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O mecanismo parece ser o mesmo que ocorre nos primatas menos evoluídos, mas é
interessante observar que, para cada tipo de confronto (trabalho) existe um perfil
diferente de sintoma, que podemos considerar como uma atividade deslocada de
último nível. O exemplo é que, quem trabalha com a voz, poderá desenvolver algum
sintoma que o impeça de falar ou cantar. No entanto esse sintoma dificilmente irá
ocorrer em um lutador de boxe, pois ele não depende da voz para atuar em seu ramo
profissional. Neste caso a maior incidência é de doenças de pele. Cabe-nos observar
com maior atenção o surgimento destas “Atividades Deslocadas” logo no inicio, antes
de tornarem sintomas e, vale lembrar, que a doença psicossomática não é menor em
sofrimento para o sujeito. Penso que, no futuro poderemos prevenir o surgimento de
doenças que possam limitar o sujeito em seu esforço produtivo, se conseguirmos
identificar, com acuidade, o comportamento deslocado persistente.
Isto não significa que toda “Atividade Deslocada” deve gerar um sintoma futuro mas, a
observação da quantidade de ocorrências, como as descritas aqui, pode nos indicar
que algo precisa mudar para evitarmos danos posteriores. Lembrando sempre das
palavras de John Milton: "A mente não deve ser modificada pelo tempo e pelo lugar.
A mente é o seu próprio lugar e, dentro de si, pode fazer um inferno do céu e do céu
um inferno."
As Quatro Questões
Os etólogos caracterizam-se por uma posição metodológica que gira em torno das
quatro questões de Tinbergen. Este, em 1963, propôs que em primeiro lugar deve-se
observar e descrever o comportamento; posteriormente, uma análise completa do
comportamento deve ser feita com bases nas análises causal, ontogenética,
filogenética e funcional. A análise causal é feita através do estabelecimento de uma
relação entre um determinado comportamento com uma condição antecedente, sendo
estudados os estímulos externos responsáveis pelo comportamento e os mecanismos
motivacionais internos. A análise ontogenética envolve uma relação do comportamento
com o tempo, estando o interesse voltado para o processo de diferenciação e de
integração dos padrões comportamentais no curso do desenvolvimento de um
indivíduo jovem. A análise filogenética, por sua vez, estuda a história do
comportamento no curso da evolução da espécie. Por último, a análise funcional
estabelece uma relação entre um determinado comportamento e mudanças que
ocorrem no ambiente circundante ou dentro do próprio indivíduo. Pensa-se em que
vantagens seletivas um dado comportamento confere a um animal, como pode afetar
as chances de sobrevivência e reprodução de um animal, fornecendo assim material
para a seleção natural. A peculiaridade da metodologia etológica é a preocupação com
questões de função, adaptação e filogênese, que mesmo quando não são o foco
principal de estudo se refletem na maneira como é conduzida a análise de questões
causais ou ontogenéticas.
Hinde (1974 apud Carvalho, 1998 [3]) defende que os procedimentos de observação,
descrição, experimentação e análise desenvolvidos para o estudo do comportamento
animal podem ser utilizados no estudo do comportamento humano, com grande
sucesso. Segundo Bowlby (1982), “a Etologia está estudando os fenômenos relevantes
de um modo científico”. Segundo o mesmo, a abordagem etológica pode fornecer o
repertório de conceitos e dados necessários para explorar e integrar dados e insights
proporcionados por outras abordagens, como a psicanálise, a teoria da aprendizagem
de Piaget e o que vem sendo denomindado Neuroetologia no estudo comparativo e
correlacional entre os distintas formas de sistema nervoso e suas funções e/ou
comportamentos. O processo de elaboração de etogramas ou repertórios
comportamentais é também um importante passo para o conjunto de
técnicasbehavioristas de modificação do comportamento.
Contribuição teórico-conceitual
Ainda segundo esse autor, por analogia, pode-se dizer que o habitat é a ‘morada’ do
organismo e que o nicho é a sua ‘profissão’, biológicamente falando. O nicho portanto
não equivale apenas ao espaço físico ocupado pelo organismo, mas também seu papel
funcional na comunidade (como por exemplo sua posição trófica) e sua posição nos
gradientes ambientais de temperatura, humidade,pH do solo e outras condições de
existência. Estes três aspectos podem ser convenientemente designados como nicho
espacial ou de habitat, nicho trófico e nicho multidimensionalou de hipervolume.
Empatia e solidariedade
Levante a mão quem nunca ajudou uma pessoa em apuros! Quando alguém vê uma
pessoa com dor, o sentimento é de compaixão. É quase como se as pessoas
sentissem a mesma dor. Isso é empatia. Uma emoção que nós, humanos,
experimentamos de forma instintiva que, segundo os neurobiólogos é gerado pelos
nossos neurônios espelho. Empatia é o tema do último capítulo da série Instinto
Humano.
A empatia é uma coisa tão importante para a raça humana que a gente nasce
equipado com um mecanismo superespecializado para dividir as nossas emoções
com os outros. É o nosso rosto. A anatomia da face humana é única no mundo
animal. A gente tem 47 músculos no rosto que trabalham juntos para transmitir e
revelar nossas emoções: alegria, raiva, tristeza, nojo.
O cinema, aliás, sempre soube usar muito bem a capacidade humana de transmitir
emoções. Na época do cinema mudo, então, a expressão no rosto do ator era tudo!
Milhares e milhares de anos atrás, antes dos nossos ancestrais aprenderem a falar,
as expressões faciais eram formas primitivas de comunicação.
"O cantor de jazz" foi o primeiro filme falado da história do cinema. Depois dele,
nunca mais o cinema voltou a ser mudo. A comunicação verbal é uma das
características mais fascinantes do ser humano.
Mike Benfanti e John Cerqueira trabalhavam numa das torres que desabaram. Tina
Hanson estava no escritório dela, no 68º andar. "De um segundo para o outro, tudo
mudou. O prédio começou a tremer de uma forma que eu nunca tinha sentido
antes", lembra Tina. Mike e John estavam no 81º andar, acima de Tina e logo abaixo
da área de impacto. "A sensação que eu tive foi a de um terremoto. Eu só via o fogo
e os escombros desabando", conta Mike."Pela janela, eu vi uma coisa horrível:
corpos caindo", diz John. Imediatamente, John e Mike começaram a descer a
escada de incêndio. No meio do caminho, se depararam com Tina e duas outras
pessoas, que tentavam ajudá-la a descer com sua cadeira de rodas. Eles nunca
tinham visto Tina na vida, mas não hesitaram um único segundo: resolveram
carregá-la 68 andares, até o chão. "Eles não pensaram duas vezes. Não senti a
menor hesitação", comenta Tina. Ao ajudar Tina, Mike e John puseram em risco as
próprias vidas. Afinal, o prédio desabou pouco depois.
Ao longo dos últimos quatro meses, a série Instinto Humano procurou mostrar o
quanto nos nossos comportamentos foi herdado de nossos ancestrais, os primeiros
homens das cavernas. Milhões de anos de evolução depois, por mais que tanta
coisa tenha mudado, parece incrível, mas a gente ainda tem muita coisa em comum
com eles.