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Transcrição do áudio

BOAS PRÁTICAS COM MEDICAÇÕES INJETÁVEIS: subsídios para o autocuidado

Prof.ª Dra. Rosely Moralez de Figueiredo


Ma. Camila Eugenia Roseira

Você sabia que as boas práticas com medicações injetáveis envolvem também, as ações para
a segurança do profissional ou estudante que realizam estes procedimentos?

Sou Camila, doutoranda em Ciências da Saúde pela UFSCar e professora de enfermagem do


Centro Paula Souza.

Gostaria de conversar com você a respeito de ações que devem ser inseridas na nossa rotina
para tornar a prática mais segura. Para tanto vamos considerar as recomendações da
Organização Mundial da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Que tal começarmos pelo uso de luvas? Gostaria de saber como este Equipamento de
Proteção Individual se insere em sua rotina.

Temos que a adesão às luvas não depende da ciência sobre alguma doença pré-existente no
paciente e que seja passível de transmissão via corrente sanguínea e sim, da possibilidade de
exposição das nossas mãos ao sangue, que pode ou não ser veículo de microrganismos. Por
isso, obrigatoriamente, devemos utilizar luvas de procedimento para todas as medicações via
endovenosa (ANVISA, 2017; WHO, 2014).

Já para as injeções subcutâneas ou intramusculares, é sempre importante identificarmos as


condições clínicas do paciente, do ambiente em que a injeção será administrada e das próprias
mãos. (COREN-SP, 2010; MONCAIO; FIGUEIREDO, 2017; SECRETARIA DA SAÚDE DA CIDADE
DE SÃO PAULO, 2015; WHO, 2010).

Devemos adotar o uso de luvas para administrar injetáveis por estas vias quando o paciente
estiver em risco de sangramento associado a algum distúrbio de coagulação ou se ele estiver
em precaução por contato (WHO, 2014).

Além disso, deveremos adotar o uso de luvas para a administração de injetáveis quando o
ambiente em que a injeção for administrada envolver alguma situação de surto.

De qualquer forma, tome nota do Protocolo Operacional Padrão da instituição em que você
atua e que aborde estes procedimentos, já que não há obrigatoriedade ao uso de luvas para
injeções por via intramuscular e subcutânea (COREN-SP, 2010; MONCAIO; FIGUEIREDO, 2017;
SÃO PAULO (CIDADE). SECRETARIA DA SAÚDE, 2015; WHO, 2010).
Quanto à avaliação das mãos procure sempre observar a presença de lesões. Se suas mãos
apresentarem lesões pequenas e superficiais, utilize luvas para todas as injeções que realizar,
independentemente da via, e higienize as mãos com água e sabão para tornar a prática mais
segura e confortável para você (WHO, 2010).

Mas, caso você apresente lesões maiores, o recomendado é uma avaliação prévia para
prevenir que haja exposição aos fluidos do paciente durante algum procedimento que você
vá realizar (WHO, 2010).

E sobre a prevenção de acidentes com perfurocortantes? Você sabe quais as ações


necessárias?

O recomendado é não reencapar agulhas com a própria tampa ou desconectá-las


manualmente após a sua utilização, porque muitos acidentes ocorrem devido a estas ações
(ANVISA, 2017; WHO, 2010).

Falando nisso, é importante citar a adesão aos dispositivos de segurança. Estes são recursos
que visam cobrir a agulha após utilização com uma capa protetora ou com o próprio corpo da
seringa, tornando, assim, o manuseio mais seguro. Para isto, esteja atento aos treinamentos
que venham a ocorrer em seu ambiente de trabalho ou estudo e busque informações e cursos
sobre esta prática.

Embora essas medidas previnam a grande maioria dos acidentes por perfurocortantes, é
possível que você, ainda, experiencie algum evento como este em sua rotina.

E aí? Você sabe quais ações são necessárias, caso isso ocorra?

Se você pensou em acolher a vítima, cuidar da lesão, reportar e notificar o evento ao serviço
de saúde... Você acertou!

Após o acidente com perfurocortante, havendo ou não perda sanguínea, seja uma lesão
superficial ou profunda, haja ou não uso de luvas durante o procedimento, se envolveu
material biológico de outra pessoa, o evento deve ser reportado e notificado ao serviço.

Essa ação é necessária porque a vítima pode precisar de tratamento ou acompanhamento (o


qual pode perdurar cerca de seis meses ou mais).

Um momento para abrir parênteses a uma informação muito importante: não há relação
entre o acidente e culpa para a vítima, portanto, o manejo acertado e o apoio institucional
são primordiais caso estes venham a ocorrer, pois reduzem tanto o risco de transmissão de
patógenos quanto a ansiedade decorrente deste evento, devendo ser aderidos
precocemente. Assim eles vão minimizar a ocorrência de agravos como a transmissão de
infecções virais, por exemplo, hepatite B, C e HIV (WHO, 2010).

E por falar em hepatite B, como está sua carteira de vacinação? Completa? A carteira de
vacinação atualizada contra essa doença é a medida mais eficaz para a prevenção de
transmissão do vírus em caso de acidentes (WHO, 2010).
Já considerando a lesão ocasionada por perfurocortante, esta requer uma limpeza da área
afetada com água corrente e sabão... E nada além disso! Aplicar álcool no local ou espremer
a área pode irritar a pele e aumentar a lesão, ou seja, não haverá redução da carga microbiana
que adentrou ao tecido epitelial (WHO, 2010).

Portanto, ao presenciar um acidente com perfurocortante mantenha a calma e adote as


medidas para acompanhamento, tratamento e notificação deste evento (WHO, 2010)!

Espero que este conteúdo ajude você a fazer escolhas seguras e conscientes durante a sua
prática.

Referências
BRASIL. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. 2017.
Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271855/Medidas+de+Prevenção+de+Infecçã
o+Relacionada+à+Assistência+à+Saúde/6b16dab3-6d0c-4399-9d84-141d2e81c809>.

COREN-SP. Parecer Coren-Sp no 019/2010 Dispõe sobre o uso de luvas de procedimento


para administração de medicamentos. Disponível em: <http://portal.coren-
sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2010_18_0.pdf>. , 2010

GRAZIANO, M. et al. Eficácia da desinfecção com álcool 70% (p/v) de superfícies


contaminadas sem limpeza prévia. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 2, p. 06 telas, 2012.

MONCAIO, A. C. S.; FIGUEIREDO, R. M. DE. Conhecimentos e práticas no uso do cateter


periférico intermitente pela equipe de enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem,
2017.

O’GRADY, N. P. et al. Guidelines for the prevention of intravascular catheter-related


infections. Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases
Society of America, 2011.
SÃO PAULO (CIDADE). SECRETARIA DA SAÚDE. Manual de normas, rotinas e procedimentos
de Enfermagem- Atenção Básica. Secretaria Municipal de São Paulo. [S.l: s.n.]. Disponível
em:
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/legislacao/Nor
maseRotinas02102015.pdf>. 2015

WHO. Glove Use Information Leaflet. Patient Safety, 2014.

WHO. WHO Best practices for injections and related procedures toolkit. Geneva, Suíça: [s.n.],
2010.

Música:
Funny by MusicLFiles
Link: https://filmmusic.io/song/6388-funny
License: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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