Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Síndrome febril:
ABORDAGEM DA CRIANÇA COM FEBRE
Por definição febre é o aumento da temperatura corporal, como consequência da elevação do ponto de
regulação térmica (equilíbrio entre a perda e a aquisição de calor), comandada pelo centro
termorregulador que fica no hipotálamo;
O valor da temperatura corporal depende do local onde é aferida.
DEFINIÇÃO:
Febre é definida como elevação da temperatura corporal (p. ex.: > 37,8ºC por via oral e > 38,2ºC por via
retal) ou uma elevação da temperatura acima da variação diária normal;
Para cada local há um aparelho diferente.
Ocorre quando o termostato do corpo (localizado no hipotálamo) é redefinido em uma temperatura mais
alta, principalmente em resposta a uma infecção;
A elevação da temperatura corporal que não é causada pela redefinição da temperatura corporal no
ponto de equilibro é chamada de hipertermia (câncer, síndrome paraneoplásica, doenças autoimunes,
aumento da temperatura por condição emocional).
A temperatura axilar normal é de 36,5ºC a 37,5ºC;
A temperatura retal, auricular e lingual deve ser acrescida de 0,5ºC.
Uma criança, no primeiro ano de vida, tem um metabolismo em torno de 120-150 Kcal/ kg/ dia.
Um bebe quando está mamando, encostado na mãe, transpira, pois ele está aumentando a sua
atividade metabólica.
Entre os fatores que intensificam o metabolismo está a febre, já que o aumento de 1ºC na temperatura
corporal produz elevação de 10% do metabolismo basal.
A dissipação do calor corporal ocorre: pela evaporação d’água (respiração e sudorese), condução,
convecção e radiação pelo corpo.
Equação do balanço térmico:
Essa é a função do hipotálamo: agir de uma
maneira autônoma, que consiga de alguma
forma regular.
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
2
DEFINIÇÕES
Para o manejo adequado dos quadros febris, é necessário especificar algumas definições:
1) Febre: temperatura axilar no domicílio ou no pronto atendimento >38ºC.
2) Febre sem sinais localizatórios (FSSL): febre sem sintomas respiratórios e sem diarreia, com
exame físico normal, em criança hígida e em bom estado geral.
Febre que dura menos que 7 dias.
3) Bacteremia oculta: presença de bactéria patogênica em hemocultura de criança em bom estado
geral, sem outro foco aparente.
Geralmente peço hemograma, RX, exame de urina.
Situação angustiante.
4) Doença bacteriana grave (DBG): meningite, pneumonia, bacteremia, ITU, artrite séptica,
osteomielite, celulites e enterites.
Febre de origem desconhecida clássica: febre por mais de 3 semanas, sem se descobrir a causa após 3
dias de avaliação no hospital ou ≥3 consultas ambulatoriais.
Infecções (25 a 50%);
Doenças do tecido conjuntivo (10 a 20%);
Neoplasmas (5 a 35%);
Diversas (15 a 25%).
Infecção bacteriana grave: são todas as infecções que, caso ocorra atraso no diagnóstico, acarretam
risco de morbidade ou mortalidade.
Bacteremia oculta;
Pneumonia;
Infecção urinária;
Meningite bacteriana;
Artrite séptica, osteomielite e celulite.
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
4
CONVULSÃO
Epilepsia: atividade convulsiva recorrente. Pode ter ou não uma causa identificável.
Convulsão: atividade elétrica anormal do cérebro que resulta em estado mental alterado ou atividade
neuromuscular involuntária.
Também pode ocorrer uma crise de ausência.
Convulsão febril: uma convulsão que ocorra
Na ausência de uma infecção do SN;
Em vigência de temperatura corporal elevada;
Criança entre 6 a 60 meses (5 anos);
Curta duração (menos de 15 minutos);
Excluindo- se as crianças que tenham tido previamente convulsões febris.
CONVULSÃO FEBRIL
O diagnóstico deve ser feito somente depois de considerar a possibilidade de infecção do sistema
nervoso central como causa da convulsão;
Considerar os sinais clássicos de Kernig e Brudzinsk:
Kernig: com o paciente em decúbito dorsal, flexionar
as pernas sobre os quadris e os joelhos em um ângulo
de 90º. A dor é induzida com a extensão das pernas.
Brudzinsk: com o paciente em decúbito dorsal, a flexão
passiva do pescoço resulta em flexão involuntária dos
joelhos e do quadril.
Obs.: se tem um adolescente/ adulto que apresenta febre e convulsão, vamos considerar que ele é um
epiléptico que desencadeou a convulsão pela febre e não que ele é portador da convulsão febril.
Acredita- se que o rápido aumento da temperatura seja um fator desencadeante da convulsão febril;
Ex.: paciente chega com 36,5ºC e em 10 minutos atinge 38ºC. não deu tempo do centro regulador
lanças mão dos mecanismos de perda de calor.
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
5
Mas até hoje não está claro se isso é mais importante do que a alta temperatura atingida.
A crise convulsiva tem duas classificações:
SIMPLES: uma única crise tonicoclônica generalizada com duração geralmente ao redor de 15
minutos.
Paciente tem caráter benigno.
COMPLEXA ou COMPLICADA: fazer um encaminhamento para o neurologista.
Crises focais;
e/ ou
Com duração maior que 15 minutos;
e/ ou
Se recorrer em menos de 24 horas;
e/ ou
Com manifestações neurológicas pós ictais (pessoa babando, nível de consciência alterado,
perda do controle do esfíncter).
Esta classificação entre simples e complexa nos ajuda a estabelecer o risco de recorrência e seu
prognóstico.
Diagnóstico clínico:
A convulsão febril costuma ser do tipo simples, isto é, crise tonicoclônica generalizada, rápida e
isolada;
Os pais podem referir hipotonia, mas nesses casos, geralmente há uma fase clônica rápida que
pode passar despercebida;
80% dos casos da convulsão febril enquadram- se nas 2 circunstâncias acima referidas;
As demais crises (20% dos casos) são classificadas como CFs complexas ou complicadas. As 3
características são:
Focalidade (só a mão, só uma perna ou só o rosto);
Duração maior que 15 minutos;
Crises repetidas em 24 horas.
Parecem dividir alguns componentes subjacentes comuns, pois costumam ocorrer
associadamente.
Entre focalidade e duração prolongada, especialmente, há uma estreita correlação, isto é, as
crises focais tendem a ser prolongadas.
Uma história cuidadosa deve ser feita, pois poderá descartar outras causas de crises epilépticas como
um trauma ou intoxicação, além de esclarecer se há história familiar de convulsões;
A descrição completa da crise também é importante;
O exame físico deverá incluir a pesquisa de possíveis focos infecciosos.
A presença ou ausência de sinais meníngeos e o exame da fontanela são etapas fundamentais do
exame neurológico.
Infecção do SNC causando crises convulsivas associadas a febre devem ser descartadas,
especificamente encefalite ou meningite.
A academia americana de pediatria (AAP) recomenda que, após a ocorrência da primeira crise com
febre em lactentes abaixo dos 12 meses, a realização da punção lombar deve ser fortemente
considerada e, em uma criança entre 12 e 18 meses, a indicação, apresar de não ser tão forte, ainda
assim deve ser considerada.
Ex.: se eu tenho uma criança com mais de 6 meses e menos de 1 ano, com 1º episódio de
convulsão a AAP recomenda a punção lombar, pois o exame neurológico não é confiável.
Acima de 18 meses, a punção lombar é recomendada na presença de sinais e sintomas meníngeos, ou
quando existir suspeita clínica de infecção intracraniana.
Exames laboratoriais de rotina devem ser feitos apenas como parte da avaliação do quadro infeccioso e
não por causa da CF;
Exames radiológicos e de neuroimagem, tais como TC e RNM, raramente podem ser uteis e não devem
ser indicados de rotina.
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
6
A AAP recomenda que o EEG não deve ser realizado na avaliação de uma criança neurologicamente
saudável que tenha uma convulsão febril simples;
O consenso da AAP acrescenta que não há valor prognóstico do EEG realizado precocemente ou no
primeiro mês após a CE simples.
Exames de imagens do cérebro não estão indicados nas convulsões febris simples;
Eles podem ser necessários em uma CF complexa ou nos pacientes com evidencia de aumento da
pressão intracraniana (PIC).
Prioridades:
Interrupção da crise (toma anticonvulsivante apenas aqueles pacientes que chegam
convulsionando);
Prevenção de complicações;
Investigação da causa;
Tratamento da causa aguda.
Como abordar:
Manter vias aéreas pérvias;
Extensão do pescoço + abertura da boca;
Limpar secreções de VAS (cuidado para não se ferir);
Evitar traumas (cabeça, língua);
Baixar a temperatura com drogas e/ ou medidas físicas.
Tratamento especifico:
Benzodiazepínico (ação rápida- 40 minutos no máximo): diazepam 0,3 a 0,5 mg/ kg EV (puro) ou
retal (diluído em soro fisiológico);
Midazolan 0,2 mg/ kg, EV;
Fenitoína 15 mg/ kg em doe de ataque diluído em soro fisiológico em velocidade de infusão
controlada (1 mg/ kg/ min).
Uso quando uma criança está com crise convulsiva complexa.
Sua ação é lenta.
Profilaxia:
Orientar a família com o objetivo de evitar novas crises;
A maioria das crianças com convulsão febril não apresentará consequências neurológicas ou do
desenvolvimento;
Crianças com menos de 12 meses na época de sua primeira convulsão tem uma chance de 50 a
65% de ter outra convulsão;
Em crianças onde a ocorrência da primeira crise foi acima de 12 meses as chances passam para
20- 30%;
Diazepam:
< 3 anos: 5mg;
>3 anos: 5- 7,5 mg, duas vezes ao dia durante o episódio febril (principalmente no primeiro
dia).
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
7
Tratamento da febre:
Hidratação: quanto mais nova a criança, maior a necessidade de líquidos, pois na febre há
aumento da evaporação;
Vestimentas leves, ambiente com temperatura moderada e boa aeração;
Banhos e compressas mornas diminuem a temperatura corporal entre 0,2 ºC A 0,4ºC e retorna
prontamente ao normal.
Novalgina não deve ser aplicada por via intravenosa, em crianças com idade entre 3 e 11
meses ou pesando menos de 9kg.
Crianças e lactentes (que estão sendo amamentadas): em crianças com idade inferior a 1
ano, novalgina deve ser administrada somente pela via intramuscular.
As crianças devem receber novalgina injetável conforme seu peso segundo a orientação
deste esquema:
CASOS CLÍNICOS
1)
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
9
Principais achados: 7 meses, trazida por convulsão, há 3 dias com doença febril, abaulamento de
fontanela (preciso fazer exame de fundo de olho, pois ela tem a possibilidade de estar com aumento da
pressão intracraniana).
Próximo passo:
a) Observação;
b) Punção lombar;
c) Tomografia de crânio: procuro trauma;
d) Fenobarbital;
e) Eletroencefalograma.
Posso classificar essa criança com convulsão febril? Não, pois ela não atende os critérios (convulsão
febril acontece no 1º dia e não no 3º dia como o pai da criança relata).
Tímpano escuro é sinal de hemorragia.
Provavelmente essa criança foi vítima de maus tratos.
2)
Possíveis respostas:
PEDIATRIA 8º PERÍODO
ARIANE LUIZA MED 99
10
a) Ele não tem risco de apresentar novas convulsões por ter 2 anos na primeira crise;
b) Ele necessitará tomar anticonvulsivante por 6 a 12 meses para prevenir convulsões no futuro;
c) Você deverá agendar um EEG e uma RNM do crânio;
d) Embora ele tenha risco de apresentar novas convulsões febris no futuro, elas são geralmente
benignas e irá supera-las.
e) Este distúrbio é isolado e não tem tendência a repetir (tem 20- 30% de chance de repetir).
3)