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MANUAL
UFCD 10332
Agentes físicos avaliação e controlo de riscos
2022
OBJETIVO(S) DA UFCD 10332
gentes físicos
o Ruído, Vibrações, Iluminação, Ambiente térmico (stresse e conforto
térmico), Radiações (ionizantes e não ionizantes)
o Enquadramento legal e normativo
o Conceitos
o Valores- limite de exposição, valores de ação e valores de
referência
o Efeitos nocivos para a saúde
o Doenças profissionais
o Doenças relacionadas com o trabalho
o Grupos vulneráveis
o Avaliação e controlo de riscos
o Parâmetros e unidades de medição
o Equipamentos de medição e seus princípios de funcionamento
o Metodologia e estratégia de amostragem
Identificação/localização dos pontos de medição
Duração e momentos da amostragem
Número e frequência de amostras
Tratamento estatístico de resultados
o Interpretação dos resultados
o Medidas de prevenção e de proteção coletiva e individual
Procedimentos de verificação dos instrumentos de medição
o Verificação
o Ajuste
o Utilização
Comunicações/notificações obrigatórias aos organismos reguladores
Índice
AMBIENTE TÉRMICO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 1
2. REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL ............................................................................................ 1
3. CONFORTO TÉRMICO ............................................................................................................................. 3
4. AMBIENTES TÉRMICOS QUENTES ......................................................................................................... 14
5. AMBIENTES TÉRMICOS NEUTROS ......................................................................................................... 17
6. Ambientes Térmicos Frios (baixas temperaturas) ............................................................................. 18
7. Índices de Conforto............................................................................................................................ 20
8. Índices de Stress Térmico ................................................................................................................. 24
9. Enquadramento Legal ....................................................................................................................... 30
RADIAÇÃOES
1. CONCEITOS BÁSICOS........................................................................................................................... 31
2. RADIOACTIVIDADE ............................................................................................................................... 35
3. GRANDEZAS E UNIDADES DE RADIAÇÃO ............................................................................................... 37
4. RADIAÇÕES IONIZANTES ...................................................................................................................... 38
5. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES ....................................................................................................... 50
RUÍDO
1. O SOM ............................................................................................................................................... 68
2. RUÍDO ............................................................................................................................................... 69
2.1. GRANDEZAS FÍSICAS E UNIDADES ACÚSTICAS .......................................................................... 70
2.2. CURVAS DE PONDERAÇÃO ............................................................................................................ 74
2.3. BANDAS DE OITAVA ........................................................................................................................ 74
2.4. O OUVIDO HUMANO ........................................................................................................................ 75
2.5. EFEITOS DO FISIOLÓGICOS DO RUÍDO ........................................................................................ 76
2.6. EXPOSIÇÃO PROFISSIONAL AO RUÍDO ........................................................................................ 78
2.7. MEDIÇÃO DO RUÍDO ....................................................................................................................... 82
VIBRAÇÕES
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 86
2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS VIBRAÇÕES ......................................................................................... 86
3. CLASSIFICAÇÃO DAS VIBRAÇÕES.......................................................................................................... 90
4. FONTES DE VIBRAÇÕES ....................................................................................................................... 90
5. TRANSMISSÃO DAS VIBRAÇÕES ............................................................................................................ 91
6. EFEITOS DAS VIBRAÇÕES..................................................................................................................... 92
7. MEDIÇÃO DAS VIBRAÇÕES ................................................................................................................... 96
8. VALOR LIMITE DE EXPOSIÇÃO E VALOR DE ACÇÃO .............................................................................. 103
9. MEDIDAS DE INTERVENÇÃO E CONTROLO ........................................................................................... 105
10. EQUADRAMENTO LEGAL..................................................................................................................... 106
BIBLIOGRAFIA
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CAPÍTULO 1
AMBIENTE TÉRMICO
1. INTRODUÇÃO
O homem desde sempre se esforçou por criar condições para viver numa temperatura confortável.
A preocupação do homem ao longo dos tempos originou a criação de dispositivos como fogueiras,
lareiras, fogões de sala, recuperadores de calor, ventoinhas e aparelhos de ar condicionados,
assim como preocupações com o local onde se constroem as habitações e, ultimamente,
preocupações com o seu isolamento térmico.
O ambiente térmico desempenha um papel fundamental na melhoria das condições de trabalho,
bem como da qualidade de vida. Considera-se que a ausência de conforto térmico pode originar
alterações nas reacções humanas afectando desta forma o seu comportamento, nomeadamente
no que diz respeito ao mau relacionamento interpessoal e hierárquico, más posturas, absentismo,
etc.
O ambiente térmico é definido como o conjunto de variáveis térmicas do posto de trabalho
que influenciam o organismo do trabalhador, constituindo assim um factor que de forma
directa ou indirecta afecta a saúde e bem estar do trabalhador, bem como a realização do
seu trabalho.
A Norma ISO 7730 refere que “o ambiente térmico condiciona o estado de espírito das pessoas”.
A homeotermia, manutenção da temperatura do corpo, garante um funcionamento óptimo das
principais funções do organismo e em particular do sistema nervoso.
Esta é assegurada quando o fluxo de calor produzido é igual ao fluxo de calor cedido ao ambiente,
isto é, o calor gerado no corpo tem de ser cedido, em cada instante, ao ambiente, de modo a que
a temperatura do corpo permaneça constante.
O corpo humano, na sua contínua troca térmica com o ambiente, tem um sistema de controlo que
mantém a temperatura interna do corpo no intervalo 37 0,8ºC.
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Fig. 1: Manutenção da temperatura interna do corpo (fonte [1])
Em certos ambientes de trabalho, a igualdade entre os fluxos de calor pode realizar-se de uma
forma agradável e não prejudicial para o homem – ambientes moderados ou neutros – no entanto
na maioria dos casos a homeotermia só é assegurada devido a alterações fisiológicas que dão
lugar a situações de “desconforto” - ambientes severos (quentes ou frios).
3. CONFORTO TÉRMICO
O conforto térmico é uma sensação subjectiva, já que depende de aspectos biológicos, físicos e
emocionais de cada pessoa, não sendo desta forma possível, num mesmo ambiente, satisfazer a
todos os ocupantes uma determinada condição térmica.
O seu estudo tem por objectivo a determinação das condições ambientais que proporcionem o
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➢ Sexo Parâmetros
➢ Idade Socioculturais
➢ Peso
➢ Estado de saúde
➢ Tempo de ➢ Temperatura do ar
permanência num ➢ Humidade do ar
Parâmetros Conforto Parâmetros
local adverso ➢ Velocidade do ar
Individuais Ambientais
➢ Frequência de Térmico ➢ Temperatura média
utilização desses radiante
espaços
➢ Actividade
desenvolvida Parâmetros
➢ Vestuário utilizado Arquitectónicos
Condução
A condução consiste na transferência de calor através de uma superfície de contacto entre um
corpo quente e um corpo frio.
Depende da condutividade dos objectos em contacto com a pele. A condutividade dos materiais
é importante para a escolha de revestimentos de solo (corticite, linóleo, madeira), mobiliário e
partes de objectos que devem estar em contacto com o Homem (pontos a serem recobertos
com madeira, couro, plásticos);
É necessário evitar a perda de calor pelo contacto com os objectos quer se trate dos pés ou de
qualquer outra parte do corpo, não só porque a impressão é desagradável mas também pelos
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Se a Temperatura Ambiente for menor que a da pele e não houver calor R a influenciar, então
o corpo dissipa calor:
M=C+R+E
Se a Temperatura Ambiente for inferior à da pele, mas se R for superior à da pele, então:
M+R=C+E
Se a Temperatura Ambiente for mais elevada que a da pele e R for insignificante, então:
M+C=R+E
Se a Temperatura Ambiente e R forem superiores à da pele, então:
M+C+R=E
Neste caso entramos num limite perigoso porque o arrefecimento da pele só pode ser feito pela
sudação.
ser avaliada, observando-se a diferença, positiva ou negativa, existente entre esta temperatura
e a temperatura da pele. Quando a temperatura do ar é maior que a temperatura da pele, o
organismo recebe calor por convecção. Quando a temperatura do ar é menor que a temperatura
da pele, o organismo perde calor pelo mesmo mecanismo.
A quantidade de calor recebida ou perdida é directamente proporcional à diferença existente
entre as temperaturas, em cada um dos casos.
A temperatura do ar exprime-se em graus centígrados (ºC) ou Fahrenheit (ºF) e pode ser medida
com termómetros de dilatação de líquidos, termopares, termístores e termómetros de
resistência. O bolbo dos termómetros de dilatação de líquidos deve estar protegido contra
eventuais fontes de calor radiante.
Conforme o sistema de temperaturas utilizado, podemos calcular valores equivalentes noutras
escalas, com as seguintes fórmulas:
1
1K = 1,8º R T (K ) = (º F − 32) + 273,15
1,8
1
T (º F ) = 1,8( K − 273,15) + 32 T (º C ) = ( R − 492)
1,8
K◆Kelvin R◆Rankine
ºF◆Fahrenheit ºC◆Celsius
Humidade do Ar
A humidade do ar intervém na determinação de trocas de calor por evaporação. Embora,
teoricamente, o organismo humano possa perder 600 Kcal/hora pela evaporação do suor, esta
razão poderá ser diminuída em função da humidade relativa do ar. Se por exemplo, a humidade
relative do ar for 100%, este estará saturado de vapor de água, o que certamente dificulta a
evaporação do suor para o meio ambiente. Neste caso, a perda de calor por evaporação será
reduzida. Se, por outro lado, a humidade relativa do ar for 0%, ocorrerá condução para o
organismo perder 600 Kcal/hora para o ambiente.
Observando-se o que ocorre nos dois extremos acima descritos, torna-se fácil perceber que
quanto maior é a humidade relativa do ar, menor será a perda de calor por evaporação.
As grandezas ligadas à quantidade real de vapor de água contido no ar caracterizam a humidade
absoluta do ambiente. As grandezas que dão conteúdo em vapor de água do ar, relativamente
à quantidade máxima que ele pode conter a uma determinada temperatura, caracterizam a
humidade relativa.
A humidade do ar pode ser medida por intermédio de um higrómetro de bolbo seco ou húmido.
Caso se pretenda obter o valor da humidade por um tempo mais ou menos dilatado são
utilizados termohigrófagos que registam num gráfico a evolução.
A humidade relativa pode ser obtida por intermédio de um aparelho denominado psicrómetro,
composto por dois termómetros, um bolbo seco e outro húmido.
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Fig. 5 e 6: Psicrómetros
Velocidade do Ar
A velocidade do ar intervém na determinação das trocas de calor por convecção e evaporação.
No mecanismo de troca de calor por convecção, o aumento da velocidade do ar acelera a troca
de camada de ar próximas ao corpo, aumentando o fluxo de calor entre este e o ar. Portanto, se
a temperatura do ar for menor que a temperatura do corpo, o aumento da velocidade do ar
implicará em maior perda de calor do corpo para o meio. Mas se a temperatura do ar for maior
que a temperatura do corpo, este recebe mais calor com o aumento da velocidade do ar. Conclui-
se, neste caso, que a variação da velocidade do ar pode ter uma acção positiva ou negativa na
transferência de calor por convecção.
No mecanismo da evaporação, o aumento da movimentação do ar perto da superfície do corpo
implica na remoção da camada de ar próxima da pele, que se encontra com alto teor de vapor
de água, proveniente da evaporação do suor. Desta forma, evita-se que a camada de ar que
envolve o corpo fique com uma humidade relativa superior à do ambiente e dificulte a
evaporação do suor. Observa-se que o aumento da velocidade do ar facilita a perda de calor por
evaporação.
A velocidade do ar é uma grandeza difícil de medir, devido às flutuações rápidas em intensidade
e direcção no tempo.
A medição desta grandeza pode ser feita através de um anemómetro.
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Fig. 7 e 8: Anemómetro e Príncipio de Funcionamento
Calor Radiante
As temperaturas de todas as superfícies dos corpos da envolvente próxima do trabalhador
(paredes, tectos, superfícies das máquinas, superfícies e planos de trabalho, etc...) estão
continuamente a trocar calor radiante.
Em geral, o calor radiante é medido por um aparelho denominado de globo. O material empregue
neste globo é cobre, sendo o seu exterior pintado de negro-mate para absorver a radiação
infravermelha na sua quase totalidade. O bolbo encontra-se no interior do globo para não sofrer
influências de condução e de convecção do ambiente.
Nota: Hoje em dia, o mercado oferece uma gama de equipamentos para medição dos
parâmetros térmicos assistidos por computador e cuja captação é constituída por sondas
electrónicas, com elevado grau de precisão.
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Fig. 9: Termómetro de globo (Rimiotto- Instrumentos de Medição)
Existem equipamentos que funcionam como estações meteorológicas que utilizam os sensores
necessários para a determinação do ambiente térmico e calculam de imediato os índices de
conforto térmico.
Actividade e Metabolismo
Metabolismo é o calor produzido pelo próprio organismo, resultante do conjunto de todos os
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processos físicos e químicos através dos quais se mantém a vida dos organismos vivos.
A área de superfície corporal depende do peso a da altura do indivíduo e pode-se calcular pela
seguinte equação:
A = 0,202 m0, 425 h0,725
Em que:
A – área da pele de um individuo (m2);
H – altura (m)
P – peso (Kg)
Tabela 2: Estimativa do consumo metabólico, quanto à posição e ao movimento do corpo (segundo a AGGIH).
Tabela 3: Estimativa do consumo metabólico, quanto ao tipo de trabalho desenvolvido (segundo a AGGIH).
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Vestuário
O vestuário constitui uma barreira térmica mais ou menos eficaz, entre a superfície cutânea e o
ambiente. Esta barreira age tanto sobre as trocas de calor convectivas e radiantes, como sobre
as trocas de calor por evaporação.
Quando o homem está vestido, cria-se um microclima em volta da superfície cutânea coberta,
cuja temperatura de radiação característica é a face interna do vestuário.
Do mesmo modo que o metabolismo, o vestuário apresenta uma unidade simples e prática, o
clo, que corresponde à resistência térmica de 0,155 m2K/W. De um ponto de vista prático,
corresponde ao isolamento térmico assegurado por um vestuário padrão (fato, camisa, gravata,
colete, sapatos, meias).
As tabelas seguintes mostram os diferentes valores da resistência térmica do vestuário (I clo),
consoante se considere ou não combinações de roupas.
Cueca, camisa, calças, meia Cueca tipo calção, macaco, casaco térmico, alças, meia
curta e sapatos 0.75 0.1163 curta e sapatos l.40 0.2170
Cueca, camisa, macaco, meia Cueca tipo calção, camisa, calças, casaco, casaco
curta e sapatos 0.80 0.1240 térmico, calças térmicas, meia curta e sapatos 1.55 0.2403
Cueca, camisa, calças, casaco, Cueca tipo calção, camisa, calças, casaco, macacão,
meia curta e sapatos 0,85 0.1318 casaco de penas, meia curta e sapaljs 1.85 0.2868
Cueca, camisa, calças, camisola, Cueca tipo calção, camisa, calças, casaco, macacão,
meia curta e sapatos 0.90 0.1395 casaco de penas, meia curta, sapatos, boné e luvas 2.00 0.3100
Cueca tipo calção, camisa, Ceroulas, camisa, calças, casaco térmico, parca com
calcas, macaco, meia curta e 1.10 0.1705 penas, macacão com penas, meia curta, sapatos, boné 2.55 0.3953
sapatos e luvas
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4.2. Consequências do Stress Térmico
➢ Fadiga física;
➢ Diminuição da produtividade;
➢ Aumento dois erros;
➢ Acidentes;
➢ Riscos de distúrbios devido à temperatura.
d) Síncope
insuficiência circulatória;
visão turva;
desmaio;
e) Colapso
exposições extremas que originam calafrios, convulções e por fim a
inconsciência.
f) Morte.
Medidas Organizacionais
1. Implementar os locais de trabalho isolados das fontes de calor;
2. Projectar o trabalho de modo a proporcionar pausas para repouso, rotatividade
de tarefas e realização do trabalho quente nos períodos mais frescos do dia;
3. “Impor” medidas adequadas de Higiene Alimentar
➢ ingestão de água frequentemente em pequenas quantidades de cada
vez;
➢ optar por beber água; só ocasionalmente chá ou café:
➢ ingerir bebidas a uma temperatura de cerca de 12 ºC;
➢ evitar bebidas geladas, sumos de fruta, leite e bebidas alcoólicas;
➢ procurar ter uma alimentação rica em sais minerais e sal, de modo
controlado.
Em ambientes cuja temperatura é baixa, o organismo pode sofrer danos devido a uma relação
directa entre o tempo de exposição e as condições de protecção corporal. No conjunto dos
efeitos nocivos, deva haver especial cuidado face àqueles que resultam do chamado choque
térmico que, geralmente ocorre aquando de um abaixamento brusco da temperatura.
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6.1. Efeitos do stress térmico:
a) Enrelegamento dos membros;
b) Deficiente circulação sanguínea;
c) Ulcerações diversas decorrentes da necrose dos tecidos;
d) Frieiras, eritrocianoses;
e) Pé-das-trincheiras;
f) Postura hirta;
g) Redução das actividades motoras, destreza e força;
h) Diminuição da capacidade de raciocínio;
i) Tremores,
j) Alucinações e inconsciência.
Medidas Organizacionais
1. Projectar o trabalho de modo a proporcionar pausas de repouso e aclimatização.
2. “Impor” alimentação rica em calorias, de modo controlado
3. Beber bebidas quentes.
Medidas de Protecção Individual
Fornecer aos trabalhadores vestuário próprio adequado, bem como EPI’s (óculos,
luvas, aventais, bonés, casacões, etc,...) para todos os trabalhadores expostos ao frio,
em cujo espaço não seja possível o recurso a aquecedores de ar.
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7. Índices de Conforto
O método desenvolvido por Fanger (1972) e adaptado na Norma ISO 7730 tem por base a
determinação do índice PMV (Predicted Mean Vote) calculado a partir de uma equação de
balanço térmico (ver figura 12) para o corpo humano, em que intervêm os termos de geração
interna e de troca de calor com o ambiente circundante.
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Na equação 1, os termos H, Ec, Cres, e Hres correspondem às trocas de calor entre o corpo
humano e o ambiente circundante e são calculados a partir das seguintes equações:
em que:
4 2
PPD = 100 − 95 e−(0,03353PMV +0, 2179PMV )
(Eq. 6)
O índice PPD é recomendado pela norma ISO 7730 (1984) para caracterização de ambientes
confortáveis. Os limites a considerar são os seguintes:
- 0,5 < PMV < 0,5
- PPD < 10%
Figura 15: Percentagem previsível de pessoas insatisfeitas (PPD) em função do voto médio previsível (PMV).
A zona de conforto térmico é definida, na figura 15, pelo intervalo de valores de PMV entre – 0,5 e 0,5,
o que significa que a percentagem previsível de pessoas insatisfeitas (PPD) deve ser inferior a 10%. A
análise da figura 3 permite também concluir que, devido às diferenças individuais entre as pessoas,
mesmo para a situação que é em média considerada pela população como de neutralidade térmica
(PMV=0), a percentagem de insatisfeitos é da ordem de 5%.
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8. Índices de Stress Térmico
DETERMINAÇÃO
A norma que regulariza a determinação do índice WBGT é a ISO 7243 (1989) que define o
nível de desconforto do ambiente em situações onde por razões técnico-económicas se torna
impossível aplicar a norma ISO 7730 (2005). O índice WBGT é determinado através das
expressões que são fornecidas pela norma ISO 7243 (1989).
O cálculo deste índice é efectuado tendo em conta duas situações típicas:
➢ Ambientes não expostos à radiação solar;
➢ Ambientes expostos à radiação solar.
A sua determinação resulta da combinação da temperatura de globo (Tglobo) e da temperatura
húmida natural (Thúmida) para os ambientes não expostos à radiação solar e da combinação
destas duas temperaturas e da temperatura média radiante (TRad) para ambientes expostos à
radiação solar.
Segundo a norma ISO 7243, as expressões são as seguintes:
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0,7 THúmida + 0,3 Tglobo → ambientes não expostos à radiação solar (interiores)
WBGT =
0,7 THúmida + 0,2 Tglobo + 0,1 Tar → ambientes expostos à radiação solar (exteriores)
Este indicador, pela sua simplicidade, é utilizado para indicar de forma rápida se há risco de
stress térmico. O seu cálculo permite tomar decisões quanto às possíveis medidas de
prevenção que devem ser aplicadas.
Em casos de ambientes heterogéneos, onde os parâmetros do espaço em redor do indivíduo
não são constantes, o índice WBGT deverá ser calculado em três posições diferentes,
representando o WBGTC o nível da cabeça, WBGTA o nível do abdómen e WBGTT o nível do
tornozelo da pessoa relativamente ao nível do solo.
O valor do índice WBGT médio é então calculado pela seguinte expressão ponderada:
São ainda conhecidas mais duas tabelas de valores limites de WBGT sugeridas pelo NIOSH
(National International Institue for Occupational Safety na Health): uma em função do
metabolismo energético e do estado de aclimatação; e outra, em função do metabolismo e da
velocidade do ar (ambas relativas a um trabalho de oito horas).
Trabalho Ligeiro - sentado ou de pé, controlar máquinas realizando trabalhos ligeiros com as
mãos e braços.
Trabalho Moderado - andar de um lado para o outro levando ou empurrando pesos
moderados.
Trabalho Pesado - trabalho com picareta.
O índice HSI , Índice de Stress por Calor (tradução do inglês Heat Stress Índex) é um índice
para avaliação de stress térmico de fácil determinação e foi definido pela primeira vez por
Belding and Hatch (1955). Muitos autores, consideram este método mais preciso que o índice
WBGT , no entanto este é frequentemente mais usado na Indústria.
O HSI traduz a proporção entre a evaporação necessária para manter o equilíbrio térmico e a
evaporação máxima conseguida no ambiente térmico, expressa em percentagem
𝐸𝑅𝐸𝑄
𝐻𝑆𝐼 = ∗ 100
𝐸𝑀𝐴𝑋
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onde EREQ representa a evaporação necessária para manter o equilíbrio térmico ou perda
requerida por evaporação (W/m2) e EMAX a evaporação máxima conseguida no ambiente
térmico (W/m2).
A determinação do HSI pressupõe uma temperatura da pele constante de valor 35ºC e uma
superfície corporal de 1,86 m2. As trocas de calor através da respiração não são consideradas.
A evaporação necessária e a máxima são dadas pelas expressões:
𝐸𝑅𝐸𝑄 = 𝑀 − 𝑅 − 𝐶
em que EMÁX representa a perda máxima por evaporação com limite superior de 390 W/m2 e
e(T) é a pressão parcial de vapor à temperatura T .
O cálculo de R é feito a partir da utilização da expressão 𝑐 = 𝐾2 ∗ 𝜈 0,6 ∗ [35 − 𝑇] que
representa o calor perdido por radiação (W/m2) e o cálculo de C a partir de
𝑅 = 𝐾1 ∗ (35 − 𝑇𝑅𝑀 ) que representa o calor perdido por convecção (W/m2), onde TRM
indica a temperatura radiante (ºC). Nas expressões, os valores das constantes K1, K2 e K3 têm
valores diferentes para indivíduos nus ou vestidos. A Tabela 1 indica alguns valores típicos
usados.
O valor máximo permitido para EMÁX é de 390 W/m2. Este valor corresponde a uma taxa de
evaporação de cerca de 1L/h para um homem de superfície corporal 1,86 m2 e que se encontre
em perfeito estado de saúde. Este valor equivale a taxa de evaporação máxima que pode ser
mantida num período de 8 horas. Se EREQ for maior que o EMÁX, o organismo não consegue
manter o balanço térmico e a temperatura interna aumenta, pois há armazenamento de calor
no corpo, correspondendo a um valor de HSI superior a 100%. Se o índice HSI é inferior a
zero, existe um ligeiro stress por calor (por exemplo quando os operários estão a recuperar da
exposição ao calor). Há tabelas que indicam, para diferentes índices de HSI , os efeitos devido
à exposição a oito horas de trabalho contínuo.
O tempo máximo de exposição AET (tradução do inglês Allowable Exposure Time), pode ser
determinado através da expressão seguinte e é expresso em minutos.
2440
𝐴𝐸𝑇 =
𝐸𝑅𝐸𝑄 − 𝐸𝑀Á𝑋
de trabalho contínuo, podem ser estimados atendendo ao valor do índice HSI . A Tabela 10
indica para diferentes índices de HSI os efeitos devido à exposição a oito horas de trabalho
contínuo.
Tabela 10: Interpretação do HSI e sua relação com os efeitos à exposição de 8 horas de trabalho
contínuo.
HSI Efeitos devido à exposição a 8 horas de trabalho contínuo
-20 Stress por calor leve (ocorre durante o período de recuperação à exposição ao calor)
0 Não ocorre stress térmico
Stress por calor moderado. Ligeiro efeito em trabalhos físicos mas ocorrência possível de
10-30 efeitos moderados em trabalhos qualificados que exijam determinadas
habilidades e qualidades.
Stress por calor intenso que pressupõe risco para a saúde do indivíduo. O risco pode ser
40-60 atenuado se o indivíduo possuir uma boa condição física. Necessidade de
aclimatização.
Stress por calor muito intenso. Os operários deverão ser seleccionados mediante rigoroso
70-90
exame médico. Necessidade de ingestão de água e sais minerais
100 Stress por calor máximo tolerado por indivíduos jovens, em boa forma física e aclimatizados.
<100 Tempo de exposição limitado por um aumento da temperatura interna
Os valores indicados na Tabela 11 são aceites para indivíduos que residam nas latitudes
médias. Os indivíduos que residem em zonas tropicais, devido ao efeito da aclimatização,
toleram mais eficazmente ambientes com valores de índice ITH mais elevados,
particularmente em ambientes exteriores.
A temperatura efectiva é um dos índices de stress térmico com uma maior área de aplicação.
O Índice da Temperatura Efectiva ITE estabelecido por Houghten and Yaglou (1923) permite
relacionar os efeitos da temperatura do ar T e da humidade relativa HR no bem-estar do ser
humano. Assim, dois ambientes com a mesma temperatura efectiva devem admitir a mesma
resposta térmica, mesmo com valores diferentes de temperatura do ar e de humidade relativa
do ar desde que se registe o mesmo valor da velocidade do ar.
O índice ITE resultou de um estudo empírico realizado em câmaras climatizadas em que
diferentes indivíduos foram questionados sobre o seu bem-estar quando sujeitos a distintas
condições ambientais. Foram utilizadas duas câmaras de teste climatizadas ligadas por uma
porta, que estavam sujeitas a diferentes valores de temperatura e humidade relativa do ar.
Numa das câmaras, foram mantidas os registos da temperatura do ar e humidade relativa
(100%) enquanto que na outra câmara a temperatura do ar e a temperatura do termómetro
húmido eram alteradas. Através da porta de ligação os indivíduos circulariam de uma câmara
para a outra relatando aos investigadores a sua sensação térmica por comparação das
sensações térmicas vivenciadas nas duas câmaras.
Com esta metodologia, quando se variava os valores da temperatura e da temperatura
húmida, ou seja, quando se variava a humidade relativa do ar, determinaram-se linhas que
correspondiam a uma sensação térmica de bem-estar através das respostas “imediatas” dos
indivíduos.
Na prática, o Índice da Temperatura Efectiva pode ser avaliado de duas formas, ou através
de ábacos ou cartas psicrométricas ou analiticamente.
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1. Carta Psicrométrica
Os resultados dos testes empíricos permitiram a construção de uma carta
psicrométrica, como a apresentada no Anexo C, onde é apresentado um exemplo de
aplicação a partir dos registos da temperatura do ar, da temperatura húmida e da
velocidade do ar. A partir do conhecimento destes parâmetros meteorológicos
facilmente é avaliado o valor de ITE.
2. Cálculo analítico
O Índice da Temperatura Efectiva, de acordo com Thom (1959) pode ser determinado
analiticamente recorrendo à expressão,
Mikani e Amorim (2005) disponibilizam valores limites para o índice ITE que são indicados na
Tabela 12.
9. Enquadramento Legal
RADIAÇÕES
1. CONCEITOS BÁSICOS
ESTRUTURA DA MATÉRIA
Todas as substâncias que entram na constituição da matéria resultam da organização entre
átomos de elementos químicos. O produto dessa organização são as moléculas. Uma
molécula pode ser constituída por um ou mais átomos. Macromoléculas podem apresentar
centenas ou mesmo milhares deles. Para compor uma molécula, os átomos devem interagir
de acordo com suas propriedades físicas e químicas.
O ÁTOMO
Por muito tempo, pensou-se que o átomo, na forma acima definida, seria a menor porção da
matéria e teria uma estrutura compacta. Actualmente, sabemos que o átomo é constituído por
partículas menores (sub-atómicas), distribuídas de uma forma que lembra o Sistema Solar.
Existe um núcleo, onde fica concentrada a massa do átomo e minúsculas partículas que giram
em seu redor, denominadas electrões. Os electrões são partículas de carga negativa e massa
muito pequena.
Os protões têm a tendência de se repelirem, porque têm a mesma carga (positiva). Como eles
estão juntos no núcleo, comprova-se a existência de energia nos núcleos dos átomos com
mais de uma partícula: a energia de ligação dos nucleões ou energia nuclear.
Denomina-se nuclídeo qualquer configuração nuclear, mesmo que transitória. Num átomo
neutro o número de protões é igual ao número de electrões.
O número de protões (ou número atómico) identifica um elemento químico, comandando seu
comportamento em relação aos outros elementos
O elemento natural mais simples, o hidrogénio, possui apenas um protão; um dos mais
complexos, o urânio, tem 92 protões, sendo o elemento químico natural mais pesado.
OS ISÓTOPOS
O número de neutrões no núcleo pode ser variável, pois eles não têm carga eléctrica. Com
isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. Átomos de um mesmo
elemento químico com massas diferentes são denominados isótopos.
O hidrogénio tem 3 isótopos: o hidrogénio, o deutério e o trítio.
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ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS
Os seres vivos são constituídos, principalmente, por átomos de carbono (C), hidrogénio (H),
oxigénio (O) e azoto (N). Estes átomos, combinados entre si, constituem a base das moléculas
biológicas.
Como pode ser observado na tabela que segue, a água é a substância encontrada em maior
quantidade na composição química de um ser vivo.
Num organismo vivo moléculas desempenham funções estruturais e/ou funcionais (açúcares,
proteínas, lipídos, enzimas, hormonas). São fonte de energia, codificam, lêem, interpretam e
executam mensagens. O quadro abaixo ilustra o que seria uma actividade funcional
desenvolvida por três moléculas que juntam esforços para a realização de uma tarefa, no caso,
representada pela abertura de um cofre.
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Pág.35
2. RADIOACTIVIDADE
LIBERTAÇÃO DA ENERGIA NUCLEAR
Uma vez constatada a existência da energia nuclear, restava descobrir como utilizá-la.
A forma imaginada para liberar a energia nuclear baseou-se na possibilidade de partir-se ou
dividir-se o núcleo de um átomo “pesado”, isto é, com muitos protões e neutrões, em dois
núcleos menores, através do impacto de um neutrão. A energia que mantinha juntos esses
núcleos menores, antes constituindo um só núcleo maior, seria liberada, na maior parte, em
forma de calor (energia térmica).
FISSÃO NUCLEAR
A divisão do núcleo de um átomo pesado, por exemplo, do urânio-235, em dois menores,
quando atingido por um neutrão, é denominada Fissão Nuclear. Seria como atirar uma
bolinha de vidro (um neutrão) contra várias outras agrupadas (o núcleo).
REACÇÃO EM CADEIA
Na realidade, em cada reacção de fissão nuclear resultam, além dos núcleos menores, dois a
três neutrões, como consequência da absorção do neutrão que causou a fissão. Torna-se,
então, possível que esses neutrões atinjam outros núcleos de urânio-235, sucessivamente,
liberando muito calor. Tal processo é denominado Reacção de Fissão Nuclear em Cadeia
ou, simplesmente, Reacção em Cadeia.
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RADIOACTIVIDADE
O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem levou à descoberta
de um fenómeno interessante: o filme foi velado (marcado) por “alguma coisa” que saía da
rocha, na época denominada raios ou radiações.
Outros elementos pesados, com massas próximas à do urânio, como o rádio e o polónio,
também tinham a mesma propriedade.
O fenómeno foi denominado radioactividade e os elementos que apresentavam essa
propriedade foram chamados de elementos radioactivos.
Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de partículas ou de carga,
tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas.
Radiação
Qualquer dos processos físicos de emissão e propagação de energia, seja por ondas
electromagnéticas, seja por meio de partículas dotadas de energia cinética. Energia que
se propaga de um ponto a outro, irradiada a partir de um corpo, no espaço ou num meio
material.
ACTIVIDADE
Os núcleos instáveis de uma mesma espécie (mesmo elemento químico) e de massas
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DOSE ABSORVIDA
Quantidade absorvida por um dado meio, para qualquer tipo de radiação.
DOSE EQUIVALENTE
Quantidade, para qualquer tipo de radiação, que produziria o mesmo efeito que uma unidade
de radiação ou X. A dose equivalente é o produto da dose absorvida pelo factor de qualidade
da radiação em causa.
4. RADIAÇÕES IONIZANTES
Radiação Ionizante
Considera-se radiação ionizante qualquer partícula ou radiação electromagnética que,
ao interagir com a matéria, "arranca" electrões dos átomos ou de moléculas,
transformando-os em iões, directa ou indirectamente.
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Assim, as partículas alfa, as partículas beta e a radiação gama, emitidas por fontes
radioactivas, bem como os raios X, emitidos pelos respectivos aparelhos, são radiações
ionizantes.
4.1. TIPOS DE RADIAÇÃO IONIZANTE
A. Radiações Corpusculares
:::::::::::::::::::::::Detida por
alumínio ou
alguns metros de
ar
Têm um poder de ionização inferior às , mas uma maior poder de penetração; Elevada
importância em contaminação.
B. Radiações Electromagnéticas
RAIOS GAMA
Geralmente, após a emissão de uma partícula alfa (α) ou
beta (β), o núcleo resultante desse processo, ainda com
excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse
excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma
natureza da luz, sem carga elétrica, denominada radiação
gama.
RAIOS X
São radiações electromagnéticas de alta energia originadas em transições electrónicas do
átomo que sofreu excitação ou ionização, após interacção. Electrões das camadas externas
fazem transições para ocupar lacunas produzidas pelas radiações nas camadas internas,
próximas do núcleo, emitindo o excesso de energia sob a forma de raios X. Como as energias
das transições são típicas da estrutura de cada átomo, elas podem ser utilizadas para a sua
identificação, numa técnica de análise de materiais denominada de fluorescência de raios X.
A energia dos raios X é inferior à dos raios . Importantes em irradiação.
Detidos
)))))))))))))))
GAMMA Y RAYOS X por
chumbo
blindado
ou
cimento
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Sob o ponto de vista dos sentidos humanos, as radiações ionizantes são: invisíveis, inodoras,
inaudíveis, insípidas e indolores. Para se ter uma ideia da velocidade delas, alguns valores
são mostrados na Tabela 15.
Tabela 15: Energia e Velocidade das radiações ionizantes
A interacção das radiações ionizantes com a matéria é um processo que se passa em nível
atómico. Ao atravessarem um material, estas radiações transferem energia para as partículas
que forem encontradas em sua trajectória. Caso a energia transferida seja superior à energia
de ligação do electrão com o restante da estrutura atómica, este é ejectado de sua órbita. O
átomo é momentaneamente transformado em um ião positivo. O electrão arrancado (ião
negativo) desloca-se no meio, impulsionado pela energia cinética adquirida neste processo.
Esta energia é dissipada através da interacção do electrão com electrões e núcleos de outros
átomos, eventualmente encontrados em sua trajectória. Novos iões podem, assim, serem
introduzidos na matéria. O processo é interrompido quando, tendo sua energia dissipada em
interacções (choques), os electrões (e suas cargas negativas) acabam capturados por
moléculas do meio. A introdução de pares de iões (positivo e negativo) na matéria recebe o
nome de ionização.
Em um indivíduo adulto, a grande maioria dos tecidos é constituída por células diferenciadas
isto é, células que pouco se dividem ou que nunca o fazem. É o caso das células do tecido
ósseo, das células do tecido muscular, de células do fígado, dos rins, dos pulmões, do
coração.
Células que não se dividem podem acumular quebras de DNA e mutações celulares sem
comprometimento das funções dos órgãos e tecidos que constituem. Células cuja taxa de
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divisão é alta, tornam-se mais vulneráveis à acção das radiações. Quando uma lesão no DNA
resultar quebra da molécula, a célula passa a ter dificuldade em dividir o material genético
entre as células filhas, que podem morrer após uma ou duas divisões subsequentes. Quanto
maior o grau de diferenciação celular, menor a taxa de divisão e menores são as possibilidades
de morte celular induzida pela radiação. Quanto menor a diferenciação celular maior a
probabilidade de indução de morte por acção das radiações ionizantes.
Figura 26: Consequência da Irradiação de uma molécula de DNA
Desta forma, um tecido pode apresentar maior ou menor resistência às radiações, em função
do grau de diferenciação das células que o constituem. Num indivíduo adulto apenas alguns
tecidos são constituídos por células cuja função é repor, através de divisões sucessivas,
populações celulares cujo tempo médio de vida é da ordem de uma a duas dezenas de dias
(elementos figurados do sangue e células de recobrimento); as células responsáveis pela
produção de óvulos e espermatozóides também se enquadram entre células altamente
vulneráveis à acção das radiações ionizantes por possuírem, como característica funcional,
uma alta taxa de divisão celular.
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EFEITO DETERMINÍSTICO:
▪ Leva à morte celular
▪ Existe limiar de dose: os danos só aparecem a partir de uma determinada dose.
▪ A probabilidade de ocorrência e a gravidade do dano estão directamente relacionadas
com o aumento da dose.
▪ Geralmente aparecem num curto intervalo de tempo;
Exemplos: catarata, leucopenia, náuseas, anemia, esterilidade, hemorragia, eritema
e necrose.
Efeitos Somáticos são aqueles que ocorrem no próprio indivíduo irradiado. Podem ser
divididos em efeitos Imediatos e efeitos Tardios. Nos Efeitos Genéticos os danos provocados
nas células que participam do processo reprodutivo de indivíduos que foram expostos à
radiação, podem resultar em defeitos ou mal-formações em indivíduos de sua descendência.
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Os Efeitos Somáticos das radiações são aqueles que afectam apenas os indivíduos
irradiados, não se transmitindo para seus descendentes. Os efeitos somáticos classificam-se
em:
− Efeitos imediatos: aqueles efeitos que ocorrem em um período de horas até algumas
semanas após a irradiação. Como exemplos de efeitos agudos provocados pela ação
de radiações ionizantes pode-se citar eritema, queda de cabelos, necrose de tecido,
esterilidade temporária ou permanente, alterações no sistema sanguíneo, etc.
− Efeitos tardios: quando os efeitos ocorrem vários meses ou anos após a exposição
à radiação. Exemplos dos efeitos crónicos são: o aparecimento de catarata, o cancro,
a anemia aplástica, etc.
Malformações nos
Hereditários
descendentes
Nas tabelas 18 e 19 estão relacionados sintomas induzidos por exposições agudas localizadas
e exposições de corpo inteiro. Em todos os casos de desenvolvimento de sintomatologia
clínica o processo reflecte a morte de um número significativo de células com
comprometimento de órgão e/ou tecidos.
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A unidade de dose absorvida é o Gray (Gy). A dose média de radiação natural absorvida pela
população mundial é de 2,6 Gy x 10-3 x ano .1 , isto é, 2,6 mGy por ano.
BLINDAGEM
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5. RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES
5.1. INTRODUÇÃO
Na sua forma mais simples, a radiação electromagnética é um campo eléctrico vibratório
movimentando-se através do espaço associado a um campo magnético vibratório que tem as
características do movimento ondulatório.
A radiação electromagnética é classificada de acordo com a frequência da onda, que em
ordem decrescente de comprimento da onda é: ondas de rádio, microondas, radiação
terahertz (Raios T), radiação infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta, Raios-X e
Radiação Gama.
Essa classificação forma o espectro electromagnético, representado na figura seguinte:
É importante salientar que, com excepção da parte visível do espectro, todas as outras
radiações são invisíveis e dificilmente detectáveis pelas pessoas através de meios naturais.
No caso dos efeitos térmicos (aquecimento) provocados, se a radiação for perigosa, a
sensação de calor pode chegar tarde demais para avisar do risco. Isto obriga ao uso de
detectores que determinam a existência e intensidade da radiação e cuja utilização
aconselhamos seja feita por especialistas.
Outra característica de interesse é que a radiação pode se transmitir através do vácuo, sem
necessidade da existência de ar ou outros meios materiais. Por exemplo, toda a radiação solar
que atinge a terra, que pode ser infravermelha, visível, ultravioleta, etc., é transmitida através
do vácuo interplanetário.
Laser Térmico
materiais.
FONTES DE EXPOSIÇÃO:
A exposição laboral a radiações UV é muito ampla, tanto em trabalhos na intempérie - obras
públicas, agricultura, marinheiros, etc. - como em processos industriais nos que se utilizam
lâmpadas germicidas, de fototerapia, solares UV-A, arcos de soldadura e corte,
fotocopiadoras, etc.
A principal fonte natural é o sol e a maior parte de fontes artificiais são:
Baixa intensidade:
- lâmpadas de vapor de Hg de baixa pressão
- lâmpadas fluorescentes
- chamas do corte
Alta intensidade:
- lâmpadas de vapor de Hg de alta pressão
- arcos de quartzo e Hg
- arcos de xenon de alta pressão
- arcos de carbono
- soldadura de plasma (~ 6000ºK)
- arco de soldadura
- lâmpadas germicidas
- lâmpadas de fototerapia e solares
- lâmpadas de luz negra (UV - A)
- arcos de soldadura e corte
- arcos eléctricos em fornos de fundição
- fotocopiadoras
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- flash
Os danos causados pelas radiações ultravioletas emitidas pelo Sol vão-se acumulando na
pele desde criança, ano após ano.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO:
Para evitar estes males, quando está a trabalhar no exterior, tenha atenção
- usar regularmente um filtro solar de protecção 15 ou mais e resistente à água e \á
transpiração,
- usar um chapéu de abas largas e a nuca protegida,
- usar roupa de algodão, lã (fibras naturais) sem decotes e com mangas,
- usar óculos de sol com filtragem de ultra violetas,
- beber muitos líquidos ao longo do dia,
- evitar trabalhar ao sol entre as 11 e as 15 horas,
- certos medicamentos (antibióticos, diuréticos, hipotensores, etc.) associados à
exposição ao sol, podem desencadear reacções alérgicas graves. Se surgir alguma lesão
persistente na sua pele, por muito inocente que lhe pareça, consulte o médico.
As lâmpadas UV utilizam-se como germicidas e na cosmética. Encontram-se na indústria nos
arcos eléctricos para soldadura e na análise química. Nestas situações há que prever a
utilização de "écrans" opacos ao UV.
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FONTES DE EXPOSIÇÃO (RADIAÇÃO VISÍVEL)
De origem natural: Sol
De origem Artificial:
Incandescente
- lâmpadas e corpos incandescentes
- arcos de soldadura
- arco eléctrico
- lasers
Por descarga de gases
- lâmpadas de néon
- lâmpadas fluorescentes
- soldadura de plasma
Portugal Continental tem cerca de 2500 horas de Sol por ano o que equivale a cerca de 7
horas de Sol por dia.
O Sol, como todos sabemos, emite:
- radiações infravermelhas que transmitem calor
- luz visível
- radiações ultravioleta que penetram na pele e podem provocar lesões.
EFEITOS BIOLOGICOS
A luz como agente físico pode produzir alguns riscos tais como:
- perda da acuidade visual,
- fadiga ocular,
- encadeamento devido a contrastes muito grandes no campo visual ou a brilhos excessivos
da fonte luminosa.
O perigo de dano na retina é máximo na zona de luz azul de 425-450 nm.
A radiação muito colimada, monocromática e coerente produzida pelos lasers pode provocar
queimaduras na retina.
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LIMITES ACEITÁVEIS
Para estabelecer condições de trabalho seguras, são necessários níveis de iluminação
adequados. A iluminação na indústria deve proporcionar uma visão eficiente segura e
confortável.
5.4. RADIAÇÃO INFRAVERMELHA (IV)
A radiação IV abarca a parte do espectro desde a luz visível até às microondas. Estende-se
desde os 780 nm aos 106 nm (1 mm), subclassificando-se em 3 zonas diferentes pelas letras
A, B e C.
- IV-A: 780-1.400 nm
- IV-B: 1.400-3.000 nm
- IV-C: 3.000-106 nm
FONTES DE EXPOSIÇÃO
Exposição Directa
- a corpos incandescentes
- a superfícies muito quentes
Exposição a equipamentos e sistemas IV
- passivos (para detectar corpos quentes)~
- activos (radares)
EFEITOS BIOLÓGICOS
A radiação IV devido ao seu baixo nível energético não reage fotoquímicamente com a matéria
viva produzindo-se só efeitos de tipo térmico. As lesões que podem produzir aparecem na pele
e nos olhos.
Olhos
o lesões na córnea (eritemas e queimaduras) (IV - B e C)
o lesões no cristalino - opacidades e cataratas
o lesões térmicas na retina e esclerótica (IV-A)
Pele
o aquecimento superficial (IV-B e C)
o lesões estruturais e funcionais em capilares e nas transmissões nervosas (1V-
A)
o Transmitância (penetração) máxima a 1200 nm, podendo alcançar uma
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APLICAÇÕES
• Comunicações ópticas (com satélite, a distâncias curtas, guias de onda, televisão por
cabo);
• Processamento e armazenamento de informação (leitura de código de barras, discos
compactos, memórias ópticas, memórias de ordenadores, impressoras);
• Indústria (obtenção de linhas e planos de referência, medição de distâncias,
velocimetria (fluxos de fluidos em tubagens, do sangue nas artérias, etc.), ensaios
não destrutivos, corte de materiais metálicos e não metálicos, soldadura, tratamento
de superfícies);
• Medicina (oftalmologia (fotocoagulador - trat. da retina), ORL (trat. Da laringe,
operações do ouvido médio e interno), dermatologia, tratamento de lesões vasculares,
destruição de pequenos tumores, tratamento de varizes;
• Aplicações militares (detecção, incluindo telemetria, velocimetria, simulação do treino
de tiro, armas laser para neutralização de sensores, sinalização e localização de alvos
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RISCOS
Dependem do tipo de laser utilizado e as características à volta do trabalho.
Os riscos da radiação laser estão praticamente limitados aos olhos, variando os efeitos
adversos produzidos nas diferentes regiões espectrais. Mesmo assim pode incidir em escassa
medida sobre a pele.
A possibilidade de concentrar grandes energias em áreas muito pequenas implica riscos
consideráveis na observação do feixe laser, directo ou reflectido, que pode provocar lesões
graves na retina.
Todos os lasers trazem assinalada a classe a que pertencem, que indica a potência e as
principais precauções a tomar.
Cuidados especiais deverão ser tomados com os lasers de CO 2 de grandes potências, dado
que a sua emissão se situa na zona dos infravermelhos, o feixe é invisível o que torna a sua
detecção difícil.
As regras de segurança relativas a lasers consistem essencialmente no uso apenas por
pessoal qualificado e em locais devidamente assinalados, na ausência de objectos reflectores
na vizinhança e na utilização permanente de óculos de protecção adequados.
CLASSES DE LASERS:
− Classe I: Não emitem níveis de radiação perigosos. Não necessitam de nenhum rótulo
de advertência ou medida de controlo.
− Classe II: Dispositivos de potência baixa com escasso risco. Podem provocar lesão
na retina quando se olham durante um período prolongado. É necessário colocar um
sinal de advertência.
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− Classe IlIa: São equipamentos com uma potência moderada que não lesionam o olho
nu da pessoa com uma resposta de aversão normal a luz brilhante, mas pode causar
dano quando a energia é recolhida e transmitida ao olho. E necessário colocar um
sinal de advertência.
− Classe IIIb: Incluí lasers capazes de provocar lesões quando se lhes olha
directamente. Deve-se colocar um rótulo de advertência.
− Classe IV: São os de maior risco. Incluí os lasers que podem produzir lesões tanto
pelo raio directo como pelo reflexo e também constituem risco de incêndio. Deve levar
o sinal de advertência adequada.
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Todos os lasers das classes 3A, 3B e 4, devem ter os seguintes dispositivos e medidas
de segurança:
− devem estar protegidos do uso não autorizado: controlo de chave.
− devem estar instalados permanentemente com um obturador do feixe e / ou
atenuador, para evitar a saída de radiações superiores aos níveis máximos permitidos.
− devem colocar-se sinais de aviso.
− a trajectória do feixe deve acabar ao final de seu recorrido sobre um material
com reflexão difusa de reflectividade e propriedades técnicas adequadas ou
sobre materiais absorventes.
− quando for possível, os feixes lasers, estarão fechados e os lasers de caminho óptico
aberto situaram-se acima ou abaixo do nível dos olhos.
Para activar as fontes laser são necessárias geralmente instalações de energia eléctrica de
certa potência, assim como instalações especiais de circulação de água para arrefecimento.
Todos estes sistemas têm de ser cuidadosamente isolados devido aos riscos de descargas
eléctricas que, pela sua estatística americana têm provocado mais acidentes do que os
próprios feixes laser com os quais se toma em geral, mais cuidado.
A exposição dos colaboradores às Radiações ópticas pode ter efeitos adversos crónicos na
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pele e nos olhos. A tabela seguinte apresenta uma relação entre o tipo de radiação e o
respectivo risco associado.
Comprimento de Gama de
Órgão afectado Risco
onda (nm) radiações
180 a 400 UV Olho Lesão fotoquímica e lesão térmica
180 a 400 UV Pele Eritema
400 a 700 Visível Olho Lesão da retina
400 a 600 Visível Olho Lesão fotoquímica
400 a 700 Visível Pele Lesão térmica
700 a 1400 IVA Olho Lesão térmica
700 a 1400 IVA Pele Lesão térmica
1400 a 2600 IVB Olho Lesão térmica
2600 a 106 IVC Olho Lesão térmica
1400 a 106 IVB, IVC Olho Lesão térmica
1400 a 106 IVB, IVC Pele Lesão térmica
Para uma dada fonte de radiação óptica pode haver mais que um valor limite de exposição.
Os valores limite de exposição (VLE) a radiações não coerentes, com excepção das
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emitidas por fontes naturais de radiação óptica, constam do anexo I da Lei n.º 25/2010, por
sua vez os VLE para radiações Laser constam no respectivo anexo II.
Lei nº 25/2010 de 30 de Agosto
Valores limite de exposição para radiação óptica não coerente
Anexo I
Na avaliação de riscos à exposição a radiações ópticas de fontes artificiais deve ser tido em
consideração:
Esta avaliação deve ser registada e se não for necessário uma avaliação mais
pormenorizada, esta deve ser justificada pela Organização. Para alem disso deverá ser
actualizada sempre que haja alterações significativas que a possam desactualizar ou se o
resultado da vigilância da saúde assim o obrigar. Por último se foram ultrapassados os VLE
a periodicidade mínima de avaliação é de uma por ano
Cancro e radiações ionizantes
Muitos dados empíricos foram obtidos através de observações sobre o efeito da exposição
prolongada a doses baixas de radiações em radiologistas, sobre os sobreviventes das bombas
atómicas no Japão, e sobre doentes que recebem radioterapia para tratamento de cancros (
e.g., cervix uterina ) e doenças benignas ( e.g., pelvispondilite anquilosante ).
O risco parece maior se uma dose de radiação é acumulada durante um curto intervalo de
tempo do que durante longos períodos. Não existem muitos dados firmes sobre os riscos de
pequenas doses de radiação usadas com fins diagnósticos, com excepção de um aumento de
50% em leucemias e outros cancros das crianças associados com exposições pré-natais do
feto. Em termos gerais, o cancro radiogénico é pouco frequente, e é responsável por menos
de 30 cancros por milhão de pessoas por ano.
Cerca de 5% de todas as mortes por cancro podem ser atribuídas às XRTs, embora esta
percentagem possa ser de facto um pouco maior se se confirmarem certas recentes
estimativas sobre o risco de cancro do pulmão associado a níveis atmosféricos de um gás
radioactivo natural - o rádon, que é um produto da desintegração radioactiva do urânio - nas
habitações, devido a emanações de rádon emitidas por depósitos de urânio no solo.
Antonio Fontelonga, MD
Fonte:http://www.alert-
online.com/?key=680B3D50093A6A032E510E2D36020C400E2A322A2E4106273B4822515A7F665B
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CAPÍTULO 4
RUÍDO
1. O SOM
O som e caracteriza por variações de pressão que necessitam de um meio compressível
como, por exemplo, o ar, para seu deslocamento. São ondas mecânicas, portanto,
diferentemente da luz que é uma onda electromagnética e não necessita de meio físico para
sua propagação. No entanto, não são todas as flutuações de pressão que produzem estímulo
auditivo no ser humano. Assim como a sensação luminosa, apenas uma faixa limitada de
frequência pode produzir a sensação de audição humana. Os animais também possuem
sensação auditiva em faixas de frequências que podem ser mais amplas que a do homem. É
através do som que comunicamos, ouvimos música, obtemos informações, etc.
CARACTERÍSTICAS DO SOM
VELOCIDADES DO SOM
O som propaga-se em diversos meios sólidos, líquidos ou gasosos, mas a sua velocidade de
propagação varia de meio para meio e até com a temperatura. A velocidade de propagação
no ar é de 340m/s (à temperatura ambiente), na água é de 1 500m/s e no aço é de 5 000m/s.
No ar, a propagação do som (344 m/s) é muitíssimo mais lenta do que a da luz (300 000
000 m/s). Na água, a velocidade do som é maior do que no ar.
2. RUÍDO
Caracteriza-se por:
O ouvido humano apenas tem percepção para os sons onde a frequência está
compreendida entre 20 Hz e 20 000 Hz.
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Figura.34 - Curva de sensibilidade do ouvido humano.
p
L p (dB) = 20 log10
p0
− dB – decibel
As grandezas acústicas variam em grandes proporções. A sensação sonora varia de forma
logarítmica em função da estimulação. Por esta razão foi introduzida a escala logarítmica em
função dos decibéis .
O limiar de audição, isto é, a mais pequena pressão audível por um ouvido normal, não é a
mesma para todas as frequências. É de 20x10-6 Pa (0,000 02 Pa) entre 2 000 e 3 000 Hz e é
muito superior fora desta gama de frequências (como se pode ver na Fig. 6).
Podem-se combinar níveis de pressão sonora. Para sons aleatórios, o nível global é a soma
algébrica das energias acústicas. No entanto é incorrecto adicionar os seus níveis (o logaritmo
de uma soma não é igual à soma dos logaritmos).
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A solução passa pela utilização da seguinte equação:
Lp final = L1 + 10 x Log N
Pode ser usado outro método para adicionar ou subtrair níveis de pressão sonora (através
dos ábacos)
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As curvas de compensação são padronizadas pela ISO e IEC para indicar a resposta dos
medidores em relação à pressão existente no ambiente e aquilo que seria recebido pelo ouvido
humano.
O limiar da audibilidade humana situa-se entre 20Hz e 20 kHz.
A seguir é apresentada na figura 8 comparativo das curvas de compensação A e C com a
Linear.
O espectro sonoro pode ser representado por um grande número de tons puros entre dois
limites de frequência, podendo estes limites ser 1 Hz ou centenas de Hz. O limiar da
audibilidade humana está entre 20 Hz e 20 kHz. As faixas em que são divididas as frequências
são chamadas de bandas. As bandas mais utilizadas em avaliação de ruído são as de oitava
e terças de oitava.
Banda de oitava é o intervalo de frequência em que a frequência superior (f2) da banda é igual
ao dobro da frequência inferior da banda (f1).
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f2 = 2 x f 1
Onde
f1 = frequência inferior da banda em Hz
f2 = frequência superior da banda em Hz
Terça de oitava é o intervalo onde a frequência superior da banda (f2) é igual à raiz cúbica
de 2 multiplicada pela frequência inferior da banda (f1).
A frequência central (fm) de qualquer uma das bandas será sempre a raiz quadrada do produto
da frequência superior e da inferior (média geométrica).
Os filtros de oitava, utilizados para medição, tem frequências de corte estabelecidas, em
função da frequência central e obedecem padronização ISO e IEC.
As ondas sonoras percorrem o ouvido externo até atingir o tímpano, provocando vibrações
que por sua vez são transferidas para os três ossos do ouvido médio, que trabalham corno
uma série de alavancas; portanto o ouvido médio actua como um amplificador. As vibrações
ondas de pressão que propagam-se até a cóclea, e viajam ao longo do tubo superior da
mesma. Neste processo, as paredes finas da cóclea vibram, e as ondas passam para o tubo
central e depois para o tubo inferior até a região conhecida como janela redonda. As vibrações
das membranas basal e tectória, em sentidos opostos, estimulam as células a produzirem
sinais eléctricos. As ondas percorrem distâncias diferentes ao longo da cóclea, com vários
tempos de atraso, dependendo da frequência. Isto permite ao ouvido distinguir as frequências
do som.
A percepção da direccionalidade do som ocorre através do processo de correlação cruzada
entre os dois ouvidos. A diferença de tempo entre a chegada do som num ouvido e no outro
(ouvido esquerdo e direito), fornece informação sobre a direcção de chegada; por isso é
necessário manter os dois ouvidos sem perda de sensibilidade.
Qualquer redução na sensibilidade de audição é considerada perda de audição. A exposição
a níveis altos de ruído por tempo longo danifica as células da cóclea. O tímpano, por sua vez,
raramente é danificado por ruído industrial.
O ouvido humano não tem a mesma sensibilidade para todas as frequências. Ouve-se
melhor os sons das frequências médias e altas do que das baixas.
Pág.75
Figura 39: Esquema do Ouvido Humano
30
40
Estado 2
50
60
70 Estado 3
80
90
100
Definições
Com este diploma legal passam a estar definidos três níveis de intervenção:
• Valores de acção inferiores: LEX,8h = 80 dB(A) e LCpico = 135 dB(C);
• Valores de acção superiores: LEX,8h = 85 dB(A) e LCpico = 137 dB(C);
• Valores limite de exposição: LEX,8h = 87 dB(A) e LCpico = 140 dB(C).
A avaliação de riscos deve ser efectuada com uma periodicidade mínima de um ano, sempre
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Redução da exposição
De acordo com os princípios gerais de prevenção dos riscos, a entidade empregadora deve
utilizar todos os meios disponíveis para conseguir eliminar na origem ou reduzir ao mínimo
possível os riscos associados ao ruído no local de trabalho, seguindo as seguintes principais
linhas orientadoras:
a) Procura adoptar métodos de trabalho alternativos que permitam diminuir os tempos
de exposição dos trabalhadores ao ruído;
b) Escolher equipamentos de trabalho bem concebidos, ergonomicamente adequados e
que produzam os mínimo ruído possível;
c) Conceber, dispor e organizar os locais e os postos de trabalho de forma adequada;
d) Proporcionar informação e formação dos trabalhadores, com o objectivo de garantir
uma utilização correcta e segura dos equipamentos de trabalho e reduzir ao mínimo
a sua exposição ao ruído;
e) Recorrer à implementação de medidas técnicas de redução de ruído, tais como o
encapsulamento de fontes ruidosas, instalação de painéis absorventes e
equipamentos amortecedores para evitar a transmissão de ruído para as estruturas;
f) Desenvolver, implementar e garantir uma correcta programação das actividades de
manutenção dos locais de trabalho e de todos os equipamentos a estes associados;
g) Adoptar medidas de organização do trabalho, de forma a diminuir a duração da
exposição ao ruído;
h) Ajustar os horários de trabalho e os respectivos períodos de descanso, considerando-
os como uma possível forma de reduzir a exposição dos trabalhadores ao ruído.
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Protecção individual
Em todas as situações em que não seja possível reduzir a exposição ao ruído através das
medidas anteriormente referidas, o empregador deve garantir a disponibilidade de
equipamentos de protecção auditiva individual, sempre que seja ultrapassado um dos valores
de acção inferiores, e assegurar a sua efectiva utilização, sempre que o nível de exposição ao
ruído alcance ou ultrapasse os valores de acção superiores.
Para além das obrigações gerais em matéria de saúde no trabalho, a entidade empregadora
deve garantir uma adequada vigilância médica dos trabalhadores expostos ao ruído, com o
objectivo de detectar precocemente eventuais perdas de audição e de tomar medidas no
sentido da preservação da sua capacidade auditiva.
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Assim, o empregador deve garantir a vigilância médica e audiométrica da função auditiva dos
trabalhadores com a seguinte periodicidade:
➢ Anual (ou inferior se o médico o entender) para os trabalhadores que tenham estado
expostos a níveis de ruído superiores aos valores de acção superiores (LEX,8h = 85
dB(A) e LCpico = 137 dB(C)).
➢ De dois em dois anos (ou inferior se o médico o entender) para os trabalhadores que
tenham estado expostos a níveis de ruído superiores aos valores de acção inferiores
(LEX,8h = 80 dB(A) e LCpico = 135 dB(C)).
todas as variações importantes dos níveis sonoros nos postos de trabalho e de modo
que os resultados obtidos evidenciem repetibilidade;
LEX,8h - incerteza da medição ≤valor de acção ou valor limite ≤ LEX,8h + incerteza da medição
a) Aumentar o número das medições ou a sua duração, até ao limite em que o intervalo
do tempo de medição coincida com o de exposição, de modo a obter um grau máximo
de exactidão e de redução da margem de erro;
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6 - Estimativa da exposição pessoal diária ao ruído, LEX,8h - se durante um dia de trabalho
um trabalhador está exposto a n diferentes tipos de ruído e se, para efeito de avaliação,
cada um desses ruídos for analisado separadamente, a exposição pessoal diária desse
trabalhador, LEX,8h pode calcular-se pelas equações:
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VIBRAÇÕES
1. INTRODUÇÃO
Já no século XIX os médicos do trabalho concluíram que os trabalhadores que usavam
equipamentos que vibravam eram atingidos por certas doenças, que no início do século
seguinte se identificaram como lesões dos vasos sanguíneos nas extremidades dos dedos
das mãos (Universidade Aberta).
As vibrações são agentes físicos nocivos que afectam os trabalhadores e podem ser
produzidas por certas máquinas, equipamentos e ferramentas vibrantes que actuam por
transmissão de energia mecânica, emitindo oscilações com amplitudes perceptíveis pelos
seres humanos.
• Aceleração
• Nível de aceleração
O movimento pode consistir de um simples componente ocorrendo em uma única frequência,
como um diapasão, ou muitos componentes ocorrendo em diferentes frequências
simultaneamente, como por exemplo, com o movimento de um pistão de um motor de
combustão interna (Figura 43).
2.1. FREQUÊNCIA
A frequência é o número de oscilações completas que a vibração realiza num segundo.
O valor da frequência vem expresso em Hz.
e da aceleração.
O valor da amplitude é dado pela aceleração do corpo e expressa-se em m/s2 ou dB (escala
logarítmica).
A amplitude da vibração, que caracteriza e descreve a severidade da vibração, pode ser
classificada de várias formas. A figura 44 mostra a relação entre o nível pico-a-pico, nível de
pico, nível médio e nível RMS de um sinal senoidal.
Figura 44 – Representação da intensidade da vibração.
O valor pico-a-pico indica a máxima amplitude da onda e é usado, por exemplo, onde o
deslocamento vibratório da máquina é parte crítica na tensão máxima de elementos de
máquina.
O valor de pico é particularmente usado na indicação de níveis de impacto de curta duração.
O valor médio, por outro lado, é usado quando se quer se levar em conta um valor da
quantidade física da amplitude em um determinado tempo.
O valor RMS é a mais importante medida da amplitude porque ele mostra a média da energia
contida no movimento vibratório. Portanto, mostra o potencial destrutivo da vibração.
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A amplitude de vibração pode ser representada pelo deslocamento, velocidade, ou aceleração
e também em decibéis; na prática, a aceleração é usada intensamente como unidade em
vibrações, conforme apresentado na tabela 23, e de acordo com a norma ISO 1683 os níveis
de referência recomendados são:
2.3. INTENSIDADE
Este parâmetro que caracteriza a extensão do movimento e pode exprimir-se em milímetros;
2.4. DIRECÇÃO
A Direcção do movimento deve ser definida em relação ao sistema ortogonal de eixos xyz;
2.5. ACELERAÇÃO
Aceleração é o aumento da velocidade por segundo e exprime-se em m/s2. De acordo com
as normas ISO este deve ser o parâmetro medido nos níveis das vibrações humanas.
Nas vibrações a que o homem está sujeito há uma relação entre amplitude e frequência:
quanto mais alta for a frequência de vibração, mais baixa é a amplitude tolerada.
A gama de frequências mais importante pelos seus efeitos no corpo humano é a de 1 a 5 Hz.
Infelizmente esta é a gama onde se situam a maioria das vibrações sofridas pelo homem no
trabalho.
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3. CLASSIFICAÇÃO DAS VIBRAÇÕES
4. FONTES DE VIBRAÇÕES
As vibrações são transmitidas aos trabalhadores por máquinas móveis (tractores agrícolas,
dumpers, cilindros, camiões, etc.) ou fixas (compressores, britadeiras, etc.) e por ferramentas
portáteis (martelo picador, serras, lixadeiras, compactadores, etc.) que podem provocar
alterações no organismo humano, causando desconforto e alterações fisiológicas que vão
afectar o rendimento do trabalho.
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Fixas Compressores
Britadeiras...
Máquinas
Pesadas Tractores agrícolas;
Dumpers;
Móveis Tanques
Camiões
Autocarros
Máquinas Aviões
Martelo pneumático;
Máquinas Serras eléctricas;
Portáteis Lixadeiras;
Berbequim eléctrico...
No entanto, estudos médicos também têm associado às doenças das vibrações outros
efeitos, designadamente:
• dores de cabeça, de estômago e nas orelhas;
• tonturas, vertigens e zumbidos nos ouvidos;
• transpiração abundante ou diminuta;
• perturbações da visão;
• dores lombares;
• hérnias discais;
• sede frequente e perda de apetite;
• dificuldades de audição;
• constipações;
• irritação;
• dificuldade em dormir.
Como é lógico, as doenças das vibrações aumentam a sua prevalência com o aumento do
tempo de exposição.
A exposição diária a vibrações excessivas durante vários anos pode originar danos físicos
permanentes que resultam normalmente no denominado Síndrome dos dedos brancos,
ou em lesões dos músculos e articulações do pulso e/ou do cotovelo. Elas manifestam-se
através da degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso. Com isto, alguns dedos
- normalmente o dedo médio - ficam brancos até azulados, frios e "sem sentidos". Após
algum tempo, os dedos voltam a ficar vermelhos e doloridos. Esta doença tem por base a
contracção espasmódica dos vasos sanguíneos é conhecida também como doença de
Raynaud. Estas doenças são observadas em trabalhadores em minas, que utilizam
perfuradoras leves a ar comprimido com altas frequências. Além disso, os trabalhadores
florestais também são atingidos por estas doenças, pois trabalham muito com moto-
serras com frequências de 50 a 200 Hz. Os "dedos mortos" surgem no máximo após seis
meses de trabalho com uma ferramenta vibratória. Para isto, o frio parece ter uma grande
importância. A doença surge mais nos países nórdicos do que nos países quentes. Supõe-
se que o frio aumenta a sensibilidade dos vasos sanguíneos às vibrações e promove a
constrição dos vasos. Em trabalhadores que usam ferramentas motorizadas com altas
frequências, são observadas também perturbações da circulação e da sensibilidade.
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Como exemplo destas máquinas, podem referir-se as polidoras com 300 a 1.000 Hz.
Surgem inchaços dolorosos com perturbações da sensibilidade nas mãos, que muitas
vezes não são passageiras.
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Figura 51 : Acelerómetro para o registo das vibrações transmitidas desde o assento para todo o corpo do
trabalhador.
Figura 52: Acelerómetro para o registo das vibrações transmitidas ao sistema mão-braço.
O valor total da vibração, a hv é definido como a soma quadrática das três componentes:
ahv = a 2 + a2 + a2
hwx hwy hwz
Sendo a hwx, a hwy e a hwz os valores eficazes das acelerações ponderadas em frequência
para os eixos x, y e z, respectivamente.
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Se a exposição diária total às vibrações resultar da execução de várias tarefas com amplitudes
de vibração diferentes, a exposição diária às vibrações, A(8), deve ser obtida através da
equação:
1 n 2
A(8) = ahviTi
T 0 i =1
onde,
a hvi é o valor total da vibração para a i tarefa;
n é o número de exposições parciais às vibrações;
Ti é a duração da i tarefa.
Deve-se considerar o valor mais elevado das medições realizadas para as duas mãos. Na
medição, a montagem do acelerómetro é importante e tem influência nas medições.
A localização deve ser sempre indicada no relatório e a medição deve ser realizada em
simultâneo.
A vibração deve ser medida de acordo com o sistema de coordenadas apresentadas nas
figuras seguintes.
Figura 53: Esquema para a medição das vibrações no sistema Mão-Braço (DL 46/2006)
T
A(8) = kaw
T0
onde,
a w é a aceleração eficaz ponderada, em m/s2
T é a duração diária total da exposição às vibrações
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onde,
a wi é a amplitude da vibração para uma exposição de duração Ti
n é o número de exposições parciais às vibrações.
A vibração que é transmitida ao corpo deve ser medida entre o corpo e a superfície de apoio.
O transdutor de vibrações deve ser triaxial e estar localizado de forma a indicar a vibração na
interface entre o corpo e a fonte de vibração.
Os movimentos vibratórios são transmitidos ao corpo inteiro através das superfícies de apoio,
ou seja, dos pés de uma pessoa em pé, e, no caso de pessoas sentadas, da superfície de
suporte do assento, das costas do assento e da superfície de assentamento dos pés.
Em qualquer caso, a localização do ponto de medição deve ser indicada no relatório, assim
como a amplitude e a duração da exposição.
1 7
A(8) semanal =
5 j =1
A(8) 2
O empregador deve utilizar todos os meios disponíveis para eliminar na fonte ou reduzir ao
mínimo os riscos resultantes da exposição dos trabalhadores a vibrações mecânicas, de
acordo com os princípios gerais de prevenção legalmente estabelecidos.
Ocorrências excepcionais dos valores totais de vibrações permitidas por períodos de tempos
diferentes de 8 horas são associadas com a ação de exposição diária e de valores limites
definidos em 8 horas. Na figura 18, a curva superior de limite de exposição é a vibração
permissível para os valores totais associados com o tempo de 8 horas, sendo o valor de limite
de exposição diário de 5,0 m/s2, conforme tabela 5 e a curva no limite inferior é a vibração
permissível dos valores totais associados com 8 horas, sendo o valor de ação de exposição
diária de 2,5 m/s2, conforme tabela 5. A região entre as duas curvas é chamada de zona de
precaução.
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Figura 56 - Guia de Saúde – zona de precaução (Directiva Europeira))
EQUADRAMENTO LEGAL
As vibrações estão contempladas na legislação e NP's seguintes:
– DECRETO-LEI N.º 46/2006, DE 24 DE FEVEREIRO:
Transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2002/44/CE, do Parlamento Europeu
e do Conselho, de 25 de Junho, relativa às prescrições mínimas de protecção da saúde e
segurança dos trabalhadores em caso de exposição aos riscos devidos a vibrações
mecânicas;
– NORMA PORTUGUESA NP 1673:1980:
Vibrações mecânicas. Avaliação da reacção à excitação global do corpo por vibrações;
– NORMA PORTUGUESA NP 2041:1986:
Acústica. Higiene e Segurança no Trabalho. Limites de exposição do sistema braço-mão às
vibrações.
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BIBLIOGRAFIA
Ricardo Macedo, Manual de Higiene do Trabalho na Indústria, 2.ª Ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2004.
Transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n.º 2002/44/CE, do Parlamento Europeu
e do Conselho, de 25 de Junho, relativa às prescrições mínimas de protecção da saúde e
segurança dos trabalhadores em caso de exposição aos riscos devidos a vibrações
mecânicas.
– Détermination des indices PMV et PPD et spécification des conditions de confort thermique,
International Standardisation Organisation, Geneva, Suisse.
- Estimation of the heat stress on working man, based on the WBGT-index (wet bulb globe
temperature), International Standardisation Organisation, Geneva, Suisse.
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Sites úteis de organismos nacionais e internacionais com informação relevante no domínio da SHST: