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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 2

1.1 Objetivo ....................................................................................................... 3

2. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 4

2.1 Fisiopatologia do Sistema Linfático ............................................................ 4

2.2 Classificação dos Linfedemas ..................................................................... 5

2.3 Cirurgias no Câncer de Mama ..................................................................... 6

2.4 Drenagem Linfática ..................................................................................... 6

3. METODOLOGIA ........................................................................................... 8

3.1 Tipo de estudo ............................................................................................. 8

3.2 Sujeitos ........................................................................................................ 8

3.3 Situação e Local .......................................................................................... 8

3.4 Procedimento ............................................................................................... 8

3.5 Análise de dados ........................................................................................ 10

4. RESULTADOS ............................................................................................. 11

5. DISCUSSÃO .................................................................................................. 14

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 16

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 17


1. INTRODUÇÃO

Um dos tipos mais freqüentes e alarmantes de câncer é o câncer de mama. No Brasil,


atinge mais de 30 mil mulheres por ano (MARX e CAMARGO, 2000). É o campeão em
número de intervenções cirúrgicas realizadas no país anualmente. A cirurgia freqüentemente
causa comorbidades. Provoca alterações psicológicas que afetam a percepção da sexualidade,
causam debilidade física e distorção da imagem corporal nas mulheres (NOGUEIRA et al,
2005).
Dentre as complicações pós-cirúrgicas, o linfedema é o mais temido entre as mulheres
(JUNIOR et al, 2001; PANOBIANCO e MAMEDE, 2002). O linfedema pós-mastectomia
causa para a paciente, o dano estético, desconforto, dor, prejuízo funcional do membro
afetado, e na maioria das vezes alterações psicológicas, como ansiedade e perda da auto-
estima (BADGER et al, 2005; PANOBIANCO e MAMEDE, 2002; KISSIN et al, 1986;
PANOBIANCO e MAMEDE, 2002; WOODS et al, 1995).
Nos últimos anos, o tratamento dessas pacientes, foi modificado, em nome de novos
conhecimentos. As cirurgias, bem como as terapêuticas complementares – radioterapia,
quimioterapia e hormonioterapia – procuraram estabelecer uma relação adequada e
equilibrada entre dosagem, efeitos secundários e eficácia de tratamento (MARX e
CAMARGO, 2000).
Concomitantemente à evolução do tratamento médico do câncer de mama, tornou-se
imprescindível a abordagem multidisciplinar dessas pacientes, visando não só o tratamento
patológico, mas também a reabilitação global, física, psicológica, social e profissional.
Havendo preocupação com a manutenção e/ou melhora da qualidade de vida das pacientes em
questão (MARX e CAMARGO, 2000).
Atualmente há um consenso de que a fisioterapia deva ser incluída no planejamento da
assistência à reabilitação física, no período pré e pós-operatório do câncer de mama. A
fisioterapia visa prevenir complicações, promover a recuperação funcional e, principalmente,
propiciar melhor qualidade de vida (PINTO et al, 2004).

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1.1 Objetivo

Este estudo tem como objetivo comparar a evolução do linfedema de membro


superior, pós-mastectomia, em indivíduos submetidos a tratamento fisioterapêutico e
indivíduos não submetidos a este tratamento.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Fisiopatologia do Sistema Linfático

O sistema linfático trabalha com uma reserva funcional bastante grande, significando
que a capacidade total de transporte linfático é bem superior às necessidades fisiológicas. No
estado de equilíbrio, o débito linfático (volume de linfa transportado por unidade de tempo) é
igual à carga linfática, que é a quantidade de líquidos e substâncias de transporte linfático
presente nos tecidos. Quando aumenta a carga linfática, o débito linfático cresce
paralelamente até que seja atingido o nível máximo de transporte. A partir deste ponto, ocorre
edema (ANDRADE, 2005).
Qualquer redução da capacidade do sistema linfático em drenar o fluído do interstício
para a circulação sanguínea, irá levar ao acúmulo de líquido na pele e tecido subcutâneo da
região afetada, formando assim um linfedema (BADGER et al, 2005).
O linfedema é o edema de parte do corpo, que ocorre devido a uma insuficiência no
sistema linfático (DENNIS, 1993). Pode ser definido como um acúmulo anormal, crônico e
progressivo de proteínas e líquidos no espaço intersticial, edema e inflamação crônica,
estando relacionado, no caso do câncer de mama, com a extremidade ipsilateral à cirurgia
(JUNIOR et al, 2001; PANOBIANCO e MAMEDE, 2002).
O volume do membro com linfedema aumenta progressivamente se não tratado, assim
como, aumenta a freqüência das complicações relacionadas. Para os linfedemas de
aparecimento recente, é usual observar-se progressão espontânea nos cinco primeiros anos de
seguimento, ocorrendo relativa estabilização após este período. O linfedema pós-mastectomia,
curiosamente, apresenta uma taxa de crescimento volumétrico cerca de três vezes maior que
os linfedemas dos membros inferiores, para um dado período de tempo (CASLEY-SMITH,
1994).
O grande fator implicado, na progressão não espontânea do volume dos membros com
linfedema, é a ocorrência de surtos de infecção, como erisipelas e celulites. As infecções
lesam adicionalmente o sistema linfático, reduzindo ainda mais a capacidade de transporte.
Uma complicação temível dos linfedemas é sua malignização. Linfedemas, de longa duração,
podem ser sedes de linfangiossarcomas. Estes são infreqüentes, (menos de 1% dos casos),
mas apresentam altíssima taxa de mortalidade independente do tratamento (ANDRADE,
2005).

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2.2 Classificação dos Linfedemas

Os linfedemas são classificados de acordo com o distúrbio causador da insuficiência


linfática em primários ou secundários. Nos linfedemas primários há alteração congênita do
desenvolvimento de vasos linfáticos e linfonodos ou obstrução de linfáticos de etiologia
desconhecida (linfedemas idiopáticos) (ANDRADE, 2005).
Nos linfedemas secundários, a disfunção anatômica ocorre em tecido linfático
previamente normal, sendo o linfedema pós-cirúrgico ou pós-radioterápico, seu exemplo mais
comum (ANDRADE, 2005).
Conforme a evolução clínica, o linfedema pode ser classificado em 4 graus (FÖLDI,
1998). O de Grau 1 é espontaneamente reversível, de início distal, perimetria maior que 4 cm
em relação ao membro normal e regride apenas com drenagem linfática manual. O de Grau 2
é espontaneamente irreversível, há formação de fibroses e aumento da espessura da pele, em
alguns pontos, podendo acometer todo o membro. Sua cirtometria é de 4 a 6 cm maior que o
membro normal. O de Grau 3 é aquele em que todo o membro é acometido além de um
quadrante torácico. Ocorre a formação de fibroesclerose e recidivas de infecções. A região já
se encontra amorfa, com a pele ressecada e coloração alterada. A cirtometria é maior que 6
cm se comparada com o membro normal. Grau 4 é aquele em que a perimetria se apresenta
maior que 6 cm, além de estarem associadas todas as outras alterações vistas no de grau 3.
Representa um estado de maior gravidade, uma vez que podem estar presentes:
hiperqueratose, falência dos vasos sanguíneos, linfocistos e fístulas linfáticas (FÖLDI, 1998).
A literatura diverge sobre o que é considerado um edema significante. Alguns
acreditam que seja aquele cuja diferença, da cirtometria entre membros, for igual ou maior
que 3cm (MAMEDE, 1991). Para outros, a simples diferença de 1 a 1,5cm pode estabelecer
um diagnóstico de linfedema (HUMBLE, 1995). Em uma diferença inferior a 3cm, o
linfedema é considerado leve; de 3 a 5 cm, considerado moderado; e maior que 5cm
considerado linfedema severo (HUMBLE, 1995).
No que se referem à severidade do linfedema pós-mastectomia, os índices apresentam-
se de forma variada entre os autores. O valor estimado da incidência para linfedema moderado
é de 25%, e de 10% para linfedema severo (GOLDSMITH e ALDAY, 1971). Os valores da
incidência do linfedema pós mastectomia chegam a variar de 3 a 80% (BRENNAN et al,
1996; MAMEDE, 1991).
As principais complicações pós-cirúrgicas, nas quais a fisioterapia intervém são: dor,
seroma, edema mamário, retração e fibrose cicatricial, linfedema, disfunção da cintura

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escapular, perda de força no membro superior do lado afetado e perda do condicionamento
cárdio-respiratório (PANOBIANCO e MAMEDE, 2002).

2.3 Cirurgias no Câncer de Mama

As cirurgias para retirada de câncer de mama podem ser: conservadora - ressecção de


um segmento da mama, com retirada dos gânglios axilares ou linfonodo sentinela; ou não
conservadora (mastectomia) - que consiste na retirada de toda a mama.
Dentre as mastectomias podemos destacar a radical modificada, utilizada em recidivas
pós-tratamento conservador; ou condições que não permitam o tratamento conservador como
primeira opção. Esse tipo de mastectomia apresenta duas variantes: tipo Patey onde são
retirados os músculos peitoral maior e menor, a glândula mamária, III, IV e V espaços
intercostais e esvaziamento radical axilar. E tipo Madden, onde os músculos peitoral maior e
menor são preservados, além dos espaços intercostais (SASAKI, 2000).
A mastectomia radical modificada, principalmente quando acompanhada de
radioterapia, pode levar a complicações físicas, precoces ou tardias, tais como: limitação da
amplitude de movimento do braço, linfedema, fraqueza muscular, infecção, alterações de
sensibilidade e funcionalidade ipsilaterais à cirurgia, dor e parestesia, certamente, colocando
em risco o desempenho das atividades de vida diária da mulher mastectomizada (ARAUJO,
1998; NOGUEIRA et al, 2005; PANOBIANCO e MAMEDE, 2002).

2.4 Drenagem Linfática

A Drenagem Linfática Manual drena os líquidos excedentes que banham as células,


mantendo, desta forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais. Através dela consegue-
se a evacuação dos dejetos provenientes do metabolismo celular (LEDUC e LECUC, 2000).
A insuficiência linfática acontece quando a capacidade de transporte é inferior à carga
linfática. O edema aparece quando o volume intersticial acumulado excede aos 20% do
normal (NASCIMENTO, 2004).
A técnica de Drenagem Linfática Manual é complexa, representada por um conjunto
de manobras muito específicas, que atuam basicamente sobre o sistema linfático superficial,
visando drenar o excesso de líquido acumulado no interstício, nos tecidos e dentro dos vasos,
através das anastomoses superficiais linfo-linfáticas axilo-axilar e axilo-inguinal (MARX e
CAMARGO, 2000). A pressão da mão sobre o corpo, deve ser leve para não produzir colapso
linfático, onde o valor sugerido gira em torno de 30 – 50 mmHg (CASSAR, 2001). Se a

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drenagem for deficiente há um congestionamento e conseqüente acúmulo de líquidos. Uma
pressão demasiadamente forte pode obstruir os capilares chegando até mesmo a danificá-los,
principalmente os capilares linfáticos pela sua estrutura frágil (CASSAR, 2001).
Executando a técnica de Drenagem Linfática Manual corretamente, pode-se estimular
a abertura do linfático inicial e aumentar o volume do fluxo da linfa em até 20 vezes
(KASSEROLER, 1998) .
As manobras de Drenagem Linfática Manual possuem várias indicações, dentre elas o
tratamento de linfedemas (GUIRRO e GUIRRO, 2002). Podem ser indicadas ao lado de
outros tratamentos a fim de conter o edema em um nível confortável, reduzir a dor e a fibrose
e realçar o relaxamento e os sentimentos de bem estar (KASSEROLER, 1998).
Atualmente, a Drenagem Linfática Manual está representada principalmente por três
técnicas: Foldi, Leduc e Vodder, todas baseadas nos trajetos dos coletores linfáticos e
linfonodos, associando basicamente três categorias de manobras: manobras de captação,
reabsorção e evacuação. A diferença entre elas reside somente no local da aplicação.
Alguns autores preconizam iniciar a massagem de drenagem linfática pelo segmento
proximal, processo de evacuação, obtendo assim um esvaziamento prévio das vias pelas quais
a linfa terá que fluir (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

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3. METODOLOGIA

3.1 Tipo de estudo

Este estudo foi realizado no período de dezembro de 2005 a abril de 2006. Trata-se de
um ensaio clínico, envolvendo um grupo experimental e um grupo controle. Não se trata de
um ensaio clínico controlado, pois os indivíduos não foram divididos aleatoriamente nos dois
grupos. Foram colocados, no grupo controle, todos aqueles sujeitos, que não se dispuseram
em ir até a clínica, receber o tratamento de reabilitação oferecido.

3.2 Sujeitos

Participaram do estudo 12 indivíduos, do sexo feminino, com idades variando entre 30


e 54 anos. Todos haviam sido submetidos à cirurgia de câncer de mama unilateral.
Os critérios para inclusão foram:
- Ter realizado cirurgia do tipo mastectomia radical modificada;
- Apresentar linfedema pós-operatório de classificação grau II a IV (MARX e
CAMARGO, 2000);
- Estar com até 2 semanas de pós-operatório, para iniciar o tratamento;
- Assinar Termo de Consentimento Pré-estabelecido, após explanação dos objetivos do
estudo.

3.3 Situação e Local

O trabalho foi realizado em uma clínica de São Paulo, onde os indivíduos foram
avaliados e tratados individualmente, em sala exclusiva e arejada. Como material foram
utilizados, maca para posicionamento das pacientes, óleo próprio para Manobras de
Drenagem Linfática, faixas compressivas, toalhas e curativos oclusivos caso houvesse
necessidade de uma maior oclusão da cicatriz cirúrgica.

3.4 Procedimento

A coleta dos dados de cada paciente foi realizada pelo fisioterapeuta e complementada
por informações do prontuário médico.
Os 12 sujeitos participantes desta pesquisa foram divididos em 2 grupos. O Grupo 1
foi constituído de 6 mulheres, que receberam tratamento de fisioterapia, durante dois meses,

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duas vezes por semana – cada sessão com 1 hora de duração. E o Grupo 2 foi constituído de 6
mulheres, que participaram da pesquisa, apenas como grupo controle.
A divisão nesses dois grupos não ocorreu de maneira aleatória. Foram encaminhadas
ao grupo controle, as mulheres que não se dispuseram, ou não se comprometeram a dar
continuidade ao tratamento fisioterapêutico, pós-mastectomia, durante o período de dois
meses pré-estabelecido.
Já na avaliação de cada paciente e no período de tratamento, procurou-se identificar
informações referentes à: incisão cirúrgica, curativos, imobilização do membro ipsilateral ao
lado operado, complicações e intercorrências. Em todas as visitas foi verificada a cirtometria
do membro ipsilateral à cirurgia.
No primeiro contato com o fisioterapeuta, a paciente recebeu informações e tirou
dúvidas sobre sua situação. Recebeu orientações a respeito da sua recuperação e prevenção de
complicações. Tudo isso foi reforçado a cada sessão, sempre visando o bem estar, a
diminuição das incapacidades, a melhora da funcionalidade e o rápido retorno às atividades de
vida diária.
O tratamento fisioterapêutico teve como enfoque o membro superior acometido, além
dum trabalho paralelo de conscientização e aceitação do corpo. No trabalho de
conscientização corporal, tentou-se fazer com que as pacientes tivessem uma melhor
aceitação dessa “nova” imagem corporal. Esta abordagem teve a intenção de fazer com que as
pacientes assumissem a responsabilidade sobre o próprio corpo, permitindo e proporcionando
a ele que fosse belo e livre, como deveria sempre ter sido.
O Grupo 1, que recebeu o tratamento de fisioterapia, foi abordado, em todas as sessões
com a técnica conhecida como Terapia Complexa Descongestiva (TCD) a qual abrange:
1) Orientações freqüentes em relação à higiene e cuidados com a pele;
2) Drenagem Linfática Manual (LEDUC e LECUC, 2000) (com duração de aproximadamente
1 hora);
3) Exercícios terapêuticos - movimentos de flexo-extensão, adução-abdução e rotação –
envolvendo todas as articulações do membro superior acometido (duração de
aproximadamente 1 hora);
4) Tratamento compressivo - ataduras inelásticas (Comprilan) colocadas após o término da
realização da DLM, devendo ser utilizadas nas horas restantes do dia. A pressão destas
ataduras variou entre 30 e 50 mmHg, em função da severidade do edema. Em caso de dor foi
orientado às pacientes que retirassem essas ataduras.

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O Grupo 2 recebeu orientações gerais quanto à higiene e cuidados com a pele e
também quanto à importância da mobilização do membro superior acometido. Essas 6
mulheres que não receberam o tratamento fisioterapêutico, durante os seus respectivos dois
meses de pós-operatório, continuaram freqüentando a clínica em consultas médicas
quinzenais, onde eram reforçadas as orientações iniciais.
Para mensuração da evolução do linfedema de todas as pacientes, foram realizadas
medidas da cirtometria do membro superior acometido, em comparação ao membro são.
Essas medidas foram realizadas em todas as visitas das pacientes à clínica, no período de dois
meses, de seus respectivos acompanhamentos pós-operatórios.
O Grupo 2 recebeu orientações gerais quanto à higiene e cuidados com a pele e
também quanto à importância da mobilização do membro superior acometido. Essas 6
mulheres que não receberam o tratamento fisioterapêutico, durante os seus respectivos dois
meses de pós-operatório, continuaram freqüentando a clínica em consultas médicas
quinzenais, onde eram reforçadas as orientações iniciais.
Para mensuração da evolução do linfedema de todas as pacientes, foram realizadas
medidas da cirtometria do membro superior acometido, em comparação ao membro são.
Essas medidas foram realizadas em todas as visitas das pacientes à clínica, no período de dois
meses, de seus respectivos acompanhamentos pós-operatórios.

3.5 Análise de dados

Para verificar a evolução final do linfedema, nos dois grupos; foram levadas em conta
somente, a primeira (logo que a paciente chegou à clínica) e a última (após dois meses da
coleta da primeira medida), medidas da cirtometria, realizadas, pelo fisioterapeuta no membro
superior acometido. Foi analisado qual dos dois grupos apresentou maior diminuição no
edema, e se essa diminuição apresentou diferença, estatisticamente significante, entre os
grupos.
Para a comparação das variáveis encontradas, entre os dois grupos estudados, foi
escolhido o Teste-T de Student. Foi utilizado o software Excel versão 2003, para a análise e
tratamento estatístico dos dados.
Visando facilitar a análise dos dados, a variável que consistiu, na diferença observada
entre a primeira e última medidas, das cirtometrias realizadas, em cada paciente, foi chamada
de D (D = cirtometria inicial - cirtometria final (após de 2 meses).
Foi considerado nível de significância p £ 0,05.

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4. RESULTADOS

Durante o período de tratamento, deste estudo, foram observadas complicações dentre


as quais: ressecamento da pele na região da cirurgia, fibrose e aderência cicatricial, edema,
dor, diminuição da amplitude de movimento da articulação do ombro, retração e deiscência da
cicatriz, hematoma, infecção e linfedema.
De todas as cirurgias realizadas, 6 foram mastectomias a Patey e 3 mastectomias a
Madden. Todas as pacientes realizaram como tratamento complementar à cirurgia
quimioterapia e radioterapia. Oito (67%) das mulheres do estudo, foram submetidas à cirurgia
no lado não dominante.
Em relação aos cuidados com o membro superior no pós-cirúrgico, as pacientes, ao
chegar à clínica, não apresentavam conhecimentos satisfatórios para a prevenção de
complicações. No entanto, com o decorrer das terapias, foi claramente observada melhora no
estado da pele e de higiene do membro operado. Nem todas as pacientes participantes do
estudo referiram alívio de sintomas como desconforto, sensação de membro pesado e dor.
Quase a totalidade dessas pacientes, que não referiram melhora nos sintomas acima, fazia
parte do grupo que recebeu o tratamento de fisioterapia.

Tabela 1 – Média e desvio-padrão da variável D = cirtometria inicial - cirtometria final.

D
Grupo 1 3,17 ± 0,75

Grupo 2
1 ± 0,63
(controle)

p 0,01*

(* valores estatisticamente significantes)

A Tabela 1 mostra a média e desvio-padrão, das medidas de melhora (em centímetros)


da cirtometria realizada no membro superior acometido.
No Grupo 1, D obteve valor médio de 3,17cm e desvio padrão de 0,75. No Grupo 2, D
obteve valor médio de 1cm e desvio padrão de 0,63. Estes valores revelaram que houve
melhora em ambos os grupos. No entanto, quando essas melhoras foram comparadas entre si,
foi observada diferença estatisticamente significante (p=0,01). O grupo que recebeu o
tratamento de fisioterapia (Grupo 1) foi o que apresentou maior diminuição no linfedema.
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O Gráfico 1 apresenta a distribuição dos pacientes, levando-se em conta, o valor da
variável D.

2,0
MESES

1,0

0,0
0 1 2 3 4 5
CENTÍMETROS

GRUPO 1 - Recebeu tratamento GRUPO 2 - Grupo Controle

Gráfico 1 – Dispersão dos pacientes conforme perda em centímetros na medida da


cirtometria (variável D).
Observa-se que o Grupo 2 apresentou menor perda em centímetros concentrando-se no
início do eixo x. Já os indivíduos do Grupo 1, na sua maioria, se distribuíram mais à direita do
eixo x. Isso facilita a visualização de que os indivíduos do Grupo 1 tiveram maior diminuição
no edema, ao longo desses 2 meses.

O Gráfico 2 mostra a média das perdas em centímetros, obtidas nos dois grupos,
levando-se em conta, o valor da variável D.

3,5
3,166666667
3

2,5
D (centímetros)

1,5
1
1

0,5

Grupo 1 - Recebeu tratamento Grupo 2 - Grupo Controle

Gráfico 2 – Médias dos valores de D.

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Através do Gráfico 2 observa-se que o Grupo 1 apresentou uma média maior, em
relação ao Grupo 2, considerando-se a diminuição do edema do membro superior
acometido.

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5. DISCUSSÃO

Conforme exposto nos resultados, várias foram as complicações que apareceram, no


período de acompanhamento, dos sujeitos deste estudo. É neste contexto que a fisioterapia se
mostra necessária, tanto na reabilitação das incapacidades já instaladas, que afetam a
funcionalidade, a atividade dos pacientes e sua participação social, quanto na prevenção de
futuras complicações e suas conseqüências.
Todas as pacientes, como dito anteriormente, realizaram como tratamento
complementar à cirurgia: quimioterapia e radioterapia. Sabe-se que o tratamento
quimioterápico resulta em considerável aumento da ocorrência de edema de braço em
mulheres submetidas à cirurgia de câncer de mama (MARKIEWICZ et al, 1996). A
radioterapia também está relacionada a fatores predisponentes ao linfedema de braço pós-
mastectomia (SEGESTRÖM et al, 1992).
De acordo com os resultados obtidos, as pacientes responderam satisfatoriamente aos
cuidados de pele e hidratação, melhorando a textura e o aspecto geral do membro. Essas
constatações vão de encontro ao que outros autores acharam em relação à redução do
perímetro do membro edemaciado e à qualidade da vida (DINI et al, 1998; RAINES, 1977;
STILLWELL, 1962; ZEISSLER, 1972).
O edema braquial posterior à cirurgia ressectiva do câncer de mama com
esvaziamento axilar, pode aparecer em qualquer momento do pós-operatório – imediato ou
tardio, inclusive até 15 anos depois (GUEDES et al, 2004; TRACYl, 1961). Sua instalação e
evolução não dependem apenas da cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Dependem também
duma série de fatores predisponentes ou coadjuvantes como: idade avançada, obesidade,
sedentarismo, processos inflamatórios, infecciosos do membro superior, medidas de higiene,
de nutrição entre outras.
No grupo 1 pôde-se observar o caso de uma paciente, que apresentou como
diminuição do perímetro do membro, apenas 2 cm. Mesmo tendo recebido o mesmo
tratamento que as demais mulheres do seu grupo. Acredita-se que sua melhora foi menor do
que a melhora das demais pacientes, que receberam tratamento, pois a mesma evoluiu com
algumas complicações pós-cirúrgicas. Dentre elas a deiscência da cicatriz. Foi apontado que
as infecções lesam adicionalmente o sistema linfático, reduzindo ainda mais a capacidade de
transporte da linfa (ANDRADE, 2005).
Dentre as mulheres deste estudo, nenhuma chegou a apresentar linfedema severo, ou
seja, graus III e IVMARX e CAMARGO, 2000. Apesar desses resultados, em mulheres

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apresentando linfedema de grau leve e moderado, consideramos importante a detecção
precoce do seu aparecimento, uma vez, que quando não tratado, o mesmo pode levar à sérias
complicações. O linfedema leve ou moderado pode vir a tornar-se muito grave, chegando a
ser um local de linfangiossarcoma subseqüente (HAAGENSEN, 1989).
Mulheres com câncer de mama notam limitado apoio ao exercício físico, por parte dos
médicos e de pessoal de enfermagem. Alegam ainda, que muitos profissionais da área da
saúde não são bem informados quanto aos benefícios e exercícios adequados à mulher no pós-
cirúrgico de câncer de mama (LEDDY, 1997).
Este estudo mostrou que 8 das 12 mulheres que participaram, foram submetidas à
cirurgia no lado não dominante. Pensou-se, nesses casos, que o aparecimento do edema
estaria ligado ao fato destas mulheres estarem começando mais tardiamente a movimentação
deste braço. O braço do lado dominante, que já é mais usado normalmente, e está em
melhores condições, é acionado primeiramente, sendo a tendência proteger o braço do lado
operado, usando-o com menor freqüência. Outros estudos mostram uma pequena relação entre
o aparecimento do edema e a dominância do membro homolateral à cirurgia (SEGESTRÖM
et al, 1992).
A fisioterapia é um fator de grande importância no plano de assistência pós-operatória
à paciente, para a prevenção do linfedema no membro superior homolateral e da limitação da
mobilidade do ombro (SASAKI e LAMARI, 1997). Orientações devem ser feitas
frequentemente às pacientes, por profissionais especializados, com explicações claras e
acessíveis, conscientizando-as do risco do edema do membro superior, e da importância
primordial, dessas orientações, no programa de reabilitação da mulher submetida à cirurgia
por câncer de mama.
Como se pôde observar, a intervenção da fisioterapia mostrou-se importante desde os
primeiros dias de pós-operatório, prevenindo as comorbidades advindas da cirurgia,
restabelecendo a amplitude de movimento do membro afetado, drenando o linfedema, e
propiciando melhor qualidade de vida e retorno precoce às atividades da vida diária (MARX e
CAMARGO, 2000; PINTO et al, 2004).

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6. CONCLUSÃO

Apesar, dos dados deste estudo se mostrarem, pouco representativos numericamente;


pôde-se concluir que é fundamental uma reabilitação especializada, nos casos de linfedema,
após cirurgia de câncer de mama.
A reabilitação deve envolver uma equipe multidisciplinar sendo a atuação da
fisioterapia de grande relevância nas orientações e prevenção das complicações pós-cirúrgicas
– sobretudo na presença de linfedema. Essa abordagem terapêutica permite que ocorra, mais
rapidamente, um retorno funcional, readaptação e reintegração da mulher à sociedade; pois o
edema braquial pós-mastectomia constitui uma das complicações mais sérias e invalidantes,
secundárias a cirurgia de ressecção da mama.
Fazem-se necessários mais estudos sobre o assunto visando a ratificação das
informações expostas neste trabalho.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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