Você está na página 1de 3

Resumo

Guilherme Garcia da Costa- 40566

A história do comportamento humano é tão vasta quanto a história do universo, e sua


origem remonta ao surgimento de moléculas capazes de reprodução. A seleção por
consequências foi um modo causal que surgiu com a reprodução e levou à evolução de
células, órgãos e organismos capazes de se reproduzirem sob condições diversas. O
comportamento evoluiu como um conjunto de funções que aprofundaram a relação entre
organismo e ambiente. Em um mundo relativamente estável, o comportamento poderia ser
parte do patrimônio genético de uma espécie. No entanto, o envolvimento com o ambiente
impôs limitações, tornando necessário o desenvolvimento de dois processos: o
condicionamento respondente, que permite que respostas preparadas pela seleção natural
fiquem sob controle de novos estímulos, e o condicionamento operante, que fortalece novas
respostas por meio de eventos que as seguem imediatamente. Assim, o comportamento
humano é moldado por consequências que ocorrem em resposta às ações dos indivíduos, e
esse processo evolutivo ainda continua a ocorrer.
UM SEGUNDO TIPO DE SELEÇÃO:
O condicionamento operante é, um segundo tipo de seleção por consequências, que evoluiu
em paralelo a outros dois produtos das mesmas contingências de seleção natural: a
susceptibilidade ao reforçamento por certos tipos de consequências e um conjunto de
comportamentos menos especificamente relacionados a estímulos eliciadores ou liberadores.
Quando as consequências selecionadoras são as mesmas, o condicionamento operante e a
seleção natural trabalham juntos, de maneira redundante. O condicionamento operante não
apenas complementa a seleção natural do comportamento, mas também pode substituí-la,
especialmente em espécies que rapidamente adquirem comportamentos apropriados a
ambientes específicos. O comportamento condicionado pode não ser adaptativo, pois pode
resultar no consumo de alimentos não saudáveis e no comportamento sexual não relacionado
à procriação. A imitação é uma forma de complementar os repertórios sociais inatos e
adquirir novas formas por meio da evolução de uma inervação especial da musculatura vocal,
junto com um suprimento de comportamento vocal não fortemente sob o controle de
estímulos ou de liberadores.
UM TERCEIRO TIPO DE SELEÇÃO:
O comportamento verbal tornou-se cada vez mais importante na seleção por consequências,
especialmente na evolução de ambientes sociais e culturais. Esse processo começa no nível
individual, em que comportamentos que levam a resultados positivos são reforçados, como a
fabricação de ferramentas, produção de alimentos ou ensino de crianças. A cultura evolui
quando essas práticas se originam de forma eficaz e contribuem para o sucesso do grupo em
resolver seus problemas. O efeito sobre o grupo, e não as consequências para os indivíduos, é
o responsável pela evolução da cultura. Em resumo, o comportamento humano é uma
combinação de contingências de sobrevivência (seleção natural das espécies) e contingências
de reforço (repertórios adquiridos pelos indivíduos), incluindo contingências especiais
mantidas por um ambiente cultural evoluído. Em última análise, tudo isso é uma questão de
seleção natural, já que o condicionamento operante é um processo evoluído, do qual as
práticas culturais são aplicações especiais.
SIMILIARIDADES E DIFERENÇAS:
Há três níveis de variação e seleção - biológico, psicológico e antropológico - e cada um é
estudado por uma disciplina específica. O condicionamento operante, que é o processo de
seleção ocorrendo, é o único que pode ser observado em tempo real. Enquanto biólogos e
antropólogos estudam como as variações surgem e são selecionadas ao longo do tempo, o
condicionamento operante é um processo que ocorre rapidamente e pode ser observado
diretamente. O autor discute como características complexas, tanto em espécies quanto em
culturas, podem ser explicadas como o resultado de uma sequência de variações mais simples.
Além disso, ele levanta questões sobre por que algumas espécies, pessoas e culturas
permanecem inalteradas por longos períodos de tempo, e sugere que isso pode ser devido à
falta de variações ou à falta de seleção de variações que ocorreram. Mudanças súbitas em
todos os três níveis são explicadas como resultado da seleção de novas variações pelas
contingências em vigor ou por novas contingências. Por fim, o autor aborda o problema da
definição ou identidade de uma espécie, pessoa ou cultura. Enquanto as espécies e culturas
são definidas por restrições genéticas e culturais, respectivamente, o comportamento
reforçado é transmitido apenas no sentido de permanecer como parte do repertório de um
indivíduo. O problema de definição ou identidade surge no nível psicológico quando
diferentes contingências de reforçamento criam repertórios diferentes.
SISTEMAS EXPLICATIVOS TRADICIONAIS:
O texto apresenta quatro exemplos de sistemas explicativos elaborados que devem ser
abandonados em relação à seleção natural: a ideia de um ato anterior de criação, propósito ou
intenção, certas essências e algumas definições de bem e de valor. O autor argumenta que a
seleção por consequências é um modo causal encontrado apenas em coisas vivas, e que a base
física da seleção natural é razoavelmente clara, enquanto as bases correspondentes relativas ao
condicionamento operante e à evolução das culturas ainda estão por ser descobertas. O autor
também propõe novas definições de bem e valor que são baseadas em promover a
sobrevivência dos membros de uma espécie, a efetividade sob as contingências de
reforçamento em vigor e a promoção da sobrevivência última de uma cultura. Conclui-se que
essas definições não reconhecem um mundo de valores distinto do mundo físico, mas
simplesmente reconhecem que essências são desnecessárias para explicar os fatos.
ALTERNATIVAS À SELEÇÃO:
O texto discute a tentativa de assimilar a seleção por consequências à causalidade da
Mecânica Clássica, a partir de exemplos que envolvem metáforas equivocadas. Uma dessas
metáforas é a do armazenamento, que sugere que as contingências de seleção são
armazenadas e recuperadas posteriormente como informações, o que não é correto, já que as
modificações ocorridas são o resultado da história de variação e seleção, e não de um depósito
de informações. Outra metáfora equivocada é a da organização, que apela para a estrutura de
uma espécie, pessoa ou cultura como uma força causal substituta da seleção, quando na
verdade, a organização pode ser retraçada às contingências de seleção que moldaram tais
estruturas. O mesmo ocorre com o desenvolvimentismo, que se baseia na ideia de que
mudanças ocorrem de acordo com um padrão fixo de desenvolvimento, quando na verdade, as
mudanças podem ser explicadas pela evolução de novas contingências de seleção natural,
contingências de reforçamento ou de sobrevivência. Em resumo, essas metáforas equivocadas
podem levar a interpretações incorretas sobre a seleção por consequências e é preciso reforçar
a importância de compreender as contingências de seleção como a principal força causal que
molda o comportamento e a evolução das espécies, pessoas e culturas.
A SELEÇÃO NEGLIGENCIADA:
A força causal atribuída à estrutura pode ocasionar problemas quando se afirma que uma
característica em um dos níveis explica uma característica similar em outro, especialmente
quando a importância histórica da seleção natural é levada em consideração. A Sociobiologia
é apresentada como um campo que oferece muitos exemplos dessa relação, como o
comportamento descrito como defesa do território, que pode ser resultado de contingências de
sobrevivência durante a evolução das espécies, contingências de reforçamento para o
indivíduo ou contingências mantidas pelas práticas culturais de um grupo. De forma similar, o
comportamento altruístico pode ser resultado de seleção de parentesco, contingências de
reforçamento arranjadas por aqueles para quem o comportamento traz algum benefício ou
culturas que promovem comportamentos que contribuem para a sobrevivência do mesmo.
Porém, as contingências de seleção nos três níveis são consideravelmente diferentes, e a
similaridade estrutural não confirma um princípio iniciador comum. Quando uma força causal
é atribuída à estrutura, a seleção tende a ser ignorada. Muitas questões que surgem em relação
à moral e à ética podem ser resolvidas especificando-se o nível de seleção. O que é bom para
o indivíduo ou para a cultura pode ter consequências prejudiciais para a espécie, e vice-versa.
Portanto, é necessário especificar o nível de seleção ao fazer julgamentos de valor sobre
comportamentos.
UM AGENTE INICIADOR:
Neste texto, discute-se a resistência à ideia da seleção por consequências, argumentando que
não há um agente iniciador como na Mecânica Clássica. Embora eu, como indivíduo, espécie
ou cultura, possa me adaptar a um ambiente ou ajustar-me a uma situação, a seleção é a
responsável por selecionar e manter as características adaptativas. Eu também questiono se
devemos esperar que a seleção resolva os problemas da superpopulação, exaustão de recursos,
poluição e guerra nuclear, ou se devemos tomar medidas para garantir nossa segurança.
Embora possamos intervir no processo de seleção, como modificar genes e cromossomos ou
criar novas espécies, ou arranjar e manter novas contingências seletivas, ainda estamos
sujeitos à seleção por consequências. Eu argumento que nossa tendência a nos considerar
como agentes iniciadores é devido à nossa falta de conhecimento sobre nossas histórias
genética e ambiental. Por fim, destaco a importância da seleção por consequências na
Psicologia e como poucos psicólogos prestam atenção a ela.

Você também pode gostar