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Emanuel Nunes
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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Nesta seção, aprofundaremos as principais recomendações da Organização
Mundial da Saúde (OMS) para o melhoramento contínuo da qualidade e segurança
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do paciente no mundo. São iniciativas baseadas em estudos epidemiológicos que
mensuraram a incidência e prevalência de incidentes e, a partir dessa constatação,
ficou claro onde está o maior problema e o que devemos resolver de forma
prioritária. Aproveite o conteúdo e lembre-se: aplique-o em sua área de atuação.
CONCEITO-CHAVE
RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) E O
DESAFIO GLOBAL DE SAÚDE
Após o estudo alarmante do Institute of Medicine (IOM), em 1999, o qual
trabalhamos na seção anterior, houve um aumento de pesquisas para entender o
fenômeno da segurança do paciente no mundo, e isso levou à disseminação de
inúmeras estratégias para reduzir os riscos assistenciais ao cliente/paciente.
Dentre as ações de fomento à segurança do paciente, a mais importante foi a
Aliança Mundial pela Segurança do Paciente, que a OMS publicou em 2004, em
diversas línguas, tornando-a acessível globalmente em forma de Desafio global
para segurança do paciente. Até o momento, já foram divulgados três desafios,
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com temáticas específicas, tendo como base os principais problemas da segurança
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do paciente no mundo, conhecidos a partir de estudos epidemiológicos.
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pneumonia, o que compromete a evolução clínica e o prognóstico do
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paciente/cliente.
Você conseguiu perceber que, independentemente do tipo de IRAS, elas são foco
de preocupação mundial, pois, além de impactarem na vida dos pacientes/clientes
e familiares, aumentam os custos hospitalares, uso de antibióticos e tempo de
internação no serviço de saúde, ou seja, é um problema de saúde pública? Neste
contexto, o 1º Desafio global vem ao encontro dessa necessidade com o objetivo
de reduzir os índices de IRAS em todo o mundo, a partir de práticas mais seguras
de assistência à saúde. Uma dessas propostas que tem surtido efeito é conhecida
como bundles, que podemos traduzir como “pacotes de medidas”. Observe que
interessante: trata-se de uma hierarquia de ações para realizar um determinado
procedimento, por exemplo, para inserção de um cateter venoso central, é
necessário que o profissional de saúde siga as seguintes etapas:
Você pode estar pensando: quem garante que o profissional seguirá essas
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recomendações? Exatamente por isso que o bundles é um pacote de medidas.
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Falamos da primeira etapa, que são as orientações para inserção do CVC. Durante
esta fase, um outro profissional de saúde faz uma auditoria, ou seja, ele confere se
o profissional em campo está seguindo os passos dos procedimentos; caso não
esteja, ele é avisado e corrige-se a falha. Chamamos isso de auditoria de inserção,
a qual é muito importante, pois assegura a qualidade do procedimento. Após o
procedimento, diariamente, a equipe avalia as condições do CVC e trabalha para
remoção precoce, evitando a infecção. Em suma, existem bundles para todos os
tipos de IRAS, sendo assim, os serviços de saúde devem monitorar e gerenciar os
seus índices de IRAS, sempre mirando na redução máxima possível.
Aqui, falamos do exemplo do CVC, mas, na sua profissão, seja qual for o dispositivo
que você utilize em seu paciente/cliente, é necessário que haja também bundles,
para que você evite uma possível infecção, sendo que o mais eficaz é sempre a
higiene correta das mãos antes e após todas as suas intervenções.
Você notou que, para que tenha de fato um impacto na redução das IRAS, o pacote
de medidas tem auditoria e acompanhamento do processo em sua composição?
Esse exemplo é muito importante para você, pois nele contém implicitamente a
seguinte afirmativa: “Uma ação de melhoria sem acompanhamento não gera
mudança”. O que isso significa? Você pode ter uma excelente ideia para melhorar
os seus processos e fazer várias ações, mas, se não haver acompanhamento e
refinamento do processo, o resultado não aparecerá, e isso gerará frustação e
desânimo. Para que isso não ocorra, é necessário que você pense também em
formas de mensurar e acompanhar a ação implantada, o que permite correção
precoce e refinamento das intervenções e traz um sentimento de que podem
ocorrer mudanças, mesmo em cenários desafiadores. Às vezes, são pequenas
melhorias, mas farão muita diferença.
REFLITA
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tenha empatia pelo seu paciente/cliente. A forma mais fácil de
compreender a importância e as consequências de nossas ações é se
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colocar do “outro lado” e se perguntar: eu gostaria de receber esse
cuidado? Quais benefícios poderia trazer para o paciente?
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ASSIMILE
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porém cada país tem seus próprios problemas, assim como os serviços e as
profissões. No contexto dos desafios, existe um enfoque na área hospitalar,
pois é o nível de atenção à saúde que mais apresenta incidentes.
Entretanto, o interessante aqui é o conceito, por exemplo, a prioridade para
propor um plano de ação com metas para reduzir algum tipo de incidente
sempre parte daquilo que é mais frequente ou provável de acontecer. O
mesmo deve acontecer na sua realidade de atuação.
Desafio global.
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Aplicação dos 5S de boas práticas em SP.
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Tecnologia segura para SP.
No Brasil, uma das mais significativas vitórias para a segurança do paciente foi a
Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, que instituiu em todo o território nacional o
Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), o que permitiu a
obrigatoriedade de todo serviço de saúde promover ações de melhoria para
segurança do paciente.
EXEMPLIFICANDO
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Vale ressaltar, aqui, que o segundo item das prioridades em segurança do paciente
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– paciente atuando na SP – pode parecer algo óbvio à primeira vista, que o
paciente/cliente participe das decisões assistências e ajude na sua segurança e de
outros. Na verdade, isso está longe de acontecer, pois o paciente/cliente ainda é
visto pelos profissionais como alguém passivo, o que não corresponde à realidade,
visto que ele está cada vez mais instruído quanto à sua condição, principalmente
por meio das tecnologias e do fácil acesso à informação. Por isso, deve ser
orientado e inserido nas temáticas de SP, pois, assim, pode contribuir com os
processos de melhoria. Isso possibilita que a organização de saúde considere, em
suas ações, o ponto de vista dos usuários do sistema de saúde, o que permitirá
uma tomada de decisão mais assertiva.
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existe uma relação de oferta, produtos e venda. Na verdade, a qualidade e
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segurança devem ser algo intrínseco de qualquer serviço de saúde.
Sócrates, então, afirma que se existem “todas essas coisas que sempre citamos,
como o belo, o justo e todas as essências desse tipo” (PLATÃO, 1999, p. 141) e se
nos referimos a elas como a algo preexistente mesmo sem os sentidos nos
conferirem acesso a elas, então, é preciso admitir que elas existem em nossa alma
antes de nascermos. E Símias complementa:
“
É muito segura a posição a que se acolhe o argumento, no que entende com a afinidade entre as essências a
que te referiste, e nossa alma, antes de nascermos. Não sei de nada tão claro como dizer que todos esses
conceitos existem na mais elevada acepção do termo: o belo, o bem e tudo o mais que enumeraste há pouco.
— (PLATÃO, 1999, p. 141)
No Fedro, 250, Platão também fala sobre esse assunto lembrando que em função
da essência da alma humana, ela contempla a verdade, pois não há como a
verdade se infiltrar fisicamente no corpo, já que ela faz parte da alma. Porém, nem
todas as almas conseguem se lembrar da verdade, apenas por meio da
contemplação das coisas desse mundo. “Assim, poucas são as almas a quem foi
dado o dom da reminiscência, e estas quando se apercebem de qualquer objeto
semelhante ao reino superior, como que ficam perturbadas e perdem o poder do
autodomínio!” (PLATÃO, 2011, p. 66). Ou seja, quanto menos apetitiva e irascível
e quanto mais intelectualizada é a alma, maior o acesso às formas do
hiperurânio.
O LUGAR DO BEM NA HIERARQUIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
Por meio do mito da caverna, relatado no livro VII, d'A República, Platão apresenta
a hierarquia do conhecimento no que tange à sua possibilidade de alcançar a
verdade. O prisioneiro da caverna demonstra o seu conhecimento por meio do
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modo como enxerga as coisas. No primeiro momento, ele só vê sombras e, por
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isso, só pode pensar em termos de sombras, pois o seu mundo se resume a isso.
Esse momento, de apreensão das imagens, é o primeiro e mais elementar grau do
conhecimento ao qual todos os prisioneiros têm acesso.
Quando o prisioneiro olha as coisas à luz da fogueira seus olhos doem, em uma
demonstração de que nos é doído perceber que nos enganamos, que tomamos
uma ilusão (as sombras no interior da caverna) como verdade. No entanto, os seus
olhos doem ainda mais quando ele sai da caverna e se depara com a luz do sol. A
dor é tanta que ele protege os olhos com as mãos e, forçosamente, olha para
baixo, vendo as coisas refletidas nas águas. Diferentemente do que aconteceu no
interior da caverna, agora, as imagens refletidas não são de estátuas e objetos,
mas de seres reais. Esse terceiro momento representa a episteme (ciência).
O quarto e último momento ocorre quando a vista vai se acostumando com as
coisas, o anoitecer chega permitindo que se contemple os astros celestes e o
amanhecer traz lentamente a luz do sol, iluminando tudo e mostrando o mundo tal
qual ele é, sem sombras, sem ilusões e sem reflexos, simbolizando “o
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conhecimento direto e intuitivo da Ideia pura (noésis)” (MONDIN, 1981, p. 64).
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As coisas situadas acima, os astros e estrelas, simbolizam “as Meta-ideias de
identidade e de diversidade, [...] ao passo que o sol simboliza a Ideia do Bem-Uno”
(REALE, 1994, p. 297). Helferich (2006, p. 31) nos lembra que “a ideia suprema para
Platão é a ideia do bem. Sem o conhecimento do bem, nada pode ser conhecido e,
consequentemente, nada pode ser corretamente praticado (um justo fanático
torna-se simplesmente um injusto). Exatamente o bem, o ‘sol das ideias’, é o mais
difícil de conhecer”. Portanto, o objeto derradeiro do conhecimento, “para
Platão, é conhecer o Bem, a Ideia suprema que, como o sol, ilumina as demais
ideias, tornando-as compreensíveis” (ABRÃO, 1999, p. 52).
Na República (518c), Platão diz que “a educação não é o que alguns apregoam que
ela é. Dizem eles que introduzem a ciência numa alma em que ela não existe,
como se introduzissem a vista em olhos de cegos” (PLATÃO, 2001a, p. 320). E, em
seguida, ele apresenta o que entende por educação, afirmando que:
“
A presente discussão indica a existência dessa faculdade na alma e de um órgão pelo qual aprende; como um
olho que não fosse possível voltar das trevas para a luz, senão juntamente como todo o corpo, do mesmo modo
esse órgão deve ser desviado, juntamente como toda a alma das coisas que se alteram, até ser capaz de
suportar a contemplação do Ser e da parte mais brilhante do Ser. A isso chamamos bem. [...] A educação seria,
por conseguinte, a arte desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta a esse órgão, não o
de fazer obter a visão, pois já a tem, mas uma vez que ele não está na posição correta e não olha para onde
deve, dar-lhe os meios para isso.
— (PLATÃO, 2001a, p. 321)
Percebe-se que a educação, para Platão, tem um viés emancipatório, pois não
se trata de infundir conhecimentos na mente do educando, tampouco de adestrá-
lo para a realização de alguma tarefa e, nem mesmo, de abrir os seus olhos; mas
de orientá-lo a usar a visão para olhar na direção correta. E essa direção é a
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direção do bem, representado na figura do sol contemplado pelo prisioneiro que
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se libertou. Não é à toa que a palavra luz em grego é φως (phós) e a palavra sábio é
σοφός (sophós) significando “aquele que tem a luz”. Tendo a luz, proporcionada
pela educação, o homem poderá andar no caminho correto, na direção do bem.
Esse é o objetivo do conhecimento, de acordo com a visão platônica.
Questão 2
Uma das estratégias para redução das IRAS é a implementação de um processo
denominado____________. Refere-se a um ____________ de ____________ que possui
várias etapas, a fim de evitar esse tipo de ____________, além de munir o profissional
de saúde de condutas seguras.
Analise a alternativa que completa as lacunas corretamente:
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c. protocolo; conceito; ações; erro.
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d. procedimento operacional; ideia; conduta; near miss.
Questão 3
As últimas duas décadas foram marcadas por iniciativas para a segurança do
paciente (SP). A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi pioneira e incentivou
vários países a reproduzirem ou criarem as ações a partir da sua própria realidade
e necessidade. Na América Latina, o Brasil teve e tem um papel de destaque. Isso
deve-se à criação:
a. I, apenas.
b. I e II, apenas.
c. II e III, apenas.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. FIOCRUZ.
FHEMIG. Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de
medicamentos. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
https://bit.ly/34WkLFd. Acesso em: 10 set. 2020.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Agência Nacional de
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Vigilância Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de
Segurança do Paciente. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em:
https://bit.ly/3rNa4P9. Acesso em: 10 set. 2020.
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Patient Safety: making health care safer.
Genebra: OMS, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3hCJDHg. Acesso em: 28 set.
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