilidade de mudança. A
resposta é uma e ponto. Assim, o aprendiz aprenderá aquela regra gramatical,
fazendo com que ele a domine cem por cento. Quando o nível aumenta, são
feitas perguntas com mais possibilidades de respostas. Assim, este princípio
firma que a melhor maneira de aprender a falar inglês é falando.
• Revisão: a repetição é constante nesse estilo de aprendizado. O reflexo da
língua só é internalizado a partir da repetição, assim como ocorre, por exemplo,

126
TÓPICO 1 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

na música. Esta é considerada uma das vantagens mais positivas deste método,
porque não há, em outros métodos, a revisão. O aprendiz não esquecerá a lição
que aprendeu, pois há revisões constantes do que já foi estudado.
• Velocidade: este item refere-se à velocidade na qual o professor fala com os
aprendizes. Apesar de haver a possibilidade de estranheza nos primeiros
contatos, é algo que vai sendo superado em pouco tempo. O professor fala
normalmente, como um nativo, o que faz com que o aprendiz já habitue seu
ouvido ao ritmo da língua.

Agora que você já sabe o que é este método, vamos refletir um pouco
sobre ele? Come with us!

2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIRECT METHOD


Como todo bom método de ensino, o Direct Method possui suas vantagens
e desvantagens. Embora tenha mais vantagens do que desvantagens, citaremos as
principais para que você possa avaliar e ver qual é o método que mais se adéqua
às necessidades suas e de seus alunos! Let’s go!

Como vantagens podemos citar especialmente o fato de que ele ajuda o


aprendiz a superar seu medo de falar na língua que está aprendendo. Por ser
um ambiente direcionado, no qual o professor faz as perguntas e estas devem
ser respondidas, o aprendiz não tem outra saída se não responder o que foi
perguntado. Mesmo que ele responda de maneira incorreta, estará falando o
idioma e, no momento oportuno, ele será direcionado a responder corretamente.

Mais uma vantagem que pode ser citada é que, de acordo com pesquisas
realizadas, o aluno que é inserido em ambientes nos quais o Direct Method é
trabalhado aprende mais rápido. Isso porque este tipo de situação simula um
ambiente real da língua estrangeira.

Como desvantagens citamos a dificuldade de implantação em escolas


com maior número de alunos. Quando há menos, este método é eficaz, porém,
quando se trata de salas de aula com maior quantidade de alunos, este método
não é efetivo, haja vista a dificuldade de possibilitar a participação de todos.

Vamos às regras básicas do Direct Method a partir do princípio do que


nunca devemos fazer quando utilizamos este método:

Never translate: demonstrate


Never make a speech: ask questions
Never explain: act
Never imitate mistakes: correct
Never speak with single words: use sentences
Never speak too much: make students speak much
Never be impatient: take it easy

127
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

Never use the book: use your lesson plan


Never jump around: follow your plan
Never go too fast: keep the pace of the student
Never speak too slowly: speak normally
Never speak too quickly: speak naturally
Never speak too loudly: speak naturally

FONTE: Disponível em: <http://www2.vobs.at/ludescher/alternative%20methods/direct_method.


htm>. Acesso em: 19 set. 2017.

E então, acadêmico, você gostou da aplicação deste método? Analisou


quais são suas vantagens e desvantagens? Agora, elencaremos algumas atividades
que podem ser aplicadas a partir do Direct Method. Vamos a elas?

2.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO DIRECT


METHOD
Há algumas atividades que podem ser feitas ao longo do processo de
aprendizagem de língua inglesa que podem ser encaixadas no Direct Method.
Dentre as principais, listaremos algumas a seguir:

Situações-Problema: nesta atividade, o professor fala um pouco sobre um


tema escolhido por ele que possa ser debatido com os alunos. Por exemplo, fala
sobre a política no Brasil. Após, ele começa fazendo perguntas mais direcionadas
sobre o tema, como: de que maneira você resolveria esta situação? Qual seu
posicionamento sobre o tema? De que forma você lidaria com isso? Pode ser
utilizado também um texto para leitura prévia e, em seguida, perguntas são feitas
acerca do texto.

DICAS

O professor deve, sempre antes de iniciar as questões, fazer uma repetição do


vocabulário com os alunos para que estes não tenham nenhuma dúvida.

Entrevista: a entrevista também é uma das atividades comuns quando se


fala em Direct Method. O professor conduz as perguntas acerca da vida pessoal
ou profissional do aprendiz e vai respondendo conforme seu conhecimento. Esta
é uma situação interessante, pois pode-se iniciar com o nível básico de perguntas
(aquelas que permitem somente um tipo de resposta) e, conforme o aprendiz for
se soltando, o professor pode conduzi-lo a responder perguntas de nível mais
complexo (aquelas que podem ter respostas mais variadas).

128
TÓPICO 1 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

Veja um exemplo de roteiro de entrevista que pode ser utilizado em um


ambiente de imersão na língua:

- What’s your name?


- Where do you live?
- Do you live alone?
- Talk about your house.
- Where do you work?
- Do you like your job?
- Do you intend to go to University?
- Talk about your family.
- What’s your hobby?
- Do you have pets? Talk about them/it.
- What’s your favorite TV program?
- Do you remember the last time you travelled?
- Talk about the trip.
- What don’t you like to do?
- Talk about your fears.

Muitas outras perguntas podem ser acrescentadas de acordo com o


andamento da conversa. Observe que algumas das respostas podem ter como
contestação apenas yes ou no. Neste caso, cabe ao professor conduzir a conversa
para não deixar que ela morra.

DICAS

É importante que o professor sempre tenha um plano B, ou seja, perguntas


de níveis mais fáceis ou mais difíceis para o caso de ter que adequar a entrevista ao nível
do aluno. É sempre bom ter o roteiro em mãos e não deixar para criar as perguntas na hora.

Agora que você já conhece algumas das principais atividades que podem
ser desenvolvidas a partir do Direct Method, vamos conhecer mais um dos métodos
bastante conhecidos (e utilizados) para o ensino de língua inglesa mundo afora?
So, come with us again!

129
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

3 GRAMMAR TRANSLATION METHOD


FIGURA 19 – LET’S TRANSLATE!

FONTE: Disponível em: <http://www.mundojp.com/dicas-que-podem-te-auxiliar-


traduzir-o-japones/>. Acesso em: 20 set. 2017.

Quem nunca, seja na infância ou atualmente, se pegou traduzindo alguma


música ou texto literalmente? O Grammar Translation Method, de acordo com
Rhalmi (2009), aborda a língua estrangeira como material para tradução, apenas.
A comunicação oral, por exemplo, não é foco deste método, mas sim a leitura.

A avaliação, quando este método é empregado, é a tradução literal.


Este método não abre a possibilidade de uma comunicação mais livre, pois a
gramática é cobrada à risca, assim como o vocabulário, expressions e outras regras
gramaticais.

No Grammar Translation Method não existe muita interação por parte do


aluno, pois a maior parte da aula é dada pelo professor, sem a possibilidade de
que o aluno participe ativamente. Isso porque o objetivo da aula é justamente
fazer com que o aluno compreenda as regras para que, em seguida, consiga
aplicá-las em métodos de tradução (RHALMI, 2009).

Você deve estar se perguntando como este método surgiu, não é mesmo?
Vamos a uma breve explicação da história deste método. Há mais ou menos
500 anos, o latim era muito utilizado na comunicação, para pregar a religião e
para governar. No século XVI, entretanto, o italiano, o inglês e o francês também
entraram no rol de línguas importantes para a comunicação mundial e foram, aos
poucos, substituindo o latim.

Desta maneira, o latim acabou passando de língua em uso para língua


morta. Saber latim era ter status intelectual, mas como não era mais uma língua
usada, passou a ter que ser aprendida. De acordo com Rhalmi (2009), saber falar
latim era uma forma de demonstrar que a pessoa era estudiosa.

Assim, a maneira pela qual eles passaram a aprender o latim foi


traduzindo textos clássicos. Surgiu aí o Grammar Translation Method. Este método
focava especificamente a leitura e a escrita, e não mais a comunicação, pois não
era necessária.
130
TÓPICO 1 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

Com o passar dos anos, as pessoas foram notando que aprender outras
línguas – não só as línguas mortas – também era importante. Então, decidiram
aplicar o método para o ensino de outras línguas. Porém, esqueceram que estas
línguas estão vivas, e que é necessário aprender também a comunicação delas.

Assim, temos o Grammar Translation Method conhecido e aplicado até hoje


em muitas escolas (inclusive cursos) que trabalham com o ensino e aprendizagem
de uma língua estrangeira.

Por este motivo, conforme já explicamos, o foco não é a oralidade, mas


sim a escrita, porque as línguas mortas eram predominantemente encontradas
em pergaminhos, livros e escrituras antigos. Para eles, conhecer estas línguas
desenvolvia a disciplina mental, que era essencial para os poderes da mente.

O material mais predominante no ensino destas línguas a partir do


Grammar Translation Method era a literatura clássica grega e romana. Já deu para
entender do que se trata, não é mesmo? Com base em Brown (2006), preparamos
uma lista de características deste método. Let’s see them!

• Uso da língua materna.


• Densas explicações sobre gramática.
• Vocabulário ensinado a partir de listas de palavras.
• Foco na morfologia e na sintaxe.
• Exercícios predominantes de tradução.
• Contato com textos densos desde o início, sem nivelamento.
• Exercícios de tradução de língua materna para a língua-alvo e vice-versa.

Em algumas escolas atuais, o Grammar Translation Method ainda é utilizado,


embora saibamos que seu objetivo mudou (não é mais utilizado para ensinar
línguas mortas). Agora, ele é utilizado para o ensino de línguas estrangeiras em
uso. Vamos conhecer quais são as vantagens e desvantagens do ensino a partir
deste método?

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRAMMAR TRANSLATION


METHOD
A tradução é e sempre será, de alguma maneira, utilizada quando se está
no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira. Nos tempos
atuais, há muitas teorias que comprovam que este método não é eficaz quando
utilizado sozinho. Porém, quando utilizado em conjunto com outros métodos,
pode sim auxiliar no aprendizado.

Como vantagens, podemos citar as seguintes:

131
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

• A tradução é uma das melhores maneiras de explicar os significados das frases


e palavras sem precisar de muita repetição para isso.
• Os aprendizes, neste caso, podem ter menos dificuldades em aprender as
regras, já que estas são repassadas na língua materna. Isso porque, diferente do
Direct Method, o Grammar Translation Method permite o uso da língua materna
durante a explicação das regras da língua que está sendo aprendida.

Já como desvantagens, podemos citar os seguintes fatos:

• Há pouca atenção para a comunicação na língua. O foco é na escrita e na leitura.


• É considerado um método bom para ensinar sobre a língua, mas não para
ensinar a língua.
• A tradução é por vezes considerada maçante, ou seja, o aluno pode cansar de
traduzir repetidamente e pode perder o interesse pelo aprendizado.
• A criatividade e a espontaneidade são de certa maneira podadas neste método
de ensino e aprendizagem.

Acadêmico, como se pode perceber, neste método há mais desvantagens


do que vantagens, por este motivo, professores e tutores acabaram por optar por
outros métodos de ensino ou atividades complementares para suprir as falhas ou
as ausências deixadas pelo Grammar Translation Method. Observe a tira a seguir:

FIGURA 20 – CALVIN E O ENSINO

FONTE: Disponível em: <https://mundodesalienado.wordpress.com/2015/03/26/o-


autoritarismo-na-educacao-por-que-nao-formamos-mais-pensadores/>. Acesso em: 1º
out. 2017.

O Grammar Translation Method é um método que, embora possa ter suas


vantagens, acaba, por vezes, podando a criatividade dos alunos, como mostra a
crítica de Calvin. Veremos mais adiante quais são as desvantagens do método, e
você perceberá que, embora ele seja em alguns casos eficaz, em outros, ele pode
ser não tão bom assim.

Mesmo sendo por muito tempo considerado um método, atualmente


é visto como ineficaz se aplicado sozinho, mas podemos sim afirmar que para
muitos alunos ainda é o mais eficaz. Vamos saber o porquê?

132
TÓPICO 1 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

De acordo com Rhalmi (2009), o método, embora não pareça ser motivador
para quem está aprendendo a língua, apresenta inúmeras vantagens e não deve
ser de todo desconsiderado. Por exemplo, neste método a leitura é aprendida de
maneira mais eficaz do que no Direct Method, por exemplo, e sabemos muito bem
que quando lemos, aprendemos muito vocabulário.

3.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO GRAMMAR


TRANSLATION METHOD
Como atividades de Grammar Translation Method temos basicamente as
que envolvem a tradução.

Tradução de textos: esta atividade pressupõe que o professor converse


previamente com seus alunos acerca de algum tema específico e, em seguida,
entregue a eles um texto especificamente escolhido para que eles o traduzam.
Para esta tradução, dependendo do nível de inglês dos alunos, pode ser usado o
dicionário (eletrônico ou de papel). Em seguida, é feita a correção desta tradução
e as dúvidas com relação ao vocabulário e à estrutura gramatical são sanadas.

Tradução de frases a partir de imagens: esta atividade é direcionada para


aprendizes que estão em fase inicial de aprendizagem. O professor conversa com
seus alunos acerca de um determinado tema e, em seguida, entrega a eles frases
relacionadas a imagens e os alunos devem traduzi-las. Após, é feita a correção
das frases.

4 AUDIOLINGUAL METHOD
O método audiolingual, ou Audiolingual Method, foi criado a partir da
ideologia behaviorista. Neste método, o aprendizado da linguagem ocorre a
partir da formação de novos hábitos na língua que está sendo aprendida. Assim,
a partir da superação dos hábitos da língua materna, o idioma é internalizado
(LEFFA, 1988).

Quando e por que este método foi desenvolvido? Sua história é um tanto
quanto curiosa. De acordo com Leffa (2017), o Audiolingual Method surgiu durante
a Segunda Guerra Mundial. Isso porque, naquele período, o exército dos Estados
Unidos precisava de soldados que falassem várias línguas e teve dificuldade em
encontrar.

Assim, a solução foi transformar os soldados em falantes o quanto antes.


Para que a missão tivesse sucesso, foram contratadas pessoas nativas da língua
que se queria aprender e os soldados aprendizes passavam em torno de nove
horas por dia em contato com elas, durante aproximadamente seis meses.

133
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

O método usado pelo exército logo ficou conhecido por várias


universidades, que se interessaram por ele, rejeitando, assim, o Método Direto.
Após, as universidades e escolas de ensino básico passaram a adotá-lo, o que
aumentou, de acordo com Leffa (1988), o número de alunos. O método foi, aos
poucos, sendo mais estudado e refinado e tornou-se o que hoje conhecemos como
Audiolingual Method.

A base para o aprendizado no Audiolingual Method é o diálogo. Sendo


apresentados de maneira estrutural, os diálogos iniciais são trabalhados de modo
a estimular a memorização e a repetição. Após esta etapa, a fixação de conteúdos
e de vocabulário é conduzida a partir de exercícios.

OUVIR – RESPONDER
OUVIR – REPETIR
OUVIR – ARGUMENTAR

A figura a seguir representa a linha do tempo do Audiolingual Methode,


observe quando ele foi utilizado:

134
TÓPICO 1 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

FIGURA 21 – LINHA DO TEMPO DOS MÉTODOS DE ENSINO

135
FONTE: Disponível em: <http://www.tjtaylor.net/Images/teaching-methods-timeline-large.png>.
Acesso em: 28 out. 2017.
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

A linha tracejada indica o momento no qual o Audiolingual Method foi usado


em regiões específicas e por determinadas classes de pessoas. A linha contínua
indica o momento no qual este método foi usado amplamente pela população em
geral e em quase todas as regiões.

O Audiolingual Method é considerado um método parecido com o Direct


Method, pois a lição ou aula ocorre somente na língua-alvo. O objetivo deste
método é adquirir a padronização da língua a partir de diálogos comuns e diários.
Portanto, se você não gosta de conversar (e muito!), este não é o método mais
indicado para você.

Este método não objetiva aprender palavras soltas, mas sim adquirir as
estruturas necessárias para que a compreensão possa ocorrer por contextualização
e automaticamente. A repetição dos diálogos ocorre até que o professor perceba
que as respostas dos alunos já sejam automáticas.

Vamos às características, elencadas em tópicos!

• O vocabulário é ensinado por contexto.


• Recursos audiovisuais são comumente utilizados.
• Há bastante foco na pronúncia e na entonação.
• Frases são memorizadas.
• Explicações gramaticais ocorrem raramente, somente quando muito necessário.
• Os erros são corrigidos imediatamente e com reforços positivos.

Por ser fundado na teoria behaviorista, a cada resposta positiva há


estímulo e reforço por premiação, por exemplo. Neste método aborda-se a
gramática explícita. Veremos agora quais são as vantagens e desvantagens do uso
desse método. Come with us and learn more!

4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUDIOLINGUAL METHOD


Leffa (1988) nos traz algumas premissas do método. Vamos conhecer
quais são elas?

A língua é fala, não escrita

Esta ideia traz a ênfase na oralidade. Para os adeptos do método, ensinar


a ler a língua não era ensinar a língua de fato. Esta premissa tem como impacto
o fato de que o aluno deve primeiramente ouvir a língua para depois aprender
a escrever e ler, como ocorre na nossa língua materna. Portanto, para aprender
a escrever, o aluno precisaria estar muito bem adaptado às estruturas da língua.

Por considerar-se que a escrita precoce prejudicava a pronúncia, o diálogo


foi um recurso utilizado e considerado ideal para o ensino da língua, pois
representava a língua de maneira real no dia a dia.

136
TÓPICO 1 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 1

Língua é conjunto de hábitos

Por ter sido, conforme já explicado, criado a partir das ideias behavioristas,
defendia-se que a língua era adquirida a partir de condicionamento (estímulo e
resposta). As respostas que eram corretas, portanto, deveriam ser reforçadas pelo
professor positivamente.

O erro deveria ser evitado ao máximo. O ensino era então feito aos poucos,
passo a passo. As estruturas da língua eram, uma a uma, apresentadas a partir
de diálogos, até que ocorresse a automatização delas. Assim que isso ocorria,
passava-se para o próximo passo.

Deve-se ensinar a língua, não sobre ela

Aprender a partir da prática sempre foi muito enfatizado no Audiolingual


Method. Fornecer as explicações de regras e/ou vocabulário era considerado
ineficaz. As perguntas sobre a língua eram evitadas e defendia-se que a língua é
o que se faz dela, e não o que alguém diz que deve ser feito.

Línguas não são iguais

Para o Audiolingual Method, a língua deve ser ensinada a partir da sua


própria estrutura, não baseado na língua materna. O sistema fonético, fonológico
e estrutural de cada língua é, de acordo com este método, único.

Acadêmico, vamos, agora, resumir o que aprendemos até agora? So, come
with us!

• O professor é o mestre da orquestra: no Audiolingual Method o professor controla


e direciona a linguagem para os aprendizes. Ele deve proporcionar aos que o
ouvem um modelo a ser imitado. De acordo com Larsen-Freeman (2010, p. 45),
“os alunos imitam o professor e respondem a ele o mais rápido possível”.
• A interação entre professor e aluno ocorre quando o aluno não segue o
direcionamento dado pelo professor no diálogo. A interação é iniciada pelo
professor, que deve corrigir e redirecionar a conversa.
• A correção dos erros ocorre sempre que eles forem cometidos, e caso o aluno
não consiga responder o que o professor está pedindo, este deve encontrar
outra maneira de levar o aluno à resposta.

Atualmente, o método ainda é muito utilizado. Normalmente, é aplicado


como reforço ou como atividade de apoio, mas nunca unicamente como a forma
global do ensino. As lições trabalhadas neste método não são consideradas
difíceis e vão aumentando o nível gradativamente. Alguns métodos famosos,
como o Calan e o Shenker, são baseados no Audiolingual Method.

Assim, como vantagens podemos citar o rápido aprendizado das estruturas


da língua sem que necessariamente seja preciso parar o que está sendo ensinado

137
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

para trabalhar regras ou vocabulário. Também é considerado um método mais


dinâmico do que o Grammar Translation Method, por exemplo.

Agora que já falamos um pouco sobre as vantagens do método, vamos


falar um pouco das desvantagens dele. Recentemente, uma pesquisa mostrou
que a língua não é aprendida em sua totalidade unicamente utilizando a
mudança de hábitos. Os erros não são necessariamente ruins. O Audiolingual
Method é duramente rigoroso quanto a erros, sendo que, quando ocorrem, são
imediatamente corrigidos.

Vamos agora conhecer algumas atividades que são aplicadas utilizando o


Audiolingual Method. You are learning a lot! Don’t stop reading!

4.2 SUGESTÃO DE ATIVIDADE UTILIZANDO AUDIOLINGUAL


METHOD
Para este método, é comum que haja muitas dúvidas no início da atividade.
Como a base são os diálogos, as atividades que são desenvolvidas no Audiolingual
Method são basicamente preparadas nesta estrutura.

Uma sugestão de atividade seria o professor apresentar aos alunos vários


diálogos (todos na mesma estrutura) e lê-los repetidamente. Em seguida, o professor
faz as perguntas, direcionando o diálogo, e os alunos respondem de acordo com a
estrutura apresentada no diálogo que fora anteriormente apresentado.

Estas atividades são basicamente orais, portanto não devem ser aplicadas
durante toda uma aula, por exemplo, mas sim como um complemento para ela.
O aluno deve memorizar a estrutura que a ele foi apresentada e, em seguida,
utilizar a base para elaborar suas próprias respostas ao professor.

DICAS

Acesse o link <https://www.conversation.com.br/20-metodos-para-aprender-


ingles/> e conheça os 20 métodos mais comuns para aprender inglês. Não deixe de praticar,
afinal, quanto mais estudo, maior seu aprendizado! Enjoy your journey!

Caro acadêmico, agora que você já conhece mais alguns dos principais
métodos de ensino de língua inglesa, vamos para o próximo tópico, no qual você
conhecerá ainda mais métodos. Esperamos que a partir deles você possa analisar
sobre a língua que lecionará e adequar suas aulas conforme a necessidade real
dos seus alunos. Lembre-se: seu sucesso depende de você. See you soon!
138
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• Aprender uma segunda língua não é tão fácil quanto parece, mas também não
se pode afirmar que é uma atividade impossível de ser realizada.

• Existem inúmeros métodos que podem ser utilizados para o ensino da língua e
estes devem ser avaliados de acordo com as necessidades e avanços da turma.

• Os objetivos que se pretende alcançar também devem ser observados antes de


escolher o método.

• O Direct Method utiliza a fala como base para o raciocínio acerca da língua.

• As perguntas e respostas são muito utilizadas no Direct Method.

• Direct Method é considerado um método que ajuda o aprendiz a perder o medo


de utilizar a língua.

• Pesquisas apontam que o Direct Method é um dos métodos a partir dos quais a
pessoa aprende mais rapidamente.

• O Grammar Translation Method consiste em pura tradução de textos literários.


Este método possui um enfoque muito forte na gramática da língua.

• No método Grammar Translation Method o aluno não participa ativamente da


aula, pois o objetivo é justamente fazer com que ele compreenda as regras para
que, em seguida, consiga aplicá-las em métodos de tradução.

• O Audiolingual Method parte dos pressupostos behavioristas, portanto, o


estímulo resposta é muito presente.

• A base para o aprendizado no Audiolingual Method é o diálogo. Sendo


apresentados de maneira estrutural, os diálogos iniciais são trabalhados de
maneira a estimular a memorização e a repetição. Após esta etapa, a fixação de
conteúdos e de vocabulário é conduzida a partir de exercícios.

• O Audiolingual Method é considerado um método parecido com o Direct Method,


pois a lição ou aula ocorre somente na língua-alvo.

139
AUTOATIVIDADE

1 O Grammar Translation Method, método estudado neste tópico, apresenta


algumas características bem particulares. Analise as sentenças a seguir
e marque V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s) de acordo com o
método em questão.

( ) O Grammar Translation Method não é eficaz para o ensino de pessoas adultas


em nenhuma ocasião.
( ) O Grammar Translation Method consiste em pura tradução de textos literários.
Este método possui um enfoque muito forte na gramática da língua.
( ) No Grammar Translation Method o aluno não participa ativamente da aula,
pois objetiva-se que ele saiba as regras por escrito.
( ) No Grammar Translation Method o foco é a oralidade.

Agora, assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:


a) ( ) V – F – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) V – F – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.

2 Quando falamos em aprender uma segunda língua, devemos saber que


dificuldades surgirão, e que o professor deve estar preparado para saber
quais métodos utilizar dependendo da turma para a qual lecionará. Neste
tópico, estudamos o Direct Method. Com base no que foi aprendido, analise
as sentenças a seguir:

I- O Direct Method utiliza a fala como base para o raciocínio acerca da língua.
II- As perguntas e respostas não são uma atividade coerente com os princípios
do Direct Method.
III- O Direct Method não é considerado um método que ajuda o aprendiz a
perder o medo de utilizar a língua.
IV- O Direct Method é um dos métodos a partir dos quais a pessoa aprende mais
rapidamente.

Agora, assinale a alternativa correta:


a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

3 Muitos são os métodos para aprender e ensinar a língua inglesa. Eles devem
ser avaliados de acordo com as necessidades e avanços da turma. Acerca do
Audiolingual Method, assinale a alternativa correta:

140
a) O Audiolingual Method parte dos pressupostos behavioristas, portanto, o
estímulo resposta é muito presente.
b) A base para o aprendizado no Audiolingual Method é a tradução de textos.
Isso porque este método visa ensinar a estrutura da língua ao aprendiz.
c) O Audiolingual Method e o Direct Method são o mesmo método.
d) Não se usa mais o Audiolingual Method nos dias atuais. Ele é considerado um
método fora de uso.

141
142
UNIDADE 3
TÓPICO 2

MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

1 INTRODUÇÃO
Os métodos de ensino de língua inglesa, conforme já mencionamos, foram
muito importantes para os avanços do ensino. Hoje, temos muitas técnicas que
foram baseadas nos métodos que antigamente eram amplamente difundidos,
mas é claro que sabemos que muitos avanços ocorreram.

É muito interessante também para você, futuro professor, saber como eles
surgiram, pois percebe-se a partir disso que cada um deles apareceu com uma
determinada finalidade e por um determinado motivo.

Hoje, após tantos estudos e tantas mudanças (para melhor, é claro),


é gratificante poder escolher qual método abordar em sala de aula a partir
dos objetivos que pretendemos alcançar com nossos alunos. Portanto, neste
tópico, abordaremos mais três importantes métodos de ensino: The Silent Way,
Suggestopedia e Total Phisical Response. Você está pronto? So, come with us!

2 THE SILENT WAY


Caro acadêmico, estamos cá novamente para aprender acerca de mais um
interessante método de aprendizado: The Silent Way. Observe a imagem a seguir:

143
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

FIGURA 22 – THE SILENT WAY

FONTE: Disponível em: <https://www.slideshare.net/amernajmi/the-silent-way-


approach>. Acesso em: 20 set. 2017.

A frase, atribuída a Benjamin Franklin, diz o seguinte: Tell me and I forget,


teach me and I remember, Involve me and I learn. A tradução: Diga-me e eu esquecerei,
ensina-me e eu lembrarei, envolva-me e eu aprenderei, resume a proposta do
Silent Way. Este método visa envolver os seus aprendizes.

The Silent Way foi criado por Caleb Gattegno quando, no início da década
de 1970, os alunos precisavam ter independência e responsabilidade. Nesta época,
descobrir o aprendizado era forte, e os alunos precisavam ser independentes.

Como as aulas eram apresentadas, então? O conteúdo, geralmente, era


exposto em cartazes coloridos e o professor não explicava o que deveria ser feito
ou de que maneira era feito. Os alunos tinham que, sozinhos, aprender, fazer seus
apontamentos e discutir entre si na língua que estava sendo aprendida.

O método The Silent Way foi baseado em teorias cognitivas, portanto


caracterizou-se como uma abordagem que visa solucionar problemas a partir do
raciocínio.

De acordo com Richards e Rodgers (1986), é através do raciocínio que


as pessoas descobrem e produzem as regras da língua que estão aprendendo.
Os sentimentos, pensamentos e a percepção dos alunos são levados muito em
consideração, por isso, eles necessitam da autoconfiança.

O professor, através do silêncio, incita a percepção do aluno para que ele


raciocine, pois para este método é o aluno que constrói seu aprendizado. Você
deve estar se perguntando: como através do silêncio?

144
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

A resposta é simples: o professor faz silêncio, ou seja, não dá as respostas


que os alunos precisam, mas sim, os instiga a buscar estas respostas por si
próprios. Alguns apoios para este método são os sinais e plaquetas com cores,
que representam palavras ou expressões.

Richards e Rodgers (1986) afirmam que o professor, neste método, deve


criar certas situações a partir das quais o aluno focalize a atenção na regra,
conduzindo-o a desenvolver sua estrutura. Assim, listening, writting, reading e
speaking são desenvolvidas e reforçadas mutuamente.

Richard e Rodgers (1986) nos trazem algumas considerações acerca do


método, e nós as colocamos em um quadro para que você possa acompanhá-las
de maneira mais efetiva. Let’s go!

No Silent Way, facilita-se o aprendizado porque o próprio aluno acaba


descobrindo ou mesmo criando a regra que está sendo usada. Não ocorre a
simples repetição.

A solução de problemas é colocada em prática quando o próprio aluno


precisa resolver o problema.

Ocorre contínuo acompanhamento por parte do professor.

UNI

Este método contribuiu muito para o estudo do desenvolvimento da construção


da linguagem.

2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SILENT WAY METHOD


Apesar de o método The Silent Way ter sido muito importante para o
aprendizado numa época na qual os alunos precisavam ter autonomia, não foi
um dos métodos que mais durou.

Neste método, acreditava-se que o silêncio ajudava o aluno a concentrar-


se no que estava sendo aprendido, portanto, o professor falava muito pouco para
incentivar o aluno a falar muito.

Como vantagens do método, podemos citar:

145
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

• Autonomia: o aluno, a partir do conteúdo que era exposto pelo professor,


desenvolvia a autonomia, pois era necessário fazer com que ele sozinho ou com
pouquíssima ajuda criasse seu método para compreender a regra e internalizá-
la.
• Construção do conhecimento: o aluno desenvolvia, a partir do que era exposto
em cartazes, suas próprias conclusões para explicar as regras que estavam ali
expostas.

Como desvantagens do método, podemos citar as seguintes:

• Dúvidas: os alunos, quando não compreendiam a regra em seu funcionamento,


acabavam ficando, por vezes, com dúvidas com relação ao assunto, pois não
havia explicação para aquele determinado conteúdo.
• Insegurança: os alunos, por serem aprendizes, muitas vezes não ficavam à
vontade em falar a língua-alvo, pois sentiam-se inseguros para fazê-lo, já que a
pronúncia e a fala eram pouco praticadas neste método.

2.2 SUGESTÃO DE ATIVIDADE UTILIZANDO SILENT WAY


METHOD
O método The SiIent Way não era um método no qual usavam-se atividades
específicas para o ensino. Isso porque o conteúdo era dado aos alunos e o professor
apenas observava qual seria o caminho que eles percorreriam para chegar à regra
em si.

Vamos a um exemplo de ação que era feita para, por exemplo, ensinar o
Verb To Be: o professor apresentava aos alunos um cartaz (ou vários) com frases
escritas utilizando o Verb To Be. A partir da observação destas frases expostas, os
alunos deveriam verificar a recorrência de determinadas situações e, em seguida,
construir a regra. Por exemplo: todas as vezes que aparecia o He ou o She, usava-
se o IS. Portanto, esta é uma das regras do Verb To Be.

3 SUGGESTOPEDIA
O Suggestopedia é um método que faz com que o aluno aprenda a língua-
alvo a partir de um estado de relaxamento intenso. Geralmente, nestas aulas há a
presença de música e o ambiente é o principal fator a ser observado.

Como será que este método surgiu? De acordo com Rhalmi (2009), o
Suggestopedia foi um método que surgiu a partir da teoria de que a mente armazena
mais informações se exposta a um ambiente relaxante e favorável. Esta teoria é do
psicólogo Georgil Lozanov, que criou um método para relaxar a mente a partir da
música barroca e, assim, potencializar o aprendizado.

146
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

Durante estas aulas, ele trabalhava variadas atividades, inclusive as


voltadas ao vocabulário e leitura. As atividades eram realizadas em locais
confortáveis, como poltronas, para que realmente o aluno se sentisse relaxado
para o processo de aprender.

3.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O SUGGESTOPEDIA METHOD


FIGURA 23 - ESTUDE TRANQUILAMENTE

FONTE: Disponível em: <http://interesnoje.ru/zanyat-rebenka-10-14-let-chteniem-


knig-rekomenduemaya-literatura/>. Acesso em: 10 set. 2017.

Para este método não há muito segredo. Como em todos os casos,


há vantagens e desvantagens para ele, mas neste subtópico focaremos nas
características que fazem com que esse método seja tão peculiar. Let’s know
them?

Na Suggestopedia, os alunos, mesmo que adultos, comportam-se como


crianças em estágio de aprendizagem (LEFFA, 1988). O professor é a autoridade
que precisa ser respeitada e é ele quem dá as ordens.

Todas as aulas que são baseadas no método Suggestopedia são


acompanhadas por música, portanto, os alunos ficam em silêncio, ouvindo os
sons até atingirem estado de relaxamento. Quando o professor julgar que está na
hora de começar a aula, ele passa as instruções.

Neste método, não há material cem por cento na língua-alvo. Todos os


textos apresentados aos alunos são traduzidos na língua materna do aluno e não
existe lição de casa quando este método é utilizado.

147
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

O que deve sempre ser levado em consideração neste método é o


ambiente no qual o aluno está inserido. O ensino deve estar associado ao estado
de relaxamento, ou seja, o aluno não deve sentir-se tenso ou desconfortável para
aprender.

A confiança no professor também é um quesito que deve ser levado


em consideração. O professor é visto como aquele que estimula a criatividade
do aluno e, segundo Leffa (1988), ele somente consegue agir se o aluno confia
plenamente nele. Os sentimentos são sempre levados em consideração, pois são
fundamentais para a ativação do cérebro.

O visual também é estimulado a partir da exposição de cartazes, por


exemplo, com as regras que estão sendo estudadas. De tempos em tempos, estes
cartazes são trocados para que os estímulos externos também auxiliem o aluno a
aprender. Observe a imagem que define o que a Suggestopedia propõe:

FIGURA 24 – CLASSROOM SET-UP

FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/Asmaramadhani/suggestopedia-method-


of-teaching>. Acesso em: 20 set. 2017.

148
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

3.2 SUGESTÕES DE COMO TRABALHAR O SUGGESTOPEDIA


METHOD
Para este método, as atividades são bastante variadas. Existem muitas
maneiras de se trabalhar a oralidade, a escrita, a leitura e a compreensão, mas o
que realmente importa, neste caso, é o preparo do ambiente.

Vejamos quais são as principais dicas para o preparo do ambiente a partir


do método Suggestopedia?

• Deve haver música relaxante que estimule a mente do aluno.


• O professor poderá preparar a sala de aula de acordo com o tema que será
estudado, por exemplo, se o tema são os animais, a sala poderá ser decorada
com esta temática. Importante lembrar que a temática deve ser trocada de
tempos em tempos para que o aluno não acostume com a imagem. Lembre-se
de que o ambiente externo estimula o aprendizado.
• Deve haver um lugar para que os alunos possam relaxar, como pufes, poltronas,
sofás e ambientes que deixem o aluno livre para circular e pensar. As carteiras
são importantes, mas devem ser apenas para que o aluno tenha um apoio. A
sala não pode deixar o aluno tenso.

FIGURA 25 – RESUMO DO MÉTODO

FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/juankmg/suggestopedia-ppt-jc-maureira-javier-


castro>. Acesso em: 1º out. 2017.

149
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

Agora que você já conhece um pouco mais acerca do Suggestopedia, vamos


conhecer mais um dos métodos de ensino e aprendizagem da língua inglesa?
Estamos quase lá! Don’t give up! Go ahead.

4 TOTAL PHYSICAL RESPONSE


Acadêmico, você deve estar se perguntando quantos métodos existem
para que se aprenda a língua inglesa, não é mesmo? Também já deve ter percebido
que cada um deles apresenta suas características e que nem todos os métodos são
adequados a todos os tipos de pessoas.

A partir de agora, aprenderemos um pouco sobre o Total Physical Response,


cujo movimento corporal é a chave para o aprendizado. De acordo com Asher
(1968), este método preza pelo aprendizado prazeroso da língua.

O estudante deve aprender a língua de maneira prazerosa, portanto,


trabalha-se com atividades engraçadas e divertidas, que usam muito o movimento
corporal como complemento. Os comandos são muito utilizados também, para
que haja a compreensão de determinados conteúdos.

No caso do uso dos comandos, quando o aluno aprendeu determinado


assunto, ele passa a ter que demonstrá-lo ao restante da turma. Após dominar
vários destes comandos, eles passam a escrevê-los e, por fim, a falá-los e, assim,
dar estes mesmos comandos a outros alunos.

Desta maneira, o professor estimula o listening através dos comandos, os


alunos compreendem e, em seguida, praticam o speaking. Por exemplo, o professor
diz: Sit down! E faz o movimento de sentar-se. Após o aluno compreender o
movimento e obedecer ao comando, ele o repete aos demais colegas (ASHER,
1968).

Ainda de acordo com o autor, a compreensão sempre vem antes da fala,


e em muitos casos ela ocorre até um ano depois. Para os autores que defendem
o Total Physical Response, o listening e o comprehension são primordiais no
aprendizado da língua.

4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE O TOTAL PHYSICAL


RESPONSE METHOD
Aqui, faremos uma análise dos prós e contras da aplicação deste método
para o aprendizado da língua inglesa. Lembre-se de que não estamos tratando de
um manual, mas sim de um livro que o levará a analisar todas as possibilidades.

150
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

Para muitos alunos, as aulas de língua inglesa passam a ser difíceis e


entediantes pelo fato de eles escreverem, lerem e até mesmo falarem antes de
compreender. Um dos prós do uso do Total Physical Response é justamente o fato
de que o aluno é levado a, antes de qualquer coisa, compreender. Forçar o aluno
a falar ou escrever o que ele não compreende não é didaticamente eficaz, pois
desencoraja o aluno.

Outra vantagem do uso do Total Physical Response é o fato de ele fazer com
que o aprendizado seja mais parecido com a maneira natural de aprender: ouvir
para compreender e compreender para falar. Se você analisar, é basicamente
assim que aprendemos nossa língua materna: pense em uma criança. Ela ouve as
pessoas falarem, passa a compreender o que está sendo dito e finalmente começa
a proferir suas primeiras palavras.

De acordo com Scott e Ytreberg (2011), quando uma criança está


aprendendo, o listening é a junção do ouvir com o compreender, e esta habilidade
é a primeira que é adquirida. Para os autores, o estímulo ambiental ajuda muito
no processo de aprendizagem da segunda língua, portanto, o papel do professor
aqui é fundamental.

Quanto maior for o estímulo auditivo do aluno nas aulas de língua inglesa,
maior será o aprendizado dela. De acordo com Scott e Ytreberg (2011, p. 31),
“quanto mais eles ouvem, mais capazes são de falar e escrever”. Assim, podemos
afirmar que a leitura, a escrita e especialmente a fala só são desenvolvidas quando
a criança se sente preparada para tal, ou seja, após muito ouvir.

A língua somente é aprendida quando a compreendemos, por este motivo


o Total Physical Response é um método cuja principal vantagem está no fato de que
o aprendiz somente é exposto a ler e escrever quando se sente capaz para tal.

Atualmente, muitos professores de educação básica e de cursos utilizam


as atividades de listening como recurso para desenvolver a compreensão dos
estudantes. Isso é muito positivo, pois eles reconhecem que o aprendiz, antes
mesmo de desenvolver qualquer outra habilidade, necessita desenvolver a
capacidade auditiva.

Uma das vantagens de utilizar o Total Physical Response é que o professor


comanda a compreensão auditiva a partir de comandos, a partir dos quais os
alunos agem e, a partir desta ação, o professor pode perceber se o aluno está ou
não compreendendo o que foi a ele passado.

A tradução não é muito enfatizada neste método, pois de acordo com


estudos recentes, ela não deve ser excessiva. Também não pode ser considerada
como essencial para o ensino da língua, haja vista a importância da compreensão
para a comunicação.

151
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

Outra vantagem importante deste método é que o professor pode utilizar


o conhecimento prévio do aluno para que ele se sinta estimulado a aprender
ainda mais. Assim, o que ele já sabe, seja com relação à língua ou mesmo de
conhecimentos prévios de ordem geral, acaba sendo utilizado.

Por outro lado, há também desvantagens no método. Uma delas, por


exemplo, é o fato de que o aprendizado da língua a partir dele é mais lento. Os
aprendizes que utilizam este método têm mais dificuldades para desenvolver a
escrita e a leitura, por exemplo. Nesse método, os alunos desenvolvem antes a fala
e isso, por vezes, acaba dificultando o aprendizado da correta grafia das palavras.

O Total Physical Response é, portanto, um método muito eficaz para o


aprendizado da língua, pois ele possibilita um aprendizado rápido no quesito
compreensão e fala, mas escrita e leitura são processos mais demorados.

A tradução, neste método, foge da tradução convencional, pois é


estimulada a partir dos comandos. A efetividade do aprendizado é mais evidente
do que nos outros métodos quando se trata de compreensão auditiva.

Cabe salientar que todos os métodos somente são eficazes quando o


professor planeja previamente suas aulas. Sem o planejamento, nenhum dos
métodos anteriormente mencionados terá eficácia.

Para finalizarmos o método Total Physical Response, vamos relembrar?

• O Total Physical Response foi um método criado por Asher em 1977. Ele afirmava
que aprender a língua deveria estar ligado a atividades físicas, associando esta
aprendizagem à maneira como as crianças aprendem a língua materna.
• Ele estudou o cérebro e reforçou a teoria de que o lado direito é responsável
pelo aprendizado motor e o esquerdo pela aprendizagem da linguagem.
• Esse estudo explicaria, para ele, porque as crianças primeiro ouvem e
respondem com ações, gestos e olhares e apenas depois falam.
• Asher ainda afirmava que aprender a língua traz muita ansiedade, por isso,
alunos e professores devem estar à vontade, em um ambiente confortável e
relaxado.

4.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO TOTAL


PHYSICAL RESPONSE METHOD
Para este método, as atividades desenvolvidas são basicamente as que
propõem o movimento do corpo e os comandos. Como a tradução quase não
existe nesse método, as atividades de mímica são comumente utilizadas. Alguns
exemplos de atividades elaboradas a partir do Total Physical Response:

152
TÓPICO 2 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 2

• Atividades com cartões: o professor pode levar todos os alunos ao pátio e


espalhar cartões com vários comandos pelo pátio. A um sinal sonoro, cada
aluno pega um dos comandos e forma-se uma fila. Cada aluno reproduz o
comando que pegou. Os comandos devem ser, por exemplo, relacionados a
movimentos: Put your hands up, jump three times, sing a song etc.
• O professor poderá formar duplas: cada dupla recebe uma folha com comandos.
De frente um para o outro, um dá o comando e o outro responde. Em seguida,
trocam-se os papéis.
• Big dominó: nesta atividade, o professor trabalhará com peças de dominó
grandes, que possam ser espalhadas pelo pátio. Os alunos deverão escolher
as peças e formarem o jogo do dominó, juntando o comando com sua correta
tradução. Ao final, todos devem responder aos comandos dados nas peças e
repeti-los.

153
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• The Silent Way foi criado por Caleb Gattegno quando, no início da década de
1970, os alunos precisavam ter independência e responsabilidade. Este método
era ensinado a partir de cartazes coloridos e o professor não explicava o que
deveria ser feito ou de que maneira era feito: os alunos tinham que, sozinhos,
aprender, fazer seus apontamentos e discutir entre si na língua que estava
sendo aprendida.

• O método The Silent Way foi baseado em teorias cognitivas, portanto


caracterizou-se como uma abordagem que visa solucionar problemas a partir
do raciocínio.

• O aluno deve perceber sozinho do que se trata o aprendizado, a partir da sua


própria compreensão.

• O papel do professor, no método The Silent Way, é incitar o aluno a chegar às


conclusões sozinho.

• The Silent Way possibilita ao aluno autonomia e construção de conhecimento,


porém, pode deixar o aluno com dúvidas e insegurança.

• O Suggestopedia é um método que faz com que o aluno aprenda a língua-alvo


a partir de um estado de relaxamento intenso. Geralmente, nas aulas há a
presença de música e o ambiente é o principal fator a ser observado.

• Na Suggestopedia os alunos, mesmo que adultos, comportam-se como crianças


em estágio de aprendizagem: o professor é a autoridade que precisa ser
respeitada e é ele quem dá as ordens.

• Total Physical Response é um método no qual os comandos são muito utilizados


também para que haja a compreensão de determinados conteúdos. Este método
ressalta que quanto maior for o estímulo auditivo do aluno nas aulas de língua
inglesa, maior será o aprendizado dela.

• No método Total Physical Response somente se aprende a ler e escrever na


língua-alvo após compreendê-la e falá-la.

154
AUTOATIVIDADE

1 The Silent Way foi um método criado por Caleb Gattegno quando, no início da
década de 1970, os alunos precisavam ter independência e responsabilidade.
Com base nos estudos realizados acerca deste método, analise as sentenças a
seguir e marque V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).

( ) No método The Silent Way utilizam-se inúmeros cartazes e o professor explica


pouco o conteúdo.
( ) O método estimula o aprendizado a partir do raciocínio e da construção das
regras pelo próprio aluno.
( ) No Silent Way, o aluno deve perceber sozinho do que se trata o aprendizado,
a partir da sua própria compreensão.
( ) The Silent Way não é vantajoso, porque faz com que o aluno fique dependente
de outra pessoa para aprender.

Agora, assinale a alternativa correta.


a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – V.
c) ( ) V – V – F – V.
d) ( ) F – V – V – F.

2 O Suggestopedia é um método que faz com que o aluno aprenda a língua-


alvo a partir de um estado de relaxamento intenso. Geralmente, nestas aulas
há a presença de música e o ambiente é o principal fator a ser observado.
Com base no que você aprendeu acerca deste método, analise as sentenças a
seguir:

I- Na Suggestopedia usa-se o método de aprendizado da mesma maneira que


uma criança aprende sua primeira língua.
II- Na Suggestopedia o professor é a autoridade que precisa ser respeitada e é ele
quem dá as ordens.
III- Para trabalhar a partir do método Sugegstopedia deve haver música relaxante
que estimule a mente do aluno.
IV- A Suggestopedia não é recomendada para alunos adultos.

Agora, assinale a alternativa correta:


a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
b) ( ) Todas as sentenças estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
d) ( ) Nenhuma das sentenças está correta.

3 O Total Physical Response é um método no qual os comandos são muito


utilizados também, para que haja a compreensão de determinados conteúdos.
Com base no que foi estudado acerca do método, assinale a alternativa
correta.
155
a) Este método era muito usado no exército, pois os soldados deveriam
aprender rápido.
b) Quanto mais os alunos escreverem, mais rápido aprenderão, de acordo com
o Total Physical Response.
c) O método não é mais utilizado atualmente porque não é considerado eficaz
para o ensino. Sua base é a tradução.
d) Este método ressalta que quanto maior for o estímulo auditivo do aluno nas
aulas de língua inglesa, maior será o aprendizado dela.

156
UNIDADE 3
TÓPICO 3

MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

1 INTRODUÇÃO
Como já estamos estudando nesta última unidade, o ensino de línguas
estrangeiras tem diferentes concepções acerca da linguagem, bem como o modo
como essas línguas podem ser aprendidas e ensinadas.

Em função disso, o ato do ensino e da aprendizagem de línguas estrangeiras


enfrenta julgamentos e questionamentos, tendo em vista a necessidade de se
avaliar e pensar o ensino de maneira mais condizente e contextualizada com a
realidade do estudante, do professor e da escola.

Partindo disso, diferentes metodologias de ensino de línguas têm


evidenciado concepções diferenciadas sobre a linguagem e como esta é aprendida
e ensinada na escola. No contexto do ensino de línguas estrangeiras em sala de
aula, este processo está vinculado a decisões sobre o conteúdo programático e
sua sequência, escolhas, entre outros (LEFFA,1988).

Neste tópico, vamos continuar nossos estudos acerca dos métodos


de ensino. Abordaremos o communicative language teaching method, the lexical
syllabus, immersion, bem como suas implicações e sugestões de atividades em
busca de apresentar e discutir ideias para melhorar a qualidade do ensino e da
aprendizagem na área das línguas.

Let’s go ahead!

2 COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING


O communicative language teaching method é um movimento que foi iniciado
no início da década de 1960 em reação ao estruturalismo, que é o estudo das
formas da língua, de sua estrutura gramatical, e ao behaviorismo, que aborda os
reflexos condicionados moldando o comportamento.

Como já estudamos, o estruturalismo e o behaviorismo deram, em amplas


linhas, a origem ao  audiolingualism, aos métodos áudio-orais e aos métodos
audiovisuais, fundamentados em repetição mecânica de estruturas.

157
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

A abordagem comunicativa foi motivada pela necessidade de métodos


que fomentem o ensino de línguas de maneira eficaz. Ela foi constituída pela
nova teoria do norte-americano Noam Chomsky e Piaget contra o audiolingualism
(SCHULTZ, 2007).

Na abordagem comunicativa, a atenção é voltada ao ato comunicativo, ao


invés das frases em si, ou seja, a função dessa abordagem vai além da forma. O
que se destaca é o significado e as situações que guiam o planejamento didático e
a elaboração de materiais (SCHULTZ, 2007). Assim, a competência comunicativa
passa a ser o objetivo da aprendizagem em vez do conhecimento gramatical
realizado através de formas memorizadas e mecanizadas.

Compreendemos, então, que a abordagem comunicativa representa uma


evolução que fomenta um ensino e aprendizado de línguas mais humanizado e
centrado nos interesses e na realidade do estudante.

É essa abordagem que fundamenta os métodos atuais mais eficazes no


ensino de línguas. Se estes proporcionarem familiarização, constituição e obtenção
de habilidades comunicativas através de interação humana, em situações reais de
comunicação nos diversos ambientes multiculturais, é que são fundamentados
por uma abordagem comunicativa (SCHULTZ, 2007).

2.1 CONSIDERAÇÕES DO COMMUNICATIVE LANGUAGE


TEACHING METHOD
O  communicative language teaching method busca uma aprendizagem que
prioriza a comunicação de maneira mais flexível em relação à utilização de
técnicas eficientes provenientes de outros métodos. 

Esse método foi pensado levando em consideração a união de experiências


anteriores que obtiveram sucesso no ensino de línguas, porém o communicative
language teaching method avançou muito se comparado aos métodos criados
anteriormente. 

O que mais difere esse método é a importância que ele oferece ao significado
e ao uso da língua, pois sua principal finalidade é promover a aprendizagem da
língua estrangeira através de atividades que focam a comunicação e a linguagem,
e ambas necessitam ser utilizadas de maneira que os alunos compreendam, ou
seja, levando em conta sua realidade. 

O communicative language teaching method busca, como já mencionamos,


desenvolver a competência comunicativa, que - podemos dizer amplamente
- é a junção de quatro competências: a competência gramatical, discursiva,
sociolinguística e a competência estratégica (LEFFA, 1988). 

158
TÓPICO 3 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

Segundo Leffa (1988), a competência gramatical tem relação com o


domínio das formas e dos aspectos gramaticais, como aspectos morfológicos,
fonológicos, semânticos, fonéticos, além do vocabulário. 

Já a competência discursiva fundamenta a capacidade de uma comunicação


adequada, ou seja, é a habilidade que um falante tem de elaborar uma conversação
coerente nos mais diferentes contextos sociais (LEFFA, 1988). 

A sociolinguística é a capacidade de poder escolher a forma linguística


adequada para cada situação comunicativa, que pode sofrer alterações de acordo
com a situação e com a interação social do falante (LEFFA, 1988). 

Por fim, Leffa (1988) explica que a competência estratégica é a utilização


de diferentes artifícios verbais ou não verbais que suprem falhas de comunicação
devido a alguma limitação linguística do falante.

Assim, para ser comunicativamente competente, não devemos apenas


dominar as estruturas linguísticas, mas também saber como a língua é utilizada
pelos membros de uma comunidade de fala, conhecer a cultura, entre outros
elementos.

2.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO


COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING METHOD
Vamos iniciar com algumas das características fundamentais da
communicative language teaching method, segundo Littlewood (1981):

• A língua necessita ser compreendida como discurso, ou seja, como um sistema


para expressar sentido, significado.
• Devemos ensinar a língua e não aspectos sobre a língua.
• A função principal da língua é a interação com finalidades comunicativas.
• Os estudantes devem ter contato com manifestações autênticas da língua
estudada.
• A fluência é tão importante quanto a gramática.
• O domínio é constituído pelo uso da língua.
• Necessitamos incentivar a criatividade dos estudantes.
• Os erros precisam ser tidos como testagem de hipóteses.
• A reflexão sobre os processos de ensino e aprendizagem necessita ser estimulada
para contribuir para a autonomia dos estudantes.
• E, por fim, a sala de aula deve propiciar uma aprendizagem colaborativa.

No communicative language teaching method o livro didático não tem uma


função essencial, ou seja, ele não está presente em todas as aulas, ele torna-se
um dos recursos para o ensino e aprendizagem. Os alunos são estimulados a
utilizarem revistas, jornais, filmes, vídeos, letras de músicas, programas de TV,
clipes, canções, mapas, menus, gráficos, além de diversos programas da internet.
159
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

FIGURA 26 – COMMUNICATIVE LANGUAGE TEACHING

Communicative Approach
Lesson Planning
• Communication
goals
• Specific vocabulary
& expressions
needed to accomplish
communicative intent
• Visuals, graphs or
displays
• Dialogue prepared
by teacher or
students
FONTE: Disponível em: <http://bin-20.blogspot.com.br/2011/10/week-5-
communicative-approach-in.html>. Acesso em: 8 set. 2017.

Ao levar em consideração o discurso, o ensino de línguas deveria ter


sofrido mudanças com a vinda da communicative language teaching method, como
podemos perceber na figura anteriormente apresentada. No entanto, muitos professores
não conseguiram ensinar a língua estrangeira sem o ensino da gramática
pela gramática. Os exercícios mecanizados, que objetivam a memorização de
estruturas afirmativas, negativas e interrogativas, continuam enraizados nas
práticas pedagógicas dos professores.

Assim, depois de tanta leitura e discussões, responda: como se aprende


uma língua estrangeira? Acreditamos que isso acontece quando a língua faz
sentido para o estudante e quando ela oferece oportunidades de real uso da
língua, seja lendo, ouvindo, falando, escrevendo, ou interagindo pelo computador
ou com nativos.

DICAS

Assista ao vídeo que apresenta atividades utilizando a abordagem comunicativa.


Acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=7N80178uTzQ> e visualize uma amostra
de atividade.

160
TÓPICO 3 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

3 THE LEXICAL SYLLABUS


Lewis (1993) explica que o ensino de língua estrangeira não acontece
quando há a aquisição da língua estrangeira apenas com o conhecimento
gramatical, ou seja, através de regras e termos técnicos em conjunto com palavras
isoladas. Isso não é o suficiente para uma efetiva comunicação e aquisição da
língua-alvo com fluência.

A lexical approach ou lexical syllabus mostra uma abordagem diferenciada


da aprendizagem da língua inglesa. A lexical approach, quando compreendida e
inserida na aprendizagem, auxilia a abordagem comunicativa.

Essa abordagem oferece ao professor maiores e melhores possibilidades


de ensinar determinado conteúdo. Ela torna a aquisição do léxico, ou seja, do
vocabulário, mais dinâmica, prática e significativa para o estudante.

A abordagem lexical approach  propõe a ideia de que a proficiência em


uma língua estrangeira é adquirida e desenvolvida no ensino e aprendizado de
combinações de palavras, as collocations, ou mais precisamente, dos lexical items,
itens lexicais, em português.

Por itens lexicais entendemos que léxico, na abordagem lexical, não é a


mesma coisa que vocabulário, ou seja, palavras isoladas. Assim, o termo léxico
faz referência a palavras isoladas e também a combinações de palavras que estão
armazenadas no nosso léxico mental. Segundo Lewis (1993), os itens lexicais são:

• As palavras isoladas, que podem ser adquiridas no cotidiano, como: table, book,
pen, pencil, computer, magazine, hand, day, look, office, post etc.
• As polipalavras, que são as combinações fixas, geralmente são compostas por
preposições ou outras palavras sem muito valor semântico. Como: by the way,
upside down, up to now, from now on, on the other hand, put up with, look forward to.
• As combinações de palavras que se referem às combinações de palavras em
uma língua, como em: have lunch, have dinner, have breakfast, carry on a research,
go home, provide help, outside chance etc.
• As sentenças institucionalizadas são as utilizadas sem alterações pelos falantes
nativos de uma língua. Como em: I’ll get it; I’m sorry; that’ll do; I don’t think so.
• O “esqueleto” de sentenças que são estruturas fixas e que são alteradas em
uma parte ou outra. Como em: that is not as … as you think; sorry to interrupt, but
can I just say…
• As estruturas de textos são as lexicais fixas que pertencem à elaboração
de textos, formais ou informais. Em inglês expressos como: in this paper we
explore…; firstly…; secondly…; finally…
• As sentenças completas são expressões com um significado identificável por
quem as ouve e que podem ser fixas ou não na língua, como em: what do you
mean? I don’t see your point, whothehell do you think you are? How old are you?

161
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

Porém, para se compreender a  lexical approach  é necessário saber o que


é gramática e o que é léxico. Quando falamos em saber a gramática, não estamos
falando de saber a gramática normativa que nos é ensinada nas faculdades, nos
cursos de inglês. A lexical approach estimula o aprendizado através da compreensão
de vocabulário e aprender gramática através dele.

O ápice desse método foi na década de 1990, depois disso ele caiu em
desuso. No nosso país, ele nem ao menos é mencionado, e quando o é tratam-no
como se fosse algo proibido, algo a que não deve ser dada atenção.

3.1 PRÓS E CONTRAS DO LEXICAL SYLLABUS METHOD


Como estudamos, a abordagem lexical syllabus postula que para que haja
a fluência na língua inglesa, a quantidade de itens lexicais que armazenamos no
nosso léxico mental deve ser levada em conta.

Assim, segundo a abordagem lexical syllabus, a fluência na língua


estrangeira não tem a ver com o conhecimento gramatical e com a memorização
do conteúdo dos livros de gramática normativa que adquirimos.

É evidente que esta abordagem tem muitas críticas, pois, de certa maneira,
aqueles que se opõem a ela afirmam que a gramática é a base de qualquer língua
e que o nosso cérebro não possui um sistema diferente para memorizar o léxico e
a gramática (SINCLAIR, 1996).

3.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO LEXICAL


SYLLABUS METHOD
Acadêmico, partimos da figura que segue para compreendermos as
atividades que necessitam ser propostas nesta abordagem.

162
TÓPICO 3 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

FIGURA 27 – THE LEXICAL SYLLABUS METHOD

FONTE: Disponível em: <http://slideplayer.com/slide/9982216/>. Acesso em:


8 set. 2017.

Compreendemos que o ensino e a aprendizagem desse método pregam


que o vocabulário, que sempre se mostrou importante para as aulas de língua
inglesa, necessita ser a peça fundamental em todas as atividades propostas.

Porém, sabemos que aprender vocabulário não significa aprender listas


de palavras, ele deve estar nos diversos contextos abordados na aprendizagem
da língua em questão.

4 IMMERSION
No ensino de idiomas, a palavra “imersão” tem o significado de
submersão, ou seja, de mergulho na língua para que, dessa maneira, o estudante
possa perceber suas particularidades.

A immersion possibilita a aquisição da linguagem de forma inconsciente


por meio da experimentação e da vivência em situações reais, como o que acontece
na aprendizagem do idioma nativo.

O método immersion parte do pressuposto de que para que o estudante se


interesse pelo aprendizado de uma segunda língua, é importante que ele seja exposto
a uma gama de atividades de seu interesse (TARONE; SWAIN, 1995).

Assim, quando o estudante é exposto a situações reais de aprendizagem, a


linguagem é o elemento que se torna o meio pelo qual tudo acontece, e isso é que
faz com que ele desenvolva a fluência no idioma que está sendo aprendido. A língua
é utilizada com propriedade para que a comunicação aconteça e, através disso, o
processo se completa.

163
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

DICAS

Se você quiser aprofundar essa temática, sugerimos a leitura do livro “The


Immersion Method: How to Learn Any Language From What You Love”, de Eric Bodnar.
Este livro mostra como aprender qualquer idioma através de uma estratégia de imersão em
linguagem. Nele você encontrará a aprendizagem de línguas através de vídeos, programas
de TV, filmes, música, livros e videogames. Técnicas específicas de aprendizagem de línguas
e, ainda, exercícios que podem mostrar como aprender qualquer idioma.

FONTE: Disponível em: <https://www.amazon.com.br/


Immersion-Method-Learn-Language-English-
ebook/dp/B01KNOPALG>. Acesso em: 17 set.
2017.

4.1 PRÓS E CONTRAS DO IMMERSION METHOD


Muitas pessoas veem o método de immersion como a melhor maneira para
que um estudante se destaque em uma língua estrangeira. Certamente, muitos
afirmam isso, pois compreendem que as crianças aprendem muito mais do que
qualquer adulto. Assim, oferecer metodologias diferenciadas pode fazer toda a
diferença.
 
Há pesquisas que mostram que programas de imersão completa fazem
com que os estudantes desenvolvam alfabetização inicial na linguagem de imersão
e, depois, desenvolvam um entendimento completo acerca da língua estrangeira. 

Positivamente, a immersion estimula processos cognitivos que amparam


a capacidade da leitura em uma língua estrangeira, como o entendimento da
relação entre a fala e a escrita, que são transferidos de um idioma para outro,
fortalecendo, inclusive, a compreensão da estrutura da língua nativa. 

Porém, não há nesse método somente pontos positivos, há episódios que


necessitamos considerar.  Muitas vezes, por exemplo, não há uma aderência à
immersion por parte da família, seus hábitos, do feeling com os professores e com
o ambiente.
 

164
TÓPICO 3 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

Para aprender uma nova língua, quanto mais cedo, melhor. Os estudantes
absorvem informações em um ritmo bastante rápido. Com um aluno mais jovem,
a imersão pode ser uma boa opção, pelo ganho de habilidades linguísticas, por
exemplo. 

4.2 SUGESTÕES DE ATIVIDADES UTILIZANDO IMMERSION


METHOD
As atividades geralmente aplicadas nesse método têm um efeito educativo
de real contato com a língua, pois durante um certo período de tempo, como
um feriado prolongado ou férias curtas, o estudante convive com professores e
colegas, falando no idioma que estuda.

Assim, a segunda língua é ensinada e também aprendida de maneira natural.


Nesse método, o processo de aquisição da linguagem é inconsciente e acontece por
meio da vivência de situações reais.

Os temas e as atividades organizadas pelas áreas do conhecimento do


método immersion permitem que as atividades sejam relevantes para as crianças e
estas conseguem se expressar com naturalidade e facilidade.

A contação de histórias é uma atividade muito utilizada na immersion, pois


proporciona a aquisição de vocabulário e, ainda, desperta o gosto pela leitura. A
dramatização é um dos meios utilizados pelo professor para envolver as crianças. A
música e a expressão corporal, mímica e outras técnicas nesse mesmo viés envolvem
as aulas, além de educação nutricional, aulas de culinária, conscientização ambiental,
projetos que envolvem artes e educação física (TARONE; SWAIN, 1995).

165
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

LEITURA COMPLEMENTAR

Qual a verdadeira finalidade do ensino de língua inglesa na sala de aula?


Flavius Almeida dos Anjos

Aspectos relativos à finalidade do ensino e da aprendizagem da língua inglesa

Não é de hoje que o ensino das línguas estrangeiras no Brasil vem sendo
discutido, refletido e mal interpretado ao longo dos anos, talvez por não se acreditar
na sua relevância ou se desconhecer a sua verdadeira finalidade. Quanto a isso,
Moita Lopes (1996) assegura que o campo de ensino de línguas estrangeiras no
Brasil tem sido vítima de uma série de mitos, oriundos da falta de uma reflexão
maior sobre o processo.

Apesar de longos anos dedicados à discussão sobre o processo de ensino e


aprendizagem da língua estrangeira, ele permanece ineficiente nas escolas públicas.
Isso parece estar acontecendo por não se atender à finalidade do ensino que o
momento em que vivemos exige.

Vale ressaltar que a finalidade do ensino e da aprendizagem das línguas


estrangeiras deve ser norteada de acordo com o contexto histórico, está relacionada
ao momento cultural vivido pelos estudantes.

Logo, o ensino e a aprendizagem da língua inglesa nas escolas públicas


precisam também atender às exigências de hoje. Eles têm sido baseados nos aspectos
gramaticais, apenas. Por isso têm sido maçantes e desinteressantes. O que não é
difícil de constatar, “o retrato negativo no uso e na aprendizagem de língua inglesa
na sala de aula, em especial da escola pública, pode ser confirmado por inúmeros
depoimentos” (SCHEYERL, 2009, p. 126).

Os estudos conduzidos por Basso (2006) com professores e alunos de LI


revelaram que as aulas são baseadas em exercícios gramaticais e a gramática aparece
como o que eles menos gostam de fazer. Ela menciona ainda que continuamos a
ter professores como simples repassadores de um novo código, tendo a gramática
como único recurso e foco principal em suas aulas, apoiados na crença de que
saber a língua corretamente antecede o saber a usá-la e que, se aprendem assim,
esse deve ser o caminho para ensinar.

Esta prática de ensino, infelizmente, parece ter espaço frequente nas salas de
aula de língua inglesa. Entretanto, a atual conjuntura mundial requer outra forma
de ensino. Hoje, em pleno século XXI, com o novo cenário mundial estabelecido,
com o advento da Internet, com o encontro das culturas, é imprescindível um
programa de ensino de línguas dinâmico e envolvente, para o desenvolvimento
da competência comunicativa e da consciência intercultural crítica, dentre outras
coisas. Desta forma se estará desenvolvendo conscientemente um ensino que tende
a minimizar resultados insatisfatórios.

166
TÓPICO 3 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

E estes resultados parecem ser o reflexo da falta de esclarecimento acerca da


verdadeira finalidade do ensino. Nesse sentido, Rajagopalan (2003, p. 70) nos diz
que “o verdadeiro propósito do ensino de línguas estrangeiras é formar indivíduos
capazes de interagir com pessoas de outras culturas e modos de pensar e agir.
Significa transformar-se em cidadãos do mundo”.

Para pôr fim nestes problemas, o que nós, professores de LI, precisamos
enxergar é justamente os objetivos e finalidades do ensino desta língua
multinacional. Só a partir daí é que o ensino da LI fará sentido, tanto para quem
ensina quanto para quem aprende.

O professor de língua inglesa orientado pela verdadeira finalidade do ensino

A finalidade do ensino da língua inglesa deve orientar todo o processo da


aprendizagem. Neste sentido, Richards (2006) sugere que o objetivo das aulas de
línguas estrangeiras é preparar os alunos para a sua sobrevivência no mundo real.

Por sua vez, Lima (2009) reflete sobre esse assunto e sugere que ensinar uma
língua estrangeira implica a inclusão das competências gramatical e comunicativa,
proficiência na língua, assim como a mudança de comportamento e de atitude em
relação à própria cultura e às culturas alheias.

É necessário que se compreenda a finalidade do ensino da língua inglesa


para que este processo passe a fazer sentido no seio escolar, assumindo o seu
verdadeiro valor educativo, que vai muito além de simplesmente capacitar o aluno a
usar uma determinada língua para fins comunicativos ou cumprir exigências legais.

Dessa forma, seria importante encontrarmos maneiras de desconstruir o


discurso de que o aprendizado da língua inglesa é almejado apenas como meio
para a obtenção de emprego, aprovação em concursos, viagem internacional etc.

Paiva (2009, p. 33), em suas investigações sobre aquisição da língua


estrangeira, utilizando um  corpus  de narrativas de aprendizagem, onde os
participantes contam como aprenderam ou aprendem diversas línguas, concluiu
que quando motivados, os aprendizes utilizam a LE para determinadas finalidades
fora da sala de aula, tais como: ouvir música, ouvir programas de rádio e TV,
assistir filmes, interagir com estrangeiros. No entanto, a autora acentua que isso,
apesar de ideal, raramente acontece na escola.

Convergências e divergências nas abordagens de ensino e o papel do


professor brasileiro de inglês

Ao argumentar sobre o ensino da língua inglesa nas escolas públicas, Moita


Lopes (1996), inicialmente, sugere o ensino com foco na leitura e assegura que este
ensino instrumental colabora com o desenvolvimento da habilidade em língua
materna, geradores de problemas, com os quais também se defrontam as crianças,
assim como faz desenvolver a capacidade de letramento global.

167
UNIDADE 3 | THE DIDACTICS OF THE ENGLISH LANGUAGE: TEACHING AND LEARNING METHODS

No entanto, vê-se aqui um equívoco do argumento do autor, uma vez que


ele pontua que a única justificativa social para a aprendizagem da língua inglesa no
Brasil tem a ver com a leitura, tendo em vista ser essa a única habilidade que atende
às necessidades educacionais e que o aprendiz pode usar em seu próprio meio.

Por outro lado, concordamos quando Schimitz (2009, p. 18) ressalta que
“uma política de ensino de línguas que enfatiza somente a leitura enfraquece o
papel do professor de língua estrangeira”.

Moita Lopes (1996, p. 130) salienta também que “considerar o ensino de


Inglês no Brasil como um recurso para a comunicação oral parece negar qualquer
relevância social para a sua aprendizagem”.

O ensino da compreensão oral, assim como da habilidade de falar, é


essencial. A comunicação via internet, assistir a um filme em inglês pode representar
não só momento em que a LE pode ser apreciada em uso, bem como caracteriza
exemplos que representam a continuidade do uso, após o término de um curso,
sem contar o quão gratificante é ser capaz de entender um filme ou um e-mail na
LE que estamos aprendendo.

Nesse aspecto, portanto, Schimitz (2009, p. 14) chama atenção para o fato
de muitos brasileiros usarem inglês no seu dia a dia, no trabalho, e que muitos
falam inglês e outras línguas estrangeiras do que os ingleses ou americanos, o que
parece desmistificar a crença levantada por Moita Lopes (1996).

No entanto, os problemas não se resumem apenas nos objetivos desse


processo. Apesar de todos os problemas que as escolas públicas apresentam por
não disporem de recursos necessários para a consolidação das aulas, número
inadequado de alunos por turma, carências de recursos audiovisuais, o fator mais
dificultador ainda é o professor. Quanto a isso, Oliveira (2010, p. 29) seguramente
afirma que “a grande maioria dos professores de línguas estrangeiras nas escolas
públicas no Brasil fala muito pouco ou não fala a língua estrangeira que lecionam”.

Parece-nos relevante aqui mencionar que, diante de tal realidade, é


preciso repensar os currículos dos cursos superiores e a formação do professor
de LE, buscando uma formação crítica e reflexiva, deixando de ser uma formação
“conteudista”, geradora de crenças do tipo “finjo que ensino, eles fingem que
aprendem”. Nesse sentido, Leffa (2007) assinala que, como o professor não tem o
domínio da língua que deveria ensinar, fica repassando com o aluno as páginas
do livro didático com os exercícios devidamente preenchidos pelo autor do livro,
fazendo de conta que ensina.

Por outro lado, o professor orientado pela verdadeira finalidade do ensino


da língua inglesa passa a entender as dimensões desse processo, compreendendo,
como afirma Siqueira (2009, p. 80), que “as aulas de língua estrangeira devem,
dentre outras coisas, servir como espaço para discussão de assuntos relevantes
para a formação do(a) aprendiz”.

168
TÓPICO 3 | MÉTODOS DE ENSINO: PARTE 3

O ensino e a aprendizagem da língua inglesa devem ainda ser momento


que proporcione oportunidade para explorar diferentes visões, desenvolvendo
uma perspectiva multicultural crítica. Não apenas a do aprendiz, mas também a do
professor, proporcionando o crescimento de ambos. Desse modo, a língua inglesa
deve ser apenas o meio através do qual se pode criar e desenvolver pontos de vista
relacionados à esperança, à paz, à cidadania, aos direitos humanos, a condutas, a
valores, crenças, tornando o processo prazeroso e significativo para os participantes.

Desse modo, é que na sala de aula de língua inglesa, o professor, na posição


de intelectual transformador, compartilhando conhecimento, privilegiando a
diversidade, o diálogo, a esperança, a paz, atitudes, crenças capazes de conduzir
os aprendizes ao desenvolvimento da consciência intercultural crítica, atenderá
aos aspectos inerentes à verdadeira finalidade do ensino de LE.

Como educadores, devemos mostrar que a LE é útil, transforma, faz


progredir quem dela se apropria, nos insere no mundo. Ela nos dá base para
analisar, compreender, aceitar e participar da vida do outro.

Por fim, o processo, ao que tudo indica, parece estar sendo mal conduzido,
negando política e/ou ideologicamente aos participantes a sua verdadeira
finalidade, que é se preparar para conhecer outras maneiras de ser, agir, pensar
e sentir. A LE é apenas um meio através do qual se possibilitará a intervenção no
mundo. Por isso, precisamos acertar os passos, pensar e agir corretamente e com
ética compartilhar o que tem sido ocultado a quem de direito.

Só assim as dimensões social, ética e política, inerentes ao processo de


ensino-aprendizagem das línguas estrangeiras, entrarão em cena, desfazendo
equívocos, atendendo à verdadeira finalidade desse processo.

FONTE: Disponível em: <http://www.sala.org.br/index.php/estante/academico/468-qual-a-


verdadeira-finalidade-do-ensino-da-lingua-inglesa-na-escola>. Acesso em: 28 out. 2017.

169
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O communicative language teaching method é um movimento que foi criado em


reação ao estruturalismo, que é o estudo das formas da língua, de sua estrutura
gramatical, e ao behaviorismo, que aborda os reflexos condicionados moldando
o comportamento.

• Na abordagem comunicativa, a atenção é voltada ao ato comunicativo, ou seja,


a função dessa abordagem vai além da forma. O que se destaca é o significado
e as situações que guiam o planejamento didático e a elaboração de materiais.

• O communicative language teaching method busca uma aprendizagem que prioriza


a comunicação de maneira mais flexível em relação à utilização de técnicas
eficientes provenientes de outros métodos. 

• A lexical approach mostra uma abordagem diferenciada da aprendizagem


da língua inglesa. A  lexical approach,  quando compreendida e inserida na
aprendizagem, auxilia a abordagem comunicativa.

• A immersion possibilita a aquisição da linguagem de forma inconsciente por


meio da experimentação e da vivência em situações reais, como o que acontece
na aprendizagem do idioma nativo.

170
AUTOATIVIDADE

1 Complete o quadro comparativo que segue, apresentando o conceito e uma


atividade que pode ser aplicada em cada um dos métodos estudados nesse
tópico.

METHOD DEFINITION ACTIVITIES


COMMUNICATIVE
LANGUAGE TEACHING
LEXICAL APPROACH
IMMERSION

2 Nas questões ENADE são abordadas diversas temáticas relacionadas à


didática da língua inglesa. Responda às questões 27 e 29 do ENADE/2014,
aplicado para acadêmicos do curso de Letras – Inglês. Vamos exercitar, pois
logo chegará a sua vez de participar do ENADE!

Questão 27: The Communicative Approach is one the most popular perspectives
in modern language teaching. Considering its main characteristics and concepts,
analyse the statements below.

I- The teacher uses drills in order to teach structural patterns. Students


memorize sets of phrases with a focus on pronunciation and intonation.
There are few grammatical explanations. Students learn vocabulary in
context and through audio-visual aids. Correct responses are positively
reinforced immediately. 
II- Learners receive large quantities of information in the new language during
initial lessons. Texts are translated and then read aloud with classical music
in the background. The teacher uses large quantities of linguistic material to
introduced the idea that language understanding is easy and natural.
III- Understanding occurs through active student interaction in the foreign
language. Students learn strategies both for understanding and for learning
tasks and exercises provide opportunities for students to negotiate meaning.
IV- The teacher helps students select the appropriate phrases and know how
to control them, with good intonation and rhythm. There is no use of use
of the learner's native language. The teacher uses patterns that contain
vocabulary, and color-coded models for pronunciation ti guide the students'
understanding without uttering a single sound.
V- Learners engage in interaction and meaningful communication. Learners'
personal experiences and situations are very important and considered
as an invaluable contribution to the content of the lessons. Using the new
language in unrehearsed contexts creates learning opportunities outside the
classroom.

171
It is only correct what is stated on
a) ( ) I and II.
b) ( ) I and III.
c) ( ) II and IV.
d) ( ) III and V.
e) ( ) IV and V.

Questão 29: Na busca por informações que ofereçam novas opções de recursos
tecnológicos para a sala de aula, um professor depara-se com o resumo de um
artigo científico, apresentado a seguir.

This paper analyses the process of multimedia integration in English language


classrooms equipped with interactive whiteboard (IWB) technology, and offers
insights into the theoretical underpinnings of multimedia use in language
learning from the perspective of cognitive learning theory. The data discussed
here drawn from a study carried out as part of a PhD research program at
Lancaster University (UK). The study was conducted within an interpretative
research paradigm, and data were collected and analyzed according to a
qualitative approach. In the first part, the paper discusses some perceived
pedagogical benefits of adopting a multimedia-oriented approach in the IWB-
based classroom. Secondly, it discusses a variety of potential problems related
to the use of multimedia resources in the language classroom in the question.
Finally, the paper draws upon the literature on multimedia learning to address
the potential pedagogical implications of these research findings.
FONTE: Adaptado de <http://www.sciencedirect.com>. Acesso em: jul. 2014.

Com base no resumo apresentado, avalie as afirmações a seguir:

I- O autor analisa um contexto educacional específico com uso da lousa


interativa como recurso tecnológico.
II- O autor discute os benefícios pedagógicos da abordagem com recursos de
multimídia na sala de aula de línguas.
III- No artigo, são analisados contextos tradicionais e contextos com uso de
recursos tecnológicos na perspectiva da teoria de aprendizagem cognitiva.
IV- No artigo, são abordados possíveis problemas do uso de recursos
tecnológicos na sala de aula de língua inglesa.

É correto apenas o que se afirma em:


a) ( ) I e II.
b) ( ) I e III.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) I, II e IV.
e) ( ) II, III e IV.

172
REFERÊNCIAS
ALMEIDA FILHO, J. C. P. Escolha e produção de material didático para um
ensino comunicativo de línguas. In: CONTEXTURAS: ensino crítico de língua
inglesa. São Paulo: APLIESP, 1994.

ALMEIDA FILHO, J. C. P. Fundamentação e crítica da abordagem


comunicativa de ensino de línguas. Trabalhos em Linguística Aplicada.
Campinas: Unicamp, 1986.

ALMEIDA FILHO, J. P. C. Linguística aplicada: ensino de línguas &


comunicação. Campinas e Artelíngua, 2005.

ALTENHOFEN, C. V. Bases para uma política linguística das línguas


minoritárias no Brasil. In: NICOLAIDES, C. S.; KLEBER, A.; TÍLIO, R.; ROCHA,
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