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1
Fenômenos de
TRANSPORTE
unidade
OBJETIVO GERAL
Compreender os conceitos básicos do comportamento estático dos fluidos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Analisar o sistema internacional, o sistema inglês e o sistema métrico.
• Compreender as trocas de unidades.
• Compreender como a termodinâmica e a transferência de calor estão relacionadas.
• Entender o efeito da pressão no interior de um fluido, bem como as forças de
pressão em superfícies finitas, reconhecendo, a definição da estática dos fluidos.
• Definir as propriedades e grandezas que caracterizam um fluido, bem como um
elevador hidráulico.
unidade
Parte 1
Sistema de Unidades
Discussão Observe que a densidade muda com a temperatura, e que por isso esse
efeito deve ser considerado nos cálculos.
(b) A variação do volume não terá nenhum efeito sobre o diagrama de corpo livre de-
senhado na parte (a) e, portanto, a pressão dentro do cilindro permanecerá a mesma.
Discussão Se o gás se comporta como um gás ideal, a temperatura absoluta dobra
quando o volume é dobrado a uma pressão constante.
Sol
Aumento da
salinidade e da
densidade
r0 � 1.040 kg/m3
Região da superfície
1
z
H�4m Região de gradiente
2
Região de armazenamento
(continuação)
de sal típico, a densidade da água aumenta na região de gradiente, como mostra a
Fig. 1–59, podendo ser expressa como
uma vez que 1 kN/m2 � 1 kPa. A variação na pressão hidrostática ao longo de uma
distância vertical dz é dada por
4
3,5
3
2,5 A integração entre o topo da região de gradiente (o ponto 1 no qual z � 0) e qualquer
distância z da região de gradiente (sem subíndice) resulta em
z, m
2
1,5
1
0,5
0 Realizando a integração, temos que a variação da pressão manométrica na região de
0 10 20 30 40 50 60 gradiente é
P, kPa
Passo 5: Propriedades
Determine as propriedades desconhecidas em estados conhecidos e necessários
para solucionar o problema, por meio de relações ou tabelas de propriedades. Re-
lacione as propriedades separadamente e indique as fontes, se for o caso.
Passo 6: Cálculos
Substitua as grandezas conhecidas nas relações simplificadas e execute os cálculos
para determinar as incógnitas. Preste atenção particularmente às unidades e aos
cancelamentos de unidades e lembre-se de que uma grandeza dimensional sem
uma unidade não tem sentido. Da mesma forma, não dê uma ideia falsa de alta
precisão, copiando todos os algarismos da calculadora – arredonde os resultados
até um número apropriado de algarismos significativos (ver página 37).
x5ey1
Discussão Observe que tudo o que fizemos foi formular o problema como faríamos
em papel; o EES tomou conta de todos os detalhes matemáticos da solução. Observe
também que as equações podem ser lineares ou não lineares e podem ser inseridas
em qualquer ordem com incógnitas em ambos os lados. Programas amigáveis de so-
lução de equações de fácil uso como o EES permitem que o usuário se concentre na
física do problema, sem se preocupar com as complexidades matemáticas associadas
à solução do sistema de equações resultante.
16 FENÔMENOS DE TRANSPORTE
Análise Iniciamos o programa EES dando um clique duplo em seu ícone, abrimos h1
um arquivo novo e digitamos as seguintes expressões na tela em branco que aparece 2
(expressamos a pressão atmosférica em Pa para manter a consistência da unidade).
g 9.81 h2 h3
Patm 85600 Água
h1 0,1; h2 0,2; h3 0,35
rw 1.000; róleo 850; rm 13.600
P1 rw*g*h1 róleo*g*h2 rm*g*h3 Patm
Mercúrio
Aqui P1 é a única incógnita. Ela é determinada pelo EES como
h3 4,62 m
Discussão Observe que usamos a tela como um bloco de papel e escrevemos as infor-
mações relevantes juntamente com as relações aplicáveis de forma organizada. O EES
fez o restante. As equações podem ser escritas em linhas separadas ou na mesma linha,
separadas por pontos-e-vírgulas, e linhas em branco ou de comentário podem ser inse-
ridas para facilitar a clareza. O EES ajuda a fazer as perguntas “e se”, e a executar os
estudos paramétricos, como explicado no Apêndice 3 disponível no site do Grupo A.
O EES também tem a capacidade de verificar a consistência das unidades nas
equações, caso sejam fornecidas com os valores numéricos. As unidades podem ser
especificadas entre colchetes [ ] após o valor especificado. Quando esse recurso é
utilizado, as equações anteriores estariam na seguinte forma:
g 9,81 [m/s^2]
Patm 85.600 [Pa]
h1 0,1 [m]; h20,2 [m]; h30,35 [m]
rw 1.000 [kg/m^3]; róleo 850 [kg/m^3]; rm 13.600 [kg/m^3]
P1 rw*g*h1 róleo*g*h2 rm*g*h3 Patm
Parte 2
Introdução ao Fenômeno
dos Transportes
Capítulo
In trodução e
C oncei tos B ásicos 1
A
ciência da termodinâmica trata da quantidade de calor transferido quando OBJETIVOS
um sistema passa por um processo de estado de equilíbrio para outro, sem
Ao término deste capítulo, você será
fazer nenhuma referência sobre quanto tempo esse processo demora. Mas, capaz de:
em engenharia, estamos mais frequentemente interessados na taxa de transferência
de calor, que é o tema da ciência da transferência de calor. � Compreender como a termodinâmica
Começamos este capítulo com a revisão dos conceitos fundamentais da ter- e a transferência de calor estão
modinâmica, que são os princípios básicos da transferência de calor. Primeiro, relacionadas.
abordamos a relação do calor com outras formas de energia e fazemos uma revisão � Distinguir a energia térmica de
sobre balanço de energia. Em seguida, apresentamos os três mecanismos básicos outras formas de energia e a
de transferência de calor, condução, convecção e radiação, e discutimos o concei- transferência de calor de outras
formas de transferência de energia.
to de condutividade térmica. Condução é a transferência de energia resultante da
interação de partículas de maior energia de uma substância com partículas adja- � Fazer balanços gerais de energia e
centes de menor energia. Convecção é o modo de transferência de calor entre uma balanços de energia em superfícies.
superfície sólida e um líquido ou gás adjacente que está em movimento, e esse � Entender os mecanismos básicos da
processo envolve os efeitos combinados de condução e movimento do fluido. Ra- transferência de calor (condução,
convecção e radiação térmica), a lei
diação é a energia emitida pela matéria em forma de ondas eletromagnéticas (ou
de Fourier da condução de calor, a
fótons), como resultado das mudanças nas configurações eletrônicas de átomos lei de Newton do resfriamento e a lei
ou moléculas. Concluímos este capítulo com uma discussão sobre transferência de Stefan-Boltzmann da radiação.
simultânea de calor.
� Identificar os mecanismos de
transferência de calor que ocorrem
de forma simultânea na prática.
� Conscientizar-se dos custos
associado às perdas de calor.
� Solucionar os vários problemas de
transferência de calor encontrados
na prática.
Introdução ao Estudo do Fenômeno dos Transportes | UNIDADE 1
Introdução ao Fenômeno dos Transportes | PARTE 2 21
2 Transferência de Calor e Massa
Contexto histórico
O calor sempre foi percebido como algo que produz uma sensação de aquecimen-
to, mas ninguém poderia imaginar que sua natureza fosse um dos primeiros con-
ceitos entendidos pela humanidade. Apenas na metade do século XIX, alcançamos
Modelagem na engenharia
As descrições da maioria dos problemas científicos envolvem equações que des-
crevem as relações entre algumas variáveis importantes. Normalmente, o menor
incremento nas variáveis leva a descrições mais gerais e precisas. Na situação li-
mite de mudanças infinitesimais ou diferenciais nas variáveis, obtemos equações
diferenciais que proporcionam formulações matemáticas precisas para leis e prin-
cípios físicos, representando as taxas de variação na forma de derivadas. Assim,
equações diferenciais são usadas para investigar uma ampla variedade de proble-
mas na ciência e na engenharia (Fig. 1–6). Entretanto, na prática, muitos proble-
mas encontrados podem ser resolvidos sem a necessidade de recorrer a equações
diferenciais e suas complicações associadas.
O estudo de dado fenômeno físico envolve dois passos fundamentais. No pri- FIGURA 1–5 O físico britânico James
meiro, identificam-se todas as variáveis que influenciam o fenômeno, fazem-se Prescott Joule (1818-1889) nasceu em
considerações e aproximações razoáveis e estuda-se a interdependência dessas Salford, Lancashire, Inglaterra. Joule
é mais conhecido por seu trabalho
variáveis. As leis e os princípios físicos relevantes são identificados, e os proble-
sobre a conversão de energia elétrica e
mas, formulados matematicamente. A equação em si torna-se muito instrutiva, mecânica em calor e pela primeira lei da
uma vez que mostra o grau de dependência de algumas variáveis em relação às termodinâmica. A unidade de energia, o
outras e a importância relativa dos vários termos. No segundo passo, o problema joule (J), foi nomeada em sua homenagem.
matemático é resolvido por meio de uma abordagem apropriada, e os resultados Segundo a lei de Joule de aquecimento
são interpretados. elétrico, a taxa de produção de calor
Muitos processos que parecem ocorrer na natureza de modo aleatório e sem em um fio condutor é proporcional
ao produto da resistência do fio e ao
nenhuma ordem são, na verdade, regidos por algumas óbvias ou não tão óbvias leis quadrado da corrente elétrica. Por meio
físicas. Independentemente de notarmos ou não essas leis, elas estarão lá, gover- de seus experimentos, Joule demonstrou
nando consistentemente o que parece ser eventos comuns. A maioria delas é bem a equivalência mecânica de calor, ou
definida e compreendida pelos cientistas. Isso possibilita prever o comportamento seja, a conversão de energia mecânica
de um evento antes de ele acontecer de fato ou estudar vários aspectos de um em quantidade equivalente de energia
evento matematicamente sem recorrer a caros e demorados experimentos. É onde térmica, que estabelece fundamentação
para a conservação do princípio de energia.
o poder da análise matemática reside. Muitos resultados precisos de problemas
Joule e William Thomson (mais tarde
práticos e significativos podem ser obtidos relativamente com pouco esforço usan- lorde Kelvin) descobriram a queda de
do um modelo matemático apropriado e realista. A preparação desses modelos temperatura de uma substância durante
requer um conhecimento adequado do fenômeno natural envolvido e das leis físi- a livre expansão, fenômeno conhecido
cas pertinentes, bem como bom senso de julgamento. Um modelo não realístico, como efeito Joule-Thomson, que forma
obviamente, dará resultados imprecisos e inaceitáveis. a fundamentação do funcionamento da
refrigeração de compressão de vapor
Um analista trabalhando em um problema de engenharia, frequentemente,
comum e de sistemas de ar condicionado.
encontra-se em situação em que deve escolher entre um modelo preciso, porém,
(AIP Emilio Segre Visual Arquivo.)
complexo, e um modelo simples, mas não tão preciso. A escolha certa depende
da situação que se tem em mãos. A escolha certa é, normalmente, o modelo mais
simples que fornece resultados adequados. Por exemplo, o processo de cozinhar
batatas ou assar um pedaço de carne em forno pode ser estudado analiticamente
de modo simples, modelando a batata ou o assado como uma esfera sólida que
Introdução ao Estudo do Fenômeno dos Transportes | UNIDADE 1
Introdução ao Fenômeno dos Transportes | PARTE 2 25
6 Transferência de Calor e Massa
PREZADO ESTUDANTE
Parte 3
3–1 PRESSÃO
A pressão é definida como uma força normal exercida por um fluido por unida-
de de área. Só falamos de pressão quando lidamos com um gás ou um líquido. O
equivalente da pressão nos sólidos é a tensão normal. Como a pressão é definida
como a força por unidade de área, ela tem como unidade newtons por metro qua-
drado (N/m2), que é denominada pascal (Pa). Ou seja:
Apés = 50 in2
P = 3 psi P = 6 psi
Observe que as unidades de pressão bar, atm e kgf/cm2 são quase equivalentes entre
P = sn = –––– 150 lbf = 3 psi
W = –––––– si. No sistema inglês, a unidade de pressão é libra-força por polegada quadrada
Apés 50 in2
(lbf/in2 ou psi) e 1 atm 14,696 psi. As unidades de pressão kgf/cm2 e lbf/in2 tam-
FIGURA 3–1 A tensão normal (ou bém são indicadas por kg/cm2 e lb/in2, respectivamente, e normalmente são usadas
2
“pressão”) sobre os pés de uma pessoa em calibradores de pneus. É possível demonstrar que 1 kgf/cm 14,223 psi.
mais pesada é muito maior do que sobre A pressão também é usada em sólidos como sinônimo de tensão normal,
os pés de uma pessoa esbelta. que é a força que age perpendicularmente à superfície por unidade de área. Por
exemplo, uma pessoa que pesa 150 libras com uma área total da sola dos pés
2 2
ou “das pegadas” dos pés de 50 in exerce uma pressão de 150 lbf/50 in 3,0
psi sobre o solo (Fig. 3–1). Se a pessoa fica sobre um único pé, a pressão dobra.
Se a pessoa ganha peso excessivo, pode sentir desconforto nos pés por conta da
maior pressão sobre eles (o tamanho do pé não muda com o ganho de peso). Isso
também explica o motivo pelo qual uma pessoa pode caminhar sobre neve fresca
sem afundar se usar sapatos de neve grandes, e como uma pessoa consegue cortar
alguma coisa com pouco esforço usando uma faca afiada.
A pressão real em determinada posição é chamada de pressão absoluta, e é
medida com relação ao vácuo absoluto (ou seja, a pressão absoluta zero). A maioria
dos dispositivos de medição da pressão, porém, é calibrada para ler o zero na atmos-
fera (Fig. 3–2) e, assim, eles indicam a diferença entre a pressão absoluta e a pressão
atmosférica local. Essa diferença é chamada de pressão manométrica. A Pman pode
ser negativa ou positiva, mas as pressões abaixo da pressão atmosférica são chama-
das de pressões de vácuo e são medidas pelos medidores de vácuo que indicam a
diferença entre a pressão atmosférica e a pressão absoluta. As pressões absoluta,
manométrica e de vácuo são quantidades positivas e estão relacionadas entre si por:
P man
Patm
Pvac P abs
Patm P atm
Pabs
Vácuo Vácuo
P abs = 0 FIGURA 3–3 Pressões absoluta, ma-
absoluto absoluto nométrica e de vácuo.
Pressão em um ponto P P
(3–3a)
g
(3–3b)
l
onde é a densidade e W mg g x y z/2 é o peso do elemento fluido.
Observando que a cunha é um triângulo retângulo, temos que x l cos e z
l sen . Substituindo essas relações geométricas e dividindo a Eq. (3–3a) por
y z e a Eq. (3–3b) por x y temos:
x
(3–4a)
FIGURA 3–5 As forças que agem so-
bre um elemento fluido em forma de
cunha em equilíbrio. (3–4b)
(3–5)
(3–10)
(3–11)
Patm
Água
B C D E G
A F
H I
FIGURA 3–10 A pressão é a mesma em todos os pontos de um plano horizontal em um dado fluido, independentemente da geome-
tria, desde que os pontos estejam interconectados pelo mesmo fluido.
Introdução ao Estudo do Fenômeno dos Transportes | UNIDADE 1
Fundamentos da Estática dos Fluidos | PARTE 3 33
Capítulo 3 Pressão e Estática dos Fluidos 85
Patm
Fluido 1
Alguns manômetros usam um tubo oblíquo ou inclinado a fim de aumentar a h1
resolução (precisão) ao ler a altura do fluido. Tais dispositivos são chamados de
manômetros inclinados. Fluido 2
Muitos problemas de engenharia e alguns manômetros envolvem a sobrepo- h2
sição de vários fluidos imiscíveis de diferentes densidades uns sobre os outros. Fluido 3
Tais sistemas podem ser facilmente analisados se lembrarmos de que (1) a varia- h3
1
ção da pressão em uma coluna de fluido de altura h é P gh, (2) em determi-
nado fluido, a pressão aumenta para baixo e diminui para cima (ou seja, Pfundo FIGURA 3–21 Em camadas empilha-
Ptopo) e (3) dois pontos a uma mesma altura em um fluido contínuo em repouso das de fluidos em repouso, a variação
estão a mesma pressão. da pressão em cada camada de fluido
O último princípio, que é um resultado da Lei de Pascal, permite “pularmos” com densidade e altura h é gh.
de uma coluna de fluido para a próxima, em manômetros, sem nos preocuparmos
com a variação de pressão, desde que não pulemos para um fluido diferente, e
34 FENÔMENOS DE TRANSPORTE
Uma seção de escoamento ou desde que o fluido esteja em repouso. Assim, a pressão em qualquer ponto pode
um dispositivo de escoamento
ser determinada iniciando com um ponto de pressão conhecido e adicionando ou
subtraindo os termos gh à medida que avançamos na direção do ponto de interes-
Fluido se. Por exemplo, a pressão na parte inferior do tanque da Fig. 3–21 pode ser deter-
minada iniciando-se pela superfície livre, onde a pressão é Patm, indo para baixo
1 2 até atingir o ponto 1 na parte inferior e igualando o resultado a P1. Isso resulta em:
Observe que a distância a não tem efeito sobre o resultado, mas deve ser in-
cluída na análise. Além disso, quando o fluido que escoa no tubo é um gás, então
Óleo
1 V 2 e a relação da Eq. (3–15) pode ser simplificada para P1 – P2 2gh.
Ar
1 EXEMPLO 3–6 Medição da pressão com um manômetro de vários
Água fluidos
h1
2 A água de um tanque é pressurizada a ar, e a pressão é medida por um manôme-
tro de vários fluidos, como mostra a Fig. 3–23. O tanque está localizado em uma
h2 h3 montanha, a uma altitude de 1.400 m, onde a pressão atmosférica é de 85,6 kPa.
Determine a pressão do ar no tanque se h1 � 0,1 m, h2 � 0,2 m e h3 � 0,35 m.
Considere as densidades da água, do óleo e do mercúrio como 1.000 kg/m3, 850
kg/m3 e 13.600 kg/m3, respectivamente.
Mercúrio
SOLUÇÃO A pressão de um tanque de água pressurizado é medida por um ma-
nômetro de vários fluidos. A pressão de ar no tanque deve ser determinada.
FIGURA 3–23 Esquema do Exemplo
3–3. O desenho não está em escala. Hipótese A pressão do ar no tanque é uniforme (ou seja, sua variação com a eleva-
ção é desprezível devido à sua baixa densidade) e, portanto, podemos determinar a
pressão na interface entre o ar e a água.
Propriedades As densidades da água, do óleo e do mercúrio são dadas por 1.000
kg/m3, 850 kg/m3 e 13.600 kg/m3, respectivamente.
Análise Iniciando-se pela pressão no ponto 1 na interface entre ar e água, moven-
do-se ao longo do tubo, adicionando ou subtraindo os termos gh até atingirmos
PREZADO ESTUDANTE
Parte 4
Princípios da Hidrostática
Princípios da hidrostática
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Certos fenômenos alteram a forma como aplicamos as leis de Newton.
Isso ocorre por se tratarem de situações com certas particularidades
que interferem na análise do problema e uma dessas particularidades é
quando o meio em que ocorre o fenômeno físico é um fluido. Por isso,
neste capítulo, você vai estudar as interferências físicas que surgem por
um fenômeno ocorrer dentro de um fluido em repouso.
Fluido: o que é?
Antes de estudarmos como um fluido afeta fisicamente uma situação em
particular, é evidente que temos que saber o que é um fluido.
Para realizar a tarefa de definir um fluido, primeiro imagine uma mesa
de madeira, ou seja, algo que não é um fluido por definição. Ao tentar fazer
alguma interação física, você não consegue:
Agora que fizemos esse levantamento de ideias, você deve estar esperando
que venha um quadro com uma definição do conceito de fluido, porém, isso
não vai acontecer. Nenhum dos mais de seis autores tradicionais de física
geral da atualidade fez isso por uma razão muito simples: ao tentar definir
fluido, você está resolvendo um problema e gerando outro, uma vez que não
achamos uma definição simples que explique tudo que associamos a fluido.
Para solucionar e facilitar a resolução de uma situação física, vou dizer o que
é um fluido em termos gerais com um conselho.
Fluido é todo gás e todo líquido, mas evite trabalhar com alguns, pois, para conse-
guir fazer um estudo físico dos não ideais, temos que levar em conta situações mais
complexas.
Outra dica: a água e o ar, nos problemas apresentados nos nossos estudos, sempre
serão fluidos ideais.
O que vemos é que o fato da mão ocupar o espaço em que estava a água faz
esta sair para ocupar outro espaço. Não consideramos que a água se comprime,
o que acontece com o gás.
Usando essa propriedade ilustrada na Figura 1, podemos criar um elevador
hidráulico, que é um equipamento que tem um sistema com água isolado por
paredes móveis. Como um pistão cheio de água, porém, há, pelo menos, duas
peças livres para se mover.
A importância do elevador hidráulico se dá ao estudarmos os efeitos sobre
a força, devido ao Princípio de Pascal. Então, voltaremos a analisar o tópico,
após estudarmos outros conceitos dentro da hidrostática.
Introdução ao Estudo do Fenômeno dos Transportes | UNIDADE 1
4 Princípios da hidrostática Princípios da Hidrostática | PARTE 4 41
Existe mais de um tipo de densidade com a ideia de massa dividida por volume. A
diferença é se tratamos da massa total, do volume total, ou se estamos falando de
uma densidade relativa, que é uma densidade comparada à outra.
Apesar de pressão ser [N/m2] ou [Pa], é comum outras unidades em cada área do
conhecimento humano. Como:
1 atmosfera padrão = 1 atm = 101300 Pa = 101,3 kPa ≈ 100 kPa
760 milímetros de mercúrio = 760 mm de Hg = 1 atm
As demais são da língua inglesa.
Pressões destacáveis
Há duas pressões de fluidos que logicamente você teve que ter sentido para
estar lendo este texto: a pressão atmosférica, que você sente neste exato mo-
mento, e a pressão em líquidos, que você sentiu dentro da barriga da sua mãe.
A gravidade funciona para tudo e para todos, correto? Se isso é verdade,
ela funciona para o ar que está em cima da sua cabeça agora, e mesmo que
esteja sob um teto, se houver uma maneira do ar de fora entrar em contato com
o ar de dentro, o efeito do teto é desprezível. Por mais que coloque uma folha
de papel em cima de sua cabeça, haverá uma pressão lá devido ao ar, pois o
ar empurra o papel e este te empurra. Repare que isso diz que não é somente
a gravidade sobre o papel que estaria afetando a força do papel sobre você,
mas também a gravidade sobre o ar.
Foi dito sobre o desprezo do efeito do teto devido ao contato do ar de fora com o de
dentro de um ambiente, pois, não é somente a quantidade de ar sobre a sua cabeça
que importa, uma vez que, em um ambiente isolado, como um avião, por exemplo,
podemos alterar a pressão interna, alterando também a quantidade de ar confinado.
p = po + ρgd (1)
p é pressão total.
po é a pressão inicial devido ao ambiente.
⍴ é a densidade do líquido.
g é a aceleração da gravidade.
d é a altura de água que há em cima do ponto de análise.
Calculemos:
Po = 0,8 atm = 0,8 . 105 Pa = 80000 Pa
⍴ = 1000 kg/m3
G = 10m/s2
P no ponto A = PA = 80000 +
1000 . 10 . 0,2 = 82000 Pa
P no ponto B = PB = 80000 +
1000 . 10 . 0,2 = 82000 Pa
P no ponto C = PC = 80000 +
1000 . 10 . 0,5 = 85000 Pa
Agora, se você for um aluno questionador, o que eu encorajo que seja, verá
que parece que a terceira lei de Newton foi violada, pois temos uma força F1,
ação menor do que uma força de reação F2 maior, logo, a intensidade é diferente.
Porém, a terceira lei não foi violada. O que acontece é que o par ação e
reação não é o proposto pela pergunta, mas a ação é a força F1 que uma pessoa
aplica na A1 e a reação é a força que a superfície A1 aplica na pessoa.
https://goo.gl/3Pyppo
FE = ρfluidoVfluido g
Introdução ao Estudo do Fenômeno dos Transportes | UNIDADE 1
10 Princípios da hidrostática Princípios da Hidrostática | PARTE 4 47
O que é meio claro, lendo a lei, é que temos a densidade ⍴ do fluido e não
do objeto e o volume de fluido que saiu devido à presença do objeto. Esses
dois elementos multiplicados dão a massa deslocada. Então, multiplicando
pela gravidade, obtemos o peso do fluido deslocado.
V = ???
Sabe o que vai mudar desse exemplo simples para os demais exercícios?
Os valores talvez serão outros ou talvez serão dados de forma indireta, isto
é, ainda precisam ser calculados. Pode ser que sejam mudados com relação a
pedir a densidade, a aceleração da gravidade ou a força.
Com o aumento da dificuldade da situação física, ainda será pedido a
mesma coisa mencionada. Contudo, as grandezas serão dadas de forma in-
direta e necessitarão de adaptação ou cálculos intermediários para chegar às
grandezas que a lei diz que geram o empuxo.
A dificuldade está em saber como fazer essas adaptações. Para isso, volte a
estudar a teoria, pois, ao saber bem como esta funciona, saberá também aonde
modificar. Mas lembre-se, saber uma teoria não é repeti-la, é saber explicar
de forma que isso faça sentido para alguém.
Talvez haja dificuldades ao pesquisar sobre empuxo em inglês, pois isso se deve à
tradução ser buoyancy.
Também observe um detalhe importante: a lei de Arquimedes e o empuxo tratam
da mesma coisa, estão fortemente relacionados, mas são coisas diferentes.
A lei é uma explicação, enquanto o empuxo é uma força sob a ótica da mecânica de
Newton. Repare que podemos usar outra ótica sem falar de forças e a lei de Arquimedes
ainda estará lá, isto é, a Lei de Arquimedes é como explicamos um fato e o empuxo é
uma forma que representamos a lei via forças para prever situações com a mecânica.
Veja a tradução do livro de Arquimedes sobre o tema, no link a seguir, e repare que
as únicas equações algébricas que aparecem são em uma nota adicionada, visto que
tudo era explicado sem equações.
https://goo.gl/YA2Hfq
Introdução ao Estudo do Fenômeno dos Transportes | UNIDADE 1
Princípios da Hidrostática | PARTE 4 49
12 Princípios da hidrostática
Leituras recomendadas
BAUER, W.; WESTFALL, G. D.; DIAS, H. Física para universitários: relatividade, oscilações,
ondas e calor. Porto Alegre: AMGH, 2013.
HEWITT, P. G. Fundamentos de física conceitual. Porto Alegre: Bookman, 2008.
PREZADO ESTUDANTE