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Analise descritiva da obra “A psicologia pode ser uma ciência da mente”, de Skinner,B.

F, essa
analise foi feita a partir da tradução do original de Hélio J. Guilhardi e André L. Jonas, 1992,
feito por Harley Pacheco de Sousa, estudante de psicologia da Universidade São Marcos.

O texto se inicia com o professor Skinner afirmando que muitos filósofos, sociólogos e
psicólogos buscam dentro de si as respostas para explicar o comportamento e usam para tal
fim um método, “introspecção”, mas esse método segundo Skinner não é adequado e por isso
já não é tão usada.

Os psicólogos cognitivistas por não verem a si mesmos processando as representações e os


psicanalistas por não poderem ver os processos inconscientes, passam por problemáticas que
acercam a observação desses fatos e por isso são obrigados a se voltarem para a teoria, porém
o argumento é que teorias precisam de confirmação para ser legitimadas. Como as teorias
precisam de confirmação, muitos buscam a ciência do cérebro onde há possibilidade de
analisar os processos, investigando-os e não introspectando para buscá-los. Como o cérebro
pode ser investigado podemos buscar nele as respostas para o que seja a construção da
realidade, como guardar algo na memória, como converter uma intenção em ação, sentir
tristeza e alegria, ou seja, como chegar logicamente e observadamente a uma resposta.

O que o cérebro faz é parte que precisa ser explicada, tão como se dá a relação entre corpo e
cérebro e porque mudam sutilmente a todo o momento. Essas respostas não podem ser
encontradas nem por introspecção, tão pouco pela utilização de ferramentas da fisiologia, mas
sim pelos três tipos de variação e seleção.

 Seleção Natural: Responsável pelos comportamentos específicos de cada espécie que


prepara a espécie para viver no futuro em um ambiente parecido com o vivido no
passado, e isso pode ser encarado como uma falha.

 Condicionamento Operante: Comportamentos dos indivíduos que são determinados


por características do meio ambiente que não são estáveis o suficiente para ter um
papel na evolução, o comportamento é reforçado sendo fortalecido e por isso torna-se
mais provável de ocorrer, resultante de tipos de conseqüências, as quais adquiriram
inicialmente o poder de reforçar através da seleção natural que tem como falha a
demora excessiva na variação que leva anos para ocorrer, isto não foi um problema
para a seleção natural porque a evolução poderia levar milhões de anos, mas um
repertório de comportamento que precisava ser construído durante o espaço de uma
vida também necessita de tempo para aprendizagem.

Se pensarmos que no primeiro item “seleção natural” preciso que o comportamento se dê


antes do reforço, nesse caso o sujeito tira proveito do comportamento já adquirido por
terceiros.

 O sujeito entra em contato com comportamentos já reforçados em terceiros que


freqüentemente coloca o sujeito em contato com as conseqüências reforçadoras
responsáveis pelo comportamento do terceiro. O comportamento do sujeito é
aprendido e reproduzido pela primeira vez e usualmente tem possibilidade de ser
reforçado.

Segundo Skinner essa tríade ocorre apenas com os homens, não sendo validadas para
comportamentos animais, o autor explica sobre na obra original.
Segundo o autor, o ser humano passou por uma experiência única da espécie que foi quando
os músculos vocais se submeteram ao controle operante e quando o comportamento vocal
começou a ser modelado e mantido por suas conseqüências reforçadoras. Nesse contexto as
pessoas puderam dar inicio a comportamentos em outras pessoas dizendo-lhes o que e como
fazer algo. Presumivelmente depois conseqüências reforçadoras temporárias foram
acrescentadas para tornar mais provável que o comportamento se mantivesse fortalecido até
que a conseqüência para a qual ele foi iniciado pudesse vir a atuar. Neste sentido, ensinar é
adicionar reforça mentos temporários.

Contingencias reforçadoras ou regras são dizeres transmitidos por grupos com consequências
reforçadoras mais fortes que descrevem as contingências de reforçamento mantidas pelo meio
ambiente físico. Dar modelos, dizer e ensinar são as funções dos meios sociais chamados de
culturas. Diferentes culturas surgem de diferentes contingências de variação e seleção, e
diferem pela amplitude através da qual ajudam seus membros a solucionar seus problemas.
Em outras palavras, as culturas evoluem numa terceira forma de variação e seleção. A
evolução cultural não é um processo biológico, mas como um tipo de variação e seleção tem as
mesmas falhas. O fato de que uma cultura prepara um grupo somente para um mundo que se
assemelha ao mundo no qual a cultura evoluiu é a fonte da nossa preocupação atual com uma
Terra futuramente habitável. O processo de variação e seleção tem uma imperfeição:
variações ocorrem ao acaso e as contingências de seleção são acidentais.

Nessa altura do texto o autor critica teorias menos físicas dizendo que nesses modelos não há
nada que os paleontólogos possam encontrar de valor porque nada físico resta pois se trata de
inconsciente e afirma que no domínio operante da musculatura vocal é possível explicar algo.

O autor faz distinção entre sentir e fazer. Sentir é tanto um produto de seleção e variação
quanto fazer é uma parte de ação. Diz-se que os gregos teriam descoberto a mente, mas é
mais provável que tenham sido os primeiros a falar mais extensamente sobre o que viram
dentro deles mesmos e assim construir as contingências necessárias para a introspecção.

Tal análise de introspecção e da consciência introspeccionada necessita de uma consideração


cuidadosa, com certeza, mas todo esforço deve ser feito para preservá-la porque ela dispersa
qualquer necessidade de apelo a um tipo especial de conhecimento ou a um tipo especial de
coisa conhecida.

Duas ciências estabelecidas, cada uma com um objeto de estudo claramente definido, têm
uma relação com o comportamento humano, uma delas é a fisiologia e a outra é um grupo de
três ciências preocupadas com a variação e seleção que determinam o estudo da condição
corpo e cérebro em dado momento.

A seleção natural do comportamento das espécies (etologia). O condicionamento operante do


comportamento do indivíduo (análise do comportamento). E a evolução dos meios sociais que
geram o comportamento e expandem muito seu alcance (uma parte da antropologia).

As três poderiam estar relacionadas da seguinte forma: A fisiologia estuda o produto enquanto
as outras ciências da seleção e variação estudam a produção.

Alguns cientistas difundem que o cérebro deve possuir características estruturais que
possibilitam a liberdade de escolha, a criatividade e assim por diante, mas argumentando
assim estão falando sobre o que o cérebro faz e não sobre sua estrutura. Tem sido dito
também que a variação e seleção podem ocorrer no cérebro, mas embora o cérebro, como
qualquer outra parte do corpo, sofra variações, as contingências de seleção estão no meio.
Quanto mais sabemos sobre a relação corpo e cérebro como uma máquina biológica, menos
se torna interessante, como base para o comportamento. Se há liberdade, é para ela ser
achada no acaso das variações. Se novas formas de comportamento são criadas, elas serão
criadas pela seleção. As falhas na variação e seleção são fontes de problemas fascinantes. As
coisas interessantes da vida vêm dos caprichos da variação e seleção presentes na construção.

A evolução de uma cultura é também principalmente uma questão de interferências da


história. É a velocidade que faz a diferença; somente o condicionamento operante ocorre
suficientemente rápido para ser observado do começo ao fim.

O autor termina o texto criticando as teorias que dão ênfase ao self e ao cognitivismo, dizendo
que muito mais útil seria a análise do comportamento, pois ela poderia ajudar de duas
maneiras: pela clarificação das contingências de reforçamento, e por tornar possível o
delineamento de ambientes melhores: ambientes pessoais que poderiam solucionar os
problemas existenciais e ambientais maiores ou culturas nas quais haveria menos problemas.

SKINNER, B.F. Can psychology be a science of mind? American Psychologist, 45 (11), pp.1206-
1210, 1990.

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