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Robson Costa
,
1 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA
A humanidade sempre utilizou os recursos naturais para o seu desenvolvimento.
Assim, as grandes cidades evoluíram às margens de rios, onde o recurso água era
utilizado não somente para o consumo, mas para diversas atividades do dia a dia. Com
o avanço da tecnologia, o ser humano se vê obrigado a dominar esse tão importante
recurso. Vamos aprender neste Blocoo que são os fluidos e como podemos utilizá-los.
Boa leitura!
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Massa Específica (ρ): definida pela relação entre a massa do fluido [kg] e o volume
[m³] por ele ocupado.
𝒎
𝝆= (Equação 01)
𝑽
Peso Específico (Ƴ): definido pela relação entre o peso do fluido (W) em [N] e o
volume [m³] por ele ocupado.
𝑾
𝜸= , 𝐩𝐨𝐫é𝐦, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐖 = 𝐦 . 𝐠, 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐭𝐢𝐭𝐮𝐢𝐫, 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨:
𝑽
𝐦. 𝐠 𝐦
𝜸= , 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 = 𝛒, 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐢𝐦𝐩𝐥𝐞𝐬𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐞:
𝐕 𝐕
𝜸 = 𝝆 . 𝒈 (Equação 02)
Peso Específico Relativo (Ƴr): definido pela relação entre o peso específico de um
fluído (Ƴ) e o peso específico de referência (Ƴr). Este último, no caso dos fluidos
líquidos, será o da água a 4 °C, com o valor de 10.000 N/m³ (ƳH2O). Cabe ressaltar que
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𝜸
𝜸𝒓 = 𝜸𝑯𝟐𝑶 (Equação 03)
EXEMPLO 01: Foi solicitado calcular o peso específico de uma mistura de dois
efluentes, sendo que suas massas específicas valem respectivamente ρ1 = 0,85 kg/m³ e
ρ2 = 0,48 kg/m³. Sabendo-se que o tanque possui 10 m³ e que ρ1 ocupou 26% (por
cento) desse volume, vamos calcular!
Solução:
1) Vamos calcular o volume ocupado pela substância ρ1. Como o volume total do
tanque é de 10 m³, multiplicaremos pelo percentual por ele ocupado.
26
= 0,26, 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 𝑚𝑢𝑙𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑉𝑡, 𝑜𝑏𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 10 . 0,26 = 2,6 𝑚3 = 𝑉1
100
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Fonte: Autor.
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,
Quando observamos a Figura 1.2b, no instante t2, notamos que há uma diferença entre
os volumes das câmaras, devido ao fechamento de uma das torneiras.
Fonte: Autor.
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Fonte: Autor.
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b) O regime turbulento pode ser aproveitado quando se quer uma mistura rápida
entre fluidos, porém seus limites devem ser determinados, pois, caso não sejam
dimensionados, podem causar problemas a estruturas e equipamentos.
Para que possamos calcular qual é o regime de escoamento existente ou que devemos
projetar, é necessário que recordemos da experiência de Reynolds. Nela, Osborne
Reynolds, em 1883, demonstrou o comportamento de um filete de corante colorido
inserido em uma tubulação, onde à medida que se abria uma válvula de entrada do
sistema, o filete deixava de possuir uma trajetória bem definida até desaparecer
quando a mesma estivesse toda aberta.
Assim, após essas observações, Reynolds formulou uma equação para determinar
através de um número adimensional qual o regime de escoamento presente:
𝐯 .𝐃
𝐑𝐞 = (Equação 4)
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Solução:
1) Vamos transformar 500 mm em m = 500/1000 = 0,50 m
2) Após transformarmos as unidades, utilizaremos a fórmula de Reynolds.
𝐯.𝐃 𝟏, 𝟖 . 𝟎, 𝟓𝟎
𝐑𝐞 = = = 𝟕𝟓𝟎 , 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦 𝐨 𝐫𝐞𝐬𝐮𝐥𝐭𝐚𝐝𝐨 é 𝐦𝐞𝐧𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝟐 𝐱 𝟏𝟎³
𝟏𝟐𝟎𝟎 𝐱 𝟏𝟎−𝟔
Resposta:
Portanto, o regime de escoamento é laminar.
Quando dizemos que a água está escoando por uma tubulação, na verdade estamos
descrevendo o fenômeno denominado de Vazão (Q), que é a quantidade de massa
líquida ou gasosa que flui, por uma distância (D), atravessando uma certa seção (A),
com uma velocidade média (v), em um determinado espaço de tempo (∆𝐭). Vamos
observar a Figura 1.5.
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Observe que na Figura 1.5 o fluido se movimenta do instante t1 para o instante t2,
percorrendo certa distância (D), e que se multiplicarmos a mesma pela área da
tubulação (A), calculamos o seu volume, sendo, portanto:
𝐕 = 𝐃 . 𝐀 (Equação 05)
Como a Vazão (Q) é a quantidade de massa fluida ou gasosa, ou seja, seu volume
percorrido (V), pelo intervalo de tempo (∆𝐭), podemos determinar a seguinte relação:
𝐕
𝐐 = ∆𝐭 (Equação 06)
𝐕 𝐃 .𝐀 𝐃
𝐐= = , 𝐩𝐨𝐫é𝐦 = 𝐯 , 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐 = 𝐯 . 𝐀
∆𝐭 ∆𝐭 ∆𝐭
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Dessa forma, verificamos que existe então uma relação entre o volume de água que
escoa por uma tubulação e sua velocidade média, expressa pela equação 07:
𝐐 = 𝐯 . 𝐀 (Equação 07)
𝐦
𝐐𝐦 = ∆𝐭 (Equação 08)
𝐦 𝐦 .𝐕
= , 𝐞𝐧𝐭ã𝐨 𝐦 = . 𝐕 , 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦: 𝐐𝐦 = = , 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨, 𝐐𝐦 =
𝐕 ∆𝐭 ∆𝐭
. 𝐐 (Equação 09)
A vazão mássica pode ser descrita em diversas unidades, sendo as mais comuns como:
kg/s, kg/min, kg/h, t/h, t/dia.
Agora que estudamos e definimos o que é Vazão, vamos aplicar sua utilização em uma
tubulação, e relembrarmos um pouco sobre o conceito de “Conservação de Massa”.
Dê uma olhada na Figura 1.6 a seguir:
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Assim, podemos afirmar que a massa do fluido que escoa na seção de área A 1 é a
mesma que escoa na seção de área A2, como demonstrado na equação da vazão
mássica (Q), podendo ser assim descrita:
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Como não há perda de massa fluida durante o escoamento, podemos afirmar que:
𝟏 = 𝟐 , 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨: 𝐐𝟏 = 𝐐𝟐 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐐 = 𝐯 . 𝐀,
𝐩𝐨𝐝𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐟𝐢𝐫𝐦𝐚𝐫 𝐪𝐮𝐞: 𝐯𝟏 . 𝐀𝟏 = 𝐯𝟐 . 𝐀𝟐
𝐐𝟏 = 𝐐𝟐 = 𝐐𝐧 𝐨𝐮 𝐯𝟏 . 𝐀𝟏 = 𝐯𝟐 . 𝐀𝟐 = 𝐯𝐧 . 𝐀𝐧 (Equação 11)
A forma que essas redes estão interligadas a partir da saída do reservatório pode ser
classificada em ramificada. Se dividirmos essas vazões por cômodos, podemos utilizar
os conceitos de acordo com Azevedo Neto e Alvarez (1977), a denominada vazão em
marcha (qm), onde será realizado um seccionamento fictício da tubulação para efeito
de cálculo, distribuindo essa vazão (Q) pelo comprimento da tubulação (L) em metros
cúbicos por segundo por m (m³/sm), sendo sua fórmula:
𝑸
𝒒𝒎 = (Equação 12)
𝑳
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Verificamos pela Equação da Continuidade que a vazão que escoa entre dois trechos
de uma tubulação será a mesma, conforme a Equação 11, pois não há perda de massa
fluida (m) durante seu escoamento. Assim, podemos afirmar que toda a vazão de
entrada (Qe) deve ser igual a toda a vazão de saída (Qs), conforme abaixo:
𝐐𝐞 = 𝐐𝐬 𝐨𝐮 𝐯𝐞 . 𝐀𝐞 = 𝐯𝐬 . 𝐀𝐬 (Equação 13)
𝑬𝒛 = 𝑾 . 𝒛 = 𝒎. 𝒈. 𝒛 (Equação 14)
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𝐦 .𝐯² 𝐦 .𝐯 𝟐
𝑬𝒄𝒆 = − 𝒎. 𝒈. 𝒛 < 𝑬𝒄𝒔 𝒐𝒖 𝒔𝒊𝒎𝒑𝒍𝒆𝒔𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑬𝒄 = (Equação 15)
𝟐 𝟐
𝑷
𝑷 = .𝒉 = 𝒉 = (Equação 16)
Portanto, a energia potencial de pressão pode ser escrita conforme a equação 17.
𝑷
𝑬𝒑 = 𝑾 . 𝒉 = 𝒎 . 𝒈 . (Equação 17)
𝐦 .𝐯 𝟐 𝐏
𝑬𝑻𝑭 = 𝑬𝒛 + 𝑬𝒄 + 𝑬𝒑 𝒐𝒖 𝑬𝑻𝑭 = (𝒎 . 𝒈 . 𝒛) + ( ) + (𝒎 . 𝒈 . ) (Equação
𝟐
18)
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Esse resultado demonstra que sob regime permanente a vazão total de energia (QETF)
se conserva em toda a seção da tubulação, sendo:
Se dividirmos a vazão total de energia (QETF) pela vazão em peso (QW), iremos definir
um novo parâmetro denominado de carga (H), onde:
𝑸𝑬𝑻𝑭
= 𝑯 (Equação 20)
𝑸𝑾
Simplificando a equação de carga, dividindo a vazão total de energia (QETF) pela vazão
em peso (QW), e substituindo por seus termos, determinamos:
𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑸𝑬𝒛+𝑸𝑬𝒄+𝑸𝑬𝒑 𝒗² 𝑷
𝑯= = = 𝒛+ + = 𝑯 (Equação 21)
𝑸𝑾 𝑸𝑾 𝟐𝒈
Percebam que na entrada de dados a carga potencial de posição (z) será a diferença de
altura em metros de uma determinada Linha Horizontal de Referência (LHR); portanto,
as parcelas de carga cinética e de pressão seguem a mesma unidade, facilitando nossa
compreensão em sua aplicação.
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𝒗𝟏² 𝑷𝟏 𝒗𝟐² 𝑷𝟐
𝑯𝟏 = 𝑯𝟐, 𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒏𝒕𝒐: 𝒛𝟏 + + = 𝒛𝟐 + + (Equação 22)
𝟐𝒈 𝟐𝒈
Fonte: Autor.
Observação: Caro aluno, ao analisar a Figura 1.7, você deve notar que para a equação
22 esteja em balanço ainda nos falta definir o que é o termo Δ hft. Pois este será nosso
tema de partida em nossos estudos no Bloco 2. Vamos lá!!!
Conclusão
Caro aluno, neste Bloco 1, iniciamos nossas definições de fluidos, suas propriedades,
caracterizamos seus tipos de movimentos e como dimensionar, para cada tipo de
aplicação à Engenharia.
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Mas ainda não determinamos o termo Δhft que surgiu ao final deste Bloco 1; portanto,
segure-se, revise o material e vamos iniciar os estudos das denominadas “Perdas de
Carga”.
REFERÊNCIAS
BISTAFA, S. R. Mecânica dos fluidos: noções e aplicações. 1. ed. São Paulo: Edgar
Blucher, 2010.
BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2. ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
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