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As lesões por pressão (LPP) representam um grave problema de saúde, por elevarem as taxas

de internação, colaborando para o crescimento da morbimortalidade e tratamentos com altos


custos para os serviços de saúde(1)

As LPP são resultantes na maioria das vezes, por pressão, fricção, cisalhamento e fatores
intrínsecos do paciente, instando-se de forma gradual, por meio de um processo de isquemia
tecidual, que resulta em uma lesão de pele, seja em pele íntegra ou em úlcera aberta, com
várias classificações, dependendo do tipo de tecido acometido e aspecto da lesão(2).

As LPP são consideradas como um indicador de qualidade dos cuidados de enfermagem


prestados, já que são esses profissionais, que prestam uma assistência direta aos pacientes
cotidianamente(14) Apesar dos fatores extrínsecos não serem os únicos causadores das lesões,
estes quando associados aos fatores intrínsecos, apresentam grande influência para a
ocorrência da lesão(6). Além disso, as LPP constituem uma insustentável sobrecarga
econômica para os serviços de saúde, aumentando o tempo de internação em até cinco vezes
e aumentando o risco de morte em quatro vezes e meia, comparado com o mesmo risco
prévio de mortalidade dos pacientes que não desenvolveram úlcera de pressão (SOUZA;
SANTOS, 2007).

Dentre os fatores associados ao risco de desenvolvimento de LPP, destacam-se a hipertensão


arterial sistêmica; diabetes; inconsciência; imobilização; insuficiência sensorial; perda de
função motora; incontinência urinária e/ ou fecal; deficiências nutricionais; índice de massa
corporal alterados; doenças circulatórias; imunodeficiência; uso de corticoides por tempo
prolongado; tabagismo; e alterações do nível de consciência(5).

Após os pacientes serem avaliados quanto ao risco de LPP, medidas preventivas devem ser
tomadas, e dentre estas, o uso de coberturas protetoras como o filme transparente e
hidrocolóide são recomendadas e podem apresentar bons resultados(7) Existem vários tipos
de curativos disponíveis no mercado para prevenção de LPP, dentre eles, o filme transparente
e o hidrocolóide, são os mais utilizados no Brasil e estão disponíveis para uso desde o início da
década de 80(13).

Dispositivos indicados para prevenção de LPP

A placa de hidrocolóide é um dispositivo auto-aderente que surgiu no mercado para


tratamento das úlceras de pressão, porém observa-se que na prática tem sido constantemente
utilizada para proteção de áreas de risco de formação das UP’s, especialmente na redução da
fricção e cisalhamento sobre a pele íntegra. No tratamento de ulceras a placa de hidrocoloide
propicia uma rápida cicatrização através da selagem e da proteção da ferida. Possuindo uma
película superior é um filme de poliuretano semipermeável permitindo assim a evaporação
correspondente ao nível de exsudato, mas que impede a entrada de bactérias e água na ferida.
Quando o curativo fica em contato com o exsudato da ferida, forma-se um gel viscoso, que
absorve o exsudato, mas não adere à ferida. Esse gel, estimula a síntese do colágeno e acelera
o crescimento e a migração das células epiteliais, evita a aderência á ferida e proporciona
alívio da dor, por manter úmida as terminações nervosas. As lesões por pressão estágio I, onde
há a pele íntegra e presença de vermelhidão não branqueável a digito pressão obtem-se ótima
evolução quando em uso da placa de hidrocoloide para redução da fricção e cisalhamento
associado a medidas de alívio de pressão, medidas de higiene e conforto, hidratação da pele.
Nos casos pacientes com alto risco e com áreas de hiperemia, recomendou-se o uso da placa
de hidrocolóide como material redutor de fricção e cisalhamento, associado com outras
medidas de higiene e conforto, mudança de posicionamento e hidratação da pele. Com a
implementação dessas ações conjuntas, o protocolo obteve 79% de eficácia em sua aplicação,
recomendando, assim, o uso da placa para redução dos fatores de fricção e cisalhamento.

Filme transparente

O filme transparente de poliuretano consiste de material sintético, adesivo e hipoalérgico. Não


é inativo na presença de umidade, já que possui um sistema de troca gasosa similar à pele
saudável, que permite a difusão de gases como o oxigênio e vapores. Ele tem uma qualidade
elástica que possibilita ser aplicado a várias partes do corpo e tem resistência a forças de
fricção e cisalhamento. (IMANISHI et al., 2006; NPUAP, 2007; COCKBILL e TURNER, 2007).
Outra qualidade do filme transparente de poliuretano é a sua impermeabilidade a fluidos,
secreções e bactérias.O filme transparente é um curativo estéril constituído por uma
membrana de poliuretano, coberto com adesivo hipoalergênico. Possui um certo grau de
permeabilidade ao vapor de água, dependendo do fabricante. Não adere à superfície úmida da
ferida; são coberturas finas, transparentes, semipermeáveis e não absorventes, mantém um
ambiente úmido entre a úlcera e o curativo, favorece o desbridamento autolítico, protege
contra traumas, favorecendo a cicatrização. A umidade natural reduz a desidratação e a
formação de crosta, o que estimula a epitelização. Pode proporcionar barreiras bacterianas e
virais, dependendo de sua porosidade. Permite visualizar a úlcera, além de permanecer sobre
a mesma por vários dias, diminuindo o número de trocas. Pode também ser utilizado como
curativo secundário. Deve ser utilizado em úlceras superficiais com drenagem mínima, em grau
I, cirúrgicas limpas com pouco exsudato, queimaduras superficiais, áreas doadoras de pele,
dermoabrasão, fixação de catéteres, proteção da pele adjacente a fístulas e na prevenção de
úlceras de pressão. Trocar quando descolar da pele ou em presença de sinais de infecção.
Pode ser utilizado como curativo secundário ou associado a outro produto. • Contra-
indicações: não é recomendado para úlceras exsudativas, profundas e infectadas. Observação -
Se usado de forma inadequada, pode levar à maceração da pele ao redor da lesão.

1-Pott FS, Ribas JD, Silva OBMda, Souza TS, Danski MTR, Marineli MJ. Algoritmo de
prevenção e tratamento de Úlcera Por Pressão. Cogitare Enferm [Internet]. 2013 [cited
2017 Jul 20]; 18(2):238-244. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/
article/view/26085

2- Borghardt AT, Prado TN, Bicudo SDS, Castro DS, Bringuente MEO. Pressure ulcers in
critically ill patients: incidence and associated factors. Rev Bras Enferm [Internet]. 2016
[cited 2017 Jul 20]; 69(3):460-467. Available from: http://www.scielo.br/scielo. php?
script=sci_arttext&pid=S0034-71672016000300460&lng=en. http://dx.doi.
org/10.1590/0034-7167.2016690307i
4- Olkoski E, Assis GM. Aplicação de medidas de prevenção para úlceras por pressão
pela equipe de enfermagem antes e após uma campanha educativa. Esc Anna Nery
[Internet]. 2016 [cited 2017 Jul 20]; 20(2):363-369. Available from: http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452016000200363&lng=en. http://
dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20160050.
5- 5- Moraes GLA. Aplicação de protocolo de prevenção de úlcera por pressão no
contexto domiciliar: uma trajetória percorrida. Cogitare Enferm [Internet]. 2013 [cited
2017 Jul 20]; 18(2):387-391. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/
view/32590
7- Moro JV, Caliri MHL. Úlcera por pressão após a alta hospitalar e o cuidado em
domicílio. Esc Anna Nery [Internet]. 2016 [cited 2017 Jul 20]; 20(3):e20160058.
Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v20n3/1414-8145-ean-20-03-
20160058.pdf
SOUSA, CA; SANTOS, I; SILVA, LD. Aplicando recomendações da Escala de Braden e
prevenindo úlceras por pressão - evidências do cuidar em enfermagem. Rev Bras
Enferm, v.59, n.3, p.279-284, maio-jun 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Manual de condutas para úlceras neurotróficas e traumáticas /
Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Atenção
Básica. - Brasília: Ministério da Saúde, 2002;

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